1) O Corregedor e o Procurador encontram-se com o Diabo após a morte e recusam-se a entrar na Barca do Inferno.
2) O Diabo acusa o Corregedor de ter aceite subornos e enriquecido à custa dos mais pobres.
3) Quando tentam entrar na Barca da Glória, são recebidos por um Anjo enfurecido que os manda de volta para o Inferno.
1) O Corregedor e o Procurador encontram-se com o Diabo após a morte e recusam-se a entrar na Barca do Inferno.
2) O Diabo acusa o Corregedor de ter aceite subornos e enriquecido à custa dos mais pobres.
3) Quando tentam entrar na Barca da Glória, são recebidos por um Anjo enfurecido que os manda de volta para o Inferno.
1) O Corregedor e o Procurador encontram-se com o Diabo após a morte e recusam-se a entrar na Barca do Inferno.
2) O Diabo acusa o Corregedor de ter aceite subornos e enriquecido à custa dos mais pobres.
3) Quando tentam entrar na Barca da Glória, são recebidos por um Anjo enfurecido que os manda de volta para o Inferno.
O Corregedor, magistrado com autoridade sobre os juízes ordinários, é o primeiro a entrar em
cena carregado de feitos, ou seja, de processos representativos da sua profissão e símbolo dos seus pecados e com a sua vara na mão, símbolo do poder judicial. Dirige-se ao Diabo e pergunta-lhe, presunçoso se ali se encontra o "senhor juiz". O Diabo responde-lhe ironicamente apelidando-o de "amador de perdiz". As perdizes eram símbolo da corrupção daqueles que se deixavam subornar. O Corregedor, convidado pelo Diabo a entrar na Barca do Inferno, argumenta de imediato com o seu estatuto profissional e pergunta se não haverá lá um "meirinho do mar", ou seja, um oficial de justiça marítima que o possa auxiliar. Começa também a introduzir no seu discurso expressões latinas usadas na sua profissão e que ele acredita conferirem-lhe prestígio. Para calar a indignação do Corregedor, o Diabo responde-lhe num latim macarrónico acusando-o de ter aceite subornos. Assim, com o discurso do Diabo em latim macarrónico, o autor delineia uma cena onde predomina o cómico de linguagem. O Corregedor defende-se acusando a sua mulher de ter aceite subornos sem o seu conhecimento, mas o Diabo reforça a sua acusação lembrando-o de como tinha enriquecido à custa dos mais pobres sem nunca os ter defendido. O Diabo esclarece-o de que no Inferno terá muita companhia de outros que como ele roubavam e enganavam em nome da Justiça. Neste momento da cena, entra o Procurador, carregado de livros, símbolo da sua profissão e dos seus pecados. O Procurador também se recusa a entrar na Barca do Inferno. Explica ao Corregedor, que trata com o respeito devido aos superiores, que morreu sem ter tido tempo de se confessar. Já o Corregedor, morreu confessado, tendo, no entanto, encoberto todos os pecados ao seu confessor. O autor aproveita. assim, para fazer mais uma crítica à Igreja. Ambos se dirigem à Barca da Glória, mas são recebidos por um Anjo enfurecido que lhes roga pragas e pelo Parvo que, adoptando um latim macarrónico, os acusa de roubo e de desrespeito para com a Igreja. O Anjo manda-os de volta para a Barca do Inferno onde eles acabam por entrar resignados. A cena termina com um breve diálogo entre Brízida Vaz e o Corregedor que dá a entender que ambos tiveram negócios ilícitos em vida.