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PODER JUDICIÁRIO

2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU - PARANÁ

SENTENÇA

Vistos e examinados os autos 0015296-


24.2018.8.16.0030 de embargos à execução
fiscal em que é embargante PRESTEC
SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DE CONCRETO
S/C LTDA e é embargado o MUNICÍPIO DE
FOZ IGUAÇU/PR, já qualificados.

I. RELATÓRIO

PRESTEC SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DE CONCRETO S/C


LTDA ofereceu embargos à execução fiscal movida pelo MUNICÍPIO DE FOZ
IGUAÇU/PR.

Alegou que as cobranças são de ISSQN. Sustenta que seus


serviços, nas notas fiscais tributadas, ocorreram em outros municípios, de modo
que os impostos seriam devidos aos entes em cujo território o serviço foi prestado, e
não ao embargado. Argumentou que atua em íntima relação ao serviço de
empreitada, de modo que faria jus ao recolhimento do tributo no município em que
efetuou o serviço, como teria feito.

Afirmou que se cobra em duplicidade o tributo de notas fiscais


de nº 20135, 20136 e 20137 em CDA’s nº 5305/2016 e 2062/2017.

Sustentou, tautológicamente, a possibilidade de suspensão da


execução com a oposição de embargos.

Pugnou pela extinção da dívida.

Os embargos foram recebidos com efeito suspensivo.

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Intimada, a Municipalidade apresentou impugnação à seq. 16.


Asseverou que o serviço da parte embargante não é excepcionado pela Lei como
tributada no local da prestação de serviço. Defendeu a incolumidade da cobrança.
Substituiu a CDA nº 2062/2017 reconhecendo a duplicidade da cobrança do
tributo de notas fiscais de nº 20135, 20136 e 20137 em duplicidade.

Não houve réplica.

Intimadas as partes para especificarem as provas que


desejariam produzir, somente a parte embargante se manifestou, oportunidade que
requereu o julgamento antecipado da lide.

Vieram os autos concluso.

É o relatório.

Decido.

II. FUNDAMENTAÇÃO

II.I. DO JULGAMENTO ANTECIPADO

A demanda envolve questão meramente de direito, que


prescinde de outras provas que não a documental.

Assim, passo ao julgamento do feito, de forma antecipada, na


foram de art. 355, I, do CPC.

II.II. DO MÉRITO

II.II.I DA COMPETÊNCIA PARA A EXIGÊNCIA DO ISSQN

A parte autora alega que o serviço que fora tributado fora


inteiramente prestado em outra municipalidade.

Sustenta que, embora a tributação da espécie pelo Município


em que se situa a sede da empresa prestadora de serviço seja a regra, os que foram
prestados pela embargante se excepcionam a ela.

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Sem razão à embargante.

O art. 3º da Lei Complementar 116/2003 define como


prestado o serviço, e o ISSQN devido, no local em que se encontra o estabelecimento
prestador. A regra, no entanto, é excepcionada em seus incisos.

No caso, aplicar-se-ia, segundo às alegações da parte autora, o


inciso III:

(...)exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXV, quando


o imposto será devido no local: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 157, de 2016)

(...)

III – da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem


7.02 e 7.19 da lista anexa;

(...)

Transcrevo os itens a que se refere a Lei, por questão de


pragmatismo:

7.02 – Execução, por administração, empreitada ou


subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou
elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem,
perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação,
terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e
montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o
fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de
serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito
ao ICMS).

7.19 – Acompanhamento e fiscalização da execução de obras


de engenharia, arquitetura e urbanismo.

Interessante comentar que a Lei Complementar Municipal nº


82/2003 (Código Tributário Municipal) repete a disposição transcrita da Lei
Complementar Federal 116/2003 em seu art. 386.

A exceção não alcança totalmente a embargante no caso


concreto.

Com efeito, segundo as notas fiscais emitidas pela autora os


serviços prestados, estão nas hipóteses de itens 2.01, 7.02 e 7.03 (seqs. 1.8 à 1.9,
no campo “item da lista de serviço”). São elas:

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2 – Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer


natureza.

2.01 – Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer


natureza.

7.02 – Execução, por administração, empreitada ou


subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou
elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem,
perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação,
terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e
montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o
fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de
serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito
ao ICMS).

7.03 – Elaboração de planos diretores, estudos de viabilidade,


estudos organizacionais e outros, relacionados com obras e
serviços de engenharia; elaboração de anteprojetos, projetos
básicos e projetos executivos para trabalhos de engenharia.

Em todos os casos houve o recolhimento ao Município onde


houve a prestação de serviços, embora somente na atividade descrita no item 7.02 o
ISSQN seja devido ao Município do Local da prestação de serviço, como é o caso das
notas fiscais de nº201321, 201323 e 201326 (seq. 1.8).

Embora a parte alegue que prestou serviço descrito no item


7.19, de acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia,
arquitetura e urbanismo, não junta o mínimo de indício que o fez, não possui alvará
de funcionamento para a realização de tal serviço conforme boletim de cadastro
econômico de evento n 16.2, e não declarou como sendo este o serviço prestado.

Assim, correta a municipalidade em exigir o ISSQN sobre


grande parte dos serviços em questão.

De pouco importa se recolheu no Município em cujo território


prestou o serviço. O pagamento equivocado, sujeito a restituição, não afasta a
exigibilidade da dívida perante o ente tributante legítimo, e não pode ser a este
oposto.

II.II.II DA COBRANÇA EM DUPLICIDADE

A entidade reconheceu que cobrava dívida em duplicidade e


tão logo corrigiu a CDA.

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Portanto afigura-se como reconhecimento do pedido, neste


aspecto.

II.II.III DA LEGITIMIDADE DA COBRANÇA DE ISS

Conforme já salientado, o entende legítimo de tributar a


atividade consistente em execução, por administração, empreitada ou
subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras
semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e
irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de
produtos, peças e equipamentos, é do Município em cujo território o serviço foi
prestado.

As notas fiscais de nº201321, 201323 e 201326 (seq. 1.8) se


incluem na hipótese, e o Município de Foz do Iguaçu exige ISSQN sobre serviço que
não lhe incumbe tributar. A entidade competente seria a de Almeirim do Estado da
Paraíba. O embargado incide, consequentemente, em afronta ao art. 3º, III, da Lei
116/2003, e art. 386 da Lei Complementar Municipal nº 82/2003 (Código
Tributário Municipal.

Assim, a CDA deve ser readequada para excluir o imposto


decorrente de referidas notas fiscais.

III. DISPOSITIVO

Ante o exposto, nos termos do art. 487, I, e III, “a” do


CPC/2015, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados em
embargos à execução, para:

DECLARAR a inexigibilidade pelo Município de Foz do


Iguaçu/PR de ISSQN em relação às notas fiscais de nº 201321, 201323 e 201326,
emitidas pela embargante. Deve, então, a entidade readequar a respectiva CDA para
excluir os valores atinentes;

HOMOLOGAR o reconhecimento da procedência do pedido de


afastamento da cobrança em duplicidade.

CONDENO o embargante nas custas dos embargos e nos


honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) do valor da dívida

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remanescente, nos termos dos incisos do §2º, §3º, I, todos do art. 85, do CPC, tendo
em vista o tempo de tramitação do processo, o trabalho despendido pelas partes e a
qualidade do serviço prestado.

Os honorários serão corrigidos pelos mesmos parâmetros do


valor base.

CONDENO o embargado nas custas dos embargos e nos


honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) do valor da dívida
afastada, nos termos dos incisos do §2º, §3º, I, todos do art. 85, do CPC, tendo em
vista o tempo de tramitação do processo, o trabalho despendido pelas partes e a
qualidade do serviço prestado.

Os honorários serão corrigidos pelos mesmos parâmetros do


valor base.

Sentença não sujeita ao reexame necessário

Observe o Sr. Diretor de Secretaria as instruções contidas no


Código de Normas, no que for pertinente

Publique-se. Registre-se. Intimem-se

Foz do Iguaçu, 30 de novembro de 2018.

WENDEL FERNANDO BRUNIERI


Juiz de Direito

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