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Volume 1-Manual Agua Gelada PDF
Volume 1-Manual Agua Gelada PDF
VOLUME I
CONCEITOS SOBRE CHILLERS
E SISTEMAS DE ÁGUA GELADA
Presidência da República
Michel Temer
Secretaria Executiva
Marcelo Cruz
AR CONDICIONADO
Manual sobre Sistemas de Água Gelada
Volume I
mma
Brasília, 2017
Departamento de Monitoramento, Apoio e Implementação do Projeto BRA/12/G77
Fomento de Ações de Mudanças do Clima Programa das Nações Unidas para o
Adriano Santhiago de Oliveira Desenvolvimento – PNUD
Unidade de Implementação e Monitoramento,
Coordenação-Geral de Proteção da Camada Protocolo de Montreal
de Ozônio Setor de Embaixadas Norte, Quadra 802, Conj. C, Lote 17
Magna Leite Luduvice Brasília-DF, CEP: 70800-400
Tel: (61) 3038-9007
Coordenação da Atividade www.protocolodemontreal.org.br
Ana Paula Pinho Rodrigues Leal
Frank Edney Gontijo Amorim Empresa Contratada para Execução
Marina Lopes Ribeiro Somar Engenharia Ltda
Tel: (11) 3763 6964/ 3719 0932
Elaboração
Leonilton Tomaz Cleto Revisão
Sarah de Oliveira Santana
Colaboração
Alex Marques da Silva Arte da Capa
Cleonice Soares de Araújo Sara Mota Ribeiro
Gabriela Teixeira Rodrigues Lira
Maurício Salomão Rodrigues Diagramação
Tatiana Lopes de Oliveira Emille Catarine Rodrigues Cançado
Renata Ranielle Marinho de Sousa
Coordenação do Projeto BRA/12/G77
Secretaria de Mudança do Clima e Florestas
Departamento de Monitoramento, Apoio e Fomento
de Ações em Mudança do Clima
Coordenação-Geral de Proteção da Camada de Ozônio
SEPN 505, Lote 2, Bloco B, Ed. Marie Prendi Cruz
CEP: 70.730-542 – Brasília-DF
Telefone: (61) 2028-2272
ozonio@mma.gov.br
www.mma.gov.br/ozonio
Figura 2 – Chillers produzidos em 1927, com sucção e descarga na vertical, com um damper de regu- 17
lagem na entrada e utilizando Cloreto de Metila (R-30)
Figura 9 – Ciclo de Refrigeração de um Chiller com compressor centrífugo de duplo estágio utilizando 26
economizador do tipo aberto (open flash)
Figura 13 – Diagrama de Oldham – Carta de equilíbrio para Chiller com ciclo de absorção de simples 29
efeito com solução LiBr-H2O
Figura 14 – Fluxograma esquemático de Chiller com ciclo de absorção de duplo efeito utilizando 31
como fonte de calor a queima direta de combustível
Figura 16 – Fluxograma esquemático dos três geradores de um Chiller com ciclo de absorção de 33
triplo efeito
Figura 24 – Perfis típicos de temperaturas ao longo do trocador em um evaporador com expansão seca 39
Figura 34 – Curvas de Capacidade e COP de um Chiller em função das variáveis do circuito de água 66
gelada e do circuito de água de resfriamento
Figura 36 – Válvula de 3 vias para o controle da temperatura de saída de água das torres – Arranjo 69
não recomendado
Figura 37 – Válvula de 3 vias para o controle da temperatura de saída de água das torres – Arranjo 70
não recomendado
Figura 38 – Solução recomendada – Instalar inversores de frequência nos motores dos ventiladores 70
das torres de resfriamento para o controle da temperatura de saída de água das torres
Figura 41 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de 77
3 vias
Figura 42 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de 79
2 vias
Figura 43 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário e secundário de água 80
gelada
Figura 44 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário de água gelada com vazão 82
variável
Figura 45 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, com vazão 83
variável e bombas auxiliares de vazão mínima
Figura 46 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, para dois 84
circuitos de água gelada, com vazão variável e bombas auxiliares de vazão mínima
Figura 47 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secun- 86
dário e termoacumulação de água gelada
Figura 48 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secun- 88
dário e termoacumulação de gelo
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores típicos de coeficiente global de transferência de calor em evaporadores para di- 41
versos fluidos refrigerantes.dário e termoacumulação de gelo
Tabela 4 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com 52
condensação a água
Tabela 5 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com 53
condensação a ar
Tabela 6 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller com con- 54
densação a água
Tabela 7 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller com con- 55
densação a ar
Tabela 8 – Limites para utilização do NPLV estabelecidos nos AHRI Standard 550/590 (I-P) e AHRI 57
Standard 551/591 (SI)
Tabela 9 – Valores dos índices a serem aplicados para o cálculo do SPLV dos Chillers de um sistema 58
de água gelada no exemplo citado
Tabela 10 – Comparação entre os valores dos índices para o cálculo do SPLV do exemplo citado e os 59
valores padrão do IPLV.IP
Tabela 11 – Comparação entre os valores de COPex e SPLVex em relação ao COP e IPLV.IP do ANSI/ 59
AHRI Standard 550/590 (IP) 2015
Tabela 12 – Taxa de vazamento anual para Chillers de diversas faixas de capacidade e para Chillers 60
com fluido refrigerante de baixa pressão
Tabela 13 – Valores de GWP para diversos fluidos refrigerantes, conforme os relatórios do IPCC 61
Tabela 14 – Valores de GWP para fluidos refrigerantes não listados nos relatórios do IPCC 61
Tabela 16 – Fator médio anual de emissões de CO2 equivalente no Brasil por energia gerada 62
Tabela 17 – Fator médio anual de emissões de CO2 equivalente por energia gerada de alguns países 62
Tabela 21 – Requisitos mínimos de eficiência energética para vários tipos de Chillers, estabelecidos 92
pelo ASHRAE Standard 90.1 – comparação entre as versões 1989 e 2013
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Comparativo de potência total entre o sistema inicial e as opções de substituição 93
Gráfico 2 – Alternativas para substituição do HCFC R-22 e de HFCs, com os valores de GWP e a classificação 95
do fluido quanto aos aspectos de segurança
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
11 GLOSSÁRIO 99
12 REFERÊNCIAS 105
11 ◀
1 INTRODUÇÃO
13 ◀
2 BREVE HISTÓRIA SOBRE OS CHILLERS1
1
Extraído de HUSTON, M. A Brief History of Centrifugal Chillers. ASHRAE Journal v. 47 n. 12, pág. 20-29. Atlanta, dez. 2005.
15 ◀
Figura 1 – Desenho esquemático dos primeiros Chillers, com o compressor montado sobre o condensador, com conexões
de sucção e descarga na horizontal
na época, os Chillers eram mais simples de operar, Ficou claro que novos fluidos refrigerantes seriam
muito compactos, mais eficientes e confiáveis. necessários para que a indústria de refrigeração
prosperasse. A Figura 2 apresenta um diagrama es-
Por volta de 1930, a Carrier já havia produzido
quemático dos primeiros Chillers utilizando R-30, além
mais de 300 Chillers para teatros e cinemas. Também
de novas melhorias tecnológicas no equipamento.
foram desenvolvidos Chillers para aplicações de
baixas temperaturas, utilizando outros fluidos se- Com o surgimento do fluido refrigerante R-11
cundários (brines), com compressores centrífugos de (Tricloro-fluor-metano), a Carrier desenvolveu em
vários estágios, e com impellers (rotores do compres- 1933 seu próprio compressor, a série Z e, pela pri-
sor centrífugo) em série. meira vez, foi introduzido um economizador para
melhoria da eficiência do ciclo de refrigeração. Com
Mas o problema do fluido refrigerante continua- a utilização do R-11 (caraterizado como um fluido
va. Embora o R-1130 pudesse ser razoavelmente A1), ocorreram os primeiros retrofits de fluido refri-
utilizado em aplicações na indústria química, em gerante, com o R-11 substituindo o R-10 e o R-30 nos
outras aplicações era muito difícil devido ao grande Chillers existentes e, a partir de então, os Chillers
risco de incêndio e à alta toxicidade. A pesquisa passaram a ser equipamentos altamente confiáveis
prosseguiu e o Cloreto de Metileno – R-30 – foi utili- e de operação segura.
zado pela primeira vez em 1926. Considerado uma
melhoria, (hoje é classificado como um fluido B2, com Outra empresa importante no início do desenvol-
índice de inflamabilidade baixo), ainda era de difícil vimento da tecnologia dos Chillers foi a Trane Company
manuseio e exigia cuidados especiais, pois podia ser Inc. (fundada em 1913), que desde 1931 já produzia
absorvido pela pele e era extremamente irritante. equipamentos para ar condicionado. Em 1937, a Trane
▶ 16
Figura 2 – Chillers produzidos em 1927, com sucção e descarga na vertical, com um damper de regulagem na entrada e
utilizando Cloreto de Metila (R-30)
Figura 3 – Reuben Trane (à esquerda) e associados obser- se uniu à Buensod-Stacey (empresa criada por Alfred
vam o protótipo do Turbovac Stacey, após deixar a Carrier, em 1935, onde era vice-
-presidente de engenharia) para o desenvolvimento
de um novo conceito de Chiller, o Turbovac que foi
lançado em 1939, apresentado na Figura 3.
17 ◀
hoje. O Chiller utilizava trocadores de calor do tipo 1939 York e Worthington lançam os primeiros Chillers
Shell-&-Tube, com o casco em aço carbono e o feixe com compressores centrífugos abertos (com
de tubos de cobre. O compressor era montado sobre motores elétricos em carcaça distinta), com R-11.
os cascos dos trocadores, no vão deles, com motor
1947 Inicia-se a produção de Chillers com conden-
elétrico semi-hermético (com acoplamento por en-
sação a ar, com compressores recíprocos.
grenagem) ou turbina.
1957 Surgem os primeiros Chillers com compressor
Também neste ano surgiram os Chillers com
parafuso, como alternativa mais eficiente ao
compressores centrífugos abertos, fornecidos pela
compressor recíproco.
York e pela Worthington, ambos operando com R-11.
1959 Lançamento dos Chillers com ciclo de refrige-
A seguir, um breve histórico do desenvolvimento
ração por absorção, utilizando a mistura
da tecnologia dos Chillers:
Brometo de Lítio (fluido absorvente) e Água
1921 Carrier desenvolve o primeiro Chiller, com (fluido refrigerante).
compressor centrífugo, apresentado em 1922,
Anos 60 Chillers com ciclo de refrigeração por absor-
durante a conferência da ASRE.
ção, utilizando a mistura Água (fluido absor-
1933 Carrier desenvolve seu próprio compressor vente) e Amônia (fluido refrigerante), com
(serie Z) e lança os primeiros Chillers com queima direta, com condensação a ar (pequeno
R-11. Ocorrem os primeiros retrofits de fluido porte) e condensação a água (grande porte).
refrigerante, com o R-11 substituindo o R-10
Anos 90 Chillers com compressores tipo Scroll. A
e o R-30.
maioria com condensação a ar para faixas de
1939 Trane lança o Turbovac, o primeiro Chiller com pequenas e médias capacidades.
o conceito de unidade compacta, utilizando
Anos 2000 Chillers com compressores centrífugos
R-113 como fluido refrigerante.
com mancais magnéticos, que amplia a faixa
1939 Carrier lança a série 17M, com R-11 e R-12, de uso dos compressores centrífugos para
modelo que caracterizou a configuração de pequenas e médias capacidades e viabiliza o
montagem típica dos Chillers com compresso- uso de Chillers com compressores centrífugos
res centrífugos. e condensação a ar.
▶ 18
19 ◀
3 CONCEITO DE REFRIGERAÇÃO PARA CHILLERS
21 ◀
A seguir, um descritivo do circuito de refrigeração O processo de evaporação por expansão seca
básico de um Chiller com ciclo de compressão de vapor. não requer um separador de líquido, pois o fluido
refrigerante sai do evaporador no estado de vapor
superaquecido (ponto 1’ do diagrama da Figura 5).
3.1.1 EVAPORAÇÃO Para garantir que haja vapor superaquecido na
saída do evaporador, é necessário controlar a inje-
O líquido a ser resfriado (água gelada ou brine)
ção de fluido refrigerante (mistura de líquido e va-
circula pelo interior do evaporador (resfriador), onde
por – ponto 4 do diagrama da Figura 5) no
é resfriado em processo de transferência de calor
dispositivo de expansão. O controle é realizado
pelo fluido refrigerante líquido, que evapora em uma
através de sensores de pressão/temperatura de
temperatura inferior à temperatura do líquido na
evaporação e temperatura do vapor na saída do
saída do evaporador. A evaporação do fluido refri-
evaporador de modo a manter um mínimo de su-
gerante se dá ao nível de menor (baixa) pressão do
peraquecimento (diferencial entre a temperatura
fluido refrigerante no circuito de refrigeração.
do vapor superaquecido e a temperatura de evapo-
O processo de evaporação pode ser do tipo ração do fluido refrigerante naquela pressão) na
inundado ou por expansão seca. saída do evaporador e garantir que haja apenas
vapor na sucção do compressor.
Nos evaporadores do tipo inundado o fluxo de
fluido refrigerante na saída contém apenas vapor O efeito de refrigeração (ou efeito refrigerante)
saturado (título do vapor igual a 1,0 – ponto 1 do é o diferencial de entalpia entre a saída e a entrada
diagrama da Figura 5). É necessário, porém, que haja do fluido refrigerante no evaporador. O calor trocado
um separador de líquido, de modo a garantir que, no evaporador (que nada mais é do que a capacidade
na saída do fluido refrigerante para a sucção do do Chiller) é definido pelas seguintes equações do
compressor, não haja arraste de líquido. fluido refrigerante:
▶ 22
Figura 6 – Processo de compressão em um Chiller
23 ◀
Onde: friamento (ou do ar) na saída do condensador. A
condensação se dá ao nível de alta pressão do
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na
fluido refrigerante no circuito de refrigeração e é
saída do evaporador. Em um Chiller, é a mesma
também chamado o processo de rejeição de calor
vazão em massa na sucção do compressor.
do ciclo, pois é no condensador que todo o ganho
▶ h2r – Entalpia do fluido refrigerante na descarga de energia térmica resultante da retirada de calor
do compressor. no processo de resfriamento da água gelada (no
evaporador) e do calor de compressão é transferido
▶ h1 – Entalpia do fluido refrigerante sucção do
para o meio exterior em que o elemento final será
compressor (mesmo valor da entalpia na saída
o ar externo ambiente.
do evaporador).
A Figura 7 mostra o processo de rejeição de calor
do ciclo, que é expresso como a diferença de entalpia
3.1.3 CONDENSAÇÃO entre a entrada do fluido refrigerante no condensador
(vapor superaquecido no ponto 2r – o mesmo que a
O vapor superaquecido do fluido refrigerante a
descarga do compressor) e a saída do fluido refrige-
alta pressão na saída do compressor segue para o
rante do condensador, no estado líquido saturado
condensador, onde é resfriado e condensado em
(ponto 3’) ou líquido sub-resfriado (ponto 3).
processo de transferência de calor, por um fluido de
Normalmente há um pequeno sub-resfriamento na
rejeição de calor (usualmente água ou ar atmosférico,
saída do condensador, que varia conforme o equipa-
que se aquece).
mento selecionado e as condições de operação no
A temperatura de condensação do fluido refri- condensador. O calor trocado no condensador é defi-
gerante é superior à temperatura da água de res- nido pelas seguintes equações do fluido refrigerante:
▶ 24
Qcd = mRef · (h2r – h3)
3.1.4 EXPANSÃO
(quando há sub-resfriamento no condensador) ou
O fluido refrigerante condensado segue de volta
ao evaporador, passando por um dispositivo de
expansão que reduzirá a pressão ao nível baixo do
Qcd = mRef · (h2r – h3')
ciclo, provocando a evaporação parcial (flash gas) e
(quando na saída do condensador há líquido saturado) diminuindo a temperatura do fluido até a tempera-
tura de saturação naquela pressão, fechando o ciclo.
O processo de expansão é considerado isoentálpico,
Onde: ou seja, sem ganho de calor.
25 ◀
Figura 9 – Ciclo de Refrigeração de um Chiller com compressor centrífugo de duplo estágio utilizando
economizador do tipo aberto (open flash)
▶ 26
Figura 10 – Diagrama Pressão vs. Entalpia e fluxograma esquemático do ciclo de refrigeração de um Chiller com
compressor parafuso e trocadores a placas utilizando economizador do tipo fechado
27 ◀
Figura 11 – Fluxograma esquemático de Chiller com ciclo de absorção de simples efeito
▶ 28
Figura 13 – Diagrama de Oldham – Carta de equilíbrio para Chiller com ciclo de absorção de simples efeito com solução
LiBr-H2O
Onde:
3.2.1 EVAPORAÇÃO
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na
O líquido a ser resfriado (água gelada ou brine)
saída do evaporador. Em um Chiller, é a mesma
circula pelo interior do evaporador (resfriador), onde
é resfriado em processo de transferência de calor vazão em massa na sucção do compressor.
pelo fluido refrigerante líquido, que evapora em uma ▶ h6 – Entalpia do fluido refrigerante na entrada
temperatura inferior à temperatura do líquido na do evaporador.
saída do evaporador. A evaporação do fluido refri-
gerante se dá ao nível de menor (baixa) pressão do ▶ h1 – Entalpia do fluido refrigerante na saída do
fluido refrigerante no circuito de refrigeração. evaporador.
29 ◀
interior dos tubos do absorvedor antes de seguir (em 3.2.4 GERAÇÃO DE VAPOR DE
série) para o condensador do Chiller.
FLUIDO REFRIGERANTE
O calor trocado no absorvedor é definido pela se-
A solução concentrada segue para o Gerador de
guinte equação (considerando os pontos da Figura 12):
Vapor, onde é aquecida utilizando uma fonte de calor
Qev = mRef · h1 + mSol–Dil · h8 – (mSol–Dil + mRef) · h2 (que é o “fornecedor de energia” para o ciclo de ab-
sorção), que pode ser vapor d’agua a média ou alta
pressão, água quente, queima direta de gás ou outro
Onde: combustível, ou ainda qualquer fonte de calor oriun-
da de rejeito de outro processo a alta temperatura.
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na
saída do evaporador. Com o aquecimento da solução, o fluido refrige-
rante evapora e se separa da solução líquida, que
▶ hSol-Dil – Vazão em massa da solução diluída (com
retorna para o absorvedor com uma menor concen-
menor concentração de fluido refrigerante).
tração de fluido refrigerante, após passar por uma
▶ h1 – Entalpia do fluido refrigerante na saída do válvula redutora de pressão.
evaporador.
O calor trocado no absorvedor é definido pela se-
▶ h8 – Entalpia da solução diluída na entrada do guinte equação (considerando os pontos da Figura 12):
absorvedor.
Qger = mRef · h4 + mSol–Dil · h7 – (mSol–Dil + mRef) · h3
▶ h2 – Entalpia da solução concentrada na saída
do absorvedor.
Onde:
▶ 30
O calor total rejeitado do ciclo é a somatória do 3.2.6 EXPANSÃO
calor rejeitado no condensador e o calor rejeitado
O fluido refrigerante condensado segue de volta
no absorvedor, que é igual ao ganho de energia
ao evaporador, passando por um dispositivo de ex-
térmica resultante da retirada de calor no processo pansão que reduzirá a pressão ao menor nível do
de resfriamento da água gelada (no evaporador) ciclo, provocando a evaporação parcial (flash gas) e
somado ao ganho de calor no gerador. diminuindo a temperatura do fluido até a tempera-
O calor trocado no condensador é definido pelas tura de saturação naquela pressão, fechando o ciclo.
O processo de expansão é considerado isoentálpico,
seguintes equações do fluido refrigerante:
ou seja, sem ganho de calor.
Qcd = mRef · (h4 – h5)
Figura 14 – Fluxograma esquemático de Chiller com ciclo de absorção de duplo efeito utilizando como fonte
de calor a queima direta de combustível
31 ◀
O gerador de alta temperatura utiliza a fonte te, que retorna para o absorvedor. Isso diminui o
térmica de calor (operando com temperatura mais calor trocado no absorvedor e o calor total rejeitado
elevada que o gerador de um Chiller com simples para as torres de resfriamento.
efeito) e o gerador de baixa temperatura utiliza como
fonte térmica o vapor de fluido refrigerante oriundo Os Chillers com triplo efeito são bem recentes no
do gerador de alta temperatura. Além disso, os tro- mercado e apenas alguns fabricantes oferecem esses
cadores de calor intermediários instalados no circuito equipamentos (até a presente data). Resultados de
da solução promovem um pré-resfriamento da so- testes indicam um aumento no COP de até 25% sobre
lução com menor concentração de fluido refrigeran- os melhores Chillers de duplo efeito.
▶ 32
Figura 16 – Fluxograma esquemático dos três geradores de um Chiller com
ciclo de absorção de triplo efeito
33 ◀
4 ANÁLISE DOS TROCADORES DE CALOR DOS CHILLERS
Figura 17 – Perfis típicos de temperaturas ao longo do trocador em um evaporador inundado e a equação do ∆TML
(T1 – T2)
∆TML =
(T – Tev)
ln 1
(T2 – Tev)
35 ◀
Figura 18 – Evaporador Shell-&-Tube inundado
▶ 36
Figura 19 – Evaporador Shell-&-Tube inundado, com demister no separador de líquido
Figura 20 – Evaporador Shell-&-Tube inundado, com Figura 21 – Evaporador a placas (EPHE) inundado
demister no separador de líquido Separador de Líquido
Demister Evaporador
Fonte: Trane - Ingersoll Rand do Brasil Ltda. Fonte: Johnson Controls BE Ltda.
37 ◀
concorrentes (mesmo sentido) para o fluido refrige- Recentemente surgiu uma nova geração de eva-
rante e o fluido a ser resfriado, com ambos os fluidos poradores a placas que é do tipo Shell-&-Plate. Esses
entrando na parte inferior do trocador. possuem as vantagens da alta eficácia e compacidade
Com o separador de líquido acima da saída do de um trocador a placas, porém com o feixe de placas
EPHE, normalmente o título do vapor de fluido refri- montado no interior de um casco com o separador
gerante varia de 0,70 a 0,85 nos trocadores com de líquido incorporado, como indicado na Figura 23,
circulação natural por termo sifão. Em aplicações o que reduz ainda mais o volume total do conjunto
com circulação forçada através de bombas de fluido formado por trocador e separador de líquido.
refrigerante líquido (em instalações industriais), o
Uma limitação para a aplicação de evaporadores
título na saída pode ser menor que 0,30.
inundados ocorre quando se utiliza misturas (blends)
A Figura 22 ilustra os detalhes do fluxo do fluido zeotrópicas de fluidos refrigerantes (pertencente à
refrigerante em um EPHE. série R-400 da classificação de fluidos refrigerantes
▶ 38
Figura 23 – Evaporador Shell-&-Tube inundado
4.1.2 EVAPORADOR COM EXPANSÃO
SECA
O evaporador com expansão seca não possui
separador de líquido, o que pode resultar na dimi-
nuição do custo inicial de um Chiller. Porém, por
causa do superaquecimento necessário para evitar
um possível arraste de líquido para o compressor, o
approach no evaporador tende a aumentar, o que
resulta em COP menor no Chiller. A Figura 24 ilustra
os perfis típicos das temperaturas ao longo do tro-
cador de um evaporador com expansão seca.
Evaporador
Nos Chillers com evaporadores Shell-&-Tube de
menor capacidade (até uma faixa de aproximadamen-
te 800 kW para Chillers com água gelada), a opção com
Fonte: Johnson Controls BE Ltda.
expansão seca pode resultar em um menor custo do
equipamento. Porém, os evaporadores inundados
estabelecida pelo ASHRAE Standard 34), que são mis- proporcionam um COP de até 15% melhor.
turas de fluidos que nos processos de mudança de fase
Em evaporadores do tipo Shell-&-Tube com ex-
não se comportam como substância pura, ou seja, a
pansão seca, o fluido evapora circulando pelo interior
temperatura inicial do processo de evaporação de cada
dos tubos do trocador, enquanto que a água gelada
um dos componentes (ponto de ebulição) será em
(ou brine) é resfriada circulando no casco.
função da pressão parcial de vapor de cada componen-
te na mistura (resultante da fração molar). Assim, du- A Figura 25 ilustra um evaporador Shell-&-Tube
rante o processo de evaporação, há uma variação de com expansão seca em um Chiller com condensação
temperatura – chamada de glide – que é a diferença de a ar. Esta é a aplicação mais comum da aplicação de
temperatura entre o final da evaporação (ponto de evaporadores com expansão seca.
orvalho) do último componente da
mistura a evaporar e o início da
evaporação (ponto de ebulição) do Figura 24 – Perfis típicos de temperaturas ao longo do trocador em
primeiro componente da mistura a um evaporador com expansão seca
evaporar. No final do processo, para
a evaporação completa do último
componente da mistura, é necessá-
rio que os demais componentes já
estejam na fase de vapor superaque-
cido, o que não é possível ocorrer em
um evaporador inundado justamen-
te porque no interior do evaporador
o feixe de tubos está imerso em um
banho de líquido (daí o nome inun-
dado) e, enquanto houver líquido em
uma mistura bifásica, não é possível
haver vapor superaquecido.
39 ◀
Figura 25 – Evaporador Shell-&-Tube com expansão seca (DX)
A Figura 26 mostra um Chiller utilizando PHEs pansão seca também é menor que um Chiller com
e evaporador com expansão seca. Apesar da eli- evaporador inundado.
minação do separador de líquido, a área de Na Tabela 1 são apresentados valores típicos de
transferência de calor do EPHE é razoavelmente coeficiente global de transferência de calor para di-
maior, o que normalmente torna mais elevado o versos fluidos refrigerantes, nos tipos de evapora-
custo total deste tipo de Chiller quando comparado dores mais comuns aplicados em Chillers para
com um Chiller com trocadores a placas e evapo- resfriamento de água gelada, considerando as con-
rador inundado com separador de líquido. Além dições de operação padrão do AHRI Standard
disso, o COP típico de Chillers com PHEs com ex- 550/590 (IP) 2015.
▶ 40
Tabela 1 – Valores típicos de coeficiente global de transferência de calor em evaporadores para diversos fluidos
refrigerantes
4.2 CONDENSADORES
Na Tabela 1 são apresentados valores típicos de
coeficiente global de transferência de calor para di- 4.2.1 CONDENSADOR A ÁGUA
versos fluidos refrigerantes, nos tipos de evapora- Os condensadores a água utilizam um circuito de
dores mais comuns aplicados em Chillers para água de resfriamento, que inclui um conjunto de
resfriamento de água gelada, considerando as con- bombas de recirculação e uma rede hidrônica. O fluxo
dições de operação padrão do AHRI Standard de água quente, com o calor retirado dos condensa-
550/590 (IP) 2015. dores, normalmente é resfriado em torres de resfria-
Observação: mento pelo ar externo, com a temperatura de bulbo
úmido do ar sendo o nível primário de referência para
▶ O coeficiente global de transferência de calor se resfriamento da água. A água resfriada segue das
refere sempre ao lado do fluido refrigerante. bacias das torres para a sucção das bombas, com re-
▶ Para cada tipo de evaporador, utilizou-se o calque para a entrada dos condensadores dos Chillers.
mesmo equipamento, com a mesma capacidade, Eventualmente se utiliza água de rio, de lago,
vazão de água gelada e temperaturas de entrada água do mar, e até o solo em sistemas geotérmicos,
e saída, variando-se apenas o fluido refrigerante. o que pode aumentar a eficiência do sistema e pra-
Neste caso, houve variação de temperatura de ticamente eliminar o consumo de água (de reposi-
evaporação para cada fluido. ção). Porém, há limitações para a viabilidade do uso
destas fontes de resfriamento. No Brasil, as principais
▶ Nos evaporadores Shell-&-Tube com evaporação
são as restrições das legislações ambientais.
inundada, utilizou-se o mesmo trocador, com
tubos de cobre aletados (Wolverine Turbo-Chil®) Eventualmente se utilizam resfriadores de água
para todos os fluidos refrigerantes, exceto para a ar fechados (“Dry Coolers”) ou torres de resfriamen-
a Amônia (R-717), que foi utilizado um trocador to de circuito fechado, com resfriamento evaporativo
com tubos de aço carbono liso, porque a Amônia do lado do ar. Em climas muito frios se utilizam ainda
é incompatível com o cobre. soluções anticongelantes (tipicamente soluções de
água e etileno glicol), porém não se aplicam no Brasil.
▶ Nos evaporadores Shell-&-Tube com expansão
seca, utilizou-se tubos de cobre Wolverine Os condensadores a água mais utilizados em
Microfin ®, com aletamento integral interno Chillers são do tipo Shell-&-Tube, PHE e mais recente-
(Microfin) e externo (Trufin). mente, os do tipo Shell-&-Plate.
41 ◀
Figura 27 – Perfis de temperaturas típicos ao longo do trocador em um condensador a água e a equação do ∆TML
(T2 – T1)
∆TML =
(T – T1)
ln cd
(Tcd – T2)
Em todos esses tipos de condensadores, o fluxo casos, mesmo considerando o custo final de opera-
se dá por convecção natural, com filme descendente, ção, que inclui o consumo de água de reposição nas
com a entrada de vapor superaquecido do fluido torres, ainda sim é menor que o custo operacional
refrigerante pela parte superior (no casco ou do feixe de um sistema com Chillers com condensação a ar.
de placas no caso do PHE) e a saída do líquido na Mas durante um projeto, quando possível aplicar as
parte inferior. A Figura 27 ilustra o perfil típico de duas alternativas, recomenda-se sempre a elabora-
temperaturas ao longo de um condensador a água. ção de uma análise rigorosa, considerando os custos
▶ 42
no ciclo de vida (LCC), incluindo custos indiretos com A Figura 28 ilustra um Chiller com condensador
manutenção dos equipamentos e do sistema, para Shell-&-Tube, enquanto que a Figura 29 ilustra um
a decisão final da aplicação de Chillers com conden- Chiller com condensador a Placas (CPHE) e a Figura
sação a água ou a ar. 30 um Chiller com condensador Shell-&-Plate.
43 ◀
Figura 31 – Condensador Shell-&-Tube
4.2.2 CONDENSADOR A AR
Os condensadores a ar são expostos
diretamente ao ar externo e o calor rejei-
tado é removido por meio de ventiladores,
com a temperatura de bulbo seco do ar
sendo o nível primário de referência para
a condensação do fluido refrigerante.
▶ 44
Figura 33 – Comparação dos perfis de temperatura durante a condensação entre um fluido refrigerante do tipo
substância pura e um blend zeotrópico em um condensador a ar
refrigerante no interior dos tubos, é possível obter um Quanto aos blends de fluidos refrigerantes zeo-
sub-resfriamento maior (entre 3 ºC e 6 ºC, dependen- trópicos, aqueles que possuem maior “glide” produ-
do do fluido e das características do condensador). zem um impacto negativo ainda maior no
desempenho do ciclo por causa do diferencial de
A Figura 32 ilustra os perfis de temperatura ao
temperatura durante a condensação, conforme
longo do trocador de um condensador a ar, onde é
ilustrado na Figura 33.
possível verificar a perda de pressão no lado do
fluido refrigerante no condensador, que é outro fator A Tabela 2 mostra uma comparação entre os
que pode prejudicar o desempenho do ciclo de re- valores de glide de alguns blends zeotrópicos utiliza-
frigeração em Chillers com condensação a ar. Em dos em Chillers, considerando a temperatura de
alguns casos, pode atingir o equivalente a 3 ºC na ponto de orvalho (dew point) de 43ºC.
temperatura de condensação (dependendo do fluido
refrigerante) e uma diminuição no COP de até 10%.
Tabela 2 – Glide de vários blends zeotrópicos em processo de condensação para a temperatura de ponto de
orvalho de 43º C
45 ◀
Na Tabela 3 são apresentados valores típicos de e saída, variando-se apenas o fluido refrigerante.
coeficiente global de transferência de calor para diver- Neste caso, houve variação de temperatura de
sos fluidos refrigerantes, nos tipos de condensadores evaporação para cada fluido.
mais comuns aplicados em Chillers, considerando as
▶ Nos condensadores Shell-&-Tube, utilizou-se o
condições de operação padrão do AHRI Standard mesmo trocador, com tubos de cobre aletados
550/590 (IP) 2015. (Wolverine Turbo-Chil®) para todos os fluidos re-
Observação: frigerantes, exceto para a Amônia (R-717), que
foi utilizado um trocador com tubos de aço
▶ Nos condensadores a água, o coeficiente global carbono liso.
de transferência de calor se refere ao lado do
fluido refrigerante. No condensador a ar o coe- ▶ Nos condensadores a ar aparecem os resultados
com serpentinas em tubos de cobre (MF -
ficiente global se refere ao lado do ar.
Wolverine Microfin®) e aletas de alumínio e con-
▶ Para cada tipo de condensador utilizou-se o densadores em alumínio do tipo micro canais
mesmo equipamento, com a mesma capacidade, (MC). Para Amônia (R-717) foi utilizado apenas o
vazão de água gelada e temperaturas de entrada tipo com micro canais, em alumínio.
Tabela 3 – Valores típicos de coeficiente global de transferência de calor em condensadores para diversos fluidos
refrigerantes
▶ 46
47 ◀
5 CONCEITOS DE EFICIÊNCIA LIGADOS AOS ASPECTOS DA
REFRIGERAÇÃO
3.1.1) ou (mais comum) da equação do líquido de
5.1 COP
processo a ser resfriado, como indicado a seguir:
O COP (do inglês Coefficient Of Performance – coe-
Qev = mliq · cpliq · (tent – tsai)liq
ficiente de desempenho) de um Chiller com ciclo de
compressão de vapor, em termos práticos, é a relação
entre a capacidade de resfriamento do Chiller e a po-
Nos Chillers com ciclo de absorção, a equação do
tência absorvida pelos motores dos seus componentes.
COP indica a relação entre a capacidade de resfriamen-
O COP é uma relação de potência térmica sobre a po-
to e a potência (calor) de geração somada à potência
tência motriz, e é aplicada no Sistema Internacional de
de bombeamento da solução (ver itens 3.2.3 e 3.2.4):
Unidades (SI), com ambos os termos expressos em
unidade de potência (normalmente em kW). O resultado
é um número adimensional, porém, é comum expressar Qev
em kW/kW ou ainda em kWt/kWe para indicar a quali- COP =
(Qger + Wbomba)
dade das potências na relação (térmica/ elétrica).
Para Chillers com condensação a água, a equação Apesar de o COP ser o índice de verificação de
é a seguinte: eficiência energética de um Chiller, pode-se observar
pelas três equações apresentadas que não se deve
fazer comparação de eficiência energética de Chillers
Qev
COP = de diferentes tipos (conforme citado acima) utilizan-
Wcp
do apenas o COP.
Na comparação de COP entre Chillers com con-
Para Chillers com condensação a ar convencio-
densação a água e condensação a ar seria necessário
nou-se incluir a potência dos motores dos ventila-
incluir na equação do COP dos Chillers com conden-
dores do condensador, porque os motores fazem
sação a água a potência absorvida pelo motor da
parte da unidade (mesmo skid). A equação fica da
bomba de água de resfriamento (BAC) e a potência
seguinte forma:
absorvida do motor do ventilador da torre de res-
friamento (quando houver). Assim, para uma com-
Qev paração efetiva, a equação a ser utilizada nos Chillers
COP = com condensação a água seria a seguinte:
(Wcp + Wvent)
Qev
Onde: COPCD =
água
(Wcp + WBAC + WventTR)
▶ Qev – Capacidade de resfriamento (em kW).
▶ Wcp – Potência absorvida no eixo do compressor,
No entanto, os valores de potência do motor da
resultante do processo de
BAC e do ventilador da torre de resfriamento depen-
Compressão (em kW). derão das características do circuito de água de
resfriamento, das condições do ar externo e da BAC
▶ Wvent – Potência absorvida no eixo dos ventila-
e da torre a serem selecionados, elementos que não
dores do condensador a ar, resultante do pro-
fazem parte do escopo do fabricante do Chiller.
cesso de rejeição de calor para o ar (em kW).
Já a comparação de COP entre Chillers com ciclo
de compressão a vapor, com acionamento elétrico e
O valor da capacidade é obtido da equação do Chillers com ciclo de absorção, recomenda-se uma
fluido refrigerante no ciclo de refrigeração (ver item análise da matriz energética considerando a fonte
49 ◀
primária de geração de energia elétrica. Mas isto pode ▶ Qev – Capacidade de resfriamento (em ton).
ser bem complicado. Na prática, não se deve comparar
os COPs dos Chillers com acionamento elétrico e Chillers
que utilizam outras fontes motrizes (mesmo para Observação:
Chillers com ciclo de compressão a vapor), pois o resu-
▶ Neste caso, além de utilizar uma unidade de
mo final da análise da eficiência energética está ligado
medida do Sistema I-P para a capacidade de
diretamente aos gastos com o consumo de energia.
resfriamento, a relação kW/ton é inversa à rela-
Como o custo da energia elétrica (e todo modelo tari-
ção utilizada na definição do COP.
fário) é totalmente diferente dos custos das outras
fontes de energia para acionamento de um Chiller, de ▶ A notação correta para a unidade de medida
nada adianta comparar apenas os valores de COP. “toneladas de refrigeração” é ton (conforme
definido na notação do Sistema I-P) e não TR ou
Para ilustrar, o IESNA/ANSI/ASHRAE Standard 90.1
tr, que é a notação mais comum aplicada para
2013 estabelece que o COP mínimo requerido para um
essa grandeza no Brasil.
Chiller com compressor centrífugo, com condensação
a água, com capacidade igual ou superior a 2110 kW, ▶ A unidade de medida ton é originária do conceito
é de 6,280 (Path A), enquanto que para um Chiller com sobre a quantidade de calor necessária para fundir
ciclo de absorção, de simples efeito, com condensação (mudança de estado sólido para líquido) uma to-
a água, o COP mínimo é de 0,700. Neste caso, apesar nelada “americana”, ou short ton (2000 pounds =
do COP do Chiller com compressor centrífugo ser quase 907.18 kg), de gelo, em um período de 24 horas.
nove vezes mais eficiente que o COP do Chiller com
ciclo de absorção, se a fonte de calor do Chiller com
ciclo de absorção for o rejeito de calor de outro pro- Para Chillers com condensação a ar, utiliza-se a
cesso (ex. gases de exaustão de turbina ou gerador, ou relação EER (do inglês, Energy Efficiency Ratio – relação
condensado de processos de aquecimento que utilizam de eficiência energética), dada pela seguinte equação.
vapor d’água), com custo próximo a zero, ainda assim,
o Chiller com ciclo de absorção pode ser a melhor so- Qev
EER =
lução para aquela aplicação devido aos custos opera- (Wcp + Wvent)
cionais reduzidos.
Para Chillers com condensação a água, utiliza-se Portanto, a unidade de medida para a relação
a relação kW/ton, dada pela seguinte equação: EER é BTU/Wh.
▶ 50
Qcd tante do calor rejeitado, a ser resfriado com água
COP = de torre de resfriamento), para o cálculo do COP
Wcp
na equação anterior, o valor de Qcd deve ser
apenas o valor da parcela utilizada para o pro-
cesso de aquecimento.
Onde:
▶ Em Bombas de Calor que utilizam como fonte de
▶ Qcd – Capacidade de aquecimento (em kW) – calor
“rejeição de frio” a água de resfriamento oriunda
trocado no condensador.
de outro processo (como por exemplo, da rejeição
▶ Wcp – Potência absorvida no eixo do compressor, de calor de outro Chiller), para o cálculo do COP
resultante do processo de Compressão (em kW). deve-se utilizar apenas a relação Qcd/Wcp. O even-
tual impacto do resfriamento “gratuito” da água
de resfriamento deverá ser aplicado na análise
Pode-se verificar que, para um determinado energética do outro processo. Por exemplo, caso
modelo de equipamento, com o mesmo fluido refri- se utilize a água de resfriamento após a saída das
gerante, operando no mesmo regime (mesmas torres de resfriamento como fonte fria para a
temperaturas de evaporação e condensação do ciclo Bomba de Calor, o Chiller do outro processo terá
e mesmos valores de superaquecimento e sub-res- o benefício de operar com a água de resfriamento
friamento), o COP do equipamento operando como na entrada do condensador em uma temperatura
Bomba de Calor será maior que o COP deste ope- mais baixa, o que pode melhorar o seu COP. Caso
rando como Chiller. se utilize a água de retorno dos Chillers, o COP da
Bomba de Calor será melhor e a torre de resfria-
Quando for possível aplicar o mesmo equipa-
mento do processo do Chiller terá menor potência
mento para processos distintos de resfriamento e
absorvida pelos motores dos ventiladores.
aquecimento, porém de maneira simultânea (Chiller
e Bomba de Calor), como por exemplo, em um centro
de natação, onde o evaporador é utilizado no pro-
cesso de resfriamento para a climatização dos am-
5.2 IPLV
bientes e o condensador é utilizado para o processo O índice IPLV (do inglês, Integrated Part Load
de aquecimento da água da piscina, a equação do Value – valor integrado de carga parcial) é definido
COP no SI será a seguinte: pelo ANSI/AHRI Standard 550/590 (IP) e AHRI
Standard 551/591 (SI) como o valor que expressa a
Qev + Qcd eficiência de um Chiller, considerando não apenas o
COP =
Wcp seu desempenho em 100% de carga, mas a média
ponderada considerando a sua operação em cargas
parciais ao longo do ano. A equação do IPLV é ex-
Onde: pressa conforme a seguir:
▶ Qev – Capacidade de resfriamento (em kW) – calor 1
trocado no evaporador. IPLV =
0,01 0,42 0,45 0,12
▶ Qcd – Capacidade de aquecimento (em kW) – calor + + +
A B C D
trocado no condensador.
51 ◀
carga, nas condições definidas pelo AHRI ▶ 0,45 – O Chiller opera em 50% de carga durante
Standard 550/590 (IP) 2015. 45% do tempo de operação ao longo do ano.
▶ C – É o valor da eficiência energética do Chiller ▶ 0,12 – O Chiller opera em 25% de carga durante
(expressa em kW/ton), operando em 50% de 12% do tempo de operação ao longo do ano.
carga, nas condições definidas pelo AHRI
Standard 550/590 (IP) 2015.
Os fatores foram obtidos a partir de um estudo
▶ D – É o valor da eficiência energética do Chiller
baseado em dados climáticos da média ponderada
(expressa em kW/ton), operando em 25% de
das 29 cidades que totalizaram 80% (em capacidade)
carga, nas condições definidas pelo AHRI
das vendas de Chillers nos EUA, no período de 1967 a
Standard 550/590 (IP) 2015.
1992, considerando dois diferentes perfis de operação
semanal (24/7 – 24 horas por dia durante sete dias por
semana e 12/5 - doze horas por dia durante cinco dias
A interpretação dos fatores de divisão aplicados
por semana), cada um deles em operação com ou sem
aos valores de eficiência energética do Chiller em
ciclo economizador para temperatura do ar externo
cada condição de carga é a seguinte:
abaixo de 55 ºF (12,8 ºC), totalizando quatro grupos.
▶ 0,01 – O Chiller opera em 100% de carga durante
As condições para o selecionamento do Chiller
apenas 1% do tempo de operação ao longo do ano.
em cada condição de carga são diferentes e especi-
▶ 0,42 – O Chiller opera em 75% de carga durante ficadas no AHRI Standard 550/590 (IP) 2015, confor-
42% do tempo de operação ao longo do ano. me as Tabelas 4 e 5.
Tabela 4 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com condensação a água
▶ 52
Tabela 5 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com condensação a ar
Tomando como exemplo a Tabela 4 para Chillers Isto porque se considera que em cargas parciais,
com condensação a água, verifica-se que: as condições do ar exterior serão mais amenas.
Portanto, quanto menor a carga, mais baixas serão
▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com o
a temperatura de bulbo úmido do ar (referência para
Chiller operando em 100% de carga, nas condições
Chillers com condensação a água) e a temperatura
definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) 2015,
de bulbo seco do ar (referência para Chillers com
deverá utilizar a temperatura de água no condensa-
dor igual a 85 ºF (29,44 ºC) – temperatura máxima. condensação a ar) ao longo do ano.
▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com Os limites de 18,3 ºC para a temperatura de en-
o Chiller operando em 75% de carga, nas condi- trada de água de resfriamento (condensação a água)
ções definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) e 12,8 ºC para o ar externo (condensação a ar) seriam
2015, deverá utilizar a temperatura de água no os limites mínimos de operação dos equipamentos.
condensador igual a 75 ºF (23,89 ºC). Na prática, esses limites não são aplicáveis aos
▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com equipamentos. A maioria dos Chillers com compres-
o Chiller operando em 50% de carga, nas condi- sores centrífugos permitem a operação com tempe-
ções definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) raturas de água de resfriamento bem mais baixas
2015, deverá utilizar a temperatura de água no (dependendo do clima).
condensador igual a 65 ºF (18,33 ºC).
Por outro lado, muitos Chillers com evaporadores
▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com de expansão seca não permitem uma grande varia-
o Chiller operando em 25% de carga, nas condi- ção da pressão de condensação (por limitação da
ções definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) válvula de expansão). Em Chillers com compressores
2015, deverá utilizar a temperatura de água no do tipo parafuso, recíproco ou scroll, com evapora-
condensador igual a 65 ºF (18,33 ºC). dores inundados, pode haver ainda a limitação de
53 ◀
temperatura de condensação para evitar o arraste Pump Water-Heating Packages using the Vapor
de óleo excessivo para o evaporador. Compression Cycle.
Nos dois casos, em Chillers com condensação a ▶ ANSI/AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 –
água, poderá haver um limite da temperatura de entra- Performance Rating of Water-Chilling and Heat
da de água de resfriamento superior a 18,3 ºC. Em Pump Water-Heating Packages using the Vapor
Chillers com condensação a ar, não é possível limitar a Compression Cycle.
temperatura do ar externo. Neste caso, as limitações da
pressão de condensação ocorrerão pela diminuição da
vazão do ar de resfriamento dos condensadores (com
Aqui não se trata meramente de conversão de
o desligamento de ventiladores ou redução da frequên-
cia, quando estes utilizarem inversores de frequência). unidades (conforme indicado nas tabelas anteriores
do Standard 550/590), pois os valores utilizados no
Uma observação muito importante sobre o IPLV Standard 551/591 são diferentes. As Tabelas 6 e 7
é que, atualmente, há duas normas: indicam os valores a serem aplicados para o IPLV.SI,
▶ ANSI/AHRI Standard 550/590 (I-P) 2015 – em Chiller calculados com base no AHRI Standard
Performance Rating of Water-Chilling and Heat 551/591 (SI) 2015.
Tabela 6 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller
com condensação a água
▶ 54
Tabela 7 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller com
condensação a ar
Comparando com as tabelas do AHRI Standard Para o cálculo do IPLV.SI, considera-se os mes-
550/590 (I-P) pode-se verificar pequenas diferenças, mos fatores de cargas parciais, porém, uma vez que
mas que resultam em valores de IPLV diferentes. o COP tem relação inversa ao kW/ton, a equação a
Percebe-se ainda que no AHRI Standard 551/591 (SI), ser utilizada será a seguinte:
é fixo o ∆T= 5,0 ºC na água gelada e na água de res-
IPLV.SI = 0,01 · A + 0,42 · B + 0,45 · C + 0,12 · D
friamento para o cálculo da carga plena (100%). Neste
caso, as vazões resultantes de água gelada e de água
de resfriamento são mantidas constantes nos cálculos
A partir das versões distintas dessas normas, o
de cargas parciais. No caso do AHRI Standard 550/590
ANSI/ASHRAE/IESNA Standard 90.1 também passou
(I-P), a relação vazão/capacidade (em gpm/ton) é que
a ter diferentes valores de requisitos mínimos de
é mantida constante para todas as cargas. Isto também
eficiência energética para os Chillers, entre a versão
gera pequenas diferenças no resultado final do IPLV.
I-P e a versão SI. No item 1.3 do Volume II, são apre-
Portanto, a partir de 2015, de acordo com os sentadas algumas comparações de valores. No Brasil,
AHRI Standards, os índices passaram a ser indicados é mais comum utilizar como referência para os pro-
da seguinte forma: jetos de ar condicionado as condições de operação
do ANSI/AHRI Standard 550/590 (I-P). Porém, a partir
▶ ANSI/AHRI Standard 550/590 (I-P) – IPLV.IP ou
da versão 2017 do Programa Brasileiro de
NPLV.IP
Etiquetagem para Edifícios – PBE Edifica, são utilizadas
▶ ANSI/AHRI Standard 551/591 (SI) – IPLV.SI ou as condições de operação de referência do ANSI/AHRI
NPLV.SI Standard 551/591 (SI). Neste manual, quando se
55 ◀
tratar de um caso genérico, adota-se apenas o ANSI/ para aquecimento de água e Chillers com recupera-
AHRI Standard 550/590 por ser a versão original. dores de calor, todos esses utilizando apenas o ciclo
de compressão a vapor. Para Chillers e Bombas de
Algumas particularidades importantes sobre o
Calor com ciclo de absorção, deve ser aplicado o
ANSI/AHRI Standard 550/590:
ANSI/AHRI Standard 560-2000 – Absorption Water
▶ Essa norma se refere a testes em fábrica, em Chilling and Water Heating Packages.
bancadas de testes certificadas pelo AHRI. Os
No website do AHRI – Air Conditioning, Heating
resultados servem apenas para comparação
and Refrigeration Institute – é possível fazer o down-
genérica de equipamentos, como padrão de load grátis de todos os AHRI Standards2.
referência comparativo;
▶ Praticamente é impossível realizar em campo (na
instalação) os testes dessa norma, pelos seguin- 5.3 NPLV
tes fatos: O NPLV é referido pelos AHRI Standard 550/590
▷ A instalação em campo não é certificada pelo (I-P) e AHRI Standard 551/591 (SI) como o valor de
AHRI. Portanto, tais testes não seriam reco- carga parcial fora do padrão (do inglês, Non-Standard
nhecidos pelo AHRI; Part Load Value), ou seja, para condições de operação
de projeto diferentes das apresentadas para o cál-
▷ É muito difícil obter as condições de teste no culo do IPLV, que são as condições padrão. No en-
campo; tanto, o NPLV ainda respeita alguns limites definidos
por estas normas, com alguns exemplos conforme
indicados na Tabela 8.
Para testes de campo recomenda-se utilizar o
ASHRAE Standard 30-1995, que é utilizado pelo De acordo com o AHRI Standard 550/590, o ín-
ANSI/AHRI Standard 550/590 como metodologia dice NPLV não pode ser aplicado a Chillers com
de teste e o AHSRAE Standard 184-2016, que é condensação a ar ou Chillers com condensadores
específico para testes de Chillers em campo; evaporativos.
2
Disponível em: <http://www.ahrinet.org/search-standards.aspx>. Acesso em: 02 jun. 2017.
▶ 56
carga parcial do sistema), que é a média ponderada das condições de operação e desempenho dos
da eficiência energética em cargas parciais de uma equipamentos ao longo do ano, principalmente para
instalação real, com vários Chillers, com perfil de os Chillers por serem os equipamentos de maior
operação específico, em função das características consumo de energia em um edifício.
do projeto e dos horários de funcionamento do
Porém, para uma análise de desempenho bem
sistema, em uma determinada localidade, com suas
mais simples que a simulação energética do edifício
condições climáticas próprias ao longo do ano.
e mais real que a mera aplicação do IPLV de um
No SPLV é possível ainda incluir os demais equi- Chiller para todo sistema de água gelada, o SPLV
pamentos envolvidos, tais como bombas de água pode ser o método mais efetivo para se obter resul-
gelada e de água de resfriamento, ventiladores de tados consistentes durante a fase de projeto e servir
torres de resfriamento e até ventiladores dos condi- de referência para análise do desempenho real do
cionadores de ar, o que permite executar uma análise sistema de água gelada por meio de um programa
mais abrangente da eficiência energética do sistema. de monitoração e verificação de desempenho ao
Ainda pode ser incluído o impacto de algumas otimi- longo da operação.
zações no projeto, como a aplicação de ciclo econo-
Para o cálculo do SPLV, são necessárias as se-
mizador, rodas entálpicas e as considerações
guintes informações:
específicas do sistema de controle e automação sobre
o funcionamento do sistema de ar condicionado. ▶ Dados climáticos do local da instalação – já estão
disponíveis os arquivos de dados climáticos de
Com o aumento da complexidade da análise de
411 cidades brasileiras, no website Climate.One.
desempenho de um sistema de ar condicionado, os
Building.org3;
melhores resultados são obtidos por meio de sof-
twares de simulação do desempenho energético de ▶ Perfil semanal de operação do sistema – horários
todo edifício, porém é essencial a correta aplicação de início e final de operação durante os dias da
Tabela 8 – Limites para utilização do NPLV estabelecidos nos AHRI Standard 550/590 (I-P) e AHRI
Standard 551/591 (SI)
3
Disponível em: http://climate.onebuilding.org/WMO_Region_3_South_America/BRA_Brazil/index.html>. Acesso em: 02 jun. 2017.
57 ◀
semana e particularidades durante finais de ▶ Quantidade máxima de Torres de Resfriamento
semana e feriados; em operação: 4;
▶ No caso de o sistema possuir ciclo economizador ▶ Circuito único com vazão variável de água gelada;
que resulte no desligamento do sistema de água
▶ Capacidade unitária dos Chillers: 1.903 kW (541 ton);
gelada, deverão ser descontados do perfil de
operação ao longo do ano os períodos de fun- ▶ Condições de operação dos Chillers: AHRI
cionamento com ciclo economizador; Standard 550/590(I-P) 2015 – exceto temperatura
de entrada de água de resfriamento;
▶ Carga térmica máxima do sistema;
▶ Temperatura de bulbo úmido do ar externo (TBU)
▶ Quantidade de Chillers em operação;
máxima de projeto: 23,2 ºC;
▶ Capacidade unitária dos Chillers;
▶ Controle de temperatura de água da torre: TBU +
▶ Para sistemas com condensação a água será 4,0 ºC;
necessário definir as condições de operação das
▶ Temperatura mínima de entrada de água nos
torres de resfriamento e o controle de setpoint
condensadores do Chillers: 11,0 ºC (obtida no
de saída de água das bacias para a entrada dos
catálogo do fabricante).
condensadores dos Chillers.
Tabela 9 – Valores dos índices a serem aplicados para o cálculo do SPLV dos Chillers de um sistema de
água gelada no exemplo citado
▶ 58
Tabela 10 – Comparação entre os valores dos índices para o cálculo do SPLV do exemplo citado e os valores
padrão do IPLV.IP
5.5 TEWI
A Tabela 11 apresenta os resultados do COPex e Enquanto o valor do GWP (Global Warming
SPLVex calculados para a CAG com quatro Chillers, em Potential) indica o potencial de aquecimento global
comparação com os valores do COP e IPLV.IP do AHRI de um determinado fluido refrigerante, o TEWI (Total
Standard 550/590, considerando que os Chillers se- Equivalent Warming Impact) indica o impacto total
lecionados são do tipo centrífugo e atendem exata- equivalente de aquecimento global de um equipa-
mente os requisitos mínimos de eficiência energética mento ou sistema de refrigeração, considerando o
do ASHRAE Standard 90.1-2010 – Path B. impacto direto do GWP do fluido refrigerante (em
caso de vazamento para a atmosfera durante a
Como se pode observar, pode haver diferenças operação e no final da vida útil do equipamento) e o
consideráveis nos resultados, uma vez que o IPLV é impacto indireto relativo à emissão de gases que
um valor para um sistema fictício. Portanto, é impor- contribuem para o efeito estufa durante a operação
tante considerar sempre a análise real do sistema do sistema, resultante da emissão relacionada ao
de água gelada. consumo de energia do equipamento, pois na gera-
ção desta energia pode haver emissões de gases do
Na sequência da análise devem ser agregados
efeito estufa para a atmosfera.
os demais componentes do sistema de água gelada
e até mesmo os ventiladores dos condicionadores O TEWI é medido em unidade de massa (kg) de
de ar para se obter o SPLV de todo sistema de ar Dióxido de Carbono equivalente (CO2eq) e calculado
condicionado. em duas partes:
59 ◀
▶ Impacto devido ao vazamento do fluido refrige- Os principais tipos de emissões diretas do siste-
rante durante a vida útil do sistema de refrige- ma de refrigeração são:
ração, incluindo as perdas irrecuperáveis na
▶ Vazamentos graduais durante a operação normal
destinação final do fluido;
do sistema;
▶ Impacto devido às emissões de CO2eq resultantes
▶ Vazamentos catastróficos durante a operação
da queima de combustíveis fósseis durante a
do sistema;
geração de energia para a operação do sistema
de refrigeração ao longo de sua vida útil. ▶ Vazamentos durante os serviços de manutenção
no sistema;
Tabela 12 – Taxa de vazamento anual para Chillers de diversas faixas de capacidade e para Chillers
com fluido refrigerante de baixa pressão
▶ 60
Tabela 13 – Valores de GWP para diversos fluidos refrigerantes, Tabela 14 – Valores de GWP para fluidos refrige-
conforme os relatórios do IPCC rantes não listados nos relatórios do IPCC
Fonte: IPCC Assessment Reports,1995 (AR2)/ 2007(AR4)/ 2014 (AR5) Fonte: THE EUROPEAN PARLIAMENT, 2014.
Os valores de GWP podem ser obtidos por meio Recomenda-se utilizar a taxa de recuperação
dos relatórios de avaliação do IPCC (Intergovernamental de 70% para sistemas com cargas de fluido refrige-
Panel on Climate Change). A Tabela 13 indica os valo- rante com até 100 kg e 95% para sistemas com
res de GWP de alguns fluidos refrigerantes para cargas maiores.
um período de 100 anos, apresentados nos rela-
O fator de emissões indiretas está relacionado
tórios AR2-1995, AR4-2007 e AR5-2014. A Tabela
à qualidade da produção de energia elétrica e
14 inclui ainda outros fluidos não listados nos re-
quantidade de CO2 equivalente por quantidade de
latórios do IPCC.
energia gerada. O Brasil possui uma matriz energé-
O IPCC possui um guia de referência com tica muito limpa, quando comparado com a maioria
orientações de boas práticas para se obter eficiên- dos países, devido à alta produção de energia
cias de recuperação que variam de 70% a 95% da oriunda de hidroelétricas. A Tabela 15 mostra o
carga restante no sistema ao final da vida útil, de- resumo da distribuição da geração de energia em
pendendo das classes de equipamentos. Na prática, 01/11/2016, conforme relatório do ONS (Operador
a taxa de recuperação do fluido refrigerante de um Nacional do Sistema Elétrico).
sistema com uma carga de refrigerante superior a Na tabela 16, é apresentado o fator médio
100 kg seria de 90 a 95% da carga restante e cerca anual de emissões de CO2 equivalente por quanti-
de 70% para equipamentos com cargas menores. dade de energia gerada, disponibilizado pelo
As perdas no final da vida do sistema equivalem a Ministério da Ciência e Tecnologia. Para efeito de
menos de 1% ao ano amortizado durante a vida útil comparação, a Tabela 17 mostra os fatores de
do equipamento. emissão de alguns países.
61 ◀
Tabela 15 – Distribuição da geração de energia no Brasil em 01/11/2016
Tabela 16 – Fator médio anual de emissões de CO2 equi- Tabela 17 – Fator médio anual de emissões de CO2 equi-
valente no Brasil por energia gerada valente por energia gerada de alguns países
Fonte: BRASIL, 2017. Fonte: Emission Factors for Sustainable Energy Action Plan (SEAP) - Covenant
▶ 62
Tabela 18 – TEWI de Chillers para aplicações de ar condicionado no Brasil
63 ◀
6 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS CHILLERS E AS CONDIÇÕES
DE OPERAÇÃO DO SISTEMA DE ÁGUA GELADA
▶ Do tipo de Evaporação
edifício (ou processos) e das condições do ar exterior. ▷ Expansão Seca (Válvula de Expansão com
Portanto, o desempenho do sistema e a eficiência Controle de Superaquecimento)
energética dos Chillers são variáveis e, para se obter
▷ Evaporação Inundada
os melhores resultados do sistema, é importante
conhecer algumas características essenciais da ▶ Da manutenção do Chiller
operação dos Chillers e os demais equipamentos. É
▷ Carga de Fluido refrigerante
fundamental que se desenvolva um projeto de au-
tomação e controle adequado, com elementos de ▷ Tratamento de Água
controle que permitam a otimização do sistema de
▷ Limpeza dos Trocadores de Calor
água gelada.
65 ◀
Figura 34 – Curvas de Capacidade e COP de um Chiller em função das variáveis do circuito de água gelada e do circuito
de água de resfriamento
A partir dos gráficos da Figura 34, é possível ▶ Com o aumento da temperatura de saída de água
verificar alguns detalhes: de resfriamento do Chiller, haverá um aumento
na potência absorvida e uma diminuição de capa-
▶ A capacidade e o COP de um Chiller sofrem muito
cidade (em menor proporção), que resultará na
mais influência da temperatura de saída de água
diminuição do COP. No gráfico, com a temperatura
gelada e da temperatura de saída de água de
resfriamento do que da vazão de água gelada e de saída de água gelada constante em 9,0 ºC e
da vazão de água de resfriamento; variando a temperatura de saída de água de res-
friamento de 31,0 ºC (setas tracejadas em rosa)
▶ Com o aumento da temperatura de saída de água para 35,0 ºC (setas tracejadas em vermelho), há
gelada do Chiller, haverá um aumento de capaci- uma diminuição de 3,2% na capacidade e de 14,4%
dade e um aumento do COP. Haverá, ainda, um no COP, com um aumento de 10,7% na potência
aumento em menor proporção na potência ab- absorvida, conforme indicado na Tabela 20.
sorvida. No gráfico, com a temperatura de saída
de água de resfriamento constante em 35,0 ºC e ▶ Mantendo a temperatura de saída de água gelada
variando a temperatura de saída de água gelada constante, a variação da vazão de água gelada (em
de 5,0 ºC (setas tracejadas em verde) para 9,0 ºC uma boa faixa) não traz nenhum impacto na ca-
(setas tracejadas em vermelho), há um aumento pacidade e COP do Chiller. Nesse caso, haverá
de 17,3% na capacidade e de 14,5% no COP, com apenas variação do diferencial de temperatura de
um aumento de 2,5% na potência absorvida, água gelada, que, apesar de não trazer impacto
conforme indicado na Tabela 19. no desempenho do Chiller, pode limitar o dimen-
▶ 66
Tabela 20 – Variação de capacidade, COP e potência absorvida em função da variação da
temperatura de saída de água gelada
67 ◀
de saída de água gelada e a temperatura de saída de A redução da vazão de água gelada resulta em
água de resfriamento, pode-se concluir o seguinte: menor consumo de energia na bomba de água ge-
lada. Porém, o impacto operacional de redução de
▶ Quanto menor for o approach de projeto no
vazão de água gelada em um sistema existente pode
evaporador:
afetar negativamente o desempenho dos Fan Coils,
▷ Maior será a temperatura de evaporação; onde o aumento do diferencial de temperatura da
água gelada (e não a diminuição da vazão) pode di-
▷ Menor o lift do compressor;
minuir a eficácia das serpentinas de água gelada. Em
▷ Maior a densidade do vapor na sucção do um sistema novo, isso pode ser previamente dimen-
compressor; sionado visando otimização geral do sistema. Em
sistemas existentes, a diminuição de vazão pode
▷ Maior a capacidade de resfriamento do Chiller;
trazer melhorias no desempenho, entretanto, será
▷ Maior o COP do Chiller. necessária uma análise prévia para verificação do
impacto da diminuição da vazão nos condicionadores
▶ Quanto menor for o approach de projeto no
de ar existentes.
condensador:
▶ 68
água de resfriamento nos Chillers (saída das torres ▶ Chillers parafuso ou scroll, principalmente os que
– típica de 29,5 ºC) NÃO é um valor para setpoint de utilizam válvula de expansão, não permitem
controle, pois é a temperatura máxima admissível e grandes variações e devem ser cuidadosamente
serve para dimensionamento das torres e define as analisados. Nem sempre o manual desses
condições extremas de funcionamento dos Chillers. Chillers possui esta informação. É muito impor-
tante confirmar esse dado com o fabricante para
Pode-se imaginar inicialmente que um setpoint
a correta operação do Chiller em conjunto com
de temperatura de água de resfriamento mais baixa
requer mais tempo de funcionamento dos ventila- o controle da temperatura da água de resfria-
dores das torres (ou maior frequência quando mento na saída das torres.
houver inversores).
No entanto, há um
limite estabelecido pelo
fabricante do Chiller, que
é a mínima temperatura
de entrada de água de
resfriamento recomen-
dada, definida em fun-
ção do modelo do equipa-
mento:
▶ Chillers centrífugos
permitem tempera-
turas de entrada de Chillers
água de resfriamen-
to no condensador
muito baixas (até 10
ºC dependendo do
modelo ▷ ver no
manual do Chiller); Fonte: Transcalor Ltda.
69 ◀
Figura 37 – Válvula de 3 vias para o controle da temperatura de saída de água das torres
– Arranjo não recomendado
Chillers
Chillers
▶ 70
O arranjo da Figura 37 (com a válvula de 3 vias temperatura atuando sobre inversores de frequência
instalada na saída da torre, com o bypass proveniente instalados nos motores dos ventiladores das torres
de um trecho da tubulação de retorno dos Chillers, para diminuir a de vazão de ar, mantendo a vazão
com pressão mais elevada) também é inadequado, de água constante.
pois implica em uma perda de carga extra na sucção
É muito comum ainda utilizar termostatos (ou
das BACs. Para possibilitar a instalação da válvula de
3 vias nessa posição, é necessário que haja uma al- mesmo sensores de temperatura) para um controle
tura mínima entre o nível das bacias das torres e a On-Off dos motores dos ventiladores. Esse tipo de
linha de sucção das BACS de pelo menos 3 m (reco- controle também não afeta o fluxo de água de res-
menda-se uma altura de 7 m) a fim de evitar pressão friamento. É comum, entretanto, provocar ciclos de
negativa na sucção das BACs e fluxo de ar. Além parada-partida dos motores muito intensos (mais de
disso, a válvula de 3 vias deve ser instalada no nível 10 partidas por hora), o que resulta em diminuição
mais baixo, próximo à sucção das BACs. da vida útil dos motores elétricos, de alguns compo-
nentes do painel e das correias ou dos redutores de
Outro problema é que, com o passar do tempo, rotação dos ventiladores. Com a diminuição sensível
as válvulas de 3 vias podem perder estanqueidade dos custos de investimento dos inversores, essa al-
no bloqueio do bypass e permitir passagem de fluxo ternativa não chega a ser muito mais barata e implica
de água quente durante o verão, aumentando a
em custos de manutenção bem mais elevados, sem
temperatura de alimentação para os Chillers, o que
contar que o tempo parado de uma torre de resfria-
é um desperdício.
mento avariada no verão pode aumentar a tempe-
A melhor solução de controle de temperatura é ratura da água na entrada dos Chillers e o consumo
apresentada na Figura 38, com o controlador de de energia total do sistema.
71 ◀
7 VARIAÇÃO DA CARGA TÉRMICA E SEUS IMPACTOS NO
SISTEMA DE ÁGUA GELADA
73 ◀
Figura 39 – Esquema simplificado de um sistema de ar condicionado completo com caixas do tipo VAV com controle de
temperatura dedicado para cada ambiente (zona condicionada)
Bypass
Qualquer alteração de uma das variáveis dos ele- e/ou da umidade relativa no ambiente) e todo siste-
mentos do sistema que interagem com a carga térmica ma será adequado para a nova condição, ainda que
do ambiente pode implicar na variação da carga tér- fora dos requisitos de conforto. A seguir, dois exem-
mica. Caso a carga térmica atual for menor que a plos típicos:
máxima, os elementos de controle de todo sistema
▶ Se um ou mais condicionadores de ar estiverem
interagirão para manter a temperatura e umidade
com baixa vazão de ar (devido a filtros sujos,
relativa dentro dos níveis de conforto estabelecidos.
desbalanceamento na rede de dutos, problemas
Porém, se uma ou mais variáveis se desviarem, no ventilador ou configuração do controlador),
de tal forma que os elementos de controle não quando a carga térmica tender ao valor de pico,
consigam manter os requisitos de conforto, a carga haverá um aumento da temperatura e/ou da
térmica irá diminuir (com o aumento da temperatura umidade relativa nos ambientes atendidos. O
▶ 74
resultado será o desconforto nos ambientes tura de saída de água gelada nos Chillers e na
atendidos por estes condicionadores de ar, mas temperatura de alimentação de água gelada para
a carga térmica total será menor e os demais os condicionadores de ar. O resultado será o
equipamentos do sistema (incluindo os Chillers) desconforto em todos os ambientes com carga
operarão com capacidade reduzida; térmica elevada e a carga térmica total será
▶ Se um ou mais Chillers estiverem com baixo menor. Nesse caso, os condicionadores de ar e
desempenho (devido aos problemas citados no as bombas de água gelada do circuito secundário
item 6.2, por exemplo) de modo a não atender tendem a operar com vazão máxima (de ar e de
aos períodos de carga térmica elevada, quando água gelada) para compensar a temperatura de
isso ocorrer, haverá um aumento da tempera- água gelada elevada.
75 ◀
8 TIPOS DE SISTEMAS DE ÁGUA GELADA
Figura 41 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de 3 vias
Fan-Coils
Chillers
77 ◀
bombas em operação. Conceitualmente, a vazão de investimento inicial comparando-o com outras
total de água gelada deve ser mantida durante alternativas (ver itens 8.4 e 8.5), com igual ou menor
toda operação para garantir a controlabilidade custo inicial, mas com desempenho superior e total
das válvulas de 3 vias. Portanto, todos os Chillers controlabilidade.
do sistema deveriam ser igualmente mantidos
em operação. Conforme apresentado na Figura
41, não é possível desligar um dos Chillers quando 8.2 CIRCUITO ÚNICO DE ÁGUA
a carga total for menor que 50% e manter o sis-
GELADA COM VÁLVULAS DE 2
tema funcionando com apenas um Chiller e uma
BAG. Entretanto, na prática, é comum as equipes VIAS
de operação forçarem a parada manual de um
Consiste em um circuito único de água gelada,
Chiller e uma BAG (para o exemplo citado), com
com vazão total constante nos Chillers e válvulas de
impacto negativo no desempenho dos equipa-
2 vias para controle de vazão de água gelada nos
mentos usuários. Também não é raro a equipe
equipamentos usuários (condicionadores de ar ou
de operação desligar um dos Chillers e manter as
trocadores de processos de resfriamento). Esse tipo
duas BAGs em operação, o que torna o sistema
de sistema possui uma tubulação de bypass de vazão
mais ineficiente ainda; água gelada, entre a tubulação principal de saída dos
▶ Maior consumo de energia no sistema de água Chillers e a tubulação de retorno de água dos equi-
gelada – as BAGs operam sempre com vazão total pamentos usuários.
e altura manométrica plena mesmo em cargas O bypass possui uma válvula de 2 vias, contro-
parciais, ou seja, com potência absorvida máxima lada pela pressão diferencial entre a tubulação de
constante. Com todos os Chillers operando sem- alimentação e retorno, para permitir o controle de
pre (ainda que em carga parcial), o consumo de vazão de água gelada (nas válvulas de 2 vias) dos
energia será maior. Quando se utiliza Chillers com equipamentos usuários, em função da carga térmica
condensação a água, o mesmo problema ocorre atual e garantir a vazão constante nos Chillers. Esse
com as BACs (bombas de água de resfriamento), sistema possui apenas um conjunto de bombas de
que também permanecem continuamente em água gelada, com vazão constante para atender os
operação, com vazão constante; Chillers e os usuários.
▶ Válvulas de 3 vias – precisam ser dimensionadas Esse tipo de sistema é uma evolução do sistema
de maneira adequada (com mais rigor que válvu- do item 8.1, e sua principal vantagem é a substituição
las de 2 vias) para garantir melhor controlabilidade das válvulas de 3 vias nos condicionadores por vál-
em toda faixa de operação dos equipamentos vulas de 2 vias, o que permite uma melhor controla-
usuários. É extremamente importante evitar o bilidade da vazão de água gelada nos equipamentos
superdimensionamento da carga térmica dos usuários (para atender a carga térmica atual).
ambientes condicionados nesse tipo de sistema;
No entanto, a vazão total nas BAGs ainda é
▶ Síndrome de Baixo ∆T – Esse efeito será melhor mantida constante para qualquer condição de ope-
analisado no Volume II, item 5.3, porém, pode-se ração do sistema.
dizer que devido a problemas de projeto, instalação,
operação e manutenção, o sistema de água gelada As principais características desse tipo de sis-
pode vir a operar, quando em cargas parciais, com tema são:
vazão excessiva e baixo diferencial de temperatura ▶ Controle mínimo – melhor, entretanto, que o
de água gelada nos equipamentos usuários. A sín- sistema do item 8.1 – além do controle de ca-
drome de baixo ∆T é inerente a este sistema e é das pacidade dos equipamentos usuários, e dos
principais causas da sua baixa controlabilidade. Chillers, é possível variar a quantidade de
Chillers e BAGs em operação. Conforme exem-
plo da Figura 42, é possível desligar um dos
Com a redução de custos dos inversores de Chillers e BAG quando a carga total for menor
frequência, esse sistema se torna praticamente que 50% e manter o sistema funcionando com
inviável. Eventualmente ainda é implantado quando apenas um Chiller e uma BAG. Porém, não é
na fase de projeto não há uma análise detalhada raro a equipe de operação desligar um Chiller,
▶ 78
Figura 42 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de
2 vias
Fan-Coils
Chillers
mas manter as duas BAGs em operação, o que Com a redução de custos dos inversores de fre-
reduz a eficiência do sistema; quência, esse sistema tem se tornado praticamente
inviável quando comparado com outras alternativas
▶ Consumo de energia elevado no sistema de
(ver itens 8.4 e 8.5), com o mesmo custo inicial, mas
água gelada – apesar de ser melhor que o sis-
com melhor desempenho e total controlabilidade.
tema do item 8.1, ainda apresenta um consumo
de energia elevado, pois as BAGs operam sempre
com vazão total e altura manométrica plena, 8.3 CIRCUITO PRIMÁRIO E
mesmo em cargas parciais, ou seja, com potência
absorvida máxima constante; SECUNDÁRIO DE ÁGUA GELADA
▶ Válvula Pressostática no bypass – precisa ser O sistema com circuito primário e secundário de
dimensionada de maneira adequada para ga- água gelada é composto por um conjunto de bombas
rantir a controlabilidade em toda faixa de ope- de água gelada do circuito primário, dimensionadas
ração do sistema. É extremamente importante com vazão constante para atender aos Chillers, em
evitar o superdimensionamento da tubulação circuito restrito à área da central de água gelada e
do bypass. Recomenda-se que a tubulação seja um conjunto de bombas de água gelada do circuito
um ou até dois diâmetros menores que o diâ- secundário, dimensionadas com vazão variável (com
metro da tubulação de um Chiller; inversores de frequência) com controle em função
da vazão total dos equipamentos usuários para
▶ Síndrome de Baixo ∆T – é muito comum nesse atender a carga térmica atual. Esse sistema possui
tipo de sistema devido à má aplicação da válvula uma tubulação de bypass entre os circuitos primário
pressostática (muitas vezes é instalada apenas e secundário, porém, sem nenhum controle, que
uma válvula borboleta com controle de 0 a 100% serve apenas para garantir o equilíbrio dos circuitos
e de mesmo diâmetro da tubulação do Chiller). e mantê-los na mesma pressão de sucção.
79 ◀
Figura 43 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário e secundário de água gelada
Fan-Coils
Bypass Livre
Chillers
As principais características desse tipo de sis- apresentados nos itens 8.1 e 8.2, com consumo
tema são: de energia anual até 30% menor;
▶ Ótimo controle – é muito importante que o TAB ▶ Circuito Primário opera com variação discreta
(atividades de Testes, Ajustes e Balanceamento de vazão – com um Chiller em operação, haverá
– ver item 3.3.1 do Volume II) do sistema de água uma BAGP em operação. Com dois Chillers em
gelada seja bem executado (os outros sistemas operação, haverá duas BAGPs em operação, e
também precisam, mas aqui é ainda mais impor- assim por diante. É altamente recomendável que
tante). Também é necessário que as lógicas de a configuração do circuito primário seja com as
controle sejam concebidas em conformidade BAGPs dedicadas aos Chillers (conforme ilustrado
com as características daquele sistema, visto que na Figura 43);
cada instalação possui suas particularidades. É
▶ Circuito Secundário opera com vazão variável
muito comum verificar problemas de controle
continua – a variação da vazão total de cada cir-
nesse tipo de sistema porque utilizam lógicas de
cuito secundário é em função da carga térmica
controle padrão;
atual do edifício (por exemplo), o que provocará a
▶ Menor consumo de energia no sistema de variação de vazão nas válvulas de 2 vias dos Fan
água gelada – apesar de incluir um conjunto Coils. A vazão total de cada circuito secundário é
extra de bombas (BAGPs), com a aplicação de controlada, normalmente, pelo setpoint de um
um sistema de controle adequado, este tipo de sensor de pressão diferencial, que deve ser insta-
sistema pode ser bem mais eficiente que aqueles lado em um ponto remoto do circuito secundário
▶ 80
(junto ao Fan Coil mais distante ou junto a um Fan
8.4 CIRCUITO PRIMÁRIO DE ÁGUA
Coil crítico, conforme requerido pelo ASHRAE
Standard 90.1), com tomadas de pressão nas GELADA VARIÁVEL
prumadas de alimentação e retorno de água gela-
Consiste em um circuito único de água gelada,
da. Assim, com o perfil de variação contínua de
com vazão variável em todo sistema, também cha-
vazão no circuito secundário, normalmente a vazão
mado de circuito com primário variável. Esse tipo de
total das BAGPs será diferente (preferencialmente
sistema possui apenas um conjunto de bombas de
maior) da vazão total das BAGSs do sistema;
água gelada, com vazão variável para atender aos
▶ Bypass livre – com vazões diferentes, o bypass Chillers em série com os equipamentos usuários.
entre os circuitos é a tubulação de equilíbrio Nesse caso, o fluxo de recalque das bombas segue
hidrônico e deve ser de fluxo livre. Por isso, para os Chillers e depois aos usuários. Assim, dife-
pode haver fluxo nos dois sentidos do bypass rente dos demais circuitos, a vazão atual nos Chillers
e, apesar de indesejável, pode ocorrer até é variável, igual à vazão total dos usuários, que
fluxo “negativo” (vazão total das BAGSs maior possuem válvulas de 2 vias para controle de vazão
que a vazão total das BAGPs). Isso é importan- de água gelada. Esse tipo de sistema possui uma
te para manter a mesma pressão de sucção
tubulação de bypass de vazão água gelada, entre a
nos dois circuitos e evitar que haja operação
tubulação principal de saída dos Chillers e a tubulação
das bombas em série. Não se deve instalar
de retorno dos usuários. O bypass possui uma válvula
válvula de controle ou balanceamento ou
pressostática, mas com atuação limitada, apenas
válvula de retenção. Válvula manual do tipo
para evitar que os Chillers operem com vazão abaixo
borboleta (utilizada apenas para manobras de
do limite mínimo especificado pelo fabricante.
manutenção) deve permanecer totalmente
aberta e travada; As principais características desse tipo de sis-
tema são:
▶ Síndrome de Baixo ∆T – apesar da ótima
controlabilidade desse sistema, caso o TAB não ▶ Ótimo Controle – é muito importante que o TAB
seja bem executado, o efeito da síndrome de do sistema de água gelada seja bem executado,
baixo ∆T pode ser potencializado. Com o exces- mas é fundamental que as lógicas de controle
so de vazão nas BAGSs, haverá um fluxo nega- sejam adequadas e a configuração dos ajustes
tivo no bypass, que irá provocar um aumento e setpoints de controle (executadas pela equipe
na temperatura de alimentação de água gelada do TAB) sejam exaustivamente testadas. Com
nos condicionadores de ar. Isso provocará isso, a operação do sistema será excelente e de
maior abertura nas válvulas de 2 vias (para melhor resposta que os demais tipos de sistemas
atender a carga térmica dos ambientes), com apresentados, quando houver apenas um circui-
maior vazão no circuito secundário. Cria-se
to de distribuição de água gelada para os equi-
então um efeito cascata, onde o ponto de
pamentos usuários;
equilíbrio pode ocorrer com vazão total muito
elevada no circuito secundário, o que prejudica ▶ Menor consumo de energia no sistema de
em muito o desempenho do sistema. Quando água gelada – com a aplicação de um sistema
isto ocorre, é muito comum se ligar mais um de controle adequado, esse tipo de sistema é o
Chiller e BAGP, para aumentar a vazão total do que propicia o melhor desempenho, com con-
circuito primário, mesmo que não seja neces- sumo de energia anual até 40% menor que
sário ligá-los pela demanda de capacidade total aqueles apresentados nos itens 8.1 e 8.2;
do sistema.
▶ Circuito único (primário) opera com vazão
variável continua – a variação da vazão total no
Em instalações de maior porte, esse é o tipo de sistema é em função da carga térmica atual do
sistema de água gelada mais utilizado nos projetos. edifício que provocará a variação de vazão nas
Porém, com as alternativas apresentadas nos itens válvulas de 2 vias. A vazão total é controlada,
8.4 e 8.5, além da redução do custo inicial da insta- normalmente, pelo setpoint de um sensor de
lação, é possível se obter melhor desempenho e pressão diferencial, que deve ser instalado em
controlabilidade e evitar o efeito cascata em caso de um ponto remoto do circuito, com tomadas de
síndrome de baixo ∆T. pressão nas tubulações principais de alimenta-
81 ◀
Figura 44 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário de água gelada com vazão
variável
Fan-Coils
Chillers
ção e retorno de água gelada. Assim, com o perfil é acionada de modo a garantir a vazão mínima
de variação contínua de vazão no circuito de do(s) Chiller(s) em funcionamento, ao mesmo
água gelada, os Chillers também operam com tempo em que o controlador de vazão do siste-
vazão variável; ma continua controlando a(s) BAG(s), para
também atender a vazão necessária (menor)
▶ Bypass de Vazão Mínima – com função diferente
dos demais sistemas apresentados, a tubulação para a carga térmica atual do sistema. Essa
de bypass possui uma válvula de controle que condição pode acontecer quando o sistema
permanece quase sempre fechada, permitindo opera com baixa carga térmica ou no momento
a variação da vazão total no sistema em função de transição para a entrada do próximo Chiller
da variação da carga térmica. Os Chillers, porém, na sequência de operação, devido ao aumento
possuem uma limitação de vazão, ou seja, não da carga térmica. A válvula de controle deve ser
é possível operar com vazão muito baixa (ex. apropriada para uma ampla faixa de controle e
abaixo de 20% ou 50% da vazão de projeto, de- dimensionada de maneira adequada, normal-
pendendo do evaporador selecionado). Portanto, mente com diâmetro menor que a tubulação do
para evitar a operação do(s) Chiller(s) em funcio- bypass, que por sua vez deve ser dimensionada
namento abaixo da vazão mínima (definida pelo para a vazão mínima do Chiller. Não se deve
fabricante para aquele modelo de equipamento), utilizar válvula do tipo borboleta com controle
a válvula de controle do bypass de vazão mínima de 0 a 100%;
▶ 82
▶ Controle de Vazão nos Chillers – é fundamental 8.5 CIRCUITO ÚNICO COM VAZÃO
que a lógica de controle do sistema seja confi-
DE ÁGUA GELADA VARIÁVEL
gurada para atender aos requisitos de vazão
mínima do fabricante dos Chillers. Portanto, é Consiste em um circuito único de água gelada, com
necessário instalar, no circuito de água gelada vazão variável em todo sistema, porém, com as bombas
de cada Chiller, um medidor de vazão. Esses dimensionadas para atender aos equipamentos usu-
elementos irão garantir a vazão mínima (contro- ários em série com os Chillers. Ou seja, diferentemente
lando a válvula do bypass) em cada Chiller; do sistema anterior, os Chillers estão instalados antes
da sucção das bombas de água gelada.
▶ Síndrome de Baixo ∆T – esse sistema é o que
sofre menor impacto e o que permite maior Outra diferença do sistema anterior é que o
adequação (na configuração do controle) para trecho de bypass (na sucção das bombas de água
remediar este efeito. A “cura”, porém, sempre gelada principais) possui uma bomba auxiliar, que é
será por meio de um programa de otimização acionada apenas para evitar a vazão mínima nos
integrado, que envolve operação e manutenção Chillers e operam com vazão variável. Os equipamen-
dos vários elementos do sistema (ver item 5.3.1, tos usuários possuem válvulas de 2 vias para controle
do Volume II). de vazão de água gelada.
Figura 45 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, com vazão variável
e bombas auxiliares de vazão mínima
Fan-Coils
Chillers
83 ◀
Figura 46 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, para dois
circuitos de água gelada, com vazão variável e bombas auxiliares de vazão mínima
Fan-Coils
Fan-Coils
Chillers
As principais características desse tipo de sis- ▶ Bombas Auxiliares para Controle da Vazão
tema são: Mínima – para garantir a vazão mínima, a tubu-
lação de bypass possui um conjunto de bombas
▶ Ótimo Controle – similar ao item 8.4, porém,
auxiliares – BAGX – (uma operante e uma reserva).
com a grande vantagem de controle quando
houver vários circuitos paralelos de distribuição A BAGX permanece quase sempre desligada,
de água gelada, conforme ilustrado na Figura 46. permitindo a variação da vazão total no sistema
Esse tipo de sistema permite que seja instalado em função da variação da carga térmica. Para
um conjunto de bombas para cada circuito, e evitar a operação do(s) Chiller(s) em funcionamen-
cada um deles com controle de pressão diferen- to abaixo da vazão mínima, a BAGX é acionada de
cial (e vazão) independente. No retorno, todos modo a garantir a vazão mínima do(s) Chiller(s)
os circuitos independentes se unem em um em funcionamento e ao mesmo tempo o contro-
barrilete, e o fluxo total de água gelada segue lador de vazão do sistema continua controlando
para os Chillers. Nesse caso, a vazão atual nos a(s) BAGM(s) para atender a vazão necessária para
Chillers também é variável, igual à vazão total dos a carga térmica atual do sistema.
circuitos de água gelada que atendem os equi- Essa condição pode acontecer quando o sistema
pamentos usuários; opera com baixa carga térmica ou no momento
▶ Menor consumo de energia no sistema de de transição para a entrada do próximo Chiller na
água gelada – Similar ao sistema do item 8.5, sequência de operação, devido ao aumento da
com resultados de consumo de energia anual carga térmica. A aplicação de uma bomba permite
até 40% menor do que os tipos de sistemas dos a operação em ampla faixa de controle de vazão,
itens 8.1 e 8.2; desde 100% a 5% da vazão de projeto da BAGX;
▶ 84
▶ Controle de Vazão nos Chillers – é necessário de funcionamento ou mesmo o desligamento dos
instalar no circuito de água gelada de cada Chiller Chillers. Durante a operação com termoacumulação,
um medidor de vazão, que, por meio do controle apenas as bombas de água gelada permanecem em
de vazão na BAGX, garantirá a vazão mínima em funcionamento para circulação de água gelada entre
cada Chiller; os tanques e os equipamentos usuários, proporcio-
nando em alguns casos a redução substancial da
▶ Síndrome de Baixo ∆T – esse tipo de sistema
demanda contratada e do consumo de energia elé-
sofre menor impacto e permite maior adequação
trica no período de ponta.
(na configuração do controle) para remediar esse
efeito. A “cura”, porém, sempre será por meio de Eventualmente, alguns sistemas são dimensio-
um programa de otimização integrado que en- nados para completar a carga térmica necessária
volve operação e manutenção dos vários ele- durante o período de pico de carga, durante o alto
mentos do sistema (ver item 5.3.1, do Volume II). verão. Nesse caso, os tanques de termoacumulação
possuem maior volume e os Chillers são dimensio-
nados para uma menor capacidade. Esaa proposta
8.6 SISTEMAS DE tende a diminuir a demanda contratada também no
período de fora de ponta. No entanto, esse tipo de
TERMOACUMULAÇÃO solução deve ser cuidadosamente analisada e é
O sistema de água gelada pode operar em imprescindível a instalação de um Chiller reserva.
conjunto com um sistema de termoacumulação, que Os tipos de sistemas de termoacumulação mais
é constituído por um ou mais tanques com grandes comuns são os seguintes:
volumes para a acumulação de energia térmica em
baixa temperatura.
85 ◀
retorno, o fluxo de “água quente” sai do anel superior de água gelada passa pelo tanque que vai acumu-
(topo do tanque) e volta para a entrada dos Chillers. lando água gelada e o retorno que sai do anel supe-
rior do tanque de termoacumulação se junta com a
No período de ponta da tarifa de energia elé-
vazão de retorno do circuito secundário para a suc-
trica, com os Chillers e BAGPs desligados, natural-
ção das BAGPs.
mente as BAGSs em funcionamento succionam
água gelada do inferior do tanque (com baixa Se a vazão no circuito secundário for maior que
temperatura – a mesma temperatura de saída dos a vazão no circuito primário, a diferença de vazão sai
Chillers). O fluxo de água gelada é enviado aos da parte inferior do tanque, que se mistura com o
equipamentos usuários, e o retorno de água “quen- fluxo do circuito primário da saída dos Chillers para
te” volta para o anel superior, que vai se aquecendo a sucção das BAGSs. Nessa condição, o tanque volta
(“descarregando”) e se acumulando nos anéis a ser “descarregado”. O fluxo de retorno dos equi-
subsequentes abaixo. pamentos usuários segue para as BAGPs, mas o
excesso retorna para o anel superior do tanque de
Com o tanque instalado na tubulação de bypass
termoacumulação.
entre os circuitos primário e secundário, durante o
período normal de funcionamento do sistema de A Figura 47 apresenta um fluxograma esque-
resfriamento, se a vazão no circuito primário for mático de um sistema com termoacumulação de
maior que a do circuito secundário, então o excesso água gelada.
Figura 47 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secundário
e termoacumulação de água gelada
Fan-Coils
Bypass Livre
Chillers
▶ 86
A única desvantagem desse sistema é que utiliza que haja um sistema de automação bem confi-
apenas o calor sensível da água (resfriamento e gurado para que possa gerenciar e tomar deci-
aquecimento da massa de água no interior do sões para evitar tais desvios.
tanque), o que irá requerer um volume de água
muito maior (cerca de sete vezes), quando compa-
rado com o sistema de termoacumulação de gelo, 8.6.2 TERMOACUMULAÇÃO DE GELO
que utiliza o calor latente da água (solidificação e
Os sistemas com termoacumulação de gelo
fusão). Por essa razão, é mais difícil conceber siste-
utilizam o calor latente de fusão da água como a
mas de termoacumulação de água gelada em edi-
fonte de armazenamento de energia térmica, o que
fícios, uma vez que a altura do edifício irá impor
reduz o volume dos tanques de termoacumulação,
uma pressão elevada no tanque. Existem algumas
porém requer que os Chillers operem em condições
soluções para essa limitação, mas que não são
diferentes, com temperaturas mais baixas (em
aplicadas no Brasil.
torno de -6 ºC) durante o período de termoacumu-
O sistema com termoacumulação de água ge- lação (fabricação de gelo).
lada com circuito primário e secundário apresenta
Os sistemas mais utilizados são os seguintes:
as mesmas características do sistema do item 8.3.
Portanto, serão adicionadas apenas algumas parti- ▶ Ice Balls – normalmente utilizam um ou dois
cularidades, conforme a seguir: tanques de grande volume, com centenas de
milhares de Ice Balls (esferas herméticas, com
▶ Ótimo Controle – a partir do conhecimento do
cerca de 100 mm de diâmetro, contendo água
perfil operacional do sistema pela equipe de
destilada) soltas no seu interior. O volume dos
engenharia de operação, é possível otimizar o
tanques é preenchido tipicamente com solução
controle de sequência de operação dos Chillers.
anticongelante de água e etileno glicol a 25% em
▶ Menor consumo de energia no sistema de peso, que possui um ponto de início de conge-
água gelada – esse sistema pode ser bem mais lamento a -11,5 ºC e é o fluido que circula por
econômico, com resultados de consumo anual todo sistema de água gelada.
de até 50% menor que os sistemas dos itens 8.1
No processo de produção de gelo, a solução de
e 8.2. Em algumas aplicações, pode ser otimi-
glicol circula em baixa temperatura (em torno de
zado ao longo do ano e ajustado para que, em
-6 ºC) pelo tanque, congelando a água no interior
dias com temperaturas externas mais amenas,
das Ice Balls.
os Chillers operem apenas no período noturno
carregando o tanque, com melhor COP (por No processo de “queima” de gelo, a solução de
causa da temperatura de água de resfriamento glicol que retorna dos equipamentos usuários
mais baixa). No período diurno, o tanque de (em torno de +12 ºC), circula pelo tanque fundin-
termoacumulação atende plenamente o siste- do o gelo no interior das Ice Balls.
ma. Isso reduz a operação dos Chillers em car-
▶ Tanques com Serpentinas – Sistema desenvol-
gas muito reduzidas e/ou funcionamento
vido pela Calmac (EUA), que utiliza dezenas de
intermitente por baixa carga.
tanques de menor volume com serpentinas
▶ Síndrome de Baixo ∆T – O efeito da síndrome flexíveis de polietileno, imersas em água (da rede
de baixo ∆T em um sistema de termoacumula- de abastecimento). No interior das serpentinas,
ção de água gelada pode ser um grave problema, circula solução de água e etileno glicol a 25% em
pois com o excesso de vazão nas BAGSs haverá peso, que é o fluido que circula por todo sistema
um “descarregamento” natural de água gelada de água gelada.
do tanque, enquanto que os Chillers trabalham
No processo de produção de gelo, a solução de
com carga reduzida. Isso pode provocar um
glicol circula em baixa temperatura (em torno de -6
descarregamento total do tanque até mesmo
ºC) no interior das serpentinas imersas nos tanques,
antes do início do horário de ponta, o que poderá
congelando a água no interior dos tanques.
resultar na necessidade de funcionamento dos
Chillers no horário de ponta aumento conside- No processo de “queima” de gelo, a solução de
rável na conta de energia. Portanto, é essencial glicol que retorna dos equipamentos usuários
87 ◀
Figura 48 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secundário
e termoacumulação de gelo
Fan-Coils
Bypass Livre
Chillers
(em torno de +12 ºC), circula no interior das da temperatura de saída de solução de glicol dos
serpentinas imersas nos tanques fundindo o gelo Chillers típico de 6 ºC. No período noturno, os Chillers
no interior dos tanques. atendem os tanques de termoacumulação de gelo,
durante o período de fabricação de gelo (Modo
Fabricação de Gelo), com setpoint da temperatura de
A Figura 48 apresenta um fluxograma esquemático saída de solução de glicol dos Chillers em -6 ºC.
de um sistema com termoacumulação de gelo. O ar- As BAGPs atendem aos Chillers e os tanques de
ranjo é o de duplo circuito, com as bombas primárias termoacumulação de gelo (em série com os Chillers)
atendendo os Chillers e os tanques de gelo, e as bombas durante a fabricação (congelamento) e “queima”
secundárias atendendo os equipamentos usuários. (fusão) de gelo.
Em sistemas típicos de ar condicionado, os Durante o período da tarifa de ponta (Modo
Chillers operam com duplo setpoint de controle de Queima de Gelo), os Chillers são mantidos desligados
temperatura de saída da solução de glicol. No perí- e apenas as bombas de água gelada operam. As
odo normal de operação (Modo Ar Condicionado), BAGSs continuam atendendo os condicionadores de
os Chillers atendem o circuito secundário de água ar e as BAGPs (com a solução de glicol circulando
gelada do sistema de ar condicionado, com setpoint pelos Chillers desligados, sem nenhum resfriamento,
▶ 88
e em série) atendem aos tanques de gelo, descon- (variável entre 8 ºC e 13 ºC) até o valor do setpoint de
gelando o gelo dos tanques e resfriando a solução solução de glicol que alimenta o circuito secundário
de glicol que retorna dos condicionadores de ar para os condicionadores de ar (6 ºC).
89 ◀
9 RETROFIT DE SISTEMAS OBSOLETOS
91 ◀
Tabela 21 – Requisitos mínimos de eficiência energética para vários tipos de Chillers, estabelecidos
pelo ASHRAE Standard 90.1 – comparação entre as versões 1989 e 2013
▶ 92
e as alterações necessárias para a transformação do Também foram otimizadas as Bombas de Água
sistema com circuito primário e secundário para cir- de Resfriamento (BACs) e substituídos os enchimen-
cuito único variável, mantendo as Bombas do Circuito tos e ventiladores das Torres de Resfriamento au-
Secundário de Água Gelada (BAGSs) como Bombas mentando a eficácia das Torres. Finalmente, um novo
Principais do Circuito Único de Água Gelada (BAGMs). sistema de automação foi implantado.
93 ◀
10 SISTEMAS DE ÁGUA GELADA EFICIENTES SEM CFC OU
HCFC – BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
Com os recentes desafios na busca de fluidos ▶ B2L – Alta toxicidade e inflamabilidade com baixa
frigoríficos com baixo GWP (potencial de aquecimen- velocidade de propagação de chama;
to global menor que 300 ou menor que 150 em al- ▶ A3 – Baixa toxicidade e inflamabilidade com alta
gumas propostas de redução), as melhores velocidade de propagação de chama.
alternativas exigem restrições de uso. Algumas
apresentam índices de toxicidade elevadas (ex.
Amônia), e outras são inflamáveis (hidrocarbonetos Ainda não há uma solução final, mas já é con-
e os sintéticos HFOs, que são HFCs não saturados). senso geral no desenvolvimento de novas tecnologias
que, independentemente de quais sejam os novos
O Gráfico 2 indica algumas alternativas para
fluidos, a carga total do fluido frigorífica no sistema
substituição de HFCs e do HCFC-22, com indicação
deverá ser muito reduzida.
dos valores de GWP e a classificação do fluido quanto
aos aspectos de segurança, conforme o ANSI/ASHRAE Os sistemas de água gelada apresentam a menor
Standard 34-2013. carga de fluido refrigerante em relação à capacidade
Gráfico 2 – Alternativas para substituição do HCFC R-22 e de HFCs, com os valores de GWP e a classificação do
fluido quanto aos aspectos de segurança
95 ◀
total (fluido restrito apenas à central de água gelada). A maioria dos fabricantes de Chillers dispõe de
Além disso, já estão disponíveis Chillers com cargas linhas comerciais com fluidos frigoríficos de baixo
da ordem de 10 a 15 vezes menores que Chillers GWP para diversos tipos de equipamentos, destina-
convencionais e 50 vezes menores que sistemas de dos principalmente ao mercado europeu, onde os
expansão direta. requisitos de legislações demandam a aplicação de
Esse é um requisito pouco observado no Brasil, mas fluidos com esta característica. A Tabela 23 indica
que deverá se intensificar nos próximos anos, durante algumas opções de fluidos para os vários tipos de
a busca por novas soluções com fluidos de baixo GWP. equipamentos.
▶ 96
97 ◀
11 GLOSSÁRIO
▶ Approach – a melhor tradução do inglês seria toxicidade, índices de inflamabilidade, COP do
aproximação. No evaporador de um Chiller, o ciclo, pressões de operação, ODP, GWP e misci-
approach indica o diferencial entre a temperatura bilidade com o óleo lubrificante. Muitos blends
de saída de água gelada e a temperatura de foram desenvolvidos como fluidos de drop-in, ou
evaporação do fluido refrigerante. No conden- seja, fluidos com características operacionais
sador, indica o diferencial entre a temperatura similares (mesma faixa de operação e índices de
de condensação do fluido refrigerante e a tem- COP) que podem ser utilizados para substituição
peratura de saída de água de resfriamento. O direta de um fluido que deve ser eliminado (CFC,
approach pode ser aplicado para qualquer tro- HCFC ou HFC) de um sistema de refrigeração
cador de calor incluindo torres de resfriamento existente, mas que não exija grandes interven-
e condicionadores de ar. Ver item 6.2 do Volume ções ou adequações nos equipamentos e seus
I e item 5.2 do Volume II. componentes. Normalmente envolve apenas a
▶ BAC – sigla para bomba do circuito de água de troca do óleo lubrificante e elementos de veda-
resfriamento que atende um Chiller com conden- ção. Os blends podem ser misturas zeotrópicas
sação a água e sua respectiva torre de resfria- ou azeotrópicas. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e Figura
mento de um sistema de água gelada. Ver itens 33 do Volume I.
6.4 e 6.5 do Volume I. ▶ Blends Azeotrópicos – são misturas de fluidos
▶ BAGM – sigla para bomba do circuito principal refrigerantes que se comportam como substância
de água gelada dimensionada para atender aos pura durante os processos de mudança de fase
equipamentos usuários em série com os Chillers (evaporação ou condensação). A principal carac-
em um sistema de água gelada do tipo circuito terística é a temperatura constante durante o
único com vazão de água gelada variável. Ver processo de mudança de fase à pressão constan-
item 8.5 do Volume I. te. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e Figura 33 do Volume I.
▶ BAGP – sigla para bomba do circuito primário de ▶ Blends Zeotrópicos – são misturas de fluidos
água gelada que atende um Chiller de um sistema refrigerantes que não se comportam como
de água gelada com circuito primário e secundá- substância pura durante os processos de mudan-
rio de água gelada. Ver item 8.3 do Volume I. ça de fase (evaporação ou condensação). No
processo de evaporação, a temperatura inicial
▶ BAGS – sigla para bomba do circuito secundário (ponto de ebulição) de cada um dos componentes
de água gelada que atende os equipamentos da mistura será em função da pressão parcial de
usuários (condicionadores de ar e demais troca- vapor de cada componente (resultante da fração
dores de calor) de um sistema de água gelada
molar). Assim, durante o processo de evaporação
com circuito primário e secundário de água ge-
há uma variação de temperatura – chamada de
lada. Ver item 8.3 do Volume I.
glide – que é a diferença de temperatura entre o
▶ BAGX – sigla para bomba auxiliar para garantir final da evaporação (ponto de orvalho) do último
a vazão mínima de água gelada requerida em componente da mistura a evaporar e o início da
um ou mais Chillers de um sistema de água ge- evaporação (ponto de ebulição) do primeiro
lada do tipo circuito único com vazão de água componente da mistura a evaporar. No final do
gelada variável. Ver item 8.5 do Volume I. processo, para a evaporação completa do último
componente da mistura é necessário que os de-
▶ Blends – termo em inglês que significa misturas.
mais componentes já estejam na fase de vapor
São misturas de dois ou mais fluidos refrigeran-
superaquecido. No processo de condensação o
tes que tem como o objetivo melhorar algumas
comportamento é o inverso. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2
das características dos componentes que even-
e Figura 33 do Volume I.
tualmente pudessem limitar o seu uso em de-
terminadas aplicações. Dentre as características ▶ BMS ou BAS – siglas do inglês para Building
a serem melhoradas, as principais são: níveis de Management System ou Building Automation System,
99 ◀
refere-se ao sistema de automação predial ou o ra. Trata-se de uma alternativa mais barata, mas
sistema de supervisão predial incluindo o sistema que normalmente resulta em desconforto para
de automação que controla e monitora a opera- os usuários da zona térmica atendida. Ver item
ção de um sistema de ar condicionado. 4.1.5 do Volume III.
▶ BoD – sigla do inglês para Bases of Design – Bases ▶ Caixa de VAV – caixa de volume de ar variável,
do Projeto – documento da equipe de projeto que ou com controle contínuo de vazão de ar insta-
reflete o OPR e tem como objetivo atender e lada em uma rede de dutos para distribuição de
cumprir os itens descritos no documento de OPR ar controlada aos elementos de difusão de um
previamente elaborado, incluindo os requisitos, ambiente ou uma determinada zona térmica. O
as necessidades, limitações, diretrizes e mesmo controle de vazão de ar na caixa de VAV é reali-
os desejos do cliente para os vários aspectos re- zado por um sensor de temperatura do ar am-
levantes do projeto. Ver item 3.2.1 do Volume II. biente instalado na zona térmica atendida. Ver
item 4.1.5 do Volume III.
▶ Brine – termo em inglês que significa salmoura.
Fluido secundário alternativo à água gelada, ▶ CFR – documento com os requisitos atuais do
utilizado normalmente em sistemas com tempe- sistema (do inglês Current Facility Requirements)
ratura de saída do Chiller muito próximas ou – é um dos principais documentos de todo o
abaixo de 0.0ºC. Os brines podem ser do tipo processo de retrocomissionamento, onde todos
substâncias puras (óleos sintéticos) ou soluções os requisitos atuais do sistema são estabeleci-
aquosas. No passado, os brines eram realmente dos. Ver item 3.1.1 do Volume III.
salmouras, misturas que utilizavam água e clo- ▶ clo – unidade de medida no SI para o índice de
reto de sódio ou cloreto de cálcio, mas por serem vestimenta de uma pessoa e relaciona a resis-
muitos corrosivos não são mais utilizados. Os tência térmica média à troca de calor do corpo
brines mais comuns em sistemas de água gelada humano com o ambiente, causada pela vesti-
são soluções aquosas com etileno glicol, propi- menta do usuário – 1 clo = 0,155 m²K/W. Ver item
leno glicol, etanol, formato de potássio ou ace- 1.2.1 do Volume II.
tato de potássio.
▶ COP – sigla do inglês para Coefficient Of
▶ Bubble point – termo em inglês que significa Performance – coeficiente de desempenho. O
ponto de ebulição. Durante o processo de aque- COP de um Chiller com ciclo de compressão de
cimento de um determinado fluido refrigerante vapor, em termos práticos é a relação entre a
(ou um blend) na fase líquida, à pressão constan- capacidade de resfriamento do Chiller e a potên-
te, é a temperatura na qual surge a primeira cia absorvida pelos motores dos seus compo-
bolha de vapor. É o ponto inicial do processo de nentes. Nos Chillers com ciclo de absorção, a
evaporação do fluido refrigerante. Ver itens 4.1.1 equação do COP indica a relação entre a capaci-
e 4.2.2 e Figura 33 do Volume I. dade de resfriamento e a potência (calor) de
▶ CAG – sigla para Central de Água Gelada. Sala de geração somada à potência de bombeamento
máquinas principal de um sistema de água gelada da solução. Ver item 5.1 do Volume I.
onde estão instalados os Chillers, bombas e painéis ▶ Cx – sigla para o termo comissionamento. Ver
elétricos dos equipamentos. Em sistemas com item 3.0 do Volume II.
condensação a água, as torres de resfriamento são
▶ Demister – é um dispositivo instalado em um
instaladas em área ao ar livre adjacente ou remota.
separador de líquido (por exemplo, de um eva-
Em sistemas com condensação a ar, normalmente
porador de um Chiller) para aumentar a remoção
a CAG é locada em área ao ar livre.
de gotículas de líquido arrastadas (ou a retenção
▶ Caixa de VAC – caixa de volume de ar constante de gotículas de líquido) em um fluxo de vapor.
ou sem controle de vazão, apenas com função Pode ser uma malha com elemento coalescente
On/Off, ou seja 100% aberta ou totalmente fe- ou qualquer outra estrutura destinada a agregar
chada (0%). Instalada em uma rede de dutos a névoa em gotículas e garantir separação do
para distribuição de ar em um ambiente ou zona fluxo de vapor. Nos separadores de líquido dos
térmica que não possua controle de temperatu- evaporadores dos Chillers, a função principal do
▶ 100
demister é evitar o arraste de líquido refrigerante pressão e temperatura intermediária. Após a
para a sucção do compressor. A aplicação do expansão, a parcela de fluxo é evaporada no
demister reduz o tamanho do separador de líqui- outro lado do trocador de calor e o vapor segue
do. Ver item 4.1.1 do Volume I – Figuras 19 e 20. para um ponto intermediário do processo de
compressão. A entalpia do líquido sub-resfria-
▶ Dew point – termo em inglês que significa ponto
do na saída do economizador é bem menor
de orvalho. Durante o processo de resfriamento
que a entalpia do líquido da saída do conden-
de um determinado fluido refrigerante (ou um
sador. Assim, o efeito de refrigeração no ciclo
blend) na fase de vapor superaquecido, à pressão
é maior, sem diminuição da vazão em massa
constante, é a temperatura na qual surge a pri-
do fluido refrigerante na sucção do compres-
meira bolha de líquido. É o ponto inicial do
sor. O aumento de vazão em massa ocorre
processo de condensação do fluido refrigerante.
somente no ponto intermediário da compres-
Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e Figura 33 do Volume I.
são, com a injeção do fluxo de vapor provenien-
▶ Economizer ou Economizador – é um compo- te do economizador. Ver Figura 10 do item 3.1.5
nente adicional aplicado ao ciclo para aumentar do Volume I.
a capacidade de um sistema de refrigeração (ver
item 3.1.5 do Volume I). O economizador pode ▶ Fan Coil – condicionador de ar constituído de
ser de dois tipos: uma serpentina de resfriamento de ar que utiliza
água gelada como meio de resfriamento e um
▷ Economizador Aberto – trata-se de um conjun- ventilador para circulação do ar na serpentina e
to de um dispositivo de expansão com um vaso distribuição para a área a ser condicionada, que
separador de líquido, instalados após o processo pode ser por meio de uma rede de dutos ou
de condensação. O dispositivo de expansão di- diretamente na área através de um plenum. Os
minui a pressão de todo fluxo de fluido refrige- elementos de controle podem ser desde um
rante líquido do ciclo até um valor intermediário termostato no ambiente até uma malha mais
provocando a geração de vapor e a diminuição complexa envolvendo controle de vazão de água
da temperatura do fluido. No separador de lí- gelada, vazão de ar, temperatura de insuflação
quido, a fase vapor segue para um ponto inter- e umidade do ar.
mediário do processo de compressão (vários
compressores permitem esta admissão de vapor ▶ Glide – o termo em inglês indica uma inclinação
no meio da compressão), enquanto que a fase suave em um processo. Ocorre em misturas
líquida (em uma temperatura menor que a zeotrópicas de fluidos refrigerantes. No processo
temperatura de condensação) segue para o de evaporação, é a diferença de temperatura
dispositivo de expansão principal e para o eva- entre o final da evaporação (ponto de orvalho)
porador. Neste processo, a entalpia do líquido do último componente da mistura a evaporar e
que sai do economizador é bem menor que a o início da evaporação (ponto de ebulição) do
entalpia do líquido da saída do condensador. primeiro componente da mistura a evaporar. No
Assim, o efeito de refrigeração no ciclo é maior, processo de condensação, é a diferença de
sem diminuição da vazão em massa do fluido temperatura entre o início da condensação
refrigerante na sucção do compressor. O aumen- (ponto de orvalho) do primeiro componente da
to de vazão em massa ocorre somente no ponto mistura a condensar e o final da condensação
intermediário da compressão, com a injeção do (ponto de ebulição) do último componente da
fluxo de vapor proveniente do economizador. mistura a condensar. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e
Figura 33 do Volume I.
▷ Economizador Fechado – nesse caso é aplica-
do um trocador de calor adicional para inten- ▶ IEQ – sigla do inglês para Indoor Environmental
sificar o processo de sub-resfriamento do Quality – Qualidade do Ambiente Interno, abran-
líquido antes do dispositivo de expansão ge as condições dentro de um edifício tais como
principal. Para promover o sub-resfriamento qualidade de ar, conforto térmico, iluminação,
extra no trocador de calor, uma parte do fluxo ergonomia, segurança, acessibilidade, e seus
de líquido é desviada para um dispositivo de efeitos sobre os ocupantes ou residentes. As
expansão auxiliar, onde é reduzida a uma estratégias para abordar o IEQ incluem aquelas
101 ◀
que protegem a saúde humana, melhoram a de carga parcial fora do padrão (do inglês, Non-
qualidade de vida e reduzem o estresse e lesões Standard Part Load Value), ou seja, para condições
potenciais. Melhor qualidade do ambiente inter- de operação de projeto diferentes das apresen-
no melhora a vida dos ocupantes do edifício. tadas para o cálculo do IPLV, que são as condi-
Normalmente se mantém a sigla do inglês IEQ, ções padrão. O NPLV é utilizado para testes em
pois em português ficaria QAI, sigla já aplicada fábrica apenas. Ver item 5.3 do Volume I.
para Qualidade do Ar Interior.
▶ OPR – documento de requisitos de projeto do
▶ Impeller – é o elemento rotativo ou rotor de um proprietário (do inglês, Owner’s Project
compressor centrífugo. Em português, o termo, Requirements). O OPR é o principal documento de
raramente utilizado, é impulsor. todo o projeto, uma espécie de carta magna, onde
▶ Incondensáveis – são componentes gasosos todos os requisitos do proprietário (que podem
adicionais a um determinado fluido refrigerante incluir os requisitos dos usuários e demais parti-
no circuito de refrigeração (normalmente indese- cipantes do edifício ocupado) são estabelecidos,
jáveis), que se agregam ao fluido em sua fase vapor e que servirá de base para o desenvolvimento de
e são comprimidos, mas que não se condensam e todo o projeto. Ver item 3.1 do Volume II.
ficam retidos na parte superior do condensador ▶ OCx – sigla para o termo comissionamento
ou do recipiente de líquido. O gás incondensável contínuo (do inglês Ongoing Commissioning). Ver
mais comum é o ar, que pode ter penetrado no item 3.5 do Volume III.
circuito de refrigeração por ocasião de um serviço
de manutenção que exigiu a abertura do circuito ▶ PMOC – Plano de Manutenção, Operação e
de refrigeração, mas que ao final não se executou Controle – plano de operação e manutenção
um processo de vácuo adequado. Pode ser tam- normalmente limitado aos condicionadores de
bém Nitrogênio utilizado para quebrar o vácuo. ar e à sala de máquinas onde estão instalados,
com o objetivo de atender os requisitos de
▶ IPVL – o índice IPLV (do inglês, Integrated Part
qualidade do ar de interiores. Deveria ser apli-
Load Value – valor integrado de carga parcial) é
cado a todos os equipamentos e instalações de
definido pelo ANSI/AHRI Standard 550/590 (IP)
um sistema de ar condicionado, com objetivo de
e AHRI Standard 551/591 (SI) como o valor que
atender os requisitos de conforto, qualidade do
expressa a eficiência de um Chiller, considerando
ar e eficiência energética.
não apenas o seu desempenho em 100% de
carga, mas a média ponderada considerando a ▶ PMV – sigla do inglês para Predict Mean Vote –
sua operação em cargas parciais ao longo do ano Voto Médio Previsto – que prevê o valor médio
em condições de operação fixas pré determina- dos votos de um grande grupo de pessoas na
das. O IPLV é utilizado para testes em fábrica escala de sensibilidade térmica de sete pontos,
apenas. Ver item 5.2 do Volume I. que pode variar de -3,0 (muito frio) a +3,0 (muito
▶ Lift – termo em inglês definido como a diferença quente), com o ponto ideal igual a 0,0 (sensação
de pressão do fluido refrigerante entre a descar- neutra) e os limites de tolerância para o conforto
ga e a sucção no compressor do Chiller. Refere-se térmico entre -0,5 e +0,5. Ver item 1.2.1 do
à elevação da pressão no compressor. Ver Figura Volume II.
35 do item 6.2 do Volume I ▶ PPD – sigla do inglês para Predicted Percentage of
▶ met – unidade de medida no SI para o nível de Dissatisfied – Percentual Previsto de Insatisfeitos
atividade física das pessoas que determina a – que estabelece uma previsão quantitativa da
taxa de metabolismo dos usuários num ambien- porcentagem de usuários insatisfeitos termica-
te – 1 met = 58,2 W/m². Admitindo a superfície mente, determinadas pelo PMV, com um mínimo
média de 1,8 m² para o corpo de um adulto, 1 de 5,0% (nunca será possível agradar a todos) e
met equivale a aproximadamente 105 W. Ver o limite de tolerância de 10,0%. Ver item 1.2.1 do
item 1.2.1 do Volume II. Volume II.
▶ NPVL – referido pelos AHRI Standard 550/590 ▶ RCx – sigla para o termo retrocomissionamento.
(I-P) e AHRI Standard 551/591 (SI) como o valor Ver item 3.0 do Volume III.
▶ 102
▶ Roda entálpica – trocador de calor com elemen- que neste caso é referida como a temperatura
to rotativo aplicado em sistemas de ar condicio- de ponto de orvalho (dew point) da água no ar,
nado como recuperador de energia, com a ou seja a temperatura na qual a quantidade de
função de pré-resfriar o ar externo quando esti- água presente no ar (umidade absoluta atual)
ver mais quente e úmido que o ar de expurgo satura e começa a condensar.
rejeitado de um ambiente condicionado. Ou seja,
A temperatura de bulbo úmido está relacionada
ao invés de descartar para a atmosfera o ar de
com a entalpia do ar úmido e carece de um
expurgo de um ambiente condicionado (normal-
instrumento específico, normalmente apenas
mente com temperatura de bulbo seco entre 22
disponível em multimedidores de grandezas fí-
ºC e 25 ºC e com umidade relativa entre 45% e
sicas do ar ou estações meteorológicas. A
65%), o fluxo de expurgo passa pela roda entál-
maioria dos sensores existentes mede o ponto
pica (por exemplo, em fluxo cruzado) para res-
friamento inicial do ar externo, que passa pelo de orvalho ou TBS e UR. Como o cálculo da TBU é
lado oposto entrando com condição entálpica complexo a partir das medições apenas da TBS e
superior. Pode ser utilizada também no inverno UR, os resultados são por aproximação nem
quando aplicada em sistemas de aquecimento. sempre são precisos.
Ver Figura 11 do item 2.3 do Volume II. ▶ VFD – sigla do termo em inglês para Variable
▶ SPVL – O SPLV (sigla do inglês, System Part Load Frequency Drive. Refere-se ao inversor de frequ-
Value – valor de carga parcial do sistema), refere-se ência do motor elétrico de um equipamento. Em
à média ponderada da eficiência energética em sistemas de ar condicionado, os inversores de
cargas parciais de uma instalação real, com vários frequência podem ser aplicados aos motores dos
Chillers, com perfil de operação específico, em Chillers, bombas, ventiladores das torres de
função das características do projeto e dos horários resfriamento e ventiladores dos condicionadores
de funcionamento do sistema, em uma determina- de ar e demais ventiladores e exaustores do
da localidade, com suas condições climáticas pró- sistema. Outra sigla também utilizada é VSD, do
prias ao longo do ano. Ver item 5.4 do Volume I. termo em inglês Variable Speed Drive.
▶ TBS – Sigla para Temperatura de Bulbo Seco do ▶ VRF – sigla do termo em inglês para Variable
ar. Refere-se à temperatura do ar indicada em Refrigerant Flow – fluxo variável de fluido refrige-
um termômetro com o bulbo seco ou sensor rante – sistema de ar condicionado com expan-
com a ponta da haste seca. Quando não houver são direta do fluido refrigerante para o
nenhuma indicação específica, a temperatura do resfriamento do ar, constituído de uma ou mais
ar é a temperatura de bulbo seco. unidades condensadoras que operam em para-
lelo, porém com controle único integrado e um
▶ TBU – Sigla para Temperatura de Bulbo Úmido do conjunto de várias unidades evaporadoras para
ar. Refere-se à temperatura do ar indicada em
atender diferentes zonas térmicas de um am-
um termômetro com o bulbo suavemente mo-
biente climatizado. Cada evaporadora possui
lhado, com uma mecha envolvendo o bulbo, que
uma válvula de controle contínuo de vazão de
é mantida úmida (por capilaridade) porque a
fluido refrigerante que é controlada por um
parte de baixo da mecha fica mergulhada em um
sensor instalado na zona térmica atendida.
recipiente com água destilada. Outro detalhe
importante é a necessidade de haver uma velo- ▶ UR – Sigla para Umidade Relativa do ar. Refere-se
cidade mínima do ar que passa pelo bulbo úmido à relação entre a quantidade de água existente
do termômetro. A temperatura de bulbo úmido no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima
do ar é menor que a temperatura de bulbo seco, que poderia haver na mesma TBS (ponto de sa-
exceto na condição de 100% de umidade relativa, turação). Expressa em porcentagem (%).
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12 REFERÊNCIAS
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13 CRÉDITOS DAS IMAGENS
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AR CONDICIONADO MANUAL SOBRE SISTEMAS DE ÁGUA GELADA VOLUME I