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Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Instituto latino-Americano de Tecnologia, Infraestrutura e Território

Disciplina: EER0131 – Ventilação, Refrigeração e Condicionamento de Ar

Capítulo 6 – Dutos e Ventiladores

Prof. Fabyo Luiz Pereira


fabyo.pereira@unila.edu.br

Foz do Iguaçu - PR 1 / 21
Perda de Carga em Dutos Retos

Perda de Carga em Dutos Retos:

Relação fundamental:
2
L V
Δ p= f ρ
D 2
onde f é o coeficiente de atrito [ ]:
f = f Re , ε
( D )

Rugosidade absoluta (tabela ao lado, acima).

O número de Reynolds é definido por:
ρV D
Re= μ

Viscosidade dinâmica e densidade do ar (tabela ao lado, abaixo).

O coeficiente de atrito pode ser determinado de duas formas:

Através de uso de equações implícitas, tais como a de Colebrook:
2

{ ]}
1
f=
D
[
1,14+ 2 log ε −2 log 1+
9,3
Re ε √ f
D

Através da leitura de gráficos, como o de Moody (pg 116).


Exemplo 6.1 (pg 115). 2 / 21
Perda de Carga em Dutos Retos

Gráfico de Moody para determinar o coeficiente de atrito. 3 / 21


Perda de Carga em Dutos Retangulares

Perda de Carga em Dutos Retangulares

Neste caso:
2
L V
Δ p= f ρ
Deq 2
onde Deq é o diâmetro equivalente do duto [m].

Para um duto de seção circular:
4 x Área da seçãotransversal
D eq=
Perímetro
D2

4
D eq= → Deq = D
πD

Para um duto de seção retangular:

4 x Área da seção transversal


D eq=
Perímetro
4a b 2ab
D eq= → D eq =
2(a+ b) a+ b


Lembrado que a velocidade do escoamento é dada por:
Q
Q=V . A → V =
A 4 / 21
Perda de Carga

O gráfico ao lado se aplica apenas a dutos
circulares, entretanto pode-se utilizá-lo para
dutos retangulares se for calculado o diâmetro
equivalente (válido para dutos retangulares com
relação altura/largura menor que 8):
1,3 (a b)0,625
D eq , f = 0,625
( a+ b)

Uso do gráfico ao lado para dutos retangulares,
sendo dados Q, a, b e L:
● Calcula-se Deq e V, e então:

Δp/L é lido no gráfico, e Δp = Δp/L.L

Q lida no gráfico é inválida (foi dada).
● Calcula-se Deq,f, e então com Deq,f e Q dada:

Δp/L é lido no gráfico, e Δp = Δp/L.L

V lida no gráfico é inválida.

Exemplo 6.2 (pg 120).

Perda de carga por unidade de comprimento


para dutos circulares de chapa metálica,
retos, para ar a 20oC e ε = 0,00015 m. 5 / 21
Perda de Carga em Conexões

Perda de Carga em Conexões:

Pode ser maior que em trechos retos.

Em trechos retos, a perda de carga ocorre devido ao atrito
interno do fluido ao longo do duto.

Em conexões, a perda de carga ocorre devido à transferência de quantidade de movimento entre
porções de fluido que se movem com velocidades distintas.

Termo pV2/2:

A perda de carga de um fluido incompressível pode ser dada pelo produto entre o grupo pV2/2 e
um termo que caracterize a geometria do duto ou conexão:
2
L ρV
Δ p= f
⏟ D 2
Geometria

Se ar escoa sem atrito por um trecho convergente (mostrado na figura acima) ou divergente:
V 2 Q / A2 A1 A
V 1=
Q
A1
e V 2=
Q
A2 } = =
V 1 Q / A1 A 2
e V 2= 1 V 1
A2

Aplicando a equação de Bernoulli:
p 1 V 21 p 2 V 22 ρ
p1− p 2= (V 22 −V 12)
ρ+ 2 =ρ+ 2 2
p1 − p 2 =
ρ V 21
2 [⏟
( ) ]
A1 2
A2
−1

[( ) ]
2
p 1− p2 V 22−V 21 ρ A1
ρ = 2 p1 − p 2 = V 1 −V 21
2 A2 Geometria
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Perda de Carga em Conexões

Expansão Brusca:

Há uma variação de área da seção transversal (figura ao lado).

A equação de Bernoulli não é aplicável, pois ocorrem perdas
no trecho entre 1 e 2, causadas pelo descolamento do fluido.

Usa-se uma equação de Bernoulli modificada que considera estas perdas:
2 2 2 2
p 1 V 1 p 2 V 2 p perda p 1− p 2 V 2 −V 1 p perda
ρ+ 2 =ρ+ 2 + ρ → ρ = 2 + ρ (1)

A equação da quantidade de movimento aplicada ao trecho de 1 a 2 é:

) [( ) ] [( ) ]
2 2
A1 2 A1 A1 2 A1 A1
2
2
2
p1 A2− p 2 A2 =ρ (V A2−V A1 ) → p 1− p2 =ρ V − V 1 =ρ
1
A2 ( 2
2
A2
2
V 1− V 1
A2
→ p 1− p 2=ρ V
2
1
A2

A2
(2)


Introduzindo (2) em (1):

p 1− p2 V 22−V 21 p perda
[( ) ] ( )
2 2 2
p perda 2 A1 A1 1 A1 2 V1
ρ = 2 + ρ ρ =V 1 − − V 1+
A2 A2 2 A2 2

[( ) ] ( )
2 2
A1 A1 A1
ρ V 21
[( ) ( ) ]
A1 2 A1 1 A1 2 1
2
− V −V
A2 A2 A2 1 1
p perda p perda =ρ V 21 − − +
= + A2 A2 2 A2 2
ρ 2 ρ
ρ V 12
[( ) ]
A1 2 ρ V 12 A1 2
A
[( ) ] ( ) ( )
2 2 2
2 A1 A1 1 A 1 2 V p perda 1 p perda = −2 1 + 1 → p perda = −1
V 1 − = V 1− + ρ 2 A2 A2 2 A2
A2 A2 2 A 2 2

Exemplo 6.3 (pg 123). 7 / 21
Perda de Carga em Conexões

Contração Brusca:

A área do duto é bruscamente reduzida.

Ocorre descolamento logo após a contração da seção, formando uma vena contracta na seção 1'.

Desprezando as perdas de carga entre 1 e 1', e considerando o escoamento entre 1 e 2 similar ao que
ocorre em uma expansão brusca, a perda de carga é dada por:
ρ V 12' A
2
p perda =
2 ( 1− 1'
A2 )
● A relação entre as áreas da vena contracta e A2 é denominada coeficiente de contração (tabela 6.3):
A1 ' V 2
cc= =
A2 A1 '

Assim:
ρ V 22 1 2
p perda =
(
2 cc
−1
)

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Perda de Carga em Conexões

Curvas:

Em curvas também ocorre descolamento, como
mostrado na figura ao lado.

A figura abaixo mostra perdas de carga em cotovelos
de seção retangular, em função:

Da relação entre os raios interno e externo.

Da relação entre a largura e altura (W/H).

Observa-se que cotovelos de 90o com elevada relação largura/altura (W/H) apresentam menor perda
de carga que cotovelos de 90o com menores W/H.

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Perda de Carga em Conexões

A instalação de pás diretoras do escoamento é interessante, uma vez que operam como diversos
cotovelos planos (valor elevado de W/H), como mostrado na figura abaixo.


A tabela abaixo apresenta dados para a determinação de perda de carga em cotovelos de 90o de
seção circular.

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Perda de Carga em Conexões

Ramificações de Extração:

Provocam perde carga entre uma seção à montante
(m) e à jusante (j) do duto principal, e uma seção de
ramificação (b).

A perda de carga no duto principal, após a ramificação, pode ser determinada por:
ρ V 2j V
2
p perda =0,40
2 (
1− j
Vm )

A perda de carga entre m e b, para alguns ângulos de extração, pode ser obtida na figura abaixo.


Exemplo 6.4 (pg 127). 11 / 21
Perda de Carga em Conexões

Ramificações de Admissão:

No sistema de retorno, as ramificações de admissão levam ar de diversos ramais para o duto principal.

Uma perda de carga tanto no duto principal quanto no ramal devem ser consideradas e incorporadas
à equação de Bernoulli modificada.

A perda de carga no duto principal pode ser estimada pela equação da quantidade de movimento:
2 2 2
V j A j ρ−V m A j ρ−V b Ab ρ cos β=( p m − p j ) A j

Se β = 90o, combinando a equação acima com a equação de Bernoulli modificada, obtém-se:

[ ( )]
ρ V 2j 2
Vm
p perda = 1−
2 Vj

A determinação da perda de carga entre b e j, para β = 90o e relação entre as áreas da seção
transversal do duto principal e do ramal maior que 4, é dada por:
ρ V 2j
[ ( ) ]
2
Aj
p perda = 1,5 −1
2 Ab

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Dimensionamento dos Dutos

Dimensionamento dos Dutos:

Componentes do sistema de dutos:

Trechos retos.

Cotovelos.

Ramificações de extração e admissão.

Registros.

Unidades terminais (difusores e bocas de insuflamento).

No dimensionamento de dutos, deve-se considerar também as perdas de carga:

Das serpentinas de transferência de calor.

Dos filtros.

Os dutos devem:

Conduzir vazões especificadas de ar aos locais apropriados.

Ser econômicos (custos inicial, de operação do ventilador e do espaço do edifício por eles
ocupado).

Não transmitir nem gerar ruído exagerado.

Existem três técnicas principais de dimensionamento de dutos, que resultam em dimensões razoáveis
em espaço físico e velocidades do ar:

Método da velocidade.

Método de iguais perdas de carga.

Método da recuperação estática. 13 / 21
Dimensionamento dos Dutos

Método da velocidade:

As velocidades do ar nos dutos e ramificações
são previamente especificadas.

Com isso, as perdas de carga de cada
ramificação podem ser determinadas.

O ventilador deve ser selecionado para satisfazer a perda de carga máxima no circuito.

Deve-se instalar um registro de balanceamento em cada ramificação:

Deixa-se completamente aberto o registro da ramificação com maior perda de carga.

Os demais são fechados até que todas as ramificações apresentem a mesma perda de carga.

Não existem valores de velocidades do ar recomendadas.

Velocidades elevadas provocam:

Grandes perdas de carga (alto custo operacional do ventilador).

Problemas de ruído.

Dutos pequenos (menor espaço físico e menor custo de instalação).

No esquema da figura acima:

Por meio das cargas térmicas se conhecem as vazões de insuflamento das bocas de 1 a 5.

Estipulam-se as velocidades em cada trecho, e acham-se as respectivas perdas de carga.

Se as perdas de carga são dadas pelos valores tabelados, o ventilador deve ser escolhido
para vencer a maior perda de carga, no caso, a da ramificação A-C-G-H.
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Dimensionamento dos Dutos

Método de iguais perdas de carga:

Consiste em estipular a perda de carga total no sistema e dimensionar os dutos de tal modo que
esta perda de carga seja dissipada.

Deve-se seguir os seguintes passos:

Estipular a perda de carga disponível no sistema.

Determinar o comprimento equivalente de todos os circuitos.

Dividir Δp pelo maior comprimento equivalente dos circuitos.

Com o Δp/L obtido e a vazão em cada trecho do circuito de maior comprimento equivalente,
deve-se escolher as dimensões destes trechos usando a figura 6.2 (pg 119).
● Selecionar as dimensões dos demais circuitos de modo que Δpt seja dissipada, mantendo as
velocidades dentro da faixa recomendada.

Comprimento equivalente: V2
ρ
2
c eq =
f

Método da velocidade: D

Grande parte da perda de carga é dissipada nos dutos e conexões.

Método de iguais perdas de carga:

Uma parte significativa da perda de carga é dissipada nos registros de balanceamento.

Assim os resultados são melhores que os do método da velocidade, pois resultam sistemas
de dimensões reduzidas (menor custo). 15 / 21
Ventiladores Centrífugos

Ventiladores Centrífugos:

Um ventilador centrífugo tem a trajetória do ar mostrada na
figura ao lado, podendo ter entrada de ar simples (por um lado)
ou dupla (pelos dois lados).

Tipos de pás mais comuns:

Radiais.

Curvas voltadas para frente → Típicas de sistemas de condicionamento de ar de baixa pressão.

Curvas voltadas para trás → Para sistemas de vazões ou pressões elevadas (alta eficiência).

Aerofólio → Para sistemas de vazões ou pressões elevadas (alta eficiência).

A figura abaixo mostra o formato típico das curvas pressão-vazão a diversas rotações para
ventiladores de pás curvas voltadas para frente:

Devido à formação de vórtices nos canais entre as
pás, para baixas vazões as curvas características
apresentam uma diminuição da pressão.

Também constam as curvas de potência do ventilador.

A potência é resultante de duas ações distintas:

Potência necessária para elevar a pressão estática.

Potência necessária para elevar a energia cinética.

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Ventiladores Centrífugos

A potência para elevar a pressão estática é:
P est = ṁ∫ v dp

Como Δp no ventilador não é elevada, considera-se o escoamento
como incompressível, e portanto v é constante:
P est = ṁ∫ v dp= ṁ v ∫ dp= ṁv ( p 2 − p1)

Da definição de volume específico:
Q
v= → Q= ṁ v


Assim a potência para elevar a pressão estática é:
P est =Q ( p2 − p1 )

A potência para elevar a pressão dinâmica é:
V2
P din = ṁ
2

Assim, a potência ideal do ventilador é dada por:
V2
P ideal =P est + P din → P ideal =Q( p 2− p1 )+ ṁ
2

A eficiência de um ventilador é dada pela razão entre a potência ideal e a potência real:
P ideal
η=
P real

Exemplo 6.5 (pg 135). 17 / 21
Distribuição de Ar em Recintos

Distribuição de Ar em Recintos:

Para que a distribuição de ar em um recinto seja apropriada, deve-se obedecer algumas exigências:

A vazão combinada com a diferença de temperatura entre o ar insuflado e o ar de retorno devem
compensar a troca de calor ocorrida no recinto.

A velocidade do ar nas regiões abaixo da cabeça das pessoas não deve ser maior que 0,25 m/s.

Deve haver algum movimento do ar do recinto para uniformizar gradientes de temperatura.

Para atingir estes objetivos, deve-se selecionar estrategicamente o local:

De instalação das bocas de insuflamento.

Das grelhas de retorno de ar.

Para isso, deve-se observar os seguintes aspectos:

Comportamento de um jato livre.

Distribuição de velocidade numa entrada de ar.

Efeitos de empuxo resultante de gradientes de temperatura → Figura (a) abaixo.

Deflexão → Figura (b) abaixo.

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Jatos Circulares

Jatos Circulares:

A distribuição de velocidade de um jato circular,
como mostrado na figura ao lado, pode ser obtida a
partir da solução simultânea das equações da
continuidade e da quantidade de movimento:
7,41 u o √ Ao
u= 2

[ ( )]
2
r
x 1+ 57,5
x2

Onde:
u → Velocidade do jato de ar em x e r [m/s].
uo → Velocidade do jato de ar no plano de saída [m/s].

Ao → Área do plano de saída [m²].


x → Distância da seção de saída ao longo do eixo [m].
r → Distância radial a partir do eixo [m].

Além de permitir a determinação do campo de velocidades, a equação acima pode ser analisada
qualitativamente:

A velocidade diminui ao longo do eixo com a distância da seção de saída.

O jato se espalha à medida que se afasta da saída.

O movimento de ar externo é induzido à medida que o jato se afasta da saída.

Jatos de maior diâmetro mantém melhor a velocidade que jatos de menor diâmetro. 19 / 21
Jatos Planos


Jatos Planos:

A expressão para a velocidade do ar em um jato plano, como aquele que se forma a partir de uma
abertura estreita e longa, é dada por:

u=
√x [
2,4 u o √ b
(
1−tanh 2 7,67
y
x )]

Onde:
u → Velocidade do jato de ar em x e y [m/s].
uo → Velocidade do jato de ar no plano de saída [m/s].
b → Largura da abertura [m].
x → Distância da seção de saída ao longo do eixo [m].
y → Distância normal medida a partir do plano de simetria [m].

Comparando as equações para jatos circulares e jatos planos, conclui-se:

Velocidade ao longo do eixo diminui mais rapidamente no jato circular que no plano, pois o jato
plano induz menor quantidade de ar externo que o circular.


Exemplo 6.7 (pg 140).

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Difusores e Indutores

Difusores e Indutores:

Na prática:

Utilizam-se fendas longas e estreitas.

Evitam-se aberturas circulares em virtude da distância de penetração do jato no recinto.

Difusores como o mostrado na figura acima são comuns, pois:

Propiciam um escoamento de ar que permite que sua velocidade decaia antes de atingir a região
ocupada.

Isto estende sua influência a regiões amplas e contribui para reduzir os gradientes de
temperatura.

Difusor circular como o da figura (a) abaixo:

O jato proveniente do difusor tende a induzir ar externo, provocando um bolsão de baixa
pressão, o que faz com que o cone interno convirja formando um jato de grande diâmetro,
resultando numa forte corrente de ar frio na região abaixo do difusor.

Difusor circular como o da figura (b) abaixo:

O cone se volta para cima, formando um bolsão
de baixa pressão junto ao teto, em virtude da
indução da região superior do cone.

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