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Cartas a Mariana
Fw: Love
Amor, escrevo-te e, mais uma vez, cada palavra é um cofre onde deposito
toda a minha esperança. Sei que se os teus dedos de marfim abrirem a
fechadura de cada unia destas palavras, sei que se os teus olhos tocarem o
brilho do seu interior, essa será única recompensa que meu coração
necessita para continuar, segundo a segundo, a cumprir o seu trabalho cada
vez mais árduo, cada vez mais difícil de justificar.
Amor, não foi por descuido que guardei o lenço de papel onde escreveste o
teu endereço de correio eletrónico, junto aos mantimentos, foi porque não
tinha outro lugar onde guardá-lo. Hoje, penitencio-me mil vezes, por não
ter tido o engenho de decorá-lo imediatamente, de guardá-lo no espaço da
memória onde, displicentemente, acumulo informação desnecessária, como
o número de contribuinte ou o NIB. Quando estou mais triste, penso que
não te mereço. Quando a esperança me reconquista, penso que não te
terias agradado de mini se fosse de outra maneira.
7. «Hoje, penitencio-me mil vezes, por não ter tido o engenho de decorá-lo
imediatamente, de guardá-lo no espaço da memória onde,
displicentemente, acumulo informação desnecessária, como o número de
contribuinte ou o NIB.» (II. 47-49)
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