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Aula 2. Artigo Cavalcanti e Gayo (2005) - Andragogia Na Educaà à o Universitaria PDF
Aula 2. Artigo Cavalcanti e Gayo (2005) - Andragogia Na Educaà à o Universitaria PDF
Andragogia
na educação
universitária
Nosso sistema acadêmico se desenvolveu numa ordem in- novos paradigmas para a educação. En-
versa: assuntos e professores são os pontos de partida, e os tre 1993 e 1996, a Comissão Interna-
cional sobre Educação para o Século
alunos são secundários.(...) O aluno é solicitado a se ajustar a
XXI, da Organização das Nações Uni-
um currículo pré-estabelecido. (...) Grande parte do aprendi- das para a Educação, Ciência e Cultura
zado consiste na transferência passiva para o estudante da ex- (UNESCO), desenvolveu um estudo que
periência e conhecimento de outrem (...) nós aprendemos aqui- culminou na produção do “Relatório Ja-
lo que nós fazemos. A experiência é o livro-texto vivo do adulto cques Delors”, publicado no Brasil com
o título “Educação – um tesouro a desco-
aprendiz. (LINDERMAN, 1926., apud CAVALCANTI, 1999, p.01)
brir” em 1998, síntese do pensamento das
E sta afirmação de Linderman, pes- diretivos – sejam os conselhos maiores autoridades mundiais sobre edu-
quisador da American Associati- escolares locais, sejam as admi- cação no final do século XX, sendo inves-
nistrações universitárias – ten- tido, portanto, de importância inquestio-
on for Adult Education, expressa sua dem a se agarrar tenazmente ao
percepção, no início do século passa- passado, promovendo apenas
nável para o planejamento de atividades
do, de que o ensino formal utilizado na mudanças simbólicas. É prová- educacionais atuais e futuras. O documento
época, para a maioria das atividades vel que nossas escolas sejam centra suas conclusões na premissa de que
educacionais, fôra concebido sobre
mais prejudiciais que benéficas a aprendizagem, neste século, deverá se
ao desenvolvimento da persona-
princípios inadequados. Linderman não estender por toda a existência da pessoa,
lidade e exerçam uma influência
estava sozinho em suas críticas. Assim negativa sobre o pensamento correspondendo à perspectiva da “educa-
expressava-se Carl Rogers, em artigo criador (ROGERS apud GOULART, ção permanente”, “educação continuada”
publicado em 1964: 2001, p.82). ou “Andragogia”. O termo “Andragogia”
já fora sugerido em documento da UNES-
Num mundo em rápida mudança, No século XXI, é preciso vencer CO no início da década de 1970, com o
os professores e seus conselhos essas resistências e abrir perspectivas, mesmo significado.
O vocábulo “Andragogia” foi inici- Pierre Furter (1973, p.23) defi- a intervenção de outrem (individu-
al ou coletiva) aparece como indis-
almente utilizado por Alexander niu Andragogia como a filosofia, ciência
pensável (grifo nosso).
Kapp (1833), professor alemão, para e a técnica da educação de adultos.
descrever elementos da Teoria de Edu-
A palavra Andragogia deriva das
cação de Platão. Voltou a ser utilizado Propomos que, sob o nome de
“andragogia”, a universidade reco- palavras gregas andros (homem) +
por Rosenstock (1921), para significar
nheça uma ciência da educação agein (conduzir) + logos (tratado, ci-
o conjunto de filosofias, métodos e pro- dos homens; coisa que outras ência), referindo-se à ciência da educa-
fessores especiais necessários à educa- universidades estrangeiras já fize-
ção de adultos. Na década de 1970, o ram primeiro na Iugoslávia, e, mais
ção de adultos, em oposição à Peda-
termo era comumente empregado na recentemente, nos Países-Baixos. gogia, também derivada dos vocábu-
França (Pierre Furter), Iugoslávia (Su-
Essa ciência deve se chamar an- los gregos paidós (criança) + agein
dragogia e não mais pedagogia,
san Savecevic) e Holanda para designar (conduzir) + logos (tratado ou ciên-
pois seu objetivo não é mais so-
a ciência da educação de adultos. O mente a formação da criança e do cia), obviamente referindo-se à ciência
nome de Malcolm Knowles surgiu nos adolescente, mas do homem du- da educação de crianças. A Andrago-
Estados Unidos da América, a partir de rante toda a sua vida. gia deve ser entendida como a filosofia,
Essa ciência compreenderá tan-
1973, como um dos mais dedicados to o estudo das formas de autodi- a ciência e a técnica da educação de
autores a estudar o assunto. datismo quanto daquelas em que adultos.
Métodos andragógicos
O processo de ensino/
aprendizagem, do ponto de vista
andragógico, procura tirar o máximo
les do ensino clássico. Mais do que ser
um bom orador e conhecer o assunto a
ser ensinado, ele precisa ter habilidade
dispostos em círculo numa sala ou em
volta de uma mesa de trabalho (circu-
lar). O processo é centrado no aluno,
proveito das características peculiares para lidar com pessoas, orientar, criar não no professor.
dos adultos, discutidas acima, que já se empatia, incentivar, conduzir grupos de O programa, esboçado pelo pro-
mostram incipientes nos adolescentes. estudos de modo discreto, na direção de- fessor em linhas genéricas, será discuti-
Os resultados de todo o processo são sejada. O ambiente de atividades andra- do, aprofundado, reformulado e final-
potencializados, atingindo uma aprendi- gógicas é diferente daquele da pedago- mente aprovado por todo o grupo de tra-
zagem mais fácil, profunda, criativa. gia clássica. Na disposição física, não há balho. Daí em diante, o professor deve-
Os professores na Andragogia lugar especial para o professor, que se rá apenas tornar o ambiente propício,
desempenham um papel diferente daque- posta junto com os alunos, geralmente moderar as discussões, evitar desvios
A pessoa sadia interage, espon- grupo andragógico um terreno fértil. O pesquisar, os meios de pesquisa neces-
taneamente, com o ambiente, método consiste na proposição de tare- sários (biblioteca, acesso à Internet, um
através de pensamentos e interes-
fas a serem resolvidas ou executadas, consultor especialista para tirar as dú-
ses e se expressa independente-
mente do nível de conhecimento bem como no fornecimento dos meios vidas, responder perguntas). Decorri-
que possui. Isto acontece se ela para se chegar aos objetivos. Os alunos do o prazo, nova reunião terá lugar para
não for mutilada pelo medo e na deverão trabalhar, segundo suas visões discussão profunda do problema, em
medida em que se sente segura dos problemas e suas experiências an- todos os aspectos envolvidos. Um pro-
o suficiente para a interação.
(MASLOW 1972, p.50-51). teriores, na construção de soluções ade- blema psicológico, por exemplo, será
quadas. Essas soluções nunca serão ho- estudado do ponto de vista fisiológico,
Como bem frisado acima, é es- mogêneas, visto que cada estudante ou psicanalítico, existencial, humanístico,
sencial tirar o máximo proveito da expe- cada grupo toma um caminho diferente, behaviorista. O conteúdo a ser discuti-
riência de vida dos alunos. Essa fonte mas todas serão corretas. Numa discus- do não terá fronteira de disciplinas, de
de aprendizagem deverá ser explorada são final, todo o grupo reunido terá uma estruturação pedagógica, de séries ou
exaustivamente através das quatro vias multiplicidade de caminhos para a solu- de períodos.
utilizadas pela consciência humana para ção, alargando seus horizontes e seus A avaliação é outro momento es-
processar as informações experienciais paradigmas.1 pecial da andragogia. Fugindo do lugar
– sensação, pensamento, emoção e in- A aprendizagem baseada em pro- comum de premiar ou punir o aluno, re-
tuição (Carl Jung). Métodos envolvendo blemas (Problem-Based Learning – prová-lo ou aprová-lo, através de alguns
discussões de grupo, exercícios de si- PBL) é um método muito utilizado em testes, meras verificações do condicio-
mulação, aprendizagem baseada em pro- andragogia e que se aplica particular- namento produzido pelo processo peda-
blemas, discussões de casos são comu- mente bem aos cursos de graduação gógico (...o aluno será capaz de...), a
mente utilizadas para atingir esse obje- profissionalizantes, onde podemos sem avaliação andragógica é contínua, cons-
tivo. O professor/tutor deverá ter sensi- dúvida incluir a Psicologia. Consiste na tante, diagnóstica. Visa, a cada momen-
bilidade e argúcia suficientes para per- narração ou construção de um proble- to, detectar falhas (não compreensão de
ceber o clima de cada grupo, quebrar as ma que será posto para o grupo de es- conceitos, aprofundamento insuficiente
inibições, propor discussões e pergun- tudos solucionar. Para essa solução, se- do raciocínio dedutivo ou indutivo na
tas pontuais que produzam conflitos in- rão necessários os conhecimentos ob- discussão de problemas, falhas no inte-
telectuais a serem debatidos com mais jetivados pelo momento particular da resse e participação, etc) de modo que
vigor e paixão. aprendizagem em que o problema é in- sejam prontamente corrigidas – utilizan-
O construtivismo encontra num serido. O grupo recebe um prazo para do-se desde reforço imediato dos con-
! 1 É como solicitar de vários arquitetos a construção de casas para famílias de classe média, com dois filhos de sexos diferentes, com garagem e piscina.
Não precisamos dizer que cada arquiteto tomará o material disponível e construirá uma casa diferente das demais, mas que todas atenderão às
necessidades que foram propostas.
Conclusão
FREIRE, Paulo. Educação Como Prática da Liberdade. 14. Ed. Rio de Ja-
neiro: Paz e Terra, 1993. 150p.
FREUD, Sigmund. Obras Completas, Vol 12, p 416-417, Trad. Jaime Salomão.
Ed. Standard Brasileira. Rio de Janeiro, 1980.
TRALDI, Maria Cristina & DIAS, Reinaldo. Monografia: passo a passo. 3.Ed.
Campinas: Ed. Alinea, 2001.