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S Ponta do Sl
Ano Lectivo 2009 ৷ 2010
GUIÕES DE LEITURA ORIENTADA 4/5 (pág. 152, 153 e 155 do manual “Ser em Português 9”)
[CORRECÇÃO]
I APROFUNDAMENTO DA LEITURA:
O JUDEU
O Judeu entra em cena trazendo um bode às costas (o sacrifício de animais era um ritual
dos judeus). A sua actividade profissional estava intimamente relacionada com o dinheiro, o
lucro e a usura (“Passai-me, por meu dinheiro.”).
Os judeus eram acusados de usura e de práticas religiosas não cristãs, como profanar sepulturas,
sacrificar animais e comer carne em dias de jejum (“E comia a carne da panela/no dia de Nosso
Senhor!”). O Diabo atribui-lhe um tratamento diferenciado, primeiro recusando-lhe a entrada na
barca e depois levando-o a reboque, para não se misturar com os outros (pecadores, mas
cristãos). Esta cena dá conta da discriminação de que os judeus eram alvo na época.
O CORREGEDOR
O Corregedor (magistrado, juiz), para além da vara que era o símbolo do poder judicial,
traz os feitos (processos), tanto símbolo da sua função como testemunho da sua condenável
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actuação como funcionário corrupto. Era um homem da justiça sem escrúpulos, que, segundo o
Diabo, escolhera em vida, pelas suas obras, a embarcação para os seus domínios (inferno).
O primeiro crime que lhe foi apontado pelo Diabo foi o de ser facilmente subornável com
perdizes (“Oh amador de perdiz,”). Porque gozava de imunidade, Julgava desonestamente. É
acusado também de não temer a Deus e de explorar largamente o sangue dos trabalhadores e
dos pecadores ignorantes, sem sequer os ouvir (“A largo modo adquiristis/sanguinis
laboratorum,/ignorantes paccatorum.”). A sua cobiça era tanta que nem ao confessor descobrira
o seu roubo, com receio de que aquele o absolvesse apenas se restituísse o furto.
O Corregedor faz quase todo o seu discurso em latim, muito usado pelos homens de leis. O
Diabo, por seu turno, zomba da personagem falando também latim.
O PROCURADOR
O ENFORCADO
A personagem é caracterizada de uma forma vaga, parecendo servir apenas a ideia de que a
justiça humana não substitui a justiça divina. Pouco sabemos da sua vida. Deste ladrão enforcado
fica apenas a sua ingénua convicção de que, tendo sido castigado na Terra, pelos seus crimes,
seria recompensado no céu.
Garcia Moniz advoga junto dos condenados que o castigo os absolve dos seus crimes. Mais
afirma Garcia Moniz, pela boca do Enforcado, que o Purgatório é a forca e a prisão e que, depois
disso, é o paraíso garantido.
OS CAVALEIROS
2.1- Os Cavaleiros seguem um percurso directo para a Barca da Glória onde embarcam, sem se
deterem junto da barca infernal, ao contrário do que acontece com as outras personagens.
2.2- As personagens agem de acordo com a ideologia oficial da época, isto é, sabem que
ganharam, em Terra, o direito ao Paraíso por terem morrido “pelejando/por Cristo”.
3- A absolvição dos Cavaleiros indica que o autor do Auto partilha o espírito de Cruzada, ainda
bem vivo na sua época.
4- Visto pelo desfecho, o Auto é uma moralidade, pela religiosidade que o inspira, pelas “lições”
que transmite sobre o bem e o mal, os vícios e as virtudes.