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Ano: 2008/2009
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
Capítulo 4
O planeamento de uma auditoria está descrito na ISA 300 – PLANNING, segundo o qual
significa desenvolver uma estratégia geral e uma abordagem pormenorizada quanto à
natureza, tempestividade e extensão esperadas de uma auditoria devendo o auditor planear
realizá-la de uma forma eficiente e tempestiva. Desse modo, “planear uma auditoria envolve
estabelecer a estratégia global para a auditoria e desenvolver um plano de auditoria, a fim de
reduzir o risco da auditoria a um nível baixo aceitável”.
A ISA 300 destaca, como trabalhos que podem ser feitos na fase preliminar, os seguintes:
- compreensão geral das leis e regulamentos aplicáveis à entidade e como esta os cumpre
- determinação da materialidade
Um planeamento adequado contribui para que seja dada uma atenção apropriada às áreas
relevantes da auditoria, identificando os principais problemas. Contribui ainda para que o
trabalho seja completado de forma expedita e dentro dos prazos previstos e para que as tarefas
sejam devidamente distribuídas pelos vários técnicos, em coordenação com outros auditores e
peritos se tal for necessário.
No desenvolvimento do plano global de uma auditoria devem ser levados em conta cinco temas
essenciais: conhecimento do negócio (ISA 310 / DRA 310); compreensão do sistema
contabilístico e de controlo interno (DRA 410); risco (ISA 400 / DRA 400) e materialidade (ISA
320 / DRA 320); natureza, tempestividade e extensão dos procedimentos de auditoria; e
coordenação, direcção, supervisão e revisão da auditoria. Há ainda vários assuntos que podem
ser considerados, como o princípio da continuidade, condições especiais (v. g. partes
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
O ISA 210 refere as condições dos compromissos de auditoria (terms of audit engagements),
nos quais expressa a aceitação do ROC relativamente à designação, objectivo e âmbito da RLC,
bem como as responsabilidades do mesmo para com o seu cliente. O auditor e o seu cliente
devem acordar sobre os termos do compromisso os quais necessitam de ser registados
numa carta de compromisso de auditoria ou noutra forma conveniente de contrato. Essa carta
deve ser enviada pelo autor ao seu cliente e por este aceite antes do início da auditoria, a
fim de se evitar possíveis mal entendidos, ou seja, o expectation gap1.
Outros aspectos que poderão ser incluídos na carta são os seguintes: acordos referentes ao
planeamento da auditoria; expectativa de recepção do órgão de gestão declarações escritas
relativas a esclarecimentos prestados relacionados com a auditoria; pedido para o cliente
confirmar as condições do compromisso, acusando a recepção da carta compromisso; descrição
de quaisquer outras cartas ou relatórios que o auditor espera emitir para o cliente; bases sobre
as quais são calculados os honorários e respectiva forma de facturação; acordos relativos ao
envolvimento, em alguns aspectos da auditoria, de outros auditores e peritos; acordos referentes
ao envolvimento de auditores internos e de outro pessoal do cliente; tratando-se de uma primeira
auditoria, os acordos a efectuar com o auditor anterior, se aplicável; quaisquer restrições à
responsabilidade do auditor, quando exista tal possibilidade; referência a quaisquer acordos
adicionais entre o auditor e o cliente; e referência ao número de horas estimado para a
realização da auditoria.
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Diferença de expectativas entre o desempenho idealizado pelos auditores e pela entidade auditada
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
O conhecimento do negócio
De acordo com o DRA 310, o auditor deve adquirir conhecimento suficiente da entidade e do seu
negócio, através de uma prévia recolha e apreciação crítica de factos significativos, dos sistemas
contabilístico e de controlo interno, e dos factores internos e externos que condicionam a
estrutura organizativa e a actividade exercida pela entidade.
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
exteriores à entidade, com consultores jurídicos e outros que tenham prestado serviços à
entidade ou dentro do sector. Outra maneira é através da leitura de documentos: quer os
produzidos pela empresa (actas da Assembleia Geral, dos Órgãos de Gestão e de Fiscalização,
Relatórios e Contas, manual publicitário, material de políticas contabilísticas e procedimentos de
CI), quer a literatura profissional, legislação e regulamentos oficiais.
Nesta sentido, o auditor deve considerar, de acordo com o DRA 310 (Apêndice), as seguintes
matérias:
Políticas governamentais
- Monetária
- Fiscal
- Controlo cambial
- Mercado e concorrência
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
- Enquadramento regulamentador
3. A entidade
- Relato ambiental – influências externas que afectem o órgão de gestão na preparação das
DF
Importa ainda referir que a lista acima mencionada, embora cubra uma grande variedade de
matérias, não é exaustiva.
Sistema contabilístico é, segundo o DRA 410, uma série de tarefas adoptadas pela gestão de
uma entidade através das quais as transacções são processadas como um meio de manter
registos financeiros e que identifica, agrega, analisa, calcula, classifica, regista, resume e relata
transacções e outros acontecimentos.
Ainda na ISA 315, é referido que o auditor deve obter uma compreensão do sistema de
informação, incluindo os processos de negócio relacionados, relevante para o relato financeiro,
em áreas como: as principais classes de transacções nas operações da empresa e como se
iniciam; os registos contabilísticos, os documentos de suporte e as contas incluídas nas DF; e o
processo de relato contabilístico e financeiro, desde o início das transacções e outros
acontecimentos importantes até à sua inclusão das DF.
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
O sistema de Controlo Interno é também referido na ISA 315 como o processo concebido e
posto em vigor pelos responsáveis pela governação, gestão e outro pessoal para proporcionar
segurança razoável que permita atingir os objectivos da entidade relativamente à credibilidade
do relato financeiro, eficácia e eficiência das operações e cumprimento das leis e regulamentos
aplicáveis. Desse modo, as políticas e procedimentos de CI são adoptados pelos próprios órgãos
da empresa. O CI permite ainda garantir a salvaguarda de activos, prevenir e detectar fraudes e
erros, garantir a precisão e plenitude dos registos contabilísticos e assegurar a preparação
tempestiva de informação financeira fidedigna.
O CI estende-se para além das matérias que se relacionam directamente com as funções do
sistema contabilístico, compreendendo também o ambiente de controlo (atitude global,
consciencialização e acções dos directores e administradores relativamente ao sistema de CI e à
sua importância para a empresa), que tem de ser avaliado pelo auditor, e os já referidos
procedimentos de controlo, que o auditor tem de conhecer de modo a desenvolver o Plano de
Auditoria.
A materialidade em auditoria
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Estabelece os conceitos subjacentes à preparação e apresentação das DF para utentes externos
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
A materialidade pode ser entendida de duas formas: em termos quantitativos (quantias), o que
se reflecte geralmente ao nível do Balanço e Demonstração de resultados, como por exemplo
os activos e réditos sobreavaliados; ou em termos qualitativos (natureza), reflectindo-se
geralmente no Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados, como é o caso das
divulgações de informações complementares inadequadas, nomeadamente quanto a políticas
contabilísticas adoptadas.
Outro aspecto importante a considerar pelo auditor tem a ver com o efeito agregado de
pequenas quantias as quais, no seu conjunto, podem afectar significativamente as DF. O
auditor necessita considerar se o efeito líquido agregado das distorções específicas é
materialmente relevante e se é adequado estimar (projectar) outras distorções que não tenham
sido identificadas mas que se relacionem com as primeiras. A materialidade tem a ver com uma
medida de precisão, enquanto o risco de auditoria está relacionado com uma medida de
credibilidade. Existe, portanto, uma relação inversa entre a materialidade e o nível do risco
de auditoria – quanto maior for o nível de materialidade menor será o risco de auditoria.
Alto
Nível de
Materialidade
Baixo Alto
Risco de Auditoria
A materialidade deve ser considerada quando se planeia uma auditoria de acordo com o seu
nível global, com os itens tomados individualmente e com considerações de natureza legal e
reguladora. Estas situações podem resultar em diferentes níveis de materialidade.
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
O risco em auditoria
O risco de auditoria é uma função do risco de distorção material (ou seja, o risco de que as DF
estejam materialmente distorcidas antes da auditoria) e do rico de detecção (o risco de que o
auditor não detecte tal distorção). O risco de distorção material é composto pelo risco inerente e
pelo risco de controlo.
Risco de controlo, por sua vez, é a susceptibilidade de uma distorção ocorrer num saldo de
conta ou numa classe de transacções e ser materialmente relevante, individualmente ou
agregada com distorções em outros saldos ou classes, não vir a ser prevenida, detectada e
corrigida atempadamente pelo sistema de controlo interno.
De acordo com a ISA 315, o auditor deve identificar e determinar os riscos de detecção material
ao nível de cada DF e ao nível de cada asserção para as classes de transacções, saldos de
conta e divulgações.
RA = RI x RC x RD
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
DETERMINAÇÃO DO RISCO
MÉDIA Mais baixo Média Mais alto
INERENTE PELO AUDITOR
BAIXA Médio Mais alto O mais alto
Há duas normas de auditoria nos Estados Unidos que recomendam o uso de um modelo de risco
de planeamento de auditoria multiplicativo, denominado Audit Assurance Model (AAM) ou Audit
Risk Model (ARM), baseados na fórmula acima referida.
Desse modo, se o RI e o RC são altos, os níveis aceitáveis de RD necessitam de ser baixos para
reduzir o RA a um nível baixo aceitável.
Se RI =RC= 80% (altos) => RD muito baixo (v.g. 10%) => RA baixo = 6,4%
Pelo contrário, se o RI e o RC são baixos, o auditor pode aceitar um RD mais alto e reduzir o RA
a um nível baixo aceitável.
Se RI =RC= 30% (baixos) => RD alto (v.g. 70%) => RA baixo = 6,3%
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
AICPA (1.ª Norma de Auditoria relativa ao Trabalho de Campo): «o trabalho deve ser
adequadamente planeado e, no caso de haver assistentes, estes devem ser apropriadamente
supervisionados.»
Elaborar um orçamento de horas a despender por cada técnico e por cada área de trabalho
Determinar os locais, períodos e datas em que deve ser realizado o trabalho de campo
A OROC poderá mandar examinar tais processos, que devem ser conservados por um período
de 5 anos, nos termos a estabelecer no regulamento de controlo de qualidade (aprovado na
Assembleia Geral Extraordinária dos ROC realizada em 12 de Julho de 1994) do cumprimento
das normas técnicas por si aprovadas ou reconhecidas.
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Capítulo 4 – Compromisso e planeamento de uma auditoria
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