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As origens das primeiras tribos patriarcais remontam de 5000-3500 a.

C nas planícies de
Kurgan na Euro-Asia moderna Rússia. Um lugar onde o ambiente era hostil, onde só os mais
fortes laços familiares sobreviviam e a caça e pecuária eram vitais para manter-se vivo por
mais alguns dias.

Os habitantes de “Kurgan” (isto é, montes funerários) se alimentavam da carne, caçavam para


poder sobreviver, tornam se espirituosos, cautelosos e acima de tudo um sobreviventes nato.
Começaram a forjar armas mais sofisticadas, a usar o cavalo como montaria bélica e a
traçarem estratégias para melhor guerrearem.

A primeira migração de povos indo-europeus começa em 4,5 mil anos atrás seguindo o
rebanho de renas rumo ao norte. Adriano Romualdi assinala que as primeiras migrações
indo-europeias começam no Neolítico e consolida sua identidade na Era do Bronze.

As invasões de povos indo-europeus ocorreram em épocas diferentes, a primeira podemos


situá-la entre 2.200 e 2.000 a.C., na qual eles invadiram povos civilizados do império de Elam,
Mohenjo daro & Harappa e da anatólia, dando origem as civilizações respectivamentes Irã,
Índia védica e o império hitita.

Em todas essas migrações os povos indo-europeus conheceram e tiveram que enfrentar outros
povos, de origem matrifocal como os povos danubianos, os pelasgos, etruscos e dravidianos
que foram subsequentemente submetidos ou exterminados.

Robert Graves, em seu livro Os Mitos Gregos, diz que antes da chegada dos povos patriarcais,
existia na Europa o culto da Grande Deusa a qual o homem temia e a paternidade não tinha
nenhuma honra. A matriarca possuía várias amantes, mas não para a procriação, mas para o
prazer e os filhos que nasciam, produto dessas orgias, não conheciam o pai.

No sistema matriarcal, as cavernas e cabanas - representações do útero - eram lugares de


veneração a deusa, onde a matriarca se reunia com seus filhos e amantes.

O sacrifício de homens a esta grande deusa era algo habitual nas culturas matriarcais. Reis e
adolescentes foram sacrificados à deusa. Ela devorava a carne e o sangue deles regava os
campos constituindo-se em uma forma mórbida de adoração.

Graves afirma que as invasões dos aqueus no início do segundo milênio a.C., hordas de
pastores que adoravam a trindade Ariana constituída pelas divindades Indra, Mitra e Varuna se
estabeleceram pacificamente na Grécia central, foram aceitas como filhos da deusa. Assim, a
aristocracia masculina se reconciliou com aristocracia feminina da Grécia e Creta.
Isso difere da maioria das versões em que os helenos arrasaram os habitantes nativos, os
Pelasgos. Entretanto, Graves está certo em apontar que a conquista indo-europeu foi uma
conciliação entre o poder masculino e feminino.

Os próprios gregos incluíram as deusas do matriarcado em sua própria visão de mundo.


Graves, sobre essa reconciliação, menciona que houve casamentos entre líderes gregos e
sacerdotisas da deusa que determinou o sincretismo religioso entre aqueles povos.
Apesar da inclusão de deusas matriarcais, predominou o culto solar e de deuses do Olimpo.
Não obstante estas conquistas, a influência matriarcal em larga escala terminou contaminando
a visão aristocrática dos indo-europeus.
No entanto, em Esparta sempre prevaleceu o patriarcado em sua forma indo-européia. Uma
civilização guerreira, com um culto a ação que fez dela a mais poderosa potência militar da
Heliade.
Quando os gregos sucumbiram à influência do Oriente – propriamente feminino – entraram
então em uma decadência que chegou ao fim com a conquista dos romanos.

Como era a estrutura social desses povos? Primeiramente eram povos extremamente
patriarcais cujo na família não se discutia a liderança paterna.O chefe do clã, o pai, o líder
eleito pelos seus pares era quem governava sua tribo. Um homem forte, caçador, disciplinado e
líder virtuoso. Possuíam um forte senso de honra, uma hierarquia rígida, um senso de aventura
e conquista. Sabemos disso pois esse traço é descrito em todos as civilizações que eles
invadiram e subjugaram os povos autóctones.

Essas hordas de guerreiros e caçadores unidos por laços de sangue e uma forte disciplina
militar estavam invadindo e conquistando civilizações decadentes regidas pelo matriarcado
familiar e o paternalismo social como os elamitas, por exemplo.

De modo geral, a espiritualidade desses povos patriarcais eram caracterizadas pelo culto ao
superior, ao sol, ao céu e a convicção em um reino mais elevado acessível apenas àqueles que
lutam. Em contrapartida na espiritualidade matriarcal existe o culto da terra. Enquanto no
patriarcado o homem é um filho do céu que retorna para ele depois de sua morte, no
matriarcado ele é um filho da terra, "da Terra és para a terra voltarás". É a premissa na qual os
ritos fúnebres enterram-se os mortos devolvendo-os e amarrando-os à Mãe Terra, sem
possibilidade de subir para o alto.
Existe a adoração ao Deus pai, o rei dos deuses. Este é retratado como um guerreiro, outras
vezes como um rebelde que derrubou os primeiros deuses para posicionar-se como
governante. Seu símbolo é a força do raio e a lança. Odin-Wotan, Zeus-Júpiter, Indra e Perun,
todos estes são deuses celestiais, patriarcas, pais de deuses e heróis. O culto da guerra e o
heroísmo fazem parte desta visão de mundo.
As civilizações matriarcais eram sociedades envelhecidas, entregues ao hedonismo,
passividade e promiscuidade. Estas civilizações pereceram lentamente. O patriarcado trouxe a
fidelidade matrimonial, unidade familiar, hierarquia rígida, trouxe uma nova cultura baseada no
controle de seus impulsos sexuais em prol da monogamia e uma paternidade responsável.

Essas sociedades que fundaram as bases da moralidade dos maiores impérios que
conhecemos.

Adaptação* de Fonte: TRUJILLO, Fernando in El Poder del Patriarcado. Mexico, 2014

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