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O PROTAGONISMO DAS MULHERES RURAIS NAS ATIVIDADES SÓCIO

PRODUTIVAS: UMA ESTRATÉGIA DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO


BRASILEIRO E PROMOÇÃO DO EMPODERAMENTO SOCIAL

Danielle Viturino da Silva


Universidade Federal de Alagoas/Unidade Santana do Ipanema
E-mail: viturino.dani@gmail.com

Beatriz Soares da Silva


Universidade Federal de Alagoas/Unidade Santana do Ipanema
E-mail: silvabeatrizsoares@gmail.com

Kleciane Nunes Maciel


Universidade Federal de Alagoas/Unidade Santana do Ipanema
E-mail: kleciane36@gmail.com

Grupo de Pesquisa: Protagonismo feminino na Convivência com o Semiárido

Resumo
Historicamente fatores culturais e modos de produção adotados vinham excluindo o papel do
gênero feminino na divisão de trabalho e sua participação como agentes ativos na sociedade,
renunciando então, a importância das multifunções desempenhadas pelas mulheres,
principalmente aquelas do meio rural. Contudo, essas mesmas mulheres em grupos
organizados, por meio das ações coletivas vêm desenvolvendo estratégias sócio produtivas
com empreendimentos em várias frontes: produções artesanais com matérias primas
regionais, hortas agroecológicas, extrativismo, plantação de diversificadas culturas agrícolas,
e iniciativas de vendas diretas, com a comercialização local. Isto é, vem criando sistemas
integrados, que tendem a combinar atividades agrícolas, agroextrativistas e não agrícolas
baseados sobre tudo na inserção no sistema de produção, assim como na geração de
autonomia e empoderamento social das mesmas.

Palavras-chave: Protagonismo feminino, empoderamento social e equidade social.

THE LEADERSHIP OF RURAL WOMEN IN THE ACTIVITIES SOCIO PRODUCTIVE:


A COEXISTENCE STRATEGY WITH SEMIARID BRAZILIAN AND SOCIAL
EMPOWERMENT OF PROMOTION

Abstract
Historically cultural factors and production methods adopted came excluding the role of the
female division of labor and its participation as active agents in society, renouncing then, the
importance of multi-function performed by women, especially those from rural areas.
However, these same women in organized groups, through collective actions have been
developing socio-productive strategies with projects in several fronts: handmade productions
with regional raw materials, agro-ecological gardens, extraction, planting diverse crops, and
direct sales initiatives, with local marketing. That is, is creating integrated systems, which
tend to combine agricultural, agro-extractive and non-agricultural, based on all the insertion in

Piranhas - AL, 03 a 04 de novembro de 2016


3° Seminário e Curso Internacional de Convivência com o Semiárido
the production system, as well as the generation of autonomy and social empowerment of the
same.
Key words: female leadership, social empowerment and social equity.

1. Introdução
O Brasil possui no meio rural o maior número de famílias vivendo em níveis de renda
baixíssimos e com privações aos direitos mais básicos para sua reprodução, sustentando
também um dos piores índices de desigualdade social. Essa mesmas condições torna-se ainda
piores no caso das mulheres rurais, e sua participação em espaços de reprodução
socioeconômica e organização da sociedade, o que leva a outra fase da desigualdade, a
desigualdade de gênero, à qual confere a exclusão e desvalorização social desse grupo, no
processo produtivo. Embora, seja possível observar ações crescentes de movimentos coletivos
das mulheres rurais no enfrentamento da superação dessa condição, assim como na busca da
autonomia financeira e pessoal e na convivência com as adversidades existentes no campo,
principalmente nas regiões semiáridas no Norte e Nordeste.
Regiões as quais Firmo (2008), aponta a existência de mulheres rurais vivenciando
condições marcadas pelo trabalho duro e mal ou não remunerado, em uma situação
claramente desfavorável em relação aos homens. E que dessa forma, os movimentos sociais
têm atuado para criar e implementar outra possibilidade histórica em que as mulheres rurais se
insiram como agentes protagonistas do desenvolvimento rural.
Diante deste contexto, objetivando demostrar como as iniciativas femininas
constituem-se numa estratégia de convivência com o semiárido, ao tempo que contribui para o
empoderamento e a equidade social desse grupo familiar, contemplando as particularidades
locais da região, foi feito uma revisão de literatura e uma sintetização de casos de
protagonismo feminino no semiárido brasileiro apresentados na revista agriculturas:
experiência em agroecologia.
2. EXPERIÊNCIAS SÓCIO PRODUTIVAS DESENVOLVIDAS PELAS MULHERES
RURAIS NO SEMIÁRIDO
Nas ultimas décadas vêm se aumentando o número de debates relacionado à
desigualdade de gênero, pois indicadores sociais apontam o crescimento da pobreza em maior
proporção para o gênero feminino, isso se dá em grande medida devido a elementos como a
divisão sexual do trabalho e pela desvalorização das multifunções desempenhadas pelas
mulheres.
Nessa perspectiva, iremos abordar casos que apresentam alternativas que impulsionam
a autonomia tanto econômica como politica das mulheres rurais, como a Troca solidaria e o
Fundo Solidário, que são dois mecanismos criados para dinamizar os empreendimentos
econômicos solidários – EES. Assim, o primeiro mecanismo envolve trocas solidárias, ou
seja, trocas que não envolvem valor monetário, como ocorrem em mercados convencionais,
essa alternativa vem crescendo nos EES e ajudando o grupo familiar a crescer e fortalecer
ainda mais seus empreendimentos.
Por conseguinte, o segundo mecanismo, o fundo solidário, constituído com doações de
grupos filiados, do qual atualmente se buscam doações externas para dar continuidade ao
trabalho, é coordenado pelas produtoras rurais no semiárido da Bahia e EES filiados. Foi
então criado, como uma ação facilitadora de crédito para as mulheres pôr em pratica suas
atividades, em razão das dificuldades em acesso ao crédito privado do mercado comum.

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Desse modo, o fundo solidário possibilitou recursos para que as mulheres pudessem executar
tais atividades produtivas, e assim contribuir para a geração de autonomia financeira e o
empoderamento social das mesmas.
Há outras estratégias desenvolvidas no semiárido Pernambucano, que surge com a
agricultura familiar agroecológica através de mulheres nos municípios de Bom Jardim, Santa
Cruz da Baixa Verde e do Assentamento Mulungunzinho, de Mossoró (RN) em busca de
potencialidades dos sistemas agrícolas sustentáveis atrás de beneficiamento de uma produção
diversificada e por meio de comercialização.
Assim, as associações existentes ajudam muito no desenvolvimento da mulher nesse
mercado, principalmente por ser na agricultura que a sociedade vê apenas como um trabalho
masculino. Os sindicatos e as associações como: Associação de Desenvolvimento Rural
Sustentável (Adessu), Associação de Parceiros e Parceiras da Terra (APT), entre outras,
ajudam com apoio as mulheres que querem fazer parte de uma comunidade de
empoderamento e inovação, onde mulheres se unem e trocam informações e promovem
articulações dos seus cultivos para melhorarem cada vez mais a sua forma de viver.
Desta forma, com o melhoramento de técnicas e com mais informações sobre
agricultura nos diferentes tipos de solos, a produção vem se expandindo e o que era produzido
apenas para consumo próprio agora pode ser comercializada. Os grupos produtivos, entidades
de assessoria e movimentos tinham uma preocupação de que precisavam estender a
comercialização a todos os envolvidos, mas também mantendo os mesmos compromissos
anteriores de abastecer a família só que gerando uma renda extra com essa comercialização.
Faria e Nobre (2003, p.13) quando citado por Dantas (2005), ao tratar da economia
feminista, aponta que seu aporte principal é tornar visível a contribuição das mulheres na
economia, considerando o trabalho de forma mais ampla, ao incluir o caráter multifuncional
dessas mulheres com suas ações no mercado informal, no trabalho doméstico e na divisão
sexual do trabalho dentro da própria família.
Em linhas gerais, esses instrumentos de desenvolvimento apresentados acima,
promovem relações de gênero justas, ao contribuir para a autotomia feminina e facilitar a
inserção da mulher na agricultura, melhorando a vida dela e das famílias de forma tanto
estrutural como financeira, embora seja ainda uma surpresa para a sociedade que a mulher
exerça alguma atividade fora de casa e principalmente quando esta é no campo.

Bibliografia
DANTAS, I. A construção da economia feminista na Rede Xique-Xique de
Comercialização Solidária, Revista Agriculturas - Experiência em Agroecologia: Gerando
riquezas e novos valores - v. 2 – nº 3 – pagina 27, outubro de 2005.
FIRMO, C. S. Fundos Solidários: alternativa para construção de autonomia e
empoderamento das mulheres rurais, Revista Agriculturas - Experiência em Agroecologia:
Superando a pobreza rural - v. 5 – nº 4 – pagina 34dezembro de 2008.
SANTOS, J. e BARRETO R. Agricultoras descobrem nova forma de gerar renda e
garantir uma alimentação segura, Revista Agriculturas - Experiência em Agroecologia:
Gerando riquezas e novos valores- v. 2 - no 3 – pagina 31, outubro de 2005.

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