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FICHA CATALOGRÁFICA
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I — Título
A corrosão é um fenômeno que ocorre com todos os materiais, sejam eles quais forem.
A madeira em decomposição apresenta um fenômeno de degradação biológica que pode
ser chamado de corrosão. O açúcar sofre corrosão ao ser colocado na água. Os seres vivos,
incluindo o homem, estão constantemente sofrendo o lento e gradual processo corrosivo
do tempo liderado pelos agentes oxidantes do corpo, os chamados radicais livres.
II.1 - Introdução
Os custos da corrosão podem ser diretos ou indiretos. Os custos diretos são aqueles
associados às perdas de materiais, produtos e equipamentos ocasionados pela corrosão. São
atribuídos aos proprietários ou operadores das estruturas, fabricantes de produtos e
fornecedores de serviços. Os custos oriundos da inspeção de equipamentos, assim como as
perdas devido ao reprocessamento, manutenção e lucro cessante também podem ser
considerados como custos diretos da corrosão.
Os custos associados à prevenção dos danos causados pela corrosão às pessoas, meio-
ambiente e instalações são chamados indiretos. São também indiretos custos previsíveis e,
por vezes de difícil mensuração ou intangíveis, como desgaste à imagem, multas,
indenizações, custos compensatórios, etc.
Em 1998 um amplo estudo sobre custos de corrosão e estratégias de prevenção foi
encomendado pelo Congresso Americano. Em 2001 foi divulgado o documento Corrosion
Costs and Preventive Strategies in the United States of America, elaborado pela empresa
CC Technologies em parceria com a Federal Highway Administration (FHWA) e a
National Association of Corrosion Engineers (NACE) que apresenta de modo estruturado
o levantamento dos impactos da corrosão e seus efeitos sobre a economia americana.1
Neste amplo estudo, o custo direto da corrosão foi avaliado em 26 setores industriais
nos quais a corrosão é conhecida e os dados extrapolados para uma estimativa de espectro
nacional. Esse processo permitiu a avaliação da extensão dos custos de corrosão em todos
os setores produtivos e de serviços da economia.
Objetivando motivar uma avaliação mais ampla da relevância do estudo da corrosão e
seu controle, algumas informações do estudo serão reproduzidas neste capítulo.
1
O documento Report FHWA-RD-01-156 september/2001 pode ser acessado na íntegra através do sítio:
www.nace.org.
12 Corrosão – Monitoração e Controle
O estudo realizado entre 1999 e 2001 estimou o custo da corrosão nos EUA em 3,1%
do PIB, ou em valores monetários: 276 bilhões de dólares à época (1998)!
Nas figuras II.1 a II.6 são mostrados os resultados por setor e na figura II.7 um extrato
dos custos de prevenção já praticados:
III.1 - Introdução
É comum na literatura encontrarmos os termos corrosão úmida e corrosão seca;
corrosão química e corrosão eletroquímica e alguns outros tipos de classificação primária
para a corrosão. Posto que o processo corrosivo é, na verdade, uma associação de etapas
químicas e eletroquímicas, no presente trabalho adotaremos a classificação primária de
oxidação direta e corrosão eletroquímica1.
Após essa classificação primária podemos dividir basicamente os tipos de corrosão
quanto à sua morfologia e quanto à sua fenomenologia. Quanto à forma, esta pode ser
dividida em quatro grupos: uniforme; localizada; seletiva e intergranular ou transgranular.
Quanto à sua fenomenologia podemos dividi-la em oito grupos básicos: galvânica; por
célula oclusa; corrosão-erosão; corrosão-fadiga; corrosão sob tensão; corrosão atmosférica;
corrosão microbiológica e ataque pelo hidrogênio.
Classificação primária
Corrosão eletroquímica
Oxidação direta
Quanto à morfologia
Uniforme
Seletiva
Intergranular ou transgranular
Quanto à fenomenologia
Galvânica
Célula oclusa
Corrosão-erosão
Corrosão-fadiga
Corrosão atmosférica
Corrosão microbiológica
1
A adoção desta classificação será melhor explicada nos capítulos V e VII.
20 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura III.1 Exemplos de processos corrosivos: (a) peça com espessura nominal; (b)
corrosão uniforme; (c) corrosão localizada alveolar; (d) corrosão localizada puntiforme;
(e) corrosão intergranular; (f) corrosão transgranular; (g) trincamento por hidrogênio e
(h) empolameto por hidrogênio.
Capítulo III – Classificação da corrosão 21
2
Monel - Nome genérico de ligas níquel-cobre (soluções sólidas) em tais proporções que o tornam mais resistente
do que o níquel em meios redutores e mais resistentes do que o cobre em meios oxidantes.
22 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura III.4 (a) corrosão localizada alveolar em espelho de trocador de calor após a falha no
revestimento epóxi (aço carbono/água do mar); (b) corrosão localizada puntiforme em
bandeja de torre de destilação (aço inoxidável AISI 304/vapor d’água contendo cloretos);
borbulhador e bandeja em AISI 304 de torre esgotadora de oxigênio (unidade de tratamento
de diesel) apresentando corrosão puntiforme e perda de espessura devido ao vapor contaminado
com cloretos.
Capítulo III – Classificação da corrosão 23
Outro caso muito comum de corrosão seletiva é a que ocorre em ligas de cobre,
principalmente em latões. Na figura III.6 verifica-se a corrosão seletiva do zinco
(dezinsificação), apresentando zonas avermelhadas ricas em cobre.
24 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura III.7 (a) Corrosão intergranular de uma liga Fe-Cr sensitizada. (b) Corrosão
intergranular em aço inoxidável Fe-Cr-Ni. Foto feita a partir de ensaio por líquido
penetrante.
Uma variação da corrosão por célula oclusa, e que também tem sua origem na aeração
diferencial, é a corrosão em linha d’água. Suponha uma haste metálica imersa parcialmente
em água, por exemplo [Figura III.9(a)]. Neste processo corrosivo, a região logo acima do
“menisco” está mais aerada que a região logo abaixo dele. Ocorrerá corrosão nesta região
menos aerada com conseqüente formação de hidróxido, o qual promoverá, ainda mais, a
diferenciação de aeração. O resultado final deste processo corrosivo será uma perda
localizada de metal em toda a interface metal/água.
Como já foi dito, corrosão sob depósito, corrosão por aeração, e corrosão por célula
oclusa são na verdade o mesmo fenômeno eletroquímico. O ataque começa em uma falha
da camada de óxido. O oxigênio, que é abundante na superfície do óxido, é raro no interior
da fissura (superfície metálica não protegida) e isso acarreta a existência de uma diferença
de potencial entre as áreas passivas (catódicas) aeradas e as regiões de fundo das falhas dos
filmes (anódicas) pouco aerados [Vide figura III.9(b)]. Não se aflija, esta figura será
entendida melhor no capítulo V.I.
Figura III.9 Corrosão por aeração diferencial: (a) a área próxima ao menisco, aerada,
torna-se catódica em relação à área pouco aerada longe da interface superfície/água/ar.
(b) Diagrama comparativo dos potenciais das regiões aeradas e não aeradas.3
Fe Fe2+ + 2e (III.1)
3
Esse assunto será discutido no capítulo VI.
28 Corrosão – Monitoração e Controle
Isto gera a alcalinização do meio próximo às zonas catódicas (passivas) segundo (III.2):
Esta camada de hidróxido forma um “filtro” que possibilita a troca iônica, mas não a
entrada de O2. Por hidrólise [equação (III.3)], podemos verificar que ocorre uma grande
acidificação do meio, aumentando consideravelmente a corrosão.
Vejamos agora o caso de um “ponto” de corrosão, quer seja oriundo da quebra local de
um filme passivo, quer pela falha em um processo superficial de proteção. Onde houver
a falha ocorrerá a formação de produto de corrosão e o processo corrosivo acontecerá
conforme comentado anteriormente. Caso imersa, a superfície deverá manter a
eletroneutralidade do líquido no interior do “ponto”. Haverá a difusão de ânions para seu
interior. Se este ânion for o Cl- ocorrerá a formação de ácido clorídrico no interior do ponto
com pH extremamente baixo (vide figura III.10).
Figura III.10 Corrosão por célula oclusa (CCO). Áreas catódicas: potenciais (E)
entre -0,1 e 0,1V; pH~8. Áreas anódicas: E entre -0,3 e -0,5V; pH entre 1 e 4.
Observação:
A corrosão por pontos, também chamada de puntiforme (“pitting”), em aços inoxidáveis, por
exemplo, possui o mesmo princípio de ação da corrosão por célula oclusa. A corrosão por pontos
é um processo autocatalítico, ou seja, uma vez iniciado o processo, este se autoestimula e produz
as condições necessárias para a continuidade do processo.
Capítulo III – Classificação da corrosão 29
O processo de corrosão por frestas, que também é chamada de corrosão por “crevice”
(“crevice corrosion”), possui o mesmo mecanismo que a corrosão por célula oclusa (ou sob
depósitos). A única diferença é a disposição das áreas anódicas e o agente causador da
polarização. Enquanto o agente limitador da aeração na CCO (corrosão por célula oclusa)
é o filme de hidróxido, no caso das frestas, este limitador de aeração pode ser a existência
de espaços parcialmente confinados entre peças tais como chapas sobrepostas, flanges e
rebites. O processo é idêntico, começando com a corrosão do interior da fresta, menos
aerada, e conseqüente acidificação e migração de ânions (vide figura III.12).
30 Corrosão – Monitoração e Controle
Uma experiência muito interessante foi proposta por Marcel Pourbaix (certamente
até hoje o maior expoente da corrosão) uma chapa de aço inoxidável envolta com elástico
comum e imersa em solução aquosa de cloreto ferroso e cloreto de sódio. Ocorre uma
intensa corrosão abaixo do elástico como conseqüência da célula oclusa formada entre o
elástico e o aço. O tempo de ensaio pode ser de três dias a uma semana.
Capítulo III – Classificação da corrosão 31
(a) (b)
O latão não apresentará CST em meios cáusticos, assim como raramente o aço ao
carbono apresentara CST em meios contendo amônia. Simplificadamente podemos dizer
que a CST se processa da seguinte maneira: primeiro, ocorre a formação de sítios com
significativa tensão de tração em alguns pontos da superfície metálica; segundo, vem a
corrosão da região tracionada da superfície metálica com a formação de pontos de corrosão
localizados; terceiro, surge o ataque galvânico intenso e localizado entre o fundo do ponto
de corrosão (região anódica) e seu exterior ou flanco (região catódica). A região do fundo
do ponto de corrosão se torna anódica devido a esta estar submetida a um estado triaxial
de tensões. Um bom exemplo de CST em latão pode ser visto na figura III.15.
Outro clássico caso de CST é o trincamento dos aços austeníticos em meios contendo
íons aletos (cloretos, iodetos, brometos e fluoretos). Os cloretos são muito importantes,
pois exercem forte influência na CST e estão presentes na maioria dos processos industriais,
notadamente na indústria petroquímica. Da figura III. 16 podemos observar: em (a) e (b),
total rompimento de um cilindro amostrador de gases feito em AISI 304 trincado após
lavagem em uma capela onde anteriormente foram manipulados ácidos contendo cloretos.
Em (c), vemos um trecho de tubo em AISI 304 de um trocador de calor que, por motivos
operacionais, trincou devido à contaminação do fluido refrigerante, água doce, com água
salgada. Não incluiremos aqui o ataque por hidrogênio (Sulfide Stress Cracking), pois
possui fenomenologia diferente. Simplificadamente, podemos dizer que a ponta da trinca
da CST, devido às tensões trativas, são anódicas em relação ao flanco da trinca. Quando
esta região anódica é dissolvida, a nova região da ponta da trinca é novamente transformada
em anódica devido ao deslocamento da região tencionada. No fundo da trinca de CST fica
Capítulo III – Classificação da corrosão 33
evidente a ação da dissolução anódica, o que não ocorre com os casos relacionados ao
hidrogênio, onde não há esta dissolução (figura III.17).
Por se tratar de assunto específico e devido à sua grande complexidade, não entraremos,
por agora, em maiores detalhes, sobre o ataque pelo hidrogênio. Este assunto será tratado
especificamente no capítulo VIII.
(a) (b)
Figura III.15 (a) CST em tubo de latão (B-111, liga 687) em meio contendo
amônia. (b) Micrografia apresentando aspecto intergranular, 100X.
(a) (b)
(c)
Figura III.17 Figura à esquerda: corrosão sob tensão. Nota-se a dissolução anódica da ponta
da trinca, ou seja, região abaulada. Figura à direita: Trinca por hidrogênio. Nota-se o entalhe
do fundo da trinca e a região de triaxialidade de tensões para a qual o hidrogênio se difunde.
Podemos fazer um pequeno resumo de materiais e meios nos quais já foram comprovados
casos de CST. Alguns casos são raros e muitos destes metais são usados em meios possivelmente
susceptíveis. Tal exemplo é o titânio que normalmente é usado em água do mar.
III.3.4 - Corrosão-erosão
A erosão pode ser definida, em uma primeira aproximação, como a retirada de material
de um substrato através do impacto de uma partícula sólida ou líquida em meios líquidos
ou gasosos. Este é um processo que depende basicamente da transferência de energia cinética
entre a partícula e o substrato. Deste modo, todas as variáveis relativas à velocidade e à massa
da partícula, assim como a tenacidade do substrato e o ângulo de impacto, contribuirão para
o processo erosivo. A velocidade tem especial importância, pois normalmente a erosão é
função do cubo da velocidade. Podemos dizer que a diferença básica entre erosão e abrasão
é apenas o ângulo de impacto. A abrasão é o caso limite em que este ângulo é zero. Desta
forma, o substrato é desgastado pela força de atrito. Na prática, contudo, predominam os
processos mistos de erosão e abrasão.
Na maioria dos processos corrosivos há a formação de um produto de corrosão entre
a superfície metálica e o meio. Estes produtos, normalmente hidróxidos ou óxidos, são em
geral friáveis e, portanto pouco resistentes à erosão. O processo corrosivo-erosivo dá-se da
seguinte maneira: primeiramente o metal se corrói formando um filme de produto de
corrosão; as partículas sólidas, em movimento no meio, atingem o filme de corrosão
arrancando-o e deixando nova superfície pronta para a formação de nova camada de
produto de corrosão. Com a formação e constante remoção do filme, o processo de
corrosão pode ser extremamente rápido.
Um caso particular da corrosão-erosão ocorre quando não há partículas em suspensão
ou quando as partículas envolvidas no processo são gasosas. O processo corrosivo ocorre
basicamente devido à turbulência, à alta velocidade do meio ou ao impacto de partículas
gasosas no substrato que arrancam o filme de corrosão. Na literatura inglesa este tipo
particular de corrosão-erosão é chamado de “impingement corrosion”. Ainda outra
variante da corrosão-erosão é a cavitação. Neste processo erosivo, a retirada do filme de
corrosão não se dá pelo impacto da partícula, mas sim pelas ondas de choque geradas pela
implosão de partículas gasosas. Este processo corrosivo é extremamente comum em
bombas centrífugas quando existe a possibilidade de vaporização de fases gasosas a partir
do fluido bombeado. A cavitação é responsável por praticamente toda a perda de bombas
centrífugas nas indústrias de processo (vide figura III.18).
36 Corrosão – Monitoração e Controle
4
Aço inoxidável duplex - Os aços inoxidáveis duplex são ligas Cr-Fe-Ni-Mo, que possuem uma microestrutura balanceada
austenita-ferrita com excelentes propriedades mecânicas e de resistência à corrosão em baixas temperaturas. Estas características
os fazem muito utilizados nas indústrias química, petroquímica, de papel, alimentícia e farmacêutica.
Capítulo III – Classificação da corrosão 37
Mesmo não havendo a possibilidade da formação de uma segunda fase, tal como sólidos
em meios líquidos ou gasosos e bolhas de gases em meios líquidos, é possível ocorrer o
fenômeno de corrosão-erosão. Isto pode ocorrer devido à própria velocidade de escoamen-
to do fluido que se for muito alta poderá arrancar o filme de corrosão e expor
continuamente o substrato ao processo corrosivo.
Existe uma diferença nítida entre a morfologia da corrosão-erosão por cavitação e a
corrosão-erosão propriamente dita. Enquanto na primeira verificamos um aspecto emi-
nentemente localizado [figura III.20 (a)], na segunda (b) verificamos um aspecto uniforme.
(a) (b)
Figura III.20 (a) Impelidor de bomba em aço inoxidável austenítico fundido com cavitação.
(b) Carcaça de bomba em aço carbono fundido com corrosão-erosão propriamente dita.
38 Corrosão – Monitoração e Controle
III.3.5 - Corrosão-fadiga
Ocorre em associação com o processo de fadiga, aumentando sobremaneira a velocidade
do trincamento. O fenômeno de corrosão-fadiga pode estar tanto associado à fadiga
mecânica quanto à térmica. Neste processo, a corrosão atua aumentando a região de fratura,
que seria menor, ao longo do tempo, se sofresse apenas a deformação plástica. Este
aumento na cinética de trincamento é devido à dissolução anódica da ponta da trinca,
ocasionada pela corrosão, aliada ao fácil trincamento do produto de corrosão que
invariavelmente fratura a tensões e amplitudes menores do que aquelas necessárias ao
trincamento do metal não corroído. No caso da fadiga térmica, onde normalmente existem
temperaturas elevadas, a componente oxidação pode ser muito significativa, devido a sua
alta cinética que gera grande quantidade de óxidos a cada ciclo de fadiga. Este óxido, que
normalmente é friável, é rompido a cada ciclo de tração. Isto propicia a contínua exposição
Capítulo III – Classificação da corrosão 39
da região de fratura ao contato direto com a atmosfera oxidante. Para melhor compreensão
do texto, reportem-se à figura III.22.
É possível ocorrer o fenômeno de corrosão-fadiga sem a formação de produto de
corrosão visível. Isto se dá em ligas cujos produtos de corrosão são gasosos. Como exemplo,
temos ligas com composição principal à base de nióbio ou tântalo.
A mesma observação quanto ao aspecto aditivo da corrosão-erosão pode ser feita para a
corrosão-fadiga. A componente fadiga será, portanto, função da freqüência e da amplitude da
tração.
Oxigênio
O oxigênio normalmente participa das reações catódicas:
1 O + H O + 2e 2OH- (III. 4)
2 2 2
A taxa com que o oxigênio entra no filme d’água possui, portanto, grande
importância. O suprimento de oxigênio é mais rápido quando o filme é fino com
ciclos rápidos de evaporação e condensação.
Óxidos de enxofre
O dióxido de enxofre (SO2) possui posição de destaque na corrosão atmosférica. A
adsorção do SO2 na superfície metálica dependerá da umidade relativa e da presença
de produtos de corrosão. A uma umidade relativa igual ou superior a 80%,
praticamente todo o SO2 que alcança o produto de corrosão do aço é absorvido.
Parte deste SO2 é então oxidado a SO3. Em contato com a umidade o SO3,
propiciará a formação de H2SO4. Esta oxidação pode ocorrer na fase gasosa ou
aquosa, como mostrado a seguir:
Óxidos de nitrogênio
Vários óxidos de nitrogênio podem ser encontrados na atmosfera: N2O; NO; NO2
e N2O5. Do ponto de vista da corrosão, o NO e o NO2 são os mais importantes e
normalmente designados como NOx. O NO2 é um forte oxidante e, portanto, bem
corrosivo para os metais, reduzindo-se para NO. Os dois contaminantes SO2 e NO2
juntos possuem forte sinergismo, aumentando consideravelmente a corrosão,
principalmente em ligas de cobre. A principal fonte de NOx é a queima de
hidrocarbonetos. O NO é formado pelo N2 e O2 do ar durante as altas temperaturas
reinantes nos motores a combustão.
Cloretos
O cloreto é transportado à superfície metálica por gotas ou por cristais carregados da
água do mar através do vento. Normalmente, exceto em algumas condições
industriais específicas, a ação do cloreto limita-se a alguns poucos quilômetros do
litoral.
Sujeira e fuligem
A poeira, fuligem ou outra sujidade podem ter papel importante na corrosão
atmosférica. Tais componentes são, muitas vezes, higroscópicos e podem promover
a corrosão sob depósitos.
Influência da temperatura
O aumento da temperatura, por motivos cinéticos, aumenta a taxa de corrosão
atmosférica. Contudo, a partir de determinado valor, tenderá a evaporar o filme de
água condensado, o que cessará a corrosão atmosférica. Temperaturas baixas, abaixo
do ponto de congelamento da água, propiciarão taxa de corrosão desprezível.
III.3.6.3 - Microclimas
A classificação genérica anterior pode gerar alguns erros de avaliação da corrosão
atmosférica, pois a existência de microclimas pode alterar substancialmente as condições de
corrosão. A presença de ventos com determinada direção, chaminés, tanques atmosféricos
etc, pode mudar as condições do ambiente em distâncias de alguns poucos metros. Na figura
III.25 (a) e (b) podemos ver dois canhões do século XVIII, ambos perto do mar. Um deles,
contudo, está a uma distância de aproximadamente 50 m acima do nível do mar. Nota-
se a grande diferença no estado de conservação dos canhões.
Noventa por cento dos microorganismos podem ser sésseis, ou seja, viver aderidos a
uma superfície (substrato) o de forma livre no meio. A fixação do microorganismo ao
substrato é feita através de uma série complexa de eventos, tais como pela excreção de
exopolímeros (lipopolissacarídieos e lipoproteínas) que se ligam fortemente ao substrato.
Esta secreção é chamada de biofilme. Se este biofilme crescer e se estratificar, pode ocorrer,
a formação de zonas empobrecidas de oxigênio que, por sua vez, formarão um ambiente
propício aos microorganismos anaeróbicos. A formação por si só, aliada ao consumo local
de oxigênio, já é suficiente para a formação de células oclusas de corrosão. A formação do
biofilme, além de circunscrever um ambiente favorável aos microorganismos, também os
protege da ação dos biocidas: venenos, como metais pesados, e inimigos naturais, como
vírus e outros microorganismos.
Excreção de ácidos:
Algumas bactérias “tiobacilii” são capazes, em condição aeróbica, de oxidar o enxofre
e seus compostos em ácido sulfúrico. O gênero “tiobacilii” consiste em várias espécies
capazes de crescer em meios de pH ligeiramente alcalinos até extremamente ácidos.
Normalmente, a ação corrosiva se inicia com espécies proliferantes em meios
alcalinos. Com a acidificação ao longo do tempo, outras espécies mais fortemente
acidofílicas tomam o controle do processo.
Outro grupo se constitui de bactérias excretoras de ácido nítrico. E, por sua vez, pode
ser dividido em dois sub-grupos: um de bactérias conversoras de amônia para nitrito
e outro, de bactérias conversoras de nitrito para nitrato. Tanto as “tiobacilii” quanto
as nitrificadoras são litoaototrofas, ou seja, são bactérias que utilizam apenas a energia
de compostos inorgânicos e formam sua estrutura orgânica através do CO2.
Um importante ácido é produzido por todas as formas de vida. O dióxido de
carbono, CO2, é excretado como final do metabolismo. O CO2 reage com a água
para formar o ácido carbônico. Alguns microorganismos, em condições de metabo-
lismo incompleto, também podem excretar ácidos orgânicos, tais como o oxálico,
cítrico, maleico, acético, fórmico etc.
48 Corrosão – Monitoração e Controle
Formação de biofilme:
A formação de biofilme pode causar a ocorrência de CCO e problemas relacionados
à eficiência de processo em equipamentos industriais, tais como deficiência de troca
térmica em trocadores de calor. Na industria alimentícia, a formação de biofilme em
chapas para latas de conserva pode ser muito danosa. Tais chapas são normalmente
revestidas com vernizes para a proteção da lata contra os ácidos oriundos dos alimentos.
O biofilme impede a adesão local do verniz o que leva à corrosão e conseqüente
deterioração do alimento. As latas amassadas ou com suas virolas corroídas são
ambientes altamente propícios ao crescimento bacteriano. Nas virolas dos enlatados
(figura III.28), é comum ocorrer CCO e formação de ambiente anaeróbico favorável
às bactérias. Com a progressão da corrosão, ocorre o contato entre o meio bacteriano
residente na célula de corrosão da virola e o alimento no interior do enlatado. Quando
isto ocorre o alimento é rapida e intensamente contaminado, o que pode levar à morte
ou pelo menos a graves infecções bacterianas. É, portanto, imprescindível uma acurada,
detalhada e paciente inspeção do enlatado, qualquer que seja a sua data de fabricação,
antes da compra e também antes do consumo.
Capítulo III – Classificação da corrosão 49
Figura III.28 Virola de enlatado com corrosão por célula oclusa (fresta).
Na figura acima, verificamos: quando o biofilme (1) torna-se espesso, seu interior adquire
características anaeróbicas, com a possibilidade de desenvolvimento de micro-colônias de
bactérias redutoras de sulfato (células negras). Ocorre o espessamento do filme anaeróbico e
conseqüentemente a diminuição relativa do filme aeróbico (2). Com a produção de
metabólitos, as colônias de BRS atraem colonizadores secundários, células redondas brancas,
e formam um consórcio microbiológico (b). Com a progressão deste processo e com o
aumento da excreção celular, ocorre a corrosão do metal (c). (3) é a solução fora do biofilme.
52 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura III.30 Implante de cabeça de fêmur rompida após 38 meses de utilização por
corrosão-fadiga. Aço inoxidável. Cortesia do INT (Instituto Nacional de Tecnologia).
1710
log(TC ) = 5,8 − + 0,67. log( pCO2 ) (III.21)
T
G= H - TS (IV.1)
Observação:
S pode ser calculada, de 0 a T, a partir da equação:
S = ∫ Cp dT
T
(IV.2)
também não são bobos, estes procurarão o estado de menor energia possível. Muitas vezes, para
sair de um estado muito energético para outro menos energético, temos que passar por um
estágio intermediário de maior energia que os estados inicial e final. Vejamos: estamos sentados
na sala assistindo televisão. O filme está péssimo; estamos ficando com sono. Decidimos, então,
ir para a cama dormir. Bem, para irmos até o quarto devemos primeiro nos levantar, depois andar
até o quarto e então deitarmos. O estado final, na cama, é muito menos energético que o inicial
sentado, todavia, tivemos que vencer uma barreira, a preguiça, para levantarmos e caminharmos
até o quarto. Podemos dizer que a energia de ativação para a troca de estado foi a má qualidade
do programa de TV e a barreira de energia foi a nossa preguiça.
localização no espaço. O trabalho requerido para mover a carga q entre dois pontos do
sistema é definido como o produto desta carga pela diferença de potencial elétrico entre o
ponto inicial e final:
Todas as entidades químicas possuem energia livre G. Então, se uma entidade química
φ, de modo que esta
está carregada eletricamente, ela também terá uma energia elétrica qφ
entidade química eletricamente carregada terá um total de energia equivalente à soma de
φ:
sua energia livre química, G, e sua energia elétrica qφ
φ
Geq = G + qφ (IV.3)
onde Geq é a energia livre eletroquímica e G , como sabemos, é a energia livre química.
A força motriz em uma reação química é a energia livre, posto que não ocorre nenhuma
separação de cargas elétricas. Se a reação química produz ou elimina íons ou elétrons, a força
motriz será a energia livre eletroquímica. A reação ocorrerá na direção à qual a variação de
energia livre, ∆Geq, é negativa. No equilíbrio, quando um átomo está em um poço de
energia baixa o bastante para que ele não queira sair, não há força motriz, pois não há
necessidade de mudanças. Portanto, o ∆Geq é zero.
Figura IV.2 Modelo de bandas de energia. Analogia com o “bolo de passas” de Thomson.
Se houver energia disponível suficiente (em torno de 6 eV), será possível empurrar um
átomo ou um íon (uma vez que alguns elétrons podem ficar retidos na nuvem eletrônica)
para fora do seu “poço” de energia na superfície metálica, formando assim um metal iônico
em equilíbrio com o íon, Mz+ [ver figura IV.3.a]. O metal, neste caso, será chamado de
“metal iônico” pois possui um excesso de carga negativa. Este metal iônico, pela necessidade
de equilíbrio de cargas, exercerá forte ação restauradora sobre o íon Mz+. Note a rampa de
energia na figura IV.3 que é conhecida como curva de Morse.
Entretanto, se o metal estiver imerso em um solvente polar, tal como a água, ao invés do
vácuo, existirá um poço de energia livre, correspondente ao da superfície do metal, em algum
ponto no seio da solução. Este segundo poço de energia corresponde ao estado no qual o íon
metálico está cercado por uma gaiola de, geralmente, quatro ou seis moléculas de água. A
região da solução em que isto ocorre é chamada de camada primária de solvatação [ver figura
IV.3.b], onde o aquo-íon Mz+ é visto solvatado por quatro moléculas d’água. A camada de
solvatação primária pode ser consistida por outras estruturas além das moléculas d’água. Estas
podem ser, por exemplo, íons complexos ou moléculas, tais como hidroxila ou amônia. Tais
estruturas são chamadas de ligantes . Na maioria das soluções aquosas, as moléculas ligantes
de água estão dispostas em uma direção particular ao redor do íon metálico. Desta maneira,
elas tendem a escudar as moléculas vizinhas de água do intenso campo elétrico do íon metálico,
e assim prover o íon com um ambiente o mais similar possível com o existente na superfície
metálica. Desta maneira, os poços de energia da figura IV.3 podem estar muito próximos.
Assim, a energia requerida para um íon ir para a solução não precisa ser tão alta quanto 6 eV,
sendo suficiente uma energia térmica em torno de 0,5 eV para que alcance um novo poço de
energia promovido pelas moléculas d’água. Ver figura IV.4.
Capítulo IV – Noções de termodinâmica para metais em equilíbrio 65
Figura IV.3 Energia livre para íons metálicos: (a) fuga da superfície metálica; (b) solvatação.
Figura IV.4 Energia livre para a fuga direta de um íon para a solução aquosa.
66 Corrosão – Monitoração e Controle
∆φ
∆φGM/M+ = GM - GM+ (IV.5.a)
∆φ
∆φGM+/M = - ∆φ
∆φGM/M+ (IV.5.b)
Supondo que haja um equilíbrio entre os íons em ambos OS lados da DCE, poderá
ocorrer a ausência de força motriz nas duas direções da DCE e, portanto, a diferença global
de energia livre do sistema referente à dissolução ou deposição será zero. Assim,
Observação:
A grandeza Z representa a valência do metal envolvido na reação de oxidação, ou seja, a quantidade
de elétrons participantes do processo. e representa a carga do elétron. Na equação IV.6, ∆G0 é a
variação da energia livre padrão e ∆Φ 0 é a variação do potencial elétrico padrão. Entende-se como
variação padrão aquela ocorrida entre a temperatura de 298K (25oC) e a temperatura final da reação.
Isto significa que a variação de energia livre global de um metal, que doravante
chamaremos de eletrodo, quando um de seus íons se dissolve será, no equilíbrio,
exatamente igual ao trabalho elétrico que um íon deve fazer para ultrapassar a DCE.
Quando a grandeza ∆G é expressa em cal/mol, para a reação de eletrodo, e é substituído
pelo número de Faraday, F, expresso como 23 060 Cal.eqg.mol-1 ou 96487 C.mol-1.
MZ+ + Ze = M (IV.6)
−∆GM+/M
∆φM+/M = −∆ ≡ IV.7.a)
(≡
Ze
ou analogamente,
−∆GM+/M
∆φM+/M = −∆ (IV.7.b)
ZF
−∆G0
∆φοM+/M = −∆ (IV.7.c)
ZF
∆φM/M+ + ∆φH+/H
1
Este aspecto “quantitativo” da energia livre evoca o conhecimento da isoterma de Van’t Hoff , cuja derivação pode ser obtida
em livros de termodinâmica, por exemplo “An Introduction to a Chemical Metallurgy” de R.H. Parker.
70 Corrosão – Monitoração e Controle
Por convenção, uma vez que conhecemos o valor aproximado de ∆φH+/H através do
valor de ∆φ
∆φGM+/M para esta reação (-0,9eV), assumiremos que ∆φH+/H é zero. Logo, a força
eletro-motriz da célula será:
EM = ∆φM+/M ,e (IV.9.a)
MZ+ + Ze M ≡ IV.6)
(≡
∆G = ∆
∆G0 + RT ln [ (produtos) / (reagentes) ] (IV.10)
onde ∆G0 (cal / mol) é o valor de ∆G quando todos os produtos e reagentes estão em
algum estado padrão arbitrário (por exemplo, concentrações unitárias). Portanto, a
ausência de índice denota as concentrações efetivas. Por convenção (européia), expressare-
mos todas as reações de eletrodo no sentido da redução. Desta maneira, a equação IV.10,
na qual as grandezas entre chaves representam as suas respectivas concentrações, se torna:
Observação:
por convenção [M], metal puro reduzido, possui concentração unitária.
ZF
Cobre imerso em uma solução de 0,1M de Cu2+. O voltímetro indica o seu potencial
de eletrodo corrigido para esta concentração.
Capítulo IV – Noções de termodinâmica para metais em equilíbrio 73
-0,2415
Algebricamente temos:
Ca2+ -2,87
Na+ -2,71
Mg2+ -2,37
Be2+ -1,70
Al3+ -1,66
Mn2+ -1,18
Zn2+ -0,763
Cr3+ -0,71
Fe2+ -0,441
Cd2+ -0,403
Co2+ -0,277
Ni2+ -0,250
Sn2+ -0,14
Pb2+ -0,13
As3+ +0,27
Cu2+ +0,337
Cu+ +0,522
Ag+ +0,799
Pd2+ +0,987
Pt2+ +1,20
2
É comum na literatura, expressar a densidade de corrente de troca como io.
Capítulo IV – Noções de termodinâmica para metais em equilíbrio 77
ja = j → - j ←, η > 0 (IV.18)
jc = j ← - j →, η < 0 (IV.19)
ηa = a ± b log j (IV.20)
m ja
m. = (IV.21)
ZF
m ja
e. = (IV.22)
ρZF
8,952.10-3. m g ja µ
µA (IV.23)
mol cm2
m. g =
2
m dia Z
3
m. e e. são respectivamente a variação temporal da massa (m.= dm ) e da espessura (e.= de ) do metal sob processo corrosivo.
dt dt
80 Corrosão – Monitoração e Controle
3,267.10-3 . m g ja µ
µA (IV.24)
mol cm2
e. mm =
ano ρ [g/cm3] Z
Zρ
3,267.10-3. ja 1 (IV.25)
Σ Ζi fi /mi
e.(mm/ano) =
ρ
Exemplo IV.3 Calcule o valor da sobretensão do ferro em uma solução em que os seus íons
possuem concentração igual a 0,1M. Considere a equação:
Dado que: E0Fe = -0,441 VEHS (potencial de eletrodo padrão em relação ao hidrogênio)
EFe(0,1M) = -0,471 V
Quando existe a formação de filme de óxido condutor (ou outra espécie química), o
potencial no equilíbrio não irá se alterar, porém quando polarizado de modo a se obter uma
corrente resultante, haverá uma queda de potencial através desta película, pois nenhuma
película tem resistência zero. A sobretensão fica então aumentada. Esta sobretensão é
chamada de sobretensão de resistência ηr 3. A sobretensão global é dada por:
η = ηa + ηc + ηr (IV.26)
alcançado o início da formação de filme passivo, a corrente tender a um valor máximo, jcrit,
conforme a figura IV.11. Com o incremento do potencial, a corrente decresce até um valor
estacionário mínimo; a este potencial damos o nome de “potencial de passivação”, Ep. Esta
gama de potenciais em que o valor de corrente permanece constante é chamada de região
passiva, com limite superior definido por Et (potencial de ponto ou de transpassivação). A
partir deste valor, é reiniciada a dissolução ativa do metal. Denominada na literatura de
transpassivação.
No caso do aço inoxidável, à medida que se aumenta o teor de cromo, o metal tende
a expandir sua região de passividade, ou seja, os valores de Ep e jcrit são diminuídos a valores
tão pequenos que mesmo em meios pouco oxidantes estes metais se passivam (vide figura
IV.12). Neste caso, a liga tende a encontrar as propriedades do cromo. Com a presença de
íons haletos (Cl- como visto anteriormente), o potencial de transpassivação é diminuído,
ocorrendo casos de perda total de região passiva.
84 Corrosão – Monitoração e Controle
Vamos ver mais atentamente o que ocorre com o sistema da figura V.1. Vamos supor
dois metais, os já conhecidos ferro e cobre.
Em soluções ácidas a reação catódica mais importante, ou seja, a que ocorre na superfície
do catodo, é a redução do hidrônio (íons de hidrogênio ou prótons) e seu desprendimento
na forma de gás. A reação anódica, neste caso, é a formação de um sal de ferro com o ânion
oriundo da hidrólise do ácido que aqui genericamente é chamado de A-. Em soluções
neutras ou alcalinas as reações de redução mais importantes são as de redução da água com
formação de hidroxila. O processo anódico mais importante, neste caso, é a formação de
hidróxido de ferro, que se precipita no anodo. Note que estes agentes oxidantes não são
metálicos e ,por isso, os representamos na figura V.1 como X-.
diferentes. Vamos supor os casos em que a área do metal M1 é muito maior que a do M2
e quando M2 possuir massa muito menor que M1.
O potencial do par está, neste caso, ligeiramente acima de M1. Isto indica que M1, assim
como M2, está se dissolvendo. Basicamente, a única diferença é a taxa de corrosão, que,
enquanto para M1 praticamente não é alterada, para M2 é grandemente acrescida. A corrente
de corrosão é associada ao ponto P. Neste caso, podemos dizer que o metal M2 está sob
ataque galvânico.
Quando f1/f2 é muito pequena, o potencial do par tende a se aproximar de M2. Desta
maneira, M1 fica polarizado catodicamente, ou seja, protegido, enquanto que a corrente de
corrosão de M2 é ligeiramente aumentada.
Para exemplificar as linhas da figuras VI.1, vamos dividir os equilíbrios, a 250C, em três:
a) Solubilidade do ferro e dos seus óxidos.
1) Fe ⇔ Fe++ + 2e (VI.1)
E = E0Fe/Fe++ + RT/F ln[Fe++] (VI.1.a)
E = -0,44 + 0,029 log [Fe++] (VI.1.b)
A reação (1), por exemplo, assim como a (7) a seguir, envolvem a separação de cargas
elétricas e, conseqüentemente, o uso de potencial. Este potencial obedece à equação de
Nernst (IV.17) e, portanto, depende das concentrações dos íons envolvidos. Desde que,
entretanto, não haja íons hidrônio envolvidos no processo, não haverá qualquer dependên-
cia com o pH e, assim, o equilíbrio será representado por uma reta horizontal. Por outro
lado, nota-se que as reações (3) e (8) não dependem do potencial, assim, se assumirmos
concentrações unitárias para os íons, teremos valores constantes de pH, formando, então,
retas verticais.
Capítulo VI – Diagramas de equilíbrio 97
Tomando-se o log de (VI.8) e sabendo-se que KFe(OH2) = 10-18,3 e KH2O =1014 , temos,
usando-se a regra dos produtos de solubilidade:
Tabela VI.1 Classificação dos metais e metalóides por nobreza termodinâmica e nobreza
prática.(M.Pourbaix).
104 Corrosão – Monitoração e Controle
interior. Sendo assim, o molibdato tem um importante efeito na inibição dos processos
de formação e propagação dos pites. O filme gerado por este inibidor é constituído por
γFe2O3 e Mo2O3. Não cabe a este livro explicar todo o processo protetor deste inibidor,
mas vale ressaltar que: o molibdato não é poluente, pode ser utilizado em sistemas abertos,
porém, possui custo elevado.
Os ortofosfatos são muito empregados nos sistemas de água de resfriamento. De
preferência, utiliza-se o fosfato dibásico (Na2HPO4) e o fosfato básico (Na3PO4). A
proteção efetuada por estes inibidores é muito efetiva e apresenta custos baixos, porém
poderá ocorrer precipitação de fosfatos de cálcio nas áreas catódicas. Para minimizar este
problema, deve-se adicionar dispersantes no sistema.
to efetuado com estes inibidores, pois dependendo do meio, podem sofrer reversão de suas
propriedades e perder seus efeitos protetores.
Os azóis são inibidores específicos para cobre e suas ligas. Provavelmente, ocorre uma
complexação dos íons cobre em solução, gerando depósitos de produtos protetores através
do mecanismo de adsorção. São exemplos de azóis, utilizados para este fim, os sais de
benzotriazol, tolitriazol e mercaptobenzotiazol.
A indústria do Petróleo utiliza inibidores desde a etapa de extração do petróleo cru até
o seu refino. Nos processos de produção do petróleo cru são usados fluidos de acidificação,
que contém HCl e misturas de HCl, HF ou ácidos orgânicos. Estes ácidos fortes possuem
características altamente corrosivas, mesmo para o aço inoxidável. Assim, existe a necessi-
dade do uso de inibidores de corrosão para proteção dos materiais. Os inibidores são
selecionados de acordo com o ácido e dos diferentes materiais empregados.
exemplo, temos os inibidores fílmicos catiônicos, tal como as aminas, que preferencial-
mente são adsorvidos em sítios carregados negativamente do metal. Por outro lado, os
inibidores aniônicos, como os sulfonatos, irão preferir se aderir às superfícies carregadas
positivamente. Torna-se claro que o potencial do metal é fundamental para a devida
adsorção do inibidor. Uma prática comum é o uso de misturas de ambos os tipos de
inibidores fílmicos: aniônicos e catiônicos.
A adsorção do inibidor dependerá, também, do equilíbrio entre as suas moléculas
adsorvidas e em solução:
Isolução ⇔ Isuperfíce
Neste caso, com a alcalinização, pode-se formar, nas áreas catódicas, um filme de
carbonato (insolúvel) que possui qualidades passivantes:
Também pode ocorrer a passivação em temperaturas elevadas. Neste caso a reação VI.11
é revertida precipitando o carbonato nas superfícies aquecidas.
Capítulo VI – Diagramas de equilíbrio 113
segregação de fluidos. Contudo, pode ser de grande utilidade como estudo comparativo
de solubilidade e eficiência de inibidores de corrosão.
(T0 − Ti )
E= (100 %) (VI.14)
T0
Onde:
E é a eficiência do inibidor em porcentagem
T0 é a taxa de corrosão sem inibidor
Ti é a taxa de corrosão com inibidor
A quantidade dos inibidores, normalmente líquidos, é apresentada em partes por
milhão, ppm. Pode ser calculada pela divisão do volume total do fluido a ser inibido pela
quantidade de inibidor requerida.
V
Q= . ppm (VI.15)
106
Onde:
Q é a quantidade de inibidor requerida
V é a quantidade de fluido a ser inibido
A aplicação do inibidor pode ser feita de várias maneiras e de forma contínua ou em
batelada. O melhor método será aquele que for capaz de manter os níveis de concentrações
requeridos e a adequada distribuição no fluido. Como exemplo de injeção contínua
podemos citar os sistemas semifechados de resfriamento. Os de batelada podem ser os
sistemas fechados de resfriamento e poços de petróleo.
118 Corrosão – Monitoração e Controle
sólidos se precipitam nos pontos fracos do filme da superfície do ferro e assim aumentam
a eficiência do filme.
O comportamento dos inibidores oxidantes pode ser previsto, aproximadamente, pela
superposição dos seus diagramas de equilíbrio com o do ferro, vide figura VI.12. O
diagrama de equilíbrio para os inibidores oxidantes, ou anódicos, mostra o potencial de
equilíbrio relevante para as reações de redução e o limite de pH no qual os produtos são
solúveis ou sólidos.
A proteção será particularmente eficaz se, para as condições de potencial e pH
correspondentes aos domínios de corrosão do ferro, o inibidor oxidante possa se reduzir
formando uma espécie sólida: depositando-se nos pontos fracos da superfície do ferro. Esta
espécie sólida melhorará o poder protetor da película de óxido passivante. .
Indica-se na figura VI.12, por uma linha de cor marrom, os potenciais abaixo dos quais
o inibidor pode ser reduzido; as regiões hachuradas indicam os domínios de corrosão do
ferro para as quais os produtos de redução do oxidante não são espécies sólidas. Se em
primeira aproximação, se admite que as reações de redução do oxidante são reversíveis e que
as espécies sólidas formadas nesta redução constituem um revestimento protetor sobre o
ferro, as zonas hachuradas na figura VI.12 indicam as condições teóricas de corrosão e as
zonas não hachuradas as de não corrosão.
120 Corrosão – Monitoração e Controle
VII.1 - Introdução
É comum encontrarmos na literatura sobre corrosão, a divisão entre corrosão química
e eletroquímica. Entretanto, devido à dificuldade de consenso sobre o assunto, nos
limitaremos a uma divisão prévia em oxidação direta e corrosão eletroquímica. Outros
autores, tais como M.G. Fontana, classificam a corrosão em seca e úmida. A corrosão seca
seria a oxidação direta do metal sem a presença de fase líquida, enquanto na úmida
necessariamente haveria a presença da fase líquida. A corrosão seca está usualmente
relacionada às altas temperaturas. A presença de pequenas quantidades de umidade pode
alterar completamente o processo corrosivo. Por exemplo, o gás HCl dissolvido em água
é extremamente corrosivo para a maioria dos metais e ligas, porém, na forma gasosa, este
gás é praticamente não corrosivo. O titânio, por sua vez, é mais prontamente atacado pelo
gás HCl do que pela sua solução. Do ponto de vista didático, o processo global da corrosão
pode ser dividido em etapas químicas e eletroquímicas e serão abordados adiante.
Simplificadamente, este processo pode ser visto na figura VII.1, conforme o modelo
proposto por Wagner (1933).
difusão entre a fase metálica e seus óxidos. O uso de ligas resistentes a altas temperaturas
requer a formação de camadas de passivação estáveis e estequiométricas na superfície
metálica. Se isto for alcançado, a liga estará apta a agir de acordo com o mecanismo proposto
por Wagner. A duração deste comportamento, que define o tempo de vida da liga, é
comandada pela retirada da camada protetora por descamação, evaporação ou erosão do
óxido menos estável do sistema.
∆G0T = A + BT log T + C T
Equações propostas, sulfeto de cobre na forma cristalina alfa:
α 2<Cu> + 1 (S 2)
(1) <Cu2S>α redução do sulfeto de cobre
2
α 2<Fe>α
(2) 2<FeS>α α + (S2) redução do sulfeto de ferro
(3) 2(H2) + (S2) 2(H2S) formação de sulfeto de hidrogênio
(4) 2<Cu> + (H2S) <Cu2S> + H2 formação do sulfeto de cobre
(5) <Fe> + (H2S) <FeS> + (H2) formação do sulfeto de ferro
A B C T(Kelvin)
(1) 35665 4,34 -27,31 298—376
(2) 74320 - -31,18 298-412
(3) -40210 7,25 -1,21 298-1750
As reações 4 e 5 não estão presentes nas tabelas; contudo, podem ser facilmente
deduzidas através das outras:
O que vale algebricamente para as reações vale também para as suas energias livres; logo:
126 Corrosão – Monitoração e Controle
∆G0(1) - 1 ∆G0(3)
∆G0(4) = -1∆
2
∆G0(5) = - 1 ∆
∆G0(2) - 1 ∆
∆G0(3)
2 2
1
AISI D2 - Designação de aço de alto carbono e alto cromo com adição de molibdênio e vanádio, utilizado em aplicações onde
a resistência ao desgaste é determinante (aços ferramenta e serviços sujeitos à atrito, abrasão ou erosão).
Capítulo VII – Oxidação direta 129
(a) (b)
(c)
Figura VII.5 Bico queimador de gás oxidado: (a) visão global; (b) vista em corte
e (c) metalografia: aumento 200 X ataque de nital. Nota-se a formação de
dentridas, oriundas da alta temperatura e da formação de eutéticos, e a grande
oxidação intergranular.
Embora mais rara que a oxidação interna das ligas de cobre, é possível ocorrer a oxidação
das ligas Fe-Cr. Comparando-se à formação de óxido, o cromo é termodinamicamente
menos nobre (∆G0= -249,3 kcal) que o ferro (∆G0 = -59,38 kcal), porém ocorrerá a
oxidação interna da liga caso o teor de cromo seja insuficiente para a passivação adequada
da superfície metálica. Resumindo, o ferro é mais nobre, porém seu filme pode não ser
protetor. O cromo é menos nobre, porém seu filme é bem mais protetor que o do ferro.
A opção mais adequada para as ligas Fe-Cr, é o uso de mais altos teores de Cr de acordo com
a temperatura de utilização. Vejam, como exemplo, a tabela VII.2. Em geral, é do aumento
do teor do metal menos nobre que aumenta a resistência à oxidação da liga, desde que o
filme deste metal seja mais protetor.
130 Corrosão – Monitoração e Controle
VII.5 - Carbonetação
A carbonetação é certamente o mais importante fenômeno difusional em aços. Seu
princípio, ou seja, a difusão de átomos de carbono, é utilizado desde a Idade do Ferro na
tentativa de se modificarem as suas propriedades mecânicas de dureza ou resistência à tração.
Suponhamos a seguinte experiência: uma barra de ferro puro em contato com grafite
em uma temperatura de 700 0C. No tempo t0=0 não há átomos de carbono no ferro, nem
átomos de ferro na grafite.
Como o processo de carbonetação é controlado por difusão, ou seja, depende do
gradiente de concentração e da temperatura, haverá a migração de átomos na direção de
ambos os componentes. Irão átomos de ferro para a grafite e átomos de carbono para o
ferro. Vamos nos ater apenas no lado do ferro, pois seu coeficiente de difusão para a grafite
(o que expressa a velocidade de migração) é extremamente menor que o do carbono no
ferro. Em um tempo t> t0, a região difundida não corresponde mais ao ferro puro, cuja liga
variará conforme o avanço da frente de difusão. Pela figura VII.6, podemos entender
melhor o fenômeno: chamemos de Cs, a concentração máxima de carbono no ferro e
assumamos que, em um tempo t>t0 , uma pequena região da interface do aço com a grafite
já atingiu este teor. Como parâmetro de comparação, tomemos o valor Cs /2 que será
atingido, ao longo do tempo, pelos pontos A,B e C da barra de ferro ao longo do seu
comprimento Z. Assim, por exemplo, o ponto B no tempo t1 terá 0% C, enquanto que
o ponto A terá teor equivalente a Cs /2. No tempo t2 B terá Cs /2 e no tempo t3 seu teor
será bem próximo de Cs. Observando o diagrama de fase, figura VII.6 (b), notamos que
com o decorrer do tempo, um determinado ponto da barra de ferro modifica sua
composição à medida que a frente de difusão avança para o interior da barra de ferro.
Capítulo VII – Oxidação direta 131
Como vemos, a nossa liga se modifica ao longo do tempo e, portanto, pelo menos
dentro da camada de difusão, haverá variação de suas propriedades mecânicas e resistência
à oxidação. A espessura da camada carbonetada, Z, em aços é proporcional ao coeficiente
de difusão, D, (que é função da temperatura) e do tempo, t, conforme:
A difusão ocorre também em outros metais e ligas, assim como em suas fases
constituintes, o que dependerá da solubilidade do carbono nestas fases. Em alguns casos
poderá ocorrer a precipitação de carbonetos como nas ligas Fe-Ni-Cr utilizadas em altas
temperaturas. Neste caso ocorre a precipitação de carbonetos de cromo. Nos aços
inoxidáveis, a carbonetação e conseqüente precipitação de carbonetos de cromo, leva a uma
depleção do teor de cromo da liga, principalmente nos contornos de grão. Com isto, a liga
se tornará mais susceptível ao ataque dos agentes oxidantes.
Na indústria petroquímica a fonte de carbono poderá ser o próprio hidrocarboneto ou
gases CO e CO2 , largamente encontrados nos diversos processos de refino.
A reação química VII.7 abaixo, reação de Boudoir (∆G0 = 40800 – 41,7 T cal),
governará o processo de carbonetação. K é a constante de equilíbrio da reação e p’ é a pressão
parcial dos gases envolvidos.
132 Corrosão – Monitoração e Controle
VII.6 - Sulfetação
Conforme podemos observar pelo exemplo VII.1, é possível a reação do ferro com o
gás sulfídrico para a formação de sulfeto de ferro. Embora isto possa ocorrer à temperatura
ambiente, esta reação é extremamente lenta, formando camadas de sulfeto muito finas e
aderentes. Contudo, com o aumento da temperatura, esta reação torna-se cada vez mais
intensa. A oxidação pelo enxofre, a sulfetação, pode ser considerada mais destrutiva do que
a oxidação pelo oxigênio. Em alguns casos a sulfetação apresenta um processo linear
oriundo da não formação de filme. Em outros, dependendo da temperatura, poderá haver
a formação de eutéticos que invariavelmente possuem pontos de fusão inferiores aos dos
óxidos. Por exemplo, o ponto de fusão para o eutético Fe/S é 985 0C, enquanto que para
o do Ni/S é de 645 0C. O mecanismo da sulfetação é bem parecido com o da oxidação ao
ar. Por exemplo, o aumento do teor de cromo aumenta a resistência à sulfetação em ligas
Fe-Cr e em aços austeníticos. A presença benéfica do cromo normalmente sobrepuja a do
Ni, que é facilmente atacado pelo enxofre. Ligas à base de Ni devem ser evitadas em
atmosferas sulfurosas. Da mesma forma que uma depleção do teor de cromo expõe a liga
à oxidação ao ar, o mesmo ocorrerá em uma atmosfera sulfurosa. Simplificadamente, o
aumento do teor de cromo é mais significativo do que a contribuição negativa do níquel.
A adição de pequenos teores de alumínio aumenta consideravelmente a resistência a
sulfetação das ligas Fe-Cr-Ni.
134 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura VII.9 Influência dos teores de cromo e níquel na oxidação de ligas Fe-Cr-Ni.
A forma na qual o enxofre está presente na atmosfera oxidante irá afetar significati-
vamente a cinética da sulfetação. O enxofre pode apresentar-se na forma de vapor de
enxofre, H2S, SO2, SO3 e sulfetos orgânicos. Quando o oxigênio está presente será
formado um filme de corrosão misto sulfeto-óxido com propriedades normalmente
mais protetoras do que o sulfeto isolado como aqueles formados pelo H2S ou
hidrocarbonetos sulfurados. Na figura VII.10, podemos observar um queimador de gás
ácido de uma unidade de recuperação de enxofre construído em aço inoxidável AISI 304.
Notamos a intensa sulfetação com grande perda de material. A melhor opção de material
seria uma liga com mais alto teor de cromo e menor teor de níquel.
Capítulo VII – Oxidação direta 135
A sulfetação de ferro em meios gasosos contendo H2S tem sido objeto de muitas
pesquisas principalmente na faixa entre 400 0C e 900 0C. Assim, através de extrapolações,
foram obtidas taxas de corrosão entre 1,3 a 7,8 mm/ano. Por outro lado, estudos da
corrosão do ferro em meios aquosos contendo H2S, normalmente são realizados à baixa
temperatura. Na figura VII.11 podemos observar o comportamento do aço AISI 4140 à
sulfetação em uma atmosfera inerte com 10% de H2S a 218 0C.
Figura VII.11 Sulfetação do aço AISI 4140 a 218 0C em atmosfera de 10% de H2S.
em grande parte já estudado no item anterior, e a corrosão por ácidos naftênicos. Este
segundo tipo de corrosão está ainda pouco estudado e muitas dúvidas ainda permanecem
quanto a real fenomenologia do processo. Os autores incluíram a corrosão naftênica na
classificação de oxidação direta devido às temperaturas relativamente altas e pressões
relativamente baixas em que tal processo ocorre. Alguns autores, entretanto não fazem
essa distinção e a classificam como corrosão eletroquímica ácida.
Figura VII.13 Exemplo de curva de Mac Conomy modificada. Petróleo com 0,5%.
R[CH 2] nCOOH
Podemos assumir primeiramente que uma molécula de ácido naftênico colide com a
superfície metálica (1), formando um radical de ferro e deixando um hidrogênio disponível
adsorvido na superfície metálica. Imediatamente outro ácido reage com este radical (3)
liberando outro hidrogênio. De maneira global (4) os hidrogênios atômicos reagem
formando o gás hidrogênio e o produto naftenato de ferro é formado. É possível também,
que ocorra apenas uma “troca” do ferro com o hidrogênio após o choque com a superfície
e o composto seja prontamente reagido com outro ácido para formar o naftenato e o
hidrogênio gasoso.
O modelo apresentado na figura VII.14 é o de oxidação direta semelhante à sulfetação.
Contudo, alguns autores apresentam a corrosão naftênica com a participação de íons ferrosos
e a dissociação do ácido naftênico na fase líquida de hidrocarboneto. Acreditamos, porém, que
esta segunda opção seja menos provável, dada às altas temperaturas nas quais este processo
corrosivo ocorre e da ausência de água no estado líquido. Como dito anteriormente, mais
provável seria a oxidação direta sem a formação de filme de oxidação diferentemente da que
ocorre com a sulfetação. Este fato explicaria a aparência polida da peça corroída e a não formação
de produto de corrosão visível. Entretanto, se ocorressem reações tipicamente eletroquímicas o
processo final seria praticamente o mesmo, posto que se admitíssemos que houvesse a
dissociação do ácido naftênico, com a formação de seu ânion e de um hidrônio. No caso da figura
VII.14 apresentamos o fenômeno ocorrendo apenas na superfície metálica, somando–se aos
fenômenos de adsorção as etapas químicas e eletroquímicas do processo corrosivo.
Nas figuras VII.15 e VII.16 são apresentadas típicas situações e aspectos de materiais
com corrosão naftênica.
Neutralização
A neutralização dos ácidos naftênicos pela adição de soda caustica, tanto à carga
quanto a determinados cortes, é um método utilizado em algumas refinarias.
Entretanto, este método pode acarretar alguns problemas tais como os de corrosão
sob tensão em determinados equipamentos e a formação de emulsões que, em alguns
casos, podem gerar obstruções em trocadores de calor. O consumo de soda também
deve ser levado em consideração.
Para a neutralização dos ácidos naftênicos também podem ser utilizadas aminas
orgânicas. Entretanto, os seu custo é extremamente elevado.
Mistura (“Blending”)
A redução da acidez para um valor aceitável, através da mistura de petróleos com alto
e com baixo índice de acidez, parece ser um método muito utilizado, principalmente
pelas refinarias que processam diferentes tipos de crus. Entretanto, é preciso ter-se
muito cuidado com os tipos de petróleo que irão compor a mistura (“blend”), já que
esta nem sempre é benéfica. Por exemplo: quando se mistura um petróleo pesado
de alto IAT com petróleo leve de baixo IAT, aumenta-se a quantidade de fase vapor
e, conseqüentemente, a velocidade. Assim, dependendo dos tipos de ácidos naftênicos
presentes, poderá ocorrer um expressivo aumento na corrosão.
Na PETROBRAS a utilização de mistura de petróleos é prática usual, principalmen-
te no que se refere a Marlim, pois além dos problemas decorrentes de sua alta acidez
naftênica, há limitação de seu percentual na mistura devido aos problemas operacionais.
Seleção de materiais
Os materiais mais amplamente utilizados em refinarias de petróleo são o aço
carbono e os aços baixa liga (principalmente o 5%Cr-1/2%Mo). Também são
usados, em menor escala, os aços inoxidáveis martensíticos (AISI 410) e ferríticos
(AISI 405), que resistem bem à sulfetação em altas temperaturas. Entretanto, para
uso em meios com corrosão naftênica relevante, a prática tem demonstrado que
apenas o aço inoxidável AISI 316, ou outros aços austeníticos com maiores teores
de molibdênio tal como o AISI 317, possuem resistência adequada.
A troca de materiais deve ser efetuada de maneira criteriosa, para que esta resulte
em uma relação custo X benefício favorável, dentro dos parâmetros da confiabilidade
e da continuidade operacional. Todas as variáveis devem ser levadas em conside-
ração para a devida seleção de material. Nas refinarias venezuelanas, por exemplo,
a especificação das linhas de transferência (LT) é definida conforme a sua
velocidade de fluxo: LT atmosférica, cujas velocidades forem menores que 4,7 m/
s, utilizam 5%Cr-1/2%Mo e para velocidades maiores 9%Cr-I%Mo, as LT do
vácuo são normalmente de AISI 316.
VII.8.3.4.1 - Destilação
Como esperado a unidade mais atacada pela corrosão naftênica é a destilação onde,
como já dito, os equipamentos mais vulneráveis são os fornos atmosféricos e a vácuo, suas
linhas de transferência e a suas respectivas torres. Contudo, outros locais podem sofrer
alguma corrosão como bombas, linhas e resfriadores de produtos.
Capítulo VII – Oxidação direta 147
Figura VII.17 Principais locais de ataque pelo ácido naftênico em unidades de destilação.
Nas regiões e linhas em verde há pouca probabilidade de corrosão naftênica. Nas regiões e
linhas em azul é possível ocorrer a corrosão naftênica. É provável, contudo, ocorrer a corrosão
naftênica nas regiões e linhas em vermelho.
148 Corrosão – Monitoração e Controle
VII.8.3.4.2 - Craqueamento
Para as unidades de craqueamento catalítico fluido, devido aos maiores teores de
compostos nitrogenados normalmente encontrados em petróleos naftênicos, podemos
esperar alguns problemas. O nitrogênio, oriundo da carga e do ar injetado nos reatores de
UFCCs, podem formar dois compostos: os cianetos e a amônia. Estes compostos são gerados
durante as reações de craqueamento catalítico ainda no interior dos “risers” e ao longo da torre
fracionadora principal. Os teores de cianetos e amônia gerados são fortemente dependentes
dos projetos dos conversores, sendo alguns bem mais susceptíveis que outros na geração destes
compostos. É sabido que conversores com limitação de retificação (estripagem) e regeneração
apresentam maior probabilidade de produção de cianetos.
Podemos dividir os problemas ocasionados por estes compostos em duas partes: a
participação do cianeto nos processos de ataque pelo hidrogênio na “parte fria” da unidade
e a influência da amônia nos resfriadores inter e pós-estágio da seção de compressão de gases.
b - A ação da amônia
A ação da amônia só é realmente verificada em componentes fabricados em ligas de
cobre. Algumas refinarias já reportaram problemas nos feixes dos resfriadores da seção de
compressão de gases. Estes feixes, devido à utilização de água salgada de resfriamento, eram
inicialmente fabricados em latão B 111/687. Contudo, atualmente estes feixes são
fabricados com ligas alternativas (aço duplex ou titânio) com excelentes resultados.
A operação da unidade de águas ácidas, assim como a qualidade do efluente hídrico dos
órgãos operacionais, poderá apresentar alguma alteração com o processamento de petróleos
mais nitrogenados. Cabe às refinarias o devido estudo e adaptação que, por acaso, se tornem
necessários ao enquadramento dos efluentes nas legislações ambientais. Algum excedente
da água ácida isenta de H2S, ainda poderá ser utilizado em sistemas de topo das destilações
atmosféricas.
Este assunto, com mais detalhes, será novamente abordado no próximo capítulo.
Capítulo VIII
O ataque
pelo hidrogênio
Capítulo VIII – O ataque pelo hidrogênio 153
VIII.1 - Introdução
Na indústria petroquímica, um dos principais agentes corrosivos é o H2S. Este caráter
deletério é devido à sua característica ácida e também à sua capacidade hidrogenante,
conforme veremos mais adiante. Outros ácidos também possuem características
hidrogenantes, notadamente o HF. O H2S, em sua maior parte, é oriundo da carga ou
gerado durante o processo de refino a partir da decomposição de compostos de enxofre,
como mercaptanas, ácidos orgânicos sulfurados e enxofre elementar.
Em presença de água, o H2S se dissocia segundo a reação :
1
Essas equações seguintes são válidas para a maioria dos metais corrosíveis no meio em questão. Contudo, por motivos
didáticos, usaremos o caso do ferro como exemplo geral. De fato este é o metal mais importante, haja visto a sua larga utilização
na indústria.
154 Corrosão – Monitoração e Controle
Nota-se que o H2S é regenerado, reação VIII.7, agindo assim cataliticamente no processo
de corrosão. O ferro, por sua vez, reagirá com o HS- da reação VIII.1 da seguinte forma:
O íon H+, por sua vez, se reduzirá sobre a superfície do ferro, adquirindo um elétron
e tornando-se um átomo neutro:
H+ + e H0 Had (VIII.11)
Porém, a simples adsorção do oxigênio sobre o ferro , que possui uma energia de
adsorção da ordem da formação do óxido, poderia diminuir o θΗ por bloqueamento dos
sítios disponíveis para a adsorção de hidrogênio.
156 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura VIII.1 Vista em corte de uma chapa fissurada pelo hidrogênio, FIH.
Aço AISI 516 G 60 de um vaso de alta pressão de uma unidade de
craqueamento catalítico fluido.
VIII.3.2 - Empolamento
Este fenômeno é uma variação da FIH, ou seja, em regiões bem localizadas de
inclusões, segregação ou de dupla laminação, onde pode ocorrer um coalescimento dos
microvazios que, devido às elevadas pressões internas geradas pelo acúmulo de hidrogê-
nio, podem deformar o aço. Normalmente, pode-se identificar tal processo de deterio-
ração pelo aparecimento de empolamentos na superfície metálica, que tanto pode ser a
externa quanto a exposta ao meio corrosivo. Já foram relatados casos em que os
empolamentos geraram deformações plásticas compatíveis com a dutilidade do aço, e
outros casos em que o empolamento se rompeu com pouquíssima deformação. Este
segundo caso talvez tenha relação com a fragilização pelo hidrogênio, que altera a
dutilidade intrínseca do aço, além da morfologia e distribuição de suas inclusões.
Exemplos de empolamento por hidrogênio podem ser vistos na figura VIII.2.
Capítulo VIII – O ataque pelo hidrogênio 159
(a) (b)
(c) (d)
na fase vapor; na fase aquosa a corrosão poderá ser mais branda, dependendo dos teores de
contaminantes, e na fase hidrocarboneto raramente acontece.
Em todos estes equipamentos descritos acima é possível a existência de altos teores de
sulfetos, altos valores de pH e a presença de cianetos e ácidos orgânicos. A presença de água
é, obviamente, um fator importante, posto que o processo de ataque pelo hidrogênio é
precedido por reações eletroquímicas no meio aquoso. Grande quantidade de vapor é
injetada no reator e na torre fracionadora da UCCF. O condensado normalmente é
descartado após o vaso acumulador de topo desta torre. Entretanto, grande quantidade de
água pode ser arrastada ao longo do circuito de gás e se enriquecer em contaminantes tais
como H2S, cianetos e ácidos orgânicos. Alguns refinadores utilizam um circuito de água
adicional chamado de circuito de água de lavagem: para prevenir a deposição de cloreto de
amônio nos topos das torres fracionadoras, tiocianato de amônio nas absorvedoras e
diminuir o ataque pelo hidrogênio a partir dos vasos acumuladores das torres fracionadoras
até após o circuito de compressão de gás.
A amônia está invariavelmente presente nestes sistemas. Esta é formada durante as
reações de craqueamento catalítico a partir de compostos nitrogenados da carga da
unidade. O ataque pelo hidrogênio depende muito do valor de pH da água do sistema.
Segundo Ehmke a permeação de hidrogênio possui um valor mínimo para valores de pH
na ordem de 7,5 e aumenta com o acréscimo do teor de cianeto livre. Este tópico será
visto posteriormente.
Cianetos e ácidos alifáticos praticamente sempre estão presentes nos casos de ataque
pelo hidrogênio em UFCC. Testes em laboratório confirmaram que o ácido fórmico e
o acético aumentam a taxa de ataque pelo hidrogênio em aços. O cianeto faz parte do
grupo de compostos e elementos que aceleram a absorção de hidrogênio, tais como o Ar,
Sb, P e Bi.
As formas de controle contra o ataque pelo hidrogênio podem ser as mesmas utilizadas
contra outros processos corrosivos:
1. Mudança no meio para torná-lo menos corrosivo;
2. Uso de materiais mais resistentes;
3. Uso de barreiras ou inibidores.
O uso de materiais mais nobres, na maioria das vezes, pode ser economicamente
desvantajoso e, apesar de poder resolver algum problema de corrosão, pode gerar grandes
problemas de manutenção. O uso de barreiras e inibidores tem se mostrado bastante
ineficiente, principalmente devido às variações no processo ao longo da unidade, tais como
temperaturas, pressões e qualidade da carga. Com isto, as eficiências destes recursos são
apenas localizadas, não garantindo uma completa proteção dos equipamentos.
168 Corrosão – Monitoração e Controle
A melhor opção para o controle da corrosão é a mudança nas condições do meio que
permita o uso do aço carbono comum. A eliminação dos agentes promotores do ataque
pelo hidrogênio pode diminuir ou eliminar este problema e podem ser:
1. Remoção do H2S previamente à seção de compressão;
2. Retirada da água do sistema;
3. Neutralização do sistema entre o pH 7,5 e 8,2;
4. Redução da concentração de ácidos orgânicos;
5. Conversão do cianeto para tiocianato inofensivo.
Em geral, quanto mais asfáltico for o cru processado, maior será o teor de nitrogênio
na carga da UCCF. Isto poderá promover a formação de maiores teores de amônia e, desta
maneira, aumentar o valor de pH do sistema.
Normalmente, o pH da água ácida nas UCCFs é mantido entre 7,6 e 8,2. No entanto,
outros autores sugerem outros valores: 7,3 e 7,8 ou 7,8 e 8,3 para Bonner, dependendo das
características da unidade. Este limite superior de pH é explicado pela possibilidade da
formação de bicarbonato de amônio (NH4HCO3) e carbonato monohidratado de amônio
((NH4)2CO3.H2O). Estes valores, contudo, dependerão das características de processo de
cada unidade. De maneira genérica, o ataque pelo hidrogênio em função do pH seguirá
conforme a figura VIII.9 abaixo.
Bonner realizou uma interessante experiência onde foi comparada a influência do valor
de pH em soluções amoniacais, utilizando-se provadores volumétricos de permeação de
hidrogênio. Foi utilizada uma solução de hidróxido de amônio enriquecido com 1 atm de
sulfeto de hidrogênio com as seguintes variações: sem cianetos ou polissulfetos; com 0,03
% em peso de cianeto e com 0,10 % em peso de cianetos. Bonner não faz referência ao
teste com cianeto e polissulfeto juntos, todavia, é de se supor que com a ação do polissulfeto
com o cianeto até o esgotamento total do cianeto em forma de tiocianato, a curva resultante
deva ter exatamente o aspecto da curva sem cianeto.
VIII.6.1.1.3 - Injeção de ar
O objetivo da injeção de ar é promover a formação de polissulfetos, principalmente nas
frações gasosas, uma vez que o polissulfeto não é volátil e, portanto, só é capaz de proteger
estas regiões se houver um contato direto. A reação do oxigênio com os íons sulfeto é
extremamente lenta e incompleta nas condições usuais de operação das unidades. O
oxigênio permanece no circuito de gás e poderá formar polissulfetos ao longo dos
equipamentos do circuito de processo.
Alguns problemas podem ser causados com a injeção de ar:
Alteração da qualidade do produto. Apesar de teoricamente possível, as refinarias que
utilizaram tal procedimento não identificaram nenhuma alteração no teor de goma
da gasolina. No entanto, quando o pH do vaso acumulador de topo da fracionadora
baixava para 7,5, por um breve intervalo de tempo, ocorria o aumento do teor de
enxofre na fração hidrocarboneto. Para pH acima de 7,8, foi identificada a formação
de polissulfeto de amônio, porém, não a de enxofre elementar;
Acumulação de oxigênio. Normalmente, o oxigênio é injetado após o primeiro
estágio de compressão. Nesta região, em contato com o íon hidrossulfídrico em
solução aquosa produzirá, enxofre elementar.
algumas restrições são impostas a este método: a complexidade do sistema de injeção, que
não pode permitir o contato direto do peróxido com hidrocarbonetos ou água oleosa,
característica intrínseca da água ácida; a possibilidade de corrosão generalizada causada pela
liberação de oxigênio; a remoção do filme de FeS que normalmente inibe a permeação do
hidrogênio na ausência de cianetos, assim como a possibilidade da precipitação de enxofre
em períodos de pH ácidos ou neutros. Resumidamente, a ação do peróxido é idêntica à
injeção de ar, variando somente na intensidade e na velocidade de reação para a formação
de polissulfeto.
A determinação dos teores de cianeto neste método é um parâmetro critico. Um
procedimento analítico inadequado pode indicar valores de SCN- como sendo CN-.
mar, também são atacadas pelo polissulfeto de amônio, porém, isto ocorre, com taxa
inferior às soluções amoniacais.
Figura VIII.11 Vaso de topo de torre retificadora de H2S, com severo ataque
pelo hidrogênio. Vista pelo lado interno apresentando vários empolamentos,
sendo alguns trincados.
O descarte da água retificada é feito diretamente ao meio ambiente. Portanto, esta água
deve estar perfeitamente enquadrada nos teores máximos permitidos por lei, para que não
ocorram danos ao meio ambiente. Contudo, a retificação da amônia é um processo não
totalmente eficiente, necessitando-se de uma etapa posterior de tratamento da água, para
que esta apresente um teor mínimo possível de contaminantes. Para tanto, são utilizadas
onerosas unidades de tratamento biológico.
178 Corrosão – Monitoração e Controle
Estas curvas empíricas nos dão uma idéia da resistência dos aços à metanização em função
da pressão dos gases H2, H2S ou sua mistura, em função da temperatura. O aço indicado
para o ponto de operação PxT é aquele cuja curva esta acima deste ponto.
Possivelmente a maior resistência dos aços mais ligados em relação aos menos ligados,
deve-se aos menores coeficientes de difusão do hidrogênio, maior estabilidade dos
carbonetos e a mais alta resistência à oxidação a sulfetação, nos casos em que o H2S está
presente, devido a formação de filmes mais estáveis,
As curvas de Nelson são sistematicamente atualizadas. Portanto, para uma avaliação
mais detalhada, recomendamos que em caso de necessidade seja consultada a norma API-
RP-941 de versão recente.
Capítulo IX
Controle da corrosão
Capítulo IX – Controle da corrosão 183
IX.1 - Introdução
Como visto no capítulo V, a corrosão é um fenômeno interfacial, ou seja, ocorre na
interface metal/meio. Assim, o controle da corrosão será baseado nos métodos que, de
alguma forma, atuem no metal, na interface ou no meio.
O controle da corrosão se baseia, portanto, em pelo menos um dos seguintes métodos:
1- Seleção de materiais e projeto adequado.
A escolha do material é fundamental para o devido controle da corrosão; contudo,
em alguns casos, nos deparamos com situações em que o metal mais indicado, para
o processo industrial em questão, é extremamente oneroso. Por exemplo, um
material bem adequado para o uso em água do mar é o latão; entretanto, nós nunca
o usaríamos em "jaquetas" de plataformas de petróleo, primeiro, devido ao alto custo
do latão, que écerca de seis vezes o do aço carbono, que por sua vez é bem corrosível
em água do mar, e segundo, devido às suas medíocres propriedades mecânicas.
Devemos sempre, em engenharia, adequar materiais e projetos visando ao menor
custo/benefício e à garantia da segurança industrial e ambiental.
2- Modificação da interface.
É na interface metal/meio que ocorrem as reações de oxidação do metal; sua
alteração, ou eliminação, pode ser decisiva no controle da corrosão. Um exemplo de
alteração de interface é a aplicação de películas protetoras na superfície metálica. A
pintura industrial tem dois princípios básicos: a aplicação de uma camada de fundo
(primeira camada) formadora de uma película passivadora ou formação anódica, e
a aplicação de uma camada de acabamento (camadas posteriores), que age como
barreira entre o metal e meio. O uso de inibidores de corrosão também é um bom
exemplo de controle de corrosão por alteração na interface1. Existem também
inibidores fílmicos, tais como as aminas, cujas moléculas, quando são adsorvidas na
superfície metálica, isolam a superfície do contato com o meio corrosivo.
3- Modificação do meio.
A modificação do meio também pode ser uma forma de controle da corrosão. Como
exemplo, temos o controle de pH em sistemas de água de refrigeração. Como foi
visto no capítulo VI, o pH pode ser muito significativo em alguns processos
corrosivos. Em alguns casos, nos quais ocorrem processos corrosivos-erosivos, a
filtragem do meio pode ser muito eficaz para a minimização da corrosão.
1
Já foi visto no capítulo VII, a adsorção de inibidores oxidantes.
184 Corrosão – Monitoração e Controle
correntes parasitas
188 Corrosão – Monitoração e Controle
radiografia
partículas magnéticas
termografia
Não abordaremos tais métodos nesta publicação, pois este assunto é particular e merece
ser tratado em publicação específica ao tema de "Ensaios Não Destrutivos".
IX.4.3.2 - Eletroquímicos
Estes métodos baseiam-se em medidas eletroquímicas tomadas diretamente no fluido
de processo e podem ser:
Medições de potencial: feitas por eletrodos e voltímetros com o intuito de se
verificar o potencial de eletrodo do metal no meio. Como foi visto no capítulo V,
este método pode ser muito simples e fornecer muitas informações a respeito do
processo corrosivo;
Capítulo IX – Controle da corrosão 189
Extrapolação das retas de Tafel: com o uso das técnicas de polarização anódica e
catódica, podemos desenvolver um método gráfico que nos permite calcular a taxa
de corrosão com pequena margem de erro;
Resistência de polarização linear: é derivada da extrapolação de Tafel e permite a sua
utilização diretamente em plantas de processo;
Amperometria de resistência nula: consiste na utilização de amperímetros de alta
impedância de entrada, o que permite avaliar em tempo real as correntes envolvidas
no processo corrosivo;
Impedância eletroquímica: consiste na perturbação de uma amostra, com uma
pequena variação de corrente ou potencial em torno de um determinado valor. É um
método muito útil no estudo de tintas e inibidores de corrosão;
Análise harmônica: consiste na variação cíclica de potencial; é muito pouco utilizada
atualmente;
Ruído eletroquímico: técnica muito promissora e já bastante utilizada. Consiste na
interpretação das variações espontâneas, de pequena amplitude, de corrente ou potencial
ao longo do tempo. Para esta técnica, utilizam-se os mesmos equipamentos usados na
amperometria de resistência nula e presta-se à monitoração da corrosão em tempo real;
Medidas de permeação de hidrogênio: são utilizadas em meios cujo ataque se dá
basicamente por reações de redução de hidrogênio. Podem ser volumétricos, com o
uso de colunas manométricas ou manômetros, ou eletrônicos.
Estes métodos serão o foco do nosso trabalho e, por isso, serão tratados detalhadamente
no próximo capítulo.
4- Meio: eletrólito, gás, etc. O meio em que a técnica está sendo utilizada é de vital
importância. Existem técnicas que só podem ser utilizadas em eletrólitos fortes,
enquanto outras, praticamente independem do meio, podendo até ser usadas em
meios gasosos.
5- Análise dos resultados:obtenção e interpretação. Algumas técnicas podem apre-
sentar seus resultados diretamente como taxa, tipo etc. Todavia, algumas outras
necessitam de uma análise ou interpretação dos dados fornecidos.
6- Correlação sonda/planta: o que ocorre com os dados pode, em alguns casos, ser
diferente com o que ocorre com a planta industrial, necessitando-se, assim, de uma
cuidadosa interpretação dos resultados. Em alguns casos, as taxas são médias, ou seja,
correspondem a todo o ciclo de operação, com possíveis períodos de grandes
variações na taxa de corrosão. É por este motivo que em monitoração de corrosão,
nós estudamos tendência.
Assim, concluímos que a monitoração é a parte principal de qualquer programa de
controle de corrosão. É dela que se toma conhecimento das variações operacionais e suas
conseqüências na integridade dos equipamentos.
É dela também a origem de toda ação corretiva dos processos corrosivos. É fundamental
o conhecimento das limitações de cada técnica, pois nenhuma é totalmente completa, nem
nos fornece todas as informações requeridas.
É aconselhável o uso de mais de uma técnica de monitoração. Muitas se completam do
ponto de vista das informações oferecidas.
Deve-se procurar identificar a tendência do processo corrosivo e associá-la aos parâmetros
operacionais da planta. Raramente é verdadeiro o valor de taxa de corrosão por si só. Porém,
sua tendência e valores relativos são muito mais valiosos.
O que é bom para o equipamento é bom para o processo. Se os parâmetros de projeto
estiverem corretos, só haverá deterioração do equipamento se o processo estiver inadequa-
do. Neste caso, a planta industrial estará funcionando de maneira não econômica. Desta
forma, a monitoração da corrosão pode ser um excelente meio de controle de processo.
Capítulo X
Técnicas de monitoração
Capítulo X – Técnicas de monitoração 193
X.1 - Introdução
As técnicas de monitoração da corrosão são, geralmente, classificadas em métodos
baseados em: massa de referência e métodos eletroquímicos. Outras formas de monitoração
da corrosão envolvem métodos indiretos, através dos quais estima-se ou controla-se a
corrosão por meio de parâmetros operacionais.
Neste capítulo, abordaremos de maneira sucinta os principais métodos utilizados em
laboratório e em campo.
(b) Sabemos que a densidade do aço é de 7,87 g/cm3 ou 7,87 . 106 mg/dm3, logo:
[33,3 (mg/dm2. dia)]
TC = 36 500 = 0,15 mm/ano
7 870 000 mg/dm3
6. Quando possível, deve-se usar um único metal por teste. Se mais de um metal for
usado na mesma solução, o produto de corrosão de um pode afetar a forma de
corrosão do outro. Por exemplo, o produto de corrosão do cobre pode reduzir a
corrosão do aço inoxidável e do titânio. Porém, pode aumentar a do alumínio. Em
testes de campo, quando as velocidades de fluxo são grandes, tal problema pode ser
minimizado.
7. A temperatura do ensaio, assim como sua variação, deve ser forçosamente reportada.
8. Em laboratório, o volume da solução de teste deve ser grande o suficiente para evitar
uma variação significativa na corrosividade da solução, causada pela exaustão dos
constituintes ou por acúmulo de produtos de corrosão. Um volume mínimo
adequado pode ser obtido, inicialmente, com a relação volume/área em 20 ml/cm2
(conforme ASTM A262) . Para aços inoxidáveis, o dobro da relação é mais
adequado.
9. Os espécimes devem estar totalmente isolados eletricamente de qualquer dispositivo de
fixação, mesmo que tal dispositivo seja do mesmo metal do espécime. O formato dos
dispositivos de fixação deve permitir o livre contato da solução corrosiva com os
espécimes.
1
Variação feita pelos autores da versão inicialmente obtida na Chem. Eng. Progr.,43,315-326 (june 1947)
Capítulo X – Técnicas de monitoração 197
Exemplo X.2 Se esperamos uma taxa de 0,2 mm/ano, o tempo de teste mínimo
inicialmente estimado é:
2
Normalmente, os tempos de duração de teste não devem ser menores que dois dias.
198 Corrosão – Monitoração e Controle
Sejam A1, At, At+1, A2 e B os danos por corrosão de cada um dos espécimes.
Ocorrências durante o teste Critério
Corrosividade do meio -não mudou A1 = B
- caiu A1 > B
- subiu A1 < B
- não mudou A2 = B
Corrosão do metal - caiu A2 < B
- subiu A2 > B
Capítulo X – Técnicas de monitoração 199
Combinação de situações
Corrosão do meio Corrosão do metal Critério
1- não mudou não mudou
A1 = A2 = B
2- não mudou caiu
A2 < A1 = B
3- não mudou subiu A1 = B < A2
4- caiu não mudou A2 = B < A1
5- caiu caiu A2 < B < A1
6- caiu subiu A1 > B < A2
7- subiu não mudou A1 < A2 = B
8- subiu caiu A1 < B > A2
9- subiu subiu A1 < B < A2
A2 < B < A1
0,45 < 1,00 < 5,75
Outros ensaios, como o teste de dobramento, também podem ser feitos para verificação
de ocorrência de alguma fragilização.
É importante salientar que, para o cálculo da taxa de corrosão por perda de massa,
algumas premissas são assumidas. A corrosão é suposta uniforme (corrosão em zonas
termicamente afetadas em corpos soldados e pites são reportados separadamente) e
também é suposto também que não houve ataque interno ao metal.
R = ρL (X.2)
A
Onde: R = resistência elétrica; ρ = resistividade do metal (função da temperatura)
L = comprimento do sensor e A = área da seção transversal do sensor.
Para se compensar o efeito da temperatura na condutividade, são utilizados dois
elementos sensores: um, protegido do meio corrosivo no interior do corpo da sonda, no
qual é medida a condutividade, e o outro, exposto ao meio. Supõe-se, neste caso, que os
elementos estão à mesma temperatura. Um sensor comercial típico é mostrado na figura
X.3
Figura X.5 Sensor de resistência elétrica incrustado com sulfeto de ferro e circuito
equivalente. Rs = resistência do sensor e Rd = resistência do depósito de sulfeto.
R = ( Rs . Rd ) (X.3)
( Rs + Rd )
Se Rs >> Rd
R ≅ Rd (X. 4)
Se Rd ≅ Rs
2
R = Rs (X. 5)
( 2Rs )
206 Corrosão – Monitoração e Controle
Se Rs << Rd
R ≅ Rs (X.6)
X.3.2 - Equipamentos
O sensor é basicamente composto por dois elementos de mesmo material. Um deles
é exposto ao meio, enquanto o outro é protegido. Os sensores são disponíveis em
configurações fixas ou retráteis, para possibilitar sua remoção e manutenção sem a
necessidade de se parar o equipamento estudado. Os sensores podem possuir formatos
variados; contudo, os mais utilizados são os de fio, mostrados na figura X.6 (a) e (b), e os
tubulares, mostrados na figura X.6 (c) e (d). Os sensores tubulares são menos sensíveis à
corrosão localizada, devido à sua maior área superficial, e por isto são bem mais confiáveis
que os demais.
Alguns acessórios podem ser encontrados nos sensores de RE: o escudo de proteção para
se evitar a quebra do elemento sensor devido ao fluxo ou partículas arrastadas; a caixa de
gaxeta para utilização retrátil, o dispositivo auxiliar de fixação, instalação e segurança e o
cabo de segurança para a retirada do sensor. Tais acessórios são vistos nas figuras X.8.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 207
(a) (b)
(c) (d)
Figura X.6 (a) sensor de RE por fio resistivo com escudo em posição de uso. (b)
RE com fio e escudo removido. (c) sensor de RE tubular com escudo em posição
de uso. (d) RE tubular com o escudo removido.
O sensor tubular possui uma construção bem característica. Este é literalmente oco e
possui um fio ligando a sua extremidade interna ao circuito eletrônico do sensor. A "casca",
ou superfície, é ligada em sua base, rente ao corpo do sensor. Ver figura X.7.
Muito cuidado deve ser tomado durante a instalação e remoção dos sensores. Muitas
vezes, os locais em que estes se encontram instalados estão pressurizados internamente, o
que pode ocasionar vazamentos de produtos quentes, tóxicos ou agressivos. Nunca se deve
ficar à frente do sensor durante as manobras de instalação ou remoção, pois este pode ser
ejetado com grande força e com isto atingir o técnico. O cabo de segurança serve para evitar
este tipo de acidente; entretanto, sua eficiência é limitada devido ao comprimento.
São recomendados os aparelhos com resolução maior que 1% da vida estimada do
sensor. Contudo, para detecção de mudanças de condições de processo, a resposta do sensor
é mais importante que o seu tempo de vida. Isto demandará um sensor mais sensível.
Porém, como na maioria dos processos as variações são pouco constantes e curtas, isso não
afetará muito a vida do sensor.
Exemplo X.4 Queremos calcular a taxa de corrosão de uma amostra de aço cromo-molibidênio,
com 4 cm2 de área e de composição: 2,25 % Cr e 1% Mo. Sabemos que a valência destes elementos
no meio em questão é Fe+2; Cr+3 e Mo3+. As curvas de polarização são mostradas abaixo:
J= I [µA]
área [cm2]
J = 80 = 2 µA/cm2
4
TC = 0,023 mm/ano
214 Corrosão – Monitoração e Controle
Jcorr = B (X.7)
Rp
(Ba.Bc)
B= (X.8)
2,303.(Ba + Bc)
Ep
Rp = (X.9)
J
3
Como se pode verificar, o valor de B só pode ser obtido experimentalmente, ou seja, possui diferentes valores para sistemas
eletroquimicamente diferentes.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 215
Exemplo X.5 Calcule a taxa de corrosão de uma amostra de aço carbono, supondo Fe
Fe2+ + 2e, a partir dos dados obtidos nas curvas de polarização:
Polarização: 10 mV.
Para a maioria dos sistemas metal-meio, Ba varia de 60 até 120 mV/década, enquanto
que Bc é maior que 60 mV/década.
A figura X.12 representa o circuito equivalente da técnica de polarização linear. O valor da
capacitância da dupla camada elétrica (Cdce), determina o tempo de carregamento em que a
densidade de corrente alcança um valor constante, j, quando uma pequena diferença de potencial
é aplicada entre o eletrodo de trabalho e o eletrodo auxiliar ( contra-eletrodo ). Na prática, esse
tempo pode variar de segundos a horas. É importante a determinação do valor da resistência da
solução, Rs, quando esta se aproxima do valor de Rp. A determinação do valor da resistividade
de solução aquosa pode ser vista no ASTM D-1125.
Sensores compostos por dois eletrodos ou por três eletrodos têm seus eletrodos de
referência eqüidistantes uns dos outros e necessitam de circuitos eletrônicos especiais para
a compensação da Rs. Em um meio com condutividade de moderada a alta, o efeito da Rs,
contudo, não é significativo.
Existem sensores compostos de três eletrodos, que compensam Rs através da variação
da distância entre os eletrodos de trabalho e de referência. Com esta aproximação, o efeito
de Rs pode ser diminuído em até dez vezes, aumentando-se assim, os limites de utilização
do sensor.
Sensores com dois eletrodos, munidos de circuitos para leituras de impedância
eletroquímica com alta freqüência de curtos-circuitos sobre a DCE, também podem
estimar a Rs, aumentando a sensibilidade dos sensores. De qualquer forma, existe um limite
de compensação da Rs, acima do qual, em meios de alta resistividade, o método de RPL
não pode ser usado.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 217
X.5.2 - Equipamentos
Comercialmente, encontramos equipamentos com dois ou três eletrodos. O eletrodo de
trabalho deve ser obrigatoriamente do mesmo material do equipamento estudado. Os outros
eletrodos não necessariamente devem ser do mesmo material. Os sensores podem ser retráteis
ou não. Apesar da facilidade de inspeção e limpeza conferida pelos sensores retráteis, cuidados
extremos devem ser tomados em sua manipulação, a fim de se evitarem vazamentos de produtos
que possam agredir o inspetor ou as instalações industriais.
A instrumentação eletrônica para a técnica RPL também pode ser portátil ou fixa; e com
ligação multiponto para leitura em tempo-real. Uma vez que as leituras são feitas em curto
espaço de tempo e não são dependentes de leituras anteriores, a técnica RPL pode ser
indicada para o estudo de variações de processos.
Na figura X.14 é apresentado típico sensor e acessórios comerciais.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 219
Figura X.14 Sensor comercial de dois eletrodos. (a) vista completa com
caixa de gaxeta, cabo de segurança e eletrodos. (b) detalhe dos eletrodos
fixados à haste. Entre os eletrodos e a haste existem anéis de isolamento
elétrico que devem ser cuidadosamente montados.
Os sensores de três eletrodos possuem melhor desempenho que o de dois eletrodos para
meios com resistividade maior que 10.000 ohm.cm. Existem variantes para a disposição
dos eletrodos, que dependem do fabricante e do meio em que estes serão utilizados. O
eletrodo de referência é colocado o mais próximo possível do de trabalho, de modo a se
compensar a resistência do meio conforme já discutido.
A figura X.15 mostra construções típicas de sensores.
220 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura X.15 Tipos de sondas de RPL. (a) dois eletrodos, (b) três eletrodos com
disposição linear, (c) três eletrodos com disposição triangular e (d) raso, neste caso o
eletrodo de trabalho é o de maior área.
Para sensores portáteis (os de leituras intermitentes) deve-se verificar seu funcionamento
a cada leitura. Alguns instrumentos utilizam sensores cuja área é ajustada para permitir a
leitura direta da taxa de corrosão, pois possuem o equivalente-grama da liga já memorizado.
Normalmente, os instrumentos são calibrados para o uso de sensores de aço carbono. Em
geral, tais instrumentos apresentam a TC, assumindo um valor de B típico de água em
sistemas de resfriamento.
222 Corrosão – Monitoração e Controle
Na verdade existem múltiplas correntes de corrosão que tanto podem inverter o seu sentido
como também desaparecer. Todo este processo é estocástico e espontâneo. Suponha, agora, que
colocamos um metal idêntico em forma, área e material ao da figura X.19 ligado eletricamente a
ele por um fio condutor e ambos imersos em um mesmo eletrólito, como mostrado na figura
X.20.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 227
Os sitos eletroquímicos dos dois metais, embora sendo de materiais idênticos, nunca
são iguais. Tais sítios são como as nossas impressões digitais, contudo com a diferença que
tais sítios modificam-se rapidamente com o tempo. Imagine que as nossas impressões
digitais se modificassem a cada segundo. (Certamente o instituto de identificação teria um
grande problema nas mãos!)
Podemos supor que, em uma dada fração de tempo, o somatório relativo dos sítios
anódicos existentes em um dos metais seja maior que os sítios anódicos no outro. Assim,
existe a possibilidade da passagem de elétrons de um para o outro metal nesse mesmo
instante. Nada impede, uma vez que os metais são idênticos, que, inverta a sua condição
de anodo para catodo. Na verdade, nestas condições, isso se dá várias vezes em frações de
segundos, dependendo do meio corrosivo.
Podemos resumir a afirmação precedente como:
Ou da mesma forma:
A ligação, como já dito, pode ser de um amperímetro de resistência nula, ARN, entre dois
eletrodos idênticos, conforme figura anterior, e o uso de três eletrodos onde separadamente
são lidos os valores das flutuações de potencial em relação aos dois eletrodos. Tanto o eletrodo
II do exemplo (a) quanto o eletrodo III do exemplo (d) podem ser substituídos por eletrodos
padrão de referência. Outra possibilidade é a substituição de um dos eletrodos, em (a); (b) ou
(c), por outro condicionado em material mais nobre ou inerte ao meio corrosivo estudado.
Com isto, garante-se que haja sempre um fluxo de corrente do eletrodo de trabalho (menos
nobre) para o outro mais nobre. Neste caso a flutuação ocorre apenas em torno de um
potencial médio (corrente contínua) e com valores relativamente altos. Alguns autores
preferem chamar essa técnica de potenciometria ou amperometria de resistência nula e não
de ruído eletroquímico, uma vez que, nesse caso, a característica estocástica e espontânea do
fenômeno corrosivo entre eletrodos idênticos, é suprimida.
σv = Rp (eq. X.10)
σi
Onde σv é o desvio padrão dos valores de potencial e σi é o desvio padrão dos valores
de corrente. Rp é a resistência à polarização linear, já discutida.
Os resultados obtidos por este método são mais precisos em meios onde a corrosão
uniforme é predominante e, neste caso, podem se usados como dados relativos de
comparação com a técnica RPL e impedância eletroquímica (IE). Contudo, quando a
corrosão localizada ocorre, há desvios para mais em relação aos obtidos como a técnica RPL.
análise é dependente da seqüência dos dados obtidos. São duas as transformações usuais:
a transformada rápida de Fourier (TRF) e o método da máxima entropia (MME). Ambas
baseiam-se na densidade espectral de potência, ou seja, a potência envolvida em cada
freqüência do sinal. Se obtivermos a razão entre a densidade e potência e a freqüência
obteremos a densidade espectral de potência (DSP). Para o potencial utilizamos o
dimensional V2/Hz e para a corrente A2/Hz.
A TRF é bem adequada para sinais periódicos e, portanto, bem sensível aos fenômenos
de corrosão por célula oclusa. O MME é considerado mais adequado à análise do REL, mas
ainda pouco usado em estudos de corrosão. Tanto para a TRF como a MME existem
programas computacionais adequados para os seus cálculos. Por exemplo, no caso da TRF
assumimos que qualquer onda pode ser descrita por uma serie de Fourier, y(t), envolvendo
o somatório de ondas senoidais de freqüências, fases e amplitudes diferentes, cuja expressão
matemática é dada na equação X.11:
(X.11)
nW0
Onde An é a amplitude do componente n de freqüência e ângulo de fase φn.
2π
Para a realização dos estudos dos processos corrosivos via DSP, primeiramente obtemos
os dados de V(t) ou I(t) em um período e com freqüência de aquisição de dados
determinados. Após a aplicação da TRF obtemos um gráfico de DSP versus freqüência,
como mostrado na figura X.23.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 233
Rn = σv (X.12)
σi
Ou seja, o desvio padrão dos valores de potencial dividido pelo desvio padrão dos valores
de corrente.
O correspondente de V(t) no gráfico de DSP será definido como a raiz quadrada da área
compreendida sob a curva DSP x freqüência. Ou seja, a raiz quadrada da integral da curva
no intervalo de freqüências estudado ( f-f0 ).
Capítulo X – Técnicas de monitoração 235
(X.13)
Alguns autores assumem que Rn tende para o valor de Rp quando a freqüência tende
a zero com isso Rp é dada por:
(X.14)
A figura X.26 mostra o ponto P (E0, I0) da curva de polarização, em torno do qual é
realizada a perturbação. Verificamos que se a excitação for de pequena amplitude, a região
da curva, limitada pela elipse e em torno do ponto P, pode ser considerada linerar.
A impedância, estudada em circuitos de corrente alternada, é análoga à resistência em
circuitos de corrente contínua. Assim, a impedância, definida apenas no domínio da
freqüência, é equivalente à resistência no domínio do tempo.
I (t ) = I 0 sen(ωt + φ )
O sinal de excitação pode ser expresso como função senoidal no tempo, podendo ser
potenciostático ou galvanostático. Por exemplo, se impusermos uma excitação em
potencial:
E (t ) = E0 sen(ϖt ) (X.15)
(X.16)
238 Corrosão – Monitoração e Controle
E (t ) E0 sen(ωt )
Z= = (X.17)
I (t ) I 0 sen(ωt + Φ )
ou
(X.18)
E (t ) sen(ωt )
A razão
I (t ) Z = de
também é chamada de função Z 0 transferência.
sen(ωt + φ )
Podemos verificar a resposta senoidal a uma excitação também senoidal com o auxílio
de um osciloscópio. Suponha, por exemplo, uma excitação de potencial no eixo das
abscissas com uma resposta em corrente na ordenada. O resultado, visto através da tela do
osciloscópio, figura X.27, será uma elipse conhecida como figura de Lissajous.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 239
E (t ) = E0 e ( jωt ) (X.20)
(X.21)
E (t )
Z ( w) = = Z 0 e ( jφ ) (X.22.a)
I (t )
240 Corrosão – Monitoração e Controle
Em geral, a faixa de freqüência das medidas fica em torno de 104 a 10-3 Hz, pois a
varredura é sempre realizada dos valores mais elevados para os mais baixos. Porém, em
sistemas mais dinâmicos, limites mais amplos de freqüência devem ser utilizados.
Existem sensores que diferem apenas no meio de fixação. Ao invés de serem instalados
externamente ao equipamento com auxílio de soldagem, utiliza-se um anel "O" para selar
o espaço vazio entre a sonda e a parede, as quais são fixadas através de braçadeiras, conforme
figura X.33. O espaço vazio formado pode ser preenchido com silicone líquido ou óleo
mineral, de modo a aumentar a sensibilidade das sondas.
Figura X.33 Sensor de hidrogênio externo com fixação por braçadeiras. (1) tubulação;
(2) caixa de pressurização; (3) braçadeiras para fixação e (4) válvula e manômetro.
Resultados de campo são apresentados por V.L. Lawsone no Relatório NACE 1C184,
onde se constata a grande aplicabilidade de sensores de pressão, não eletroquímicos, no
monitoramento da corrosão em instalações de produção de óleo e de gás. A figura X.34
mostra a resposta do sensor de pressão à adição de um inibidor de corrosão ao sistema.
Observa-se que a pressão acumulada se estabiliza, indicando a supressão do fluxo de
hidrogênio que penetra no sensor em conseqüência da inibição da reação catódica de
redução de hidrogênio acoplada à reação de dissolução do metal.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 247
Outro sensor a vácuo foi desenvolvido por Radd [137] e Oertle. Essa sonda mantém
alto vácuo em uma cavidade no interior da qual o hidrogênio permeia. O vácuo é
mantido através de uma bomba íon magnética, cuja necessidade de corrente é propor-
cional à taxa na qual o hidrogênio está sendo capturado pela bomba. Esse sensor apresenta
alta sensibilidade e a vantagem de medir a entrada de hidrogênio diretamente (melhor do
que pelo seu cálculo a partir da pressão de hidrogênio, que foi aumentada durante um
período de tempo). A cavidade de coleta deve ser selada para suportar alto vácuo (10-6 Pa)
e um bom nível de vácuo (10-1 Pa) deve ser alcançado, antes da entrada em operação da
bomba íon magnética.
Ambos os sensores a vácuo, que abordamos anteriormente, são mais desejáveis para
laboratório e ambientes controlados de uma planta industrial, do que para uso regular em
operações da indústria de petróleo. A eletrônica e o "hardware" necessários são dispendiosos
e frágeis, com relação às normas adotadas por estas indústrias. Os sensores a vácuo têm sua
utilização em sistemas de água e vapor, na área nuclear e em plantas petroquímicas. Um
modelo de sensor a vácuo é o mostrado esquematicamente na figura X.35.
Os resultados obtidos indicaram coeficientes de difusão de 8,3 . 10-5 cm2.s-1 para o ferro
puro e 2,0. 10-7 cm2.s-1 para o aço AISI 4340, utilizando-se corpos de prova de espessuras
entre 0,77 e 1,04 mm. Os valores de fluxo estacionário obtidos nas diversas condições de
permeação foram entre 2 e 16 µA.cm-2. A metodologia proposta por Devanathan et alli
constitui a base para o estudo eletroquímico de absorção de hidrogênio. Em trabalho
posterior, Foundeur et alli utilizaram a técnica de permeação proposta no trabalho
anteriormente citado para estudar as taxas de adsorção de hidrogênio atômico, H, em um
aço C-Mn em presença de um meio ácido (HCl, pH 2,0).
A experiência de utilização em campo de sensores eletroquímicos externos foi conside-
rada positiva por Pattinson, que sugere a utilização do método, juntamente com ensaios
não-destrutivos e medidas convencionais de polarização. Utilizou-se, nesse caso, sensores
com eletrólito líquido e três eletrodos. Os eletrólitos utilizados foram ácido sulfúrico 96%,
sulfato de sódio e ácido acético 3%. O material selecionado para o eletrodo de re-oxidação
foi o Hastelloy B. Em relação ao monitoramento externo, contudo, foi apontada como
limitação a baixa amplitude dos sinais detectados e a baixa reversibilidade do sistema
quando cessa a hidrogenação.
Capítulo X – Técnicas de monitoração 251
4
Nesse trabalho, os autores ressaltam a inexistência de conhecimento suficiente para se correlacionar as taxas de absorção, ou
de permeação de hidrogênio, com os danos acarretados ao material.
252 Corrosão – Monitoração e Controle
H0 H+ + e (X.26)
XI.1 - Introdução
Neste capítulo, devido a sua grande importância na indústria, abordaremos alguns
tópicos de interesse especial no estudo da corrosão: a corrosão em sistemas de água de
resfriamento e a corrosão em caldeiras.
Qualidade da água.
Temperatura da água.
Tipo de operação.
Tamanho do equipamento e
XI.2.3 - Corrosão
Independentemente de fatores externos (aqueles decorrentes de contaminações, por
exemplo) as águas são naturalmente corrosivas1.
Um número de fatores químicos/eletroquímicos e físicos determina a extensão dos
problemas associados à corrosão em meio aquoso:
Composição da água: pH, sais dissolvidos, gases dissolvidos, matéria dissolvida e
suspensa, tendências à crescimento microbiológico, etc.
Interação entre a água e os materiais normalmente utilizados em circuitos de
resfriamento.
Existência de materiais dissimilares em contato.
1
A agressividade da água, quando não explicitamente citada relaciona-se ao aço-carbono.
Capítulo XI – Tópicos especiais 265
(XI.1)
(XI.2)
3
As tendências incrustantes referem-se, principalmente, à formação de carbonato de cálcio (CaCO3). É importante que se
distingüa incrustação de depósito sedimentar. Um processo incrustante envolve necessariamente a passagem por uma etapa
de nucleação (formação do cristal-semente) a partir da qual ocorrerá o crescimento da formação cristalina, desenvolvendo-
se um tipo de depósito denominado incrustação verdadeira (true scale). Entretanto na maioria dos casos de águas superficiais,
as deposições (cristalinas ou não) observadas são de natureza sedimentar. Nestas situações, sólidos em suspensão, inicialmente
dispersos na água, separam-se da fase aquosa, depositando-se sobre as superfícies metálicas, formando os chamados depósitos
sedimentares. Em alguns casos, como nos que envolvem produtos de corrosão, como o óxido férrico (Fe2O3), podem ocorrer
deposições envolvendo os dois mecanismos citados, originando depósitos tipo incrustação (scalelike deposits) de natureza
mista. Portanto, embora a maioria dos depósitos observados, em caso de águas superficiais, seja de natureza sedimentar (lama
argilosa, “fouling” microbiano) ou mista (lama argilosa com produtos de corrosão, por exemplo), é importante que se possa
avaliar o potencial corrosivo ou incrustante, sobretudo o primeiro, para um dado meio aquoso.
4
O índice de Langelier também é chamado de índice de saturação.
268 Corrosão – Monitoração e Controle
Baixo custo.
Vida útil extensa (normalmente trocadores de calor são projetados para uma vida útil
de 20 anos).
Os aços carbono, com teor de carbono variando entre 0.10 e 0.20% são os mais
utilizados, respondendo pela maioria das aplicações industriais.
Em menor número têm-se tubos em aços inoxidáveis (normalmente austeníticos), aços
baixa-liga (teor de cromo inferior a 9%); cobre e suas ligas (latão); ligas cupro-níquel, ligas
de alumínio e para aplicações em meios de alta corrosividade ligas ferrosas especiais, ligas
de cromo, de níquel e de titânio.
Com o objetivo de garantir a qualidade de água de forma que possam ser utilizados
materiais mais baratos e evitar trocas freqüentes de inventário, são adicionados ao sistema
inibidores de corrosão, agentes dispersantes e biocidas, mantendo a corrosividade do meio
dentro de limites toleráveis e o crescimento microbiológico do sistema sob controle.
b. Combinação do íon hidroxila com o íon ferroso gerado pela dissolução do metal:
a. Gases dissolvidos
Um número expressivo de gases é encontrado dissolvido na água. Dentre esses
incluem-se o oxigênio e o gás carbônico. Outros gases podem estar presentes como
resultado de contaminações, como por exemplo cloro, amônia e sulfeto de hidro-
gênio.
270 Corrosão – Monitoração e Controle
b. Oxigênio
O oxigênio atua como um despolarizante de reação catódica, inibindo processos de
polarização por ativação ou concentração e promovendo, em conseqüência, aumen-
to de velocidade de corrosão.
O processo típico de corrosão por oxigênio está associado a regiões com diferenças
de concentração desse gás (áreas sob depósitos porosos, por exemplo), criando
condições para a formação de células de aeração diferencial. As áreas com deficiência
de oxigênio se tornam sítios anódicos ativos, induzindo à severa corrosão localizada
e falhas precoces de trocadores de calor.
c. Gás carbônico
O gás carbônico reduz o pH da água pela formação de ácido carbônico, que promove
a evolução de hidrogênio. As reações de formação e dissociação do ácido carbônico
são mostradas nas equações (XI.8) e (XI.9):
ou
-
H2CO3 H+ + HCO 3 (XI.9)
d. Matéria em suspensão
Sólidos em suspensão na forma de areia, matéria orgânica, produtos de corrosão ou
de contaminação pelo processo, algas e lamas coloidais podem ser incorporadas à
água de resfriamento e predispor o sistema à processos de corrosão por aeração
diferencial em regiões onde possa ocorrer sedimentação. Além dos problemas de
corrosão que acarretam, os sólidos em suspensão diminuem a eficiência a transferên-
cia de calor nos permutadores, podendo causar o entupimento dos tubos, com
conseqüente interrupção operacional da planta.
e. Sais dissolvidos
De modo geral, quanto maior a quantidade de sais dissolvidos na água, maior sua
corrosividade, devido ao aumento da condutividade elétrica. Um caso particular de
ação deletéria é o íon cloreto, que exerce um efeito acelerador da corrosão,
Capítulo XI – Tópicos especiais 271
f. Microorganismos
O crescimento microbiológico freqüentemente apresenta vários problemas. O
hidrogênio é metabolizado por muitas espécies, causando despolarização da célula de
corrosão, similar à ação do oxigênio dissolvido. Bactérias anaeróbicas formam células
de aeração diferencial e aceleram processos de corrosão localizada. Algumas espécies
produzem compostos ácidos, como o caso das bactérias redutoras de sulfato.
Em sistemas de água de resfriamento e particularmente em torres de resfriamento
esses microorganismos encontram condições excepcionais de crescimento. Sua
atividade metabólica provoca, além dos problemas de corrosão, deposição no
sistema através de formação de slime e biofouling.
g. Temperatura
O aumento da temperatura provoca aumento na taxa de corrosão do aço, já que
facilita processos difusionais e redução de viscosidade da água, auxiliando os
mecanismos de despolarização por ação do oxigênio atmosférico solubilizado5 e
favorecimento da evolução de hidrogênio. Além disso, o bicarbonato de cálcio
dissolvido em água se decompõe, quando aquecido a 60o C, liberando CO2, de
acordo com a reação (XI.10), predispondo à formação de ácido carbônico:
h. pH
O pH é um importante fator no controle da corrosão do aço, como pode ser visto
na figura XI.1, que mostra o comportamento do ferro em função do pH.
5
Em sistemas abertos e semi-abertos, ou seja, sistemas onde o oxigênio dissolvido tem possibilidade de escapar para a atmosfera,
verifica-se que a taxa de corrosão cresce continuamente até 70- 80 oC, quando passa a decrescer em função da menor
solubilidade de O2 na água.
272 Corrosão – Monitoração e Controle
Observa-se que, para pHs até 4,36, a velocidade de corrosão é bastante alta, com o
ferro sofrendo dissolução em meio ácido. Entre 4,3 e 10, a taxa de corrosão
independe (ou depende muito pouco) do pH. Nessa faixa, o controle de oxigênio
é mais adequado. Para pHs > 10 a taxa diminui devido à passivação do ferro, até um
valor mínimo próximo de 12. A partir deste ponto passa a ter comportamento
anfótero, com a taxa de corrosão voltando a subir com o aumento do pH. Esse
comportamento resulta, de modo bastante interessante, da evolução de hidrogênio,
i.e., o ferro reage com soluções fortemente cáusticas liberando hidrogênio e
formando o íon ferroato num processo de cinética lenta. A equação (XI.11) mostra
a reação final entre o ferro e hidróxido de sódio.
i. Transferência de calor
As superfícies de troca térmica são particularmente difíceis de proteger face às
elevadas temperaturas de parede, podendo causar efeito denominado hot wall effect,
no qual o oxigênio é liberado da solução, ficando adsorvido à superfície metálica e
promovendo a formação de células de aeração diferencial.
6
Baixos valores de pH em sistemas de resfriamento podem ser encontrados devido à absorção, pela torre de resfriamento,
de SO2 e H2S de atmosferas poluídas ou contaminação por vazamentos de efluentes ácidos ou de correntes de hidrocarbonetos
não tratadas.
Capítulo XI – Tópicos especiais 273
j. Velocidade
Há duas categorias de fluxo de água: laminar ou lamelar e turbulento. O fluxo
laminar apresenta baixas velocidades e pode não ser consistente através da superfície
metálica. O fluxo turbulento possui uma distribuição de velocidades como indicada
na figura XI.2(b). Mesmo em fluxos turbulentos verifica-se uma região laminar de
baixa espessura, junto à superfície do tubo. Quanto mais turbulento o fluxo, menor
essa camada.
7
A avaliação de um sistema é feita sempre com base econômica, ou seja, adota-se a solução que melhor atende ao aspecto
desembolso/retorno. Ha diversos métodos matemático-financeiros que podem ser utilizados para essa análise e desenvolvidos
especificamente para uso em instalações sujeitas à corrosão.
Capítulo XI – Tópicos especiais 275
O hidrogênio, por sua vez, poderá gerar os danos de metanização, conforme descrito no
capítulo VIII. Normalmente é notada uma camada descarbonetada na face interna dos
tubo, seguida de trincamento intergranular.
Outro dano, a corrosão em linha de evaporação, pode ser encontrado em regiões de
transição contínua e permanente ao longo da tubulação conforme mostrado na figura XI.3.
Este fenômeno freqüentemente é encontrado após sistemas indevidos de
dessuperaquecimento e também está associado ao fluxo de condensado. Isto pode ser mais
bem explicado pela próxima figura. Se não houver fluxo contínuo, uma variação deste
fenômeno pode ser observado na vaporização de bolhas. Neste caso, a aparência do defeito
não será em sulcos, mas sim em alvéolos.
Os exemplos anteriores podem não somente ser atribuídos a tratamento da água, mas
também pelo regime de operação das caldeiras
αFe2O3
2Fe3O4 +1 O2 3α (XI.14)
2
A hematita, Fe2O3, não possui qualidades protetoras e ainda pode provocar a formação
de célula oclusa de corrosão. Este fenômeno pode ser bem caracterizado pela formação de
pontos ou alvéolos distribuídos sem a formação de camadas descarbonetadas ou a formação
de trincas.
A.1 - Introdução
Uma vez que os metais são os materiais mais largamente utilizados em engenharia e,
como vimos, apresenta variadas formas de processos corrosivos, vamos dedicar um pouco
mais de tempo para os princípios de metalurgia.
Entre as propriedades mais marcantes dos metais e de suas ligas, nomeadamente das ligas
Fe-C, ou aço carbono, encontra-se a capacidade desses materiais suportarem carregamentos
em tração deformando-se elástica e, em seguida, plasticamente antes da ruptura, ou seja,
apresentam resistência mecânica associada com ductilidade. Tal conjunto de características
os tornam adequados, entre muitas outras aplicações, para o emprego em equipamentos
cujas paredes serão submetidas a diferenciais de pressão em serviço. Exemplificando,
decorre de um carregamento à pressão interna num vaso com geometria cilíndrica, o
estabelecimento de um estado plano de tensões que solicita em tração, nas direções
meridional e circunferencial, um elemento de casca do vaso.
Para o dimensionamento da espessura de parede desses equipamentos, os códigos de
projeto fazem uso de tensões admissíveis as quais são estabelecidas em função do limite de
escoamento ou de ruptura (que guarda correlação com a dureza) do aço em questão.
Adicionalmente, uma ductilidade adequada é presumida quando se admite que carregamen-
tos intensificados em concentradores serão convenientemente atenuados por uma redistribuição
dessas tensões. Além disto, um comportamento "elástico idealmente plástico", isto é, dúctil
mas não encruável, também é presumido. Neste caso, ignora-se a existência do fenômeno pelo
qual uma plastificação induz a necessidade do aumento de tensão para que novas plastificações
ocorram, o que corresponde a adotar-se uma atitude conservativa.
Assim, mediante a justaposição de células unitárias é possível obter toda uma rede
espacial ou reticulado cristalino onde o requisito de periodicidade seja atendido ao examiná-
la em qualquer outro ponto arbitrariamente escolhido desse mesmo reticulado.
No ponto 1 (T1, p1) a forma estável é a gasosa. Mantendo-se no domínio G, será possível
alterar arbitrariamente T e p sem que haja mudanças de estado, deslocando-se para (por
exemplo) de 1 para 2 (T2, p2). Logo, existem dois graus de liberdade (F 2), e as mesmas
considerações permanecem válidas para pontos situados nos domínios das fases líquida L
e sólida S. Já no ponto 3 (T3, p3), serão duas as fases em equilíbrio, uma mistura S G. Uma
alteração da temperatura do sistema, de T3 para T4 por hipótese, implicará no deslocamen-
to de p3 para p4, se for desejado manter a mistura em equilíbrio. Desta forma, no ponto
3 há apenas um grau de liberdade (F 1). No ponto 0 (T0, p0), ponto triplo, dá-se o equilíbrio
entre S, L e G, e nenhuma alteração em T ou p será possível realizar sem que se perturbe
o estado de equilíbrio. Então, neste caso, não se verifica nenhum grau de liberdade (F 0),
e o ponto é denominado "invariante".
Na medida em que os diagramas binários apresentam particular interesse, e como,
usualmente, a pressão não se constitui numa variável interferente, é comum fixá-la e ter
como variáveis apenas a temperatura e a composição. Neste caso, como um grau de
liberdade foi usado na especificação da pressão, a relação vista se modifica para P F C 1.
Assim, no ponto invariante (F 0) de um diagrama de binário a p constante, tanto a
composição como a temperatura são fixas e não podem ser alteradas sem que se destrua o
equilíbrio.
Nem todos diagramas binários apresentam pontos invariantes. Essa ausência se dará
quando entre os dois componentes houver completa solubilidade em estado sólido, isto
é, quando os átomos do soluto substituir o do solvente na rede cristalina deste em qualquer
proporção. As ligas e os diagramas em que essa condição é atendida são ditas "isomorfas"
ou ligas de solubilidade contínua. Figura A.6.
Apêndice A – Tópicos de metalurgia 289
Esses resultados são justificados por um compromisso entre dois aspectos: um cinético
e o outro termodinâmico. Temperaturas mais elevadas ou mais próximas a A1 irão
favorecer o cinético (nucleação e crescimento da perlita), ao passo que as mais baixas
produzem austenitas mais instáveis ou mais "superesfriadas", portanto mais susceptíveis de
se decompor.
A posse de um maior número de isotermas permite montar gráficos semelhantes ao
dado na figura 8. Tais gráficos são conhecidos por TTT, "temperatura-tempo-transforma-
ção".
Figura A.8 Diagrama TTT para um aço com 0,8% de carbono. γ austenita;
F ferrita; C cementita; Mi início de formação de martensita e M martensita.
a bainita têm sua origem da decomposição da austenita superesfriada numa faixa específica
entre cerca de 260 e 535°C) a martensita não.
Uma microestrutura bainítica, tal como uma perlítica, é composta por misturas ferrita-
carboneto, mas, diferentemente desta última, o carboneto apresenta-se sob a forma de
partículas finamente dispersas na matriz o que, em princípio, deve conferir superior
tenacidade às microestruturas bainíticas. O tratamento térmico que objetiva a sua formação
é denominado "austêmpera", e consiste em resfriar rapidamente o aço "austenitizado" até uma
temperatura imediatamente acima de MS, temperatura de início da formação de martensita.
O aço deve ser mantido isotermicamente à temperatura por um tempo suficiente de forma
a ter-se γ→ bainita, até que se complete a transformação. Como características, tal produto
possuirá elevada dureza associada com boa tenacidade (capacidade de suportar impacto).
Geração de tensões residuais que podem causar corrosão sob tensão em meios
específicos;
Formação de defeitos superficiais e acúmulo de fluxo de soldagem que podem
propiciar a formação de frestas.
Também o processo de fabricação do aço é importante na sua resistência a corrosão.
Desta forma, todos os processos de aciaria são fundamentais: redução, conversão e
lingotamento. Os menores níveis de inclusões, impurezas e tensões residuais são, portanto,
fatores decisivos à resistência a corrosão.
Apêndice B
Análise e interpretação
de resultados de corrosão
Apêndice B – Análise e interpretação de resultados de corrosão 295
B.1 - Introdução
Muitos dos desenvolvimentos na engenharia, ciência e indústria são empíricos, ou seja,
fazem o uso intensivo da experimentação. A utilização de métodos estatísticos pode
aumentar significativamente a eficiência desses experimentos e conseqüentemente validar
as conclusões obtidas.
Os dois aspectos mais importantes de qualquer investigação – e neste caso particular de
uma investigação no campo da corrosão – são: (1) a credibilidade dos resultados e (2) a
aceitação da metodologia dos testes de verificação e validação das conclusões.
Apesar da relevância de sua aplicação, muitos pesquisadores têm tradicionalmente
evitado o uso de técnicas estatísticas porque o aumento da confiabilidade dos resultados não
é visto como compensador considerando o esforço e tempo requeridos para o aprendizado
e aplicação de metodologia apropriada.
Essa realidade todavia, está sofrendo mudanças significativas em todas as áreas da ciência
e, particularmente no campo da corrosão, onde é crescente a tendência da aceitação dos
resultados estar condicionada à sua validação científica.
Além dos aspectos citados, os métodos estatísticos permitem ao pesquisador a otimização
de experimentos, a análise e seleção adequada de variáveis interferentes no processo em
estudo, além de fornecer intervalos de confiança, estimados com base nos resultados
medidos.
Evidentemente, a utilização de metodologias consistentes de planejamento experimen-
tal permite a seleção de método de controle, processo ou material de construção e,
conseqüentemente adequada decisão econômica, em uma associação convergente entre os
dois campos da ciência aplicada.
No entanto, deve ficar claro que essa metodologia não substitui o conhecimento técnico
do especialista sobre o assunto e nem mesmo trata-se de uma “receita de bolo” de como
realizar um planejamento, já que o domínio tecnológico do problema é de fundamental
importância. O conhecimento do especialista conjugado com a metodologia é que irá
permitir bons planejamentos, ou seja; mais rápidos (menos pontos), de menor custo e que
possibilitem aos seus idealizadores obter, com base em inferência estatística, a resposta a
seus questionamentos.
Apesar de relativamente novas, as principais técnicas de planejamento de experimentos
poderiam ter sido sistematicamente aplicadas na indústria há muitos anos. Porém, a grande
maioria dessas técnicas requer uma quantidade exaustiva de cálculos, tornando fundamen-
tal o emprego dos recursos de informática. Saliente-se que seu maior uso hoje decorre
justamente da maior disponibilização de ferramentas computacionais para análise estatís-
tica, tornando cada vez mais fácil a realização das análises e manutenção e gerenciamento
de dados.
Determinação de modelo
Condução do experimento
Validação do modelo
Conclusões e recomendações
Projeto de experimento
Teste de hipótese
Regressão
Amostragem
estimativas válidas de características de uma população da qual foi retirada, a menos que as
premissas associadas com a amostragem estejam satisfeitas.
Outras fontes potenciais de erro incluem o efeito de que se possa confundir fatores
desconhecidos (ou simplesmente não reconhecidos) que podem estar presentes, ou as
dependências entre os vários fatores no sistema. O risco devido a esses erros pode ser
mitigado por um experimento bem elaborado, por exemplo, através da escolha do
tamanho da amostra. Esses riscos, contudo, nunca podem ser totalmente eliminados, e
devem ser considerados na elaboração das conclusões.
Também, rigorosamente falando, os resultados do experimento são válidos para os fatores
e faixas de valores nele considerados. Deve-se, entretanto, tomar cuidado na extrapolação (ou
interpolação) muito além da faixa dos valores considerados no experimento.
Finalmente, a teoria do PE faz certas premissas fundamentais, tais como a existência de
uma relação canônica entre um modelo matemático e a realidade física que está sendo
estudada, cuja validade ou adequação estão sujeitas a debates.
Uma aplicação clássica do PE em corrosão está na avaliação de variáveis de processo
como, por exemplo, na validação do efeito de uma determinada condição operacional, ou
na avaliação da eficácia relativa de vários tipos de inibidores de corrosão.
O teste de hipóteses permite ainda que seja feita uma afirmação sobre um parâmetro
populacional, com um nível de confiança prefixado. Assim, ele pode ajudar na tomada de
decisões que dependam de um parâmetro. Pode similarmente permitir que sejam feitas
afirmações sobre a natureza de distribuição da população, como também de propriedades
da própria amostra.
Para assegurar a validade das conclusões do teste de hipóteses, é essencial que as premissas
estatísticas assumidas sejam adequadamente satisfeitas, principalmente que as amostras
sejam independentes e aleatoriamente selecionadas. Em nível teórico, há algumas discus-
sões sobre como um teste de hipóteses pode ser usado para fazer inferências válidas.
Teste de hipóteses tem aplicações genéricas quando uma afirmação sobre um parâmetro
de uma ou mais populações tem que ser feita. Esse procedimento pode ser usado, por
exemplo, nas seguintes situações:
Testar se a média (ou desvio-padrão) de uma população satisfaz a um valor dado, tal
como um objetivo ou padrão.
Testar se as médias de duas populações são diferentes, como quando se comparam
diferentes técnicas de monitoração de corrosão.
Testar se a amostra foi retirada aleatoriamente de uma única população.
Prever (com nível preestabelecido de confiança) a faixa de valores dentro dos quais a
resposta se encontra, dando valores específicos para as variáveis independentes.
302 Corrosão – Monitoração e Controle
Figura B.1 Exemplo de dados e curvas obtidas por regressão não linear para
avaliação de técnicas de monitoração de corrosão em um sistema industrial
B.5.5 - Amostragem
Amostragem é um método estatístico para obter informações sobre algumas caracterís-
ticas de uma população, através do estudo de uma fração representativa (por exemplo,
amostra) da população. Existem varias técnicas que podem ser empregadas, tais como
aleatórias simples, sistemática, seqüencial, etc., e a escolha da técnica é determinada pelo
propósito da amostragem e as condições sobre as quais ela será conduzida.
A amostragem oferece um meio econômico e rápido de obter informação preliminar
relativa ao valor ou distribuição de uma característica de interesse em uma população.
Quando da construção de um plano de amostragem, muita atenção deve ser dada para
as decisões relativas ao tamanho da amostra, freqüência de amostragem, seleção da amostra,
base de subgrupos e vários outros aspectos da metodologia da amostragem.
A amostragem requer que a amostra seja escolhida de forma não tendenciosa, isto é, a
amostra deve ser representativa da população da qual ela foi retirada. Se isso não é feito, ela
resultará numa estimativa inadequada das características da população.
Mesmo com amostras não tendenciosas, a informação resultante de amostras está sujeita
a um grau de erro. A magnitude desse erro pode ser reduzida utilizando-se uma amostra de
tamanho maior, mas ele não pode ser totalmente eliminado. Dependendo da questão
específica e do contexto da amostragem, o tamanho da amostra necessário para alcançar o nível
de confiança e precisão desejados pode ser exageradamente grande.
C.1 - Introdução
A corrosão é, em síntese, um problema econômico, já que o desempenho de materiais
quanto à corrosão é uma importante consideração na avaliação econômica de um projeto.
Por esse motivo, a Engenharia Econômica tem se tornado uma disciplina com interesse
cada vez maior, visto a necessidade do estabelecimento de critérios de seleção e avaliação de
alternativas de investimento.
Este apêndice visa apresentar critério simples e consistente que permite ao profissional
da área de corrosão, ainda na fase de avaliação, a comparação temporal de opções,
considerando não somente os aspectos de custos de aquisição, mas aqueles decorrentes de
projeto,fabricação, manutenção, freqüência de intervenções, paradas e obsolescência.
b. Aqueles em que é levada em conta a variação que o capital sofre com o tempo:
Critério do valor atual.
n
VA = ∑ a j .(1 + i )
−j
(C.1)
j =0
Como o valor atual do projeto é positivo, ou seja, o valor atribuído às receitas é maior
que o custo do investimento, conclui-se que o projeto se justifica economicamente.
Por outro lado, se o retorno tivesse que ocorrer em dois anos para as mesmas condições
de financiamento, o valor atual seria:
VA = -R$7748,72
Vê-se para esse caso, que o valor atual do projeto seria negativo, ou seja, economicamen-
te injustificável.
Quando projetos parametrizados são comparados, não significa necessariamente que
valores atuais negativos não justifiquem o projeto de menor valor, já que, no processo de
parametrização, pode-se desconsiderar variáveis comuns (receitas, por exemplo), avalian-
do-os exclusivamente do ponto de vista de despesas.
A vantagem da aplicação do MVA, além da simplicidade, é que fatores externos ou
exógenos, afetam todos os projetos, permitindo dessa maneira, no mínimo, a avaliação
qualitativa de opção.
Admitindo-se que taxa mínima de atratividade seja de 8% ao ano, o valor atual de cada
projeto isoladamente é, de acordo com a equação C.1:
1.500 (1.08)-j
VAA = 65,12
2.000 (1.08)-j
VAB = 73,96
Como VAA < VAB , a escolha deveria ser o projeto B. Todavia, como a metodologia está
incorreta, já que as vidas diferentes não são consideradas, essa afirmação pode não ser
verdadeira. Para contornar a deficiência, pode-se aplicar um dos procedimentos discutidos.
Para este exemplo,a resolução será feita das duas formas propostas.
Apêndice C – Análise econômica em corrosão 313
Projeto A
com:
a0 = -10.000
aj = 1.500 (com j=1,2,.....,30)
a10" = a20" = -10.000 (que correspondem ao fim da vida útil do projeto)
Projeto B
com:
b0 = -17.045
bj = 2.000 ( j=1,2,.....,30)
b15" = 17.045 (que corresponde ao fim da vida útil do projeto)
314 Corrosão – Monitoração e Controle
VATP = VP.
(1 + i ) j − 1
(C.2)
(1 + i ) j .i
onde:
VATP é o valor atual total das parcelas
VP é o valor de cada parcela
com:
a0 = -10.000
VP = 1500
i = 8% ao ano
97,27
Portanto, como VAB < VAA , verifica-se que o projeto A é o mais indicado.
Apêndice C – Análise econômica em corrosão 315
R >7966,35
Verifica-se que o projeto B será mais atrativo se R for maior que 7966,35 unidades
monetárias. De modo a contornar as dificuldades para estimativa do valor residual, que é
uma tarefa delicada e subjetiva, um procedimento que pode ser adotado é o de determinar
R a partir dos dados originais do projeto. Assim, se as receitas anuais do projeto B até o final
de sua vida correspondem a 2000 unidades monetárias, tem-se, o valor atual, para vida
residual de 5 anos (vida do projeto B [15 anos] menos a vida do projeto A [10 anos]) igual
a:
R = VPB .
(1 + i )5 − 1
(1 + i )5 .i
Calculando, tem-se:
R = 7964,42
Como esse valor é menor que o requerido, verifica-se que o projeto A é o economica-
mente mais indicado.
316 Corrosão – Monitoração e Controle
Como
VAB > VAA , a opção A é economicamente a melhor.
Nota: O sinal negativo da solução indica que houve despesa, ou seja, as receitas foram
desconsideradas, por não serem relevantes na resolução do problema.
Apêndice C – Análise econômica em corrosão 317
Solução
Para a opção A tem-se agora despesas constantes e uniformes ao longo do tempo. Assim,
o Valor Atual nessa nova situação será:
Como
VAB < VAA , a opção B, para essa situação, é economicamente a melhor.
Solução
Para essa situação deve-se buscar a situação para a qual VAB > VAA . Utilizando-se o
mesmo método de resolução do exercício C.4 para a opção A, de modo que o Valor Atual
seja maior que o custo de instalação da opção em aço inoxidável, tem-se:
318 Corrosão – Monitoração e Controle
A resolução dessa equação pode ser feita pelo método da tentativa-erro, arbitrando-se
um valor inicial de taxa, até se chegar à condição da desigualdade. É possível também a
construção de um gráfico Valor Atual das opções versus taxa de juros, que permite a
visualização rápida do comportamento. O gráfico para a condição proposta é mostrado na
figura C.1.
A
Abrasão - Desgaste provocado pelo movimento relativo de materiais sólidos em
contato.
Agente quelante – Um componente orgânico cujos átomos formam mais de uma
ligação coordenada com metais em solução.
Agente surfactante – Agente de superfície ativo, sendo usualmente um composto
orgânico cujas moléculas contêm grupos hidrofílicos em um extremo e lipofílicos
em outro.
Anaeróbica – Ausência de oxigênio livre ou não-reagido.
Ânion - Íon carregado negativamente.
Anodo – Eletrodo de uma célula eletroquímica no qual a oxidação (ou corrosão) ocorre.
Anólito – O eletrólito adjacente ao anodo em uma célula eletroquímica.
Ataque sob depósito – Corrosão resultante dos depósitos sobre a superfície metálica,
que originam células de concentração.
Atividade – Medida do potencial químico de uma substância quando o potencial
químico não é igual à concentração.
Ativo – Estado no qual um metal está pronto para corroer ou sendo corroído.
C
Cátion – Íon carregado positivamente
Catodo – Eletrodo de uma célula eletroquímica no qual a redução ocorre.
Católito – Eletrólito adjacente ao catodo numa célula eletroquímica.
Cavitação - formação e rápido colapso de cavidades ou bolhas que contém vapor, gás
ou ambos em um líquido.
Cavitação-erosão - progressiva perda de material de uma superfície sólida através da
exposição contínua à erosão.
Célula – Sistema eletroquímico formado por um anodo e um catodo em contato
metálico imersos em um eletrólito.
Célula ativa-passiva – Célula de corrosão no qual o anado é um metal no estado ativo
e o catodo é o mesmo metal em uma outra região, no estado passivo.
Célula de aeração diferencial – Uma célula cuja força eletromotriz se dá através da
diferença na concentração do oxigênio dissolvido em duas regiões ou pontos.
Célula galvânica – Uma célula que consiste normalmente de dois metais diferentes em
contato um com o outro, em um mono eletrólito.
322 Corrosão – Monitoração e Controle
Corrosão sob tensão - Processo de falha pelo aparecimento de trincas nos metais ou ligas,
decorrentes da ação combinada da corrosão e de tensões trativas.
Corrosão tubercular – Corrosão localizada em locais espalhados, resultando em regiões
com protuberâncias chamadas tubérculos, decorrentes normalmente do efeito de
formação de células de aeração diferencial.
Corrosão uniforme - Corrosão caracterizada pela perda uniforme de espessura em toda
a região observada.
D
Densidade de corrente – Corrente por unidade de área fluindo de ou para uma superfície
de eletrodo.
Densidade de corrente anódica crítica – Máxima corrente anódica observada na região
ativa de um metal que exibe um comportamento ativo-passivo.
Densidade de corrente limitada por difusão – Densidade de corrente, normalmente
denominada densidade de corrente limite, que corresponde à máxima taxa de
transferência que determinadas espécies podem sustentar devido à limitação difusional.
Densidade de corrente de troca – Taxa de corrente de troca por unidade de área quando
o eletrodo atinge o equilíbrio dinâmico.
Despolarização – Decréscimo ou eliminação da polarização de um eletrodo com
conseqüente aumento da corrosão.
Diagrama de Pourbaix – Representação gráfica do potencial redox de um sistema
corrosivo versus o pH do sistema, obtido usando dados termodinâmicos e a equação
de Nernst. O diagrama mostra as regiões nas quais o próprio metal ou seus
componentes são estáveis.
Difusão – Movimento de ions, átomos ou moléculas para novos sítios dentro de um
material ou eletrólito, normalmente por gradientes de concentração.
Dupla-camada – Interface entre o eletrodo e o eletrólito onde ocorre separação de cargas.
Em geral o eletrodo é carregado positivamente com relação à solução. O modelo
mais simples é aquele representado por um capacitor de placas paralelas.
E
Eletrodo – Condutor eletrônico (geralmente metal) usado para estabelecer um contato
elétrico com uma parte eletrolítica de um circuito.
Eletrodo auxiliar – Eletrodo construído normalmente em metal inerte no meio usado
em estudo de polarização para transporte de corrente do ou para o eletrodo de
trabalho ou de teste.
Eletrodo de trabalho – Eletrodo que é estudado em uma célula eletroquímica.
324 Corrosão – Monitoração e Controle
F
Fator de ponto – Razão entre a profundidade do pite mais profundo e a penetração
média calculada da perda de peso.
“Fouling” – Acúmulo de materiais onde o ligante normalmente é a biomassa.
Fragilização pelo hidrogênio - Perda de dutibilidade ou tenacidade, ou ambos, causada
pela difusão de hidrogênio no metal.
G
Galvanostática – Técnica experimental através da qual um eletrodo é mantido a uma
corrente constante em um eletrólito.
I
Imunidade – Estado de resistência à corrosão ou à dissolução anódica, devido a
estabilidade termodinâmica do metal.
Inclinação de Tafel, linha de Tafel, diagrama de Tafel – Quando um eletrodo é
polarizado, ele geralmente produz uma relação potencial-corrente sobre uma
i
região, que pode ser aproximada por η = ± B .log em que η é a variação do
i0
potencial de circuito aberto, i é a densidade de corrente, B e io são constantes. A
constante B é também conhecida como inclinação de Tafel. Se este comportamento
for observado, uma curva obtida sobre a escala semilogarítmica será conhecida como
linha de Tafel. O diagrama total é conhecido como diagrama de Tafel.
Glossário 325
Inibidor – Uma substância química que pela sua ação física, química ou físico-química
previne ou reduz a corrosão.
Inibidor anódico – Uma substância química ou substâncias que previnem ou reduzem a
velocidade de reação anódica pela ação física, química ou físico-química.
Inibidor catódico – Uma substância química ou substâncias que previnem ou reduzem
a velocidade de reação catódica pela ação física, química ou físico-química.
Íon – Átomo ou grupo de átomos que perdeu ou ganhou um mais eletrons e em
conseqüência carregam carga elétrica.
M
Meia-célula – Um metal puro em contato com uma solução de concentração conhecida
de seus próprios íons, a uma temperatura específica, que desenvolve um potencial
característico e reprodutível.
Meio – As circunvizinhanças ou condições físicas, químicas, mecânicas na qual o
material é encontrado.
Metal nobre – Um metal que apresenta baixa reatividade.
O
Oxidação – Reação na qual há aumento de valência como resultado de uma perda de
elétrons.
P
Passivação – Redução de velocidade de reação anódica de um eletrodo através de
formação de filme superficial.
pH – Medida de acidez ou alcalinidade de uma solução.
Polarização – Mudança do potencial de circuito aberto de um eletrodo como resultado
da passagem de corrente.
Polarização anódica – Polarização de anodo ou aumento no potencial inicial do metal.
Polarização catódica – Polarização de catodo ou a redução do potencial.
Polarização por concentração – Polarização de um eletrodo devido a variações na
concentração do meio em torno da superfície metálica em decorrência da aplicação
de um potencial externo.
Potencial de circuito aberto – Ver potencial de corrosão.
326 Corrosão – Monitoração e Controle
Q
Quelação – Processo químico que envolve a formação de um anel heterocíclico que
contém no mínimo um cátion metálico ou íon hidrogênio no anel.
Quimissorção – Processo de ligação de um adsorbato à superfície de um sólido por
forças cujos níveis energéticos se aproximam dos de ligações químicas.
Glossário 327
R
Reação anódica – Reação de eletrodo equivalente à transferência de corrente do metal
para o eletrólito. A reação anódica é um processo de oxidação. O exemplo mais
comum é dado por: Me → Me+z + ze
Reação catódica - Reação de eletrodo equivalente à transferência de corrente do eletrólito
para o metal. A reação catódica é um processo de redução. O exemplo mais comum
é dado por: Ox → ze → Re
Reação de eletrodo – Reação interfacial equivalente à transferência de carga de carga entre
um metal e o eletrólito. A reação pode ser anódica ou catódica.
Redução – Reação na qual há redução de valência como resultado de um ganito de
elétrons.
Resistência – Oposição que um componente ou material oferece à passagem de corrente
elétrica.
Resistividade elétrica – Corresponde à resistência que um determinado material oferece
à passagem de corrente elétrica vezes sua seção transversal por unidade de compri-
mento do percurso da corrente. É o recíproco de condutividade elétrica.
S
Sobretensão ou sobrepotencial – Diferença entre o potencial do eletrodo em equilíbiro
e quando está sob uma polarização externa.
Sobretensão de hidrogênio – Sobretensão relacionada à liberação de hidrogênio na
forma de gás.
Sulfetação - Reação de um metal com uma espécie sulfurosa que produz compostos de
enxofre.
T
Taxa de corrosão: é o valor que exprime a perda de espessura de um material metálico
em um determinado período.
Referências
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338 Corrosão – Monitoração e Controle