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C nas planícies de
Kurgan na Euro-Asia moderna Rússia. Um lugar onde o ambiente era hostil, onde só os mais
fortes laços familiares sobreviviam e a caça e pecuária eram vitais para manter-se vivo por
mais alguns dias.
A primeira migração de povos indo-europeus começa em 4,5 mil anos atrás seguindo o
rebanho de renas rumo ao norte. Adriano Romualdi assinala que as primeiras migrações
indo-europeias começam no Neolítico e consolida sua identidade na Era do Bronze.
Em todas essas migrações os povos indo-europeus conheceram e tiveram que enfrentar outros
povos, de origem matrifocal como os povos danubianos, os pelasgos, etruscos e dravidianos
que foram subsequentemente submetidos ou exterminados.
Robert Graves, em seu livro Os Mitos Gregos, diz que antes da chegada dos povos patriarcais,
existia na Europa o culto da Grande Deusa a qual o homem temia e a paternidade não tinha
nenhuma honra. A matriarca possuía várias amantes, mas não para a procriação, mas para o
prazer e os filhos que nasciam, produto dessas orgias, não conheciam o pai.
O sacrifício de homens a esta grande deusa era algo habitual nas culturas matriarcais. Reis e
adolescentes foram sacrificados à deusa. Ela devorava a carne e o sangue deles regava os
campos constituindo-se em uma forma mórbida de adoração.
Graves afirma que as invasões dos aqueus no início do segundo milênio a.C., hordas de
pastores que adoravam a trindade Ariana constituída pelas divindades Indra, Mitra e Varuna se
estabeleceram pacificamente na Grécia central, foram aceitas como filhos da deusa. Assim, a
aristocracia masculina se reconciliou com aristocracia feminina da Grécia e Creta.
Isso difere da maioria das versões em que os helenos arrasaram os habitantes nativos, os
Pelasgos. Entretanto, Graves está certo em apontar que a conquista indo-europeu foi uma
conciliação entre o poder masculino e feminino.
Como era a estrutura social desses povos? Primeiramente eram povos extremamente
patriarcais cujo na família não se discutia a liderança paterna.O chefe do clã, o pai, o líder
eleito pelos seus pares era quem governava sua tribo. Um homem forte, caçador, disciplinado e
líder virtuoso. Possuíam um forte senso de honra, uma hierarquia rígida, um senso de aventura
e conquista. Sabemos disso pois esse traço é descrito em todos as civilizações que eles
invadiram e subjugaram os povos autóctones.
Essas hordas de guerreiros e caçadores unidos por laços de sangue e uma forte disciplina
militar estavam invadindo e conquistando civilizações decadentes regidas pelo matriarcado
familiar e o paternalismo social como os elamitas, por exemplo.
De modo geral, a espiritualidade desses povos patriarcais eram caracterizadas pelo culto ao
superior, ao sol, ao céu e a convicção em um reino mais elevado acessível apenas àqueles que
lutam. Em contrapartida na espiritualidade matriarcal existe o culto da terra. Enquanto no
patriarcado o homem é um filho do céu que retorna para ele depois de sua morte, no
matriarcado ele é um filho da terra, "da Terra és para a terra voltarás". É a premissa na qual os
ritos fúnebres enterram-se os mortos devolvendo-os e amarrando-os à Mãe Terra, sem
possibilidade de subir para o alto.
Existe a adoração ao Deus pai, o rei dos deuses. Este é retratado como um guerreiro, outras
vezes como um rebelde que derrubou os primeiros deuses para posicionar-se como
governante. Seu símbolo é a força do raio e a lança. Odin-Wotan, Zeus-Júpiter, Indra e Perun,
todos estes são deuses celestiais, patriarcas, pais de deuses e heróis. O culto da guerra e o
heroísmo fazem parte desta visão de mundo.
As civilizações matriarcais eram sociedades envelhecidas, entregues ao hedonismo,
passividade e promiscuidade. Estas civilizações pereceram lentamente. O patriarcado trouxe a
fidelidade matrimonial, unidade familiar, hierarquia rígida, trouxe uma nova cultura baseada no
controle de seus impulsos sexuais em prol da monogamia e uma paternidade responsável.
Essas sociedades que fundaram as bases da moralidade dos maiores impérios que
conhecemos.