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11.

Funções de Várias Variáveis: Integrais Múltiplos

✓ 11.1. Integrais Duplos em Domínios Retangulares


✓ 11.2. Integrais Duplos em Domínios Arbitrários (limitados)
✓ 11.3. Aplicações de Integrais Múltiplos
✓ 11.4. Integrais Duplos em Coordenadas Polares
✓ 11.5. Superfícies Paramétricas e Área Superficial
✓ 11.6. Integrais Triplos em Domínios Arbitrários
✓ 11.7. Aplicações de Integrais Triplos
11.8. Integrais Triplos em Coordenadas Cilíndricas e
Esféricas
11.9. Integrais Múltiplos Impróprios
11.A. Mudanças de Variável em Integrais Múltiplos
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11. Funções de Várias Variáveis: Integrais Múltiplos

11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.1. Integrais triplos em paralelepípedos cilíndricos

É a situação mais simples:

R = {(r, θ , z): a ≤ r ≤ b ∧ α ≤ θ ≤ β ∧ c ≤ z ≤ d }
(um paralelepípedo cilíndrico ...)
e uma sua partição regular indicada na figura:
∆z
z=d r ∆r∆θ ∆ z < ∆V < r∆r∆θ ∆z+ (∆r)2 ∆θ ∆z
∆r
(porque o comprimento de um arco de circunferência é r∆θ...
R
∆θ e V = área da base × altura)

z=c tomando o limite ∆V → 0


⇒ ∆r → 0 ∧ ∆θ → 0 ∧ ∆z → 0

⇒ ∆V → r∆r ∆θ ∆ z
r=a
n m ℓ

∫∫∫dV ≡ ∫∫∫r dr dθ dz = lim ∑ ∑∑ ∆V = V (R)


r=b def.
θ=β
θ=α ∆V → 0
R R i =1 j =1 k =1

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.1. Integrais triplos em paralelepípedos cilíndricos

 x = r cos θ

Dado que:  y = r sen θ
 z = z

donde, por definição:


n m ℓ

∑ ∑∑ f (r cos θ , r sen θ , z ) ∆V
def.

∫∫∫ lim * * * * *
f ( x, y, z )dV ≡ ∆V → 0 i j i j k
i =1 j =1 k =1
R

onde a tripla soma em i, j e k é extensiva às três partições definidas na região R,


ao longo de r, de θ e de z.

E porque: dV = lim ∆V = r dr dθ dr
∆A → 0
β b d

Resulta:
∫∫∫ f ( x, y, z) dV = ∫∫∫ f (r cosθ, r sen θ, z) r dz dr dθ
R α a c

ou por qualquer outra ordem de integração ...

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.1. Integrais triplos em paralelepípedos cilíndricos

Exemplo 11.27: Use um integral triplo para calcular o volume da região


delimitada pelas superfícies z = 0, z = h e x2 + y2 = a2.

Resolução:
z 2π a h

V=
∫∫∫r dr dθ dz = ∫ dθ ∫ r dr ∫ dz =
R 0 0 0
a


= 2π h r dr = π a 2 h.
0

y
a

−a R rθ a x

x a Rrθ = {(r, θ): 0 ≤ r ≤ a ∧ 0 ≤ θ ≤ 2π}


a y

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11.8.2. Integrais triplos em regiões z-simples e projeções r-simples

Se R = {(r, θ , z ): α ≤ θ ≤ β ∧ r1(θ) ≤ r ≤ r2(θ) ∧ z1(r, θ) ≤ z ≤ z2(r, θ)}

é uma situação em que o integral iterado é


resolvido convenientemente pela seguinte ordem:
β r2 (θ ) z 2 ( r ,θ )
y β
r2(θ) ∫∫∫ f ( x, y, z) dV = ∫ dθ ∫ dr ∫ f (r cos θ , r sen θ , z) r dz
R α r1 (θ ) z1 ( r , θ )
2

r1(θ)
1 α

x
projeção r -1simples. 2

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.2. Integrais triplos em regiões z-simples e projeções r-simples

Exemplo 11.28: Use um integral triplo em coordenadas cilíndricas para calcular o volume
interior a x2 + y2 = 2x e a 4(x2 + y2) = (z – 4)2, entre 0 ≤ z ≤ 4.

Resolução: - As superfícies que delimitam o sólido são um cone e um cilindro;


- A projeção sobre Oxy é o círculo x2 + y2 = 2x ⇒ r = 2cosθ
z
4 ⇒ Rrθ = {(r, θ ): −π/2 ≤ θ ≤ π /2 ∧ 0 ≤ r ≤ 2cosθ}
y
1
⇒ R = {(r, θ , z): −π/2 ≤ θ ≤ π /2 ∧ 0 ≤ r ≤ 2cosθ ∧
Rrθ
x ∧ 0 ≤ z ≤ 4 – 2r}
1 2
π /2 2 cos θ 4−2r π/2 2 cos θ

−1
V= ∫ dθ ∫ r dr ∫ dz =2 ∫ dθ ∫ r (4 − 2r )dr
π
− /2 0 0 0 0
π
y
36π − 64
= 16  cos2 θ − cos3 θ dθ =
2
x
2

0
 3  9

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.3. Integrais triplos em paralelepípedos esféricos


R = {(ρ, φ ,θ ): a ≤ ρ ≤ b ∧ γ ≤ φ ≤ δ ∧ α ≤ θ ≤ β }
(um paralelepípedo esférico ...)
zz
e uma sua partição regular indicada na figura:
Demonstra-se que o elemento de volume, ∆V é:
2
∆V = ρ* senφ* ∆ρ ∆φ ∆θ † donde:

n m ℓ

∑ ∑∑ ∆V = V (R)
def.

∫∫∫dV ≡
R
lim
∆V → 0
i =1 j =1 k =1

V (R ) =
∫∫∫ dV = ∫∫∫ ρ
R R
2 senφ dρ dφ dθ

(† ρ* e φ* são valores destas variáveis algures no elemento)


y

b γ β

x
x
Em geral: ∫∫∫ f ( x, y, z) dV = ∫ δ∫∫α f ( ρ sen φ cos θ , ρ sen φ sen θ , ρ cos φ ) ρ
R a
2 sen φ dθdφ dρ

(ou por qualquer outra ordem de integração ...)

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.3. Integrais triplos em paralelepípedos esféricos

Exemplo 11.29: Use um integral triplo em coordenadas esféricas para calcular o volume
da região delimitada pelas superfícies z = 0, 3z2 = x2 + y2 e x2 + y2 + z2 = 4.

Resolução:
Trata-se de … uma esfera e um cone: A interseção é:
z
3z2 + z2 = 4 ⇒ z = 1 ⇒ z = ρ cosφ ⇒
3z2 = x2 + y2
ρ cosφ = 1
⇒  ⇒ φ = arccos 1/2 ⇒ φ = π/3
ρ = 2

R = {(ρ, φ ,θ ): 0 ≤ θ ≤ 2π ∧ π/3 ≤ φ ≤ π/2 ∧ 0 ≤ ρ ≤ 2}


(é um paralelepípedo esférico ...)
2π π/2 2

x
2 R V= ∫∫∫dV = ∫ dθ π∫ sen φ dφ ∫ ρ
R 0 /3 0
2 dρ

2
ρ=2 y V = 8π/3
x2 + y2 + z2 =4

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.4. Integrais triplos em regiões de integração arbitrárias


(não paralelepipédicas)

As situações simples como o caso anterior não são a regra.


Não sendo as regiões de integração puramente paralelepipédicas,
torna-se necessário definir a ordem de integração de modo adequado,
aliás, à semelhança do que tem sido feito em exemplos anteriores...

As situações mais comuns são as regiões ρ - simples:

R = {(x, y , z ): α ≤ θ ≤ β ∧ γ ≤ φ ≤ δ ∧ ρ1(φ, θ) ≤ ρ ≤ ρ2(φ, θ) }

Exemplo …

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.4. Integrais triplos em regiões de integração arbitrárias


(não paralelepipédicas)

Exemplo 11.30: Use um integral triplo em coordenadas esféricas para calcular o volume da
região delimitada pelas superfícies z = 0, z = 1 e x2 + y2 + z2 = 4.

Resolução:
ρ cosφ = 1
z = 1 ⇒ ρ cosφ = 1 ⇒ ⇒ cos φ = 1/2 ⇒ φ = π/3
 ρ = 2

R = {(ρ, φ ,θ ): 0 ≤ θ ≤ 2π ∧ π/3 ≤ φ ≤ π/2 ∧ 0 ≤ ρ ≤ 2} ∪


z ∪ {(ρ, φ ,θ ): 0 ≤ θ ≤ 2π ∧ 0 ≤ φ ≤ π/3 ∧ 0 ≤ ρ ≤ 1 /cosφ }
2π π/ 2 2π

V=
∫∫∫
R
dV =
∫ ∫
0

π/ 3

sen φ dφ ρ 2 dρ +
0
R 2π π/3 1 / cos φ
+ ∫ dθ ∫ sen φ dφ ∫ ρ dρ
0 0 0
2

8π 11π
= +π =
2 3 3
x 2
y
(ver cálculo detalhado no slide seguinte ...)

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11.8. Integrais triplos em coordenadas cilíndricas e esféricas

11.8.4. Integrais triplos em regiões de integração arbitrárias


(não paralelepipédicas)

Exemplo 11.30: Use um integral triplo em coordenadas esféricas para calcular o volume da
região delimitada pelas superfícies z = 0, z = 1 e x2 + y2 + z2 = 4.

Resolução (concl.):

O integral que corresponde à 2ª parcela no cálculo do volume


(a 1ª parcela não oferece dificuldade de maior):

2π π/3 1 / cos φ π /3 1 π /3
2π 2π sen φ
∫ dθ ∫ sen φ dφ ∫ ρ 2 dρ =
3 ∫ [ ]
ρ 0
3 cos φ
sen φ dφ =
3 ∫ cos3φ

0 0 0 0 0

φ = π/3 ⇒ t = 1/2
Pode agora fazer-se uma mudança de variável: cos φ = t ⇒ − senφ dφ = dt ⇒ 
φ = 0 ⇒ t = 1
donde:
π /3 1/2 1/ 2
2π sen φ 2π 2π  − t − 2  π  
1/ 2
π
3 ∫
0
cos φ
3
dφ =
3 ∫
1
− t −3dt = 1
3  − 2  1 = 3  t 2  = 3 (4 − 1) =
1
π

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✓ 11.1. Integrais Duplos em Domínios Retangulares


✓ 11.2. Integrais Duplos em Domínios Arbitrários (limitados)
✓ 11.3. Aplicações de Integrais Múltiplos
✓ 11.4. Integrais Duplos em Coordenadas Polares
✓ 11.5. Superfícies Paramétricas e Área Superficial
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✓ 11.7. Aplicações de Integrais Triplos
✓ 11.8. Integrais Triplos em Coordenadas Cilíndricas e
Esféricas
11.9. Integrais Múltiplos Impróprios
11.A. Mudanças de Variável em Integrais Múltiplos
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11.9. Múltiplos impróprios

Do 1º tipo: Domínio de integração, R, ilimitado;

Do 2º tipo: A função integrando tem um número limitado de descontinuidades infinitas


no domínio de integração R.

Do tipo misto: Se forem simultaneamente do 1º e do 2º tipo …

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11.9. Múltiplos impróprios

11.9.1. Integrais impróprios do 1º tipo (domínio de integração, R, ilimitado)

Pode definir-se uma sucessão de domínios convergente para R:


def
An ≡ Q n ∩ R onde Qn = {(x, y) ∈ ℝ2: |x| ≤ n ∧ |y| ≤ n, n ∈ ℕ} (domínios quadrados)

Verifique que lim An = R


n →∞
def.
Então, define-se:
∫∫
R
f ( x, y ) dA ≡ lim
n→∞ ∫∫ f ( x, y) dA
An

Se este limite existir e for finito, diz-se que o integral é convergente ...

Alternativa à sucessão An pode ser, por exemplo, a sucessão Bn:


def
B n ≡ D n ∩ R onde Dn = {(x, y) ∈ ℝ2: x2 + y2 ≤ n2 , n ∈ ℕ} (domínios circulares)
def.
Também lim Bn = R
n →∞
e também se define: ∫∫ f ( x, y) dA ≡ lim ∫∫ f ( x, y) dA
R
n →∞
Bn

Mostra-se que, se existirem, estes limites (ou também a outras alternativas que possam ser definidas...) são iguais.
Ambas as definições são usadas, conforme a geometria do problema ...

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11.9. Múltiplos impróprios

11.9.1. Integrais impróprios do 1º tipos (domínio de integração, R, ilimitado)

Exemplo 11.31: Calcular o valor do integral duplo impróprio do 1º tipo

∫∫ (1 +
dA
sendo R = ℝ2
)
(prob 1, sec. 11.9)
3
R x +y2 2

Resolução:
2π b
 A = −1
b
 A C 
∫∫ (1 + ∫ ∫ ∫ 
dA r dr B
= lim dθ = 2π lim + + ⇒
R x +y
2 2
)
3 b →∞
0 0
(1 + r )3 b →∞
0
 
 (1 + r ) (1 + r ) 1 + r 
3 2 B = 1
C= 0

 1  1   1 − 1 
= 2π lim   − 1 −  (1 + b )   = π
b → ∞  2 (1 + b )2
   
(o integral é convergente ...)

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11.9. Múltiplos impróprios

11.9.2. Integrais impróprios do 2º tipo (domínio de integração, R, ilimitado)

A função integranda tem (pelo menos) uma descontinuidade infinita no domínio


de integração, R.

Pode definir-se o domínio: R* = R \ V[δ ; (a, b)]

R R

δ b + δ
b +
Ponto fronteira

a
a ou: R* = R \ {V[δ ; (a, b)] ∩ R}
Ponto interior se o ponto de descontinuidade é fronteira

def.
Em qualquer dos casos lim R = R e, define-se:
*
δ →0
∫∫
R
f ( x, y ) dA ≡ lim
δ →0 ∫∫ f ( x, y) dA
R*

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11.9. Múltiplos impróprios

11.9.2. Integrais impróprios do 2º tipo (domínio de integração, R, ilimitado)

Exemplo 11.32: Verifique se é convergente o integral impróprio de 2º tipo:

∫∫
1
dA sendo R = {(x, y): x2 + y2 ≤ 1}
x + y2
2
R

Resolução:
O ponto de descontinuidade infinita é (0, 0). A utilidade de coordenadas polares é evidente:
2π 1

∫∫ ∫ ∫
1 r
dA = lim dθ dr
x2 + y2 δ →0 r2
R 0 δ

= 2π lim [ln (r )]δ


1
δ →0

= 2π [0 − (− ∞)]

O integral é divergente ...

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11.9. Múltiplos impróprios

11.9.2. Integrais impróprios do 2º tipo (domínio de integração, R, ilimitado)

Exemplo 11.33: Determine para que valores de p o seguinte integral duplo impróprio converge

∫∫ (x
dA
ou diverge. p> 0, R = {(x, y): x2 + y2 ≤ 1}
)
(prob 2, sec. 11.9)
2 p
R
2
+y
Resolução:
2π 1 1

∫∫ (x ∫ ∫ ∫ r1− 2 p dr
dA r 2π lim
= lim dθ 2 p dr =
R
2
+ y2 )
p δ →0
0
r
δ
δ →0
δ

Há dois casos a considerar:

i) Se 1−2p = −1 ⇒ p = 1 ⇒ é divergente (o integral dá um logaritmo, é o caso do exemplo anterior...)


1

ii) Se 1−2p ≠ −1 ⇒ p ≠ 1 ⇒ I = 2π lim


δ →0 ∫ r1− 2 p dr =

[
lim r1− 2 p +1
1 − 2 p + 1 δ →0
]
1

δ
=
π
1 − p δ →0
(
lim 1 − δ 2 − 2 p )
δ

que é convergente se 2−2p > 0 ⇒ p < 1

e diverge se 2−2p < 0 ⇒ p > 1. Diverge se p ≥ 1

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✓ 11.1. Integrais Duplos em Domínios Retangulares


✓ 11.2. Integrais Duplos em Domínios Arbitrários (limitados)
✓ 11.3. Aplicações de Integrais Múltiplos
✓ 11.4. Integrais Duplos em Coordenadas Polares
✓ 11.5. Superfícies Paramétricas e Área Superficial
✓ 11.6. Integrais Triplos em Domínios Arbitrários
✓ 11.7. Aplicações de Integrais Triplos
✓ 11.8. Integrais Triplos em Coordenadas Cilíndricas e
Esféricas
✓ 11.9. Integrais Múltiplos Impróprios
11.A. Mudanças de Variável em Integrais Múltiplos
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11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

11.A.1. Transformações de ℝ2 em ℝ2

Já temos alguma experiência quanto à utilidade de mudanças de variáveis na resolução


de integrais múltiplos.

As coordenadas polares no plano, e as coordenadas cilíndricas e esféricas no espaço a 3D,


provaram ser indispensáveis na resolução de muitos problemas.
Pode esperar-se que outras mudanças de variável sejam mais adequadas noutras situações,
de acordo com a forma da função integranda ou a geometria do problema.

11.A.1. Transformações de ℝ2 em ℝ2

Seja a transformação a duas dimensões: T: x = x (u, v ) ou (x, y) = T(u, v)


 y = y (u, v )
que a uma região no plano-uv faz corresponder uma região no plano-xy.
∂x ∂x
∂ ( x, y) ∂u ∂v = ∂x ∂y − ∂y ∂x
A esta transformação está associado um Jacobiano: =
∂ (u, v) ∂y ∂y ∂u ∂v ∂u ∂v
∂u ∂v

∂ ( x, y)
f [x(u, v), y (u, v)]
então, mostra-se que:
∫∫
R xy
f ( x, y ) dxdy =
∫∫
Ruv
∂ (u, v)
du dv

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11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

11.A.1. Transformações de ℝ2 em ℝ2

Exemplo 11.34: Resolva o integral usando uma mudança de variável adequada


y− x
sendo R o quadrilátero definido pelos pontos
∫∫ R
e y+x
dA
(0,1), (0,2), (1, 0) e (2, 0).
Resolução:
- A forma da função integranda sugere: u = y − x e v = y + x.
x = 1/ 2(v − u)
- As relações inversas são necessárias para avaliar o jacobiano: 
 y = 1/ 2(v + u)
∂ ( x, y ) − 1 / 2 1 / 2 1 1 1
= =− − =−
∂ (u, v) 1 / 2 1 / 2 4 4 2
x=0⇒ v=u y
2 y=2−x⇒ v=2 v
v=2
y = 1− x ⇒ v = 1 2

1 u=−v Ruv u=v


Rxy
(y = 0) 1 (x = 0)
v=1
x
1 2 u
y=0⇒ v=−u −2 −1 1 2

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11. Funções de Várias Variáveis: Integrais Múltiplos

11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

11.A.1. Transformações de ℝ2 em ℝ2

Exemplo 11.34: Resolva o integral usando uma mudança de variável adequada


y− x
sendo R o quadrilátero definido pelos pontos
∫∫
R
e y+x
dA
(0,1), (0,2), (1, 0) e (2, 0).
Resolução concl.):

y−x 2 v

∫∫ ∫∫ ∫ ∫
y+ x 1 1
Assim: e dA = eu/v − du = dv eu/v du
2 2
R Ruv 1 −v

2 2

∫[ ]
1 1
u/v v

1
= dv = e −  v dv
2 
v e
2 −v e
1 1
v
3 1 v=2
= e− 
4 
2
e
u=−v Ruv u=v
(y = 0) 1 (x = 0)
v=1
u
−2 −1 1 2

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11. Funções de Várias Variáveis: Integrais Múltiplos

11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

11.A.1. Transformações de ℝ2 em ℝ2

Exemplo 11.35: Use uma mudança de variável adequada para resolver

∫∫
R
( x 2 + y 2 ) dA sendo R a região delimitada pelas hipérboles
xy = 1, xy =3, x2 − y2 = 1 e x2 − y2 = 4
Resolução:
O que resulta trabalhoso na resolução deste problema tal e qual, é
a definição da região R em termos de x e y. A região não é x-simples
nem y - simples. Uma mudança de variável adequada transforma R
num retângulo. Verifique que assim é ao fazer: u = xy e v = x2 − y2

y
3
xy=3 v
e tem-se Ruv:
4
x2−y2=1
xy=1 x2−y2=4
2

Ruv
1
Rxy
1
x
1 2 3 4
1 3
u

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11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

11.A.1. Transformações de ℝ2 em ℝ2

Exemplo 11.35: Use uma mudança de variável adequada para resolver

∫∫
R
( x 2 + y 2 ) dA sendo R a região delimitada pelas hipérboles
xy = 1, xy =3, x2 − y2 = 1 e x2 − y2 = 4
Resolução (cont.):
4 3

∫∫ ( x 2 + y 2 ) dA =
∫∫ (x + y2 ) ∂∂((x,u,vy)) du dv
2
Assim:
R 1 1

O Jacobiano ∂ ( x, y) não pode ser calculado diretamente (não se dispõe de


∂ (u,v)
x = x(u, v) e y = y(u, v) mas as funções inversas u = u(x, y) e
v = v(x, y). Porém, pode mostrar-se† que:
∂ ( x, y ) ∂ (u, v) v
. ∂( x,y) = 1 u = xy
∂ (u,v) 4
v = x 2− y 2
donde: Ruv

(† ver no fim a demonstração desta igualdade ...)


1 3
u
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11. Funções de Várias Variáveis: Integrais Múltiplos

11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

11.A.1. Transformações de ℝ2 em ℝ2

Exemplo 11.35: Use uma mudança de variável adequada para resolver

∫∫
R
( x 2 + y 2 ) dA sendo R a região delimitada pelas hipérboles
xy = 1, xy =3, x2 − y2 = 1 e x2 − y2 = 4
Resolução (concl.):

∂u ∂u
∂ (u, v) ∂x
∂ ( x,y )
=
∂v
∂y
∂v
=
y x
2x − 2 y
(
= −2 y 2 − 2 x 2 = −2 x 2 + y 2 )
∂x ∂y
4 3
−1
logo:
∫∫
R
( x 2 + y 2 ) dA =
∫∫
1 1
( x2 + y 2 )
2( x + y 2 )
2
du dv = 3
v
u = xy 4
v = x2 − y2
Ruv

1 3 u

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11. Funções de Várias Variáveis: Integrais Múltiplos

11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

11.A.1. Transformações de ℝ3 em ℝ3

 x = x (u, v,w )

De modo análogo, uma transformação a três dimensões: T :  y = y (u, v,w ) ou (x, y, z) = T(u, v, w)
 z = z (u, v,w )
que a uma região no espaço-uvw faz corresponder uma região no espaço-xyz.
∂x ∂x ∂x
∂u ∂v ∂w
∂ ( x, y, z ) ∂y ∂y ∂y
A esta transformação está associado um Jacobiano: = .
∂ (u, v, w) ∂u ∂v ∂w
∂z ∂z ∂z
∂u ∂v ∂w
E igualmente se mostra que:
∂ ( x,y,z)
f [x(u,v,w) ,y (u,v,w) ,z (u,v,w)]
∫∫∫
R xyz
f ( x,y,z )dxdydz =
∫∫∫
Ruvw
∂ (u,v,w)
dudvdw

 x = r cos θ ∂ ( x, y )
Da experiência anterior, podemos dizer que, para T : , ∂ (r, θ ) = r
 y = r sen θ
 x = ρsen φ cos θ ∂ ( x, y, z )
, ∂ ( ρ , θ , φ ) = ρ senφ
 2
e que, para T :  y = ρsen φsen θ
 z = ρ cos φ

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11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

Demonstração

Pode demonstrar-se que ∂ ( x, y ) = 1 partindo da ideia


∂ (u,v) ∂ (u , v)
∂ ( x, y )
de que as 2 equações u = u ( x, y ) definem implicitamente x e y como função de u e v.
 v = v( x, y )
∂x ∂x ∂y ∂y
Assim, por derivação composta, determinem-se as derivadas , , e
∂u ∂v ∂u ∂v

Começando por derivar as duas equações em ordem a u, por exemplo:


1 = ∂u ∂x + ∂u ∂y
 ∂x ∂u ∂y ∂u ∂x ∂y
um sistema de equações que se pode resolver em ordem a e .
 ∂y ∂u ∂u
0 = ∂v ∂x + ∂v
 ∂x ∂u ∂y ∂u ∂u
1 ∂u
∂y 1
∂x
∂v ∂v ∂v ∂v
0 −
∂x ∂y ∂y ∂y 0
Pela regra de Cramer: =
∂u ∂u = e = ∂x = ∂x
∂u ∂ (u, v) ∂u ∂ (u, v) ∂ (u, v)
∂x ∂y ∂ ( x, y ) ∂ ( x, y ) ∂ ( x, y )
∂v ∂v
∂x ∂y

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11. Funções de Várias Variáveis: Integrais Múltiplos

11.A. Mudanças de variável em integrais múltiplos

Demonstração (concl.)

Derivando agora as mesmas duas equações u = u ( x, y ) em ordem a v, tem-se:


 v = v( x, y )

0 = ∂u ∂x + ∂u ∂y
 ∂x ∂v ∂y ∂v
 um sistema de equações que se pode resolver em ordem a ∂x e ∂y .
∂y
 1 = ∂v ∂x + ∂v ∂v ∂v
 ∂x ∂v ∂y ∂v ∂u
− ∂u
∂x ∂y ∂y ∂x
=
∂v ∂ (u, v) e ∂v = ∂ (u, v)
obtendo-se:
∂ ( x, y ) ∂ ( x, y )
∂x ∂x
∂ ( x, y ) ∂u ∂v ∂x ∂y ∂y ∂x
Por fim, sendo: = = −
∂ (u,v) ∂y ∂y ∂u ∂v ∂u ∂v
∂u ∂v
∂v ∂u ∂v ∂u
∂y ∂y −
verifique que substituindo ∂x , ∂x , e acima calculados se obtém: ∂ ( x, y )
=
∂y ∂ x ∂x ∂y
∂u ∂v ∂u ∂v ∂ (u,v) 2
 ∂ (u, v) 
 ∂ ( x, y ) 
∂ ( u, v ) ∂ ( x, y ) 1  
onde o numerador é e, portanto, simplifica para =
∂ ( x, y ) ∂ (u, v) ∂ (u , v)
∂ ( x, y )

como se queria mostrar ...


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