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ANESTESIA
O que é anestesia?
Procedimento médico que visa bloquear temporariamente a capacidade do cérebro de reconhecer
um estímulo doloroso.
O essencial é tirar dor e sofrimento do paciente.
Uma grávida gemelar sentiu muita dor durante o parto e pediu/implorou para não ter dor, por isso foi
condenada a morte por ir contra a vontade de Deus. Depois um italiano usando um relato da bíblia no qual
Deus fez Adão adormecer antes de tirar a costela para justificar que Deus não era a favor do sofrimento.
No final do século XIX a cocaína começou a ser usada como anestésico local, fez muito sucesso,
mas tinha muito efeito colateral (aumenta PA, vício, morte).
Depois surgiu a procaína, que não tinha boa parte dos efeitos colaterais da cocaína, e é usada até
hoje, mas é antiga.
Toda dor é interpretada de maneira diferente e tem seus benefícios, pois ela limita o paciente em
relação à movimentação e, assim, ajuda na recuperação em casos pós-operatórios.
Limiar de dor:
Baixo em homens
Mais alto em mulheres (11x mais resistentes)
Em relação à cultura: limiar baixo para os italianos e alto para os japoneses (orientais geralmente
não reclamam de dor)
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Qual é o risco de operar?
Toda cirurgia tem risco, mas esse risco varia de acordo com:
Local a ser operado (parte do corpo)
Tempo da cirurgia
Tipo de cirurgia
Local (hospital) – ideal: hospital com banco de sangue, UTI, enfermaria, centro cirúrgico equipado,
equipe treinada.
Equipe médica (habilidade, treinamento)
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Classificação de risco anestésico = ASA
Usado em cirurgias eletivas
ASA:
1- Sem doença
2- Doença sistêmica leve ex: HAS/DM controlada
3- Doença sistêmica grave
4- Doença sistêmica grave com ameaça à vida
5- Moribundo (só vivera se for operado) ex: cirurgias heróicas; grande chance de morrer se operar, mas
se não operar morre.
6- Morte cerebral (doador de órgãos)
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Obs: importante que seja usado concentração suficiente para tirar a dor do paciente.
Princípios:
Sempre aspirar antes de injetar
Ausência de ar na seringa
Bisel voltado para cima (evita pegar vasos). A toxicidade depende da absorção (associação com
vasoconstritor diminui a absorção).
Evitar injeção intradérmica (muita terminação nervosa)
o Subdérmica dói menos
Evitar múltiplas picadas
Injeção em leque
Dose adequada
1. AMINO-ÉSTERES / ÉSTERES
Mais antiga
Causavam reações alérgicas, tolerância, dependência, potência difícil de modular
Cocaína, procaína
2. AMINO-AMIDAS / AMIDAS
Os mais usados e mais seguros
Causa menos alergia, baixa toxicidade, maior potência anestésica
Xilocaína, lidocaína, bupivacaína
Lidocaína: mais seguro e mais usado. Início praticamente imediato e duração do efeito anestésico 2 horas.
Dose máxima segura:
Com vasoconstritor: 7mg/kg
Sem vasoconstritor: 4mg/kg
Dose da ampola:
1L = 1kg de SF 0,9% → 1000ml = 1000g →1ml = 1g → 1ml = 1000mg
Lidocaína 2%=2/100 = 20mg/1000mg. Como 1000mg = 1ml, então a [lidocaína]=20mg/1ml
Obs: pode ser usada em outros casos sem ser anestesia. Se cair para corrente sanguínea: vasodilatação →
hipotensão → bradicardia → choque (↓ perfusão). Pode ter gosto metálico na boca, convulsão.
Bupivacaína: 2ª mais usada. É mais potente. Início aproximadamente 2 minutos e duração do efeito de 2h
30min. Efeito cardiotóxico (bloqueio cardíaco irreversível podendo ter que colocar marca-passo - arritmia).
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*Importante ASPIRAR antes de injetar para o anestésico não cair diretamente na circulação, pois sua
toxicidade depende da dose e nível sérico. Por causa desse risco, usa-se juntamente com o anestésico um
vasoconstritor (↑ segurança, ↓ absorção sistêmica).
*Em 1898, foi inventado de se colocar vasoconstritor junto com o anestésico local para diminuir a absorção,
conseguindo aplicar uma boa dose sem risco de toxicidade.
*Se age melhor em meio alcalino por que não colocar bicarbonato junto? NÃO colocar, pois pode ser
absorvido e causar alcalose. Evitar também misturar anestésicos locais diferentes.
*Se houver queixa do paciente durante a aplicação é melhor parar → até que se prove ao contrário é efeito
do anestésico.
Carpule: muito risco, pois não se aspira. Usar seringa é muito mais seguro.
A região mais perigosa de pegar vaso é no centro da face, pois tem os ramos da carótida
interna, por isso pode ir pro olho (ramo oftálmica da CI) ou cérebro.
LIDOCAÍNA:
Tampinha azul = sem vasoconstritor
Tampinha vermelha = com vasoconstritor - concentração no Brasil é 200:1000 (epinefrina)
Vasoconstritor muito concentrado tem perigo de causar necrose, por isso o máximo que pode usar é
200:1000
OBS: Não use vasoconstritor concentrado e Não use anestésico diluído.
LIDOCAÍNA:
Pomada: para usar na pele
Gel: mucosa (toque retal)
Seringa tubete/torpedinho do carpule: não da para aspirar
Spray (até 10%): via mais rápida de absorção é inalatória (imediata). Então cuidado!!!
Obs: O pós operatório que mais dói é quando se tem compressão do periósteo.
PERIDURAL (EPIDURAL)
Especialidades: GO, urologia, ortopedia, vascular
Operação do “umbigo” para baixo
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É feita antes da dura-máter.
Não bloqueia SNC, bloqueia raízes nervosas
O anestésico é o mesmo da anestesia local (lidocaína) adicionado a uma molécula de alto peso
molecular (glicose hipertônica 8%) para não “subir” a anestesia, pois você quer que anestesie dali
para baixo
A medula termina em L1, às vezes em L2 e raramente em L3. Por isso, a peridural é feita em L4 →
altura das cristas ilíacas, na região logo abaixo. Antes é feito um botão anestésico local na pele.
Agulha:
o Comprida
o Centimetrada/demarcada
o Ponta romba, não é cortante
o Grossa para não perfurar a dura-máter.
Local certo:
o Resistência grande → ultrapassou ligamento amarelo e logo após está a dura-máter.
o Não pode sair líquor
o A seringa é toda de vidro para o êmbolo correr sem resistência (↓ atrito). Quando ultrapassa
o ligamento amarelo, criará um espaço virtual entre o ligamento e a dura-máter (espaço com
pressão negativa) que não existia antes. E por causa disso, o êmbolo desliza sozinho (é
sugado).
A de vidro é só para achar o local depois pode colocar de plástico normal.
É possível fazer acima de L4, porém é perigoso (pode atingir medula). Anestesista experiente!
Vantagem: pode passar cateter pela agulha e tirar a agulha, fazendo com que o efeito seja mais
prolongado (anestesia versátil). Importante em cirurgias que possam prolongar >2 horas.
A primeira sensibilidade que se perde é a térmica (teste com éter)
Há bloqueio de todas as raízes, por isso perde também o tônus simpático, fazendo uma
vasodilatação dali para baixo (metade do corpo) por isso o paciente não pode estar desidratado (dar
volume com SF) e se evita em pacientes idosos, em urgência, pacientes com fator de risco para TVP
(inibe movimento de pernas, prejudicando a circulação → estase venosa, desidratação, choque) e
com desvio de coluna (maior chance de acidente).
Paciente não consegue urinar (sonda de alívio após 2 horas)
Parto normal faz peridural = paciente recebe anestesia no momento que se inicia a contração e
continua ajudando a “fazer força”.
Cateter e curativo da anestesia = anestesista que retira!
RAQUIANESTESIA
Ultrapassa a dura-máter
Direto no líquor
Não tem alta (acima de L4)
Agulha:
o muito fina
o ponta cortante
o por ser muito fina não pode passar cateter, portanto a anestesia dura no máximo 2hs e
30min
Dose usada é menor
Risco de infecção
Limite da posição. O liquido sobe até 2 vértebras, pode ir até L2 (se for aplicado em L4) → cuidado
na movimentação do paciente para que não haja rebaixamento da consciência, pois os movimentos
respiratórios são espontâneos.
Cesárea faz raqui, pois já se sabe o tempo cirúrgico
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Paciente hidratado
> 3 horas de cirurgia → sonda vesical
Cefaléia pós-raqui:
Colocar paciente em decúbito dorsal
Cabeça na altura do corpo para diminuir a pressão da saída do líquor
Abrir o SF para expandir volume, aumentando a produção do líquor (no mínimo 500mL SF)
Não pode dar analgésico.
Anestesista: se não melhorar, faz um curativo com tampão de coágulo com o próprio sangue do paciente
(PATCH). Isso ocorre se agulha usada na anestesia foi muito grossa ou se fizer várias perfurações.
BLOQUEIO REGIONAL
Plexo
Nervo intercostal
Dose menor, no local certo
BIER
Pé/mão
Faixa que comprime de distal para proximal e coloca-se o manguito
Isquemia sem lesão: 1h30
Usa-se menor quantidade de anestésico, para operar uma área relativamente grande
Anestesia local, IV
Risco de alteração hemodinâmica
Tempo pequeno de cirurgia
Durante o procedimento não foi realizada hemostasia, depois de recuperado fluxo sanguíneo normal
no membro, há vazamento de sangue, edema, hematoma e equimose.
Vantagem: fácil para realizar
JEJUM
Evitar broncoaspiração e conseqüente pneumonia. O material aspirado ocupará espaço que seria usado para
troca gasosa na cirurgia.
Líquidos sem Leite materno Fórmula infantil Refeição leve Leite não humano
resíduos (alimentos que e sólidos
não contenham
gordura)
2 horas (qualquer 4 horas (lactentes 6 horas 6 horas (crianças 6 horas (lactentes)
idade) que só mamam no maiores de 3 anos 8 horas (crianças
peito) e adultos) maiores de 3 anos
e adultos)
Problemas do jejum: estresse, irritação, hipoglicemia, desidratação
Não existe jejum maior que 8 horas
*Marcação de cirurgia, por causa do período de jejum, é ideal pela manhã cedo, e lembrar de priorizar casos
específicos, como idosos e crianças.
*Os medicamentos usuais podem ser tomados. Exceto na DM (hipoglicemia).
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*Mesmo se for raqui ou peridural precisa do jejum, pois pode evoluir para anestesia geral
ANESTESIA GERAL
Necessário os seguintes efeitos de drogas:
Hipnótico (tira consciência)
Relaxante muscular (ventilação)
Anestésico (mais importante → tira a dor)
Sedação x Anestesia
Na sedação excessiva do paciente ocorre parada da expansão normal do tórax.
Sedativo não tira a dor! O tratamento da dor é o uso de anestésicos.
Tipos:
1. IV (bomba de infusão)
2. Inalatória:
o Vantagem: efeito imediato (crianças muito ativas)
o Perigosa se inalada no 1º trimestre da gestação, pois está associada à má formação fetal
(paciente/anestesista grávidas)
o Cirurgião aguarda fora da sala, para não ter risco de inalar.
Paciente NÃO pode ficar hipotenso para diminuir sangramento durante a cirurgia, pois diminui a perfusão
tecidual e pode levar a insuficiência renal, úlcera intestinal e de pele. Se sangrar → realizar hemostasia.
HIPERTERMIA MALIGNA
Complicação da anestesia inalatória (anestésico halogenado)
Síndrome
o Metabolismo acelerado
o Taquicardia
o Cianose
o Rigidez muscular
o Sudorese
o Aumento da PA
o Aumento da pCO2
o Temperatura >42ᵒ
Tratamento
o Parar de administrar anestésico
o O2 a 100%
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o Hiperventilação: eliminar CO2
o Dantrolene sódico (antiespasmótico): 2,5mg/kg
o Resfriamento do paciente
o Acidose: bicarbonato
o Hipercalemia: diurético
o Monitorização cardiorespiratória
Drogas seguras
o Propofol
o Barbitúricos
o Opióides
o Outras (não anestésicos):
Antibióticos
Anti-térmicos
Anti-histamínicos
História familiar
o Óbito em anestesia
o Anormalidades músculo-esqueléticas
Evitar anestésico inalatório
o Exceção: óxido nitroso (seguro)
Condições de alta:
PA e FC de base
Alerta e orientado
Sem sangramento ativo
Dor controlada
Náusea mínima