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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0433.12.032543-9/002 Númeração 0325439-


Relator: Des.(a) Arnaldo Maciel
Relator do Acordão: Des.(a) Arnaldo Maciel
Data do Julgamento: 27/11/2018
Data da Publicação: 03/12/2018

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE -


AUSÊNCIA DA ESCRITURA DO IMÓVEL - TITULARIDADE DO DOMÍNIO
NÃO COMPROVADO - REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS -
IMPROCEDÊNCIA DA LIDE PRINCIPAL - LIDES SECUNDÁRIAS
PREJUDICADAS. A ação de imissão na posse consiste em demanda de
natureza eminentemente petitória, cujo objetivo é garantir a quem detenha
título de domínio sobre um bem, a obtenção também da posse de fato, de
quem injustamente a então detenha. Não tendo o autor se desincumbido do
ônus de comprovar a sua condição de proprietário do imóvel controvertido,
incabível a sua imissão na posse do bem. A improcedência da lide principal
implica na prejudicialidade das lides secundárias.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0433.12.032543-9/002 - COMARCA DE MONTES


CLAROS - 1º APELANTE: PAULO TEIXEIRA RABELO - 2º APELANTE:
PATRICK LIBRELON CASTRO, ARLEN SOARES LEITE DE FREITAS E
OUTRO(A)(S) - APELADO(A)(S): ANTÔNIO AUGUSTO DA SILVEIRA,
DAILVA GONÇALVES DA SILVEIRA - LITISCONSORTE: IVAN TEIXEIRA
AMARAL E OUTRO(A)(S), MARIA DENIZE SILVEIRA AMARAL

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 18ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em NEGAR PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO E DAR PARCIAL
PROVIMENTO AO SEGUNDO.

DES. ARNALDO MACIEL

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RELATOR.

DES. ARNALDO MACIEL (RELATOR)

VOTO

Trata-se de recursos de apelação interpostos contra a sentença de fls.


465/472, proferida pelo MM. Juiz Leopoldo Momelu que, nos autos da Ação
de Imissão na Posse, julgou improcedente o pedido formulado por PAULO
TEIXEIRA RABELO contra ANTÔNIO AUGUSTO DA SILVEIRA e DAILVA
GONÇALVES DA SILVEIRA, por não ter o autor demonstrado ser o
proprietário do imóvel, ante a ausência da necessária certidão originária do
registro imobiliário, e tampouco demonstrado ter a melhor posse, procedente
a lide proveniente da denunciação de PATRICK LIBRELON CASTRO e
ARLEN SOARES LEITE DE FREITAS, sob o fundamento de que referidos
denunciados intermediaram, de forma indevida, a venda do mesmo imóvel,
primeiramente para os requeridos e posteriormente para Ivan Teixeira
Amaral e Maria Denise Silveira Amaral, sem a necessária rescisão do
primeiro, tendo estes, por fim, procedido à venda do mesmo imóvel ao
requerente, mesmo ciente da negociação anteriormente entabulada, e
improcedente a lide formada entre Patrick Librelon Castro e Arlen Soares
Leite de Freitas e os denunciados IVAN TEIXEIRA AMARAL e MARIA
DENIZE SILVEIRA AMARAL, por entender que ambas as partes assumiram
o risco de concretizar a compra e venda do imóvel ciente da negociação
firmada com os requeridos.

Nas razões recursais de fls. 488/499, aduz o autor/1º apelante, Paulo


Teixeira Rabelo, que, embora a demanda em questão tenha natureza
petitória, não consta nos autos a certidão do imóvel objeto da lide, tendo o
Magistrado sentenciante incorrido em error in

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judicando e error in procedendo ao decidir com base na melhor posse,


afirmando, em seguida, que a rescisão do contrato firmado entre os
réus/denunciantes Antônio Augusto da Silveira e Dailva Gonçalves da
Silveira e os denunciados Patrick Librelon Castro e Arlen Soares Leite de
Freitas se operou de pleno direito com a notificação de fls. 310, datada de
02/03/2012. Por fim, tece considerações sobre graves fatos ocorridos no
decorrer do processo, inclusive indeferimento da prova pericial.

Por sua vez, os denunciados/2os apelantes, Patrick Librelon Castro e


Arlen Soares Leite de Freitas, apresentaram o recurso de fls. 503/506, por
meio do qual aduzem que o §3º, da cláusula 3ª, do pacto firmado com os
apelados Ivan e Maria, prevê a rescisão contratual em caso de
inadimplemento por parte dos compradores por período superior a 45 dias,
de modo que, comprovado o inadimplemento por meio da notificação de fls.
310, o imóvel estava livre para ser negociado. Afirma que Dailva e Antônio
tinham ciência do inadimplemento do contrato, tanto que se recusaram a
juntar o verso dos cheques dados para pagamento, e que os denunciados
Ivan e Maria apresentaram a mesma versão dos 2os apelantes, situação que
justifica a procedência da denunciação promovida pelos ora recorrentes.

Preparo do primeiro recurso acostado às fls. 500 e do segundo às fls.


507/508.

Intimadas, apenas os réus/apelados Antônio Augusto da Silveira e Dailva


Gonçalves da Silveira ofertaram contrarrazões às fls. 519/536, pugnando
pelo não provimento de ambos os recursos aviados. O autor e os
denunciados deixaram de se manifestar, consoante certidão de fls. 537.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço de ambos os


recursos e passo à análise conjunta, por envolverem matéria comum.

Antes de adentrar no mérito propriamente dito, faço consignar

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que o julgamento do presente processo deverá se submeter às normas do


novo Código de Processo Civil de 2015, considerando a data da publicação
da decisão que motivou a interposição dos recursos ora analisados, em
observância ao Enunciado 54 deste Egrégio Tribunal de Justiça e à regra
insculpida no art. 14 da nova lei.

Pois bem, este Relator entende ser imprescindível uma prévia narrativa
dos eventos em que se circundam as controvérsias postas em exame, a fim
de possibilitar a adequada análise e explanação das conclusões.

Pela análise da petição inicial, verifica-se que Paulo Teixeira Rabelo


ajuizou a presente Ação de Imissão de Posse em desfavor de Antônio
Augusto da Silveira e Dailva Gonçalves da Silveira, sob o argumento de que
adquiriu uma casa residencial situada na Rua Doze, nº 337, no bairro
Barcelona Park, na cidade de Montes Claros/MG, por meio do contrato
particular de fls. 35/37, firmado com Ivan Teixeira de Amaral e sua esposa
em 25 de maio de 2012. Aduz que os réus estão lhe impedindo, mesmo após
terem sido notificados extrajudicialmente, de tomar posse do referido bem e
lhe fazendo ameaças.

Na tese de defesa os réus, por sua vez, alegam que adquiriram o imóvel
objeto da contenta no dia 01 de novembro de 2011, quando celebraram o
contrato de compra e venda de imóvel de fls. 81/84 com Arlen Soares Leite
de Freitas e Patrick Librelon Castro, pelo preço de R$174.000,00, a ser pago
parte em dinheiro e parte em cheques. Afirmam que, embora tenham
recebido uma notificação dos vendedores no dia 02/03/2012 com a
informação de que "o contrato não vem sendo cumprido", promoverem a
contra notificação deles, para que apresentassem os eventuais títulos
vencidos e não pagos para a devida quitação.

Os réus denunciaram Patrick Librelon Castro e Arlen Soares Leite de


Freitas à lide, os quais, embora confirmem a venda do bem aos
requeridos/denunciantes, afirmam que tal pacto não foi cumprido, razão pela
qual venderam o imóvel ao Sr. Ivan Teixeira Amaral,

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oportunidade em que entregaram todos os cheques que haviam recebido em


garantia e pagamento da dívida dos réus/denunciantes.

Foi deferida a denunciação feita por Patrick Librelon Castro e Arlen


Soares, o que implicou na inclusão de Ivan Teixeira Amaral e sua esposa
Maria Denize Silveira Amaral na lide. Referidos denunciados alegam que
adquiriram o imóvel controvertido dos denunciantes, Arlen e Patrcik, eis que
os antigos compradores não honraram com o pagamento e o contrato foi
rescindido. Salientam que tomaram as precauções necessárias e registraram
a compra e venda no registro da matrícula do imóvel no Cartório, tendo
alienado o bem posteriormente ao Sr. Paulo, verdadeiro e único proprietário
do imóvel.

Feito o relato acima e após analisar detidamente todas as provas dos


autos, tenho que a sentença de 1º Grau comporta parcial reforma, sobretudo
por ter se fundado na premissa absolutamente equivocada e infundada de
que a ação de imissão na posse deve ser julgada com base na melhor
posse.

De pronto, vale consignar que a ação de imissão na posse consiste em


demanda de natureza eminentemente petitória, cujo objetivo é garantir a
quem detenha título de domínio sobre um bem, a obtenção também da posse
de fato, de quem injustamente a então detenha.

Assim, neste tipo de ação inexiste discussão acerca da posse, de sua


natureza ou de sua duração, de modo que, comprovada a propriedade do
bem, faz jus a parte autora à imissão na posse do bem.

No caso específico dos autos, a despeito das alegações tecidas pelo


autor/1º apelante, tenho que ele não conseguiu demonstrar através de
documentos idôneos ser o proprietário do imóvel, ônus que lhe incumbia, a
teor do disposto no art. 373, I do CPC/2015, senão vejamos.

Depreende-se que a ação não foi instruída com o único documento capaz
de comprovar, de forma inequívoca, a titularidade

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do domínio, qual seja, a escritura do imóvel objeto da lide, lavrada no


Cartório de Registro de Imóveis da Cidade de Montes Claros/MG.

Na verdade, o requerente/1º apelante apenas trouxe a escritura de


compra e venda, registrada no Cartório do 3º Ofício de Notas daquela
Cidade, na qual Ivan Teixeira Amaral figura como comprador e Patrick
Librelon Castro como vendedor, assim como o contrato particular de compra
e venda de imóvel de fls. 35/37, em que o Ivan figura como promitente
vendedor e o autor como promitente comprador.

Ora, o art. 1.227 do Código Civil é claro ao dispor que a propriedade de


imóvel transfere-se por meio de registro do título translativo no Cartório de
Registro Imobiliário.

Assim, não tendo o autor se desincumbido do ônus de comprovar a sua


condição de proprietário do imóvel controvertido, incabível a sua imissão na
posse do bem.

E que nem pretenda o 1º apelante transferir ao Juízo ou a quaisquer das


partes a responsabilidade de instruir o processo com os documentos
indispensáveis à análise do direito pretendido e nem de formular o pedido
adequado à sua pretensão, eis que tais medidas competem exclusivamente
à parte autora, única interessada na concretização do direito que motivou a
propositura da demanda.

Não é demais ressaltar que a visivelmente equivocada decisão de fls.


347/349, que afastou a necessidade de juntada do registro do imóvel, não foi
alvo do necessário recurso de agravo, não sendo aceitável que o autor/1º
apelante, agora, pretenda se beneficiar da própria torpeza, representada não
apenas na inércia de apresentação de documento indispensável à solução
da causa, como também na inércia de insurgir-se adequadamente contra
referida decisão, sobretudo quando reconheceu expressamente a
necessidade daquele documento e também do equívoco daquela decisão.

Sobre o tema, outro não é o entendimento deste Eg. Tribunal de Justiça,


senão vejamos:

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE - BEM


IMÓVEL - CONTRATO DE COMPRA E VENDA - AUSENCIA DE REGISTRO
DO IMÓVEL - PROPRIEDADE NÃO COMPROVADA. Para deferimento da
imissão na posse do bem imóvel, imprescindível o seu registro no cartório de
imóveis, prova inconteste da titularidade do domínio, bem como da posse
injusta exercida pelo réu. (TJMG - Apelação Cível 1.0073.13.006043-4/001,
Relator(a): Des.(a) Mônica Libânio, 11ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
25/07/0018, publicação da súmula em 31/07/2018)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - IMISSÃO DE POSSE - AUSÊNCIA DO


REGISTRO E AUSÊNCIA DE PROVA DA PROPRIEDADE -
DECLARATÓRIA DE CONFIRMAÇÃO DA PROPRIEDADE - AUSÊNCIA DE
PROVA - ONUS DO AUTOR A TEOR DO DISPOSTO NO ARTIGO 333, I,
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO
CONFIRMADA. - Não comprovando o autor a propriedade sobre o bem
imóvel apontado, impõe-se a confirmação de improcedência do pedido de
imissão de posse. - Não comprovando também o autor, a compra e venda do
imóvel, ônus que lhe competia, a teor do disposto no artigo 333, I, do Código
de Processo Civil, impõe-se a confirmação da improcedência do pedido da
ação declaratória. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.12.344170-1/001,
Relator(a): Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata, 13ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 22/10/2015, publicação da súmula em 05/11/2015)

E ainda que assim não fosse, fato é que o próprio 1º apelante confessa
que o imóvel está registrado em nome de Ivan Teixeira Amaral, situação que,
por certo, joga por terra o direito à pretendida imissão e afasta qualquer
possibilidade de eventual cassação da sentença para a juntada do aludido
documento.

Assim, deve ser mantida a improcedência do pedido formulado na lide


principal, pelas razões acima aduzidas.

Quando o assunto se volta para a lide proveniente da denunciação de


Patrick Librelon Castro e Arlen Soares Leite de Freitas, promovida a

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pedido dos réus/denunciantes, Antônio Augusto da Silveira e Dailva


Gonçalves da Silveira, tenho que a solução dada em 1º Grau comporta
inteira e absoluta reforma.

É que pela simples análise do item "A-5) DENUNCIAÇÃO DA LIDE" de


fls. 125/126, verifica-se que o pedido dos réus em relação aos denunciados
dependiam da procedência do pedido formulado pelo autor, o que não
ocorreu.

Válida a transcrição do referido pleito:

"ao final, em caso de procedência do pedido do autor, seja, na mesma


sentença, imposta aos denunciados a obrigação de pagar aos denunciantes,
o valor real atual do imóvel, bem como danos materiais e morais conforme
forem apurados no curso do processo ou em liquidação posterior, acrescidos
de todas as custas / despesas processuais e honorários advocatícios à razão
do 20% do total da condenação." (fls. 126)

Assim, totalmente incabível a procedência da lide secundária proveniente


da denunciação formulada pelos réus, quando não houve a implementação
da condição para a apreciação da pretensão de ressarcimento, qual seja, a
procedência do pleito formulado na lide principal, situação que evidencia a
absoluta necessidade de reforma da sentença.

Aliás, a improcedência da lide principal implica não só na impossibilidade


de apreciação da primeira lide secundária, como também implica na
prejudicialidade da segunda lide secundária proveniente da denunciação de
Ivan Teixeira Amaral e Maria Denize Silveira Amaral.

Do acima, outra conclusão não há senão a de que é totalmente incabível,


neste feito, discutir-se o direito de propriedade dos demais envolvidos no
feito em relação ao imóvel.

A conclusão acima afasta a possibilidade de análise da suposta

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conduta indevida dos denunciados/2os apelantes, de intermediaram a venda


do mesmo imóvel primeiramente para os requeridos e posteriormente para
Ivan Teixeira Amaral e Maria Denise Silveira Amaral, sem a necessária
rescisão do primeiro.

Por oportuno:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - TABELIONATO -


RESPONSABILIDADE - TITULAR - RENÚNCIA AO DIREITO - LIDE
PRINCIPAL - EXTINÇÃO - LIDE SECUNDÁRIA - PREJUDICADA - ÔNUS
SUCUMBENCIAIS - RESPONSABILIDADE - DENUNCIANTE -
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - FIXAÇÃO.- Os notários e oficiais de
registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a
terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem
ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso (Lei
8.935/94, art. 22). - Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação
não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do
denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do
denunciado (CPC, art. 129, parágrafo único). - Nas demandas em que não
há condenação, os honorários são fixados entre o mínimo de 10% e o
máximo de 20% sobre o valor da causa, observados o grau de zelo do
profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da
causa, o trabalho realizado pelo advogado, bem como o tempo despendido
para seu serviço, como determina o art. 85, § 2º, do CPC/2015. (TJMG-
Apelação Cível 1.0456.15.004139-4/001, Relator(a): Des.(a) Ramom Tácio,
16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 25/07/2018, publicação da súmula em
03/08/2018) (GRIFADO)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA - FALHA NA


PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE - HOSPITAL MUNICIPAL -
LEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO - DENUNCIAÇÃO DA LIDE -
IMPROCEDÊNCIA DA LIDE PRINCIPAL - LIDE SECUNDÁRIA
PREJUDICADA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - ÔNUS DO
DENUNCIANTE - BAIXO VALOR DA CAUSA - FIXAÇÃO POR
APRECIAÇÃO EQUITATIVA - ART. 85, §11, DO CPC/2015 - MAJORAÇÃO.
- Tendo sido o ato impugnado na ação indenizatória praticado em hospital
municipal, resta

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caracterizada a legitimidade do Município para responder à demanda, sendo


irrelevante o fato de ter sido transferida a outrem a gestão da entidade de
saúde, quando mantida no contrato a responsabilidade do ente público pelo
fornecimento dos recursos necessários à prestação dos serviços e pela
fiscalização dos mesmos. - Tratando-se de denunciação da lide, nos casos
em que a parte denunciante fica vencedora na lide principal, a lide
secundária é considerada prejudicada, ficando, contudo, aquele que deu
causa à intervenção de terceiros responsável pelo pagamento dos honorários
advocatícios fixados em favor do denunciado. - Nas hipóteses em que não há
condenação principal e é baixo o valor da causa, deve ser aplicado o art. 85,
§ 8º, e fixada a verba honorária por apreciação equitativa. - No julgamento do
recurso cabe ao Tribunal majorar os honorários advocatícios fixados na
sentença, de forma a adequá-los ao trabalho adicional desenvolvido pelo
procurador em grau recursal, tal como ordena art. 85, § 11, do Novo Código
de Processo Civil. (TJMG- Apelação Cível 1.0702.13.086197-5/001,
Relator(a): Des.(a) Adriano de Mesquita Carneiro (JD Convocado) , 3ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 07/06/2018, publicação da súmula em
19/06/2018) (GRIFADO)

Ante todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso interposto pelo


autor/1º apelante, e DOU PARCIAL PROVIMENTO ao 2º recurso,
apresentado pelos denunciados, Patrick Librelon Castro e Arlen Soares Leite
de Freitas, para manter a improcedência do pedido formulado na lide
principal, pelas razões expostas no corpo deste voto, e julgar prejudicada as
lides secundárias.

Tomando-se por base o que preceitua o art. 85, §§2º e 11, do CPC/2015,
deixo de majorar os honorários advocatícios de sucumbência em relação à
lide principal, uma vez que foram fixados no máximo legal de 20% sobre o
valor dado à causa, devendo ser mantida a sucumbência de primeiro grau e
ficando o autor, ora 1º apelante, responsável também pelas custas recursais
do seu recurso.

Em relação à lide secundária proveniente da denunciação de Patrick


Librelon Castro e Arlen Soares Leite De Freitas, considerando a reforma da
sentença, condeno os réus/denunciantes no pagamento de

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honorários advocatícios no mesmo importe estabelecido naquela sentença,


pela mesma razão acima, além das custas do 2º recurso de apelação.

DES. JOÃO CANCIO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. SÉRGIO ANDRÉ DA FONSECA XAVIER - De acordo com o(a)


Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO E


DERAM PROVIMENTO AO SEGUNDO."

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