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Fátima Iva Celestino Tembe

VII GRUPO.

Uso do Material Didático no ensino-aprendizagem da Matemática

Licenciatura em Ensino Básico

3º Ano, Pos-Laboral

Universidade Pedagógica de Maputo.

Maputo.

Setembro de 2023.
Fátima Iva Celestino Tembe

VII GRUPO.

Licenciatura em Ensino Básico.

Uso de Material Didáctico no Ensino -Aprendizagem da Matemática.

Trabalho de investigação feito pelo VII grupo


sob orientação do Mestre Chadreque Guambe
a ser entregue na Faculdade de Ciências de
Educação e Psicologia, para efeitos de
avaliação, I semestre do III ano, pós-laboral .

Universidade Pedagógica de Maputo.

Maputo.

Setembro de 2023.
Índice
1. Introdução...........................................................................................................................4

1.1. Objectivos....................................................................................................................4

1.1.1. Objectivo geral.....................................................................................................4

1.1.2. Objectivos Específicos.........................................................................................4

1.2. Metodologia.................................................................................................................5

2. Uso do material didático no ensino-aprendizagem de Matemática....................................6

2.1. Conceito de Material didático/recurso didático...........................................................6

2.2. Uso de material didático nas aulas de matemática......................................................7

2.2.1. O uso de material Manipulável nas aulas de matemática....................................8

2.2.1.1. O Papel do Docente no uso de material manipulável.....................................11

2.3. Potencialidades e limites do uso de Material nas aulas de matemática.....................12

Considerações finais.................................................................................................................14

Bibliografia..............................................................................................................................15
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1. Introdução

O presente trabalho tem como tema “ Uso de material para o processo de ensino de
matemática. Muitos professores tem dificuldades em repensar sua prática pedagógica acabam
por depositar toda sua esperança na utilização de recursos didáticos, acreditando que os
mesmos por si só, poderá solucionar os problemas na sala de aula. Porém, os recursos
didáticos, sejam eles, os jogos, atividades interativas, livros etc., só serão bem aproveitados
na educação se este recurso for bem planejado pelo professor na busca de aprimorar a
aprendizagem, não como última alternativa.

Os materiais didáticos são considerados um importante recurso a serviço do professor em


sala de aula, sejam eles manipuláveis ou não. Estes materiais podem tornar as aulas de
matemáticas mais dinâmicas e de fácil compreensão, uma vez que podem vir a permitir a
aproximação da teoria matemática na prática.

De acordo com Lorenzato (2006), o professor tem um papel muito importante no sucesso ou
fracasso escolar do aluno. A mesmo autora descreve que, não basta o professor dispor de um
bom material didático para que se tenha a garantia de uma aprendizagem significativa, é
preciso o saber utilizar corretamente estes materiais em sala de aula.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral


 Compreender o uso de Material didático no processo de ensino-aprendizagem nas
aulas de matemática

1.1.2. Objectivos Específicos


 Caraterizar o uso de material didático no processo de ensino-aprendizagem de
matemática;
 Identificar a importância do uso de material didático manipulável nas aulas de
matemática;
 Indicar o papel do professor face ao uso do material manipulável nas aulas de
matemática;
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 Analisar as potencialidade e limitações o uso de material didático no processo de


ensino-aprendizagem de matemática.

1.2. Metodologia

Para a realização do presente trabalho ira-se recorrer a pesquisa bibliográfica, A


pesquisa bibliográfica é o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que irá
direcionar o trabalho científico o que necessita uma dedicação, estudo e análise pelo
pesquisador que irá executar o trabalho científico e tem como objetivo reunir e analisar textos
publicados, para apoiar o trabalho científico. Para Gil (2002, p. 44), a pesquisa bibliográfica
“[...] é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros
e artigos científicos. Nesta senda, todo o material que foi usado para a materialização desse
trabalho está devidamente apresentado na página referente a referências bibliográficas.
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2. Uso do material didático no ensino-aprendizagem de Matemática.

2.1. Conceito de Material didático/recurso didático

Segundo Fiorentini & Miorim (1990) Os recursos didáticos são componentes presentes no
ambiente de aprendizagem que estimulam o aluno como; objetos, máquinas, equipamentos,
instrumentos, ferramentas, materiais, livros, música e vídeo, recursos da natureza e que são
empregados no ensino de algum conteúdo ou transmissão de informações. Eles auxiliam na
transferência de situações, experiências, demonstrações, sons, imagens e fatos para o campo
da consciência, onde então eles se transmutam em ideias claras e inteligíveis.

Zabala (1998) considera que todos os meios que o professor usa para ensinar são designados
por ‘recursos didáticos’. Isto é, todos os recursos que sejam criados, produzidos e aplicados
na ação educativa e que promovam o desenvolvimento do processo cognitivo são recursos
que servem de apoio ao professor enquanto leciona.

Segundo Chamorro (2003) Os materiais didácticos são todos os materiais que podem ser
manipulados e trabalhados de forma a permitir aos alunos obterem resultados finais
relativamente à actividade que se está a tratar na sala de aula (Chamorro, 2003). O mesmo
autor salienta que o recurso didático não é em si um conhecimento, mas o meio que auxilia a
construção do conhecimento e a sua compreensão. Por exemplo, um recurso didático na área
da Matemática pode ser a atribuição de nomes intuitivos aos objetos ou aos conceitos
matemáticos, de modo a aproximá-los das formas de comunicação dos alunos.

Segundo Prado (1998), os materiais didáticos, são instrumentos para a aprendizagem, pois
são o meio através da qual a criança interage com o mundo exterior, com os adultos e com as
outras crianças. A autora também afirma que o material ao ser observado, manipulado e
explorado apela ao desenvolvimento de terminadas capacidades, atitudes e destrezas. Desta
forma, uma vez mais se reforça a ideia que o professor tem o papel de ajudar os alunos a
compreender os conteúdos e conceitos matemáticos usando materiais didáticos como
mediadores para promover a aprendizagem.
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Os materiais didáticos podem ser qualquer objeto utilizado na aula de matemática como;
histórias, perguntas, desenhos, jogos e etc, desde que seja aplicado pelo professor com a
intenção de desenvolver atividades matemáticas. Sendo considerado ainda como forma de
mediação entre o ensino e a aprendizagem matemática.

Uma vez que os materiais didácticos são construídos com uma intencionalidade Graells
(2006) organiza as funções que os materiais didácticos podem desempenhar no ensino
salientando as seguintes: fornecer informação, constituir guiões das aprendizagens dos
alunos, proporcionar o treino e o exercício de capacidades, cativar o interesse e motivar o
aluno, avaliar as capacidades e conhecimentos, proporcionar simulações, com o objectivo da
experimentação, observação e interacção, criar ambientes (contextos de expressão e criação).

De acordo com o que é proposto por vários autores referidos anteriormente neste trabalho
considera-se que Materiais, são instrumentos para apoiar a aprendizagem da Matemática, que
permite à criança realizar manipulação a partir dos quais procuram construir conhecimentos
matemáticos diversos

2.2. Uso de material didático nas aulas de matemática

Segundo LORENZATO (2006). Refletir sobre a utilização de material didático no ensino de


matemática é de suma importância para os cursos de formação de professores, uma vez que
são nestes cursos de formação que os professores deverão aprender a utilizar corretamente os
materiais manipuláveis

Utilizar materiais didáticos como recursos pedagógicos nas aulas de matemática se torna
muito importante para a aprendizagem, pois permite uma interação mais afetiva do aluno com
o ensino, diminuindo muitas vezes os bloqueios que os mesmos apresentam em compreender
a matemática.

Na utilização de materiais didáticos nas aulas de matemática é necessária muita cautela, pois
os mesmos aplicados numa aula sem nenhum fundamento não chegam a objetivo algum, e o
ensino da disciplina fica disperso e sem significado para o aluno. Sendo assim, é necessário
que o professor organize bem suas aulas e que ao utilizar algum recurso didático, que este
seja totalmente integrado em seu planejamento, afim que o objetivo principal que é o
aprendizado do aluno seja alcançado e não prejudicado.
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Serrazina (1990) destaca que:

Qualquer material deve ser usado de forma cuidadosa, e afirma que o mais
importante não é o material em si, mas a experiência significativa que esse
deve proporcionar ao aluno, uma vez que a utilização dos materiais, por si só,
não é sinónimo ou garantia de uma aprendizagem significativa, desta forma é
possível observar o papel importante do professor na planificação relativa aos
materiais didáticos na aula.

Para Passos (2006) os materiais didáticos utilizados em uma aula de Matemática, na maioria
das vezes, têm um objetivo funcional, uma vez que esses são utilizados como suporte
experimental na organização do processo de ensino aprendizagem. Porém, o verdadeiro
objetivo desse material didático é servir de mediador na construção do conhecimento.

De acordo com Gellert (2004), a aprendizagem da Matemática poderia ser mais vantajosa se
os professores usassem materiais didáticos mais inovadores. Todavia, tal implicará uma
alteração da sua prática letiva diária, sendo, de acordo com o mesmo autor, a tensão entre a
inovação dos materiais e a forma como é usada que mantém alguns professores céticos
quanto à sua utilização. Neste sentido, Shutz, citado em Gellert (2004), afirma que os
professores tentam que o material didático se adapte às suas rotinas letivas e, neste sentido,
tendem a ignorar os novos materiais de modo a não contrariarem os seus estilos e manterem a
sua zona de conforto

Nas aulas de matemática a utilização de materiais didáticos são uteis pois, melhoram a
compreensão dos conteúdos aplicados em sala de aula, aumentam a motivação durante a
realização das tarefas, ou seja, ajuda a compreender e consolidar os conhecimentos
matemáticos, tornando ainda o aluno construtor do seu próprio conhecimento.

Os matérias didáticos matemáticos no ensino de Matemática, quando bem planejado e


executado corretamente, se torna um parceiro durante as aulas, bem como fora dela. Nesse
sentido, de acordo com Nacarato (2005, p. 04), quando esses materiais não são
adequadamente utilizados ou pouco explorados, “pouco ou nada contribuirá para a
aprendizagem matemática”. O problema, ainda segundo a autora, não está na utilização
desses materiais, mas sim na forma como ele é utilizado.

2.2.1. O uso de material Manipulável nas aulas de matemática


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Os materiais didáticos manipuláveis constituem uma importante ferramenta para o processo


de ensino e aprendizagem dentro da sala de aula de matemática, podendo ser qualquer
ferramenta útil à mediação desses processos, como por exemplo: pode ser um jogo, uma
calculadora, um computador, um livro, um filme, entre outros. Estes materiais didáticos
manipuláveis podem facilitar as observações, análises, desenvolver o raciocínio lógico e
crítico, além de auxiliar o aluno na construção dos seus conhecimentos (TURRIONI; PEREZ,
2006)

Para REYS (1981, apud Vale, 2002, p. 5) matérias Manipuláveis são objetos ou coisas que os
alunos sejam capazes de sentir, tocar, manipular e movimentar, podem ser objetos reais que
tem aplicação nos afazeres no dia-adia ou podem ser objectos que são usados para apresentar
ideia.

Para Matos e Serrazina (1996), são objetos ou coisas que se pode sentir, manipular,
movimentar, tocar. Lorenzato (2006), por sua vez, se refere aos materiais manipuláveis com o
termo Material Didático (MD), considerando-os como um instrumento útil no processo de
ensino e aprendizagem.

Sendo assim, os materiais manipuláveis são objetos lúdicos, dinâmicos e intuitivos, com
aplicação no nosso dia-a-dia, que têm como finalidade auxiliar a construção e a classificação
de determinados conceitos que, conforme o seu nível de abstração, necessitam de um apoio
físico para orientar a compreensão, formalização e estruturação dos mesmos.

Tendo em conta as definições acima apresentados pode-se perceber que os materiais


manipuláveis são caracterizados pelo envolvimento físico dos alunos numa situação de
aprendizagem ativa. Assim sendo, entende-se que os materiais manipuláveis são objetos
concretos que podem ser manipulados, criados e desenvolvidos para auxiliar, mediar e
facilitar o processo de ensino e aprendizagem dos conceitos matemáticos e, também, que
podem ser produzidos pelo educando e/ou professor, num processo colaborativo e mediado.

Lorenzato (2006) classifica em dois grupos as matérias manipuláveis, conforme descrição a


seguir:

 Material manipulável estático: se refere ao material concreto em que a estrutura física


não pode ser transformada a partir da sua manipulação. Ao utilizar esse tipo de
material o educando pode manipular e observar o objeto, extraindo as propriedades.
(LORENZATO, 2006).
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 Material manipulável dinâmico: oposto ao anterior, este material concreto permite a


transformação da sua estrutura física, que vai se modificando e se transformando
através da manipulação pelo educando, possibilitando redescobrir, perceber as
propriedades e construir a aprendizagem e refletir sobre o planejado e o alcançado
através da manipulação. (LORENZATO, 2006) A vantagem desse material em
relação ao primeiro, na visão do autor, está no fato deste facilitar melhor a perceção
de propriedades, bem como a realização de redescobertas que podem garantir uma
aprendizagem mais significativa

O material concreto, além de ser um meio de diversão, favorece o desenvolvimento do


raciocínio lógico, da coordenação motora, a socialização e concentração, sendo portanto, de
extrema relevância no processo de ensino aprendizagem nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, por auxiliar o aluno a adquirir fatores fundamentais para a compreensão e
resolução de problemas matemáticos. Este tipo de materiais estimulam o desenvolvimento do
raciocínio lógico- a utilização destes materiais permitirá um maior envolvimento do aluno na
sua própria aprendizagem, fomentando o desenvolvimento de diversas capacidades e atitudes,
bem como a compreensão dos conceitos e das ideias matemáticas.

Matos e Serrazina (1996) complementam que a aprendizagem baseia-se “na experiência, e a


construção de conceitos matemáticos é um processo longo que requer o envolvimento activo
do aluno que vai progredindo do concreto para o abstrato”. (SERRAZINA, 1990, p. 1). Nessa
transição, acredita-se que o material didáctico concreto pode ter um importante papel nesse
processo, actuando como meio auxiliar de ensino, podendo ser um recurso capaz de catalisar
experiências individuais de aprendizagem na construção dos conceitos matemáticos.
Entretanto, ainda em relação a isso, Lorenzato (2006), complementando as ideias de Matos e
Sarrazina (1996), explica que por melhor que seja o material didático, nunca ultrapassa a
categoria de meio auxiliar de ensino, de alternativa metodológica à disposição do professor e
do aluno, e, como tal, o material didactico não é garantia de um bom ensino, nem de uma
aprendizagem significativa e não substitui o professor.” (LORENZATO, 2006, p. 18).
Assim, para este autor, também a eficiência do material didáctico manipulável depende mais
da forma como professor irá utilizá-lo no momento em que está a mediar uma atividade com
este material, do que simplesmente considerar o seu uso pelo uso.
Matos (1996) também concordam que somente a manipulação do material não garante uma
aprendizagem significativa. Para eles, o papel do professor é de suma importância nesse
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processo, uma vez que ele deve escolher o material adequado, de forma cuidadosa, para que
se tenha o devido sucesso durante a actividade manipulativa. Ainda, de acordo com Matos e
Serrazina (1996) “mais importante que os materiais com que está a trabalhar, a experiência
que o aluno está a realizar deve ser significativa pra ele”.
A utilização de materiais manipuláveis é um recurso fundamental para a aprendizagem da
Matemática, uma vez que estes são materiais didáticos que ajudam o aluno a desenvolver o
espírito de iniciativa e autonomia, bem como o espírito crítico e criativo, permitindo-lhes
alcançar uma maior sensibilidade, na procura e na construção de conceitos, verificando-se
uma melhoria significativa na compreensão dos conteúdos matemáticos. A manipulação de
materiais permite que os alunos passem do concreto para uma maior abstração matemática,
levando ao desenvolvimento de conceitos matemáticos.

2.2.1.1. O Papel do Docente no uso de material manipulável


Como no processo de aprendizagem da Matemática, a utilização de materiais manipuláveis
contribui para o desenvolvimento de inúmeras competências, torna-se fundamental que o
docente proporcione contextos de aprendizagem favoráveis à compreensão e estruturação de
conceito, desempenhando um papel determinante na criação de ambientes propícios.
Subentende-se que, na Matemática, a escolha do material didático mais apropriado depende,
em grande parte, do conteúdo a ser trabalhado e da facilidade que existe em explorar e
associar o material escolhido com o conceito analisado, cabendo ao docente a função de
decidir como, quando e porquê deverá utilizar determinado material.
A par desta decisão, Lorenzato (2006) ainda refere que os materiais manipuláveis, quando
implementados em contexto de sala de aula, poderão desempenhar diversas funções. Segundo
ele, antes da sua utilização, é importante que o docente reflita sobre a razão da sua escolha.
Serão eles utilizados "Para apresentar um assunto, para motivar os alunos, para auxiliar a
memorização de resultados, para facilitar a redescoberta dos alunos?"(p.38).
Contudo, de acordo com Serrazina (1991), não existe um material individualizado para
trabalhar um dado conceito, pelo que o mesmo conceito pode ser trabalhado por meio de
diversos materiais. Sendo assim, a maioria dos materiais são utilizados para estudar diversos
conceitos, como é o caso de na Geometria ser possível utilizar o geoplano, o tangram, a
régua, o esquadro, entre outros materiais, para estudar as suas propriedades. Por outro lado,
por exemplo, por meio de geoplano também é possível trabalhar diversos conceitos, como é o
caso dos conceitos de número e de medida.
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No entanto, qualquer material deve ser utilizado de forma moderada e prudente, sendo o
docente o maior responsável pela escolha e utilização adequada desse material. Na adaptação
do material ao conteúdo que deseja explorar, será necessário um grande empenho e
dedicação, por parte do mesmo, uma vez que este deverá conhecer todas as suas funções e
potencialidades, de forma a criar atividades aliciantes, dinâmicas e motivadoras, onde os
alunos possam construir relações entre os objetos e as ações, estabelecendo classificações e
curiosidades com o meio envolvente.
Na perspetiva de Reys (1974) os materiais manipuláveis: convenientemente selecionados e
utilizados permitem, entre outros aspectos: (a) diversificar as actividades de ensino; (b)
realizar experiências em torno de situações problemáticas; (c) representar concretamente as
ideias abstractas; (d) dar oportunidade aos alunos de descobrir relações e formular
generalizações; e (e) envolver os alunos activamente na aprendizagem (p.35).
Desta forma, o docente deverá promover e criar contextos de aprendizagem, onde os alunos
possam interagir entre si, de maneira a comunicarem e a partilharem ideias, de forma rica e
diversificada, proporcionando experiências significativas na sala de aula e estimulando os
mesmos a expressar e a desenvolver os seus pensamentos.

2.3. Potencialidades e limites do uso de Material nas aulas de matemática

Cardoso (2002) considera que “o primeiro contacto do aluno com o material deve ser de
forma lúdica para que ele possa explorá-lo livremente. É nesse momento que a criança
percebe a forma, a constituição e os tipos de peça do material”.
Reys, referenciado por Ribeiro (1995), defende a utilização de Materiais no ensino da
Matemática visto que a aprendizagem é um processo de crescimento, com diferentes estádios
de desenvolvimento, que requer participação, envolvimento e experiências por parte do aluno
que com motivação vai desenvolvendo a formação de conceitos concretos.
Na prespectiva de Passos (2006) os materiais “devem servir como mediadores para facilitar a
relação professor/aluno/conhecimento no momento em que um saber está sendo construído”.
Segundo Pais (2000) os professores devem sempre estimular um constante vínculo entre a
manipulação de materiais e situações significativas para o aluno. A forma como os materiais
são utilizados e a concepção pedagógica do professor, vão “organizar ou não a interface
mediadora para facilitar na relação entre o professor, o aluno e o conhecimento, num
momento preciso de elaboração do saber”
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No entanto, o mesmo autor defende que,


O uso inadequado de um recurso didáctico pode resultar em uma inversão
didáctica em relação à sua finalidade pedagógica inicial. Isto ocorre quando o
material passa a ser utilizado como uma finalidade em si mesmo em vez de
ser visto um instrumento para a aquisição de um conhecimento específico
(p.5)
Por outro lado, Nacarato (2005) defende que nenhum material didáctico – manipulável ou de
outra natureza – “constitui a salvação para a melhoria do ensino da matemática, pois a sua
eficácia depende da forma como for utilizado. Assim sendo, o autor acrescenta que “um uso
inadequado e pouco exploratório de qualquer, material manipulável pouco ou nada
contribuirá para a aprendizagem da matemática. O problema não está na utilização desses
materiais mas na maneira como utilizá-los”.
Em suma, o fundamental é a experiência da aprendizagem que pode ser promovida pelo uso
de Materiais, levando os alunos a descobrir e a contactar com conceitos que são abstratos e
que com o apoio a exploração de materiais de diferentes tipos podem tornar-se mais
concretos e de fácil compreensão. A construção conceptual por parte do aluno não se faz pelo
simples uso do material, tudo depende da forma como estes recursos são utilizados e os
significados que podem ser negociados e construídos através deles
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Considerações finais

Pode-se concluir que os materiais didáticos são todos os materiais que auxiliam o aluno na
aprendizagem, além de agir como elemento motivador, desempenhando um papel de extrema
importância para as aulas de matemática. Os materiais didáticos são essenciais ao
desenvolvimento dos conceitos matemáticos, auxiliando a compreensão das situações mais
abstratas. Porém ao utilizar os materiais didáticos o professor deve estar ciente de que
nenhum material sozinho é garantia de sucesso no processo de ensino aprendizagem. Neste
caso, a utilização do material didático na aprendizagem matemática se torna mais
significativa quando utilizado como mediador do conhecimento e quando o professor
compreender o momento ideal de utilizar tal recurso através de um bom planejamento
pedagógico.

Sendo assim, é possível concluir que os materiais didáticos podem intervir fortemente na
aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, utiliza-los em sala de aula pressupõe, antes de tudo,
por parte do professor, um exercício de prática reflexiva para que este possa utilizá-lo de
forma correta, tornando assim a aprendizagem dos alunos mais significativa e prazerosa.

Em suma, as atividades com o auxílio a materiais manipuláveis procuram desenvolver, nos alunos, o
gosto pela descoberta, pela experimentação e pela construção e reconstrução de conceitos,
possibilitando um vasto leque de atividades pedagógicas, dentro e fora da sala de aula.
Desta forma, acredita-se que a utilização de materiais manipuláveis no processo ensino/ aprendizagem
da Matemática contribui, verdadeiramente, para uma aprendizagem repleta de experiências lúdicas,
dinâmicas, enriquecedoras, significativas e diversificadas, onde os alunos têm a oportunidade de
aprender explorando e construindo.
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Bibliografia

FIORENTINI, D.; MIORIM, M,A. Uma reflexão sobre o uso de materiais concretos e jogos
no Ensino da Matemática. Boletim da SBEM. SBM: São Paulo, ano 4, n. 7, 1990.

GELLERT, U. Material didático confrontado com o conceito de alfabetização matemática.


Estudos Educacionais em Matemática, 2006

LORENZATO, S. Laboratório de ensino de matemática e materiais didáticos manipuláveis.


In: LORENZATO, Sérgio. Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores.
Campinas: Autores Associados, 2006.

MATOS, J. M.; SERRAZINA, M. de L. Didática da Matemática. Universidade Aberta:


Lisboa, 1996.
NACARATO, A. M. Eu trabalho primeiro no concreto. Revista da Educação Matemática.
São Paulo: SBEM, v. 9, n. 9 e 10, p. 1-6. 2004-2005.

PASSOS, C. L. B. Materiais manipuláveis como recursos didáticos na formação de


professores de matemática. In: LORENZATO, Sérgio. Laboratório de Ensino de Matemática
na formação de professores. Campinas: Autores Associados, 2006. p. 77-92.

RIBEIRO, A. Concepções de professores do 1º Ciclo: A Matemática, o seu ensino e os


materiais didácticos. Lisboa: APM. 1995

SERRAZINA, L. Os materiais e o ensino da Matemática. Educação e Matemática,13, 1.


Lisboa: APM. 1990

VALE, I. . Materiais manipuláveis na sala de aula: o que se diz, o que se faz. In APM (Eds.),
Actas do Prof Mat 99. Lisboa: APM 1999

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