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COORDENAÇÃO E SUPERVISÃO
Charles Vega Parucker, F.R.C.
Grande Mestre
Fraternalmente,
S. Balakrishna Joshi
Por isso, se as nossas instituições educacionais quiserem cumprir sua sublime finalidade,
terão de ser transmutadas em centros de cultura.
A educação da juventude se constitui em responsabilidade associada que deve ser
assumida por diferentes pessoas. Os professores, naturalmente, nela desempenham papel
importante. Uma instituição educacional reflete aquilo que os seus professores dela fazem,
e os professores são aquilo que o seu Diretor ou seu Reitor os inspira ser. Nem sempre é
correto culpar os jovens quando as coisas andam erradas nas instituições educacionais.
Os professores têm de compreender que não são compêndios animados cuja ação é a de
transmitir partículas desconexas de conhecimento contidas na letra morta dos textos, e
sim condutos vivos, cuja missão é a de transferir energia moral e espiritual por meio de
instrução ilustrativa e influência pessoal. A mente do jovem não é uma grande lata de
lixo na qual possam ser convenientemente lançados montes de conhecimento, mas um
organismo vivo que tem de ser estimulado para atividade criativa. O trabalho do professor,
portanto, não é apenas instruir, mas persuadir.
Disciplina e Caráter
A degeneração aflitiva nos padrões de trabalho e conduta tão em evidência entre
a juventude nos dias que correm, é devida, em grande parte, ao fato de que o professor
abandonou ou desistiu de seu comando moral. A maioria dos professores não é capaz de
impor o respeito que é sua prerrogativa por força de seu nobre trabalho. Os estudantes
de hoje são, no verdadeiro sentido, os construtores do amanhã, em cujas delicadas mãos
treme o futuro destino do pais. É, portanto, dever dos professores que se incumbiram da
tarefa importante de moldar os cidadãos embrionários, treiná‑los, em disciplina e caráter,
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para que possam assumir suas responsabilidades condignamente quando chegar a ocasião.
Constitui dever moral, exigido dos professores, o manter o jovem sob controle razoável.
É perfeitamente possível mostrarem-se rigorosos sem se tornarem ásperos e firmes sem se
tornarem cruéis. Isto não significa que eles deverão brandir sua autoridade e intimidar o
jovem até a submissão. O medo jamais poderá fazer um prosélito sincero: faz inabaláveis
rebeldes e débeis covardes. Os professores devem despertar no jovem um respeito sagrado
que nasça da reverência e não um medo covarde que decorra da incapacidade de reação.
Isto eles poderão conseguir, se forem absolutamente sinceros e ardorosos no cumprimento
de seus deveres elementares e compreensivos e imparciais em suas atitudes para com os
estudantes. Quando os jovens percebem que os professores trabalham dedicadamente para
o seu progresso em todos os sentidos, passam a idolatrá‑los e a indisciplina jamais sobrevirá.
O professor deve se tornar um exemplo solene para seus alunos, em todos os sentidos;
suas palavras, gestos e ações, imbuídas com senso de disciplina para que sua vida transpa-
rente se torne um compêndio luminoso sobre ética dinâmica. Os estudantes que crescem à
imagem de seus professores absorverão, então, inconscientemente, os elementos essenciais
de um nobre caráter. A responsabilidade do professor nesse sentido, tornou‑se atualmente
maior devido à penetração de vários elementos prejudiciais que tentam corromper a mente
dos jovens e neutralizar a influência salutar da instrução organizada.
Os professores dotados de disposição mental e capacidade adequadas só podem
transformar a educação em influência poderosa para o bem. É verdade que o quinhão dos
professores deverá ser consideravelmente aumentado como ato de mera justiça; todavia,
não é correto imaginar‑se que os seus vencimentos devam ser exagerados para “atrair” o
tipo correto de homem e mulher para a profissão. A “atração”, com o propósito de excitar
a cobiça abjeta, tem em si mesma um elemento que toca a vulgaridade. Ao contrário,
caso se queira galvanizar a educação, homens e mulheres imbuídos de fé e fervor deverão
“gravitar” para a profissão com disposição para trabalhar dedicadamente. O perigo é que,
quando apenas as possibilidades materiais do professor são salientadas, haverá luta pela
profissão e os que forem realmente bons poderão ser alijados na competição. A educação
nas mãos daqueles que não acreditam na vocação e à força abriram caminho para o ma-
gistério por meio de auxilio fortuito devido às ninharias resplandecentes que se agitavam
à sua frente, poderá se tornar uma calamidade em vez de beneficio.
O Lar e a Escola
É desastroso que os pais freqüentemente se esqueçam de que têm de desempenhar papel
importante na educação da juventude. O lar deve ser tanto uma réplica da escola quanto
a escola um prolongamento do lar. Os pais são os primeiros professores e os professores os
segundos pais. Eles devem, portanto, estender sua cooperação esclarecida aos professores
e fortalecer a influência da escola por observação contínua e controle eficiente sobre o
jovem no lar. Mais do que isto, o exemplo de sua conduta deverá ser digno de emulação.
Caso se queira fazer da educação da juventude uma influência benéfica, os poderes
competentes deverão também estender aos professores toda a proteção e auxílio. Devam
dotar os professores com poder suficiente para enfrentar adequadamente os casos de in-
disciplina juvenil, e se colocarem ao lado dos professores a qualquer preço. Ai da educação
7 Encontro Rosacruz de Pais e Filhos
se as pessoas no poder se entregaram a pânicos freqüentes sob a mórbida influência da
critica insensível, e profanarem a imagem da majestade do professor! É realidade dolorosa
que, por um falso senso de cavalheirismo democrático aos jovens seja conferida excessiva
liberdade, atribuindo-lhes importância extraordinária.
Não compete aos jovens que se dirigem às escolas e universidades indagar por que e,
sim, modificarem‑se e transformarem‑se em refinados espécimes de cidadãos cultos. Eles
devem compreender que, a despeito de quão precoces possam ser, não podem reivindicar
a madura experiência da idade que apenas se evidencia pela participação em diferentes
e inúmeras situações na vida, durante longos anos. A humildade é prova inequívoca de
cultura; o autodomínio a essência da disciplina; e a educação se transforma em recurso
valioso apenas quando é iluminada pelo caráter. Se os jovens possuem a necessária sabedoria
amadurecida para decidir qual o curso de ação que o governo deverá adotar com respeito
às importantes questões nacionais de amplas conseqüências, o tipo dos indivíduos que
devem dirigir as instituições educacionais e estabelecer programas, a maneira pela qual
devem ser conduzidos os testes para determinar o valor e a diligência dos estudantes e
a formulação de princípios para a determinação do progresso acadêmico, então não será
necessário que freqüentem instituições educacionais para receber instrução, pois estarão
desperdiçando tempo e energia.
Consequentemente se os jovens, devido a excesso de confiança nos impulsos, se des-
viarem das normas de conduta estabelecidas, o governo terá de exercer sua autoridade e
poder para trazê‑los novamente à sensatez e sobriedade, sem ceder ao sentimentalismo
tolo que hesita em coibir a liberdade caprichosa de indivíduos desencaminhados. É
repugnante notar que os atos indecorosos da juventude são voluvelmente desculpados
com superabundância de argumentos insípidos. Se as condições forem ideais, os padrões
toleráveis de conduta merecerão apenas ligeira menção encomiástica. Somente quando as
condições não são favoráveis e quando obstáculos sérios desencorajam o esforço sincero
e tremendas desigualdades põem à prova a paciência, deve ser estabelecido um senso de
disciplina para fixar a conduta.
Portanto, o jovem deve, necessariamente, com empenho deliberado, ser instruído em
boas maneiras, conduta decente e atitudes corretas. Com toda a eficiência persuasiva da
autoridade moderada, os jovens têm de ser levados a compreender a suserania da lei moral
e a necessidade de obedecê‑la A instrução ética, organizada em linhas disciplinadas e con-
ducentes à descoberta do Espirito que é a Realidade final, deve se constituir na parte mais
importante de toda a instrução para que a educação se torne uma bênção para a juventude
(Reimpresso do Bhavan’s Journal de 16 de Julho de 1967)
Mensagem de Serge Toussaint, Grande Mestre da Grande Loja da Jurisdição de Língua Fran-
cesa da AMORC, na Convenção de Estrasburgo, em julho de 1997.
Carol H. Behrman
Comunicação – a Chave
Se nós, como pais, ficamos envolvidos numa situação em que sentimos que nossa
reputação está correndo risco por causa do comportamento do nosso adolescente, é
extremamente importante que examinemos imediatamente nossos próprios medos. Se
estivermos encarando nosso filho como se ele fosse um reflexo de nós mesmos e, portan-
to, aquilo que ele faz afeta nossa reputação, estaremos dando ao nosso filho um excesso
de poder em nosso relacionamento; e estaremos lhe negando sua personalidade própria.
Quanto mais estreita for a nossa mentalidade, mais tentaremos restringir as experiências
de vida do nosso adolescente, muitas vezes com conseqüências dramáticas, rebelião de-
clarada e conflito. Não temos o direito de tentar forçar uma outra pessoa a viver segundo
nossas expectativas. O outro irá instintivamente resistir, abertamente ou por retraimento,
porque seu processo de crescimento natural está ameaçado. Os pais devem abrir mão de
seus próprios medos a fim de reabrir a comunicação com seus adolescentes. Se nossos re-
lacionamentos adultos estiverem realmente correndo risco por causa do comportamento
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do nosso adolescente, é hora de reavaliarmos esses relacionamentos, bem como nosso
relacionamento com nosso filho. A diversificação humana louva a diferença, pois ela é
um reflexo do poder da imaginação criativa, do processo de individuação e do potencial
de evolução da personalidade-alma.
O terceiro medo, o medo de não ser amado, afeta tanto os pais quanto o adolescente,
embora os pais sejam menos aptos a reconhecê‑lo em si mesmos. Temos medo de que não
seremos compreendidos, que seremos rejeitados, que não seremos acreditados – todos os
medos dos quais sofremos com essa mesma idade e não os resolvemos quando adultos.
Esse é um medo particularmente importante de se analisar (o medo de não ser amado)
relativamente ao fato de sermos pais de adolescentes. O processo desenvolvimental requer
que a conexão pais-filho seja deliberadamente afrouxada mas não quebrada, que pais e
filho aprendam a serem amigos, a reconhecerem e a respeitarem a individualidade de cada
um. Uma vez que esse é um processo gradual que se estende por vários anos, com conflitos
inevitáveis, a interação e a comunicação devem ser abordadas com cuidado. Sermos bem-
sucedidos como pais de adolescentes exige coragem, concentração e comprometimento
com nosso próprio processo de crescimento. O período da adolescência está repleto de
mudanças, tanto para os pais como para o filho. A mudança pode ser sentida como exci-
tante e desafiadora, ou como temível e esmagadora. A chave se encontra em nosso próprio
coração, em nossa capacidade de amar, de dar assim como receberíamos. O medo de não
ser amado é superado quando amamos sem o pensamento do eu ou a necessidade do amor
retribuído. Isso e particularmente verdadeiro quando, como pais, esperamos ou exigimos
que nossos filhos compreendam e apreciem “tudo o que fizemos por eles”. Na verdade,
essa compreensão e apreciação geralmente vêm depois que o filho atinge a idade adulta.
Uma
VamosPrática
considerar umaÚtil
prática Útil que o ajudará a resolver o problema que pode estar
enfrentando como pai ou mãe de um adolescente. Por exemplo, suponhamos que sua filha
pareça estar perdendo o interesse pelos assuntos escolares, embora ela costumasse ser
uma boa estudante. Você está preocupado porque acredita que a educação é importante
e que sua filha se beneficiará enormemente de uma boa educação. Talvez você ache que
está captando mensagens cruzadas da parte dela a respeito do que está acontecendo, e
está também consciente de que tem fortes pressentimentos sobre a situação. As coisas
envolvidas são muito importantes para serem tratadas superficialmente ou para que uma
decisão súbita seja tomada, portanto a solução levará tempo. Comece pela decisão de abrir
mão dos seus medos sobre a situação. Isso provavelmente vai demandar firmes esforços
durante dias ou semanas.
Durante o período de meditação, visualize todos os seus medos sobre a situação indo
ambos a do seu campo de consciência. Perceba que o medo está interferindo com sua ca-
pacidade dever o problema com clareza. Preste atenção ao que você está pensando sobre a
situação. Está com medo de que sua filha esteja pondo em risco o futuro dela? Como ela se
sente com relação ao seu próprio futuro? Os interesses dela a estão levando numa direção
tal que a educação que ela realmente quer não está disponível em sua escola atual? Será
que talvez ela necessitasse deixar a escola por algum tempo? Você tem medo do que os
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outros dirão se ela fizer algo incomum? Há um conflito de valores entre vocês? Tem medo
de que se você confrontar a situação ela o rejeitará, não o ouvirá, etc.? Tome consciência
de seus medos, encare‑os e saiba que você quer se livrar deles. Novamente, visualize o
medo indo embora do seu campo de consciência.
Concentre-se em Ouvir
Ao mesmo tempo, à medida que começa a sentir certa distância emocional do pro-
blema, concentre‑se em ouvir ao invés de interferir. Ouça o que sua filha está dizendo e
fazendo, ouça sua própria reação, ouça a silenciosa voz interior. Abra sua consciência para
a informação que você necessita. Vá em busca de conselhos se achar que isso é apropriado,
e depois faça uma cuidadosa avaliação. Permita que suas percepções mudem à medida que
você aprende a escutar sem medo. Acima de tudo, não force uma solução. O processo de
crescimento tem seu próprio ritmo e direção, tanto o seu quanto o do seu adolescente. A
solução mais saudável irá gradualmente emergir em sua consciência a medida que você
meditar sobre abrir mão do medo, e escutar o Eu Interior.
Você saberá que encontrou a solução mais saudável porque ela irá encher de amor seu
coração. Quando você é confrontado com mais do que uma possível solução para uma
dada situação, a solução correta irá entrar em ressonância com, aquilo que em seu cora-
ção você sabe que é o certo. Ela não será vingativa, punitiva ou coercitiva. Ela incluirá a
oportunidade, para você e seu adolescente, de explorarem alternativas e chegarem a uma
decisão juntos. É importante que escolhas genuínas sejam exploradas aberta e honesta-
mente. Isso vai levar tempo, dependendo da qualidade de comunicação que você já tenha
atingido com seu filho.
Quanto mais você puder ver a si mesmo e ao seu adolescente como personalidades-alma
individuais, cada qual em seu próprio caminho de vida rumo ao mesmo centro espiritual,
mais será capaz de aceitar os desafios da adolescência com a confiança de que vocês serão
capazes de criarem juntos um relacionamento harmonioso.
Nedra A. Niles
Escola St. Michael, Dallas, Texas
A Descoberta de Si Mesma
Essa descoberta de si mesma inclui liberdade de atividade, certas proteções, o estímulo à
autoconfiança, o desenvolvimento da independência e o tempo de ser curiosa e investigar.
No âmbito de certas limitações que a protegem fisicamente, a criança deve ter liberdade
de atividade e estar livre de medo.
As escolas para crianças pequenas proporcionam essa oportunidade, visto que o tama-
nho das salas, o equipamento e a orientação são projetados para dar liberdade de atividade.
Se a criança deve crescer em seu sentimento de valor pessoal, precisa ser elogiada por
suas consecuções.
Ela deve ser estimulada a ser independente tão logo dê provas de que é capaz de as-
sumir a responsabilidade que acompanha essa ação independente. Sua vida não deve ser
tão cheia de atividades planejadas que ela não tenha tempo para inquirir, para manifestar
curiosidade ou para sonhar.
De sentimentos sobre si mesma para sentimentos a respeito dos outros é um passo
quase imperceptível. A criança tem reações emocionais construtivas e negativas e cresce
quando aprende a aceitar ambas essas reações e dirigi-las para canais criativos e aceitáveis.
A criança contrariada que bate num coleguinha que tomou o seu brinquedo fica ainda
mais contrariada quando é punida por um adulto por ter batido nesse coleguinha. O pai
ou o professor deve compreender esse sentimento natural, expressar essa compreensão
indulgentemente e sugerir um modo mais aceitável de resolver o conflito.
Com muita freqüência, quando pensamos que estamos ensinando a controlar emoções
estamos apenas ensinando a criança a esconder seus sentimentos. No jardim da infância
falamos muito em partilhar com os outros e esperar sua vez. Isto tem a ver, não somente
com balanços, quebra-cabeças e livros, mas também com tempo – dar a alguém a vez de
falar e prestar atenção a ele. Nessas situações é aprendido o respeito ao valor dos outros.
Do ego e de outras pessoas é apenas um pequeno passo inter-relacionado para reali-
zações mais amplas. Nisso, mais freqüentemente, o adulto é que aprende com a criança.
As crianças estão fisicamente mais próximas da beleza e da maravilha da Terra. São mais
sensíveis à adoração, podem se dar com mais facilidade e menos reservas aos mistérios da
fé do que a maioria dos adultos. Nessa área, como nas outras que foram mencionadas, os
Explicação da Aura
Também é possível falar sobre a aura e explicá‑la, com a mesma facilidade, diariamente,
dizendo às crianças que, em seu interior, há uma brilhante estrela, chamada “alma”. Essa
alma fica mais brilhante a cada bom pensamento que temos, e a cada boa ação que pratica-
mos durante o dia. Quando ficamos zangados, ou quando fazemos algo que não está certo,
aquela estrela fica mais fraca, e, se continuamos a agir mal, ela se torna muito pequena e
não pode ser vista pelos outros. Quando permitimos que ela cresça e brilhe intensamente,
ela é vista por todo mundo, que sente que temos uma personalidade maravilhosa, feliz, e
para nós atrai bons amigos e bons acontecimentos. Essa estrela pode ser chamada de “estrela
mágica” das crianças. Elas ficam simplesmente fascinadas com a idéia de que possuem uma
estrela secreta ou mágica, que as torna especiais e algo diferentes de outras crianças que
elas conheçam e que nada saibam sobre essa “estrela mágica”.
O princípio da reencarnação também pode ser explicado de maneira muito simples,
quando relacionado com acontecimentos comuns da nossa vida diária. Minha filha, por
exemplo, há muito procurava entender as complexidades desse intricado conceito. Por que
não voltamos no mesmo corpo, com o mesmo nome e para a mesma casa?
Agora, ela tem um novo cãozinho, extremamente travesso, sempre mordendo tudo
em que pode pôr os dentes e fuçando o chão à procura de coisas para mastigar. De muitos
modos, ele se comporta como um cão que eu tive quando criança. Um dia, minha filha
estava me perguntando como era aquele meu cão e, constatando espantosas semelhanças
entre ele e o novo cãozinho, ocorreu‑me aproveitar o incidente como um meio de explicar
a reencarnação à minha filha, de modo mais concreto. Disse‑lhe então que, embora meu
cão tivesse um nome diferente, e tivesse aparência muito diferente, comportava‑se exata-
mente como o seu cãozinho, e que isto era o que acontecia quando as pessoas morriam e,
depois, voltavam para a Terra, numa nova encarnação. Seu corpo morria, mas a verdadeira
personalidade interior – que as tomava especiais, que as fazia comportarem‑se de seu jeito
peculiar – nunca morre, mas, volta para um outro corpo, mais tarde. Agora, minha filha
diz a todo mundo, feliz da vida, que seu cãozinho é a reencarnação daquele meu cachorro!
É inútil tentar explicar conceitos místicos em termos difíceis, pois, as crianças não os
compreenderiam e fugiriam assustadas. A verdade é simples, e deve ser apresentada com
simplicidade, para que possa ser compreendida e aceita pela ávida mente infantil. Por que
esperar até que a criança tenha “idade suficiente” para compreender princípios místicos,
para a eles a expor? Então, talvez seja tarde demais, porque ela poderá rejeitá‑los em favor
de outros princípios que tenha assimilado de amigos, ou de livros que tenha lido na escola.
Outro importante princípio que os pais deveriam ensinar a seus filhos é o da medi-
tação. Chamo‑o de “procurar a luz dentro da gente”, e é espantoso como as crianças
aderem rapidamente a esse novo jogo de procurar essa luz e sentir o seu calor. Passo então
a explicar que Deus é essa luz dentro da gente. Além disso, quando uma criança cai e se
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machuca, é tão fácil dizer‑lhe que feche os olhinhos, veja a luz interior e a envie para a
parte do corpo que esteja doendo, ao mesmo tempo dizendo: “Obrigado, Deus, por ter
feito eu me sentir melhor”.
O modo místico de viver é exatamente isto – um modo de viver – e não uma coleção
de doutrinas filosóficas que são apenas lidas e depois arquivadas para futuras consultas.
Vivendo diariamente os princípios místicos, e ensinando nossos filhos a viver segundo os
mesmos princípios, asseguraremos uma geração mais esclarecida, de pessoas voltadas para
a espiritualidade. A percepção cósmica está se intensificando, e é de se esperar que não
mais seja inibida. Sejamos gratos a isto, assegurando que nossos filhos seguirão os nossos
passos, assim como os filhos de outros místicos e filósofos do passado. Não permitamos que
eles considerem o misticismo uma espécie de crença oculta que seus pais abraçavam, de
que eles próprios nunca participaram, e de que nunca lhes foi dita muita coisa. Agora que
a sabedoria arcana é facilmente acessível a todos, não a ocultemos à nossa própria família.
Antes, usemos esses ensinamentos, sabiamente, para guiar nossos filhos na mística senda.
1. Jovem ser humano: lembre‑se de que você é o elo de uma infinita cadeia que jamais
poderá interromper‑se: você vem de seus antepassados e volverá a ser um deles por sua
descendência, na prole incontável do futuro. Procure por isso, compreender os que o
precederam, e agradeça àqueles que, antes de você, foram assim para que você pudesse
ser o que é hoje, existir. Sem sentir, você será um tranqüilo e transitório instrumento
desse passado. Lembre‑se de que a marca que o berço trás só é indelével, indestrutível,
para aqueles que são enfermos da vontade e da razão.
2. Procure sempre ser um digno exemplo, seguindo, tanto nos grandes quanto nos humildes
misteres, os padrões superiores que verá na família, na escola e na comunidade.
3. Lembre‑se de que a nobreza não reside apenas na riqueza e nas altas linhagens; ela pode
existir – e existe! – entre os humildes, pois está na alegria de viver, na serenidade de
consciência, na suave abnegação e no respeito ao semelhante.
4. Empregue sempre a palavra verdadeira que pode ser, a um só tempo, amparo para os
oprimidos e lição para os poderosos. Ore pelos que sofrem, pois a oração “é a fortaleza
do homem e a fraqueza de Deus”.
5. Dirija, cuidadosamente, sua atenção e a brandura de seu coração para todo o lugar, para
todos os que o procuram.
6. Busque sempre, investindo para um ideal. Certamente, como a floresta que não é convi-
dativa por sua pujança mas pela sombra que oferece, o ideal dará o colorido e perfumará
sua vida. Sem medo; se o tiver, perca‑o, para encontrar a alegria de achar.
7. Pense que viver é um benefício que se retribui; a retribuição é uma forma de trabalho; e
este acompanha os resíduos da trepidação universal, ungindo de todas as graças aquele
que o exerce. Não existe tarefa mesquinha, ainda que possa ser apagada; se a alma dela
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participa, o labor resulta em opulência.
8. Há mãos que pensam e cérebros que movem. Procure ser útil pela exatidão que marca a
disciplina, a ordem, a eficiência, o desinteresse e a perseverança. O homem útil desco-
nhece o peso da existência e o pavor da hora derradeira. Como peregrino da perfeição,
procure confiar em si mesmo, na exatidão dos seus propósitos, na simplicidade de seus
desejos e de suas ações, na disciplina de seus instintos.
9. Cabe lhe, ó jovem do final do século XX, preparar um mundo melhor para os que virão;
faça tudo o que puder para que sua influência tutelar não venha, jamais, a ser lamentada.
10. Observe a mãe natureza: dia e noite, sol e treva, nuvens negras e céu azul, luminosidade
e brumas, primaveras e invernias, aragens e tempestades, quebram a monotonia do espaço
e ensinam a delícia das recompensas e até mesmo, dão‑nos o senso de real felicidade.
É assim, a vida do homem, que segue os quadros da mãe natureza: ri, na infância, como
uma madrugada primaveril; chameja na adolescência como um raio, um meio‑dia de verão
e confia na maturidade como uma tarde de outono…
E você terá um destino abençoado e fértil, alvorecendo, refulgindo, consolando, e na
utilidade de sua vida você encontrará a verdadeira alegria, a suprema felicidade.
Somente os pais podem mudar a implacável maneira de viver que está se insinuando
Medo
lentamente para destruir a unidade familiar, o orgulho pelo país, e o lar. Olhemos atenta-
mente em torno de nós e julguemos honestamente a nossa responsabilidade; não é tarde
demais. Conquistemos nossos filhos, amemo‑los, disciplinemo‑los, tornemo-los fortes e
úteis, transmitamo‑lhes dignidade, concedamo‑lhes liberdade quando adultos.
O medo da responsabilidade parece existir em todos os setores da vida hoje em dia,
não apenas na educação das crianças. O medo da responsabilidade nas relações amigáveis,
regionais e individuais, é excessivo atualmente. Por que? Estamos tão temerosos daquilo
que os outros possam pensar a nosso respeito que não podemos nos levantar e dizer que
algo está errado? Amamos nossos filhos, nossa família, nossos amigos, nossa nação, mas
amamo‑los suficientemente para levantar‑nos e auxiliá‑los? Se for extremamente difícil
dizermos que algo está errado por temermos críticas ou não desejarmos interferir, estare-
mos prejudicando outros pela recusa de nosso auxílio. Inúmeras pessoas têm medo de ser
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diferentes, e não indicarão um caminho melhor. Assumamos nossas responsabilidades em
todas as situações da vida
Levantemo‑nos e sejamos julgados. Não nos preocupemos por sermos diferentes. Não
nos preocupemos com o que outros poderão dizer. Se nos levantarmos, logo outros se
levantarão, e a seguir veremos um grupo de pessoas de pé, ao nosso lado.
Hoje em dia, há mais evasivas ao se debater a questão da responsabilidade do que em
qualquer outra época. Entre as evasivas ou desculpas, está o carma. Ouvimos dizer que não
devemos interferir com o carma de uma outra pessoa pois se o fizermos, seremos respon-
sáveis pelas conseqüências. Também é comum ouvirmos que todos agem sob sua própria
responsabilidade; não podemos ajudar ninguém; cada qual deve encontrar seu próprio
caminho. É esta realmente a maneira de operar dos princípios cósmicos? Naturalmente, não.
Mesmo os pais que são estudantes de misticismo têm problemas com seus filhos. Inúme-
ras pessoas recuam, e dizem que tudo isto é devido à evolução da criança ou põem a culpa
no carma das crianças ou dos pais. Todavia, uma criança suficientemente evoluída para
nascer em uma família com pais que apreciam as coisas mais sublimes da vida e que por
elas estão lutando, tem suficiente evolução para se tornar um membro útil da sociedade,
se criada com amor e compaixão e instruída quanto à moral, ética, e responsabilidade.
Além disso, o carma não institui punição para ser expiada em urna vida futura. Ao
invés disto, o carma oferece oportunidades para desenvolvimento e aprendizado, uma
outra possibilidade para aprender o que, ainda não foi aprendido. O carma da criança não
é a causa de sua conduta inaceitável, mas o carma dos pais pode ser a causa ou, de outra
maneira, o efeito da causa. O que os pais fizeram ou deixaram de fazer na última semana,
no ano passado ou há dez anos, é provavelmente a causa da conduta de hoje da criança.
As Tensões da Vida
A confusão humana é causada pelo fato dos jovens, hoje, manifestarem um interesse
pessoal tão grande pelos outros seres na superfície da Terra, que a vida é uma permanente
tensão.
Isto é algo que não afligia seus pais cujas fronteiras de envolvimento pessoal eram res-
tritas. Hoje em dia, somos dominados pelos jornais, pela televisão, e pelas noticias no rádio
a respeito de fome, enchentes, tempestades e guerras, de modo que estamos acostumados
a crises, e vivemos como se o modo difícil fosse a única maneira de viver.
Todos sentem que estão envolvidos em tudo que está acontecendo em toda parte. Mos-
tram‑se perplexos a respeito das condições econômicas em seu país e com as perturbações
políticas no exterior; com a exaustão dos recursos naturais e não‑renováveis da Terra, e
com a potência de veículos espaciais espiões ou portadores de bombas.
Os jovens estão sujeitos (como jamais estiveram) à difusão das opiniões das pessoas
sobre instintos, complexos, reflexos, glândulas, conduta, sexo, e às preocupações diárias
decorrentes da guerra ao problema do trânsito.
A transição para rumos novos está no ar. Algumas pessoas dispõem‑se a modificar as
coisas como se essa fosse sua missão na vida. À semelhança dos antigos cavaleiros, procuram
tornar‑se heróicos matadores de dragões.
Outros sinceramente acreditam, julgando pelo que vêem e ouvem ao seu redor, que
uma fase destrutiva deve ser suportada antes que uma sociedade humana verdadeiramente
nobre possa vir a existir.
A maioria das pessoas tem a impressão de que antes de nos desligarmos das crenças
que deram à sociedade a sua estrutura no passado, precisamos edificar uma estrutura nova
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na qual possamos confiar, para o amparo que todo Ser humano necessita.
As sugestões para aperfeiçoamentos de qualquer espécie devem ser positivas, indicando
a forma de ação reparadora. É possível que algumas pessoas se deliciem em se entregar
a especulações negativas, lamentando-se sobre o que não tem remédio, porém a pessoa
positiva se porá imediatamente em ação para corrigir a situação.
Quase todos nós temos conhecimento de coisas que estão erradas ou de coisas desejáveis
que estão faltando. A prova de maturidade é que expressamos a paciência e a fortaleza
necessárias para encontrar o caminho para corrigir as situações.
As mudanças são usualmente mais aceitáveis para os jovens do que para os velhos. Há
uma lacuna de experiência entre os velhos e os jovens; eles estão apreciando os aconteci-
mentos baseando‑se em padrões diferentes. Em toda a sua longa vida, o avô jamais ouviu
falar de poder nuclear, perturbação sacrilíaca, ou vôo supersônico, e tudo que ele sabia a
respeito de uma visita à Lua era o que Jules Verne lhe havia contado. Por outro lado, os
jovens não conheceram guerras mundiais e crises econômicas.
Os jovens acreditam que seus antepassados suportam grandes males para evitar os
incômodos de eliminá‑los. Isto não acontece de maneira generalizada. As pessoas mais
idosas cresceram sob essas condições e estão a elas tão acostumadas que não as percebem,
nem são por elas afetadas. Pensemos na maneira em que nos habituamos com um buraco
no tapete da sala, e que faz, com que sobre ele passemos sem que o percebamos.
Os jovens se mostram impacientes para fazer com que as coisas aconteçam de conformi-
dade com seus desejos; os velhos ficam inquietos quando as coisas não correm da maneira
que esperavam. Apreciada desta maneira, a lacuna entre gerações não é propriamente um
abismo aterrador, mas apenas uma depressão que pode ser transposta com um pouco de
compreensão tolerante expressada por ambas as partes.