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Primeira bem aventurança

Por Rafael Rangel Moreira

Felizes os que confiam!

Para começar, é importante entendermos o que significa bem aventurança. Essa expressão
vem do grego [μακάριος (makários)] que significa felicidade. Assim podemos entender que
naquele monte, o discurso de Cristo teve como objetivo apresentar uma nova proposta
àquelas pessoas que tinham um entendimento sobre o que era se relacionar com Deus,
através da sua lei. Acontece que essa colocava uma enorme distância nesse relacionamento,
com um Deus praticamente inalcançável, devido às inúmeras regras para se cumprir.

Felicidade está nas coisas simples da vida, e essa é a proposta de Cristo para nós mediante a
complexidade da nossa vida!

E a primeira bem aventurança que ele propõe para seus ouvintes é ser pobre de espírito,
porque deles é o Reino dos Céus!

Mas o que significa ser pobre de espírito?

Primeiro é importante conceituarmos a palavra pobreza, que pode ser entendido como a falta
de recursos. Em nosso mundo capitalista, quando menos recursos uma pessoa possui, mais
pobre ela é.

Dessa forma, ser pobre de espírito me leva a ter a consciência de que eu não tenho
absolutamente nada, de que eu não sou capaz de produzir absolutamente nada sem a
intervenção de Deus em minha vida.

Para exemplificar essa afirmação, pense em todos os dias em que você acorda, seja para
trabalhar, para estudar, ou até para fazer nada!

De qualquer forma, quando você acordou, sem pensar sobre isso, respirava naturalmente.
Todos os seus órgãos e sistemas do seu corpo funcionavam corretamente, e então você se
levantou e foi cuidar da vida. E a questão é que absolutamente nada disso fomos nós que
planejamos, simplesmente e naturalmente aconteceu!

O que eu quero dizer, trazendo a aplicação para nossos dias, é que temos cada vez mais vivido
nossos dias com uma falsa consciência de que tudo está sob nosso controle. Trabalhamos,
estudamos, cuidamos de nossas famílias, recebemos nosso dinheiro e compramos coisas que
nos satisfazem... enfim, cultivamos a consciência de que tudo o que colhemos é somente pelo
nosso próprio empenho.

Não é assim que as coisas funcionam.

Atualmente vivemos uma pandemia, causada por um vírus chamado Conavid. Esse, que não
pode ser visto a olho nu, está paralisando a vida e a economia mundial, trazendo
assustadoramente sentimentos de medo, preocupação e ansiedade ao mundo inteiro.
De repente a vida que conhecemos parece que está se dissolvendo de nossas mãos. Estamos
vivendo uma crise sem precedentes, que ainda não sabemos quando vai acabar, e como será a
vida após tudo isso.

Veja a vida de Jó, um famoso personagem da Bíblia. O livro que carrega seu nome como título
conta que Jó era um homem riquíssimo de sua época, tudo em sua vida funcionava
perfeitamente. Até que um dia veio a crise.

Essa crise não somente dissolveu seu poder financeiro e patrimonial, como destruiu a vida de
toda a sua casa e família, restando apenas ele e sua mulher. E como dizem por aí que desgraça
pouca é bobagem, Jó ainda ficou como morto mas não havia morrido; uma enfermidade
tomou conta do seu corpo, e suas feridas eram raspadas por ele mesmo com cacos.

Sinceramente, se fosse eu na pele de Jó entraria em colapso. Não havia mais sentido de viver.
Mas porque ele era pobre de espírito, ou seja, tinha a consciência de que ele não era
absolutamente nada sem Deus, Jó declara para si mesmo:

Deus me deu, Deus tomou. Bendito seja o Seu nome.

A consciência de Jó era de que, fosse na abundância ou na crise, Deus era suficiente em sua
vida. Dizer que Jó não questionou o motivo dele estar vivendo tudo aquilo é utópico, afinal ele
era ser humano como qualquer um de nós.

Mas a sua consciência, a despeito de tudo, o mantinha em busca de Deus. E no final da sua
história sabemos que ele foi restituído absolutamente tudo em porção dobrada. Mas a maior
riqueza que Jó experimentou nisso tudo é resumida em outra afirmação que saiu da sua boca:

Antes eu te conhecia de ouvir falar, mas hoje eu te conheço de contigo andar, e os meus olhos
te veem.

Como isso se aplica em nós?

O verdadeiro Evangelho de Cristo não está em se relacionar com Deus por aquilo que Ele tem
ou pode fazer, mas sim em buscar se relacionar por aquilo que Ele é.

Isso é viver o Reino dos Céus. Isso é se pobre de espírito. Isso é ser bem aventurado. A
despeito do que está vivendo, seja em um bom momento onde as coisas estão dando certo,
seja em um momento de crise, confie em Deus. Coloque seus medos, suas preocupações e
ansiedades diante Dele em oração. Busque conhecer mais a Ele através de Sua palavra e
também de livros que falem a respeito. Ele, como o exemplo de Jó, não irá te desamparar
nessa jornada que se chama Vida, e no tempo certo te dará uma fantástica experiência!

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