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Resumo Abstract
O presente estudo, feito em 2005, baseia-se This study was undertaken in 2005 and is
em entrevistas com líderes de quarenta e três founded on interviews with leaders of forty-
associações do Nordeste do Estado do Pará. three rural associations in four municipalities
Constatou-se que essa modalidade jurídica de from the northeastern part of the State of
cooperação, oficialmente privilegiada, tem Pará. It observed that generally such
passado ao largo das formas de organização institutional forms of cooperation, officially
espontâneas consagradas pela tradição supported, have not matched the
camponesa e firmadas em laços de confiança, spontaneous forms of cooperation,
fidelidade e co-responsabilidade. As according to peasant traditions and rooted
associações estudadas, muitas vezes, in trust and mutual responsibility.
resumiam-se a meros grupos formais, e a elas Frequently, associations that were just formal
cumpria estabelecer ou acompanhar contratos had to engage into agreements or to follow
entre instituições financeiras, organizações agreements between financial institutions,
públicas e privadas e os grupos camponeses. public and private organizations and the
As associações que melhor alcançavam os peasant producers. Associations with more
resultados econômicos, políticos ou culturais effective economic, political or cultural
almejados eram as que tinham vivenciado, outcomes were those that had, prior to their
anteriormente a sua constituição, algumas constitution, implemented collective or
atividades coletivas ou comunitárias, isto é, community activities, kinds of associations
aquelas que já tinham praticado uma forma de based on shared commitments and trust.
associativismo envolvendo um compromisso These contradictions that traditional
efetivo entre os membros. Essas contradições, communities experience when they
vividas pelas comunidades tradicionais na participate in the modern institutional
ocasião de sua inserção no sistema institucional system merit attention.
moderno, merecem atenção.
Palavras-chave Keywords
Associações; grupos camponeses; cooperação; Associations; peasant groups; cooperation;
capital social; crédito rural. social capital; rural credit.
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INTRODUÇÃO
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Projeto apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
e pelo Programa Integrado de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (PROINT) da Univer-
sidade Federal do Pará (UFPA).
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Mistas; 5% Artesão; 2%
Mulheres; 7%
Quilombolas;
12%
Agricultura;
48%
Pescadores;
26%
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2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Deve ainda ser registrado que não se observou, no caso dos créditos
para a pesca, a partir dos muitos relatos colhidos em campo, preocupações
sistemáticas das agências quanto à adequação do esforço de pesca,
ampliado com o emprego das novas embarcações e redes, à capacidade
dos estoques para suportar tal esforço. Esse aspecto é indispensável em
projetos de desenvolvimento social, como é o caso dos financiamentos
para pequenos produtores de pesca. Com base nas entrevistas, ficou claro
que se tratava do que se convencionou chamar ‘pacotes’, no sentido de
pouco flexíveis ou sujeitos a discussão, com itens que nem sempre eram o
necessário em certa localidade ou para grupos específicos de pescadores.
Ao invés de aumento de capacidade produtiva – a orientação prevalecente
no crédito pesqueiro –, a necessidade maior podia dizer respeito aos
limitados meios de escoar o produto, ou ao capital de giro, ou à reforma
de equipamentos, ou à vigilância contra roubos no mar, entre outras, a
julgar pelos depoimentos de pescadores e pelos próprios planos futuros
das associações. Como corolário, foi frequentemente assinalada a
ingerência de intermediários – desde dirigentes sindicais até representantes
comerciais – interessados na condução dos financiamentos segundo o
padrão vigente. Faltou o diálogo entre as instituições de fomento, os
sindicatos e as comunidades, para levantar as necessidades de modo mais
participativo.
Os dividendos desse vício de origem manifestam-se no grande
número de associações cujos sócios haviam-se afastado totalmente,
deixando os dirigentes praticamente sós no seu esforço de manter ainda
que formalmente a entidade, até que recomeçassem os pagamentos das
dívidas, e fosse possível empreender novas atividades. Sempre havia a
esperança de obter novos financiamentos, ou de encetar alguma atividade
geradora de renda; daí o interesse em manter a associação viva. Quando
os dirigentes precisavam viajar até a cidade ou à capital do Estado para
alguma providência burocrática, tinham de “fazer coletas” junto aos sócios
ou, então, solicitar ajuda a alguém com disponibilidade de recursos, como
um político ou um empresário local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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