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AR CONDICIONADO

MANUAL SOBRE SISTEMAS


DE ÁGUA GELADA

VOLUME I
CONCEITOS SOBRE CHILLERS
E SISTEMAS DE ÁGUA GELADA
Presidência da República
Michel Temer

Ministério do Meio Ambiente


José Sarney Filho

Secretaria Executiva
Marcelo Cruz

Secretaria de Mudança do Clima e Florestas


Everton Frask Lucero
ministério do meio ambiente
secretaria de mudança do clima e florestas
departamento de monitoramento, apoio e fomento de ações em mudança do clima
coordenação-geral de proteção da camada de ozônio

AR CONDICIONADO
Manual sobre Sistemas de Água Gelada
Volume I

Conceitos sobre Chillers e Sistemas de Água Gelada

mma
Brasília, 2017
Departamento de Monitoramento, Apoio e Implementação do Projeto BRA/12/G77
Fomento de Ações de Mudanças do Clima Programa das Nações Unidas para o
Adriano Santhiago de Oliveira Desenvolvimento – PNUD
Unidade de Implementação e Monitoramento,
Coordenação-Geral de Proteção da Camada Protocolo de Montreal
de Ozônio Setor de Embaixadas Norte, Quadra 802, Conj. C, Lote 17
Magna Leite Luduvice Brasília-DF, CEP: 70800-400
Tel: (61) 3038-9007
Coordenação da Atividade www.protocolodemontreal.org.br
Ana Paula Pinho Rodrigues Leal
Frank Edney Gontijo Amorim Empresa Contratada para Execução
Marina Lopes Ribeiro Somar Engenharia Ltda
Tel: (11) 3763 6964/ 3719 0932
Elaboração
Leonilton Tomaz Cleto Revisão
Sarah de Oliveira Santana
Colaboração
Alex Marques da Silva Arte da Capa
Cleonice Soares de Araújo Sara Mota Ribeiro
Gabriela Teixeira Rodrigues Lira
Maurício Salomão Rodrigues Diagramação
Tatiana Lopes de Oliveira Emille Catarine Rodrigues Cançado
Renata Ranielle Marinho de Sousa
Coordenação do Projeto BRA/12/G77
Secretaria de Mudança do Clima e Florestas
Departamento de Monitoramento, Apoio e Fomento
de Ações em Mudança do Clima
Coordenação-Geral de Proteção da Camada de Ozônio
SEPN 505, Lote 2, Bloco B, Ed. Marie Prendi Cruz
CEP: 70.730-542 – Brasília-DF
Telefone: (61) 2028-2272
ozonio@mma.gov.br
www.mma.gov.br/ozonio

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação - CIP

B823a Brasil. Ministério do Meio Ambiente.


Ar condicionado : manual sobre sistemas de água gelada : con-
ceitos sobre chillers e sistemas de água gelada / Ministério do Meio
Ambiente, Secretaria de Mudança do Clima e Florestas, Departamento
de Monitoramento, Apoio e Fomento de Ações em Mudança do
Clima. – Brasília, DF: MMA, 2017. 3 v.
109 p. : il. (algumas color). ; gráficos ; v. 1.
ISBN: 978-85-7738-337-5
1.Refrigeração de ar condicionado. 2.Sistema de água gelada.
3.Sistema chillers. 3.Refrigeração. 4.Eficiência energética. 5.Benefícios
ambientais. I.Secretaria de Mudança do Clima e Florestas. II.
Departamento de Monitoramento, Apoio e Fomento de Ações em
Mudança do Clima. III.Título.
CDU: 502.1:614.72
Ministério do Meio Ambiente
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que a parte reproduzida seja atribuída ao Ministério do Meio Ambiente e ao Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desenho esquemático dos primeiros Chillers, com o compressor montado sobre o con- 16
densador, com conexões de sucção e descarga na horizontal

Figura 2 – Chillers produzidos em 1927, com sucção e descarga na vertical, com um damper de regu- 17
lagem na entrada e utilizando Cloreto de Metila (R-30)

Figura 3 – Reuben Trane (à esquerda) e associados observam o protótipo do Turbovac 17

Figura 4 – Ciclo de compressão a vapor de um Chiller 21

Figura 5 – Processo de evaporação em um Chiller 22

Figura 6 – Processo de compressão em um Chiller 23

Figura 7 – Processo de condensação em um Chiller 24

Figura 8 – Processo de expansão em um Chiller 25

Figura 9 – Ciclo de Refrigeração de um Chiller com compressor centrífugo de duplo estágio utilizando 26
economizador do tipo aberto (open flash)

Figura 10 – Diagrama Pressão vs. Entalpia e fluxograma esquemático do ciclo de refrigeração de um 27


Chiller com compressor parafuso e trocadores a placas utilizando economizador do tipo
fechado

Figura 11 – Fluxograma esquemático de Chiller com ciclo de absorção de simples efeito 28

Figura 12 – Diagrama de Oldham – Chiller com ciclo de absorção de simples efeito 28

Figura 13 – Diagrama de Oldham – Carta de equilíbrio para Chiller com ciclo de absorção de simples 29
efeito com solução LiBr-H2O

Figura 14 – Fluxograma esquemático de Chiller com ciclo de absorção de duplo efeito utilizando 31
como fonte de calor a queima direta de combustível

Figura 15 – Diagrama de Oldham de Chiller com ciclo de absorção de triplo efeito 32

Figura 16 – Fluxograma esquemático dos três geradores de um Chiller com ciclo de absorção de 33
triplo efeito

Figura 17 – Perfis típicos de temperaturas ao longo do trocador em um evaporador inundado e a 35


equação do ∆TML

Figura 18 – Evaporador Shell-&-Tube inundado 36

Figura 19 – Evaporador Shell-&-Tube inundado, com demister no separador de líquido 37

Figura 20 – Evaporador Shell-&-Tube inundado, com demister no separador de líquido 37

Figura 21 – Evaporador a placas (EPHE) inundado 37


Figura 22 – Característica de um evaporador PHE inundado e os perfis de temperaturas ao longo do 38
trocador

Figura 23 – Evaporador Shell-&-Tube inundado 39

Figura 24 – Perfis típicos de temperaturas ao longo do trocador em um evaporador com expansão seca 39

Figura 25 – Evaporador Shell-&-Tube com expansão seca (DX).seca 40

Figura 26 – Evaporador a placas (EPHE) com expansão seca (DX) 40

Figura 27 – Perfis de temperaturas típicos ao longo do trocador em um condensador a água e a 42


equação do ∆TML

Figura 28 – Condensador Shell-&-Tube 42

Figura 29 – Condensador a placas (CPHE) 43

Figura 30 – Condensador Shell-&-Plate 43

Figura 31 – Condensador Shell-&-Tube 44

Figura 32 – Perfis reais de temperatura e variação de entalpia em um condensador a ar, utilizando 44


R-134a

Figura 33 – Comparação dos perfis de temperatura durante a condensação entre um fluido 45


refrigerante do tipo substância pura e um blend zeotrópico em um condensador a ar

Figura 34 – Curvas de Capacidade e COP de um Chiller em função das variáveis do circuito de água 66
gelada e do circuito de água de resfriamento

Figura 35 – Approach no condensador e no evaporador de um Chiller 67

Figura 36 – Válvula de 3 vias para o controle da temperatura de saída de água das torres – Arranjo 69
não recomendado

Figura 37 – Válvula de 3 vias para o controle da temperatura de saída de água das torres – Arranjo 70
não recomendado

Figura 38 – Solução recomendada – Instalar inversores de frequência nos motores dos ventiladores 70
das torres de resfriamento para o controle da temperatura de saída de água das torres

Figura 39 – Esquema simplificado de um sistema de ar condicionado completo com caixas do tipo 74


VAV com controle de temperatura dedicado para cada ambiente (zona condicionada)

Figura 40 – Esquema simplificado de um sistema de água gelada 74

Figura 41 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de 77
3 vias

Figura 42 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de 79
2 vias
Figura 43 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário e secundário de água 80
gelada

Figura 44 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário de água gelada com vazão 82
variável

Figura 45 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, com vazão 83
variável e bombas auxiliares de vazão mínima

Figura 46 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, para dois 84
circuitos de água gelada, com vazão variável e bombas auxiliares de vazão mínima

Figura 47 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secun- 86
dário e termoacumulação de água gelada

Figura 48 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secun- 88
dário e termoacumulação de gelo

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores típicos de coeficiente global de transferência de calor em evaporadores para di- 41
versos fluidos refrigerantes.dário e termoacumulação de gelo

Tabela 2 – Glide de vários blends zeotrópicos em processo de condensação para a temperatura de 45


ponto de orvalho de 43º C

Tabela 3 – Valores típicos de coeficiente global de transferência de calor em condensadores para 46


diversos fluidos refrigerantes

Tabela 4 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com 52
condensação a água

Tabela 5 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com 53
condensação a ar

Tabela 6 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller com con- 54
densação a água

Tabela 7 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller com con- 55
densação a ar

Tabela 8 – Limites para utilização do NPLV estabelecidos nos AHRI Standard 550/590 (I-P) e AHRI 57
Standard 551/591 (SI)

Tabela 9 – Valores dos índices a serem aplicados para o cálculo do SPLV dos Chillers de um sistema 58
de água gelada no exemplo citado

Tabela 10 – Comparação entre os valores dos índices para o cálculo do SPLV do exemplo citado e os 59
valores padrão do IPLV.IP

Tabela 11 – Comparação entre os valores de COPex e SPLVex em relação ao COP e IPLV.IP do ANSI/ 59
AHRI Standard 550/590 (IP) 2015
Tabela 12 – Taxa de vazamento anual para Chillers de diversas faixas de capacidade e para Chillers 60
com fluido refrigerante de baixa pressão

Tabela 13 – Valores de GWP para diversos fluidos refrigerantes, conforme os relatórios do IPCC 61

Tabela 14 – Valores de GWP para fluidos refrigerantes não listados nos relatórios do IPCC 61

Tabela 15 – Distribuição da geração de energia no Brasil em 01/11/2016 62

Tabela 16 – Fator médio anual de emissões de CO2 equivalente no Brasil por energia gerada 62

Tabela 17 – Fator médio anual de emissões de CO2 equivalente por energia gerada de alguns países 62

Tabela 18 – TEWI de Chillers para aplicações de ar condicionado no Brasil 63

Tabela 19 – Variação de capacidade, COP e potência absorvida de um Chiller, em função da variação 66


da temperatura de saída de água gelada

Tabela 20 – Variação de capacidade, COP e potência absorvida em função da variação da temperatura 67


de saída de água gelada

Tabela 21 – Requisitos mínimos de eficiência energética para vários tipos de Chillers, estabelecidos 92
pelo ASHRAE Standard 90.1 – comparação entre as versões 1989 e 2013

Tabela 22 – Comparação dos resultados de economia de energia entre um projeto de substituição de 93


Chillers e o mesmo projeto incluindo a otimização da CAG

Tabela 23 – Opções de fluidos refrigerantes para diversos tipos de Chillers 96

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Comparativo de potência total entre o sistema inicial e as opções de substituição 93

Gráfico 2 – Alternativas para substituição do HCFC R-22 e de HFCs, com os valores de GWP e a classificação 95
do fluido quanto aos aspectos de segurança
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13

2 BREVE HISTÓRIA SOBRE OS CHILLERS 15

3 CONCEITOS DE REFRIGERAÇÃO PARA CHILLERS 21

4 ANÁLISE DOS TROCADORES DE CALOR DOS CHILLERS 35

5 CONCEITOS DE EFICIÊNCIA LIGADOS AOS ASPECTOS DA REFRIGERAÇÃO 49

6 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS CHILLERS E AS CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO DO SISTEMA DE ÁGUA 65


GELADA

7 VARIAÇÃO DA CARGA TÉRMICA E SEUS IMPACTOS NO SISTEMA DE ÁGUA GELADA 73

8 TIPOS DE SISTEMAS DE ÁGUA GELADA 77

9 RETROFIT DE SISTEMAS OBSOLETOS 91

10 SISTEMAS DE ÁGUA GELADA E EFICIENTES SEM CFC OU HCFC – BENEFÍCIOS AMBIENTAIS 95

11 GLOSSÁRIO 99

12 REFERÊNCIAS 105

13 CRÉDITOS DAS IMAGENS 109


PREFÁCIO

O Protocolo de Montreal sobre Substâncias que


Destroem a Camada de Ozônio é um tratado
internacional que objetiva proteger a camada de
genheiros e técnicos especializados que atuam com
projeto, instalação, operação e manutenção de sis-
tema de ar condicionado de edificações públicas e
ozônio por meio da eliminação da produção e con- privadas; a publicação de materiais técnicos, a divul-
sumo das Substâncias Destruidoras do Ozônio gação de informações e a realização de quatro pro-
(SDOs). Estabelecido em 1987, este acordo entrou cessos de retrocomissionamento, sendo duas
para a história ao se tornar o primeiro tratado sobre edificações públicas e duas privadas, com o objetivo
o meio ambiente a ser universalmente ratificado por de divulgar informações e resultados motivadores
197 Estados-Partes. que aumentem o interesse por ações semelhantes.
Para auxiliar os países em desenvolvimento, em Todas essas ações têm como objetivo apresentar
1990 foi instituído o Fundo Multilateral para a procedimentos atualizados, com base nas normas
Implementação do Protocolo de Montreal (FML) que técnicas nacionais e internacionais, para o adequado
visa prover assistência técnica e financeira para o funcionamento do sistema de ar condicionado que
cumprimento dos cronogramas específicos de elimi- proporcione conforto aos usuários, sem deixar de
nação das substâncias químicas controladas. lado aspectos extremamente importantes como os
custos de operação e manutenção, a eficiência
O Brasil promulgou os textos da Convenção de
energética e a proteção ao meio ambiente.
Viena para Proteção da Camada de Ozônio e do
Protocolo de Montreal por meio do Decreto n° Esta publicação trata da utilização de Chillers em
99.280, de 06 de junho de 1990, assumindo os prazos sistemas de água gelada, destacando os principais
e compromissos estabelecidos. Desde 1988 o País conceitos adotados no setor, os componentes de
realiza ações para a proteção da camada de ozônio, uma instalação, as tipologias adotadas, a eficiência
já tendo eliminado o consumo dos CFCs (clorofluor- relacionada ao aspecto da refrigeração e da energé-
carbonos), Halon, CTC (tetracloreto de carbono) e tica, bem como das tecnologias existentes para a
brometo de metila das práticas agrícolas. realização de retrofit visando à substituição dos
Na 47ª reunião do Comitê Executivo do FML, em fluidos frigoríficos controlados pelo Protocolo de
2005, foi aprovado o desenvolvimento de um projeto Montreal, tais como o clorofluorcarbanos (CFCs) e
demonstrativo com o objetivo de aumentar o interesse hidroclorofluorcarbonos (CFCs).
pela substituição de resfriadores de líquidos (Chillers) Este material é destinado principalmente ao
com CFCs por equipamentos energeticamente eficien- aperfeiçoamento dos conhecimentos técnicos de
tes e livres dessas substâncias. Tal iniciativa deu origem engenheiros, técnicos especializados, professores,
ao Projeto Demonstrativo para o Gerenciamento estudantes e gestores de edificação no que tange ao
Integrado do Setor de Chillers (Projeto BRA/12/G77) que eficiente funcionamento de uma instalação de ar
tem como finalidade estimular projetos otimizados e
condicionado. Espera-se que os conceitos e procedi-
processos de retrocomissionamento em sistemas de
mentos apresentados aqui façam parte do dia-a-dia
ar condicionado de edifícios existentes, em busca de
do trabalho desses profissionais.
uma operação eficiente que proporcione redução de
custos e conforto ao usuário.

O projeto envolveu uma série de atividades, tais Everton Fask Lucero


como cursos e seminários para capacitação de en- Secretário de Mudança do Clima e Florestas

11 ◀
1 INTRODUÇÃO
que proporciona a menor carga de fluido refrige-
O s sistemas de água gelada são amplamente
utilizados em processos de resfriamento, sejam
destinados para aplicações de ar condicionado para
rante. Já existem sistemas com Chillers com carga
total até 50 vezes menor que sistemas com ex-
conforto térmico ou para processos industriais que pansão direta para a mesma capacidade.
incluam resfriamento e desumidificação de ar, res-
▶ Eficiência energética. Apesar do sistema de
friamento de gases, líquidos, metais, vidros, plásticos, resfriamento indireto requerer um nível de
alimentos, controle de processos com reações exo- temperatura menor (para o resfriamento da
térmicas, entre outros. água que irá resfriar o produto final), a eficiência
Os sistemas mais comuns utilizam unidades total do sistema de água gelada é maior, por
compactas para resfriamento de água gelada – os causa da eficiência dos equipamentos do sistema
chamados Chillers (termo em inglês amplamente (principalmente dos Chillers) e pela perda de
utilizado no Brasil), que são equipamentos com ciclo carga mínima no circuito de refrigeração, quando
de refrigeração completo, em circuito fechado, comparado com sistemas de expansão direta.
montados em base compacta única (skid) e que ne- ▶ Controle do processo. Os sistemas hidrônicos
cessitam apenas de interligações hidráulicas (com os proporcionam um controle mais preciso sobre
circuitos de bombeamento de água gelada e água os processos de resfriamento (principalmente
de resfriamento, quando aplicável) e interligações de resfriamento e desumidificação de ar) quando
elétricas para se integrarem ao sistema. comparados com sistemas de refrigeração com
expansão direta de fluido refrigerante, que
As principais vantagens de um sistema de água
normalmente requerem um controle extra na
gelada que utiliza Chillers são:
injeção de fluido refrigerante para garantir a
▶ Carga de fluido refrigerante reduzida. Por se proteção contra arraste de líquido para o com-
tratar de sistema de resfriamento indireto, é o pressor no ciclo de refrigeração.

13 ◀
2 BREVE HISTÓRIA SOBRE OS CHILLERS1
Em 1915, a Buffalo Forge desistiu do negócio de
O s primeiros sistemas de resfriamento de água
gelada surgiram logo no início das aplicações
dos processos de refrigeração, ainda no século XIX.
ar condicionado e Willis Carrier, juntamente com
outros seis engenheiros fundaram a Carrier
No entanto, eram verdadeiras instalações de refri- Engineering Corporation of America. Ele seguiu em
geração, com os principais componentes do circuito busca de um compressor centrífugo e de um fluido
montados independentes, normalmente de forne- refrigerante que melhor se adequassem ao desen-
cedores distintos. volvimento da tecnologia dos Chillers. Naquele tempo
as opções de fluidos existentes para sistemas de ar
A criação do conceito de Chiller está ligada à in-
condicionado esbarravam sempre nos aspectos de
venção do ar condicionado por Willis Carrier, no início
toxicidade e inflamabilidade. Após testes com várias
do século XX. Para um melhor entendimento sobre
alternativas, Carrier escolheu o Dieleno (Dicloro-
o surgimento e desenvolvimento dos Chillers, é im-
etileno – R-1130), pois era “apenas” altamente infla-
portante entender o estágio da tecnologia disponível
mável (com velocidade de chama similar à gasolina).
naquela época:
Posteriormente verificou-se que, quando inflamado,
▶ Não havia ainda as unidades de tratamento de o R-1130 produzia subprodutos tóxicos letais. Hoje
ar (air handlers); seria classificado como um fluido B3, conforme o
ANSI/ASHRAE Standard 34.
▶ As serpentinas com tubos aletados também não
existiam; Quanto ao compressor centrífugo, ao invés de
desenvolvê-lo, a Carrier buscou um fornecedor no
▶ Os ventiladores eram basicamente “moinhos de
mercado e escolheu a C.H. Jaeger Company, situada
vento” motorizados;
em Leipzig, Alemanha. Mesmo assim, muitos ajustes
▶ As instalações de refrigeração para resfriamen- e modificações foram necessários, principalmente por
to de água gelada requeriam carga de fluido causa da lubrificação para a compressão do R-1130.
refrigerante elevada, os resfriadores mais uti-
Carrier patenteou a “Máquina de Refrigeração
lizados eram do tipo Baudelot, em circuito
Carrier” em 1921 e, em maio de 1922, durante a
aberto de água gelada e Amônia era o fluido
conferência anual da American Society of
mais utilizado;
Refrigerating Engineers (ASRE – uma das associações
▶ Não havia a produção de componentes para o antecessoras da ASHRAE), o primeiro Chiller foi
circuito de refrigeração. Os sistemas eram fabri- apresentado na fábrica da Carrier, em New Jersey.
cados e montados sob encomenda.
O primeiro Chiller com compressor centrífugo foi
produzido para um processo de resfriamento de
água gelada em uma fábrica de doces, na Filadélfia.
Por volta de 1910, Carrier e sua equipe de enge-
O segundo também foi para outra fábrica de doces,
nharia na Carrier Air Conditioning Company, quando
em Boston. A Figura 1 ilustra um dos primeiros
ainda era uma divisão da Buffalo Forge Company,
Chillers. O compressor tinha uma configuração hori-
começaram a trabalhar na aplicação de compresso-
zontal, com carcaça dividida em duas partes, com as
res centrífugos, uma nova tecnologia na época. Mas
conexões de sucção e descarga na horizontal. Eram
foi Maurice LeBlanc, na França, o primeiro a desen-
acoplados diretamente a um motor elétrico, com
volver uma aplicação com compressores centrífugos
rotação de 3.600 rpm.
em ciclos de refrigeração, utilizando Tetracloreto de
Carbono – R-10 – como fluido refrigerante. No en- A partir de 1924, os Chillers centrífugos começaram
tanto, os resultados do experimento de LeBlanc se a ser fornecidos para sistemas de ar condicionado e
mostraram negativos, pois o R-10 destruiu as partes instalados em lojas de departamentos, teatros e edifí-
internas do compressor. cios comerciais. Comparados aos sistemas existentes

1
Extraído de HUSTON, M. A Brief History of Centrifugal Chillers. ASHRAE Journal v. 47 n. 12, pág. 20-29. Atlanta, dez. 2005.

15 ◀
Figura 1 – Desenho esquemático dos primeiros Chillers, com o compressor montado sobre o condensador, com conexões
de sucção e descarga na horizontal

Fonte: Midea Carrier do Brasil Ltda.

na época, os Chillers eram mais simples de operar, Ficou claro que novos fluidos refrigerantes seriam
muito compactos, mais eficientes e confiáveis. necessários para que a indústria de refrigeração
prosperasse. A Figura 2 apresenta um diagrama es-
Por volta de 1930, a Carrier já havia produzido
quemático dos primeiros Chillers utilizando R-30, além
mais de 300 Chillers para teatros e cinemas. Também
de novas melhorias tecnológicas no equipamento.
foram desenvolvidos Chillers para aplicações de
baixas temperaturas, utilizando outros fluidos se- Com o surgimento do fluido refrigerante R-11
cundários (brines), com compressores centrífugos de (Tricloro-fluor-metano), a Carrier desenvolveu em
vários estágios, e com impellers (rotores do compres- 1933 seu próprio compressor, a série Z e, pela pri-
sor centrífugo) em série. meira vez, foi introduzido um economizador para
melhoria da eficiência do ciclo de refrigeração. Com
Mas o problema do fluido refrigerante continua- a utilização do R-11 (caraterizado como um fluido
va. Embora o R-1130 pudesse ser razoavelmente A1), ocorreram os primeiros retrofits de fluido refri-
utilizado em aplicações na indústria química, em gerante, com o R-11 substituindo o R-10 e o R-30 nos
outras aplicações era muito difícil devido ao grande Chillers existentes e, a partir de então, os Chillers
risco de incêndio e à alta toxicidade. A pesquisa passaram a ser equipamentos altamente confiáveis
prosseguiu e o Cloreto de Metileno – R-30 – foi utili- e de operação segura.
zado pela primeira vez em 1926. Considerado uma
melhoria, (hoje é classificado como um fluido B2, com Outra empresa importante no início do desenvol-
índice de inflamabilidade baixo), ainda era de difícil vimento da tecnologia dos Chillers foi a Trane Company
manuseio e exigia cuidados especiais, pois podia ser Inc. (fundada em 1913), que desde 1931 já produzia
absorvido pela pele e era extremamente irritante. equipamentos para ar condicionado. Em 1937, a Trane

▶ 16
Figura 2 – Chillers produzidos em 1927, com sucção e descarga na vertical, com um damper de regulagem na entrada e
utilizando Cloreto de Metila (R-30)

Fonte: Midea Carrier do Brasil Ltda.

Figura 3 – Reuben Trane (à esquerda) e associados obser- se uniu à Buensod-Stacey (empresa criada por Alfred
vam o protótipo do Turbovac Stacey, após deixar a Carrier, em 1935, onde era vice-
-presidente de engenharia) para o desenvolvimento
de um novo conceito de Chiller, o Turbovac que foi
lançado em 1939, apresentado na Figura 3.
Este Chiller utilizava outra novidade, o R-113
(Tricloro-trifluor-etano), e seu conceito único oferecia
alguns diferenciais em relação à concorrência. Era
menor e mais fácil de operar, além de silencioso. Era
construído em dois cascos horizontais e dois com-
pressores centrífugos de dois estágios cada um. Com
o evaporador em baixo, o primeiro conjunto motor-
-compressor semi-hermético era montado no seu
interior, com a descarga acoplada diretamente à
sucção do compressor localizado no casco (superior)
do condensador.

Em 1939, a Carrier também lançou a série 17M,


em versões operando com R-11 e com R-12, com a
Fonte: The Trane Company. configuração típica de montagem que vemos até

17 ◀
hoje. O Chiller utilizava trocadores de calor do tipo 1939 York e Worthington lançam os primeiros Chillers
Shell-&-Tube, com o casco em aço carbono e o feixe com compressores centrífugos abertos (com
de tubos de cobre. O compressor era montado sobre motores elétricos em carcaça distinta), com R-11.
os cascos dos trocadores, no vão deles, com motor
1947 Inicia-se a produção de Chillers com conden-
elétrico semi-hermético (com acoplamento por en-
sação a ar, com compressores recíprocos.
grenagem) ou turbina.
1957 Surgem os primeiros Chillers com compressor
Também neste ano surgiram os Chillers com
parafuso, como alternativa mais eficiente ao
compressores centrífugos abertos, fornecidos pela
compressor recíproco.
York e pela Worthington, ambos operando com R-11.
1959 Lançamento dos Chillers com ciclo de refrige-
A seguir, um breve histórico do desenvolvimento
ração por absorção, utilizando a mistura
da tecnologia dos Chillers:
Brometo de Lítio (fluido absorvente) e Água
1921 Carrier desenvolve o primeiro Chiller, com (fluido refrigerante).
compressor centrífugo, apresentado em 1922,
Anos 60 Chillers com ciclo de refrigeração por absor-
durante a conferência da ASRE.
ção, utilizando a mistura Água (fluido absor-
1933 Carrier desenvolve seu próprio compressor vente) e Amônia (fluido refrigerante), com
(serie Z) e lança os primeiros Chillers com queima direta, com condensação a ar (pequeno
R-11. Ocorrem os primeiros retrofits de fluido porte) e condensação a água (grande porte).
refrigerante, com o R-11 substituindo o R-10
Anos 90 Chillers com compressores tipo Scroll. A
e o R-30.
maioria com condensação a ar para faixas de
1939 Trane lança o Turbovac, o primeiro Chiller com pequenas e médias capacidades.
o conceito de unidade compacta, utilizando
Anos 2000 Chillers com compressores centrífugos
R-113 como fluido refrigerante.
com mancais magnéticos, que amplia a faixa
1939 Carrier lança a série 17M, com R-11 e R-12, de uso dos compressores centrífugos para
modelo que caracterizou a configuração de pequenas e médias capacidades e viabiliza o
montagem típica dos Chillers com compresso- uso de Chillers com compressores centrífugos
res centrífugos. e condensação a ar.

▶ 18
19 ◀
3 CONCEITO DE REFRIGERAÇÃO PARA CHILLERS
ção (por onde circula o fluido refrigerante), além de
O s Chillers são equipamentos com ciclo de refri-
geração completo e podem ser classificados em
dois grupos principais:
um painel de controle.

A unidade pode ainda incluir outros elementos,


▶ Chillers com ciclo de compressão de vapor; como economizador (economizer), turbina de expan-
são e sub-resfriador de líquido (subcooler).
▶ Chillers com ciclo de absorção.
Dependendo do tipo de compressor, do fluido refri-
gerante e do condensador (a ar ou a água) serão
necessários alguns componentes auxiliares, tais
A seguir serão abordados os conceitos básicos
como recipiente de líquido, separador de líquido,
de refrigeração aplicados para Chillers, caracterizados
resfriador de óleo, separador de óleo, dispositivo de
pelos tipos de ciclos de refrigeração utilizados.
retorno de óleo, bomba de óleo, unidade de purga
de incondensáveis, dispositivos de alívio de pressão
para o fluido refrigerante e válvulas e elementos de
3.1 CHILLERS COM CICLO DE controle adicionais.
COMPRESSÃO DE VAPOR O diagrama Pressão vs. Entalpia (um dos diagra-
Os componentes básicos de um Chiller com mas de Mollier) é o mais utilizado para estudo e
compressão de vapor incluem um conjunto compres- análise dos ciclos de refrigeração com compressão
sor-motor, evaporador (resfriador de líquido), con- de vapor. A Figura 4 ilustra um diagrama Pressão vs.
densador e um dispositivo de expansão (ou Entalpia com o circuito de refrigeração básico de um
controlador de fluxo de fluido refrigerante), que in- Chiller com ciclo de compressão de vapor e cada uma
terligados formam um circuito fechado de refrigera- das etapas do ciclo indicadas no diagrama.

Figura 4 – Ciclo de compressão a vapor de um Chiller

Fonte: Q&A Designers.

21 ◀
A seguir, um descritivo do circuito de refrigeração O processo de evaporação por expansão seca
básico de um Chiller com ciclo de compressão de vapor. não requer um separador de líquido, pois o fluido
refrigerante sai do evaporador no estado de vapor
superaquecido (ponto 1’ do diagrama da Figura 5).
3.1.1 EVAPORAÇÃO Para garantir que haja vapor superaquecido na
saída do evaporador, é necessário controlar a inje-
O líquido a ser resfriado (água gelada ou brine)
ção de fluido refrigerante (mistura de líquido e va-
circula pelo interior do evaporador (resfriador), onde
por – ponto 4 do diagrama da Figura 5) no
é resfriado em processo de transferência de calor
dispositivo de expansão. O controle é realizado
pelo fluido refrigerante líquido, que evapora em uma
através de sensores de pressão/temperatura de
temperatura inferior à temperatura do líquido na
evaporação e temperatura do vapor na saída do
saída do evaporador. A evaporação do fluido refri-
evaporador de modo a manter um mínimo de su-
gerante se dá ao nível de menor (baixa) pressão do
peraquecimento (diferencial entre a temperatura
fluido refrigerante no circuito de refrigeração.
do vapor superaquecido e a temperatura de evapo-
O processo de evaporação pode ser do tipo ração do fluido refrigerante naquela pressão) na
inundado ou por expansão seca. saída do evaporador e garantir que haja apenas
vapor na sucção do compressor.
Nos evaporadores do tipo inundado o fluxo de
fluido refrigerante na saída contém apenas vapor O efeito de refrigeração (ou efeito refrigerante)
saturado (título do vapor igual a 1,0 – ponto 1 do é o diferencial de entalpia entre a saída e a entrada
diagrama da Figura 5). É necessário, porém, que haja do fluido refrigerante no evaporador. O calor trocado
um separador de líquido, de modo a garantir que, no evaporador (que nada mais é do que a capacidade
na saída do fluido refrigerante para a sucção do do Chiller) é definido pelas seguintes equações do
compressor, não haja arraste de líquido. fluido refrigerante:

Figura 5 – Processo de evaporação em um Chiller

Fonte: Q&A Designers.

▶ 22
Figura 6 – Processo de compressão em um Chiller

Fonte: Q&A Designers.

Qev = mRef · (h1 – h4) 3.1.2 COMPRESSÃO


(evaporador inundado) ou O fluido refrigerante na fase vapor segue para a
sucção do compressor, que eleva a pressão e a
temperatura do fluido (resultado do trabalho de
Qev = mRef · (h1' – h4) compressão movido pelo motor) até o nível de maior
pressão (alta) do ciclo, com descarga para a entrada
(evaporador com expansão seca)
do condensador.

O processo de compressão isoentrópico é


Onde: aquele que ocorre sem variação da entropia,
portanto um processo teórico. Na prática há per-
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na
das durante a compressão e o processo de com-
saída do evaporador. Em um Chiller, é a mesma
pressão real implica em aumento da entropia
vazão em massa na sucção do compressor.
durante o processo. A Figura 6 indica os dois
▶ h4 – Entalpia do fluido refrigerante na entrada processos de compressão.
do evaporador.
O calor de compressão é equivalente à potên-
▶ h1 – Entalpia do fluido refrigerante na saída de cia absorvida no eixo do compressor pelo motor
um evaporador inundado (título do vapor = 1,0). elétrico (fonte motriz típica para o compressor de
um Chiller) e é definido pela seguinte equação do
▶ h1' – Entalpia do fluido refrigerante na saída de
fluido refrigerante:
um evaporador com expansão seca – com vapor
superaquecido na saída. Wcp = mRef · (h2r – h1)

23 ◀
Onde: friamento (ou do ar) na saída do condensador. A
condensação se dá ao nível de alta pressão do
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na
fluido refrigerante no circuito de refrigeração e é
saída do evaporador. Em um Chiller, é a mesma
também chamado o processo de rejeição de calor
vazão em massa na sucção do compressor.
do ciclo, pois é no condensador que todo o ganho
▶ h2r – Entalpia do fluido refrigerante na descarga de energia térmica resultante da retirada de calor
do compressor. no processo de resfriamento da água gelada (no
evaporador) e do calor de compressão é transferido
▶ h1 – Entalpia do fluido refrigerante sucção do
para o meio exterior em que o elemento final será
compressor (mesmo valor da entalpia na saída
o ar externo ambiente.
do evaporador).
A Figura 7 mostra o processo de rejeição de calor
do ciclo, que é expresso como a diferença de entalpia
3.1.3 CONDENSAÇÃO entre a entrada do fluido refrigerante no condensador
(vapor superaquecido no ponto 2r – o mesmo que a
O vapor superaquecido do fluido refrigerante a
descarga do compressor) e a saída do fluido refrige-
alta pressão na saída do compressor segue para o
rante do condensador, no estado líquido saturado
condensador, onde é resfriado e condensado em
(ponto 3’) ou líquido sub-resfriado (ponto 3).
processo de transferência de calor, por um fluido de
Normalmente há um pequeno sub-resfriamento na
rejeição de calor (usualmente água ou ar atmosférico,
saída do condensador, que varia conforme o equipa-
que se aquece).
mento selecionado e as condições de operação no
A temperatura de condensação do fluido refri- condensador. O calor trocado no condensador é defi-
gerante é superior à temperatura da água de res- nido pelas seguintes equações do fluido refrigerante:

Figura 7 – Processo de condensação em um Chiller

Fonte: Q&A Designers.

▶ 24
Qcd = mRef · (h2r – h3)
3.1.4 EXPANSÃO
(quando há sub-resfriamento no condensador) ou
O fluido refrigerante condensado segue de volta
ao evaporador, passando por um dispositivo de
expansão que reduzirá a pressão ao nível baixo do
Qcd = mRef · (h2r – h3')
ciclo, provocando a evaporação parcial (flash gas) e
(quando na saída do condensador há líquido saturado) diminuindo a temperatura do fluido até a tempera-
tura de saturação naquela pressão, fechando o ciclo.
O processo de expansão é considerado isoentálpico,
Onde: ou seja, sem ganho de calor.

▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante no A Figura 8 mostra o processo de expansão do


condensador. Em um Chiller é a mesma vazão líquido no diagrama Pressão vs. Entalpia, com a re-
em massa na sucção do compressor. dução da pressão e entrada do fluido na zona bifásica
(mistura de líquido e vapor).
▶ h2r – Entalpia do fluido refrigerante na entrada
do condensador.

▶ h3 – Entalpia do fluido refrigerante líquido sub- 3.1.5 OTIMIZAÇÃO DO CICLO BÁSICO


-resfriado na saída do condensador.
Algumas modificações reduzem o efeito de flash
▶ h3' – Entalpia do fluido refrigerante líquido satu- gas para aumentar o efeito refrigerante útil, o que
rado na saída do condensador. resulta no aumento da eficiência energética do ciclo:

Figura 8 – Processo de expansão em um Chiller

Fonte: Q&A Designers.

25 ◀
Figura 9 – Ciclo de Refrigeração de um Chiller com compressor centrífugo de duplo estágio utilizando
economizador do tipo aberto (open flash)

Fonte: Q&A Designers.

▶ Sub-resfriamento do Líquido – O fluido refri- parte do fluido, em uma temperatura saturada


gerante condensado pode ser resfriado abaixo intermediária entre as temperaturas de evapo-
da temperatura de condensação (saturada), em ração e condensação. O ciclo com economizador
uma secção distinta do condensador ou em um resulta em aumento da capacidade do Chiller,
trocador de calor separado. O sub-resfriamento mas provoca um aumento da potência absorvida
reduz o flash gas e aumenta o efeito refrigerante pelo motor do compressor. Dependendo do
útil do ciclo. O sub-resfriamento do líquido no equipamento e das condições de operação, pode
interior do condensador dependerá muito do haver uma pequena variação (~2%) do COP do
diferencial entre a temperatura de condensação Chiller, para mais ou para menos. A Figura 09
e a temperatura de entrada de água de resfria- mostra o ciclo de refrigeração no diagrama
mento no condensador. A aplicação de um Pressão vs. Entalpia de um Chiller com economi-
sub-resfriador de líquido dedicado pode não ser zador aberto (open flash).
a melhor solução. Ao invés disso, com a tempe-
ratura de água de resfriamento mais baixa po-
de-se obter uma temperatura de condensação A Figura 10 mostra o ciclo de refrigeração de um
menor, o que pode resultar em melhor COP Chiller com compressor parafuso e trocadores a pla-
quando comparado a um sistema que utiliza cas, com economizador fechado. No fluxograma es-
quemático, é possível verificar a ramificação do fluxo
maior sub-resfriamento de líquido, porém com
principal no economizador para um circuito interme-
temperatura de condensação mais alta.
diário com vazão em massa m1, menor que a vazão
▶ Economizador – Esse processo pode ocorrer em principal m2. No meio da compressão até a entrada
um trocador de calor com expansão direta de do economizador, a vazão total é a soma de m1 e m2.

▶ 26
Figura 10 – Diagrama Pressão vs. Entalpia e fluxograma esquemático do ciclo de refrigeração de um Chiller com
compressor parafuso e trocadores a placas utilizando economizador do tipo fechado

Fonte: Q&A Designers.

evaporação, da mesma maneira que no ciclo de


3.2 CHILLERS COM CICLO DE
compressão a vapor.
ABSORÇÃO
A solução LiBr-H2O, com Água como fluido refri-
Chillers com ciclo de absorção, a exemplo do ciclo gerante e Brometo de Lítio como fluido absorvente é
com compressão de vapor, possuem condensador, a mais utilizada em Chillers com ciclo de absorção,
dispositivo de expansão e evaporador. O processo de porém se aplica para resfriamento de água gelada até
refrigeração nesses componentes é o mesmo como a temperatura mínima de aproximadamente 5,0 ºC.
descrito anteriormente. Como ilustrado na Figura 11, Isso ocorre porque a água como fluido refrigerante,
o ciclo de absorção não utiliza a compressão de vapor nessas condições, opera com de pressão de evapora-
para a elevação da pressão do fluido refrigerante. ção muito baixa (vácuo), de até 0,8 kPa abs e tem o
ponto triplo em 0,01 ºC (273,16 K).
O processo de elevação de pressão do fluido
refrigerante é realizado por meio de uma reação Para baixas temperaturas utiliza-se a solução
físico-química, que é a absorção do fluido refrige- Água-Amônia, com a Amônia como fluido refrigeran-
rante no estado vapor a baixa pressão (na saída do te e a Água como fluido absorvente.
evaporador) por uma substância líquida, chamada Os Chillers com ciclos de absorção possuem COP
de fluido absorvente, seguido de um processo me- muito baixo (normalmente entre 0,7 e 1,2 para Chillers
cânico que é o bombeamento da solução líquida rica com LiBr-H2O), porém, considerando que o custo da
em fluido refrigerante. fonte de energia térmica pode ser muito menor (e
Após o bombeamento, a separação do fluido até gratuito quando for rejeito de outro processo),
refrigerante da solução líquida a alta pressão, ocorre pode ser uma alternativa extremamente atrativa
por meio de um processo de aquecimento da solução economicamente em determinadas aplicações.
a uma temperatura superior à temperatura de eva- No item 1.3 do Volume III serão analisados os
poração do fluido refrigerante naquela pressão. aspectos de eficiência energética e custos operacio-
Nessas condições, o fluido refrigerante evapora (a alta nais de sistemas de água gelada, incluindo Chillers
pressão e alta temperatura) e se separa da solução com ciclo de absorção.
líquida, que retorna para o processo de absorção com
Para melhor expressar os sistemas de refrigera-
uma menor concentração de fluido refrigerante.
ção com ciclo de absorção utiliza-se o diagrama de
O fluido refrigerante vapor superaquecido segue Oldham, também chamado de Carta de Equilíbrio de
para os processos de condensação, expansão e Soluções, que utiliza como base um diagrama

27 ◀
Figura 11 – Fluxograma esquemático de Chiller com ciclo de absorção de simples efeito

Fonte: CARRIER, 2005.

Figura 12 – Diagrama de Oldham – Chiller com ciclo de absorção de


simples efeito Pressão vs. Temperatura da Solução
e inclui as linhas de concentração
de solução.

A Figura 12 ilustra um diagra-


ma com o circuito de refrigeração
básico de um Chiller com ciclo de
absorção de simples efeito e cada
uma das etapas do ciclo e a
Figura 13 mostra uma carta de
equilíbrio de solução LIBr-H 2O,
com os pontos do ciclo de refri-
geração por absorção.

Ao lado, um descritivo do cir-


cuito de refrigeração básico de um
Chiller com ciclo de absorção de
Fonte: Q&A Designers. simples efeito.

▶ 28
Figura 13 – Diagrama de Oldham – Carta de equilíbrio para Chiller com ciclo de absorção de simples efeito com solução
LiBr-H2O

Fonte: Elaboração do autor.

Onde:
3.2.1 EVAPORAÇÃO
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na
O líquido a ser resfriado (água gelada ou brine)
saída do evaporador. Em um Chiller, é a mesma
circula pelo interior do evaporador (resfriador), onde
é resfriado em processo de transferência de calor vazão em massa na sucção do compressor.
pelo fluido refrigerante líquido, que evapora em uma ▶ h6 – Entalpia do fluido refrigerante na entrada
temperatura inferior à temperatura do líquido na do evaporador.
saída do evaporador. A evaporação do fluido refri-
gerante se dá ao nível de menor (baixa) pressão do ▶ h1 – Entalpia do fluido refrigerante na saída do
fluido refrigerante no circuito de refrigeração. evaporador.

O processo de evaporação nos Chillers com ciclo


de absorção é basicamente do tipo inundado. 3.2.2 ABSORÇÃO
O efeito refrigerante é o diferencial de entalpia Interligado ao evaporador (pelo lado do casco)
entre a saída e a entrada do fluido refrigerante no há um outro trocador chamado absorvedor, onde o
evaporador. O calor trocado no evaporador (que fluido refrigerante vapor que sai do evaporador é
nada mais é do que a capacidade do Chiller) é defi-
absorvido pelo fluido absorvente (em solução com
nido pelas seguintes equações do fluido refrigerante
menor concentração de fluido refrigerante). O pro-
(considerando os pontos da Figura 12):
cesso é resfriado com água de resfriamento (prove-
Qev = mRef · (h1 – h6) niente das torres, por exemplo), que circula no

29 ◀
interior dos tubos do absorvedor antes de seguir (em 3.2.4 GERAÇÃO DE VAPOR DE
série) para o condensador do Chiller.
FLUIDO REFRIGERANTE
O calor trocado no absorvedor é definido pela se-
A solução concentrada segue para o Gerador de
guinte equação (considerando os pontos da Figura 12):
Vapor, onde é aquecida utilizando uma fonte de calor
Qev = mRef · h1 + mSol–Dil · h8 – (mSol–Dil + mRef) · h2 (que é o “fornecedor de energia” para o ciclo de ab-
sorção), que pode ser vapor d’agua a média ou alta
pressão, água quente, queima direta de gás ou outro
Onde: combustível, ou ainda qualquer fonte de calor oriun-
da de rejeito de outro processo a alta temperatura.
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na
saída do evaporador. Com o aquecimento da solução, o fluido refrige-
rante evapora e se separa da solução líquida, que
▶ hSol-Dil – Vazão em massa da solução diluída (com
retorna para o absorvedor com uma menor concen-
menor concentração de fluido refrigerante).
tração de fluido refrigerante, após passar por uma
▶ h1 – Entalpia do fluido refrigerante na saída do válvula redutora de pressão.
evaporador.
O calor trocado no absorvedor é definido pela se-
▶ h8 – Entalpia da solução diluída na entrada do guinte equação (considerando os pontos da Figura 12):
absorvedor.
Qger = mRef · h4 + mSol–Dil · h7 – (mSol–Dil + mRef) · h3
▶ h2 – Entalpia da solução concentrada na saída
do absorvedor.
Onde:

▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante na


3.2.3 BOMBEAMENTO
saída do gerador.
Com a absorção do fluido refrigerante, a solução
▶ hSol-Dil – Vazão em massa da solução diluída (com
concentrada é bombeada para uma pressão mais
menor concentração de fluido refrigerante).
elevada. A potência de bombeamento é definida pela
seguinte equação: ▶ h4 – Entalpia do fluido refrigerante na saída do
gerador.
mSol–Conc · (Pcd – Pev)
Wb = = mSol–Conc · (h3 – h2) ▶ h7 – Entalpia da solução diluída na saída do
ηB · ρSol–Conc gerador.

▶ h3 – Entalpia da solução concentrada na entrada


Onde: do gerador.
▶ m Sol-Conc – Vazão em massa da solução
concentrada.
3.2.5 CONDENSAÇÃO
▶ P Cd – Pressão de condensação do fluido
refrigerante. O vapor superaquecido a alta pressão na saída
do gerador segue para o condensador, onde é res-
▶ P ev – Pressão de evaporação do fluido friado e condensado em processo de transferência
refrigerante.
de calor, por um fluido de rejeição de calor (usual-
▶ ηB – Rendimento da bomba. mente água de resfriamento).

▶ ρSol–Conc – Densidade da solução concentrada. A temperatura de condensação do fluido refri-


gerante é superior à temperatura da água de resfria-
▶ h3 – Entalpia da solução concentrada no recalque
mento na saída do condensador. Da mesma forma
da bomba.
que no ciclo de compressão a vapor, a condensação
▶ h2 – Entalpia da solução concentrada na saída se dá ao nível de alta pressão do fluido refrigerante
do absorvedor. no circuito de refrigeração.

▶ 30
O calor total rejeitado do ciclo é a somatória do 3.2.6 EXPANSÃO
calor rejeitado no condensador e o calor rejeitado
O fluido refrigerante condensado segue de volta
no absorvedor, que é igual ao ganho de energia
ao evaporador, passando por um dispositivo de ex-
térmica resultante da retirada de calor no processo pansão que reduzirá a pressão ao menor nível do
de resfriamento da água gelada (no evaporador) ciclo, provocando a evaporação parcial (flash gas) e
somado ao ganho de calor no gerador. diminuindo a temperatura do fluido até a tempera-
O calor trocado no condensador é definido pelas tura de saturação naquela pressão, fechando o ciclo.
O processo de expansão é considerado isoentálpico,
seguintes equações do fluido refrigerante:
ou seja, sem ganho de calor.
Qcd = mRef · (h4 – h5)

3.2.7 OTIMIZAÇÃO DO CICLO


Onde:
Os Chillers com ciclos de absorção podem ser de
▶ mRef – Vazão em massa do fluido refrigerante no simples efeito, duplo efeito e até de triplo efeito. Os
condensador. Em um Chiller, é a mesma vazão Chillers com duplo e triplo efeito são mais eficientes,
em massa na sucção do compressor. porém razoavelmente mais caros.

▶ h4 – Entalpia do fluido refrigerante na entrada A caraterística principal de um Chiller com ciclo


do condensador. de absorção com duplo efeito é a utilização de dois
geradores de vapor de fluido refrigerante, além de
▶ h5 – Entalpia do fluido refrigerante líquido sub- bombas e trocadores de calor intermediários para
-resfriado na saída do condensador. melhorar a eficiência energética do ciclo.

Figura 14 – Fluxograma esquemático de Chiller com ciclo de absorção de duplo efeito utilizando como fonte
de calor a queima direta de combustível

Fonte: TRANE, 2012.

31 ◀
O gerador de alta temperatura utiliza a fonte te, que retorna para o absorvedor. Isso diminui o
térmica de calor (operando com temperatura mais calor trocado no absorvedor e o calor total rejeitado
elevada que o gerador de um Chiller com simples para as torres de resfriamento.
efeito) e o gerador de baixa temperatura utiliza como
fonte térmica o vapor de fluido refrigerante oriundo Os Chillers com triplo efeito são bem recentes no
do gerador de alta temperatura. Além disso, os tro- mercado e apenas alguns fabricantes oferecem esses
cadores de calor intermediários instalados no circuito equipamentos (até a presente data). Resultados de
da solução promovem um pré-resfriamento da so- testes indicam um aumento no COP de até 25% sobre
lução com menor concentração de fluido refrigeran- os melhores Chillers de duplo efeito.

Figura 15 – Diagrama de Oldham de Chiller com ciclo de absorção de triplo efeito

Fonte: Q&A Designers.

▶ 32
Figura 16 – Fluxograma esquemático dos três geradores de um Chiller com
ciclo de absorção de triplo efeito

Fonte: KAWASAKI HEAVY INDUSTRIES, 2010.

33 ◀
4 ANÁLISE DOS TROCADORES DE CALOR DOS CHILLERS

O s trocadores de calor são os elementos do ciclo


de refrigeração onde ocorrem os processos de
transferência de calor. É por meio deles que os
A seguir, um descritivo dos vários tipos de eva-
poradores e condensadores aplicados em Chillers e
suas características principais de operação.
Chillers se conectam com o circuito de água gelada e
o circuito de água de resfriamento ou com ar exter-
no, (dependendo do tipo de condensador do Chiller). 4.1 EVAPORADORES
Todos os elementos do Chiller são importantes, e 4.1.1 EVAPORADOR INUNDADO
há muita tecnologia continuamente desenvolvida e
otimizada pelos fabricantes para disponibilizar os Nos evaporadores do tipo inundado, a tempera-
melhores equipamentos. Também é importante que tura de evaporação do fluido refrigerante permanece
todos os componentes de um Chiller sejam bem man- praticamente constante ao longo de todo trocador
tidos, tornando essencial um programa de manutenção de calor (Figura 17). Isto permite que o approach na
adequado, preferencialmente fornecido pelo fabrican- saída do evaporador (diferencial entre a temperatura
te. Porém, devido à interação direta com o restante do de saída do líquido resfriado e a temperatura de
sistema, os trocadores de calor dos Chillers requerem evaporação do fluido refrigerante – ver item 6.2) seja
uma atenção especial da equipe de operação e manu- muito baixo. Em alguns Chillers o approach no eva-
tenção do sistema de água gelada para manter o Chiller porador pode ser menor que 0,2 ºC. Isto resulta em
operando com o nível de desempenho de projeto. melhoria considerável no desempenho (COP).

Figura 17 – Perfis típicos de temperaturas ao longo do trocador em um evaporador inundado e a equação do ∆TML

(T1 – T2)
∆TML =
(T – Tev)
ln 1
(T2 – Tev)

Fonte: Elaboração do autor.

35 ◀
Figura 18 – Evaporador Shell-&-Tube inundado

Fonte: Trane - Ingersoll Rand do Brasil Ltda.

Porém, os evaporadores inundados necessitam de negativo, provoca um aumento da perda de pressão


um volume extra para separação de líquido, de modo no fluxo do vapor para a sucção do compressor. Para
a garantir que na saída do fluido refrigerante para a alguns tipos de fluidos refrigerantes operando nas
sucção do compressor haja apenas vapor saturado. condições típicas de resfriamento de água gelada, a
perda de pressão é mínima.
Na maioria dos evaporadores do tipo Shell-&-Tube
de um Chiller, o separador de líquido está incorporado Os evaporadores do tipo placas (“Plate Heat
ao casco do trocador, ou seja, o feixe de tubos ocupa Exchangers” – PHEs), por suas características constru-
a parte inferior do casco, com o fluido refrigerante tivas, necessitam de um separador de líquido, que é
líquido inundando o feixe de tubos, enquanto que, montado no topo da estrutura do PHE e interligado
na parte superior do casco, há apenas o volume ne- através de tubos, conforme indicado na Figura 21.
cessário para a separação das gotículas de líquido Outra característica dos EPHEs é que a evapora-
(com maior densidade, que retornam por gravidade ção se dá por fluxo ascendente, o que resulta em
para a “piscina” de líquido) das moléculas de vapor, uma pequena perda de pressão no trocador. Por
que seguem para a sucção do compressor. isso, o separador deve ser instalado a uma altura
Para a separação de líquido é necessário que mínima acima do topo do EPHE, para que haja uma
haja baixa velocidade no fluxo de fluido refrigerante coluna de líquido desde o fundo do separador até a
vapor que segue para a saída do evaporador, para entrada do fluido refrigerante na conexão inferior
evitar o arraste de líquido até a conexão de saída do do trocador (o que gera um aumento de pressão e
evaporador. Além disso, deve haver uma altura mí- temperatura de evaporação na entrada do fluido
refrigerante no trocador). Esta coluna cria um efeito
nima entre o nível da piscina de fluido refrigerante
de termo sifão e garante a circulação do fluido refri-
líquido e a conexão de saída do evaporador, de modo
gerante por entre as placas (a densidade do fluido
a evitar que “explosões” de gotículas escapem pela
evaporando é menor que a densidade do líquido na
conexão de saída.
coluna). A altura entre o nível de líquido no separador
Para melhorar a retenção das gotículas de líqui- e a conexão de entrada no fundo do trocador é cal-
do e diminuir o volume do separador de líquido, culada em função da perda de pressão no EPHE, para
pode ser utilizado um elemento eliminador de gotas garantir a temperatura de evaporação no final (parte
(demister – Figuras 19 e 20) que, como resultado superior do trocador). Neste caso, utilizam-se fluxos

▶ 36
Figura 19 – Evaporador Shell-&-Tube inundado, com demister no separador de líquido

Fonte: Q&A Designers.

Figura 20 – Evaporador Shell-&-Tube inundado, com Figura 21 – Evaporador a placas (EPHE) inundado
demister no separador de líquido Separador de Líquido

Demister Evaporador

Fonte: Trane - Ingersoll Rand do Brasil Ltda. Fonte: Johnson Controls BE Ltda.

37 ◀
concorrentes (mesmo sentido) para o fluido refrige- Recentemente surgiu uma nova geração de eva-
rante e o fluido a ser resfriado, com ambos os fluidos poradores a placas que é do tipo Shell-&-Plate. Esses
entrando na parte inferior do trocador. possuem as vantagens da alta eficácia e compacidade
Com o separador de líquido acima da saída do de um trocador a placas, porém com o feixe de placas
EPHE, normalmente o título do vapor de fluido refri- montado no interior de um casco com o separador
gerante varia de 0,70 a 0,85 nos trocadores com de líquido incorporado, como indicado na Figura 23,
circulação natural por termo sifão. Em aplicações o que reduz ainda mais o volume total do conjunto
com circulação forçada através de bombas de fluido formado por trocador e separador de líquido.
refrigerante líquido (em instalações industriais), o
Uma limitação para a aplicação de evaporadores
título na saída pode ser menor que 0,30.
inundados ocorre quando se utiliza misturas (blends)
A Figura 22 ilustra os detalhes do fluxo do fluido zeotrópicas de fluidos refrigerantes (pertencente à
refrigerante em um EPHE. série R-400 da classificação de fluidos refrigerantes

Figura 22 – Característica de um evaporador PHE inundado e os perfis de temperaturas ao longo do trocador

Fonte: STENHEDE, 2008.

▶ 38
Figura 23 – Evaporador Shell-&-Tube inundado
4.1.2 EVAPORADOR COM EXPANSÃO
SECA
O evaporador com expansão seca não possui
separador de líquido, o que pode resultar na dimi-
nuição do custo inicial de um Chiller. Porém, por
causa do superaquecimento necessário para evitar
um possível arraste de líquido para o compressor, o
approach no evaporador tende a aumentar, o que
resulta em COP menor no Chiller. A Figura 24 ilustra
os perfis típicos das temperaturas ao longo do tro-
cador de um evaporador com expansão seca.
Evaporador
Nos Chillers com evaporadores Shell-&-Tube de
menor capacidade (até uma faixa de aproximadamen-
te 800 kW para Chillers com água gelada), a opção com
Fonte: Johnson Controls BE Ltda.
expansão seca pode resultar em um menor custo do
equipamento. Porém, os evaporadores inundados
estabelecida pelo ASHRAE Standard 34), que são mis- proporcionam um COP de até 15% melhor.
turas de fluidos que nos processos de mudança de fase
Em evaporadores do tipo Shell-&-Tube com ex-
não se comportam como substância pura, ou seja, a
pansão seca, o fluido evapora circulando pelo interior
temperatura inicial do processo de evaporação de cada
dos tubos do trocador, enquanto que a água gelada
um dos componentes (ponto de ebulição) será em
(ou brine) é resfriada circulando no casco.
função da pressão parcial de vapor de cada componen-
te na mistura (resultante da fração molar). Assim, du- A Figura 25 ilustra um evaporador Shell-&-Tube
rante o processo de evaporação, há uma variação de com expansão seca em um Chiller com condensação
temperatura – chamada de glide – que é a diferença de a ar. Esta é a aplicação mais comum da aplicação de
temperatura entre o final da evaporação (ponto de evaporadores com expansão seca.
orvalho) do último componente da
mistura a evaporar e o início da
evaporação (ponto de ebulição) do Figura 24 – Perfis típicos de temperaturas ao longo do trocador em
primeiro componente da mistura a um evaporador com expansão seca
evaporar. No final do processo, para
a evaporação completa do último
componente da mistura, é necessá-
rio que os demais componentes já
estejam na fase de vapor superaque-
cido, o que não é possível ocorrer em
um evaporador inundado justamen-
te porque no interior do evaporador
o feixe de tubos está imerso em um
banho de líquido (daí o nome inun-
dado) e, enquanto houver líquido em
uma mistura bifásica, não é possível
haver vapor superaquecido.

Portanto, devido à característi-


ca da evaporação inundada, não é
recomendada a aplicação desse
tipo de evaporador em Chillers que
utilizam blends zeotrópicos. Fonte: Elaboração do autor.

39 ◀
Figura 25 – Evaporador Shell-&-Tube com expansão seca (DX)

Fonte: Midea Carrier do Brasil Ltda.

A Figura 26 mostra um Chiller utilizando PHEs pansão seca também é menor que um Chiller com
e evaporador com expansão seca. Apesar da eli- evaporador inundado.
minação do separador de líquido, a área de Na Tabela 1 são apresentados valores típicos de
transferência de calor do EPHE é razoavelmente coeficiente global de transferência de calor para di-
maior, o que normalmente torna mais elevado o versos fluidos refrigerantes, nos tipos de evapora-
custo total deste tipo de Chiller quando comparado dores mais comuns aplicados em Chillers para
com um Chiller com trocadores a placas e evapo- resfriamento de água gelada, considerando as con-
rador inundado com separador de líquido. Além dições de operação padrão do AHRI Standard
disso, o COP típico de Chillers com PHEs com ex- 550/590 (IP) 2015.

Figura 26 – Evaporador a placas (EPHE) com expansão seca (DX)

Fonte: Mayekawa do Brasil Ltda.

▶ 40
Tabela 1 – Valores típicos de coeficiente global de transferência de calor em evaporadores para diversos fluidos
refrigerantes

Fonte: Sabroe MatchMaster Program - COMP1 – ver 23.60A - 2015

4.2 CONDENSADORES
Na Tabela 1 são apresentados valores típicos de
coeficiente global de transferência de calor para di- 4.2.1 CONDENSADOR A ÁGUA
versos fluidos refrigerantes, nos tipos de evapora- Os condensadores a água utilizam um circuito de
dores mais comuns aplicados em Chillers para água de resfriamento, que inclui um conjunto de
resfriamento de água gelada, considerando as con- bombas de recirculação e uma rede hidrônica. O fluxo
dições de operação padrão do AHRI Standard de água quente, com o calor retirado dos condensa-
550/590 (IP) 2015. dores, normalmente é resfriado em torres de resfria-
Observação: mento pelo ar externo, com a temperatura de bulbo
úmido do ar sendo o nível primário de referência para
▶ O coeficiente global de transferência de calor se resfriamento da água. A água resfriada segue das
refere sempre ao lado do fluido refrigerante. bacias das torres para a sucção das bombas, com re-
▶ Para cada tipo de evaporador, utilizou-se o calque para a entrada dos condensadores dos Chillers.
mesmo equipamento, com a mesma capacidade, Eventualmente se utiliza água de rio, de lago,
vazão de água gelada e temperaturas de entrada água do mar, e até o solo em sistemas geotérmicos,
e saída, variando-se apenas o fluido refrigerante. o que pode aumentar a eficiência do sistema e pra-
Neste caso, houve variação de temperatura de ticamente eliminar o consumo de água (de reposi-
evaporação para cada fluido. ção). Porém, há limitações para a viabilidade do uso
destas fontes de resfriamento. No Brasil, as principais
▶ Nos evaporadores Shell-&-Tube com evaporação
são as restrições das legislações ambientais.
inundada, utilizou-se o mesmo trocador, com
tubos de cobre aletados (Wolverine Turbo-Chil®) Eventualmente se utilizam resfriadores de água
para todos os fluidos refrigerantes, exceto para a ar fechados (“Dry Coolers”) ou torres de resfriamen-
a Amônia (R-717), que foi utilizado um trocador to de circuito fechado, com resfriamento evaporativo
com tubos de aço carbono liso, porque a Amônia do lado do ar. Em climas muito frios se utilizam ainda
é incompatível com o cobre. soluções anticongelantes (tipicamente soluções de
água e etileno glicol), porém não se aplicam no Brasil.
▶ Nos evaporadores Shell-&-Tube com expansão
seca, utilizou-se tubos de cobre Wolverine Os condensadores a água mais utilizados em
Microfin ®, com aletamento integral interno Chillers são do tipo Shell-&-Tube, PHE e mais recente-
(Microfin) e externo (Trufin). mente, os do tipo Shell-&-Plate.

41 ◀
Figura 27 – Perfis de temperaturas típicos ao longo do trocador em um condensador a água e a equação do ∆TML

(T2 – T1)
∆TML =
(T – T1)
ln cd
(Tcd – T2)

Fonte: Elaboração do autor.

Em todos esses tipos de condensadores, o fluxo casos, mesmo considerando o custo final de opera-
se dá por convecção natural, com filme descendente, ção, que inclui o consumo de água de reposição nas
com a entrada de vapor superaquecido do fluido torres, ainda sim é menor que o custo operacional
refrigerante pela parte superior (no casco ou do feixe de um sistema com Chillers com condensação a ar.
de placas no caso do PHE) e a saída do líquido na Mas durante um projeto, quando possível aplicar as
parte inferior. A Figura 27 ilustra o perfil típico de duas alternativas, recomenda-se sempre a elabora-
temperaturas ao longo de um condensador a água. ção de uma análise rigorosa, considerando os custos

Normalmente há um pequeno sub-


-resfriamento na parte inferior do conden-
Figura 28 – Condensador Shell-&-Tube
sador, porém, para um sub-resfriamento
efetivo, quando aplicável, utiliza-se um
trocador de calor separado, com o fluxo
de fluido refrigerante líquido após a saída
do condensador. De outra forma, poderá
haver um aumento do volume de líquido
no fundo do condensador, o que pode
resultar em aumento da temperatura de
condensação e aumento da taxa de com-
pressão no ciclo (diminuição no COP).

Os Chillers com condensação a água


são mais eficientes que os Chillers com
condensação a ar, mesmo considerando
a potência absorvida nas bombas de
água de resfriamento e nos ventiladores
das torres de resfriamento. Em muitos
Fonte: Daikin do Brasil Ltda.

▶ 42
no ciclo de vida (LCC), incluindo custos indiretos com A Figura 28 ilustra um Chiller com condensador
manutenção dos equipamentos e do sistema, para Shell-&-Tube, enquanto que a Figura 29 ilustra um
a decisão final da aplicação de Chillers com conden- Chiller com condensador a Placas (CPHE) e a Figura
sação a água ou a ar. 30 um Chiller com condensador Shell-&-Plate.

Figura 29 – Condensador a placas (CPHE)

Fonte: Mayekawa do Brasil Ltda.

Figura 30 – Condensador Shell-&-Plate

Sabroe® ChillPAC® Chiller

Fonte: Johnson Controls BE Ltda.

43 ◀
Figura 31 – Condensador Shell-&-Tube
4.2.2 CONDENSADOR A AR
Os condensadores a ar são expostos
diretamente ao ar externo e o calor rejei-
tado é removido por meio de ventiladores,
com a temperatura de bulbo seco do ar
sendo o nível primário de referência para
a condensação do fluido refrigerante.

Eventualmente se utilizam conden-


sadores a ar com resfriamento adiabático
complementar durante os períodos mais
quentes, que é um sistema de aspersão
de água diretamente sobre a superfície
das serpentinas dos condensadores a ar.
Nesta condição, a temperatura do ar di-
minui para próximo da temperatura de
bulbo úmido. Fonte: Daikin do Brasil Ltda.

Os condensadores a ar são compostos


de um conjunto de serpentinas (normalmente em O fluxo do fluido refrigerante se dá por convecção
cobre) com aletamento externo. O fluido refrigerante natural, no interior dos tubos (em contracorrente com
condensa no interior nos tubos das serpentinas e um o fluxo de ar), com a entrada de vapor superaquecido
conjunto de ventiladores axiais, com alta velocidade, pela parte superior e a saída do líquido na parte infe-
no topo dos Chillers, provoca o fluxo ascendente for- rior das serpentinas. Devido a um maior diferencial
çado do ar de resfriamento e a exaustão do ar após a de temperatura entre a entrada de ar e a temperatura
remoção do calor rejeitado pelo ciclo de refrigeração. de condensação, e a característica do fluxo do fluido

Figura 32 – Perfis reais de temperatura e variação de entalpia em um condensador a ar,


utilizando R-134a

Fonte: ASHRAE, 2016.

▶ 44
Figura 33 – Comparação dos perfis de temperatura durante a condensação entre um fluido refrigerante do tipo
substância pura e um blend zeotrópico em um condensador a ar

Fonte: Sabroe MatchMaster Program - Refrig – ver 23.60A - 2015.

refrigerante no interior dos tubos, é possível obter um Quanto aos blends de fluidos refrigerantes zeo-
sub-resfriamento maior (entre 3 ºC e 6 ºC, dependen- trópicos, aqueles que possuem maior “glide” produ-
do do fluido e das características do condensador). zem um impacto negativo ainda maior no
desempenho do ciclo por causa do diferencial de
A Figura 32 ilustra os perfis de temperatura ao
temperatura durante a condensação, conforme
longo do trocador de um condensador a ar, onde é
ilustrado na Figura 33.
possível verificar a perda de pressão no lado do
fluido refrigerante no condensador, que é outro fator A Tabela 2 mostra uma comparação entre os
que pode prejudicar o desempenho do ciclo de re- valores de glide de alguns blends zeotrópicos utiliza-
frigeração em Chillers com condensação a ar. Em dos em Chillers, considerando a temperatura de
alguns casos, pode atingir o equivalente a 3 ºC na ponto de orvalho (dew point) de 43ºC.
temperatura de condensação (dependendo do fluido
refrigerante) e uma diminuição no COP de até 10%.

Tabela 2 – Glide de vários blends zeotrópicos em processo de condensação para a temperatura de ponto de
orvalho de 43º C

Fonte: Sabroe MatchMaster Program - Refrig – ver 23.60A - 2015.

45 ◀
Na Tabela 3 são apresentados valores típicos de e saída, variando-se apenas o fluido refrigerante.
coeficiente global de transferência de calor para diver- Neste caso, houve variação de temperatura de
sos fluidos refrigerantes, nos tipos de condensadores evaporação para cada fluido.
mais comuns aplicados em Chillers, considerando as
▶ Nos condensadores Shell-&-Tube, utilizou-se o
condições de operação padrão do AHRI Standard mesmo trocador, com tubos de cobre aletados
550/590 (IP) 2015. (Wolverine Turbo-Chil®) para todos os fluidos re-
Observação: frigerantes, exceto para a Amônia (R-717), que
foi utilizado um trocador com tubos de aço
▶ Nos condensadores a água, o coeficiente global carbono liso.
de transferência de calor se refere ao lado do
fluido refrigerante. No condensador a ar o coe- ▶ Nos condensadores a ar aparecem os resultados
ficiente global se refere ao lado do ar. com serpentinas em tubos de cobre (MF -
Wolverine Microfin®) e aletas de alumínio e con-
▶ Para cada tipo de condensador utilizou-se o densadores em alumínio do tipo micro canais
mesmo equipamento, com a mesma capacidade, (MC). Para Amônia (R-717) foi utilizado apenas o
vazão de água gelada e temperaturas de entrada tipo com micro canais, em alumínio.

Tabela 3 – Valores típicos de coeficiente global de transferência de calor em condensadores para diversos fluidos
refrigerantes

Fontes: Sabroe MatchMaster Program - COMP1 – ver 23.60A – 2015


Hrnjak, P., Microchannel Heat Exchangers as a Design Option for Charge Minimization on NH3 and HC Systems – 2002.

▶ 46
47 ◀
5 CONCEITOS DE EFICIÊNCIA LIGADOS AOS ASPECTOS DA
REFRIGERAÇÃO
3.1.1) ou (mais comum) da equação do líquido de
5.1 COP
processo a ser resfriado, como indicado a seguir:
O COP (do inglês Coefficient Of Performance – coe-
Qev = mliq · cpliq · (tent – tsai)liq
ficiente de desempenho) de um Chiller com ciclo de
compressão de vapor, em termos práticos, é a relação
entre a capacidade de resfriamento do Chiller e a po-
Nos Chillers com ciclo de absorção, a equação do
tência absorvida pelos motores dos seus componentes.
COP indica a relação entre a capacidade de resfriamen-
O COP é uma relação de potência térmica sobre a po-
to e a potência (calor) de geração somada à potência
tência motriz, e é aplicada no Sistema Internacional de
de bombeamento da solução (ver itens 3.2.3 e 3.2.4):
Unidades (SI), com ambos os termos expressos em
unidade de potência (normalmente em kW). O resultado
é um número adimensional, porém, é comum expressar Qev
em kW/kW ou ainda em kWt/kWe para indicar a quali- COP =
(Qger + Wbomba)
dade das potências na relação (térmica/ elétrica).

Para Chillers com condensação a água, a equação Apesar de o COP ser o índice de verificação de
é a seguinte: eficiência energética de um Chiller, pode-se observar
pelas três equações apresentadas que não se deve
fazer comparação de eficiência energética de Chillers
Qev
COP = de diferentes tipos (conforme citado acima) utilizan-
Wcp
do apenas o COP.
Na comparação de COP entre Chillers com con-
Para Chillers com condensação a ar convencio-
densação a água e condensação a ar seria necessário
nou-se incluir a potência dos motores dos ventila-
incluir na equação do COP dos Chillers com conden-
dores do condensador, porque os motores fazem
sação a água a potência absorvida pelo motor da
parte da unidade (mesmo skid). A equação fica da
bomba de água de resfriamento (BAC) e a potência
seguinte forma:
absorvida do motor do ventilador da torre de res-
friamento (quando houver). Assim, para uma com-
Qev paração efetiva, a equação a ser utilizada nos Chillers
COP = com condensação a água seria a seguinte:
(Wcp + Wvent)

Qev
Onde: COPCD =
água
(Wcp + WBAC + WventTR)
▶ Qev – Capacidade de resfriamento (em kW).
▶ Wcp – Potência absorvida no eixo do compressor,
No entanto, os valores de potência do motor da
resultante do processo de
BAC e do ventilador da torre de resfriamento depen-
Compressão (em kW). derão das características do circuito de água de
resfriamento, das condições do ar externo e da BAC
▶ Wvent – Potência absorvida no eixo dos ventila-
e da torre a serem selecionados, elementos que não
dores do condensador a ar, resultante do pro-
fazem parte do escopo do fabricante do Chiller.
cesso de rejeição de calor para o ar (em kW).
Já a comparação de COP entre Chillers com ciclo
de compressão a vapor, com acionamento elétrico e
O valor da capacidade é obtido da equação do Chillers com ciclo de absorção, recomenda-se uma
fluido refrigerante no ciclo de refrigeração (ver item análise da matriz energética considerando a fonte

49 ◀
primária de geração de energia elétrica. Mas isto pode ▶ Qev – Capacidade de resfriamento (em ton).
ser bem complicado. Na prática, não se deve comparar
os COPs dos Chillers com acionamento elétrico e Chillers
que utilizam outras fontes motrizes (mesmo para Observação:
Chillers com ciclo de compressão a vapor), pois o resu-
▶ Neste caso, além de utilizar uma unidade de
mo final da análise da eficiência energética está ligado
medida do Sistema I-P para a capacidade de
diretamente aos gastos com o consumo de energia.
resfriamento, a relação kW/ton é inversa à rela-
Como o custo da energia elétrica (e todo modelo tari-
ção utilizada na definição do COP.
fário) é totalmente diferente dos custos das outras
fontes de energia para acionamento de um Chiller, de ▶ A notação correta para a unidade de medida
nada adianta comparar apenas os valores de COP. “toneladas de refrigeração” é ton (conforme
definido na notação do Sistema I-P) e não TR ou
Para ilustrar, o IESNA/ANSI/ASHRAE Standard 90.1
tr, que é a notação mais comum aplicada para
2013 estabelece que o COP mínimo requerido para um
essa grandeza no Brasil.
Chiller com compressor centrífugo, com condensação
a água, com capacidade igual ou superior a 2110 kW, ▶ A unidade de medida ton é originária do conceito
é de 6,280 (Path A), enquanto que para um Chiller com sobre a quantidade de calor necessária para fundir
ciclo de absorção, de simples efeito, com condensação (mudança de estado sólido para líquido) uma to-
a água, o COP mínimo é de 0,700. Neste caso, apesar nelada “americana”, ou short ton (2000 pounds =
do COP do Chiller com compressor centrífugo ser quase 907.18 kg), de gelo, em um período de 24 horas.
nove vezes mais eficiente que o COP do Chiller com
ciclo de absorção, se a fonte de calor do Chiller com
ciclo de absorção for o rejeito de calor de outro pro- Para Chillers com condensação a ar, utiliza-se a
cesso (ex. gases de exaustão de turbina ou gerador, ou relação EER (do inglês, Energy Efficiency Ratio – relação
condensado de processos de aquecimento que utilizam de eficiência energética), dada pela seguinte equação.
vapor d’água), com custo próximo a zero, ainda assim,
o Chiller com ciclo de absorção pode ser a melhor so- Qev
EER =
lução para aquela aplicação devido aos custos opera- (Wcp + Wvent)
cionais reduzidos.

Portanto, o COP, apesar de ser um item muito


Onde:
importante na análise de custos operacionais de
Chillers, não é possível apenas comparar os valores ▶ Qev – Capacidade de resfriamento (em Btu/h).
numéricos quando se trata de Chillers com caracte-
▶ Wcp – Potência absorvida no eixo do compressor,
rísticas muito distintas. No item 1.3 do volume III, é
resultante do processo de compressão (em W).
apresentado um estudo comparativo de custos
operacionais de diferentes tipos de Chillers. ▶ Wvent – Potência absorvida no eixo dos ventila-
dores do condensador a ar, resultante do pro-
Outros índices muito utilizados para a eficiência
cesso de rejeição de calor para o ar (em W).
energética na aplicação de Chillers são baseados no
Sistema I-P de Unidades (sistema americano).

Para Chillers com condensação a água, utiliza-se Portanto, a unidade de medida para a relação
a relação kW/ton, dada pela seguinte equação: EER é BTU/Wh.

Wcp Em aplicações de equipamentos como Bomba


kW/ton = de Calor, em que a finalidade é o aquecimento de
Qev
água (ou brine), a relação do COP é modificada, pois
o objetivo final do equipamento é a utilização do ciclo
para aquecimento, ou seja, o que interessa é o calor
Onde:
trocado no condensador. Neste caso, a rejeição de
▶ Wcp – Potência absorvida no eixo do compressor, “frio” ocorre no evaporador. Portanto, em Bombas
resultante do processo de Compressão (em kW). de Calor, a relação de COP no SI é a seguinte:

▶ 50
Qcd tante do calor rejeitado, a ser resfriado com água
COP = de torre de resfriamento), para o cálculo do COP
Wcp
na equação anterior, o valor de Qcd deve ser
apenas o valor da parcela utilizada para o pro-
cesso de aquecimento.
Onde:
▶ Em Bombas de Calor que utilizam como fonte de
▶ Qcd – Capacidade de aquecimento (em kW) – calor
“rejeição de frio” a água de resfriamento oriunda
trocado no condensador.
de outro processo (como por exemplo, da rejeição
▶ Wcp – Potência absorvida no eixo do compressor, de calor de outro Chiller), para o cálculo do COP
resultante do processo de Compressão (em kW). deve-se utilizar apenas a relação Qcd/Wcp. O even-
tual impacto do resfriamento “gratuito” da água
de resfriamento deverá ser aplicado na análise
Pode-se verificar que, para um determinado energética do outro processo. Por exemplo, caso
modelo de equipamento, com o mesmo fluido refri- se utilize a água de resfriamento após a saída das
gerante, operando no mesmo regime (mesmas torres de resfriamento como fonte fria para a
temperaturas de evaporação e condensação do ciclo Bomba de Calor, o Chiller do outro processo terá
e mesmos valores de superaquecimento e sub-res- o benefício de operar com a água de resfriamento
friamento), o COP do equipamento operando como na entrada do condensador em uma temperatura
Bomba de Calor será maior que o COP deste ope- mais baixa, o que pode melhorar o seu COP. Caso
rando como Chiller. se utilize a água de retorno dos Chillers, o COP da
Bomba de Calor será melhor e a torre de resfria-
Quando for possível aplicar o mesmo equipa-
mento do processo do Chiller terá menor potência
mento para processos distintos de resfriamento e
absorvida pelos motores dos ventiladores.
aquecimento, porém de maneira simultânea (Chiller
e Bomba de Calor), como por exemplo, em um centro
de natação, onde o evaporador é utilizado no pro-
cesso de resfriamento para a climatização dos am-
5.2 IPLV
bientes e o condensador é utilizado para o processo O índice IPLV (do inglês, Integrated Part Load
de aquecimento da água da piscina, a equação do Value – valor integrado de carga parcial) é definido
COP no SI será a seguinte: pelo ANSI/AHRI Standard 550/590 (IP) e AHRI
Standard 551/591 (SI) como o valor que expressa a
Qev + Qcd eficiência de um Chiller, considerando não apenas o
COP =
Wcp seu desempenho em 100% de carga, mas a média
ponderada considerando a sua operação em cargas
parciais ao longo do ano. A equação do IPLV é ex-
Onde: pressa conforme a seguir:
▶ Qev – Capacidade de resfriamento (em kW) – calor 1
trocado no evaporador. IPLV =
0,01 0,42 0,45 0,12
▶ Qcd – Capacidade de aquecimento (em kW) – calor + + +
A B C D
trocado no condensador.

▶ Wcp – Potência absorvida no eixo do compressor,


resultante do processo de Compressão (em kW). Onde:

▶ A – É o valor da eficiência energética do Chiller


(expressa em kW/ton), operando em 100% de
Observação:
carga, nas condições definidas pelo AHRI
▶ Caso a parcela de aquecimento do processo não Standard 550/590 (IP) 2015.
seja 100% do calor rejeitado no condensador (ex.
▶ B – É o valor da eficiência energética do Chiller
Chillers com dois condensadores, um para o
(expressa em kW/ton), operando em 75% de
processo de aquecimento e o outro para o res-

51 ◀
carga, nas condições definidas pelo AHRI ▶ 0,45 – O Chiller opera em 50% de carga durante
Standard 550/590 (IP) 2015. 45% do tempo de operação ao longo do ano.

▶ C – É o valor da eficiência energética do Chiller ▶ 0,12 – O Chiller opera em 25% de carga durante
(expressa em kW/ton), operando em 50% de 12% do tempo de operação ao longo do ano.
carga, nas condições definidas pelo AHRI
Standard 550/590 (IP) 2015.
Os fatores foram obtidos a partir de um estudo
▶ D – É o valor da eficiência energética do Chiller
baseado em dados climáticos da média ponderada
(expressa em kW/ton), operando em 25% de
das 29 cidades que totalizaram 80% (em capacidade)
carga, nas condições definidas pelo AHRI
das vendas de Chillers nos EUA, no período de 1967 a
Standard 550/590 (IP) 2015.
1992, considerando dois diferentes perfis de operação
semanal (24/7 – 24 horas por dia durante sete dias por
semana e 12/5 - doze horas por dia durante cinco dias
A interpretação dos fatores de divisão aplicados
por semana), cada um deles em operação com ou sem
aos valores de eficiência energética do Chiller em
ciclo economizador para temperatura do ar externo
cada condição de carga é a seguinte:
abaixo de 55 ºF (12,8 ºC), totalizando quatro grupos.
▶ 0,01 – O Chiller opera em 100% de carga durante
As condições para o selecionamento do Chiller
apenas 1% do tempo de operação ao longo do ano.
em cada condição de carga são diferentes e especi-
▶ 0,42 – O Chiller opera em 75% de carga durante ficadas no AHRI Standard 550/590 (IP) 2015, confor-
42% do tempo de operação ao longo do ano. me as Tabelas 4 e 5.

Tabela 4 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com condensação a água

Fonte: Elaboração do autor.

▶ 52
Tabela 5 – Condições do AHRI Standard 550/590 (IP) 2015 para selecionamento de Chiller com condensação a ar

Fonte: Elaboração do autor.

Tomando como exemplo a Tabela 4 para Chillers Isto porque se considera que em cargas parciais,
com condensação a água, verifica-se que: as condições do ar exterior serão mais amenas.
Portanto, quanto menor a carga, mais baixas serão
▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com o
a temperatura de bulbo úmido do ar (referência para
Chiller operando em 100% de carga, nas condições
Chillers com condensação a água) e a temperatura
definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) 2015,
de bulbo seco do ar (referência para Chillers com
deverá utilizar a temperatura de água no condensa-
dor igual a 85 ºF (29,44 ºC) – temperatura máxima. condensação a ar) ao longo do ano.

▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com Os limites de 18,3 ºC para a temperatura de en-
o Chiller operando em 75% de carga, nas condi- trada de água de resfriamento (condensação a água)
ções definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) e 12,8 ºC para o ar externo (condensação a ar) seriam
2015, deverá utilizar a temperatura de água no os limites mínimos de operação dos equipamentos.
condensador igual a 75 ºF (23,89 ºC). Na prática, esses limites não são aplicáveis aos
▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com equipamentos. A maioria dos Chillers com compres-
o Chiller operando em 50% de carga, nas condi- sores centrífugos permitem a operação com tempe-
ções definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) raturas de água de resfriamento bem mais baixas
2015, deverá utilizar a temperatura de água no (dependendo do clima).
condensador igual a 65 ºF (18,33 ºC).
Por outro lado, muitos Chillers com evaporadores
▶ O valor da eficiência energética a ser obtida com de expansão seca não permitem uma grande varia-
o Chiller operando em 25% de carga, nas condi- ção da pressão de condensação (por limitação da
ções definidas pelo AHRI Standard 550/590 (IP) válvula de expansão). Em Chillers com compressores
2015, deverá utilizar a temperatura de água no do tipo parafuso, recíproco ou scroll, com evapora-
condensador igual a 65 ºF (18,33 ºC). dores inundados, pode haver ainda a limitação de

53 ◀
temperatura de condensação para evitar o arraste Pump Water-Heating Packages using the Vapor
de óleo excessivo para o evaporador. Compression Cycle.
Nos dois casos, em Chillers com condensação a ▶ ANSI/AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 –
água, poderá haver um limite da temperatura de entra- Performance Rating of Water-Chilling and Heat
da de água de resfriamento superior a 18,3 ºC. Em Pump Water-Heating Packages using the Vapor
Chillers com condensação a ar, não é possível limitar a Compression Cycle.
temperatura do ar externo. Neste caso, as limitações da
pressão de condensação ocorrerão pela diminuição da
vazão do ar de resfriamento dos condensadores (com
Aqui não se trata meramente de conversão de
o desligamento de ventiladores ou redução da frequên-
cia, quando estes utilizarem inversores de frequência). unidades (conforme indicado nas tabelas anteriores
do Standard 550/590), pois os valores utilizados no
Uma observação muito importante sobre o IPLV Standard 551/591 são diferentes. As Tabelas 6 e 7
é que, atualmente, há duas normas: indicam os valores a serem aplicados para o IPLV.SI,
▶ ANSI/AHRI Standard 550/590 (I-P) 2015 – em Chiller calculados com base no AHRI Standard
Performance Rating of Water-Chilling and Heat 551/591 (SI) 2015.

Tabela 6 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller
com condensação a água

Fonte: Elaboração do autor.

▶ 54
Tabela 7 – Condições do AHRI Standard 551/591 (SI) 2015 para selecionamento de Chiller com
condensação a ar

Fonte: Elaboração do autor.

Comparando com as tabelas do AHRI Standard Para o cálculo do IPLV.SI, considera-se os mes-
550/590 (I-P) pode-se verificar pequenas diferenças, mos fatores de cargas parciais, porém, uma vez que
mas que resultam em valores de IPLV diferentes. o COP tem relação inversa ao kW/ton, a equação a
Percebe-se ainda que no AHRI Standard 551/591 (SI), ser utilizada será a seguinte:
é fixo o ∆T= 5,0 ºC na água gelada e na água de res-
IPLV.SI = 0,01 · A + 0,42 · B + 0,45 · C + 0,12 · D
friamento para o cálculo da carga plena (100%). Neste
caso, as vazões resultantes de água gelada e de água
de resfriamento são mantidas constantes nos cálculos
A partir das versões distintas dessas normas, o
de cargas parciais. No caso do AHRI Standard 550/590
ANSI/ASHRAE/IESNA Standard 90.1 também passou
(I-P), a relação vazão/capacidade (em gpm/ton) é que
a ter diferentes valores de requisitos mínimos de
é mantida constante para todas as cargas. Isto também
eficiência energética para os Chillers, entre a versão
gera pequenas diferenças no resultado final do IPLV.
I-P e a versão SI. No item 1.3 do Volume II, são apre-
Portanto, a partir de 2015, de acordo com os sentadas algumas comparações de valores. No Brasil,
AHRI Standards, os índices passaram a ser indicados é mais comum utilizar como referência para os pro-
da seguinte forma: jetos de ar condicionado as condições de operação
do ANSI/AHRI Standard 550/590 (I-P). Porém, a partir
▶ ANSI/AHRI Standard 550/590 (I-P) – IPLV.IP ou
da versão 2017 do Programa Brasileiro de
NPLV.IP
Etiquetagem para Edifícios – PBE Edifica, são utilizadas
▶ ANSI/AHRI Standard 551/591 (SI) – IPLV.SI ou as condições de operação de referência do ANSI/AHRI
NPLV.SI Standard 551/591 (SI). Neste manual, quando se

55 ◀
tratar de um caso genérico, adota-se apenas o ANSI/ para aquecimento de água e Chillers com recupera-
AHRI Standard 550/590 por ser a versão original. dores de calor, todos esses utilizando apenas o ciclo
de compressão a vapor. Para Chillers e Bombas de
Algumas particularidades importantes sobre o
Calor com ciclo de absorção, deve ser aplicado o
ANSI/AHRI Standard 550/590:
ANSI/AHRI Standard 560-2000 – Absorption Water
▶ Essa norma se refere a testes em fábrica, em Chilling and Water Heating Packages.
bancadas de testes certificadas pelo AHRI. Os
No website do AHRI – Air Conditioning, Heating
resultados servem apenas para comparação
and Refrigeration Institute – é possível fazer o down-
genérica de equipamentos, como padrão de load grátis de todos os AHRI Standards2.
referência comparativo;
▶ Praticamente é impossível realizar em campo (na
instalação) os testes dessa norma, pelos seguin- 5.3 NPLV
tes fatos: O NPLV é referido pelos AHRI Standard 550/590
▷ A instalação em campo não é certificada pelo (I-P) e AHRI Standard 551/591 (SI) como o valor de
AHRI. Portanto, tais testes não seriam reco- carga parcial fora do padrão (do inglês, Non-Standard
nhecidos pelo AHRI; Part Load Value), ou seja, para condições de operação
de projeto diferentes das apresentadas para o cál-
▷ É muito difícil obter as condições de teste no culo do IPLV, que são as condições padrão. No en-
campo; tanto, o NPLV ainda respeita alguns limites definidos
por estas normas, com alguns exemplos conforme
indicados na Tabela 8.
Para testes de campo recomenda-se utilizar o
ASHRAE Standard 30-1995, que é utilizado pelo De acordo com o AHRI Standard 550/590, o ín-
ANSI/AHRI Standard 550/590 como metodologia dice NPLV não pode ser aplicado a Chillers com
de teste e o AHSRAE Standard 184-2016, que é condensação a ar ou Chillers com condensadores
específico para testes de Chillers em campo; evaporativos.

▶ O IPLV se refere apenas a um Chiller. Em uma


instalação com vários Chillers a sua aplicabili- 5.4 SPLV
dade seria muito diferente. Por exemplo, em
uma instalação com quatro Chillers, a condição Conforme pode ser verificado no item 5.2, o IPLV
de 50% de carga não seria para os quatro não representa nenhuma instalação real, pelas se-
Chillers operando em 50% de carga, mas sim guintes principais razões:
dois Chillers operando em 100% de carga. Neste ▶ O IPLV é a média de 29 cidades e a média de
caso, não é possível fazer uma correlação quatro perfis de operação de uma instalação.
simples, utilizando o valor de COP obtido para Por ser a média, não representa nenhuma cidade
os Chillers com 100% de carga, pois a tempera- e nenhum perfil de operação;
tura de entrada de água de resfriamento con-
▶ O IPLV se refere a apenas um Chiller em operação
siderada no cálculo do IPLV foi de 29,4 ºC e com
durante o ano inteiro. Instalações concebidas
carga parcial, esta temperatura será menor.
para operar com apenas um Chiller são raras;
Também não seria possível considerar o Chiller
operando com 100% de carga e a temperatura ▶ As condições de temperatura de água de resfria-
de entrada de água de resfriamento a 18,3 ºC, mento em carga parcial não representam o perfil
pois a norma não apresenta nenhuma base de operação da maioria dos Chillers existentes
para este tipo de cálculo. no mercado.

O ANSI/AHRI Standard 550/590 se aplica a A partir dessas limitações, surgiu o conceito do


Chillers para resfriamento de água, Bombas de Calor SPLV (do inglês, System Part Load Value – valor de

2
Disponível em: <http://www.ahrinet.org/search-standards.aspx>. Acesso em: 02 jun. 2017.

▶ 56
carga parcial do sistema), que é a média ponderada das condições de operação e desempenho dos
da eficiência energética em cargas parciais de uma equipamentos ao longo do ano, principalmente para
instalação real, com vários Chillers, com perfil de os Chillers por serem os equipamentos de maior
operação específico, em função das características consumo de energia em um edifício.
do projeto e dos horários de funcionamento do
Porém, para uma análise de desempenho bem
sistema, em uma determinada localidade, com suas
mais simples que a simulação energética do edifício
condições climáticas próprias ao longo do ano.
e mais real que a mera aplicação do IPLV de um
No SPLV é possível ainda incluir os demais equi- Chiller para todo sistema de água gelada, o SPLV
pamentos envolvidos, tais como bombas de água pode ser o método mais efetivo para se obter resul-
gelada e de água de resfriamento, ventiladores de tados consistentes durante a fase de projeto e servir
torres de resfriamento e até ventiladores dos condi- de referência para análise do desempenho real do
cionadores de ar, o que permite executar uma análise sistema de água gelada por meio de um programa
mais abrangente da eficiência energética do sistema. de monitoração e verificação de desempenho ao
Ainda pode ser incluído o impacto de algumas otimi- longo da operação.
zações no projeto, como a aplicação de ciclo econo-
Para o cálculo do SPLV, são necessárias as se-
mizador, rodas entálpicas e as considerações
guintes informações:
específicas do sistema de controle e automação sobre
o funcionamento do sistema de ar condicionado. ▶ Dados climáticos do local da instalação – já estão
disponíveis os arquivos de dados climáticos de
Com o aumento da complexidade da análise de
411 cidades brasileiras, no website Climate.One.
desempenho de um sistema de ar condicionado, os
Building.org3;
melhores resultados são obtidos por meio de sof-
twares de simulação do desempenho energético de ▶ Perfil semanal de operação do sistema – horários
todo edifício, porém é essencial a correta aplicação de início e final de operação durante os dias da

Tabela 8 – Limites para utilização do NPLV estabelecidos nos AHRI Standard 550/590 (I-P) e AHRI
Standard 551/591 (SI)

Fonte: Elaboração do autor.

3
Disponível em: http://climate.onebuilding.org/WMO_Region_3_South_America/BRA_Brazil/index.html>. Acesso em: 02 jun. 2017.

57 ◀
semana e particularidades durante finais de ▶ Quantidade máxima de Torres de Resfriamento
semana e feriados; em operação: 4;
▶ No caso de o sistema possuir ciclo economizador ▶ Circuito único com vazão variável de água gelada;
que resulte no desligamento do sistema de água
▶ Capacidade unitária dos Chillers: 1.903 kW (541 ton);
gelada, deverão ser descontados do perfil de
operação ao longo do ano os períodos de fun- ▶ Condições de operação dos Chillers: AHRI
cionamento com ciclo economizador; Standard 550/590(I-P) 2015 – exceto temperatura
de entrada de água de resfriamento;
▶ Carga térmica máxima do sistema;
▶ Temperatura de bulbo úmido do ar externo (TBU)
▶ Quantidade de Chillers em operação;
máxima de projeto: 23,2 ºC;
▶ Capacidade unitária dos Chillers;
▶ Controle de temperatura de água da torre: TBU +
▶ Para sistemas com condensação a água será 4,0 ºC;
necessário definir as condições de operação das
▶ Temperatura mínima de entrada de água nos
torres de resfriamento e o controle de setpoint
condensadores do Chillers: 11,0 ºC (obtida no
de saída de água das bacias para a entrada dos
catálogo do fabricante).
condensadores dos Chillers.

A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para


A seguir, um exemplo com os dados de um sis-
o cálculo do SPLVex (SPLV do exemplo). Deve-se ob-
tema de água gelada em um edifício de escritórios
servar que teoricamente, na carga térmica máxima
na cidade de São Paulo:
do edifício, os quatro Chillers devem operar com 95%
▶ Perfil semanal de operação do sistema: de se- da sua capacidade máxima. Portanto, a porcentagem
gunda a sexta-feira, das 08h00min às 19h00min; de carga máxima da CAG será de 95% da capacidade
total dos Chillers.
▶ Sistema opera com ciclo economizador para
temperaturas de bulbo seco do ar externo A Tabela 10 mostra uma comparação entre os
abaixo de 17 ºC; valores obtidos para o cálculo do SPLV do exemplo
citado e os valores padrão do IPLV.IP. Pode-se veri-
▶ Carga térmica máxima do sistema: 7.221 kW
ficar claramente que o perfil de distribuição de cargas
(2.053 ton);
anuais e as temperaturas de água de resfriamento
▶ Quantidade máxima de Chillers em operação: 4; são muito diferentes.

Tabela 9 – Valores dos índices a serem aplicados para o cálculo do SPLV dos Chillers de um sistema de
água gelada no exemplo citado

Fonte: Elaboração do autor.

▶ 58
Tabela 10 – Comparação entre os valores dos índices para o cálculo do SPLV do exemplo citado e os valores
padrão do IPLV.IP

Fonte: Elaboração do autor.

Tabela 11 – Comparação entre os valores de COPex e SPLVex em relação ao COP e IPLV.IP do


ANSI/AHRI Standard 550/590 (IP) 2015

Fonte: Elaboração do autor.

5.5 TEWI
A Tabela 11 apresenta os resultados do COPex e Enquanto o valor do GWP (Global Warming
SPLVex calculados para a CAG com quatro Chillers, em Potential) indica o potencial de aquecimento global
comparação com os valores do COP e IPLV.IP do AHRI de um determinado fluido refrigerante, o TEWI (Total
Standard 550/590, considerando que os Chillers se- Equivalent Warming Impact) indica o impacto total
lecionados são do tipo centrífugo e atendem exata- equivalente de aquecimento global de um equipa-
mente os requisitos mínimos de eficiência energética mento ou sistema de refrigeração, considerando o
do ASHRAE Standard 90.1-2010 – Path B. impacto direto do GWP do fluido refrigerante (em
caso de vazamento para a atmosfera durante a
Como se pode observar, pode haver diferenças operação e no final da vida útil do equipamento) e o
consideráveis nos resultados, uma vez que o IPLV é impacto indireto relativo à emissão de gases que
um valor para um sistema fictício. Portanto, é impor- contribuem para o efeito estufa durante a operação
tante considerar sempre a análise real do sistema do sistema, resultante da emissão relacionada ao
de água gelada. consumo de energia do equipamento, pois na gera-
ção desta energia pode haver emissões de gases do
Na sequência da análise devem ser agregados
efeito estufa para a atmosfera.
os demais componentes do sistema de água gelada
e até mesmo os ventiladores dos condicionadores O TEWI é medido em unidade de massa (kg) de
de ar para se obter o SPLV de todo sistema de ar Dióxido de Carbono equivalente (CO2eq) e calculado
condicionado. em duas partes:

59 ◀
▶ Impacto devido ao vazamento do fluido refrige- Os principais tipos de emissões diretas do siste-
rante durante a vida útil do sistema de refrige- ma de refrigeração são:
ração, incluindo as perdas irrecuperáveis na
▶ Vazamentos graduais durante a operação normal
destinação final do fluido;
do sistema;
▶ Impacto devido às emissões de CO2eq resultantes
▶ Vazamentos catastróficos durante a operação
da queima de combustíveis fósseis durante a
do sistema;
geração de energia para a operação do sistema
de refrigeração ao longo de sua vida útil. ▶ Vazamentos durante os serviços de manutenção
no sistema;

▶ Vazamentos no final da vida útil do sistema, in-


A seguir, a equação do TEWI:
cluindo a etapa de destinação final.
TEWI = GWP · m · Lanual · n + GWP · m · (1 – αrec) + Eanual · β · n

A taxa de vazamento anual é expressa em rela-


Emissões Diretas de Emissões Diretas
Emissões Indiretas ção percentual da carga total de fluido refrigerante
Vida Útil Destinação Final
no sistema e exclui as emissões resultantes dos va-
zamentos no final da vida útil do sistema. A taxa de
Onde: vazamento pode ser obtida em manuais de referên-
cia, variando consideravelmente para os diversos
▶ GWP – Potencial de Aquecimento Global do
tipos de sistema de refrigeração existentes. A Tabela
fluido refrigerante relativo ao CO2 (GWPCO2 = 1),
12 mostra os valores típicos para Chillers.
em um período de 100 anos.
Observação:
▶ m – Carga total de fluido refrigerante no sistema
(kg) ▶ Chillers de menor capacidade e com condensação
ar propiciam maiores taxas de vazamento, devi-
▶ Lanual – Taxa de vazamento anual (parcela da
do às suas características construtivas;
carga total – %/100)
▶ Chillers com fluidos de baixa pressão possuem
▶ n – Vida útil do sistema (anos)
as menores taxas de vazamento porque operam
▶ αrec – Fator de recuperação/ reciclagem do fluido em pressões negativas ou muito próximas da
(entre 0 e 1) pressão atmosférica;
▶ Eanual – Consumo de energia anual do sistema ▶ Os dados obtidos se referem a estudos realiza-
(kWh) dos nos EUA (US-EPA e relatórios de fabricantes).
▶ β – Fator de emissões indiretas (kgCO2/kWh) Não foram encontrados dados sobre taxas de
vazamento em Chillers no Brasil.

Tabela 12 – Taxa de vazamento anual para Chillers de diversas faixas de capacidade e para Chillers
com fluido refrigerante de baixa pressão

Fonte: AIRAH, 2012.

▶ 60
Tabela 13 – Valores de GWP para diversos fluidos refrigerantes, Tabela 14 – Valores de GWP para fluidos refrige-
conforme os relatórios do IPCC rantes não listados nos relatórios do IPCC

Fonte: IPCC Assessment Reports,1995 (AR2)/ 2007(AR4)/ 2014 (AR5) Fonte: THE EUROPEAN PARLIAMENT, 2014.

Os valores de GWP podem ser obtidos por meio Recomenda-se utilizar a taxa de recuperação
dos relatórios de avaliação do IPCC (Intergovernamental de 70% para sistemas com cargas de fluido refrige-
Panel on Climate Change). A Tabela 13 indica os valo- rante com até 100 kg e 95% para sistemas com
res de GWP de alguns fluidos refrigerantes para cargas maiores.
um período de 100 anos, apresentados nos rela-
O fator de emissões indiretas está relacionado
tórios AR2-1995, AR4-2007 e AR5-2014. A Tabela
à qualidade da produção de energia elétrica e
14 inclui ainda outros fluidos não listados nos re-
quantidade de CO2 equivalente por quantidade de
latórios do IPCC.
energia gerada. O Brasil possui uma matriz energé-
O IPCC possui um guia de referência com tica muito limpa, quando comparado com a maioria
orientações de boas práticas para se obter eficiên- dos países, devido à alta produção de energia
cias de recuperação que variam de 70% a 95% da oriunda de hidroelétricas. A Tabela 15 mostra o
carga restante no sistema ao final da vida útil, de- resumo da distribuição da geração de energia em
pendendo das classes de equipamentos. Na prática, 01/11/2016, conforme relatório do ONS (Operador
a taxa de recuperação do fluido refrigerante de um Nacional do Sistema Elétrico).
sistema com uma carga de refrigerante superior a Na tabela 16, é apresentado o fator médio
100 kg seria de 90 a 95% da carga restante e cerca anual de emissões de CO2 equivalente por quanti-
de 70% para equipamentos com cargas menores. dade de energia gerada, disponibilizado pelo
As perdas no final da vida do sistema equivalem a Ministério da Ciência e Tecnologia. Para efeito de
menos de 1% ao ano amortizado durante a vida útil comparação, a Tabela 17 mostra os fatores de
do equipamento. emissão de alguns países.

61 ◀
Tabela 15 – Distribuição da geração de energia no Brasil em 01/11/2016

Fonte: IPCC Assessment Reports,1995 (AR2)/ 2007(AR4)/ 2014 (AR5)

Tabela 16 – Fator médio anual de emissões de CO2 equi- Tabela 17 – Fator médio anual de emissões de CO2 equi-
valente no Brasil por energia gerada valente por energia gerada de alguns países

Fonte: BRASIL, 2017. Fonte: Emission Factors for Sustainable Energy Action Plan (SEAP) - Covenant

of Mayors for Climate & Energy – 2014

O consumo de energia anual pode ser obtido por Observações:


meio de simulações de desempenho anual do Chiller
▶ Os valores do TEWI total calculado são resultan-
utilizando valores de PLV (SPLV é o mais recomendado)
tes do consumo de energia e da carga de fluido
ou em sistemas existentes, pelos registros anuais de
refrigerante e estes dois elementos dependem
consumo por equipamento.
da capacidade do Chiller e da sua vida útil. Para
A Tabela 18 apresenta os resultados de um estudo possibilitar uma comparação entre os vários
de cálculo de TEWI para alguns Chillers, utilizados para equipamentos e fluidos refrigerantes, na última
aplicações em sistemas de ar condicionado no Brasil. coluna aparece o valor TEWI-1000 kW/20 anos,

▶ 62
Tabela 18 – TEWI de Chillers para aplicações de ar condicionado no Brasil

Fonte: Elaboração do autor.

que seria o TEWI, se todos os equipamentos relativa às emissões diretas é significativa na


possuíssem a capacidade de 1.000 kW e tivessem análise do TEWI.
a vida útil de 20 anos.
▶ Caso esses equipamentos estivessem nos EUA,
▶ No exemplo, foi aplicado o IPLV.IP por ser o índice a parcela de emissão indireta seria cerca de 10
disponível para todos os Chillers analisados. vezes maior que os valores apresentados.

▶ Pode-se verificar que, apesar do fator de emis-


sões indiretas no Brasil ser muito baixo, a parcela

63 ◀
6 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS CHILLERS E AS CONDIÇÕES
DE OPERAÇÃO DO SISTEMA DE ÁGUA GELADA
▶ Do dimensionamento do Circuito de Refrigeração
O s Chillers em um sistema de água gelada funcio-
nam de maneira dinâmica, em condições de
operação variáveis em função da carga térmica do
▶ Do tipo de Evaporação

edifício (ou processos) e das condições do ar exterior. ▷ Expansão Seca (Válvula de Expansão com
Portanto, o desempenho do sistema e a eficiência Controle de Superaquecimento)
energética dos Chillers são variáveis e, para se obter
▷ Evaporação Inundada
os melhores resultados do sistema, é importante
conhecer algumas características essenciais da ▶ Da manutenção do Chiller
operação dos Chillers e os demais equipamentos. É
▷ Carga de Fluido refrigerante
fundamental que se desenvolva um projeto de au-
tomação e controle adequado, com elementos de ▷ Tratamento de Água
controle que permitam a otimização do sistema de
▷ Limpeza dos Trocadores de Calor
água gelada.

Os itens relacionados ao projeto dependem da


6.1 DESEMPENHO DOS CHILLERS tecnologia desenvolvida pelo fabricante e da decisão
Em um Chiller, a eficiência energética, desde o de compra por um equipamento mais eficiente, o
projeto e durante a sua vida útil operacional, que normalmente implica em maior custo.
depende:
Já os aspectos operacionais dependem de um
▶ Da característica dos componentes bom programa de manutenção e do entendimento
do cliente sobre a importância de manter os Chillers
▷ Eficiência do Compressor
operando em boas condições. Se não houver inves-
▷ Eficácia dos Trocadores de Calor timento para um bom programa de manutenção,
haverá maior despesa com consumo de energia (e
▶ Da característica dos fluidos
água eventualmente) e reparos.
▷ Fluido refrigerante
A Figura 34 apresenta uma composição de dois
▷ Fluido Secundário gráficos para verificação da capacidade e COP de um
Chiller. O desempenho final é resultado do desem-
▷ Fluido para Rejeição de Calor (Água, Ar)
penho do compressor operando com um determi-
▶ Das condições de operação nado fluido refrigerante, que varia em função das
condições de operação do circuito de água gelada
▷ Temperaturas de Saída (Evaporador/ Condensa-
(que influenciam no desempenho do evaporador) e
dor)
do circuito de água de resfriamento (que influenciam
▷ Condições do Ar Externo no desempenho do condensador).

65 ◀
Figura 34 – Curvas de Capacidade e COP de um Chiller em função das variáveis do circuito de água gelada e do circuito
de água de resfriamento

Fonte: Elaboração do autor.

A partir dos gráficos da Figura 34, é possível ▶ Com o aumento da temperatura de saída de água
verificar alguns detalhes: de resfriamento do Chiller, haverá um aumento
na potência absorvida e uma diminuição de capa-
▶ A capacidade e o COP de um Chiller sofrem muito
cidade (em menor proporção), que resultará na
mais influência da temperatura de saída de água
diminuição do COP. No gráfico, com a temperatura
gelada e da temperatura de saída de água de
resfriamento do que da vazão de água gelada e de saída de água gelada constante em 9,0 ºC e
da vazão de água de resfriamento; variando a temperatura de saída de água de res-
friamento de 31,0 ºC (setas tracejadas em rosa)
▶ Com o aumento da temperatura de saída de água para 35,0 ºC (setas tracejadas em vermelho), há
gelada do Chiller, haverá um aumento de capaci- uma diminuição de 3,2% na capacidade e de 14,4%
dade e um aumento do COP. Haverá, ainda, um no COP, com um aumento de 10,7% na potência
aumento em menor proporção na potência ab- absorvida, conforme indicado na Tabela 20.
sorvida. No gráfico, com a temperatura de saída
de água de resfriamento constante em 35,0 ºC e ▶ Mantendo a temperatura de saída de água gelada
variando a temperatura de saída de água gelada constante, a variação da vazão de água gelada (em
de 5,0 ºC (setas tracejadas em verde) para 9,0 ºC uma boa faixa) não traz nenhum impacto na ca-
(setas tracejadas em vermelho), há um aumento pacidade e COP do Chiller. Nesse caso, haverá
de 17,3% na capacidade e de 14,5% no COP, com apenas variação do diferencial de temperatura de
um aumento de 2,5% na potência absorvida, água gelada, que, apesar de não trazer impacto
conforme indicado na Tabela 19. no desempenho do Chiller, pode limitar o dimen-

Tabela 19 – Variação de capacidade, COP e potência absorvida de um Chiller, em função da va-


riação da temperatura de saída de água gelada

Fonte: Elaboração do autor.

▶ 66
Tabela 20 – Variação de capacidade, COP e potência absorvida em função da variação da
temperatura de saída de água gelada

Fonte: Elaboração do autor.

sionamento dos condicionadores de ar ou no pes de operação na análise de desempenho dos


processo de resfriamento (ver item 6.2); trocadores de calor de um Chiller.

▶ Mantendo a temperatura de saída de água de No evaporador, o approach indica o diferencial


resfriamento constante, a variação da vazão de entre a temperatura de saída de água gelada e a
água de resfriamento (em uma boa faixa) não traz temperatura de evaporação do fluido refrigerante.
nenhum impacto na capacidade e COP do Chiller. No condensador, indica o diferencial entre a tempe-
Nesse caso, haverá variação do diferencial de ratura de condensação do fluido refrigerante e a
temperatura de água de resfriamento, que, apesar temperatura de saída de água de resfriamento.
de não trazer impacto no desempenho do Chiller, A Figura 35 ilustra o perfil de temperaturas ao
pode limitar o dimensionamento da torre de longo do condensador e do evaporador de um Chiller
resfriamento (ver item 6.3). e a indicação do approach em cada trocador. O termo
lift (elevação) é definido como a diferença de pressão
do fluido refrigerante entre a descarga e a sucção no
6.2 APPROACH compressor do Chiller.
O termo approach (a melhor tradução do inglês Uma vez determinadas as condições de projeto de
seria aproximação) é muito empregado pelas equi- operação de um Chiller, principalmente a temperatura

Figura 35 – Approach no condensador e no evaporador de um Chiller

Fonte: DAIKIN, 2014.

67 ◀
de saída de água gelada e a temperatura de saída de A redução da vazão de água gelada resulta em
água de resfriamento, pode-se concluir o seguinte: menor consumo de energia na bomba de água ge-
lada. Porém, o impacto operacional de redução de
▶ Quanto menor for o approach de projeto no
vazão de água gelada em um sistema existente pode
evaporador:
afetar negativamente o desempenho dos Fan Coils,
▷ Maior será a temperatura de evaporação; onde o aumento do diferencial de temperatura da
água gelada (e não a diminuição da vazão) pode di-
▷ Menor o lift do compressor;
minuir a eficácia das serpentinas de água gelada. Em
▷ Maior a densidade do vapor na sucção do um sistema novo, isso pode ser previamente dimen-
compressor; sionado visando otimização geral do sistema. Em
sistemas existentes, a diminuição de vazão pode
▷ Maior a capacidade de resfriamento do Chiller;
trazer melhorias no desempenho, entretanto, será
▷ Maior o COP do Chiller. necessária uma análise prévia para verificação do
impacto da diminuição da vazão nos condicionadores
▶ Quanto menor for o approach de projeto no
de ar existentes.
condensador:

▷ Menor a temperatura de condensação;


6.4 VAZÃO DE ÁGUA DE
▷ Menor o lift do compressor;

▷ Menor a potência absorvida no motor elétrico;


RESFRIAMENTO
Em Chillers com condensação a água, o setpoint
▷ Maior o COP do Chiller.
a ser controlado é o da temperatura de entrada de
água no condensador. Diferente da análise da Figura
34 (baseada na temperatura de saída de água de
Pode-se então concluir que quanto menor forem
resfriamento – ver item 6.1), a diminuição da vazão
os approaches, menor será a potência absorvida no
de água de resfriamento (em relação ao valor de
motor do compressor. No item 5.2 do Volume II são
projeto) trará um impacto negativo no desempenho
apresentadas algumas aplicações utilizando a análise
do Chiller, pois haverá um aumento na temperatura
do approach para avaliação preliminar de desempe-
de saída e na temperatura de condensação. Isto
nho de Chillers e torres de resfriamento.
resulta em maior lift no compressor e maior consu-
mo de energia.

6.3 VAZÃO DE ÁGUA GELADA Porém, analisando rigorosamente o conjunto


Chiller + Bomba (BAC) + Torre de Resfriamento, a
Uma vez definido o setpoint de saída de água
diminuição da vazão poderá resultar em uma peque-
gelada de um Chiller, a vazão de água gelada tem um
na redução no consumo de energia total destes
impacto mínimo no desempenho de um Chiller.
equipamentos.
Quanto menor a vazão de água gelada, menor a
velocidade nos tubos e menor o coeficiente de É importante observar que, também no caso do
transferência de calor do lado da água. condensador, a diminuição de vazão de água de
resfriamento dentro de uma faixa bem ampla (em
Contudo, o impacto no coeficiente global de
alguns casos até 50% da vazão de projeto) traz um
transferência de calor no evaporador é menor. De
impacto mínimo na eficácia e no approach do
fato, para uma determinada capacidade, com menor
condensador.
vazão haverá um aumento no diferencial de tempe-
ratura da água gelada, o que resultará em um aumen-
to (mínimo) na eficácia global do evaporador do Chiller.
6.5 CONTROLE DA TEMPERATURA
É importante observar que a diminuição ou au-
mento da vazão de água gelada dentro de uma boa
DE ÁGUA DE RESFRIAMENTO
faixa em relação à vazão de projeto (até +/-50% em A temperatura de projeto de saída de água ge-
alguns casos) não traz nenhum impacto no approach lada dos Chillers é um valor para setpoint de controle.
do evaporador. No entanto, a temperatura de projeto de entrada de

▶ 68
água de resfriamento nos Chillers (saída das torres ▶ Chillers parafuso ou scroll, principalmente os que
– típica de 29,5 ºC) NÃO é um valor para setpoint de utilizam válvula de expansão, não permitem
controle, pois é a temperatura máxima admissível e grandes variações e devem ser cuidadosamente
serve para dimensionamento das torres e define as analisados. Nem sempre o manual desses
condições extremas de funcionamento dos Chillers. Chillers possui esta informação. É muito impor-
tante confirmar esse dado com o fabricante para
Pode-se imaginar inicialmente que um setpoint
a correta operação do Chiller em conjunto com
de temperatura de água de resfriamento mais baixa
requer mais tempo de funcionamento dos ventila- o controle da temperatura da água de resfria-
dores das torres (ou maior frequência quando mento na saída das torres.
houver inversores).

Porém, a temperatura de água de resfriamento Quanto ao elemento de controle para manter


mais baixa reduz o lift e a potência dos Chillers, que a temperatura de água de resfriamento no valor de
é cerca de 20 vezes maior que a potência dos venti- setpoint (baixo), recomenda-se não utilizar válvula
ladores das torres. de 3 vias.
Portanto, o setpoint de controle da temperatura de A Figura 36 indica uma válvula de 3 vias instalada
água resfriamento na entrada dos Chillers (saída das próxima à entrada das torres, entretanto, essa posi-
torres) deve ser ajustado para um valor mais baixo. ção não é recomendável. Considerando que o siste-
Para um determinado conjunto de Chillers e res- ma é aberto, há grande possibilidade de presença
pectivas BACs e Torres de Resfriamento, aplicados a de ar na linha de retorno próxima à entrada das
uma determinada localidade, há uma condição ótima torres e a pressão é praticamente a pressão atmos-
de mínima temperatura de saída de água de resfria- férica. Quando a via do bypass se abre, devido à
mento das torres para alimentação dos condensado- queda de pressão na linha, haverá um fluxo de ar
res dos Chillers. Acima desta temperatura, haverá um direto para a sucção das BACs.
maior consumo dos
Chillers. Abaixo desta
temperatura, a parcela Figura 36 – Válvula de 3 vias para o controle da temperatura de saída de água das torres
de potência dos ventila- – Arranjo não recomendado

dores das torres supera


a redução do consumo
de energia nos Chillers.

No entanto, há um
limite estabelecido pelo
fabricante do Chiller, que
é a mínima temperatura
de entrada de água de
resfriamento recomen-
dada, definida em fun-
ção do modelo do equipa-
mento:

▶ Chillers centrífugos
permitem tempera-
turas de entrada de Chillers

água de resfriamen-
to no condensador
muito baixas (até 10
ºC dependendo do
modelo ▷ ver no
manual do Chiller); Fonte: Transcalor Ltda.

69 ◀
Figura 37 – Válvula de 3 vias para o controle da temperatura de saída de água das torres
– Arranjo não recomendado

Chillers

Fonte: Johnson Controls BE Ltda.

Figura 38 – Solução recomendada – Instalar inversores de frequência nos motores dos


ventiladores das torres de resfriamento para o controle da temperatura de saída de água
das torres

Chillers

Fonte: Johnson Controls BE Ltda.

▶ 70
O arranjo da Figura 37 (com a válvula de 3 vias temperatura atuando sobre inversores de frequência
instalada na saída da torre, com o bypass proveniente instalados nos motores dos ventiladores das torres
de um trecho da tubulação de retorno dos Chillers, para diminuir a de vazão de ar, mantendo a vazão
com pressão mais elevada) também é inadequado, de água constante.
pois implica em uma perda de carga extra na sucção
É muito comum ainda utilizar termostatos (ou
das BACs. Para possibilitar a instalação da válvula de
3 vias nessa posição, é necessário que haja uma al- mesmo sensores de temperatura) para um controle
tura mínima entre o nível das bacias das torres e a On-Off dos motores dos ventiladores. Esse tipo de
linha de sucção das BACS de pelo menos 3 m (reco- controle também não afeta o fluxo de água de res-
menda-se uma altura de 7 m) a fim de evitar pressão friamento. É comum, entretanto, provocar ciclos de
negativa na sucção das BACs e fluxo de ar. Além parada-partida dos motores muito intensos (mais de
disso, a válvula de 3 vias deve ser instalada no nível 10 partidas por hora), o que resulta em diminuição
mais baixo, próximo à sucção das BACs. da vida útil dos motores elétricos, de alguns compo-
nentes do painel e das correias ou dos redutores de
Outro problema é que, com o passar do tempo, rotação dos ventiladores. Com a diminuição sensível
as válvulas de 3 vias podem perder estanqueidade dos custos de investimento dos inversores, essa al-
no bloqueio do bypass e permitir passagem de fluxo ternativa não chega a ser muito mais barata e implica
de água quente durante o verão, aumentando a
em custos de manutenção bem mais elevados, sem
temperatura de alimentação para os Chillers, o que
contar que o tempo parado de uma torre de resfria-
é um desperdício.
mento avariada no verão pode aumentar a tempe-
A melhor solução de controle de temperatura é ratura da água na entrada dos Chillers e o consumo
apresentada na Figura 38, com o controlador de de energia total do sistema.

71 ◀
7 VARIAÇÃO DA CARGA TÉRMICA E SEUS IMPACTOS NO
SISTEMA DE ÁGUA GELADA

A capacidade atual de um Chiller em um determi-


nado sistema é função direta da carga térmica a
ser retirada do processo de resfriamento para o qual
características das bombas para atender a curva
de vazão vs. perda de carga da instalação);
▶ Chillers com capacidade suficiente para atender
foi designado. A carga térmica atual do processo a temperatura de água gelada na alimentação
dependerá de todos os componentes envolvidos. dos condicionadores de ar e vazão do sistema
Para um processo de conforto ambiental, a carga de distribuição de água gelada (inclui a geometria
térmica a ser retirada do(s) ambiente(s) é função dos dos evaporadores e condensadores e caracte-
setpoints de temperatura e da umidade relativa de- rísticas de dos compressores);
sejados no ambiente climatizado.
▶ Sistema de distribuição de água de resfriamento
Nesse caso, os principais elementos do sistema (em sistemas com condensação a água), operan-
que interagem com a carga térmica do ambiente são: do com temperatura de água de resfriamento na
alimentação dos Chillers e vazão de água de res-
▶ Sistema de distribuição de ar, operando com
friamento nos Chillers, necessárias para a rejeição
temperatura de insuflamento e vazão de ar
de calor do ciclo de refrigeração dos Chillers para
necessárias para a retirada da carga térmica o ar ambiente externo (inclui a concepção da rede
do ambiente (inclui a concepção da rede de de distribuição de água de resfriamento com
distribuição de ar com elementos de ajuste elementos de ajuste controle adequados);
controle adequados);
▶ Bombas de água de resfriamento que alimentam
▶ Condicionadores de ar com capacidade suficiente os Chillers (inclui as características das bombas
para atender a temperatura de insuflamento e para atender a curva de vazão vs. perda de carga
a vazão de ar do sistema de distribuição de ar da instalação);
(inclui a geometria das serpentinas de resfria-
▶ Torres de resfriamento com capacidade suficien-
mento e características dos ventiladores);
te para atender a temperatura de água de res-
▶ Sistema de distribuição de água gelada, operan- friamento na alimentação dos Chillers e vazão do
do com temperatura de água gelada na alimen- sistema de distribuição de água de resfriamento
tação dos condicionadores de ar e vazão de água para os Chillers (inclui a geometria das torres e
gelada nos condicionadores de ar, necessárias características dos ventiladores).
para atender a capacidade dos condicionadores
de ar (inclui a concepção da rede de distribuição
de água gelada com elementos de ajuste contro- As Figuras 39 e 40 ilustram os componentes típicos
de um sistema de ar condicionado com água gelada e
le adequados);
de que forma os elementos de controle interagem, em
▶ Bombas de água gelada que alimentam os condi- função da variação da carga térmica, para manter o
cionadores de ar do sistema e os Chillers (inclui as conforto térmico nos ambientes condicionados.

73 ◀
Figura 39 – Esquema simplificado de um sistema de ar condicionado completo com caixas do tipo VAV com controle de
temperatura dedicado para cada ambiente (zona condicionada)

Fonte: Q&A Designers.

Figura 40 – Esquema simplificado de um sistema de água gelada

Bypass

Fonte: Daikin do Brasil Ltda com adaptações do autor.

Qualquer alteração de uma das variáveis dos ele- e/ou da umidade relativa no ambiente) e todo siste-
mentos do sistema que interagem com a carga térmica ma será adequado para a nova condição, ainda que
do ambiente pode implicar na variação da carga tér- fora dos requisitos de conforto. A seguir, dois exem-
mica. Caso a carga térmica atual for menor que a plos típicos:
máxima, os elementos de controle de todo sistema
▶ Se um ou mais condicionadores de ar estiverem
interagirão para manter a temperatura e umidade
com baixa vazão de ar (devido a filtros sujos,
relativa dentro dos níveis de conforto estabelecidos.
desbalanceamento na rede de dutos, problemas
Porém, se uma ou mais variáveis se desviarem, no ventilador ou configuração do controlador),
de tal forma que os elementos de controle não quando a carga térmica tender ao valor de pico,
consigam manter os requisitos de conforto, a carga haverá um aumento da temperatura e/ou da
térmica irá diminuir (com o aumento da temperatura umidade relativa nos ambientes atendidos. O

▶ 74
resultado será o desconforto nos ambientes tura de saída de água gelada nos Chillers e na
atendidos por estes condicionadores de ar, mas temperatura de alimentação de água gelada para
a carga térmica total será menor e os demais os condicionadores de ar. O resultado será o
equipamentos do sistema (incluindo os Chillers) desconforto em todos os ambientes com carga
operarão com capacidade reduzida; térmica elevada e a carga térmica total será
▶ Se um ou mais Chillers estiverem com baixo menor. Nesse caso, os condicionadores de ar e
desempenho (devido aos problemas citados no as bombas de água gelada do circuito secundário
item 6.2, por exemplo) de modo a não atender tendem a operar com vazão máxima (de ar e de
aos períodos de carga térmica elevada, quando água gelada) para compensar a temperatura de
isso ocorrer, haverá um aumento da tempera- água gelada elevada.

75 ◀
8 TIPOS DE SISTEMAS DE ÁGUA GELADA

O s sistemas de água gelada são amplamente


utilizados em processos de resfriamento, sejam
destinados para aplicações de ar condicionado para
em função da carga térmica atual. Esse tipo de sis-
tema possui apenas um conjunto de bombas de água
gelada – BAGs – com vazão constante para atender
conforto térmico ou para processos industriais que os Chillers e equipamentos usuários.
incluem resfriamento e desumidificação de ar, res-
Entre os sistemas que permitem o controle de
friamento de gases, líquidos, metais, vidros, plásticos,
capacidade em cada condicionador de ar, esse é o mais
alimentos, controle de processos com reações exo-
simples que existe e um dos mais baratos. Porém, é o
térmicas entre outros.
sistema que trará o maior consumo de energia e que
Os sistemas de água gelada mais utilizados são possui maiores limitações operacionais.
os seguintes:
As principais características desse tipo de sis-
tema são:

8.1 CIRCUITO ÚNICO DE ÁGUA ▶ Sistema simples – contém apenas um conjunto


de bombas de água gelada e não possui controle
GELADA COM VÁLVULAS DE 3 de vazão de água gelada;
VIAS ▶ Controle mínimo – apenas o controle de capaci-
Consiste em um circuito único de água gelada, dade dos equipamentos usuários, em função da
com vazão total constante nos Chillers e prumadas, variação da carga térmica e o controle de capaci-
e válvulas de 3 vias para controle de vazão de água dade de cada Chiller, como resposta à variação da
gelada nos equipamentos usuários (condicionadores carga térmica total dos usuários. A rigor, o sistema
de ar ou trocadores de processos de resfriamento), deve funcionar sempre com todos os Chillers e

Figura 41 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de 3 vias
Fan-Coils

Chillers

Fonte: Midea Carrier do Brasil Ltda.

77 ◀
bombas em operação. Conceitualmente, a vazão de investimento inicial comparando-o com outras
total de água gelada deve ser mantida durante alternativas (ver itens 8.4 e 8.5), com igual ou menor
toda operação para garantir a controlabilidade custo inicial, mas com desempenho superior e total
das válvulas de 3 vias. Portanto, todos os Chillers controlabilidade.
do sistema deveriam ser igualmente mantidos
em operação. Conforme apresentado na Figura
41, não é possível desligar um dos Chillers quando 8.2 CIRCUITO ÚNICO DE ÁGUA
a carga total for menor que 50% e manter o sis-
GELADA COM VÁLVULAS DE 2
tema funcionando com apenas um Chiller e uma
BAG. Entretanto, na prática, é comum as equipes VIAS
de operação forçarem a parada manual de um
Consiste em um circuito único de água gelada,
Chiller e uma BAG (para o exemplo citado), com
com vazão total constante nos Chillers e válvulas de
impacto negativo no desempenho dos equipa-
2 vias para controle de vazão de água gelada nos
mentos usuários. Também não é raro a equipe
equipamentos usuários (condicionadores de ar ou
de operação desligar um dos Chillers e manter as
trocadores de processos de resfriamento). Esse tipo
duas BAGs em operação, o que torna o sistema
de sistema possui uma tubulação de bypass de vazão
mais ineficiente ainda; água gelada, entre a tubulação principal de saída dos
▶ Maior consumo de energia no sistema de água Chillers e a tubulação de retorno de água dos equi-
gelada – as BAGs operam sempre com vazão total pamentos usuários.
e altura manométrica plena mesmo em cargas O bypass possui uma válvula de 2 vias, contro-
parciais, ou seja, com potência absorvida máxima lada pela pressão diferencial entre a tubulação de
constante. Com todos os Chillers operando sem- alimentação e retorno, para permitir o controle de
pre (ainda que em carga parcial), o consumo de vazão de água gelada (nas válvulas de 2 vias) dos
energia será maior. Quando se utiliza Chillers com equipamentos usuários, em função da carga térmica
condensação a água, o mesmo problema ocorre atual e garantir a vazão constante nos Chillers. Esse
com as BACs (bombas de água de resfriamento), sistema possui apenas um conjunto de bombas de
que também permanecem continuamente em água gelada, com vazão constante para atender os
operação, com vazão constante; Chillers e os usuários.
▶ Válvulas de 3 vias – precisam ser dimensionadas Esse tipo de sistema é uma evolução do sistema
de maneira adequada (com mais rigor que válvu- do item 8.1, e sua principal vantagem é a substituição
las de 2 vias) para garantir melhor controlabilidade das válvulas de 3 vias nos condicionadores por vál-
em toda faixa de operação dos equipamentos vulas de 2 vias, o que permite uma melhor controla-
usuários. É extremamente importante evitar o bilidade da vazão de água gelada nos equipamentos
superdimensionamento da carga térmica dos usuários (para atender a carga térmica atual).
ambientes condicionados nesse tipo de sistema;
No entanto, a vazão total nas BAGs ainda é
▶ Síndrome de Baixo ∆T – Esse efeito será melhor mantida constante para qualquer condição de ope-
analisado no Volume II, item 5.3, porém, pode-se ração do sistema.
dizer que devido a problemas de projeto, instalação,
operação e manutenção, o sistema de água gelada As principais características desse tipo de sis-
pode vir a operar, quando em cargas parciais, com tema são:
vazão excessiva e baixo diferencial de temperatura ▶ Controle mínimo – melhor, entretanto, que o
de água gelada nos equipamentos usuários. A sín- sistema do item 8.1 – além do controle de ca-
drome de baixo ∆T é inerente a este sistema e é das pacidade dos equipamentos usuários, e dos
principais causas da sua baixa controlabilidade. Chillers, é possível variar a quantidade de
Chillers e BAGs em operação. Conforme exem-
plo da Figura 42, é possível desligar um dos
Com a redução de custos dos inversores de Chillers e BAG quando a carga total for menor
frequência, esse sistema se torna praticamente que 50% e manter o sistema funcionando com
inviável. Eventualmente ainda é implantado quando apenas um Chiller e uma BAG. Porém, não é
na fase de projeto não há uma análise detalhada raro a equipe de operação desligar um Chiller,

▶ 78
Figura 42 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada e válvula de
2 vias
Fan-Coils

Chillers

Fonte: Trane - Ingersoll Rand do Brasil Ltda com adaptações do autor.

mas manter as duas BAGs em operação, o que Com a redução de custos dos inversores de fre-
reduz a eficiência do sistema; quência, esse sistema tem se tornado praticamente
inviável quando comparado com outras alternativas
▶ Consumo de energia elevado no sistema de
(ver itens 8.4 e 8.5), com o mesmo custo inicial, mas
água gelada – apesar de ser melhor que o sis-
com melhor desempenho e total controlabilidade.
tema do item 8.1, ainda apresenta um consumo
de energia elevado, pois as BAGs operam sempre
com vazão total e altura manométrica plena, 8.3 CIRCUITO PRIMÁRIO E
mesmo em cargas parciais, ou seja, com potência
absorvida máxima constante; SECUNDÁRIO DE ÁGUA GELADA
▶ Válvula Pressostática no bypass – precisa ser O sistema com circuito primário e secundário de
dimensionada de maneira adequada para ga- água gelada é composto por um conjunto de bombas
rantir a controlabilidade em toda faixa de ope- de água gelada do circuito primário, dimensionadas
ração do sistema. É extremamente importante com vazão constante para atender aos Chillers, em
evitar o superdimensionamento da tubulação circuito restrito à área da central de água gelada e
do bypass. Recomenda-se que a tubulação seja um conjunto de bombas de água gelada do circuito
um ou até dois diâmetros menores que o diâ- secundário, dimensionadas com vazão variável (com
metro da tubulação de um Chiller; inversores de frequência) com controle em função
da vazão total dos equipamentos usuários para
▶ Síndrome de Baixo ∆T – é muito comum nesse atender a carga térmica atual. Esse sistema possui
tipo de sistema devido à má aplicação da válvula uma tubulação de bypass entre os circuitos primário
pressostática (muitas vezes é instalada apenas e secundário, porém, sem nenhum controle, que
uma válvula borboleta com controle de 0 a 100% serve apenas para garantir o equilíbrio dos circuitos
e de mesmo diâmetro da tubulação do Chiller). e mantê-los na mesma pressão de sucção.

79 ◀
Figura 43 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário e secundário de água gelada
Fan-Coils

Bypass Livre

Chillers

Fonte: Daikin do Brasil Ltda com adaptações do autor.

As principais características desse tipo de sis- apresentados nos itens 8.1 e 8.2, com consumo
tema são: de energia anual até 30% menor;
▶ Ótimo controle – é muito importante que o TAB ▶ Circuito Primário opera com variação discreta
(atividades de Testes, Ajustes e Balanceamento de vazão – com um Chiller em operação, haverá
– ver item 3.3.1 do Volume II) do sistema de água uma BAGP em operação. Com dois Chillers em
gelada seja bem executado (os outros sistemas operação, haverá duas BAGPs em operação, e
também precisam, mas aqui é ainda mais impor- assim por diante. É altamente recomendável que
tante). Também é necessário que as lógicas de a configuração do circuito primário seja com as
controle sejam concebidas em conformidade BAGPs dedicadas aos Chillers (conforme ilustrado
com as características daquele sistema, visto que na Figura 43);
cada instalação possui suas particularidades. É
▶ Circuito Secundário opera com vazão variável
muito comum verificar problemas de controle
continua – a variação da vazão total de cada cir-
nesse tipo de sistema porque utilizam lógicas de
cuito secundário é em função da carga térmica
controle padrão;
atual do edifício (por exemplo), o que provocará a
▶ Menor consumo de energia no sistema de variação de vazão nas válvulas de 2 vias dos Fan
água gelada – apesar de incluir um conjunto Coils. A vazão total de cada circuito secundário é
extra de bombas (BAGPs), com a aplicação de controlada, normalmente, pelo setpoint de um
um sistema de controle adequado, este tipo de sensor de pressão diferencial, que deve ser insta-
sistema pode ser bem mais eficiente que aqueles lado em um ponto remoto do circuito secundário

▶ 80
(junto ao Fan Coil mais distante ou junto a um Fan
8.4 CIRCUITO PRIMÁRIO DE ÁGUA
Coil crítico, conforme requerido pelo ASHRAE
Standard 90.1), com tomadas de pressão nas GELADA VARIÁVEL
prumadas de alimentação e retorno de água gela-
Consiste em um circuito único de água gelada,
da. Assim, com o perfil de variação contínua de
com vazão variável em todo sistema, também cha-
vazão no circuito secundário, normalmente a vazão
mado de circuito com primário variável. Esse tipo de
total das BAGPs será diferente (preferencialmente
sistema possui apenas um conjunto de bombas de
maior) da vazão total das BAGSs do sistema;
água gelada, com vazão variável para atender aos
▶ Bypass livre – com vazões diferentes, o bypass Chillers em série com os equipamentos usuários.
entre os circuitos é a tubulação de equilíbrio Nesse caso, o fluxo de recalque das bombas segue
hidrônico e deve ser de fluxo livre. Por isso, para os Chillers e depois aos usuários. Assim, dife-
pode haver fluxo nos dois sentidos do bypass rente dos demais circuitos, a vazão atual nos Chillers
e, apesar de indesejável, pode ocorrer até é variável, igual à vazão total dos usuários, que
fluxo “negativo” (vazão total das BAGSs maior possuem válvulas de 2 vias para controle de vazão
que a vazão total das BAGPs). Isso é importan- de água gelada. Esse tipo de sistema possui uma
te para manter a mesma pressão de sucção
tubulação de bypass de vazão água gelada, entre a
nos dois circuitos e evitar que haja operação
tubulação principal de saída dos Chillers e a tubulação
das bombas em série. Não se deve instalar
de retorno dos usuários. O bypass possui uma válvula
válvula de controle ou balanceamento ou
pressostática, mas com atuação limitada, apenas
válvula de retenção. Válvula manual do tipo
para evitar que os Chillers operem com vazão abaixo
borboleta (utilizada apenas para manobras de
do limite mínimo especificado pelo fabricante.
manutenção) deve permanecer totalmente
aberta e travada; As principais características desse tipo de sis-
tema são:
▶ Síndrome de Baixo ∆T – apesar da ótima
controlabilidade desse sistema, caso o TAB não ▶ Ótimo Controle – é muito importante que o TAB
seja bem executado, o efeito da síndrome de do sistema de água gelada seja bem executado,
baixo ∆T pode ser potencializado. Com o exces- mas é fundamental que as lógicas de controle
so de vazão nas BAGSs, haverá um fluxo nega- sejam adequadas e a configuração dos ajustes
tivo no bypass, que irá provocar um aumento e setpoints de controle (executadas pela equipe
na temperatura de alimentação de água gelada do TAB) sejam exaustivamente testadas. Com
nos condicionadores de ar. Isso provocará isso, a operação do sistema será excelente e de
maior abertura nas válvulas de 2 vias (para melhor resposta que os demais tipos de sistemas
atender a carga térmica dos ambientes), com apresentados, quando houver apenas um circui-
maior vazão no circuito secundário. Cria-se
to de distribuição de água gelada para os equi-
então um efeito cascata, onde o ponto de
pamentos usuários;
equilíbrio pode ocorrer com vazão total muito
elevada no circuito secundário, o que prejudica ▶ Menor consumo de energia no sistema de
em muito o desempenho do sistema. Quando água gelada – com a aplicação de um sistema
isto ocorre, é muito comum se ligar mais um de controle adequado, esse tipo de sistema é o
Chiller e BAGP, para aumentar a vazão total do que propicia o melhor desempenho, com con-
circuito primário, mesmo que não seja neces- sumo de energia anual até 40% menor que
sário ligá-los pela demanda de capacidade total aqueles apresentados nos itens 8.1 e 8.2;
do sistema.
▶ Circuito único (primário) opera com vazão
variável continua – a variação da vazão total no
Em instalações de maior porte, esse é o tipo de sistema é em função da carga térmica atual do
sistema de água gelada mais utilizado nos projetos. edifício que provocará a variação de vazão nas
Porém, com as alternativas apresentadas nos itens válvulas de 2 vias. A vazão total é controlada,
8.4 e 8.5, além da redução do custo inicial da insta- normalmente, pelo setpoint de um sensor de
lação, é possível se obter melhor desempenho e pressão diferencial, que deve ser instalado em
controlabilidade e evitar o efeito cascata em caso de um ponto remoto do circuito, com tomadas de
síndrome de baixo ∆T. pressão nas tubulações principais de alimenta-

81 ◀
Figura 44 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito primário de água gelada com vazão
variável
Fan-Coils

Chillers

Fonte: Johnson Controls BE Ltda com adaptações do autor.

ção e retorno de água gelada. Assim, com o perfil é acionada de modo a garantir a vazão mínima
de variação contínua de vazão no circuito de do(s) Chiller(s) em funcionamento, ao mesmo
água gelada, os Chillers também operam com tempo em que o controlador de vazão do siste-
vazão variável; ma continua controlando a(s) BAG(s), para
também atender a vazão necessária (menor)
▶ Bypass de Vazão Mínima – com função diferente
dos demais sistemas apresentados, a tubulação para a carga térmica atual do sistema. Essa
de bypass possui uma válvula de controle que condição pode acontecer quando o sistema
permanece quase sempre fechada, permitindo opera com baixa carga térmica ou no momento
a variação da vazão total no sistema em função de transição para a entrada do próximo Chiller
da variação da carga térmica. Os Chillers, porém, na sequência de operação, devido ao aumento
possuem uma limitação de vazão, ou seja, não da carga térmica. A válvula de controle deve ser
é possível operar com vazão muito baixa (ex. apropriada para uma ampla faixa de controle e
abaixo de 20% ou 50% da vazão de projeto, de- dimensionada de maneira adequada, normal-
pendendo do evaporador selecionado). Portanto, mente com diâmetro menor que a tubulação do
para evitar a operação do(s) Chiller(s) em funcio- bypass, que por sua vez deve ser dimensionada
namento abaixo da vazão mínima (definida pelo para a vazão mínima do Chiller. Não se deve
fabricante para aquele modelo de equipamento), utilizar válvula do tipo borboleta com controle
a válvula de controle do bypass de vazão mínima de 0 a 100%;

▶ 82
▶ Controle de Vazão nos Chillers – é fundamental 8.5 CIRCUITO ÚNICO COM VAZÃO
que a lógica de controle do sistema seja confi-
DE ÁGUA GELADA VARIÁVEL
gurada para atender aos requisitos de vazão
mínima do fabricante dos Chillers. Portanto, é Consiste em um circuito único de água gelada, com
necessário instalar, no circuito de água gelada vazão variável em todo sistema, porém, com as bombas
de cada Chiller, um medidor de vazão. Esses dimensionadas para atender aos equipamentos usu-
elementos irão garantir a vazão mínima (contro- ários em série com os Chillers. Ou seja, diferentemente
lando a válvula do bypass) em cada Chiller; do sistema anterior, os Chillers estão instalados antes
da sucção das bombas de água gelada.
▶ Síndrome de Baixo ∆T – esse sistema é o que
sofre menor impacto e o que permite maior Outra diferença do sistema anterior é que o
adequação (na configuração do controle) para trecho de bypass (na sucção das bombas de água
remediar este efeito. A “cura”, porém, sempre gelada principais) possui uma bomba auxiliar, que é
será por meio de um programa de otimização acionada apenas para evitar a vazão mínima nos
integrado, que envolve operação e manutenção Chillers e operam com vazão variável. Os equipamen-
dos vários elementos do sistema (ver item 5.3.1, tos usuários possuem válvulas de 2 vias para controle
do Volume II). de vazão de água gelada.

Figura 45 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, com vazão variável
e bombas auxiliares de vazão mínima
Fan-Coils

Chillers

Fonte: Midea Carrier do Brasil Ltda

83 ◀
Figura 46 – Fluxograma esquemático de um sistema com circuito único de água gelada, para dois
circuitos de água gelada, com vazão variável e bombas auxiliares de vazão mínima

Fan-Coils

Fan-Coils

Chillers

Fonte: Daikin do Brasil Ltda com adaptações do autor.

As principais características desse tipo de sis- ▶ Bombas Auxiliares para Controle da Vazão
tema são: Mínima – para garantir a vazão mínima, a tubu-
lação de bypass possui um conjunto de bombas
▶ Ótimo Controle – similar ao item 8.4, porém,
auxiliares – BAGX – (uma operante e uma reserva).
com a grande vantagem de controle quando
houver vários circuitos paralelos de distribuição A BAGX permanece quase sempre desligada,
de água gelada, conforme ilustrado na Figura 46. permitindo a variação da vazão total no sistema
Esse tipo de sistema permite que seja instalado em função da variação da carga térmica. Para
um conjunto de bombas para cada circuito, e evitar a operação do(s) Chiller(s) em funcionamen-
cada um deles com controle de pressão diferen- to abaixo da vazão mínima, a BAGX é acionada de
cial (e vazão) independente. No retorno, todos modo a garantir a vazão mínima do(s) Chiller(s)
os circuitos independentes se unem em um em funcionamento e ao mesmo tempo o contro-
barrilete, e o fluxo total de água gelada segue lador de vazão do sistema continua controlando
para os Chillers. Nesse caso, a vazão atual nos a(s) BAGM(s) para atender a vazão necessária para
Chillers também é variável, igual à vazão total dos a carga térmica atual do sistema.
circuitos de água gelada que atendem os equi- Essa condição pode acontecer quando o sistema
pamentos usuários; opera com baixa carga térmica ou no momento
▶ Menor consumo de energia no sistema de de transição para a entrada do próximo Chiller na
água gelada – Similar ao sistema do item 8.5, sequência de operação, devido ao aumento da
com resultados de consumo de energia anual carga térmica. A aplicação de uma bomba permite
até 40% menor do que os tipos de sistemas dos a operação em ampla faixa de controle de vazão,
itens 8.1 e 8.2; desde 100% a 5% da vazão de projeto da BAGX;

▶ 84
▶ Controle de Vazão nos Chillers – é necessário de funcionamento ou mesmo o desligamento dos
instalar no circuito de água gelada de cada Chiller Chillers. Durante a operação com termoacumulação,
um medidor de vazão, que, por meio do controle apenas as bombas de água gelada permanecem em
de vazão na BAGX, garantirá a vazão mínima em funcionamento para circulação de água gelada entre
cada Chiller; os tanques e os equipamentos usuários, proporcio-
nando em alguns casos a redução substancial da
▶ Síndrome de Baixo ∆T – esse tipo de sistema
demanda contratada e do consumo de energia elé-
sofre menor impacto e permite maior adequação
trica no período de ponta.
(na configuração do controle) para remediar esse
efeito. A “cura”, porém, sempre será por meio de Eventualmente, alguns sistemas são dimensio-
um programa de otimização integrado que en- nados para completar a carga térmica necessária
volve operação e manutenção dos vários ele- durante o período de pico de carga, durante o alto
mentos do sistema (ver item 5.3.1, do Volume II). verão. Nesse caso, os tanques de termoacumulação
possuem maior volume e os Chillers são dimensio-
nados para uma menor capacidade. Esaa proposta
8.6 SISTEMAS DE tende a diminuir a demanda contratada também no
período de fora de ponta. No entanto, esse tipo de
TERMOACUMULAÇÃO solução deve ser cuidadosamente analisada e é
O sistema de água gelada pode operar em imprescindível a instalação de um Chiller reserva.
conjunto com um sistema de termoacumulação, que Os tipos de sistemas de termoacumulação mais
é constituído por um ou mais tanques com grandes comuns são os seguintes:
volumes para a acumulação de energia térmica em
baixa temperatura.

O processo de termoacumulação é realizado no 8.6.1 TERMOACUMULAÇÃO DE


interior dos tanques, onde um determinado volume ÁGUA GELADA
de líquido é resfriado ou congelado e mantido a baixa
temperatura até o momento da sua utilização. Esse é o melhor e mais eficiente sistema de água
gelada disponível, que pode incluir na sua concepção
Dentre as opções, a água é o líquido mais utili- algumas variações que melhorem ainda mais a efi-
zado, seja através de resfriamento (apenas calor ciência e controlabilidade do sistema. O sistema mais
sensível) ou congelamento (calor sensível e latente). utilizado é aquele que possui um tanque de grande
Outros fluídos são utilizados, mas são raros no Brasil. volume, com fluxo estratificado, onde a velocidade
Os PCMs (do inglês, phase change material) aplicados da água no tanque é tão baixa que garante a sepa-
em sistemas de termoacumulação, são líquidos que ração entre a porção “gelada” e a porção “quente”,
possuem calor latente de fusão elevado e tempera- pela diferença de densidade.
tura de fusão normalmente acima de 10 ºC, o que
O arranjo típico é o de duplo circuito, com as
permite a redução do volume de armazenamento e
bombas primárias atendendo os Chillers e as bombas
a utilização de Chillers com água gelada (ao invés de
secundárias atendendo os equipamentos usuários.
solução com fluido anticongelante), resultando em
O tanque de termoacumulação é instalado na tubu-
um sistema mais eficiente. Os PCMs podem ser do
lação de bypass entre os dois circuitos e o fluxo para
tipo inorgânico (sais hidratados) ou orgânico (ácidos
o tanque será em função da diferença de vazão entre
graxos e parafinas, entre outros).
o circuito primário e secundário.
Em sistemas de termoacumulação, durante os
Com o tanque totalmente cheio de “água quente”
períodos de baixa carga térmica no sistema principal
(estado “descarregado”), no período de parada de
ou quando não há demanda (ex. período noturno
funcionamento do sistema de ar condicionado (ou
em edifícios comerciais), os Chillers são ajustados
dos processos de resfriamento), as BAGSs estarão
para resfriar os tanques de termoacumulação.
desligadas. Assim, os Chillers e BAGPs em funciona-
A energia térmica acumulada será então utilizada mento naturalmente “carregam” o tanque com água
durante o período de ponta da tarifa de energia gelada. Todo fluxo de água gelada que sai dos Chillers
elétrica (de maior custo), o que permite a redução alimenta diretamente a parte inferior do tanque. No

85 ◀
retorno, o fluxo de “água quente” sai do anel superior de água gelada passa pelo tanque que vai acumu-
(topo do tanque) e volta para a entrada dos Chillers. lando água gelada e o retorno que sai do anel supe-
rior do tanque de termoacumulação se junta com a
No período de ponta da tarifa de energia elé-
vazão de retorno do circuito secundário para a suc-
trica, com os Chillers e BAGPs desligados, natural-
ção das BAGPs.
mente as BAGSs em funcionamento succionam
água gelada do inferior do tanque (com baixa Se a vazão no circuito secundário for maior que
temperatura – a mesma temperatura de saída dos a vazão no circuito primário, a diferença de vazão sai
Chillers). O fluxo de água gelada é enviado aos da parte inferior do tanque, que se mistura com o
equipamentos usuários, e o retorno de água “quen- fluxo do circuito primário da saída dos Chillers para
te” volta para o anel superior, que vai se aquecendo a sucção das BAGSs. Nessa condição, o tanque volta
(“descarregando”) e se acumulando nos anéis a ser “descarregado”. O fluxo de retorno dos equi-
subsequentes abaixo. pamentos usuários segue para as BAGPs, mas o
excesso retorna para o anel superior do tanque de
Com o tanque instalado na tubulação de bypass
termoacumulação.
entre os circuitos primário e secundário, durante o
período normal de funcionamento do sistema de A Figura 47 apresenta um fluxograma esque-
resfriamento, se a vazão no circuito primário for mático de um sistema com termoacumulação de
maior que a do circuito secundário, então o excesso água gelada.

Figura 47 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secundário
e termoacumulação de água gelada
Fan-Coils

Bypass Livre

Chillers

Fotos: Ingersoll Rand do Brasil Ltda com adaptações do autor.

▶ 86
A única desvantagem desse sistema é que utiliza que haja um sistema de automação bem confi-
apenas o calor sensível da água (resfriamento e gurado para que possa gerenciar e tomar deci-
aquecimento da massa de água no interior do sões para evitar tais desvios.
tanque), o que irá requerer um volume de água
muito maior (cerca de sete vezes), quando compa-
rado com o sistema de termoacumulação de gelo, 8.6.2 TERMOACUMULAÇÃO DE GELO
que utiliza o calor latente da água (solidificação e
Os sistemas com termoacumulação de gelo
fusão). Por essa razão, é mais difícil conceber siste-
utilizam o calor latente de fusão da água como a
mas de termoacumulação de água gelada em edi-
fonte de armazenamento de energia térmica, o que
fícios, uma vez que a altura do edifício irá impor
reduz o volume dos tanques de termoacumulação,
uma pressão elevada no tanque. Existem algumas
porém requer que os Chillers operem em condições
soluções para essa limitação, mas que não são
diferentes, com temperaturas mais baixas (em
aplicadas no Brasil.
torno de -6 ºC) durante o período de termoacumu-
O sistema com termoacumulação de água ge- lação (fabricação de gelo).
lada com circuito primário e secundário apresenta
Os sistemas mais utilizados são os seguintes:
as mesmas características do sistema do item 8.3.
Portanto, serão adicionadas apenas algumas parti- ▶ Ice Balls – normalmente utilizam um ou dois
cularidades, conforme a seguir: tanques de grande volume, com centenas de
milhares de Ice Balls (esferas herméticas, com
▶ Ótimo Controle – a partir do conhecimento do
cerca de 100 mm de diâmetro, contendo água
perfil operacional do sistema pela equipe de
destilada) soltas no seu interior. O volume dos
engenharia de operação, é possível otimizar o
tanques é preenchido tipicamente com solução
controle de sequência de operação dos Chillers.
anticongelante de água e etileno glicol a 25% em
▶ Menor consumo de energia no sistema de peso, que possui um ponto de início de conge-
água gelada – esse sistema pode ser bem mais lamento a -11,5 ºC e é o fluido que circula por
econômico, com resultados de consumo anual todo sistema de água gelada.
de até 50% menor que os sistemas dos itens 8.1
No processo de produção de gelo, a solução de
e 8.2. Em algumas aplicações, pode ser otimi-
glicol circula em baixa temperatura (em torno de
zado ao longo do ano e ajustado para que, em
-6 ºC) pelo tanque, congelando a água no interior
dias com temperaturas externas mais amenas,
das Ice Balls.
os Chillers operem apenas no período noturno
carregando o tanque, com melhor COP (por No processo de “queima” de gelo, a solução de
causa da temperatura de água de resfriamento glicol que retorna dos equipamentos usuários
mais baixa). No período diurno, o tanque de (em torno de +12 ºC), circula pelo tanque fundin-
termoacumulação atende plenamente o siste- do o gelo no interior das Ice Balls.
ma. Isso reduz a operação dos Chillers em car-
▶ Tanques com Serpentinas – Sistema desenvol-
gas muito reduzidas e/ou funcionamento
vido pela Calmac (EUA), que utiliza dezenas de
intermitente por baixa carga.
tanques de menor volume com serpentinas
▶ Síndrome de Baixo ∆T – O efeito da síndrome flexíveis de polietileno, imersas em água (da rede
de baixo ∆T em um sistema de termoacumula- de abastecimento). No interior das serpentinas,
ção de água gelada pode ser um grave problema, circula solução de água e etileno glicol a 25% em
pois com o excesso de vazão nas BAGSs haverá peso, que é o fluido que circula por todo sistema
um “descarregamento” natural de água gelada de água gelada.
do tanque, enquanto que os Chillers trabalham
No processo de produção de gelo, a solução de
com carga reduzida. Isso pode provocar um
glicol circula em baixa temperatura (em torno de -6
descarregamento total do tanque até mesmo
ºC) no interior das serpentinas imersas nos tanques,
antes do início do horário de ponta, o que poderá
congelando a água no interior dos tanques.
resultar na necessidade de funcionamento dos
Chillers no horário de ponta aumento conside- No processo de “queima” de gelo, a solução de
rável na conta de energia. Portanto, é essencial glicol que retorna dos equipamentos usuários

87 ◀
Figura 48 – Fluxograma esquemático de um sistema de água gelada com circuito primário e secundário
e termoacumulação de gelo

Fan-Coils

Bypass Livre

Chillers

Fonte: Johnson Controls BE Ltda com adaptações do autor.

(em torno de +12 ºC), circula no interior das da temperatura de saída de solução de glicol dos
serpentinas imersas nos tanques fundindo o gelo Chillers típico de 6 ºC. No período noturno, os Chillers
no interior dos tanques. atendem os tanques de termoacumulação de gelo,
durante o período de fabricação de gelo (Modo
Fabricação de Gelo), com setpoint da temperatura de
A Figura 48 apresenta um fluxograma esquemático saída de solução de glicol dos Chillers em -6 ºC.
de um sistema com termoacumulação de gelo. O ar- As BAGPs atendem aos Chillers e os tanques de
ranjo é o de duplo circuito, com as bombas primárias termoacumulação de gelo (em série com os Chillers)
atendendo os Chillers e os tanques de gelo, e as bombas durante a fabricação (congelamento) e “queima”
secundárias atendendo os equipamentos usuários. (fusão) de gelo.
Em sistemas típicos de ar condicionado, os Durante o período da tarifa de ponta (Modo
Chillers operam com duplo setpoint de controle de Queima de Gelo), os Chillers são mantidos desligados
temperatura de saída da solução de glicol. No perí- e apenas as bombas de água gelada operam. As
odo normal de operação (Modo Ar Condicionado), BAGSs continuam atendendo os condicionadores de
os Chillers atendem o circuito secundário de água ar e as BAGPs (com a solução de glicol circulando
gelada do sistema de ar condicionado, com setpoint pelos Chillers desligados, sem nenhum resfriamento,

▶ 88
e em série) atendem aos tanques de gelo, descon- (variável entre 8 ºC e 13 ºC) até o valor do setpoint de
gelando o gelo dos tanques e resfriando a solução solução de glicol que alimenta o circuito secundário
de glicol que retorna dos condicionadores de ar para os condicionadores de ar (6 ºC).

89 ◀
9 RETROFIT DE SISTEMAS OBSOLETOS
teve seu início nos anos 1990 e se intensificou
A pós a completa eliminação do consumo de CFCs
em 2010, o Governo brasileiro vem atuando no
gerenciamento do passivo de CFCs para sistemas
com o estabelecimento do Protocolo de
Quioto. Atualmente, os Chillers padrões dispo-
existentes com o objetivo de reduzir vazamentos e níveis no mercado possuem índices de efici-
realizar a destinação ambientalmente adequada ência de pelo menos 30% superiores aos
dessas substâncias. Chillers padrões fabricados naquela época,
utilizando CFC ou HCFC;
Atualmente encontra-se em execução o
Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), ▶ Os Chillers atuais possuem sistemas de controle
com diversas ações voltadas para a redução do otimizados, o que resulta em índices de desem-
consumo e a eliminação de vazamentos de HCFCs, penho em cargas parciais (IPLV, SPLV) muito
principalmente no setor de serviços, durante as melhores que os valores dos Chillers antigos;
atividades de instalação e manutenção de equipa-
▶ A vida útil desses Chillers já está no final. Isso
mentos de refrigeração e ar condicionado. Esse
implica em uma diminuição acentuada do de-
programa foi dividido em etapa de implementação.
sempenho (por diversas causas) e gastos contí-
A etapa 1 do PBH, aprovada em julho de 2011, se
nuos com manutenção.
comprometeu com a eliminação de 16,6% do consu-
mo de HCFCs com base no consumo médio nos anos
2009-2010 (linha de base). A etapa 2 do PBH, apro-
Alguns programas de eficiência energética e
vada em novembro de 2015, se comprometeu com
contratos de substituição de sistemas de água gelada,
a eliminação de 39,3% do consumo de HCFCs em
com pagamento baseado no retorno pela melhoria
2020 e de 51,6% em 2021.
do desempenho, proporcionam soluções otimizadas
No âmbito do PBH, é executado o Projeto com excelentes resultados e retorno de investimento
Demonstrativo para o Gerenciamento Integrado do muito atrativo.
Setor de Chillers (Projeto BRA/12/G77) com a finalidade
Contudo, é importante observar que o Chiller é
de promover capacitação e disseminação de informa-
apenas um dos componentes do sistema de água
ções a respeito de sistemas de água gelada, para in-
gelada. Apesar de ser o principal elemento consumi-
centivar a substituição de equipamentos que utilizam
dor de energia, o desempenho do sistema (e dos
CFCs e HCFCs e melhorar a eficiência energética.
próprios Chillers) depende muito dos demais com-
No Brasil, os Chillers que ainda utilizam CFCs são ponentes da instalação e, de uma maneira especial,
raríssimos e a maioria deles funciona apenas como do controle geral do sistema de água gelada.
equipamento reserva. Já os Chillers que utilizam
Portanto, quanto à análise de um projeto para
HCFCs representam uma parcela maior, cerca de 7%
substituição de Chillers antigos, é essencial que todo
do parque total instalado, principalmente em aplica-
o sistema de água gelada seja verificado, para que
ções industriais e em sistemas de menor capacidade,
após a instalação dos Chillers novos, o sistema opere
com condensação a ar. Porém, desde o início dos
em condições otimizadas.
anos 2000 a utilização de Chillers com HCFCs em
novos sistemas reduziu muito, principalmente com A Tabela 21 apresenta os requisitos mínimos de
o aumento acentuado da oferta de Chillers com HFCs. eficiência requerida dos principais tipos de Chillers
estabelecidos pelo ANSI/ASHRAE/IESNA Standard
Os sistemas de água gelada com Chillers que
90.1 – Energy Standard for Buildings Except Low-Rise
utilizam fluido refrigerante contendo CFC ou HCFCs,
Residential Buildings (norma padrão de requisitos
além do problema potencial da destruição da cama-
mínimos de eficiência energética para equipamentos
da de ozônio, são sistemas muito deficientes, devido
e componentes de sistemas prediais, utilizada como
às seguintes causas:
referência no RTQ-C do PBE Edifica), comparando a
▶ Esses Chillers foram concebidos antes do pe- versão de 1989 (padrão utilizado nos anos 1990) com
ríodo de desafio à eficiência energética, que a versão 2013.

91 ◀
Tabela 21 – Requisitos mínimos de eficiência energética para vários tipos de Chillers, estabelecidos
pelo ASHRAE Standard 90.1 – comparação entre as versões 1989 e 2013

Fonte: Elaboração do autor.

Observação: vestimento em um prazo menor do que apenas a


substituição dos Chillers.
▶ O COP e o índice IPLV (conforme descritos no
item 5) utilizados na Tabela 21 foram calculados A Tabela 22 mostra os resultados de economia
com os Chillers operando nas condições de de energia de um projeto de substituição de Chillers
operação padrão estabelecidas pelo AHRI de uma instalação existente com HCFC-22, com ca-
Standard 550/590 vigente, na ocasião de cada pacidade total de 4.571 kW (1.300 ton), e o mesmo
versão do ASHRAE Standard 90.1. projeto contemplando também a otimização da
Central de Água Gelada – CAG.

No caso do projeto que incluiu a otimização da


Na comparação dos requisitos entre as duas
CAG, o investimento extra foi de apenas 13% (87%
versões, verifica-se que, em 25 anos, houve um au-
do investimento total foi para a substituição dos
mento médio superior a 25% nos requisitos de efici-
Chillers) e o resultado final da redução do consumo
ência mínima com o equipamento a 100%, e um
de energia anual estimado foi de 42,5% em relação
aumento médio superior a 70% dos requisitos de
ao sistema existente, uma redução extra de 28% em
eficiência mínima com o equipamento operando em
relação ao projeto que contemplava apenas a subs-
carga parcial.
tituição dos Chillers.
No entanto, as oportunidades no restante do
O Gráfico 1 indica o potencial de redução de po-
sistema de água gelada também são muitas e, apesar
tência total do sistema a partir da CAG inicial, com as
da parcela extra de economia ser menor em relação
opções de substituição dos Chillers apenas e substi-
à economia total de um projeto que contempla
tuição dos Chillers, incluindo a otimização da CAG.
apenas a substituição dos Chillers, os investimentos
extras para a otimização de todo sistema de água O projeto de otimização incluiu a eliminação das
gelada são muito menores, com um retorno de in- Bombas do Circuito Primário de Água Gelada (BAGPs)

▶ 92
e as alterações necessárias para a transformação do Também foram otimizadas as Bombas de Água
sistema com circuito primário e secundário para cir- de Resfriamento (BACs) e substituídos os enchimen-
cuito único variável, mantendo as Bombas do Circuito tos e ventiladores das Torres de Resfriamento au-
Secundário de Água Gelada (BAGSs) como Bombas mentando a eficácia das Torres. Finalmente, um novo
Principais do Circuito Único de Água Gelada (BAGMs). sistema de automação foi implantado.

Tabela 22 – Comparação dos resultados de economia de energia entre um projeto de


substituição de Chillers e o mesmo projeto incluindo a otimização da CAG

Fonte: Elaboração do autor.

Gráfico 1 – Comparativo de potência total entre o sistema inicial e as opções de substituição

Fonte: Elaboração do autor.

93 ◀
10 SISTEMAS DE ÁGUA GELADA EFICIENTES SEM CFC OU
HCFC – BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
m novo desafio que se apresenta para a substi- O Gráfico 2 indica a classificação dos fluidos
U tuição dos HCFCs, principalmente em sistemas
com expansão direta, refere-se à redução da utiliza-
quanto à segurança da seguinte forma:
▶ A1 – Baixa toxicidade e não inflamável;
ção dos HFCs, que, apesar de não serem danosos, à
camada de ozônio, a maioria deles contribuem ▶ A2L – Baixa toxicidade e inflamabilidade com
sensivelmente para o efeito estufa. baixa velocidade de propagação de chama;

Com os recentes desafios na busca de fluidos ▶ B2L – Alta toxicidade e inflamabilidade com baixa
frigoríficos com baixo GWP (potencial de aquecimen- velocidade de propagação de chama;
to global menor que 300 ou menor que 150 em al- ▶ A3 – Baixa toxicidade e inflamabilidade com alta
gumas propostas de redução), as melhores velocidade de propagação de chama.
alternativas exigem restrições de uso. Algumas
apresentam índices de toxicidade elevadas (ex.
Amônia), e outras são inflamáveis (hidrocarbonetos Ainda não há uma solução final, mas já é con-
e os sintéticos HFOs, que são HFCs não saturados). senso geral no desenvolvimento de novas tecnologias
que, independentemente de quais sejam os novos
O Gráfico 2 indica algumas alternativas para
fluidos, a carga total do fluido frigorífica no sistema
substituição de HFCs e do HCFC-22, com indicação
deverá ser muito reduzida.
dos valores de GWP e a classificação do fluido quanto
aos aspectos de segurança, conforme o ANSI/ASHRAE Os sistemas de água gelada apresentam a menor
Standard 34-2013. carga de fluido refrigerante em relação à capacidade

Gráfico 2 – Alternativas para substituição do HCFC R-22 e de HFCs, com os valores de GWP e a classificação do
fluido quanto aos aspectos de segurança

Fonte: Q&A Designers.

95 ◀
total (fluido restrito apenas à central de água gelada). A maioria dos fabricantes de Chillers dispõe de
Além disso, já estão disponíveis Chillers com cargas linhas comerciais com fluidos frigoríficos de baixo
da ordem de 10 a 15 vezes menores que Chillers GWP para diversos tipos de equipamentos, destina-
convencionais e 50 vezes menores que sistemas de dos principalmente ao mercado europeu, onde os
expansão direta. requisitos de legislações demandam a aplicação de
Esse é um requisito pouco observado no Brasil, mas fluidos com esta característica. A Tabela 23 indica
que deverá se intensificar nos próximos anos, durante algumas opções de fluidos para os vários tipos de
a busca por novas soluções com fluidos de baixo GWP. equipamentos.

Tabela 23 – Opções de fluidos refrigerantes para diversos tipos de Chillers

Fonte: Elaboração do autor.

▶ 96
97 ◀
11 GLOSSÁRIO
▶ Approach – a melhor tradução do inglês seria toxicidade, índices de inflamabilidade, COP do
aproximação. No evaporador de um Chiller, o ciclo, pressões de operação, ODP, GWP e misci-
approach indica o diferencial entre a temperatura bilidade com o óleo lubrificante. Muitos blends
de saída de água gelada e a temperatura de foram desenvolvidos como fluidos de drop-in, ou
evaporação do fluido refrigerante. No conden- seja, fluidos com características operacionais
sador, indica o diferencial entre a temperatura similares (mesma faixa de operação e índices de
de condensação do fluido refrigerante e a tem- COP) que podem ser utilizados para substituição
peratura de saída de água de resfriamento. O direta de um fluido que deve ser eliminado (CFC,
approach pode ser aplicado para qualquer tro- HCFC ou HFC) de um sistema de refrigeração
cador de calor incluindo torres de resfriamento existente, mas que não exija grandes interven-
e condicionadores de ar. Ver item 6.2 do Volume ções ou adequações nos equipamentos e seus
I e item 5.2 do Volume II. componentes. Normalmente envolve apenas a
▶ BAC – sigla para bomba do circuito de água de troca do óleo lubrificante e elementos de veda-
resfriamento que atende um Chiller com conden- ção. Os blends podem ser misturas zeotrópicas
sação a água e sua respectiva torre de resfria- ou azeotrópicas. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e Figura
mento de um sistema de água gelada. Ver itens 33 do Volume I.
6.4 e 6.5 do Volume I. ▶ Blends Azeotrópicos – são misturas de fluidos
▶ BAGM – sigla para bomba do circuito principal refrigerantes que se comportam como substância
de água gelada dimensionada para atender aos pura durante os processos de mudança de fase
equipamentos usuários em série com os Chillers (evaporação ou condensação). A principal carac-
em um sistema de água gelada do tipo circuito terística é a temperatura constante durante o
único com vazão de água gelada variável. Ver processo de mudança de fase à pressão constan-
item 8.5 do Volume I. te. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e Figura 33 do Volume I.

▶ BAGP – sigla para bomba do circuito primário de ▶ Blends Zeotrópicos – são misturas de fluidos
água gelada que atende um Chiller de um sistema refrigerantes que não se comportam como
de água gelada com circuito primário e secundá- substância pura durante os processos de mudan-
rio de água gelada. Ver item 8.3 do Volume I. ça de fase (evaporação ou condensação). No
processo de evaporação, a temperatura inicial
▶ BAGS – sigla para bomba do circuito secundário (ponto de ebulição) de cada um dos componentes
de água gelada que atende os equipamentos da mistura será em função da pressão parcial de
usuários (condicionadores de ar e demais troca- vapor de cada componente (resultante da fração
dores de calor) de um sistema de água gelada
molar). Assim, durante o processo de evaporação
com circuito primário e secundário de água ge-
há uma variação de temperatura – chamada de
lada. Ver item 8.3 do Volume I.
glide – que é a diferença de temperatura entre o
▶ BAGX – sigla para bomba auxiliar para garantir final da evaporação (ponto de orvalho) do último
a vazão mínima de água gelada requerida em componente da mistura a evaporar e o início da
um ou mais Chillers de um sistema de água ge- evaporação (ponto de ebulição) do primeiro
lada do tipo circuito único com vazão de água componente da mistura a evaporar. No final do
gelada variável. Ver item 8.5 do Volume I. processo, para a evaporação completa do último
componente da mistura é necessário que os de-
▶ Blends – termo em inglês que significa misturas.
mais componentes já estejam na fase de vapor
São misturas de dois ou mais fluidos refrigeran-
superaquecido. No processo de condensação o
tes que tem como o objetivo melhorar algumas
comportamento é o inverso. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2
das características dos componentes que even-
e Figura 33 do Volume I.
tualmente pudessem limitar o seu uso em de-
terminadas aplicações. Dentre as características ▶ BMS ou BAS – siglas do inglês para Building
a serem melhoradas, as principais são: níveis de Management System ou Building Automation System,

99 ◀
refere-se ao sistema de automação predial ou o ra. Trata-se de uma alternativa mais barata, mas
sistema de supervisão predial incluindo o sistema que normalmente resulta em desconforto para
de automação que controla e monitora a opera- os usuários da zona térmica atendida. Ver item
ção de um sistema de ar condicionado. 4.1.5 do Volume III.

▶ BoD – sigla do inglês para Bases of Design – Bases ▶ Caixa de VAV – caixa de volume de ar variável,
do Projeto – documento da equipe de projeto que ou com controle contínuo de vazão de ar insta-
reflete o OPR e tem como objetivo atender e lada em uma rede de dutos para distribuição de
cumprir os itens descritos no documento de OPR ar controlada aos elementos de difusão de um
previamente elaborado, incluindo os requisitos, ambiente ou uma determinada zona térmica. O
as necessidades, limitações, diretrizes e mesmo controle de vazão de ar na caixa de VAV é reali-
os desejos do cliente para os vários aspectos re- zado por um sensor de temperatura do ar am-
levantes do projeto. Ver item 3.2.1 do Volume II. biente instalado na zona térmica atendida. Ver
item 4.1.5 do Volume III.
▶ Brine – termo em inglês que significa salmoura.
Fluido secundário alternativo à água gelada, ▶ CFR – documento com os requisitos atuais do
utilizado normalmente em sistemas com tempe- sistema (do inglês Current Facility Requirements)
ratura de saída do Chiller muito próximas ou – é um dos principais documentos de todo o
abaixo de 0.0ºC. Os brines podem ser do tipo processo de retrocomissionamento, onde todos
substâncias puras (óleos sintéticos) ou soluções os requisitos atuais do sistema são estabeleci-
aquosas. No passado, os brines eram realmente dos. Ver item 3.1.1 do Volume III.
salmouras, misturas que utilizavam água e clo- ▶ clo – unidade de medida no SI para o índice de
reto de sódio ou cloreto de cálcio, mas por serem vestimenta de uma pessoa e relaciona a resis-
muitos corrosivos não são mais utilizados. Os tência térmica média à troca de calor do corpo
brines mais comuns em sistemas de água gelada humano com o ambiente, causada pela vesti-
são soluções aquosas com etileno glicol, propi- menta do usuário – 1 clo = 0,155 m²K/W. Ver item
leno glicol, etanol, formato de potássio ou ace- 1.2.1 do Volume II.
tato de potássio.
▶ COP – sigla do inglês para Coefficient Of
▶ Bubble point – termo em inglês que significa Performance – coeficiente de desempenho. O
ponto de ebulição. Durante o processo de aque- COP de um Chiller com ciclo de compressão de
cimento de um determinado fluido refrigerante vapor, em termos práticos é a relação entre a
(ou um blend) na fase líquida, à pressão constan- capacidade de resfriamento do Chiller e a potên-
te, é a temperatura na qual surge a primeira cia absorvida pelos motores dos seus compo-
bolha de vapor. É o ponto inicial do processo de nentes. Nos Chillers com ciclo de absorção, a
evaporação do fluido refrigerante. Ver itens 4.1.1 equação do COP indica a relação entre a capaci-
e 4.2.2 e Figura 33 do Volume I. dade de resfriamento e a potência (calor) de
▶ CAG – sigla para Central de Água Gelada. Sala de geração somada à potência de bombeamento
máquinas principal de um sistema de água gelada da solução. Ver item 5.1 do Volume I.
onde estão instalados os Chillers, bombas e painéis ▶ Cx – sigla para o termo comissionamento. Ver
elétricos dos equipamentos. Em sistemas com item 3.0 do Volume II.
condensação a água, as torres de resfriamento são
▶ Demister – é um dispositivo instalado em um
instaladas em área ao ar livre adjacente ou remota.
separador de líquido (por exemplo, de um eva-
Em sistemas com condensação a ar, normalmente
porador de um Chiller) para aumentar a remoção
a CAG é locada em área ao ar livre.
de gotículas de líquido arrastadas (ou a retenção
▶ Caixa de VAC – caixa de volume de ar constante de gotículas de líquido) em um fluxo de vapor.
ou sem controle de vazão, apenas com função Pode ser uma malha com elemento coalescente
On/Off, ou seja 100% aberta ou totalmente fe- ou qualquer outra estrutura destinada a agregar
chada (0%). Instalada em uma rede de dutos a névoa em gotículas e garantir separação do
para distribuição de ar em um ambiente ou zona fluxo de vapor. Nos separadores de líquido dos
térmica que não possua controle de temperatu- evaporadores dos Chillers, a função principal do

▶ 100
demister é evitar o arraste de líquido refrigerante pressão e temperatura intermediária. Após a
para a sucção do compressor. A aplicação do expansão, a parcela de fluxo é evaporada no
demister reduz o tamanho do separador de líqui- outro lado do trocador de calor e o vapor segue
do. Ver item 4.1.1 do Volume I – Figuras 19 e 20. para um ponto intermediário do processo de
compressão. A entalpia do líquido sub-resfria-
▶ Dew point – termo em inglês que significa ponto
do na saída do economizador é bem menor
de orvalho. Durante o processo de resfriamento
que a entalpia do líquido da saída do conden-
de um determinado fluido refrigerante (ou um
sador. Assim, o efeito de refrigeração no ciclo
blend) na fase de vapor superaquecido, à pressão
é maior, sem diminuição da vazão em massa
constante, é a temperatura na qual surge a pri-
do fluido refrigerante na sucção do compres-
meira bolha de líquido. É o ponto inicial do
sor. O aumento de vazão em massa ocorre
processo de condensação do fluido refrigerante.
somente no ponto intermediário da compres-
Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e Figura 33 do Volume I.
são, com a injeção do fluxo de vapor provenien-
▶ Economizer ou Economizador – é um compo- te do economizador. Ver Figura 10 do item 3.1.5
nente adicional aplicado ao ciclo para aumentar do Volume I.
a capacidade de um sistema de refrigeração (ver
item 3.1.5 do Volume I). O economizador pode ▶ Fan Coil – condicionador de ar constituído de
ser de dois tipos: uma serpentina de resfriamento de ar que utiliza
água gelada como meio de resfriamento e um
▷ Economizador Aberto – trata-se de um conjun- ventilador para circulação do ar na serpentina e
to de um dispositivo de expansão com um vaso distribuição para a área a ser condicionada, que
separador de líquido, instalados após o processo pode ser por meio de uma rede de dutos ou
de condensação. O dispositivo de expansão di- diretamente na área através de um plenum. Os
minui a pressão de todo fluxo de fluido refrige- elementos de controle podem ser desde um
rante líquido do ciclo até um valor intermediário termostato no ambiente até uma malha mais
provocando a geração de vapor e a diminuição complexa envolvendo controle de vazão de água
da temperatura do fluido. No separador de lí- gelada, vazão de ar, temperatura de insuflação
quido, a fase vapor segue para um ponto inter- e umidade do ar.
mediário do processo de compressão (vários
compressores permitem esta admissão de vapor ▶ Glide – o termo em inglês indica uma inclinação
no meio da compressão), enquanto que a fase suave em um processo. Ocorre em misturas
líquida (em uma temperatura menor que a zeotrópicas de fluidos refrigerantes. No processo
temperatura de condensação) segue para o de evaporação, é a diferença de temperatura
dispositivo de expansão principal e para o eva- entre o final da evaporação (ponto de orvalho)
porador. Neste processo, a entalpia do líquido do último componente da mistura a evaporar e
que sai do economizador é bem menor que a o início da evaporação (ponto de ebulição) do
entalpia do líquido da saída do condensador. primeiro componente da mistura a evaporar. No
Assim, o efeito de refrigeração no ciclo é maior, processo de condensação, é a diferença de
sem diminuição da vazão em massa do fluido temperatura entre o início da condensação
refrigerante na sucção do compressor. O aumen- (ponto de orvalho) do primeiro componente da
to de vazão em massa ocorre somente no ponto mistura a condensar e o final da condensação
intermediário da compressão, com a injeção do (ponto de ebulição) do último componente da
fluxo de vapor proveniente do economizador. mistura a condensar. Ver itens 4.1.1 e 4.2.2 e
Figura 33 do Volume I.
▷ Economizador Fechado – nesse caso é aplica-
do um trocador de calor adicional para inten- ▶ IEQ – sigla do inglês para Indoor Environmental
sificar o processo de sub-resfriamento do Quality – Qualidade do Ambiente Interno, abran-
líquido antes do dispositivo de expansão ge as condições dentro de um edifício tais como
principal. Para promover o sub-resfriamento qualidade de ar, conforto térmico, iluminação,
extra no trocador de calor, uma parte do fluxo ergonomia, segurança, acessibilidade, e seus
de líquido é desviada para um dispositivo de efeitos sobre os ocupantes ou residentes. As
expansão auxiliar, onde é reduzida a uma estratégias para abordar o IEQ incluem aquelas

101 ◀
que protegem a saúde humana, melhoram a de carga parcial fora do padrão (do inglês, Non-
qualidade de vida e reduzem o estresse e lesões Standard Part Load Value), ou seja, para condições
potenciais. Melhor qualidade do ambiente inter- de operação de projeto diferentes das apresen-
no melhora a vida dos ocupantes do edifício. tadas para o cálculo do IPLV, que são as condi-
Normalmente se mantém a sigla do inglês IEQ, ções padrão. O NPLV é utilizado para testes em
pois em português ficaria QAI, sigla já aplicada fábrica apenas. Ver item 5.3 do Volume I.
para Qualidade do Ar Interior.
▶ OPR – documento de requisitos de projeto do
▶ Impeller – é o elemento rotativo ou rotor de um proprietário (do inglês, Owner’s Project
compressor centrífugo. Em português, o termo, Requirements). O OPR é o principal documento de
raramente utilizado, é impulsor. todo o projeto, uma espécie de carta magna, onde
▶ Incondensáveis – são componentes gasosos todos os requisitos do proprietário (que podem
adicionais a um determinado fluido refrigerante incluir os requisitos dos usuários e demais parti-
no circuito de refrigeração (normalmente indese- cipantes do edifício ocupado) são estabelecidos,
jáveis), que se agregam ao fluido em sua fase vapor e que servirá de base para o desenvolvimento de
e são comprimidos, mas que não se condensam e todo o projeto. Ver item 3.1 do Volume II.
ficam retidos na parte superior do condensador ▶ OCx – sigla para o termo comissionamento
ou do recipiente de líquido. O gás incondensável contínuo (do inglês Ongoing Commissioning). Ver
mais comum é o ar, que pode ter penetrado no item 3.5 do Volume III.
circuito de refrigeração por ocasião de um serviço
de manutenção que exigiu a abertura do circuito ▶ PMOC – Plano de Manutenção, Operação e
de refrigeração, mas que ao final não se executou Controle – plano de operação e manutenção
um processo de vácuo adequado. Pode ser tam- normalmente limitado aos condicionadores de
bém Nitrogênio utilizado para quebrar o vácuo. ar e à sala de máquinas onde estão instalados,
com o objetivo de atender os requisitos de
▶ IPVL – o índice IPLV (do inglês, Integrated Part
qualidade do ar de interiores. Deveria ser apli-
Load Value – valor integrado de carga parcial) é
cado a todos os equipamentos e instalações de
definido pelo ANSI/AHRI Standard 550/590 (IP)
um sistema de ar condicionado, com objetivo de
e AHRI Standard 551/591 (SI) como o valor que
atender os requisitos de conforto, qualidade do
expressa a eficiência de um Chiller, considerando
ar e eficiência energética.
não apenas o seu desempenho em 100% de
carga, mas a média ponderada considerando a ▶ PMV – sigla do inglês para Predict Mean Vote –
sua operação em cargas parciais ao longo do ano Voto Médio Previsto – que prevê o valor médio
em condições de operação fixas pré determina- dos votos de um grande grupo de pessoas na
das. O IPLV é utilizado para testes em fábrica escala de sensibilidade térmica de sete pontos,
apenas. Ver item 5.2 do Volume I. que pode variar de -3,0 (muito frio) a +3,0 (muito
▶ Lift – termo em inglês definido como a diferença quente), com o ponto ideal igual a 0,0 (sensação
de pressão do fluido refrigerante entre a descar- neutra) e os limites de tolerância para o conforto
ga e a sucção no compressor do Chiller. Refere-se térmico entre -0,5 e +0,5. Ver item 1.2.1 do
à elevação da pressão no compressor. Ver Figura Volume II.
35 do item 6.2 do Volume I ▶ PPD – sigla do inglês para Predicted Percentage of
▶ met – unidade de medida no SI para o nível de Dissatisfied – Percentual Previsto de Insatisfeitos
atividade física das pessoas que determina a – que estabelece uma previsão quantitativa da
taxa de metabolismo dos usuários num ambien- porcentagem de usuários insatisfeitos termica-
te – 1 met = 58,2 W/m². Admitindo a superfície mente, determinadas pelo PMV, com um mínimo
média de 1,8 m² para o corpo de um adulto, 1 de 5,0% (nunca será possível agradar a todos) e
met equivale a aproximadamente 105 W. Ver o limite de tolerância de 10,0%. Ver item 1.2.1 do
item 1.2.1 do Volume II. Volume II.

▶ NPVL – referido pelos AHRI Standard 550/590 ▶ RCx – sigla para o termo retrocomissionamento.
(I-P) e AHRI Standard 551/591 (SI) como o valor Ver item 3.0 do Volume III.

▶ 102
▶ Roda entálpica – trocador de calor com elemen- que neste caso é referida como a temperatura
to rotativo aplicado em sistemas de ar condicio- de ponto de orvalho (dew point) da água no ar,
nado como recuperador de energia, com a ou seja a temperatura na qual a quantidade de
função de pré-resfriar o ar externo quando esti- água presente no ar (umidade absoluta atual)
ver mais quente e úmido que o ar de expurgo satura e começa a condensar.
rejeitado de um ambiente condicionado. Ou seja,
A temperatura de bulbo úmido está relacionada
ao invés de descartar para a atmosfera o ar de
com a entalpia do ar úmido e carece de um
expurgo de um ambiente condicionado (normal-
instrumento específico, normalmente apenas
mente com temperatura de bulbo seco entre 22
disponível em multimedidores de grandezas fí-
ºC e 25 ºC e com umidade relativa entre 45% e
sicas do ar ou estações meteorológicas. A
65%), o fluxo de expurgo passa pela roda entál-
maioria dos sensores existentes mede o ponto
pica (por exemplo, em fluxo cruzado) para res-
friamento inicial do ar externo, que passa pelo de orvalho ou TBS e UR. Como o cálculo da TBU é
lado oposto entrando com condição entálpica complexo a partir das medições apenas da TBS e
superior. Pode ser utilizada também no inverno UR, os resultados são por aproximação nem
quando aplicada em sistemas de aquecimento. sempre são precisos.
Ver Figura 11 do item 2.3 do Volume II. ▶ VFD – sigla do termo em inglês para Variable
▶ SPVL – O SPLV (sigla do inglês, System Part Load Frequency Drive. Refere-se ao inversor de frequ-
Value – valor de carga parcial do sistema), refere-se ência do motor elétrico de um equipamento. Em
à média ponderada da eficiência energética em sistemas de ar condicionado, os inversores de
cargas parciais de uma instalação real, com vários frequência podem ser aplicados aos motores dos
Chillers, com perfil de operação específico, em Chillers, bombas, ventiladores das torres de
função das características do projeto e dos horários resfriamento e ventiladores dos condicionadores
de funcionamento do sistema, em uma determina- de ar e demais ventiladores e exaustores do
da localidade, com suas condições climáticas pró- sistema. Outra sigla também utilizada é VSD, do
prias ao longo do ano. Ver item 5.4 do Volume I. termo em inglês Variable Speed Drive.

▶ TBS – Sigla para Temperatura de Bulbo Seco do ▶ VRF – sigla do termo em inglês para Variable
ar. Refere-se à temperatura do ar indicada em Refrigerant Flow – fluxo variável de fluido refrige-
um termômetro com o bulbo seco ou sensor rante – sistema de ar condicionado com expan-
com a ponta da haste seca. Quando não houver são direta do fluido refrigerante para o
nenhuma indicação específica, a temperatura do resfriamento do ar, constituído de uma ou mais
ar é a temperatura de bulbo seco. unidades condensadoras que operam em para-
lelo, porém com controle único integrado e um
▶ TBU – Sigla para Temperatura de Bulbo Úmido do conjunto de várias unidades evaporadoras para
ar. Refere-se à temperatura do ar indicada em
atender diferentes zonas térmicas de um am-
um termômetro com o bulbo suavemente mo-
biente climatizado. Cada evaporadora possui
lhado, com uma mecha envolvendo o bulbo, que
uma válvula de controle contínuo de vazão de
é mantida úmida (por capilaridade) porque a
fluido refrigerante que é controlada por um
parte de baixo da mecha fica mergulhada em um
sensor instalado na zona térmica atendida.
recipiente com água destilada. Outro detalhe
importante é a necessidade de haver uma velo- ▶ UR – Sigla para Umidade Relativa do ar. Refere-se
cidade mínima do ar que passa pelo bulbo úmido à relação entre a quantidade de água existente
do termômetro. A temperatura de bulbo úmido no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima
do ar é menor que a temperatura de bulbo seco, que poderia haver na mesma TBS (ponto de sa-
exceto na condição de 100% de umidade relativa, turação). Expressa em porcentagem (%).

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13 CRÉDITOS DAS IMAGENS

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