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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DA DE

SANTA MARIA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Execução Penal nº 5005181-88.2014.404.7102RS

CARLOS NAGIB DE AGUIAR MADEIRA, brasileiro, solteiro, motorista, inscrito no


CPF/MF sob número 440.051640-72, e RG nº 6029280432, SSP/RS, residente e
domiciliado na Rua Ferreira Viana, n° 64, Bonsucesso, CEP 94130-010,
Gravataí/RS, vem, por seu procurador signatário, vem, respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, nos autos em epígrafe, ciente da decisão (Evento
32), interpor, o presente recurso de agravo, por força do artigo 197 da Lei de
Execução Penal, sob o rito previsto pelo artigo 581, e seguintes, do Código de
Processo Penal.

Parte beneficiada pelo instituto da Gratuidade da Justiça, conforme decisão


anteriormente exarada.

ISTO POSTO, REQUER:

I.- Recebimento do presente recurso com as razões em anexo, abrindo-se vista a


parte contrária, para, querendo, oferecer sua contradita, remetendo-o – ressalvado
o juízo de retratação, por força do artigo 589 do Código de Processo Penal – ao
Tribunal ad quem, para a devida e necessária reapreciação da matéria.

II.- Para a formação do instrumento, requer sejam trasladadas, além da guia de


expediente atualizada, as seguintes peças dos autos principais:

a) sentença condenatória do processo n.º 2003.71.02.005831-1/RS.

b) acórdão da apelação-crime nº 5002.898-34.2010.404.7102/RS.

c) termo de audiência admonitória.

d) pedido de conversão de prestação de serviços à comunidade em pena


pecuniária.

f) promoção ministerial pelo indeferimento do pedido.

g) decisão recorrida (evento 32).

h) intimação da decisão recorrida à folha _________, processada em


______________.

Nesses Termos

Pede Deferimento.

Porto Alegre, 23 de janeiro de 2015.


Diego Madeira de Matos

OAB/RS 86.915

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

COLENDA TURMA JULGADORA

ÍNCLITO RELATOR.

RAZÕES AO RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO FORMULADAS EM FAVOR


DO AGRAVANTE: CARLOS NAGIB DE AGUIAR MADEIRA

O presente recurso pretende a reforma da decisão exarada pelo


Excelentíssimo Juiz da Subseção Judiciária de Santa Maria, que indeferiu pedido
alusivo à conversão da pena de prestação de serviços à comunidade em pena
pecuniária.

A irresignação do recorrente, foco central da interposição da presente peça


recursal, circunscreve-se a necessidade de conversão da pena de prestação de
serviços à comunidade em outra pena pecuniária para que o Agravante possa
manter a atividade profissional que desempenha há 30 anos.

Pelo fruto de suas atividades, o agravante auxilia no sustento de sua filha,


menor impúbere, conforme declaração da genitora (ex-companheira) e certidão de
nascimento acostadas na Execução Penal (Evento 24).

O agravante não possui carteira assinada (haja vista a rotineira prática de


trabalho informal da categoria), possui pouca instrução e está hoje com 56 anos,
sendo que praticamente durante todo o tempo de atividade profissional
desempenhou a atividade caminhoneiro interestadual, não tendo conhecimento de
outro ofício ou profissão, não tendo 2º grau completo, o que dificulta ainda maios
sua reinserção no mercado de trabalho.

Ocorre que a pena restritiva de direitos aplicada, qual seja: prestação de


serviços à comunidade impedirá que a atividade desempenhada pelo Agravante
possa ser realizada. Isso porque sua atividade não possui rotina e jornada de
trabalho comum, estando sempre sujeito as cargas que agencia para outros
Estados ou Municípios, de acordo com a disponibilidade do mercado. Sua renda, em
decorrência da autonomia profissional.

Evidente que a pena restritiva de direitos é um beneficio quando comparada


a pena privativa de liberdade. Mas esse benefício deve observar, ainda, que a
restrição de direitos traz consigo a obrigação do condenado de prover o seu
sustento, mantendo sua vida e de seus dependentes através de seu trabalho. E
este é o que objetiva com o presente recurso: garantir a restrição de direitos por
ser direito subjetivo do condenado e também possibilitar que no seu cumprimento
posso o Agravante manter sua atividade profissional para manutenção de sua vida
e de seus familiares.
É sabido pelo Agravante que deve cumprir sua condenação, mas deve a
pena restritiva de direitos (garantida pelo art. 44 do CP) ser estabelecida
observando a condição pessoal e profissional do condenado. Isso porque, por mais
que seja inerente a condição do condenado os transtornos decorrentes do
cumprimento da pena, é de seu direito buscar sua alteração caso haja outra
maneira menos gravosa de pagar pelo ato antijurídico que tenha cometido, desde
que atendidos os critérios de necessidade e suficiência.

Especialmente nos casos de pena restritiva de direitos, pode o Juiz da


Execução modificar algumas das condições impostas na sentença, atendendo as
peculiares condições do réu, aqui agravante, sendo o sursis um direito subjetivo do
sentenciado, nada impedindo a substituição de uma medida restritiva de direitos
por outra no curso da execução, devido a limitação de cumprimento decorrente da
atividade profissional.

Tem-se que a substituição da prestação de serviços à comunidade pela


prestação pecuniária (ambas restritivas de direito), não viola qualquer princípio e
atende ao princípio da proporcionalidade, onde a pena deve ser o meio menos
gravoso na consecução do objetivo visado, sendo congruente a substituição da
pena pela lesividade da conduta e por se tratar de apenado não reincidente.

O Agravante, por medida que se impõe ao presente caso, pede a Vossas


Excelências a conversão da pena, no intuito de cumpri-la sem que isto acarrete na
perda de sua atividade laborativa, prática que lhe garante dignidade e condição de
sociabilidade, além de manter o seu sustento e de sua família.

ANTE AO EXPOSTO, REQUER:

I-) Seja conhecido e provido o presente agravo, para o fim especial de reformar a
decisão, deferir-se ao agravante a substituição da pena restritiva de direitos da
espécie prestação de serviços à comunidade, em outra de mesma espécie, qual
seja, a prestação pecuniária.

Termos em que,

Pede deferimento.

Porto Alegre, 23 de janeiro de 2015.

Diego Madeira de Matos

OAB/RS 86.915.

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