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O BOMBEIRO MUNICIPAL MERGULHADOR DO 20º GRUPAMENTO DE

BOMBEIROS. A LEGALIDADE E OS TRABALHOS SOB CONDIÇÕES


HIPERBÁRICAS.

Jorge Correa da Silva.

É GCM desde 1994 e Bombeiro Municipal através de convenio entre prefeitura e


Corpo de Bombeiros desde 1997. Curso de Técnico em Emergências Médicas-TEM Resgate
pelo 10º GB em 1999. Formado em Engenharia de Telecomunicações em 2013 pela
Faculdade Unisalesiano de Araçatuba.

“Quando vamos até o fundo do mar, descobrimos que ali jamais poderíamos vi
sozinhos.Então levamos mais alguém.E esta pessoa, chamada de dupla, companheiro ou
simplesmente amigo, passa a ser importante para nós.Porque, além de poder salvar nossa
vida, passa a compartilhar tudo que vimos e sentimos.E em duplas, passamos a ter equipes,
e estas passam a ser cada vez maiores e mais unidas.E assim entendemos que somos todos
velhos amigos mesmo que não nos conheçamos.E esse elo que nos une é maior que todos os
outros que já encontramos.E isso faz com que nós mais do que amigos, sejamos irmãos.Faz
de nós, mergulhadores.”

Jacques Cousteau (1910-1997)

Resumo.
Este artigo visa à segurança no trabalho realizado pelos Bombeiros Municipais
Mergulhadores do 20º Grupamento de Bombeiros com sede em Araçatuba-SP com área de
atendimento em 45 cidades que tem o objetivo de procurar vítimas de afogamento, objeto de
prova de crime em apoio à polícia civil, veículos imersos: automotor, aeronáutico, entre
outros. Considerando que às vezes o trabalho do mergulhador é extenuante devido a
incoerências de informações, visibilidade, profundidade, dependendo da hidrografia existe a
inviabilidade da execução do trabalho, levando em consideração que em profundidades até
53 metros, ele pode trabalhar por apenas 15 minutos devido à pressão barométrica exercida
sobre o seu corpo.

Palavras-Chave: Bombeiro Municipal; Norma regulamentadora; Mergulho.

Sumário
Resumo.................................................................................................................2

1................................................................................................................... Introdução.
2

2................................................................................................................... Legalidade.
4

3..................................................................................................................... Convenio.
5

4..................................................................................................... A avaliação médica


5

5........................................................................... Mergulho no Corpo de Bombeiros.


12

6..................................................................................................... Tipos de Mergulho.


13

7................................................................................................................ Treinamento.
14

8................................................................................. Procedimentos administrativos.


16
9.................................................................................................................... Conclusão.
16

10....................................................................................................... Agradecimentos.
16

11................................................................................................................ Referências
17

1. Introdução.

O Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo, tal como


qualquer outra instituição de prestação de serviços públicos, carece de recursos humanos e
material suficiente proporção para atendimento de demandas publica nos municípios da área
de atendimento. Masnik (2005, p.56) afirma que 89,4% dos municípios brasileiros não são
atendidos por postos de bombeiros militares estaduais.

Desta forma, o 20º Grupamento de Bombeiros com área de atendimento de 45


cidades em diversos tipos de ocorrências e dentre elas,o trabalho de mergulho autônomo com
intuito de localizar, acessar e resgatar corpos de afogados e/ou embarcações náufragas, a
exemplo de outras instituições públicas, não podem e não devem permanecer estáticas,
devendo sempre inovar e buscar soluções para o fiel cumprimento de sua missão.

Conforme a Constituição Federal de 1988:

Art. 144. A segurança pública, de do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I -  polícia federal;

II -  polícia rodoviária federal;


III -  polícia ferroviária federal;

IV -  polícias civis;

V -  polícias militares e corpos de bombeiros militares.

Diante da responsabilidadedo Corpo de Bombeiros prevista em lei e falta de


recursos da maioria dos municípios da área de atendimento, foi firmado uma parceria com as
cidades quem tem Postos de Bombeiros e/ou Base de Bombeiros e desta forma foi possível
formar Bombeiros Municipais (BM) e estes podem exercer a função de maneira subordinada
aos bombeiros estaduais.

As cidades do 20º GB que tem o serviço de BM são:

-Araçatuba desde setembro 1997...............12 BM;

-Birigui desde abril 1996...........................09 BM;

-Penapolis...................................................0 BM;

-Andradina.................................................0 BM;

-Pereira Barreto desde junho 1996.............12 BM;

-Ilha Solteira desde Setembro 1993...........13 BM.

Os BM atuam desde meados de 1993 na região atuando nas áreas de salvamento


aquático, altura, resgate e mergulho autônomo

Conforme o Sistema Operacional da Policia Militar-SIOPM, de 01jan16 até


30nov16 foram atendidas 16 ocorrências envolvendo vítimas de afogamentos na região de
Araçatuba.Muitas vezes é necessário que a equipe faça a descida até a profundidade para
realizar a chamada pesquisa. No intuito de localizar, acessar e resgatar o corpo da vítima. Em
outras situações existem os trabalhos de resgate de objetos tais com carros, embarcações e
até mesmo armas de crimes. Todo o trabalho é supervisionado por um oficial do Corpo de
Bombeiros.
2. Legalidade.

O artigo cientifico tem o escopo de apresentar a experiência com o emprego de


Bombeiros Municipais (BM) em atividades típicas de Bombeiros Militares no Corpo de
Bombeiros da Policia Militar do estado de São Paulo.

No enfoque politico-institucional se partirá dos postulados e dados apresentados por


Masnik (2005) e Pazzoto (1999) que se dedicaram com profundidade a analisar a
oportunidade e conveniênciaestratégica da opção por modelos alternativos de prestação de
serviços de bombeiros.

A despeito de existirem respeitáveis opiniões desfavoráveis ao emprego dos BM no


exercício de atividade de bombeiro militar, outras em sentido contrario também se sustentam.
Parizzoto (2007, p. 33), com esteio em Lacowicz(2002), observa a ilegalidade de outros
profissionais realizarem atividade atribuída aos bombeiros militares sem a participação
destes últimos

3. Convenio.

Lei Nº 684, de 30 de setembro de 1975. Autoriza o Poder Executivo a celebrar


convênios com Municípios, sobre Serviços de Bombeiros

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar com os Municípios,


inclusive o da Capital, convênios sobre serviços de prevenção e extinção de incêndios, de
busca e salvamento e de prevenção de acidentes, estabelecendo as correspondentes normas
de fiscalização e as sanções a que estarão sujeitos os infratores. (6 documentos)

Parágrafo único - Os convênios a que se refere este artigo obedecerão, formalmente,


ao mesmo padrão e terão em vista as normas que regulam, no Estado, os serviços afetos ao
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar.
Artigo 2º - Constituem encargos a serem assumidos pelas partes convenentes: (2
documentos)

I - Pelo Estado:

a) o efetivo que se tornar necessário, em cada caso, tecnicamente habilitado para o


exercício das funções que lhe competirem;

b) os uniformes e o material de expediente;

c) a remuneração do efetivo e os encargos previdenciários correspondentes.

II - Pelos Municípios:

a) a aquisição de combustíveis, lubrificantes e material do mesmo gênero;

b) os serviços de manutenção, em geral;

c) a construção, adaptação ou locação dos imóveis necessários às unidades


operacionais de bombeiros, mediante aprovação prévia do órgão competente da Polícia
Militar;

d) a aquisição e a manutenção do material necessário à limpeza do alojamento e da


administração;

e) o fornecimento da alimentação destinada aos elementos escalados de prontidão;

f) a instalação de válvulas de incêndio, de acordo com plano de cuja elaboração


deverá participar o órgão técnico da Polícia Militar.

§ 1º - Os encargos com a aquisição e a substituição dos equipamentos


especializados, do material de consumo durável, das viaturas e do material de comunicação
serão atendidos, em cada caso, de acordo com o que for convencionado entre as partes no
convênio que firmarem.

§ 2º - A aquisição e a substituição a que se refere o parágrafo anterior obedecerão às


especificações determinadas pelo órgão técnico do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar.
(2 documentos)

Artigo 3º - Os municípios se obrigarão a autorizar o órgão competente do Corpo de


Bombeiros, da Polícia Militar, a pronunciar - se nos processos referentes à aprovação de
projetos e à concessão de alvarás para construção, reforma ou conservação de imóveis, os
quais, à exceção dos que se destinarem às residências unifamiliares, somente serão aprovados
ou expedidos se verificada, pelo órgão, a fiel observância das normas técnicas de prevenção e
segurança contra incêndios.

Parágrafo único - A autorização de que trata este artigo é extensiva à vistoria para a
concessão de alvará de "habite - se" e de funcionamento, bem assim à verificação da efetiva
observância das normas técnicas.

Artigo 4º - Os municípios estabelecerão, por atos próprios, de maneira uniforme, de


acordo com o que for convencionado, o elenco das infrações puníveis e das sanções
correspondentes a que estarão sujeitos os infratores.

Artigo 5º - Para execução dos convênios que firmarem, as partes convenentes se


obrigarão a fazer consignar, em seus orçamentos, as dotações que se tornarem necessárias.

Artigo 6º - O prazo de vigência dos convênios não será inferior a 10 (dez) nem
superior a 30 (trinta) anos.

Artigo 7º - Ficam mantidos os convênios ora em vigor, firmados com fundamento


nas Leis nº 6.235 e 8.563, respectivamente de 28 de agosto de 1961 e 31 de dezembro de
1964, facultando - se, porém, aos Municípios seus signatários, renová- los, antes do termo
final dos prazos previstos, de acordo com o disposto nesta lei.

Artigo 8º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as Leis nº
6.235, de 28 de agosto de 1961, e 8.563, de 31 de dezembro de 1964. Palácio dos
Bandeirantes, 30 de setembro de 1975.

PAULO EGYDIO MARTINS

Antonio Erasmo Dias, Secretário da Segurança Pública

Jorge Wilheim, Secretário de Economia e Planejamento Publicada na Assessoria


Técnico - Legislativa, aos 30 de setembro de 1975. Nelson Petersen da Costa, Diretor
Administrativo - Subst.
4. A avaliação médica

A partir do conhecimento das condições médicas com possibilidade de acarretar


fatalidades e daquelas que comprometem a consciência, o julgamento e a mobilidade,
acarretando situações indiretas de risco de vida no mergulho recreativo autônomo, fica fácil
entender o que deverá fazer o médico avaliador durante a consulta médica do candidato a
mergulhador ou mesmo de um mergulhador experiente que muda o seu estado de saúde.

Caberá ao médico realizar uma boa história e exame físico capaz de identificar
fatores de risco à saúde do mergulhador. Dependendo da situação, poderá utilizar outros
métodos diagnósticos pertinentes à situação identificada. O médico deverá realizar um
inventário do estado de saúde do mergulhador, relacionando alterações com a possibilidade
de provocar lesões durante o mergulho. Além disso, ele deverá fazer um levantamento das
complicações e tratamentos, avaliando se eles são compatíveis com o mergulho seguro.

4.1. Riscos.

Riscos diretos de fatalidades no mergulho autônomo recreativo e condições médicas


relacionadas.

4.1.1. Risco de morte súbita

 Asma

 Doenças cardíacas (cardiopatia isquêmica, comunicações intracardíacas,


arritmia cardíaca, hipertensão severa, insuficiência cardíaca)

 Doenças vasculares cerebrais(aneurisma cerebral, doença aterosclerótica)

 Algumas causas de vômito

 Medicações
4.1.2. Risco de desorientação

 Perfuração da membrana timpânica

 Doenças da orelha interna

 Cirurgia da orelha interna

 Alteração da acuidade visual sem correção

4.1.3. Risco de barotraumas

 Doenças pulmonares (infecção respiratória aguda ou crônica, asma, doença


pulmonar obstrutiva crônica, pneumotórax espontâneo, cistos pulmonares, fibrose pulmonar,
cicatrizes pulmonares)

 Obstruções da trompa de Eustáquio

 Ceratotomia radial

4.1.4. Risco de doença descompressiva

 Obesidade

 Traumatismos agudos

 Trauma ou doença medular

 Comunicações intracardíacas

 Extremos de idade

Fonte: Walker, R.. Medical standards for recreational divers. In: Edmonds, C.,
Lowry, C., Pennefather, J., Walker, R. DivingandSubaquatic Medicine, 4th Edition, London,
Arnold, 2002; 53:550.
4.2. Condições médicas.

Condições médicas prévias associadas a alterações da consciência, do julgamento e


da mobilidade acarretando risco de vida no mergulho autônomo recreativo.

Consciência Julgamento Mobilidade

Uso de Uso de Alterações da


medicações medicações medula

Epilepsia Psicoses Alterações da


coluna dorsal

Diabete e seu Ansiedade grave Doenças


tratamento musculares

Arritmia cardíaca Depressão grave Neuropatias

Hipertensão severa Claustrofobia Obesidade

Doença vascular Despreparo físico


cerebral

Síncope
inexplicável

4.3. Alterações clínicas.

Alterações clínicas por sistemas e seus riscos relacionados ao mergulho autônomo


recreativo.

Neurológico Riscote Risco


Risco severo
mporário relativo

Históri 1. 1. Convulsões,
a de embolia Enxaqueca
complicada
2. Trauma craniano
com sequela outra excluindo-se as febris
que não convulsão3.
Aneurisma ou tumor 2. Isquemia
intracraniano cerebral transitória
4. Dano medular ou
cerebral 3. Acidente
gasosa cerebral
5. Esclerose cérebro vascular
múltipla
6. Neuropatia 4. Doença

periférica descompressiva grave

7. Neuralgia do com déficit neurológico


trigêmio residual

8. Hérnia de núcleo
pulposo

1. Doença
da artéria coronária
2. Infarto
miocárdico
1.
3. Revascularização
Cardiomiopatia dilatada
miocárdica
2. Estenose
4. Angioplastia
Cardiovascu valvular
5. Insuficiência
lar
cardíaca congestiva
3. Comunicações
6. Arritmias
intracardíacas
necessitando
medicação para
supressão7.
Insuficiência
valvular

Pulmonar 1. Asma 1. História de


2. Broncoespasmo pneumotórax espontâneo
induzido pelo
exercício
3. Lesão pulmonar
sólida, cística ou
cavitada.
4. Pneumotórax
secundário a
cirurgia torácica, 2. Prejuízo na
trauma ou lesão capacidade de
prévia por desempenho durante o
hiperinsuflação exercício por doença
5. Obesidade respiratória
6. Edema pulmonar
por imersão
7. Doença pulmonar
restritiva. Obs.:
Espirometrias
normais antes e
após exercício.

1.
1. Obstrução
Doença péptica
1. Doença gástrica severa
associada com
inflamatória 2. Obstrução recorrente
obstrução
Gastrintesti intestinal ou crônica do intestino
do piloro ou
nal 2. Doenças delgado3. Refluxo
refluxo2.
funcionais do gastrintestinal severo
Hérnias da
intestino 4. Hérnia para-esofágica
parede
5. Acalasia
abdominal

1.
1. Dor Amputação
Ortopédico
lombar 2. Escoliose
3. Necrose asséptica

Hematológic 1. Anemia
o falciforme
2. Policitemia Vera
3. Leucemia
4. Hemofilia e
outras alterações da
coagulação
sanguínea

1.
Alterações 1. Diabete melito
Metabólico e hormonais 2. Gravidez e mulheres
endocrinológico 2. Obesidade que estão tentando
3. Insuficiência engravidar
renal

1. Retardo
1. Motivação
de desenvolvimento
inadequada ao mergulho
neurológico
2. Claustrofobia ou
2. História de abuso
agorafobia
de álcool e drogas
Psiquiátrico 3. Psicose ativa
3. Episódio
4. Desordem do pânico
psicótico prévio
não tratada
4. Uso de
5. Abuso de álcool e
medicação
drogas
psicotrópica

Otorrinolari 1. Otite 1. Membrana


ngológico externa recorrente timpânica monomérica
2. Perfuração
2. aberta da membrana
Obstrução timpânica
significativa do
conduto auditivo 3. Tubo de
externo meringotomia implantado

3. História 4. História de
de lesão cirurgia de ouvido interno
significativa do e ossículos
pavilhão auditivo ao
frio 5. Paralisia de
nervo facial secundária a
4. barotrauma
Disfunção da
trompa de Eustáquio 6. Doença de
ouvido interno que não
5. Otite presbicusia
média ou sinusite
recorrente 7. Obstrução não
corrigida de vias aéreas
6. História
de perfuração 8. Laringectomia
timpânica ou estado pós-
laringectomia parcial
7. História
de timpanoplastia 9. Traqueostomia

8. História 10. Laringocele


de mastoidectomia não corrigida

9. Déficit 11. História de


condutivo ou neuro- doença descompressiva
sensorial auditivo vestibular
significativo

10.
Paralisia facial não
associada
abarotrauma

11.
Aparelhos
prostodônticos
totais

12. História
de fratura de face

13.
Cirurgia oral não
cicatrizada

14. História
de radioterapia de
cabeça e pescoço

15. História
de disfunção da
articulação
têmporo-mandibular

16. História
de ruptura da janela
redonda

Fonte: Guidelines for recreational scuba diver’s physical examination –


Recreational scuba Training Council.

5. Mergulho no Corpo de Bombeiros.


Os antecedentes históricos da atividade de mergulho no Corpo de Bombeiros
daPolícia Militar do Estado de São Paulo são imprecisos e pouco registrados. Nos
primeirosanos da corporação quando os bombeiros eram requisitados para buscar pessoas
afogadas,muitas vezes utilizavam-se apenas de equipamentos como rede de arrasto de
pescadoresou garatéias, (gancho de metal ligado a uma corda), com os quais vasculhavam o
fundodos muitos rios e lagoas existentes, nas cercanias da cidade de São Paulo,
tentandoencontrar as vítimas. Não raras vezes tal procedimento mutilava os corpos das
vítimas eprovocava danos maiores que o próprio acidente, trazendo assim
conseqüênciasdesagradáveis. Quando havia necessidade de mergulhar e possibilidades
mínimas de fazê-lo, os primeiros bombeiros do salvamento executavam mergulhos livres, em
alguns casossem ter, ao menos, máscara ou nadadeiras para auxiliá-los.

Por tudo isso, a década de 1960 pode ser considerada como marco inicial
dasatividades de mergulho do Corpo de Bombeiros no Estado de São Paulo, pois em
agostode 1964 foi iniciado o primeiro curso de técnicas de mergulho, destinado a
formarmergulhadores pertencentes à 4ª Companhia de Salvamento, localizada no quartel
debombeiros do bairro do Cambuci, onde foram centralizados os
profissionaisexclusivamente de busca e salvamento.

Em 32 de março de 1965 dezessete praças e dois oficiais foram treinados


parautilizarem os equipamentos e dotados de conhecimentos técnicos de
mergulhodisponíveisna época, realizando a primeira preparação adequada para efetuar
buscas e atenderocorrências de pesquisa de afogados, além de toda a sorte de acidentes no
meio líquido.

Os pioneiros, dentre eles o legendário Coronel PM Hélio Barbosa Caldas e


ovaloroso Coronel PM José Carnecina Martins, deram início ao aprimoramento dastécnicas e
ao desenvolvimento de equipamentos, adaptando-os à realidade do serviço debombeiros. A
grande quantidade de rios, lagos e represas nas quais os destemidosbombeiros tinham que
exercer sua nova atividade possuía condições extremamente críticas, como a total falta de
visibilidade e a ausência de meios de comunicação com a

superfície, fatores que sem dúvida dificultaram a adaptação. Assim sendo, o


pioneirismodaqueles bombeiros foi responsável pelo desenvolvimento do mergulho na
corporação epela adoção, desde o início, de uma postura extremamente técnica e profissional
no tratocom as questões subaquáticas. A partir de meados da década de 1970, quando houve
umsignificativo desenvolvimento do Corpo de Bombeiros e um expressivo crescimento
dasatividades de salvamento, os oficiais e praças passaram a freqüentar os cursos de
mergulho autônomo e de escafandrista da Marinha do Brasil, realizando assim umproveitoso
intercâmbio com aquela corporação.

Nessa época toda instrução de mergulho foi centralizada no antigo Quartel


doCambuci que passou a ser denominado 1º Grupamento de Busca e Salvamento (1º
GBS),sendo em seguida descentralizada para algumas unidades localizadas no interior
doEstado.

No início da década de 1990 os cursos de mergulho passaram a ser coordenados

pelo Centro de Ensino e Instrução de Bombeiros, e realizados de forma


descentralizadapor todas unidades operacionais do Corpo de Bombeiros. Também foi nessa
época que aMarinha do Brasil passou a homologar os mergulhadores formados pelo Corpo
deBombeiros, reconhecendo o centro de ensino e instrução como escola formadora
demergulhadores, confirmando as condições técnicas e os equipamentos utilizados
naformação daqueles profissionais.

Hoje temos o uso do cão, não para mergulhar, mas para auxiliar o mergulhador,pois
quando treinado é capaz de farejar odores provenientes dos gases da decomposiçãodo ser
humano; estudos já foram realizados e foi provado cientificamente tal fato.

Unidades Operacionais do interior já estão usando tal recurso com sucesso. E o


cãoauxiliando e poupando nosso mergulhador, dando assim mais segurança à
atividadesubaquática.

6. Tipos de Mergulho.

O mergulho é dividido em 02 modalidades: livre e autônomo.

A diferença é que no mergulho livre prendemos a respiração para mergulhar,


enquanto no autônomo usamos o SCUBA (self-containe dunder water breathing apparatus)
para respirar.
No SCUBA, o ar é enviado a boca através de um regulador que é ligado ao cilindro.
Por ele respiramos ar comprimido (21% de oxigênio e 79% de nitrogênio) e outras misturas,
que pode chegar até 100% de oxigênio, dependendo do perfil do mergulho.

A duração do cilindro, que determina o tempo que você fica em baixo d'água, varia
de acordo com a capacidade dele mesmo, do consumo do mergulhador e da profundidade.

Quanto mais profundo o mergulho, mais gás é consumido e menor o tempo de


fundo.

7. Treinamento.

Antes do mergulho, cada ação deve ser cuidadosamente calculada,avaliando a


formação da equipe adequada, o preparo técnico individual, o graude treinamento, as
condições psicológicas e orgânicas, requisitosindispensáveis para o início dos trabalhos
subaquáticos. O mais experientedeve coordenar as ações. Avaliar a equipe é o primeiro passo
para o sucessoda missão. Os homens devem ser o foco da atenção, o equipamento, nãomenos
importante, deve ser cuidadosamente preparado, pois o acidenteacontece onde a prevenção
falha.

Definida a equipe e preparado o material, a avaliação seguinte será ascondições do


ambiente. Profundidade a se atingir, tempo de fundo, visibilidade,composição do fundo e
trabalho a executar. As condições desfavoráveis devemser avaliadas, como pedras,
obstáculos, cercas, restrições, enrosco,tubulações, que podem tornar-se armadilhas para o
mergulhador, bem comooutros fatores de risco como, poluição da água, correnteza,
temperatura baixa eescuridão. É sempre importante ter em mente que imprevistos
acontecem,normalmente fruto da distração ou mesmo da imprevisibilidade, como
mudançarepentina das condições climáticas, um equipamento mal ajustado oudefeituoso,
objetos soltos, cordas que se prendem por formação de nós e laços,dificultando a equipe de
apoio, normalmente atenta, mas isolada no barco ousuperfície.

Trabalhar em equipe não é uma garantia, mas quando um depende dooutro, cria-se
um vínculo sólido de companheirismo e de cooperação. Orevezamento nas funções é salutar
e gera um menor desgaste físico,beneficiando o desempenho do mergulhador, que em todo o
tempo estaráatento quanto a sua segurança pessoal. O cansaço pode se tornar um fator
derisco acentuado, na medida em que predispõe a diminuição de reflexos, e de
umpensamento claro. Dentro da água, pensar com clareza é fundamental, masexige
treinamento e experiência, sendo, a princípio, bastante difícil.

O mergulho em água contaminada exige treinamento específico que abrangeaulas


teóricas e práticas, sendo necessário no mínimo 30 (trinta) horas de treinamentopara um
Mergulhador estar capacitado a atender e atuar em tal modalidade.

Os BM antes da atuação como mergulhadores passam por um rigoroso treinamento


em grupamento misto com militares, que vai desde a pré- seleção até a formação do curso.

O curso tem duração de até 45 dias e os BM realizam o curso juntamente com os


Bombeiros Estaduais na sede do 20º Grupamento de Bombeiros.

 Sessões de desenvolvimento de conhecimento (teóricos).

 Desenvolvimento de habilidades (piscinas).

 Práticas em mar aberto (Check-out).

 Avaliação final.

Durante as sessões de teoria, o BM aprende como o mergulhador lida com a


pressão, atmosfera, física, registros, ambiente aquático e a verdadeira utilidade de todos os
equipamentos de mergulho, além de outros.

Durante o curso é verificado a aptidão de cada bombeiro para esta área de atuação
tendo inclusive reprovas durante o curso.

8. Procedimentos administrativos.

O preparo do Bombeiro Municipal mergulhador depende de um constante


aperfeiçoamento. Cada mergulho deve vir acompanhado do respectivo registro, em caderneta
própria, adicionando horas preciosas ao “curriculum vitae”, comprovando com eficácia que o
homem encontra-se em franca atividade, como um piloto experiente que soma suas horas de
vôo, merecendo, sem dúvida, um maior respeito.
O Bombeiro Municipal deve registrar seu mergulho, além da caderneta, em
documento numerado (Parte) e solicitar envio a sua respectiva secretaria municipal. Na
secretária será avaliado se o mesmo necessita passar por médico da Medicina do Trabalho e
consequente arquivamento em pasta individual de seus atos.

9. Conclusão.

Os Bombeiros Municipais embora exista questionamento sobre sua legalidade e a


maioria trabalha junto ao Corpo de Bombeiros através de convenio com a Prefeitura, estes
precisam regularmente ter seus exames médicos atualizados, seus livros de mergulhos
vistados, ter estágios de aperfeiçoamento profissional, suas secretarias informadas
constantemente de seus feitos e principalmente que suas ações sejam elencadas e valorizadas.

A idade deve ser acompanhada, pois conforme pesquisa a idade média dos BM está
em 45 anos.

O serviço dos BM é essencial e indispensável, tendo em vista os feitos até a presente


data.

10. Agradecimentos.

Agradecimentoaos Bombeiros Municipais do 20º Grupamento de Bombeiros do


estado de SãoPaulo que se prontificaram a participar de pesquisa e rapidamente preencherem
os formulários enviados via doc.

Agradecimento ao Comando do Corpo de Bombeiros de Araçatuba que autorizaram


a pesquisa em âmbito militar.
Agradecimento especial ao 1º Ten PM Walter que não poupou esforços para
esclarecimentos sobre o assunto além de indicar os meios para esclarecimentos das dúvidas
pertinentes ao assunto de mergulho.

11. Referências

Revista cientifica de bombeiros, 3ª edição, 2012, ISSN: 2178-9509.

Mergulho Mania: SCUBA, http://www.mergulhomania.com.br/ em18MAI17.

Fonte: Walker, R.. Medical standards for recreational divers. In: Edmonds, C.,
Lowry, C., Pennefather, J., Walker, R. Diving and Sub aquatic Medicine, 4th Edition,
London, Arnold, 2002; 53:550.

Brasil Mergulho-Avaliação Médica e a Prevenção de Acidentes no Mergulho


Autônomo Recreativo. Site: http://www.brasilmergulho.com/avaliacao-medica-e-
prevencao-de-acidentes-no-mergulho-autonomo-recreativo/em 21Mai17.

AMORETTI R. & BRION R. Cardiologia do Esporte. São Paulo: Manole, 2001.

CAMARGO, Kerlis Ribeiro. Elevação do Padrão de Segurança na Atividade de


Mergulho,Monografia, CAES, PMESP, 2003.

COTRAN, Ramzi S. ettalli. Robbins PathologicBasisOfDisease. 6ª .ed., WB


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