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Espumas e Emulsões
16 de abril de 2009
Introdução
Uma emulsão consiste na mistura de duas substâncias imiscíveis, ou seja, que não
formam uma solução. Uma solução é dispersa na outra, sendo esta a fase dispersante.
Inúmeros são os exemplos de emulsões utilizadas nos dias de hoje, tais como a manteiga, a
margarina e a maionese, além de shampoos, condicionadores, entre outros1. As espumas
estão relacionadas às emulsões, no âmbito de serem um sistema de células gasosas
envolvidas por um filme líquido contínuo2. São muito utilizadas como isolantes térmicos,
embalagens e extintores de incêncio1.
As emulsões são termodinamicamente instáveis, pois sua formação exige um
aumento na área de interface entre duas fases imiscíveis. A energia para a formação desta
emulsão geralmente é dada na forma de agitação, e devido a instabilidade intrínseca,
podemos falar de estabilidade de emulsões quando nos referimos ao tempo de existência
destas em forma de emulsão, ou seja, enquanto não se transformam novamente em fases
contínuas distintas.
A estabilidade de uma emulsão pode ser aumentada com a adição de um composto
chamado de agente emulsificante. Geralmente estes agentes são surfactantes, que possuem
uma atividade interfacial elevada. Estes agentes estabilizam as gotículas da fase dispersa ,
evitando a junção de gotículas próximas, efeito conhecido como coalescência1.
Os surfactantes atuam na diminuição da energia de interação interfacial, orientando
seus grupos apolares na superfície oleosa, enquanto seus grupos polares interagem com a
superfície aquosa. Quando nos referimos a surfactantes iônicos, pode-se dizer que ocorre
uma redução na coalescência devido à presença de grupos carregados com uma mesma
carga em cada gota, que afasta as gotas por repulsão eletrostática, evitando a coalescência.
Pode-se aumentar a estabilidade de uma emulsão contendo um surfactante com a
adição de um co-surfactante, que reduz a repulsão lateral (em uma interface) de moléculas
de surfactantes. Essa redução aumenta a densidade da camada de surfactante, aumentando a
resistência desta frente à união com outras gotículas.
Pode-se dizer que a energia de uma gota menor em uma emulsão é maior do que a
energia de uma gota maior, devido à maior proporção área interfacial/volume. Portanto,
diz-se que o fenômeno da coalescência é favorável ao sistema.
Os sistemas estudados neste experimento foram classificados como emulsões de
óleo em água (O/A, água é a fase dispersante) e emulsões de água em óleo (A/O, óleo como
fase dispersante). Pode-se prever o tipo de emulsão formada, conhecendo-se a relação entre
os volumes de cada fase e a natureza do agente emulsificante. Esta natureza deste agente
pode ser medida através de um parâmetro conhecido como Equilíbrio Hidrofílico/Lipofílico
(EHL).
O EHL está diretamente ligado à polaridade do surfactante. Baixos valores de EHL
(<6) sugerem uma maior lipofilicidade, enquanto valores altos (>8) sugerem uma maior
hidrofilicidade. A Equação 1 mostra como é calculado o EHL.
O cálculo é feito levando em conta cada grupo da molécula, e seu caráter polar ou
apolar. Por exemplo, em uma molécula de 1-octanol, tem-se um grupo “–OH”, um grupo “–
CH3” e sete grupos “–CH2-“. Com o valor de cada um, explicitado na Tabela 1, pode-se
calcular o valor de EHL.
O uso de surfactantes com alto EHL tende a formar emulsões O/A, enquanto
surfactantes com baixo EHL formam emulsões A/O, sabendo-se que esta tendência é
mediada pela temperatura do sistema e pela composição de cada sistema. Uma mistura de
surfactantes gera um EHL proporcional à quantidade utilizada dos mesmos3.
Objetivos
Parte experimental
Agitou-se cada solução por 15 segundos, vigorosamente, e logo após, foi medido o
tempo necessário para a o início da separação de fases. A medida foi feita em duplicata.
Cada uma das emulsões foi agitada vigorosamente por 10 segundos. Após este
tempo, mediu-se imediatamente o volume final e inicial da espuma na proveta. O volume
do líquido foi marcado após 20, 30, 40, 50 e 60 segundos. Todos os tempos foram obtidos
em duplicata.
Resultados e Discussão
N
H3C CH3
N S N
N
CH3 CH3
N OH
N
Figura 1- Azul de metileno
Figura 3 – Coloração de uma emulsão O/A pela adição de vermelho de graxa (a) e azul de
metileno (b)4
Tabela 5 – Volumes de líquido, em duplicata, para cada uma das soluções preparadas.
Solução V (ml) V (ml) V (ml) V (ml) V (ml) V (ml)
t=0s t=20s t=30s t=40s t=50s t=60s
1 1,4/1,4 3,6 / 3,4 4,3 / 4,1 4,6 / 4,5 4,6 / 4,5 4,6 / 4,6
2 1,4/1,4 3,4 / 3,4 4,1 / 4,2 4,4 / 4,3 4,6 / 4,4 4,6 / 4,5
3 1,4/1,4 5/5 5/5 5/5 5/5 5/5
5,5
5,0
4,5
Volume drenado (ml)
4,0
3,5
3,0 solução 1
solução 2
2,5 solução 3
2,0
1,5
1,0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo de repouso (s)
Propôs-se preparar dois tipos de emulsões estáveis, uma O/A e uma A/O, com base
nos conceitos de HLB dos diversos aditivos possíveis. Para tal, conhecendo os valores de
HLB, foi possível escolher o melhor aditivo para estabilizar a emulsão.
Uma emulsão O/A é uma emulsão onde o óleo fica disperso na água, que é a fase
contínua. Para estabilizar esta emulsão, onde temos uma grande quantidade de água,
precisamos de um emulsificante com alto EHL (alta polaridade). Este emulsificante pode
formar uma camada em torno das gotas de óleo e evitar que estas se reúnam em gotas
maiores. O mesmo ocorre para o emulsificante com baixo EHL numa emulsão A/O, só que
desta vez este estabiliza a emulsão evitando a coalescência das gotas de água.
Utilizaram-se polímeros do tipo RENEX como aditivos para as duas emulsões.
Porém, utilizaram-se diferentes tamanhos de cadeia: O polímero RENEX 18 e o polímero
RENEX 70. Figura 4.
C9H19
(CH2CH2O)nH
O
O valor de EHL pode ser encontrado em literatura, mas também pode ser calculado
aproximadamente, utilizando a equação 1, que leva em conta as contribuições hidrofílicas e
hidrofóbicas da molécula. Pode-se prever a afinidade do polímero com as fases a partir do
valor do EHL, onde os que possuem maiores valores tendem a ser mais hidrofílicos, e os de
menor valor, lipofílicos.
Para o cálculo, utiliza-se o valor para cada grupo constituinte da molécula. Uma
advertência importante é o fato de não existir o grupo fenil na tabela consultada de valores
de grupo. Portanto, mesmo incorretamente, utilizou-se C6H5 como 6 grupos (=CH-). As
Tabelas 6 e 7 mostram o cálculo para os dois polímeros.
Conclusão
2 – Rita C. R. Figueiredo, Fabiana A. L. Ribeiro, Edvaldo S., Química Nova, 1999, 22 (1),
126-130