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da medida velha … ao
Características gerais:
* Racionalidade
* Rigor Científico
* Dignidade do Ser Humano
* Ideal Humanista
* Reutilização das artes greco-romanas
e) Classicismo - movimento cultural que valoriza e recupera os elementos artísticos da cultura clássica
(greco-romana). Ocorreu nas artes plásticas, teatro e literatura, nos séculos XIV ao XVI.
A lírica tradicional também identificada com a medida velha.
- Revela grande influência da lírica trovadoresca, quer no que diz respeito à forma,
quer no que diz respeito ao conteúdo;
- Uso da redondilha – utilização de versos de cinco (menor) e sete (maior)sílabas
métricas;
- Algumas dessas composições são por exemplo vilancetes e cantigas;
. vilancete – composição com um mote de dois ou três versos e uma ou mais voltas
ou glosas de sete versos; o último verso das voltas repete, com ou sem variantes o
último verso do mote;
. cantiga - composição com um mote de quatro ou cinco versos e uma ou mais voltas
ou glosas de oito versos; o último verso das voltas repete, com ou sem variantes o
último verso do mote;
. Endechas ou Trovas – número variável de estrofes, frequentemente quadras ou
oitavas
. Esparsa – composição de uma estrofe só / entre oito e dezasseis versos
- Ambiente cortesão;
- Arte de ser galante; elogio; mesura; amor cortês;
- Inspiração amorosa predominante; os queixumes do coração resultantes da
saudade, da distância, da coita/sofrimento de amor ; a morte de/por amor; submissão
amorosa; cativo do amor perante a beleza sobrenatural da amada;
- Inspiração de ocasião entre o jocoso e o trivial; as trivialidades do dia-a-dia;
- Ambiente pastoril; o mar; a fonte, etc. – o Bucolismo.
A lírica de corrente renascentista,
também identificada com a medida nova e o dolce stil nuovo
- A maioria das composições adotam os géneros líricos herdados da estética clássica: o
soneto, a canção, terceto, a ode, a elegia, a écloga;
- Revela as grandes influências de Virgílio, Ovídio, Horácio e Petrarca, Neoplatonismo;
- Influência da poesia provençal e do romance cortês presente na lírica de inspiração
tradicional:
. a mulher como ser superior, quase divina e de beleza inefável; idealização da
mulher;
. atitude de reverência perante a amada, mantendo o sentido da distância que os
separa; platonismo;
. a morte de/por amor.
- Análise psicológica de todo o processo, dos seus impulsos contraditórios e a
manifestação de desejos opostos;
- O temperamento ardente e apaixonado do poeta;
- O amor: desde uma abordagem superficial a uma abordagem intensa e trágica;
- O amor platónico; conflito entre o amor puro/espiritual e o amor sensual/carnal;
- Amor ideal – exclui a sensualidade e é concebido como uma contemplação espiritual.
As contradições que este amor acarreta faz parte de um processo de purificação.
- Desconcerto sentimental; sentimento de perda; travo de melancolia; saudade;
- Consciência do pecado;
- O ideal de mulher – cabelos loiros, pele branca, olhos claros; alegria grave, harmonia
pura e exata, o gesto sereno; a mulher amada é um ideal de beleza e perfeição;
- Petrarquismo: temas de Petrarca – a mulher amada, o amor e os seus efeitos, os
conflitos interiores do sujeito, visão subjetiva da natureza.
- Neoplatonismo – perceção da realidade através de dois mundos ( sensível e inteligível)
- Por vezes não segue este modelo e aparecem a sensualidade e descrições de mulher que
se afastam do modelo.
- A natureza como confidente e espelho do estado de espírito do poeta;
- Animização da natureza;
- Locus amoenus – natureza harmoniosa, serena, luminosa, alegre, cristalina,
transparente;
- Referências à mitologia pagã: mitologia grega e romana;
- As circunstâncias da realidade dramática pessoal do poeta;
- A contínua mudança, o destino e o desconcerto do mundo.
- Soneto – duas quadras dois tercetos; decassílabos; esquema rimático abba abba
cdc dcd/ou cde cde;
- Canção – série de estrofes com número regular de versos, com uma estrofe mais
pequena;
- Ode – Louvor feitos nacionais, a vida campesina, a celebrar o amor e a vida, etc.;
Medida velha
Análise de composições poéticas
- A influência tradicional
Quem ora soubesse
- A medida velha Onde o amor nasce,
Que o semeasse.
Voltas:
Voltas:
a projeção da amada na Natureza, assumindo que, sem se dar
Campo que te estendes
conta, o gado come a graciosidade dos olhos da amada.
com verdura bela;
ovelhas que nela
vosso pasto tendes: Ao longo da cantiga, temos uma comparação entre os olhos da
d’ervas vos mantendes
que traz o Verão, amada e os campos que se vai tornando cada vez mais evidente
e eu das lembranças
do meu coração. aos olhos do sujeito poético.
Gado que paceis, A repetição do advérbio de negação “não” transmite um tom
co contentamento de oralidade ao poema, e temos a certeza de que o sujeito
vosso mantimento poético está convencido desta projeção da amada na Natureza.
não o entendeis;
isso que comeis No final da composição poética os olhos não são como os
não são ervas , não: campos (comparação)
São graças dos olhos São os próprios campos verdes (metáfora).
Do meu coração.
(20pts) 1 - Organiza as temáticas recorrentes na poesia de influência tradicional, exemplificando com os versos acima apresentados.
A B C
“Pretos os cabelos “Os ventos serena,
Onde o povo vão
“Tão linda que o mundo espanta” Faz claras de abrolhos
perde opinião
Que os louros são belos” O ar dos seus olhos.”
D E F
“Pretidãode amor, “Mais branca que a neve pura(…)”
“Presença serena Tão doce a figura, “Cabelos de ouro o trançado.”
Que a tormenta amansa” Que a neve lhe jura
que trocou a cor.”
• O modelo de mulher correspondia à mulher loura, mas em Camões há muitas vezes a dúvida, a alteração dos padrões habituais. ( A )
• A beleza da mulher é sempre enaltecida, dando muitas vezes origem à hipérbole. (B)
• A brancura da pele é sempre motivo para a metáfora e símbolo da sua pureza e simplicidade. Novamente as dúvidas e contradições
do sujeito poético. (E)
• A amada é um agente transformador da natureza supra-humano, divinizado, capaz de fazer coisas que a maioria dos mortais não
consegue. (C)
• Além da brancura e dos cabelos louros, ainda se acrescenta a metáfora constante, recorrendo aos metais preciosos (ouro e prata)
construindo-se assim um retrato ainda mais valorativo. (F)
(20pts) 2.1 - Clarifica as afirmações e exemplifica com a análise dos versos que se seguem:
Voltas:
A verdura amena
Gados que pasceis
Sabei que a deveis
Aos olhos de Helena.
Os ventos serena,
Faz flores de abrolhos
O ar de seus olhos.
Os corações prende
Com graça inumana
De cada pestana
Ua alma lhe pende.
Amor se lhe rende
E, posto em giolhos,
Pasma nos seus olhos.
No mote, o sujeito poético deixa evidente que
os olhos de Helena irradiam uma luz especial,
de origem “divina”, inumana capaz de
transfigurar a Natureza, transformando-a de
Se Helena apartar forma bela.
Do campo seus olhos,
Nascerão abrolhos.
Voltas:
Vi terra florida
De lindos abrolhos,
Lindos para os olhos,
duros para a vida;
Mas a rês(1) perdida
Que tal erva pace(2)
Em forte hora nace.
Anáfora
D’Amor e seus danos O sujeito poético começa por lançar uma questão, uma dúvida para
Me fiz lavrador;
Semeava amor o ar. Ele diz que se alguém conhece o terreno fértil do amor deveria
E colhia enganos; plantá-lo.
Não vi em meus anos,
Homem que apanhasse
O que semeasse.
Vi terra florida
De lindos abrolhos,
Lindos para os olhos,
Tudo isto é uma reflexão pessoal, porque o sujeito poético recorre à
duros para a vida; sua experiência pessoal para tirar conclusões. Isto é ele vai contando
Mas a rês(1) perdida o que fez, o que semeou, o que colheu, o que viu, o que perdeu, o
Que tal erva pace(2)
Em forte hora nace.
que trabalhou, e a que conclusões chega: o amor conduz sempre ao
sofrimento…
Com quanto perdi,
Trabalhava em vão;
Se semeei grão
Grande dor colhi.
Amor nunca vi
Que muito durasse,
Que não magoasse.
Luís de Camões
Mote
Quem ora soubesse (10pts) 3 – Quais os efeitos e características do Amor?
Onde o amor nasce, Justifica, fazendo o levantamento de palavras que o
Que o semeasse.
comprovam.
Voltas:
Luís de Camões
Mote (15pts) 4 – Este poema retoma aspectos característicos da
Quem ora soubesse
Onde o amor nasce,
poesia tradicional. Identifica-os.
Que o semeasse.
Voltas:
Formal :
• vilancete / redondilha menor (5 sílabas métricas)
D’ Amor e seus danos • mote: três versos
Me fiz lavrador;
Semeava amor • voltas com sete versos
E colhia enganos;
Não vi em meus anos,
• repetição do último verso do mote no final de
Homem que apanhasse cada volta
O que semeasse.
Luís de Camões
Mote
Quem ora soubesse
Onde o amor nasce, (15pts) 5 – Apresenta a Paráfrase da última volta.
Que o semeasse.
Identificando e clarificando a intenção do recurso
Voltas: expressivo presente nos últimos quatro versos.
D’ Amor e seus danos
Me fiz lavrador;
Semeava amor O investimento, a dedicação, o trabalho que este
E colhia enganos; lavrador (homem) dedicou à sementeira ( ao
Não vi em meus anos,
Homem que apanhasse amor) foi em vão, ou seja foi inútil, porque a
O que semeasse. única coisa que colheu foi dor e sofrimento.
Vi terra florida
De lindos abrolhos,
Lindos para os olhos, O sujeito poético conclui a metáfora, tornando-a
duros para a vida;
Mas a rês(1) perdida
clara nos últimos três versos onde diz que nunca
Que tal erva pace(2) conheceu um Amor que perdure e que não
Em forte hora nace.
conduza ao sofrimento.
Medida nova
dolce stil nuovo
O texto é constituído por duas quadras e dois tercetos em metro
Ondados fios de ouro reluzente decassilábico, com um esquema rimático ABBA // ABBA // CDE //
CDE, verificando-se a existência de rima interpolada em “A”,
Ondados fios de ouro reluzente, emparelhada em “B” e interpolada em “C,D,E”.
Que agora da mão bela recolhidos,
Agora sobre as rosas estendidos O soneto aborda o tema da mulher, mais propriamente, o
Fazeis que sua graça se acrescente; ideal Petrarquista.
Este ideal é sempre descrito como uma mulher perfeita,
Olhos, que vos moveis tão docemente, bela, nobre, só descritível em imagens hiperbólicas.
Em mil divinos raios encendidos, Verifica-se a descrição física, à maneira de Petrarca, de
Se de cá me levais alma e sentidos, uma mulher, que contribui para a sua caracterização moral.
Que fora, se de vós não fora ausente? O poema apresenta uma enumeração metafórica dos
atributos físicos da mulher.
Honesto riso, que entre a mor fineza Esta caracterização respeita o ideal feminino petrarquista e
De perlas e corais nace e parece, assume também a ausência da amada.
Se n'alma em doces ecos não o ouvisse! Assim, afastado do objeto da sua devoção, o poeta deseja
a proximidade.
Se imaginando só tanta beleza, Utiliza um discurso expressivo, marcado pelas expressões
De si, em nova glória, a alma se esquece, interjetivas.
Que será quando a vir? Ah! Quem a visse!
Presença bela, angélica figura,
Em quem, quanto o Céu tinha, nos tem dado;
Gesto alegre, de rosas semeado,
Entre as quais se está rindo a Fermosura;
http://www.slideshare.net/HMECOUT/o-dia-em-que-eu-nasci-morra-e-perea
Pág. 301
Desconcerto do mundo
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
(pág. 304) Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Inês Lourenço
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