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Seção do Leitor
4 Controladores de movimento
O crescente aumento do uso de servo-acionamentos e inver-
sores de freqüência em máquinas de processos dedicados,
Notícias
5 fizeram surgir os controladores de movimentos, que são equi-
pamentos desenvolvidos para automação de máquinas que
necessitam de controle de posição, de trajetória, de veloci-
Problemas e Soluções
9 dade ou torque.
37
Evoluções da Princípios dos motores lineares
Eletropneumática O motor linear nada mais é do que uma massa com propriedades
Entenda como a eletropneumática está se adequando às novas magnéticas que é atraída ou repelida por outra e restringida a
formas de comunicação em chão-de-fábrica que, em cada andar em trilhos. Veja por que, apesar de simples no seu funciona-
novo produto, procura acompanhar os avanços que rondam o mento, os motores lineares vêm ganhando destaque nas aplica-
mundo da Automação Industrial.
12
ções industriais.
40
Manutenção de servomotores Aterramento Elétrico
São inúmeras as razões pelas quais se tem adotado a utiliza- Este artigo mostra os aspectos básicos das normas, proble-
ção dos servomotores síncronos e assíncronos trifásicos na mas e soluções, bem como o processo de tratamento químico
43
indústria nacional. Neste artigo são levantadas algumas das do solo.
dúvidas mais freqüentes com que os profissionais de manuten-
ção se deparam em seu dia-a-dia no campo.
14 Analisadores por
condutibilidade térmica
Desmitificando a visão artificial A análise por condutibilidade térmica consiste em medir a con-
nas aplicações industriais dutibilidade térmica de uma amostra, relacionando-a com a con-
Entenda como funcionam os sistemas de visão que, devido à centração de um determinado componente no gás em análise.
Conheça os dispositivos capazes de realizar esta análise.
46
grande redução de custo que sofreram nos últimos tempos,
tiveram um grande aumento no número de aplicações na indús-
tria.
17 Aplicações de redes RS-485
Comparação de sistemas Descubra qual o segredo da popularidade da rede de comunica-
ção RS-485, cujas aplicações se estendem desde a integração
com motores de passo e servomotores
de pontos de venda e terminais de coleta de dados até aplicações
Com motores de passo e servomotores competindo nas apli-
50
de alto desempenho em Automação Industrial.
cações industriais, como decidir qual é o melhor? Veja neste
artigo o que é necessário levar em conta para fazer uma esco-
lha inteligente.
20 Medidores de deformação
O medidor de deformação (strain gauge) é muito utilizado para
Imunidade a interferência por medições de grandes massas ou monitoramento de estru-
radiofreqüência turas em construção ou em restauração, face a sua con-
A RFI (Radio Frequency Interference) é um sério problema de fiabilidade, precisão e sensibilidade. Entenda seu princípio de
EMI (Electromagnetic Interference) para os equipamentos eletrô- funcionamento, suas aplicações e os critérios para escolha do
nicos modernos. Conheça os níveis e modos de falhas e as princi- melhor sensor.
54
pais técnicas de proteção contra este problema.
27
Como aplicar inversores de
Arquiteturas de sistemas freqüência
de Automação Industrial utilizando CLPs Conheça os aspectos mais importantes a serem considerados
Este artigo faz uma abordagem sobre os aspectos de comuni- na utilização de inversores de freqüência, tais como quando
cação de dados para arquiteturas comumente utilizadas em utilizar sistemas escalares e vetoriais, características gerais e
automação de plantas de processos industriais empregando parâmetros que devem ser considerados no efetivo emprego
CLPs.
32 de inversores.
58
Editora Saber Ltda.
Diretores
Hélio Fittipaldi
Thereza M. Ciampi Fittipaldi
Editorial
www.mecatronicaatual.com.br Aberta a temporada de eventos
Mecatrônica Atual
Editor e Diretor Responsável Começou a temporada de feiras e eventos no Brasil sobre auto-
Hélio Fittipaldi
mação industrial. Há encontros para todo o tipo de público, desde os
Editor Assistente
Paulo Gomes dos Santos
engenheiros mais experientes até aqueles que estão começando a
carreira agora. Uma característica similar nesses eventos, que cada
Publicidade
Eduardo Anion - Gerente vez mais toma corpo, são os encontros promovidos por fabricantes
Ricardo Nunes Souza
Carla de Castro Assis junto com seus parceiros de projeto. Foi o que já fizeram nesse ano
Melissa Rigo Peixoto empresas como Rockwell, Altus e Advantech. Esse tipo de reunião
Conselho Editorial parece que está se tornando uma boa alternativa para as empresas,
Alexandre Capelli
Juliano Matias ao invés de participar de várias feiras durante o ano.
Newton C. Braga Uma das notícias que está sendo aguardada com muita expec-
Colaboradores tativa pelo setor é a compra da Intellution pela GE Fanuc. Quase
Alaor Mousa Saccomano
Augusto Ottoboni todo o setor de automação já sabe da compra da empresa pelos
Carlos Henrique C. Ralize
Gilberto Abrão Jana Filho
bastidores, mas, por enquanto, todos os detalhes estão sendo
Gilberto Branco guardados pela matriz norte-americana que deixou a América do
Jeff Kordik
José Ricardo da Silva Sul como último lugar para o anúncio oficial. Nesse campo da
Mário Sérgio Di Grazia
Osmar Brune
automação também há a expectativa quanto a atuação da Won-
Paulo Cesar de Carvalho derware no Brasil.
Paulo Eduardo Pansiera
Ronei Rosseti Dentro da proposta de contemplar, na revista, a automação de
Sérgio Vieira
Wendell de Queiróz Lamas processos, nesta edição você vai conferir os artigos “Analisadores
por condutibilidade térmica” e “Arquiteturas de sistemas de auto-
Foto da capa: sala de controle da PQU
mação industrial utilizando CLPs”, (o sucesso ou fracasso de um
ASSINATURAS
www.mecatronicaatual.com.br processo de automação, na maioria das vezes, é definido já na
Fone/Fax: (11) 6195-5335
Atendimento das 8:30 às 17:30 h
elaboração de sua arquitetura.)
Como foi dito na edição passada, estamos trabalhando numa
Impressão
W.Roth revista que seja a cara da automação industrial brasileira. Cada
Distribuição
detalhe na revista está sendo estudado para criarmos um veículo
Brasil: DINAP que seja o palco de discussão de engenheiros, técnicos, gerentes
Portugal: Midesa
e diretores.
MECATRÔNICA ATUAL
(ISSN - 1676-0972) é uma publicação E para continuar melhorando, é importante que continuemos
da Editora Saber Ltda. contando com a participação dos leitores com críticas, sugestões
Redação, administração,
edições anteriores, publicidade e e até mesmo artigos técnicos. A idéia é que a revista não seja um
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R. Jacinto José de Araújo, 315 “clube fechado”, mas que tenha a participação do maior número
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Notícias Atual
Mecatrônica
Notícias
Sérgio Vieira
Problemas e
Soluções
Erro de dimensionamento
quanto a categoria de emprego
Queima do
terminal mal A falta de observação quanto Figura 2 - Fim da vida útil.
conectado ao limite de corrente, número de
manobras por hora e valores de
corrente conforme a carga estabe-
lecida, é uma grande fonte para
os mais diversos defeitos em con-
tatos de contatores: do colamento
O problema
Evoluções
da Eletropneumática
F
ruto de um refinamento da Sérgio Vieira
tecnologia pneumática, a
eletropneumática está ade-
quando-se às novas formas de comu-
nicação em chão-de-fábrica e, em
cada novo produto, procura acom- projetos nessa tecnologia que foram
panhar os avanços que rondam o empregados na fábrica da Audi, em
mundo da automação industrial. De São José dos Pinhais (PR).
acordo com Celso Vicente, presidente A eletropneumática é empregada o uso de equipamentos elétricos. É
da Câmara Setorial de Equipamentos no mercado tanto por usuários finais o caso das áreas classificadas, ou
Hidráulicos, Pneumáticos e de Auto- como por desenvolvedores de máqui- áreas de segurança intrínseca, onde
mação da Abimaq - Associação Bra- nas e equipamentos. De acordo com o risco de explosão deve ser próximo
sileira das Indústrias de Máquinas e Vicente, ela possui uma área de de zero.
Equipamentos as principais mudan- aplicação muito bem definida, não Enquadram-se como áreas de
ças da eletropneumática acontecem havendo assim, uma concorrência tão segurança intrínseca as termelétricas
muito mais do lado da eletrônica que acirrada no mercado. “Geralmente, a gás natural ou bagaço de cana, cen-
da pneumática propriamente dita. quando se usa a pneumática está tros de produção de botijões de gás,
Ele cita como exemplo a incorpo- se buscando um custo menor, mas caldeiras, tanques de armazenamento
ração da eletropneumática às redes também com menor precisão nas de combustível, etc. A Petrobras, por
de comunicação digital em chão-de- paradas. Já a hidráulica tem custo exemplo, possui vários projetos de
fábrica: Profibus, DeviceNet, Interbus, mais alto, mas possui maior força automação de áreas classificadas e
Asi-Bus e outras. A partir dessa inte- motriz e melhor precisão”, diz Vicente, não abre mão da tecnologia pneumá-
gração novos campos se abriram para que também é gerente de marketing tica.
a velha e conhecida pneumática, assim da Divisão Automation da Parker Han- É importante lembrar que a pneu-
como para as próprias redes de con- nifin.. mática (acionada por solenóide) ou
trole digital. Para Vicente é importante Apesar de todo o refinamento de a eletropneumática (acionada por
que a comunidade técnica entenda controle presente em sistemas digitais comando elétrico) são bastante robus-
essas evoluções da tecnologia pneu- ou da precisão encontrada em equi- tas e tornam-se insensíveis a vibra-
mática e observe como ela também pamentos hidráulicos, a automação ções e golpes de ações mecânicas do
acompanha as evoluções da mecânica pneumática é, ainda hoje, indispensá- próprio processo. Podem ser empre-
e da hidráulica. “Temos visto incorpo- vel em várias partes da indústria. Ela gadas em ambientes agressivos onde
ração de várias funções da eletrônica”, é empregada, inclusive, em áreas crí- há a presença de poeira, oscilações
complementa Ana Cláudia Fukushiro, ticas onde deve-se evitar ao máximo de temperatura, umidade e até sub-
responsável pela área de marketing mersão em líquidos (quando proje-
da Festo Automação. tada corretamente). A pneumática traz
“A comunicação eletropneumática ainda vantagens quanto à facilidade
em fieldbus tem mais de dez anos”, de operação e manutenção de seus
lembra Daniel Ribeiro Gonçalves, componentes.
gerente da Divisão Pneumática da Assim como as demais tecnolo-
Bosch Rexroth. Assim como Vicente, gias, a pneumática também traz suas
ele considera uma evolução impor- limitações. Entre elas destacam-se
tante porque a pneumática acompanha as altas velocidades, a difícil obten-
todas as tecnologias desenvolvidas no ção de velocidades uniformes e para-
ambiente fieldbus. É o caso das fer- das intermediárias e limite de pressão
ramentas de diagnóstico que possibi- máxima de 1723,6 kPa. Basicamente,
litam saber o status de instrumentos existem quatro métodos de constru-
pneumáticos. ção de circuitos pneumáticos: intuitivo,
Ainda no campo da comunicação, minimização de contatos (seqüência
a eletropneumática, recentemente, mínima), maximização de contatos
também passou a se comunicar em (cadeia estacionária) e circuito lógico.
Celso Vicente: “Eletropneumática possui
redes de fibra ótica. Segundo Daniel área de aplicação bem
Em um circuito, a parte pneumática
Gonçalves, a Bosch Rexroth já possui definida.” representa o acionamento das partes
mecânicas, enquanto o circuito elé- responsável pelo controle de tráfego, cativas aconteceu quando as válvu-
trico representa a seqüência de são permitidas apenas comunicações las passaram a ser montadas em
comandos dos componentes pneu- ponto-a-ponto entre mestre e escravo, trilho Din adequando-se ao padrão
máticos para que as partes móveis ou ponto a multiponto também no de montagem encontrado na indús-
das máquinas ou equipamentos apre- modo mestre/escravo. tria. “Cada vez mais, os produtos
sentem os movimentos finais deseja- Mas, apesar da novidade interes- estão caminhando para uma modu-
dos. sante, os usuários deverão esperar laridade”, diz a gerente de marke-
pelo menos uns três anos para ver a ting da Festo.
Manutenção
de Servomotores Augusto Ottoboni*
1. O vazamento de óleo para o assíncrono trifásico. A circulação de desmontá-lo e retirar o rotor. Verifi-
servomotor pode prejudicar o fun- corrente elétrica em seu estator pro- cando a parte externa do rotor e a
cionamento? Como? voca o aparecimento de um campo parte interna do estator, é possível
eletromagnético com sentido, direção constatar se há ou não marca de
Muitos servomotores estão conec- e intensidade. Este campo se opõe ao curto-circuito (arco voltaico). Este é
tados diretamente a redutores mecâ- campo magnético existente no rotor, o sinal mais forte de baixa isolação,
nicos e caixas de transmissão (figura criado a partir de ímãs colados de ou seja, se a quantidade de óleo que
1). Este procedimento auxilia a efi- forma linear e simétrica sobre o rotor. penetrou no servomotor foi suficiente
ciência do conjunto, pois minimiza o Quando há vazamento do redutor ou para degradar a isolação do mesmo.
número de acoplamentos. caixa de transmissão para o servo- Caso seja constatada a presença
Porém, o servomotor necessita motor e a quantidade de óleo é insu- de tais sinais (normalmente têm as-
estar preparado para este procedi- ficiente para comprometer o funcio- pecto de queima), significa que houve
mento, tendo um anel de retenção na namento do servo, não há problema. rompimento da isolação do verniz do
ponta do seu eixo de saída para, assim, Mas, como saber se a quantidade de estator e, por conseqüência, curto-cir-
poder evitar que este óleo, presente óleo presente internamente no motor cuito para massa (terra); este curto-
tanto no redutor como na caixa de não o danificou? circuito gera um arco voltaico de
transmissão, passe para o seu interior. Primeiramente, sempre que houver alta corrente que além de danificar o
O servomotor tem o mesmo prin- a presença de óleo no interior do estator, também desmagnetiza o ro-
cípio de funcionamento do motor servomotor, haverá a necessidade de tor naquela região. Muitas empresas
tentam recuperar tanto estator quanto
rotor, sem sucesso.
Desmitificando
a visão artificial nas
aplicações industriais
Ronei Rossetti*
Gilberto Jana**
que a quantidade de informação a ser
armazenada é extremamente grande,
Como entender visão artificial sem compará-la com a visão real? o que exige do controlador altíssima
Imagine a visualização de um objeto através de uma câmera e que velocidade de processamento, sendo
seja possível armazenar a imagem capturada por ela. Se pudermos esse um dos aspectos determinantes
interagir com essa imagem que é, na verdade, um retrato fiel do objeto, da velocidade de resposta do sistema.
As aplicações de sistemas de visão,
fazendo verificações de conformidade de forma extremamente veloz,
geralmente, trabalham numa veloci-
entenderemos melhor o que vem a ser a visão artificial: um super dade total (captura, armazenamento,
sensor. processamento e resultado) de 30
milissegundos (~1/30 segundo).
Pode-se encontrar no mercado,
sistemas de visão que utilizam um
computador como controlador, outros
A
s aplicações industriais temas coloridos requerem interpreta- possuem controladores que podem ou
para a visão artificial ção mais complicada). Suponhamos não estar embutidos numa câmera.
vieram com os equipa- também que cada pixel tenha uma Estes últimos possuem a vantagem de
m e n t o s denominados sistemas resolução de 8 bits, ou seja, cada um ter entradas e saídas digitais incorpo-
de visão ou verificadores de imagem. deles possa diferenciar até 256 tons radas, o que elimina a necessidade de
Esses equipamentos permitem a veri- de cinza. Teremos então uma quanti- equipamentos adicionais. Nesse caso,
ficação da imagem de um produto dade total de pixels a serem analisa- o próprio controlador pode comandar
comparando-a com um padrão e das de 22 x 22 = 484, vezes 8 bits diretamente os outros equipamentos
obtendo uma resposta “sim” ou “não”. por pixel, dando no total 3872 bits de que fazem parte do processo. Também
Como toda tecnologia nova, as primei- informação a ser armazenada no con- há no mercado controladores mais
ras soluções com sistemas de visão trolador ou computador, dependendo robustos que podem controlar, simul-
eram grandes, caras e difíceis de pro- do sistema usado. taneamente, dois sistemas de visão
gramar. Só eram utilizadas em situa- Embora não exista regra geral, os artificial, o que resulta em redução de
ções onde nenhum outro recurso tinha vários tipos de câmera aplicados em custo.
a mínima possibilidade de dar certo. sistemas de visão possuem um sensor Outro aspecto importante é quanto
Um conjunto básico para um sis- CCD com uma quantidade de pelo ao método de programação do con-
tema de visão consiste apenas de menos 480 colunas por 480 linhas. trolador, pois, isso pode ser um fator
uma câmera e um controlador (veja Usando o exemplo citado percebe-se complicador na hora da implantação
figura 1), dispensando, em muitos
casos, até mesmo o computador e o
monitor (o controlador pode ser mon-
tado dentro do painel da máquina).
Embora haja vários tipos de câme-
ras, as mais usadas são do tipo CCD
(Charged Coupled Devices), normal-
mente num substrato de silício, que
consiste basicamente de um sensor
que converte sinais luminosos em elé-
tricos. O sensor CCD é distribuído F.1 Conjunto básico para
como uma matriz, sendo que cada uma solução com sistema
parte é chamada pixel. de visão.
Observando a figura 2, vamos
supor que a pastilha seja empregada
numa câmera com possibilidade de
visualizar apenas tons de cinza (sis-
APLICAÇÕES
A ILUMINAÇÃO
Comparação de
sistemas com motores de passo
e servomotores Jeff Kordik*
Os sistemas com motores de passo e servomotores são usados do servomotor possuem um prêmio
igualmente em aplicações de controle de movimento de alta perfor- de U$ 399. Tipicamente, os sistemas
de servo de mesma potência custam
mance e alta precisão. Essas aplicações incluem a automação indus- mais do que os sistemas de motores
trial, equipamentos semicondutores, biotecnologia, jogos e muitos de passo.
outros usos. O mercado total para tais dispositivos supera US$ 1 Na tabela 2 fornecemos a potên-
bilhão por ano. cia contínua máxima de cada sis-
tema. O motor de passo tem sua
C
om motores de passo e sistindo em um servomotor A100 e um potência de pico em 900 rpm, onde
servos competindo nas apli- drive programável BLU100-Si. Esse o torque é de 0,78 N.m. A potência é
cações, como pode o con- sistema 2 é mostrado na figura 2. o produto da velocidade pelo torque,
sumidor decidir qual é o melhor? A O BLU100-Si inclui todos os recursos ou seja:
maioria já deve ter ouvido que moto- programáveis do 3540i mais alguns
res de passo “são mais econômicos” outros relacionados com servos.
e que os servos “são mais rápidos”. A tabela 1 apresenta a lista de
Para fazer uma escolha inteligente, preços dos sistemas 1 e 2, assim onde V é a velocidade em rpm e T
devemos analisar o problema mais como outros sistemas que discuti- é o torque em N.m.
profundamente. Este artigo examina remos posteriormente. O servo-drive A potência de pico do servo é de
os destaques, pontos fortes e fracos custa U$ 200 mais do que o drive 3000 rpm, muito maior do que a do
dos sistemas com servos e motores de motor de passo e os comandos motor de passo. Isso pode ser ou
de passo. Nós também comparamos, não ser bom. Se a aplicação requer
em detalhes, um sistema real de cada torque elevado em baixa velocidade,
tipo e avaliamos sua conveniência
para uma aplicação.
PREÇO E PERFORMANCE
N.m, podemos calcular a aceleração Se a velocidade visada é 1800 rpm, g.cm2. Estes números são apenas
em rpm/s da seguinte forma: então estamos limitados a 0,35 N.m, para comparação. Num sistema real
e então a taxa de aceleração torna-se não é desejável que estes valores
37,983 rpm/s. O sistema 2 de servo de aceleração sejam encontrados,
A100 tem apenas 42 g.cm2 de inér- porque assumem que todo o torque
cia, de modo que ele não precisa de é aplicado na aceleração. Num sis-
muito torque para acelerar uma carga tema real, algum torque é usado
Quando se calcula a taxa de acele- leve. Então, a taxa de aceleração do para vencer o atrito. Além disso, você
ração, inércia e torque devem ser leva- servo é baseada no torque disponí- deve deixar uma certa margem de
dos em conta, e os servos têm uma vel (0,32 N.m) e na inércia total de torque.
inércia muito menor do que os moto- 442 g.cm2. O servo alcança 300 rpm E o que acontece se a carga for
res de passo. Considere uma aplica- em 0,003 segundos, muito próximo maior? Fizemos alguns cálculos com
ção onde a inércia de carga é 400 do motor de passo, e alcança 1800 uma carga de 2000 g.cm2. Agora o
g.cm2. O motor HT23-400 tem uma rpm em aproximadamente metade do sistema é dominado pela inércia da
inércia de 480 g.cm2, dando um total tempo do motor de passo. A acelera- carga, e então os servos perdem a
de 880 g.cm2. A aceleração máxima ção do motor de passo até 1800 rpm sua vantagem de “torque para inér-
até 300 rpm, para o motor de passo será: cia”, como pode ser visto na tabela 5.
é:
DESTAQUES E COMPLEXIDADE
De fato, o 3540i pode utilizar um enco- A adição de caixas de redução Os servos podem ser sobre-exci-
der como opção. Sistemas baratos de ajuda consideravelmente, porque a tados de modo a aumentar o torque.
motores de passo baseados em enco- inércia da carga, quando “refletida” Eles podem suportar tipicamente cor-
der não são usualmente “servos”, para o motor através das engrenagens rentes até 3 vezes maiores que a
mas pode-se verificar que o motor é proporcional ao quadrado da taxa corrente nominal de modo a ajudar
não se paralisa ou sofre interferências de redução. Uma caixa de redução de a vencer variações inesperadas de
na posição desejada por uma força 3:1 reduz a velocidade do motor em carga ou para se obter uma acelera-
externa. 3x, e reduz a inércia refletida em 9x. ção rápida.
Os sistemas de servo ajustam Assim, o sistema 2 de motor A100,
constantemente os sinais de vê uma inércia de carga de 2000/9 =
comando baseados em realimenta- 222 g.cm2. A relação deve ser 222/42 POSICIONAMENTO FINO
ção do motor. Isso permite aos servos = 5,3:1, o que é excelente.
superarem distúrbios inesperados e O motor A200 tem um tamanho Devido ao fato de que eles empre-
serem automaticamente compensa- maior do que o A100 assim, sua inér- gam realimentação e loops sofisti-
dos contra ressonância. Eles são efi- cia também é maior. A relação de inér- cados de controle, os servos bem
cientes, usando apenas a energia cia do A200 com uma carga de 200 ajustados operam de uma forma mais
que a carga precisa para ser movida. g.cm2 é de 2000/200 = 10:1. fina do que os motores de passo. Eles
E são também, geralmente, silencio- Servos têm ainda vantagens adi- possuem menor variação de torque e
sos dada a distância entre a resso- cionais em relação aos motores de menor variação de velocidade. Para
nância e o uso eficiente da potência. passo devido a sua natureza de comparação, programamos o sistema
Mas os servos precisam ser ajus- “closed loop”. Por exemplo, a cor- 1 e o sistema 2 para operação em três
tados para o loop de controle e rente pode ser monitorada como uma velocidades diferentes: muito baixa
as condições de carga. Um sistema medida da carga. Se o sistema sofrer (10 rpm), baixa (300 rpm) e rápida
típico de servo usa um loop de posi- carga, o atrito e a corrente aumentam. (1800 rpm). Medimos as variações de
ção PID (Proporcional, Integral, Deri- Um sistema de servo pode detectar velocidade usando um tacômetro ana-
vativo). Além disso, existem muitos isso e alertar o operador de manuten- lógico de precisão e um osciloscópio
parâmetros de realimentação e exci- ção. A velocidade instantânea e erros digital. O resultado dos testes apa-
tação que têm de ser usados nos de posição também podem ser infor- rece na tabela 6. O servo teve uma
cálculos. Os sistemas de motores mados. Além disso, um servomotor performance muito melhor do que o
de passo são populares não apenas pode ser “desligado” enquanto o enco- motor de passo nas baixas velocida-
pelo baixo custo, mas também por der permanece ligado. Dessa forma, des, especialmente nas muito baixas
que eles são simples de entender e se o operador movimentar a carga, como 10 rpm. É importante ter o
empregar. o drive ainda continua sabendo onde servo apropriadamente ajustado ou
Existem limites para todos os siste- ela se encontra. um aumento do ripple de velocidade
mas de controle de servos. Um deles Os servos podem ser operados no pode ocorrer.
é a relação de inércia. Tradicional- modo de torque, o que é útil em aplica-
mente, os fabricantes dos drives de ções tais como a vedação de garrafas,
servos recomendam um limite de 10:1 colocação de parafusos e tensiona- PRECISÃO
para a relação carga inércia do motor. mento de fios. Os motores não podem
Muitos drives modernos podem manu- manusear aplicações onde se neces- Dado que o servomotor possui
sear maiores relações, especialmente sita de torque constante. um dispositivo de realimentação como
com comutação senoidal e recursos
de feed forward. Mas os limites ainda
se aplicam. O sistema 2 com uma
carga de 2000 g.cm2 deve ter um
casamento de inércia de 2000/41 = 47
ou 47,6:1. Isso pode afetar a estabili-
dade.
T.6 Ripple de Velocidade. F.5 Precisão de posicionamento de um sistema com motor de passo.
um encoder, deve-se esperar que ele “médio”, o que pode afetar a agudeza Mas, mesmo os servos não são per-
tenha um posicionamento mais pre- e a precisão de funcionamento. feitos. Eles podem posicionar dentro
ciso. Se apropriadamente ajustado, Para poder desenhar uma curva de uma margem de ±1 contagem
ele pode ficar numa faixa de ±1 da comparativa, programamos os siste- da posição comandada se o sistema
contagem do encoder na posição mas 1 e 2 para passos vagarosos estiver ajustado apropriadamente. Os
comandada. Porém, um ajuste pobre quando acoplados a um encoder servomotores A100 têm um encoder
pode levar a uma “oscilação” onde óptico de alta resolução. de 800 contagens por revolução. Isso
o motor se move, forçando o enco- As leituras do encoder foram com- significa 360/8000 = 0,045 graus, o
der a uma contagem onde ele deve- paradas com a posição ideal do motor que quer dizer que devemos esperar
ria estar parado. de tal forma que o erro pode ser cal- uma precisão melhor do que ±0,045.
Os sistemas de motor de passo culado. Usamos a opção de encoder A figura 5 mostra isso. Assim, o
são normalmente open loop, o que do 3540i para conectar um encoder servo tem aproximadamente metade
significa que eles aplicam corrente de 120 000 cont/ver a um PC para do erro de um sistema de motor de
aos enrolamentos do motor e espe- coletar os dados. passo em laço aberto sem compen-
ram que as leis da Física façam o Os resultados estão plotados nas sação.
resto. Previsões sobre as caracte- figuras 5 e 6. O sistema com motor Isso compensa o custo adicional
rísticas do motor são feitas, espe- de passo tem um padrão cilíndrico de um sistema de servo? Somente se
cialmente torque x deslocamento, que se repete quatro vezes por ciclo precisão for necessária. Por exemplo,
quando o driver do motor é proje- elétrico (200 vezes por rotação do suponha que estes motores sejam
tado. Mas, os motores variam sensi- eixo). Isso sugere que as tabelas usados para movimentar uma carga
velmente de um modelo para outro, de passo do drive podem ser ajus- num movimento linear acompanhado
devido às diferenças entre as geo- tadas para compensar os erros. de um movimento de parafuso. Se o
metrias do circuito magnético (forma Em situações especiais os fabrican- passo do parafuso é de 5 mm por
do dente, força do ímã, air gap, por tes algumas vezes fornecem tabelas volta, o erro do motor de passo será
exemplo). Os drivers standard como especiais para determinados tipos de de ±10 graus, e o erro linear será:
o 3540i são vendidos para diferentes motor de modo a se obter a perfor-
consumidores e podem ser usados mance ótima na aplicação.
com motores diferentes. Isso signi- É neste ponto onde o feedback é
fica que o projetista deve calcular útil. O driver “sabe” se o motor está
as tabelas de passo para um motor fora de posição e pode corrigir isso.
Imunidade a interferência
por radiofreqüência
Osmar Brune*
RFI (Radio Frequency Interference) é um sério problema de falhar em campos da ordem de 0,1
EMI (Electromagnetic Interference) para equipamentos eletrônicos V/m, embora isto seja bem menos
comum.
modernos, que pode ser causado por transmissores de alta potên-
Infelizmente, muitos ambientes típi-
cia (broadcast, comunicações ou radar), e também por transmisso- cos têm campos variando de 0,1 V/m
res de baixa potência (rádios portáteis, celulares). Nem sempre o a 100 V/m, portanto os problemas
transmissor mais potente causa o maior problema. Um transmissor podem ocorrer, e de fato ocorrem. A
de baixa potência, a um metro da “vítima”, pode causar problemas tabela 1 mostra alguns níveis típicos.
Felizmente, campos elétricos mais
bem maiores do que um transmissor de broadcast (rádio, TV) a um elevados surgem somente próximos
quilômetro de distância. dos transmissores. A intensidade do
campo elétrico é função da potência
A
do transmissor (P), do ganho da
o mesmo tempo, recep- aumentar a menos que precauções antena (A) e da distância da antena
tores de rádio ou TV sejam tomadas. Uma destas precau- (d). Uma fórmula simples para prever
também são vulneráveis ções é executar os projetos de equipa- rapidamente o pior caso do campo
à poluição de RFI causada por com- mentos eletrônicos para que alcancem elétrico (E) é:
putadores próximos. Tais receptores a imunidade adequada para o ambiente
devem retirar baixíssimos níveis de em que devem ser utilizados.
potência de um espectro de RF den- Sistemas construídos com semi-
samente ocupado, e converter essa condutores (estado sólido) são par- Onde E é dado em Volts/metro, P
27 energia em informação útil (rádio, TV, ticularmente vulneráveis a RFI. Até em Watts e d em metros. A fórmula
imagem de radar, etc.). pequenos níveis de tensão induzida assume que a fonte é isotrópica (irra-
O primeiro problema é de imuni- podem perturbá-los. Circuitos analógi- dia igualmente para todas as dire-
dade, isto é, a suscetibilidade de equi- cos com sinais de baixa potência são ções) e que o receptor está no campo
pamentos eletrônicos falharem devido particularmente vulneráveis, assim distante (1,5 metros a 30 MHz, ou
a RFI. O segundo problema é de emis- como circuitos de fontes de alimenta- apenas 5 cm a 1 GHz). A fórmula fun-
são não intencional de radiofreqüên- ção como reguladores. Mas, circuitos ciona especialmente bem para walkie-
cia. digitais também podem ser perturba- talkies portáteis e celulares. Nestes
Este é o terceiro artigo de uma dos, se os níveis de ruído forem sufi- casos, o ganho da antena pode ser
série sobre EMI. No primeiro artigo da cientemente altos. aproximado para 1.
série (EMC e EMI: Compatibilidade e Projetistas de equipamentos mili- Aplicando a fórmula, observa-se
Interferência Eletromagnética) foram tares já estão acostumados a colocar que um transmissor com potência
abordados os conceitos básicos de a imunidade a RFI como objetivo pri- efetiva (P.A) de 1 W produz 5,5 V/m
EMI e EMC. No segundo artigo, foram mordial, uma vez que quase todos a 1 metro de distância, o que pode
analisados distúrbios no fornecimento esses equipamentos devem passar causar problemas. Por outro lado, um
de energia. E nesta edição, analisare- por testes de suscetibilidade a RF. transmissor de 10 kW a 1 km de
mos o problema da imunidade a RFI. Da mesma maneira, equipamentos distância produz um campo de 0,55
A questão do controle de emissões de automotivos requerem testes bastante V/m.
RFI será tratada em um artigo poste- rigorosos. Mas nas demais áreas,
rior. A leitura dos artigos anteriores é esta abordagem está sendo recém-
recomendada para melhor compreen- iniciada.
são de alguns conceitos citados neste
artigo.
Todo equipamento eletrônico é uma NÍVEIS DE FALHAS
vítima potencial da energia de RF
de transmissores próximos. Transmis- Sistemas eletrônicos não protegi-
sores podem variar de alta potência dos falham freqüentemente ao serem
até rádios portáteis ou celulares. Com submetidos a campos elétricos entre
a atual proliferação de produtos de 1 V/m e 10 V/m, ou maiores. Alguns
RF, estes problemas certamente vão sistemas muito sensíveis podem até T.1 Níveis típicos de RFI.
vés da blindagem. Neste caso, deve-se cionam como antenas. A melhor situ- veis e a suas referências de terra.
utilizar malhas de alta cobertura, ação é uma linha de retorno de terra Problemas de RF freqüentemente são
ou malhas sobre folhas metálicas. para cada sinal. observados em sistemas onde filtros
Somente folhas metálicas poderiam de EMI são conectados a referência
ser utilizadas, mas uma ruptura pode- Técnicas de de terra do sinal, ao invés de no terra
ria provocar fugas, portanto, malhas Aterramento do chassis (quando estes 2 terras são
sobre folhas são preferíveis; para RF isolados entre si).
- Use conectores de alta quali-
dade. Este conselho é bom para qual- A indutância é um grande vilão para Técnicas de Blindagem
quer freqüência, mas particularmente o aterramento de RF. Muitos enge- para RF
acima de 10 MHz. O objetivo é prover nheiros se preocupam com a resistên-
cobertura de 360o na junção entre cia do aterramento, e se esquecem da A maior parte dos sistemas de alta
a blindagem do cabo e o chassi do indutância. Como regra geral, um fio velocidade necessitam de alguma
equipamento. Cada junção não deve circular possui uma indutância própria blindagem, no mínimo para controlar
oferecer fugas (blindagem do cabo de 10 nH por cm. Para a maior parte emissões irradiadas. Se você precisa
ao conector, conector a conector, e dos fios, a reatância indutiva predo- alcançar imunidade na faixa de 1 a 10
conector ao chassi); mina sobre a resistência em freqüên- V/m até 1 GHz, é complicado fazê-lo
- Se não é possível blindar, filtre. cias acima de 10 kHz. A 100 MHz, a sem blindagem. Felizmente, a menos
Para cabos que transportam sinais de indutância reativa é diversas ordens que você tenha de cumprir especifi-
até 1 MHz, filtragem pode ser utilizada de magnitude maior do que a resis- cações militares, 30 a 60 dB de efi-
normalmente ao invés de blindagem. tência. cácia da blindagem geralmente são
A 1 MHz, o comprimento de onda Um meio de reduzir a indutância suficientes (atenuações entre 30 e
é de 300 m, portanto a maior parte é utilizar uma tira metálica larga e 1000 vezes).
dos cabos não funciona como boas grossa ao invés de um fio circular. Materiais de baixa espessura são
antenas. A filtragem, mesmo, assim Em teoria, um plano infinito seria o adequados para blindagem. Finas
é necessária para evitar que freqüên- melhor, mas do ponto de vista prá- coberturas condutivas proporcionam
cias mais altas entrem ou saiam do tico é a relação de aspecto (com- blindagem efetiva na faixa de RF
sistema através dos cabos. Pequenos primento para largura) que importa. entre 10 kHz a 10 GHz e acima.
filtros de alta freqüência compostos Uma relação de 3 para 1 é recomen- Folhas de alumínio proporcionam 90
de ferrites e de capacitores de bypass dável. dB de blindagem nesta faixa de fre-
funcionam bem. Mantenha os termi- O local mais adequado para ater- qüência. Pinturas metálicas de níquel
nais destes componentes curtos, e rar é próximo dos pontos de entrada ou cobre de baixa espessura propor-
conecte os capacitores de bypass ao e saída no chassi. Esta técnica cionam 40 a 60 dB, e deposição ele-
terra do chassis, não ao terra do cir- ajuda a manter a integridade da blin- trolítica proporciona 80 dB ou mais.
cuito (a menos que estes dois terras dagem e minimiza correntes de modo Isto pode ser utilizado em chassis
sejam comuns). Coloque estes filtros comum no cabo, desviando-as para feitos de plástico, na parte interna
o mais próximo possível dos conec- o chassi. dos mesmos.
tores para minimizar a captação do Se você deve aterrar sua placa Às vezes pode ser necessário uti-
ruído por trilhas ou fios do equipa- num ponto único, faça-o o mais pró- lizar chapas de aço para blindar. Blin-
mento. Ainda melhor, use conectores ximo possível dos conectores de dagens finas são ineficientes para
com filtros embutidos montados dire- entrada e saída. Esta técnica geral- campos magnéticos de baixa freqüên-
tamente no chassi; mente é necessária para sistemas cia, tais como os provocados por
- Não esqueça dos cabos inter- analógicos, nos quais laços de terra fontes de alimentação ou circuitos
nos. Cabos internos ao equipamento de baixa freqüência são um problema de deflexão magnéticos. Neste caso,
também são antenas não intencio- sério. você precisa de chapas de aço gros-
nais. Cuidado com a rota destes Para placas de alta freqüência ou sas ou outro tipo de material ferroso.
cabos, evitando que passem perto digitais, aterre em múltiplos pontos do Geralmente, estas considerações não
de ranhuras no chassi (por exemplo, chassi através de conexões curtas, são relevantes acima de 20 kHz. Em
ranhuras de ventilação). Isto é espe- grossas e largas. especial, lembre-se de que blindagens
cialmente crítico quando tais cabos Para placas mistas onde há cir- finas ajudam a resolver a maior parte
transportam sinais analógicos de cuitos analógicos e também digitais, dos problemas de imunidade a RFI.
baixo nível de potência. Mantenha os você pode fazer aterramentos múlti- Ranhuras (exemplo: para ventila-
cabos internos no mínimo a 5 cm plos através de capacitores para ater- ção) podem destruir blindagens contra
de ranhuras e outras aberturas no rar as altas freqüências, e manter um RF. Estas descontinuidades agem
chassi; ponto único de aterramento para as como antenas de fendas (slot ante-
- Se você está utilizando flat- baixas freqüências evitando loops de nas), que reirradiam energia de alta
cables, utilize o máximo número de terra. freqüência.
fios que puder para retornos de terra O objetivo principal é desviar para Por isso você deve manter seus
e os espalhe uniformemente no cabo. o chassi correntes de RF, evitando cabos e placas de circuito impressos
Isto minimiza áreas de loop que fun- que cheguem aos circuitos vulnerá- longe destas ranhuras.
CONCLUSÕES
Bibliografia
- Daryl Gerke e Bill Kimmel
EDN: The Designer’s Guide to Electromagnetic Compatilibity
Kimmel Gerke Associates Ltd.
Arquiteturas de Sistemas de
Automação Industrial
utilizando CLPs
Paulo C. de Carvalho ções prontas para serem exibidas
para os operadores através de Interfa-
ces Homem-Máquina Locais ou ainda
serem enviadas a um nível acima
para serem visualizadas em salas
de operação através de Sistemas de
Supervisão (veja na foto ao lado). Em
indústrias de processo, os CLPs esta-
rão sempre conectados entre si com
o nível de supervisão através de uma
rede de comunicação industrial.
Nível 2 - Neste nível ficarão as
Copesul/Divulgação
A
primeira coisa que é dis- as grandezas físicas do chão-de- banco de dados onde outros relatórios
cutida em um processo fábrica. Podemos citar elementos de gerenciais são gerados e os aplicati-
de automação é qual a aquisição de sinais: sensores, trans- vos são normalmente desenvolvidos
melhor arquitetura para que o sistema missores de temperatura, pressão, com ferramentas do tipo Visual Basic
atinja as exigências de um determi- chaves de fim-de-curso, contatos de ou Delphi. O Sistema de Supervisão
nado projeto. Existem várias formas relés, etc. E os atuadores: contato- do nível 2 tem interface com o sis-
diferentes de arquitetura que satis- ras, válvulas, inversores de freqüên- tema corporativo através do banco de
fazem as exigências do projeto e o cia, etc... Além dos componentes dados que é o ponto de “junção” dos
fator custo é muito importante, pois convencionais, ou seja, aqueles que níveis de supervisão e corporativo da
todo projeto tem uma limitação de disponibilizam ou recebem sinais em planta.
investimento que já foi previamente corrente ou tensão, temos também os No campo da Automação, diaria-
aprovada pela diretoria da empresa. equipamentos que possuem recursos mente surgem novas tecnologias e
Fatores como prazo para a conclu- de comunicação serial e, nesse caso, novos conceitos e observa-se no
são do serviço e necessidade maior possuem múltiplas funções associa- mercado que as empresas tendem a
de mão-de-obra também influem na das a um único cabo de conexão ser conservadoras na hora de adqui-
escolha da melhor arquitetura para o como, por exemplo, os multimedi- rir tecnologia e querem aquilo que
sistema de automação. Assim, trata- dores de energia e equipamentos comprovadamente funciona. Uma
remos aqui de alguns conceitos que especiais de medição de grandezas nova tecnologia é mais bem aceita
devemos levar em consideração na analógicas como nível e tempera- em situações onde o risco de sua
análise de uma arquitetura. tura. aplicação é compensado pelos bene-
Nível 1 - Neste nível ficam os CLPs fícios que essa tecnologia poderá
montados em painel elétrico que rece- trazer.
NÍVEIS DO SISTEMA DE AUTOMAÇÃO berão os sinais do nível 0. Nele, as Ainda aproveitando a divisão em
informações vindas do nível 0 são níveis feita anteriormente, iniciare-
Nível 0 – Neste nível ficam os ele- tratadas e o software dos CLPs mos nossa discussão falando sobre
mentos que “aquisitam” e comandam irá cuidar de deixar estas informa- o nível 0 ou nível de campo, onde
temos a aquisição dos sinais do zação do controle deverá ser levado A resposta é sim. Neste caso, se
chão-de-fábrica responsáveis pelas em conta e deverá ser menor que o tempo de manutenção para troca
informações indispensáveis na auto- a soma dos tempos de aquisição da cabeça remota (da ordem de 1
mação. Aqui a grande pergunta que e processamento do CLP para que ou 2 horas) não puder ser tolerado,
surge é: não resulte em mau funcionamento alguns fabricantes oferecem a pos-
do controle, o que poderá inviabilizar sibilidade de redundância na cabeça
É melhor utilizar remota para a o sistema. remota. A troca da cabeça defeituosa
aquisição dos sinais ou levar os Segurança: Em processos indus- é feita automaticamente pelo equipa-
sinais através de cabos elétricos triais contínuos, a parada de pro- mento, chamado de troca tipo “hot
diretamente até o CLP? dução implica em grandes prejuízos stand by”.
A remota é um hardware que para a companhia e paradas da
“aquisita” os sinais digitais e analó- planta devem ser evitadas de todas A remota também pode fazer
gicos e possui um canal de comuni- as formas. Logicamente, a automa- intertravamento?
cação serial onde esses dados são ção não deve ser a causadora do Até aqui vimos duas possibilida-
disponibilizados em um protocolo de problema de parada e as perguntas des: fazer a aquisição via cabo con-
comunicação como, por exemplo, o mais freqüentes são: vencional ou via cabeça remota e o
MODBUS, PROFIBUS, DEVICENET, processamento no CLP. Para alguns
AS-i, entre outros. A diferença básica E se a rede da remota falhar? processos é possível também que
entre eles está na velocidade de trans- O risco deverá ser analisado e, a remota faça um pequeno proces-
missão, capacidade de diagnóstico de caso o tempo de parada para a manu- samento local evitando que a perda
falhas e facilidade de configuração tenção (cerca de 3 horas) seja um de comunicação implique em risco
dos equipamentos em rede. Para se fator de muito risco para o processo, ao sistema. Ou seja, no lugar de
fazer uma comparação entre os dois a solução será colocarmos uma rede uma remota pode ser colocado um
primeiros que são amplamente utili- redundante e, se possível, lançar os pequeno CLP que aquisita os sinais
zados, temos: a velocidade de comu- cabos por caminhos diferentes. O de campo, executa intertravamento
nicação: o MODBUS chega a 38.400 custo aumentará, mas, se a segu- e disponibiliza as informações para
bps, enquanto o PROFIBUS pode rança é o fator principal, com certeza o CLP central. Nesse caso, esse
chegar a 12.000.000 bps. Este último esse custo será justificável. pequeno CLP normalmente possui
também possui mais informações de IHM local para que os dados possam
diagnóstico, mas é mais caro e exis- Pode ocorrer problema de inter- ser acessados por um operador
tem menos equipamentos com essa ferência na rede e isso provocar local, deixando o sistema mais ver-
interface. A idéia da remota é apenas falha de comunicação entre o CLP sátil e com menor dependência da
transferir os dados para o CLP sem e a remota? rede de comunicação com o CLP
fazer nenhuma lógica entre eles, ou Esse tipo de conexão atende a central. Essa solução é utilizada,
seja, sem fazer nenhum intertrava- maioria das necessidades se a blin- por exemplo, para certos controles
mento, apenas passar as informações dagem do cabo elétrico em RS-485 locais que não podem parar como o
para o CLP que processa essas infor- for bem aterrada e, se este cabo for controle de temperatura de um forno
mações. Nessa escolha devemos veri- passado em eletroduto galvanizado ou o controle de variáveis analógi-
ficar alguns aspectos: aterrado, e ainda for escolhida uma cas em um evaporador. É bastante
Ligação elétrica: O custo de liga- trajetória para o cabo de forma que comum, nessa situação, um CLP
ção elétrica é menor para as remotas, passe longe de cabos de alta tensão local aquisitando os sinais, fazendo
pois você leva um único cabo de rede e fontes de ruídos elétricos. o processamento local. Existe uma
até o CLP ao invés de levar um cabo Entretanto, quando o ambiente IHM para o operador alterar os set-
para cada sinal no caso de ligações possui muito ruído elétrico como, por points no local e este CLP poderá
convencionais. Essa é a principal van- exemplo: local com máquinas com estar ligado em rede com outro CLP
tagem da remota. solda por indução, subestações e maior.
Velocidade de atuação: A aqui- usinas de energia, etc., é aconse- Muitos CLPs já vêm integrados a
sição de sinais diretamente pelo lhável a utilização de fibras ópticas. grandes máquinas ou projetos. Isso é
CLP é mais rápida que a feita por Outra vantagem da fibra óptica é que muito comum nas indústria automo-
remota. Quando você escolher a a velocidade não diminui com a dis- bilística e alimentícia. Nesses casos,
aquisição através de remotas, ques- tância como no caso do cabo elétrico. o comprador deverá atentar para
tione junto ao fabricante do equi- Para conexões longas, acima de 100 evitar comprar uma “caixa preta”, ou
pamento o tempo de aquisição dos metros, ou quando o ambiente possui seja, comprar um CLP com proto-
sinais, principalmente quando neces- campo elétrico muito intenso, a fibra colo proprietário e sem condição de
sitamos fazer algoritmos de controle torna-se indiscutivelmente a melhor ser colocado em rede com outros
tipo PID. Neste caso precisamos solução de meio de transmissão. CLPs da planta. O ideal é especifi-
aquisitar, enviar via rede o valor ana- car uma porta de comunicação dis-
lógico para o CLP que executará E se a cabeça remota falhar, vou ponível em protocolo aberto como,
o algoritmo PID e retornará o sinal perder todos os sinais que estou por exemplo, MODBUS-RTU, PRO-
para o atuador. O tempo de atuali- aquisitando? FIBUS-DP, FIELD BUS, etc., os quais
REDE DE COMUNICAÇÃO
ENTRE OS CLPs E OUTROS
EQUIPAMENTOS
Controladores
de movimento
Mário Sergio Di Grazia*
No posicionamento absoluto é Normalmente, é necessário infor- helicoidal, como o filete de uma rosca,
necessário a utilização do encoder mar ao controlador apenas o diâmetro conforme se vê na figura 4.
absoluto o qual informa em tempo real e a posição inicial do círculo e o con- Geralmente é necessário informar
sua posição, mesmo com queda de trolador se encarregará de mover os apenas o diâmetro e o passo ao con-
energia, não sendo necessário reini- eixos X e Y de forma a gerar o movi- trolador assim como as coordenadas
ciar ou referenciar a máquina. mento circular solicitado. A figura 3 de partida.
A precisão do posicionamento é exibe uma mesa X,Y produzindo um
dada pelo número de pulsos do enco- movimento circular.
der. Para um posicionamento preciso ENGRENAGEM ELETRÔNICA
é recomendável que a resolução seja
10 vezes maior que a resolução INTERPOLAÇÃO HELICOIDAL Essa é uma das funções típicas
da máquina. Por exemplo, para uma dos Controladores de Movimentos. O
máquina que trabalhe com posiciona- Ela necessita de três eixos, sendo controlador garante o sincronismo de
mentos variando em 0,1 mm, o enco- formada pelas interpolações linear e fase mecânica da mesma forma que
der utilizado deverá indicar 0,01 mm circular resultando em uma trajetória um conjunto de engrenagens.
por pulso. Esse procedimento é neces-
sário, visto que o posicionamento per-
feito não existe. O mesmo varia dentro
de uma faixa aceitável de desvio,
sendo normal o erro de mais ou
menos um ou dois pulsos no final do
posicionamento.
Na maioria dos controladores, é
possível estabelecer a faixa de desvio
de posição aceitável, sendo o erro
sinalizado pelo mesmo.
INTERPOLAÇÃO LINEAR
INTERPOLAÇÃO CIRCULAR
Princípios dos
motores lineares
Paulo E. Pansiera*
MOTORES LINEARES EM O outro pólo magnético forte é É claro que o trabalho da força tan-
MÁQUINAS-FERRAMENTA chamado de secundário (figura 3).O gencial será sempre o mesmo, não
secundário é uma única peça (setor)
A
interessando se o motor é rotativo ou
mesma força magnética ou seqüência de peças, com núcleo se é linear. Já a velocidade não. Com
que faz um rotor de um de imãs permanentes e acessórios fusos de esfera, estávamos limitados
motor convencional girar é para sua fixação à máquina. a rotações de 3000 e 4000 rpm, apro-
a responsável pela propulsão em um A disponibilidade comercial do ximadamente. Se desejássemos altas
motor linear. O princípio é o mesmo, secundário está em setores de 200, 300 velocidades com esses fusos, devería-
ou seja: tome um motor comum de ou 500 mm, ou até de outras dimen- mos dispor de passos largos e daí não
corrente contínua e desenrole o esta- sões, dependendo do fabricante. O haveria rigidez do fuso se os mesmos
tor com o mostra a figura 1. O efeito primário deverá sempre estar comple- não fossem de diâmetros apreciáveis:
produzido pelo eixo, que é conhecido tamente emparelhado ao secundário, 63 mm, 80 mm ou ainda maiores. Com
como torque (produto da força pela por conseguinte, o número de setores inércias desta grandeza, principal-
distância do centro do rotor até a cir- do secundário deve ser suficiente para mente para a frenagem e aceleração,
cunferência média do estator) passa todo o curso útil do eixo e ainda alguma não era possível obter deslocamen-
agora a uma única grandeza que é a folga. Na prática, percebe-se que a tos rápidos em curtas distâncias e,
força tangencial. melhor folga é exatamente o compri- dessa forma, ficávamos “escravos” de
A potência, que no motor com rotor mento do primário, sendo 50% de sobra máquinas lentas e dizíamos (na ver-
é calculada pelo produto do torque de secundário em cada extremidade dade ainda dizemos) que o limite era
pela rotação, é no motor linear, calcu- de eixo (figura 4). mecânico.
lada pelo produto força x velocidade Em termos de performance, tais Os motores lineares vieram para
média. motores possuem características que ampliar esse limite. Modelos tradicio-
Para fazer o motor linear da figura revolucionam a dinâmica da máquina. nais atingem 14500 N em velocidades
1 mover-se, basta excitarmos o esta- de 100 m/min. Para velocidades de
tor desenrolado da mesma forma que 200 m/min, a força fica reduzida pra-
fazíamos quando este se apresentava ticamente à metade. Perceba porém
em disposição circular: alternando os que quando nos encontramos em altas
pólos e buscando um alinhamento de velocidades, não estamos requerendo
opostos entre a parte móvel e fixa. esforço de corte e, portanto, as forças
Quanto mais rápido alternarmos os não precisam ser grandes. Já as velo-
pólos, mais veloz será o nosso motor. cidades sim, afinal, quando não esta-
A perfeita combinação de freqüência mos cortando, o tempo é morto.
de chaveamento e corrente produzirá No caso da grandeza de força,
um campo magnético capaz de asse- considere um fuso de 60 mm de diâ-
gurar acurácia e velocidade. Para tal, metro. Se tivermos um motor linear
sempre em combinação com um motor produzindo 10.000 N, isso equivale
linear, deverá vir um conversor estático a termos um torque de 300 Nm na
CA-CC ou CA-CA, dependendo da tec- ponta do fuso mencionado. É torque
nologia do motor, assim como fazemos suficiente para acionar muitas máqui-
hoje com servomotores síncronos. nas. Entretanto, se for necessário um
Em máquinas-ferramenta, o mo- aumento de força, pode-se usar uma
delo de motor linear mais usado é o de combinação de dois primários para
indução. Neste motor, a parte móvel produzir um campo magnético mais
é chamada de primário e construtiva- forte.
mente é análoga ao estator (se bem A figura 5 ilustra um exemplo de
que aqui não temos uma forma circu- aplicação múltipla de motores lineares
lar). Observe a figura 2. F.1 Princípio do motor digital. em máquina-ferramenta. Trata-se de
Aterramento Elétrico
Alexandre Capelli
aterrada com uma haste própria, inde- Temos vários produtos que podem
pendente da haste de aterramento do ser colocados no solo antes ou depois
neutro. da instalação da haste para diminuir- Adição de 25 litros de água.
Esse sistema é o melhor tipo para mos a resistividade do solo. A Bento-
evitar-se interferências elétricas entre nita e o Gel são os mais utilizados.
máquinas, visto que cada terra é iso- De qualquer forma, o produto a ser
lado. Entretanto, pela mesma razão, empregado para essa finalidade deve
os equipamentos ficam mais suscep- ter as seguintes características:
tíveis à queima durante uma descarga
atmosférica (loop de terra). - Não ser tóxico
visa à segurança das pessoas nesses - Aquecimento anormal das etapas Para:
locais. de potência (inversores, converso-
res, etc.), e motorização. Sf < 35 mm2 → St = 16 mm2
Referência Bibliográfica
- “Mecatrônica Industrial” Alexandre Capelli,
2002. Editora Saber Ltda.
Analisadores por
condutibilidade térmica
Gilberto Branco*
E
mbora seja uma análise quan-
titativa, uma vez que o de-
tector, como veremos na se-
quência, não consegue determinar qual
gás está sendo analisado e sim o
quanto de calor é transferido do fila- térmica em kcal / h . m2. oC / m CONDUTIBILIDADE TÉRMICA
mento para o gás, trata-se de uma S = área da secção transversal DOS GASES
técnica com grande velocidade de res- em m2
posta e de fácil adaptação no controle θ = diferença de temperatura em A equação que determina a con-
e supervisionamento de processos. Por o
C dutibilidade térmica dos gases em
essas razões, e também devido ao e = espessura em m. relação ao ar atmosférico é:
relativo baixo custo do equipamento,
esse tipo de analisador é muito empre- Como podemos observar, o fluxo
gado na análise de gases industriais. calorífico depende não apenas das
Alguns conceitos fundamentais que dimensões físicas e diferença de tem- onde:
foram utilizados no desenvolvimento peratura, mas também de uma carac- Kr = condutibilidade térmica rela-
dessa técnica são: terística física própria do meio onde tiva do gás
Calor: que é a energia térmica que se processa a transferência de calor, Kgás = condutibilidade térmica do
se transfere de um corpo para outro, que é a condutibilidade térmica. gás em kcal / h . m2. oC / m
ou entre as partes deste, quando Define-se, então, condutibilidade K ar = condutibilidade térmica do ar
houver diferença de temperatura. térmica como a capacidade da maté- em kcal / h . m2. oC / m
Transferência de calor: que pode ria de conduzir calor, com menor ou
ocorrer de três modos diferentes: Con- maior facilidade. Algumas literaturas apresentam os
dução, Convecção e Radiação.
E, independentemente do processo,
o calor se propaga espontaneamente
de um ponto de maior temperatura para
outro de menor temperatura.
CONDUTIBILIDADE TÉRMICA
onde:
φ = fluxo calorífico
K = coeficiente de condutibilidade T.1 Condutibilidade térmica de alguns gases.
valores de condutibilidade térmica dos componente em análise com a condu- Se fizermos circular pela câmara
vários gases e na tabela 1 obser- tibilidade térmica da mistura gasosa. de medição uma mistura que conte-
vamos a condutibilidade térmica de Nesse princípio de operação, é uti- nha um gás de interesse, por exem-
alguns gases, em valores absolutos lizado um circuito de medição que plo, H2 em N2, a temperatura do
(K) e relativos (Kr). opera por comparação consistindo, filamento de medição ficará menor
Note que a condutibilidade térmica na sua forma mais simples, de duas que a temperatura da câmara de
do Hélio (He) e do Hidrogênio (H2) câmaras idênticas conectadas nos referência, pois a condutibilidade
é substancialmente maior do que as braços adjacentes de uma ponte de térmica dessa mistura é maior que
demais, o que torna esse tipo de aná- Wheatstone, observe a figura 1. Uma a do N2. Assim sendo, a ponte será
lise bastante seletiva. Porém, deve-se das câmaras (M) é a de medição na eletricamente desequilibrada, apa-
ter cuidados principalmente com outros qual circulará a amostra, enquanto a recendo então uma corrente que
gases misturados na amostra, uma vez outra câmara (R) é a de referência, o amplificador enviará para o indi-
que, como veremos a seguir, a mistura onde um gás de características tér- cador na proporção da concentra-
de um ou mais gases faz com que a micas constantes pode ser selado ou ção do componente na amostra. A
amostra tenha uma alteração da con- circular continuamente. Esse tipo de escala do medidor poderá, dessa
dutibilidade total. arranjo compensa particularmente as maneira, ser calibrada em % Vol de
variações de temperatura externa às H2. Observe, porém, que esse dis-
câmaras. positivo mede a diferença de con-
CONDUTIBILIDADE TÉRMICA DE Quando as duas câmaras conti- dutibilidade térmica entre os gases
UMA MISTURA GASOSA verem o mesmo gás (usualmente a das duas câmaras.
câmara de referência é preenchida Os circuitos de medição são con-
A condutibilidade térmica de uma com Nitrogênio - N2), os filamentos figurados de acordo com o número
mistura gasosa depende do tipo e da aquecidos, que transferem calor no e a disposição elétrica das câmaras
concentração de seus componentes sentido das paredes internas das de medição e referência na ponte
e pode ser calculada, dentro de um câmaras, estarão na mesma tempe- de Wheatstone, fator esse que apre-
desvio médio de 2%, pela seguinte ratura. Dessa forma, a ponte estará senta como maior vantagem entre as
equação: eletricamente equilibrada levando o demais configurações, a de ser mais
amplificador a “entender” que não sensível para qualquer tipo de compo-
existe gás de interesse na câmara nente analisado.
de medição, fazendo com que a indi- Usualmente, as câmaras de medi-
onde: cação do analisador seja o início da ção e referência são projetadas de
Km = condutibilidade térmica da faixa de medição. forma a minimizar as perdas de calor
mistura
Ki = condutibilidade térmica de
cada gás
ji = fração molar de cada gás
Mi = massa molar de cada gás.
PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO
por convecção e radiação, uma vez pureza, tem tornado esta nova tecno- gases produzidos.
que o filamento deve perder calor logia (processo não criogênico) mais A figura 3 ilustra alguns pontos
apenas por condução no gás. Essas atrativa. de análise que podem ser aplicados
câmaras são encontradas sob formas As peneiras moleculares têm a neste processo.
diferentes, de acordo com o modo capacidade de adsorver moléculas Uma das medições consideradas
pelo qual o gás é admitido no inte- de gás para separar o Oxigênio do em uma planta de fracionamento de
rior da câmara. Veja o exemplo da Nitrogênio usando a tecnologia de ar atmosférico é a concentração de
figura 2. Caso a câmara de referên- adsorção por balanço de pressão Hidrogênio no ponto após a unidade
cia seja do tipo selada, as conexões (PSA). Da mesma forma, a tecnologia de remoção de Oxigênio.
de entrada e saída serão fechadas de membrana de separação permite O Hidrogênio é introduzido na
por conectores apropriados, após o uma rápida permeação do oxigênio e coluna de Argônio bruto (em excesso
enchimento da câmara com gás de do vapor de água do fluxo de Nitrogê- e na quantidade determinada pelo cál-
referência. nio que atravessa as fibras da mem- culo estequiométrico) com a finalidade
brana. de remover o Oxigênio (contaminante
nessa fase do processo).
APLICAÇÃO Aplicações de Analisadores O excesso de Hidrogênio é moni-
de Gás torado para controlar a adição e a
O analisador por condutibilidade eficiência da conversão. Um analisa-
térmica pode ser encontrado nos Os custos de produção em uma dor de condutibilidade térmica é nor-
mais variados tipos de processos planta desse tipo são inicialmente malmente utilizado nessa etapa do
industriais tais como: fracionamento relacionados à operação e à energia processo para manter o excesso do
do ar, alto-forno, conversor, síntese elétrica. Entretanto, esses custos Hidrogênio < que 3%.
do amoníaco e fornos, determinação podem inviabilizar a planta caso as Deve-se considerar que as carac-
de contaminantes, etc. A seguir, des- variáveis do processo não sejam bem terísticas específicas da planta
creveremos um exemplo de aplica- controladas. Uma alta concentração dependerão dos produtos e da pureza/
ção para análise “on-line” utilizado de impurezas no Oxigênio, por exem- qualidade desejada dos produtos a
em uma planta de fracionamento de plo, torna o produto de menor qua- serem extraídos do processo. Con-
ar. lidade e, em decorrência disso, de seqüentemente, o tipo e a natureza
menor valor no mercado. Os ana- da instrumentação empregada depen-
Introdução lisadores de gás têm um papel derá do projeto da planta. As possíveis
fundamental nestes processos para aplicações mencionadas são típicas e
Uma planta de fracionamento de garantir a eficiência e conseqüente- podem não ser necessárias em todas
ar, normalmente separa os compo- mente a pureza e a qualidade dos as plantas.
nentes do ar atmosférico em três
componentes gasosos puros, Nitro-
gênio (N2), Oxigênio (O2), e Argônio
(Ar). Os outros componentes do ar
atmosférico, tais como, vapor de
água, Dióxido de Carbono (CO2), e os
hidrocarbonetos são contaminantes
e devem ser removidos para garantir
a segurança, a eficiência de opera-
ção da planta e a pureza/qualidade
do produto.
DICAS PRÁTICAS especial para que seja evitada uma plantas de separação de ar atmosfé-
contaminação da amostra, que pode rico que utilizam amostras em fluxo
Gases Interferentes ser facilmente causada pela absorção que contêm amostras na fase líquida.
(pelos componentes analisados) de Essas amostras devem ser vaporiza-
A amostra aplicada na medição contaminantes existentes no próprio das de forma a se obter composições
pode ser binária, ou seja, compostas sistema de amostragem. representativas e para que seja evi-
por dois componentes, ou complexa Outra fonte de erros pode ser a tado “tempo morto” no processo de
que tenha um comportamento binário difusão dos componentes do ar atmos- análise.
do ponto de vista da condutividade tér- férico, através de tubos ou outros Basicamente, os cuidados devem
mica. Essa condição é possível desde materiais plásticos ou de pequenos ser os mesmos já citados, lembrando
que a variação dos diversos compo- vazamentos no sistema. ainda que deve ser dada especial
nentes seja interdependente. Estes problemas podem ser atenção no processo de volatili-
Nunca se deve desprezar a pre- minimizados utilizando-se materiais zação do componente a ser ana-
sença de outros gases na compo- não adsorventes, não quimicamente lisado.
sição da amostra, uma vez que a ativos. O aço inoxidável é tipicamente Dois métodos que têm sido apli-
somatória da condutividade térmica o melhor material para análises com cados com sucesso consistem na
desses gases será “sentida” pelo baixa umidade. vaporização por spray e a deposição
sensor e, como resultado, será indi- A manutenção de uma alta vazão de gotas da fase líquida sobre uma
cada erroneamente como concen- de by-pass (em relação ao diâmetro superfície aquecida. A transferência
tração do componente de interesse, do tubo de amostragem), assegura do calor se dá de forma rápida, per-
ocasionando um erro substancial ao
resultado da análise. Embora os pontos a serem analisados sejam
Sistema de limpos e praticamente livres de contaminantes,
amostragem há diversos outros fatores importantes que, caso
Como em qualquer aplicação de sejam ignorados, podem acarretar em sérias
análise, é necessário um sistema de
amostragem apropriado para que se
falhas na análise.
obtenha uma análise precisa e confiá-
vel. As aplicações em analisadores um rápido equilíbrio e um baixo mitindo a vaporização de toda a fase
em uma planta de separação de ar tempo de resposta ao sistema e a líquida, incluindo até mesmo os com-
atmosférico não são diferentes. amostra. ponentes que tenham um alto ponto
Embora os pontos a serem ana- Para análises de concentração de ebulição como os hidrocarbone-
lisados sejam limpos e praticamente muito baixa, (< 25 ppm), é impor- tos.
livres de contaminantes, há diversos tante que sejam evitados os tubos de Em resumo, embora as amostras
outros fatores importantes que, caso material plástico nas linhas de amos- nesse tipo de processo sejam geral-
sejam ignorados, podem acarretar em tragem, bem como outras possíveis mente limpas e livres de conta-
sérias falhas na análise. fontes de difusão tais como, diafrag- minantes, são necessárias algumas
mas de borracha nos reguladores de considerações especiais principal-
Amostra na fase gasosa pressão. mente para análises em baixa con-
Onde houver aplicações de centração.
Usualmente, uma amostra na fase bombas de amostragem, e forem Esses problemas, embora não
gasosa tem a seguinte seqüência: utilizadas bombas com diafragmas sejam de difícil solução, devem ser
- Filtragem inicial; de borracha, deve-se providenciar a observados e resolvidos para garantir
- Controle e redução da pressão; purga reversa (back purge) do lado a confiabilidade da análise.
- Transporte da amostra até o ana- externo da membrana de borracha
lisador; para garantir que os contaminantes Bibliografia
- Chaveamento da amostra (quan- atmosféricos sejam mantidos fora do - Hauser, E. A., “The Application of On-
do aplicado); contato com o diafragma. Stream Analytical Instrumentation in Air
Separation Plants” Beckman instruments,
- Controle de amostra / by-pass; Como em qualquer sistema de 1965.
- Chaveamento de amostra / gás análise, os pontos onde pode haver - Shelley, Suzanne, “Out of Thin Air”. Che-
de calibração (quando aplicado); acúmulo de gás (zona morta) devem mical Engineering, 1991.
ser reduzidos e/ou eliminados, dimi- - Hardenburger, Thomas, “Producing Nitro-
- Filtro final; gen at the Point of Source”, Chemical Engi-
- Análise. nuindo-se assim o tempo morto da neering, 1992.
análise. - Analisadores Industriais - SENAI - Santos.
Nesse tipo de processo, onde B.L. Costa Neto e C.H. Brossi.1982.
muitas análises são feitas em baixas Amostra na fase líquida
concentrações (parte por milhão - *Gilberto Branco é Engenheiro de Aplicação
Existem diversas aplicações em da Contech Engenharia.
ppm), deve ser dada uma atenção
Aplicações de redes
RS - 485
Carlos Henrique C. Ralize*
O
nome RS-485 significa fabricantes de redes baseadas na todos os outros operam como recep-
Recommended Standard RS-485. tores. O mecanismo de controle
485. Apesar de ser conhe- O padrão RS-485 pode ser defi- de acesso ao meio físico não é defi-
cido por esse nome, o padrão já nido como uma rede ponto-multi- nido no padrão e faz parte do pro-
foi transformado em norma pela TIA ponto, half-duplex, com transmissão tocolo utilizado. São muito comuns
(Telecommunications Industry Asso- diferencial. Isso significa que a rede implementações baseadas no meca-
ciation) e pela EIA (Electronic Indus- pode ser formada por vários dispo- nismo “Mestre-Escravo”, mas também
tries Alliance). A última revisão data sitivos conectados ao mesmo bar- podem ser utilizados escalonadores
de março de 1998 e o código da ramento e que, enquanto um dos ou o mecanismo “Token-Passing”. É
norma é TIA/EIA-485-A. Ainda assim, dispositivos opera como transmissor, possível ainda empregar o padrão
a norma continua com o mesmo cará-
ter de recomendação para a indústria
eletrônica e de telecomunicações. Isto
quer dizer que apenas os padrões
elétricos necessários à fabricação de
transmissores e receptores são clara-
mente definidos. Entre esses padrões
estão o modo de transmissão dife-
rencial, as impedâncias máximas e
mínimas de entrada e saída dos dis-
positivos e os níveis de tensão aceitá-
veis na rede. Detalhes como tipos de
cabos e conectores, número máximo
de nós, técnica de terminação, taxas
de transmissão e distâncias máximas,
bem como o protocolo de comunica-
ção digital são deixados em aberto e
normalmente são determinados pelos F.1 As tensões características de um canal RS-485.
qual a carga de meus dispositivos? recendo uma solução de baixo custo nenhum é tão flexível, adaptável e
Quantos dispositivos posso empregar e ainda assim muito resistente a varia- barato como a RS-485. Eis aí o o
em cada segmento? Quantos ende- ções de tensão e ruídos. Outros meios segredo de sua popularidade.
reços posso ter? Eu preciso utilizar físicos existem para estas redes como,
cabos blindados? Que tipo de termi- por exemplo, fibras ópticas, rádio ou *Carlos Henrique de Castro Ralize é Técnico
nação usar? Ethernet. Cada um deles possui vanta- em Eletrônica do Departamento de Engenha-
Para todas estas perguntas, a res- gens e desvantagens, mas certamente ria de Manutenção da Sabesp.
posta é a mesma. Embora o padrão
RS-485 tenha muitos pontos em
aberto, as redes derivadas desse
padrão possuem características muito
bem definidas pelo fabricante ou
pelo consórcio que regulamenta a
implementação. E estas característi-
cas devem ser obedecidas. Algumas
implementações definem as caracte-
rísticas dos cabos, tais como a quan-
tidade de condutores, blindagem e
às vezes até a cor dos condutores
e da capa externa. Todas definem
inclusive a pinagem dos conectores,
a resistência e configuração das ter-
minações, as taxas de transmissão,
topologias recomendadas, número
máximo de dispositivos endereçá-
veis, métodos de identificação dos
dados, tamanho do pacote de dados,
método de controle de acesso ao
meio, etc.
Entre as redes industriais de
protocolo aberto existentes atual-
mente, são baseadas na RS-485:
Profibus, Interbus e Modbus. Além
dessas, dezenas de fabricantes
de equipamentos industriais pos-
suem implementações proprietárias
baseadas na RS-485. Cada uma
delas tem características ligeira- F.7 Relação entre a taxa de transmissão e o comprimento do cabo.
mente diferentes, mas podemos ter
certeza de que todas partilham
muitas características elétricas em
comum. Por isso é importante enten-
der o funcionamento deste padrão
tão versátil, pois sua instalação
será sempre parecida e em alguns
casos elas poderão até utilizar equi-
pamentos iguais como, por exem-
plo, conectores e protetores contra
surtos e sobretensões.
CONCLUSÃO
Medidores
de deformação
Wendell de Queiroz Lamas*
Quando uma força é aplicada a uma estrutura, o comprimento é quantificada como fator de medida
desta muda. A deformação decorrente é, por definição, a razão (Gauge Factor - GF).
O fator de medida é a razão entre
dessa mudança em relação às suas dimensões originais, sendo o
a variação da resistência elétrica e a
medidor de deformação (strain gauge) usado para medi-la. do comprimento:
um resistor integrante do circuito. Uma Outro fator bastante significativo Com base nessas considerações,
característica que não pode ser esque- é a influência da temperatura. Bus- existem vários tipos de medidas de
cida é a influência dessa nova resistên- cando eliminá-la, a ligação a três fios força, conforme seu arranjo na amos-
cia elétrica na sensibilidade da leitura. A é a opção mais recomendada, pois tra. Nas figuras 9 a 12 podem ser
perda de sensibilidade pode ser quanti- dois dos três fios ficam conectados vistos alguns exemplos bastante utili-
ficada por: a ramos adjacentes, neutralizando zados.
assim os efeitos um do outro, con- Um sistema computadorizado
forme ilustrado na figura 8. mede a diferença de potencial na
saída da ponte de Wheatstone antes
que uma tensão mecânica seja apli-
cada, então a intervalos regulares ou
a cada vez que uma determinada
condição ocorrer, volta a medir esse
sinal.
A MELHOR ESCOLHA
APLICAÇÕES
F.10 Tensão Axial: resultando de uma força linear (FA) exercida no sentido horizontal. Os extensômetros são de grande
F.11 Tensão de Tesoura: resultando de uma força linear (FS) com F.12 Tensão de Torção: resultando de uma força circular (FT)
componentes no sentido vertical e no horizontal. com componentes no sentido vertical e no horizontal.
utilidade na pesagem de artigos. Por com quatro extensômetros. Seu intuito CONCLUSÃO
exemplo, na base de silos de grãos, nessa construção é servir como
em balanças, na indústria aeroespa- medida para as deformações da garra, Mesmo passando despercebidos
cial, entre outras. assim compensando seu posiciona- no dia-a-dia das pessoas, os exten-
A figura 13 apresenta um arranjo mento. sômetros e as montagens para medi-
interno a uma balança vertical para ção das forças por eles mensuráveis,
grandes cargas. As células de carga ganham sua importância quando há
ficam internas ao cilindro que sofre necessidade de medições de grandes
tensão mecânica decorrente do esfor- massas ou monitoramento de estrutu-
ço de tração em cabos de aço de guin- ras em construção ou em restauração,
dastes e de pontes rolantes, proporcio- face a sua confiabilidade, precisão e
nando sua deformação e, por conse- sensibilidade.
guinte, a medida da força realizada.
Na Universidade de Taubaté, no
Laboratório de Robótica e Instru-
*Wendell de Queiróz Lamas é professor da
mentação, foi construída uma garra F.13 Célula limitadora de Carga Universidade de Taubaté, especializado em
para o ROBOTAU, constituída por Modelo TC (Alfa Instrumentos Ele- informática industrial, em instrumentação e em
duas lâminas de alumínio, cada qual trônicos Ltda.). análise numérica.
Como aplicar
inversores de freqüência
Alaor Mousa Saccomano*
Neste artigo, trataremos alguns aspectos importantes a serem apenas como aspecto comercial, mas
considerados na utilização de inversores de freqüência: aplicação que gera dor de cabeça aos técnicos
envolvidos, é a assistência técnica
de sistemas escalares e vetoriais, características gerais encontra- do equipamento. Certificar-se que a
das em vários inversores comercializados e parâmetros que devem mesma possui competência e eficiên-
ser considerados no efetivo emprego de inversores, além de uma cia (atendimento rápido e confiável) é
rápida abordagem quanto a erros e defeitos. tão importante quanto o tipo de inver-
sor que será aplicado.
P
ara alcançar o efeito desejado dade do motor que aciona o ventilador/ Outras opções valiosas a se con-
e otimizar os investimentos, compressor seja controlada, de modo siderar na instalação se dão quanto à
é sumariamente importante que, nos momentos de menor utiliza- qualidade de energia das mesmas, se
responder a algumas questões e, até ção de carga, a velocidade seja diminuí- já existem problemas como fator de
mesmo, se aprofundar em um estudo da e conseqüentemente o fluxo de ar potência e fator de distorção, ou ainda
de custo/benefício antes de instalar também. Diminuindo-se a velocidade, se há bancos de capacitores para cor-
um inversor de freqüência sobre um logicamente haverá uma redução da reção de fator de potência já instala-
motor ou sistema. Em muitos casos, energia consumida pelo sistema motor- dos. Neste caso, cuidados especiais
verifica-se que a adoção de medidas inversor, resultando em economia direta devem ser tomados, pois os inverso-
mais simples podem resultar em efeito no processo. res são cargas não-lineares, que nor-
similar à aplicação de um inversor em Assim, antes de optar pela instala- malmente resultam em piora para a
motor de indução assíncrono trifásico. ção e escolha de um inversor de fre- atuação de capacitores de correção.
Em algumas situações, é mais inte- qüência, alguns cuidados devem ser E não esqueçamos do que é básico:
ressante a utilização de servomotor tomados quanto a: - tensão da rede;
brushless quando o principal objetivo - rede de alimentação; - freqüência da rede;
é posicionamento. Se o problema é - sistemas de proteção e secciona- - local de instalação;
com sistema de partida de longa inér- mento; - sistemas de proteção específicos
cia, a aplicação de soft-starter (partida - interferência eletromagnética e (fusível ultra-rápido e sensores);
eletrônica suave) pode ser uma solu- blindagem; - compatibilidade com o motor a
ção melhor e mais econômica. - cabos e aterramentos; ser acionado (potência, tensão de ali-
No controle de velocidade e torque - local de instalação e grau IP. mentação, freqüência nominal).
para se estabelecer um melhor resul-
tado sobre o sistema, seja no controle Os aspectos de carga x desem- ENTENDENDO MELHOR A APLICAÇÃO -
de velocidade de uma máquina-ferra- penho estabelecerão as informações DETALHANDO O INVERSOR.
menta, na variação de velocidade em cruciais para a escolha do tipo de
sistemas de alimentação e dosagem, inversor (escalar ou vetorial), e do tipo A primeira abordagem para a apli-
no controle de vazão ou fluxo de um de controle (com ou sem malha de cação de um inversor de freqüência
processo, no controle de elevação em realimentação) no processo. não está no próprio equipamento ou
pontes rolantes, cranes, entre outros, Além disso, quesitos como a inte- no motor, mas sim na carga. (figura 1)
a utilização de um inversor é funda- ração do sistema inversor com o res- As considerações devem ser feitas
mental. tante do processo ou máquina, isto é, a partir das necessidades e caracterís-
Outra necessidade de aplicação se como o equipamento se comunica com ticas próprias da carga. A velocidade da
encontra no controle de velocidade de os demais equipamentos presentes ou carga, seu torque, como se processa a
processos para economia de energia. como as informações do inversor são aceleração da mesma, ciclo de traba-
Um exemplo disso está na utilização de repassadas ao operador/supervisor, as lho, potência requerida, curva de torque
controle do fluxo de ar em um sistema interfaces IHMs necessárias, o grau de x velocidade, rendimento e momento
central de ar-condicionado. Em proces- compactação do equipamento e o sis- de inércia, são algumas das informa-
sos que possuem velocidade fixa em tema de frenagem (quando necessá- ções que devem ser respondidas pelo
seus motores acionadores, e o fluxo é rio) também devem ser especificados engenheiro ou técnico que irá especifi-
controlado via dampers, tem-se con- pelo engenheiro ou técnico que deseja car o equipamento de controle de velo-
siderável perda de energia, pois a efetuar uma correta e eficiente aplica- cidade-torque. Muita informação já deve
regulagem do fluxo de ar se dá pelo ção de inversor no controle de motor estar disponível pelo próprio motor elé-
escape do mesmo no sistema. É mais de indução. Um ponto pouco discu- trico que já está instalado sobre a carga,
inteligente e econômico que a veloci- tido, principalmente por ser encarado se o processo for um retrofitting. Mas,
escorregamento, tem a vantagem de dade de até 0,5%, fazem dos equipa- serem “setados” (ajustados) e proceder
fácil implementação e de constar na mentos dotados dessa tecnologia muito com a parametrização essencial. Para
maior parte dos produtos comercializa- mais atraentes em suas aplicações. Na tanto, uma boa observada no manual do
dos. Qualquer carga, que possua pata- realidade, a única distinção entre um fabricante e informações junto ao pós-
mar de controle de torque constante vetorial sensorless e um com encoder venda são um bom caminho a seguir.
para variação de velocidade, ou mesmo (ou outro tipo de realimentação posi- A maior parte dos inversores possui
de funções quadráticas, pode ser con- cional), está na malha fechada do sis- funções genéricas que analisaremos a
trolada via um inversor escalar com, tema e na parametrização do inversor seguir. Mas antes, uma questão impor-
por exemplo, ventiladores, calandras, para a utilização da mesma. Em muitos tante a ser entendida é quanto ao modo
bombas, entre outros tipos de carga. O casos, principalmente em retrofitagem como o inversor age no motor que está
afinamento deste controle pode ser feito de máquina, não é muito fácil adequar controlando, no aspecto de alcançar a
adotando-se a realimentação (enco- um sensor de velocidade no eixo do velocidade desejada, seja no ligamento,
der, resolver, tacogerador), que atua na motor ou outro por ele acionado. Em mudança de valor desejado de veloci-
malha de controle de velocidade, resul- outros, o custo de cabos e sistemas dade, frenagem ou solicitação da carga.
tando em melhor controle do processo. gerais para realizar a realimentação Na verdade, o que deve ser especifi-
Na maior parte dos casos, a malha podem invibializar o projeto. Na maior cado são as rampas de aceleração e
interna ou de controle de corrente (indi- parte dos inversores hoje existentes no desaceleração (figura 4).
retamente do torque), não é aplicada ao mercado, através da setagem de sim- Estes valores são, na realidade,
produto, mas sim um sistema de limi- ples parâmetros, consegue-se um ele- parâmetros a serem definidos no inver-
tação de corrente. Isto quer dizer que mento escalar ou vetorial, com ou sem sor. O que se faz é atuar sobre os
na maioria das situações, os inver- realimentação. Por exemplo, um inver- ganhos dos controladores de malha de
sores escalares trabalham com torque sor modelo CFW09 da WEG (figura 2), velocidade (PI ou PID, ou mesmo um
absoluto, ou constante em valor quase pode ser ajustado para trabalhar com o outro controlador mais ativo). Observe o
máximo, permitindo ainda a possibili- tipo de controle desejado, definido por detalhe em diagrama de blocos no artigo
dade de boost de torque em momentos um parâmetro (P202): “Controle de velocidade e torque de
críticos, como na partida. Muitas vezes, 0 V/f (60 Hz) motores trifásicos” publicado na revista
estes valores de boost de torque são 1 V/f (50 Hz) Mecatrônica Atual nº 8 (fevereiro/março
programáveis no inversor, delimitando 2 V/f Ajustável de 2003). A definição da rampa deve
valores de tempo que podem chegar a 3 Vetorial Sensorless ser pautada quanto à necessidade da
alguns minutos de aplicação de sobre- 4 Vetorial com Encoder. carga e disponibilidade de desempe-
torque, com valores em torno de 2 a 3 No caso de um G5 da Yaskawa nho do motor. Assim um valor de rampa
vezes o nominal. (figura 3), a escolha é realizada atra- muito rápido, pode levar a carga a ter
Outro exemplo de aplicação de con- vés do parâmetro A1-02: sobressaltos, o que em alguns casos
trole escalar se dá quando um mesmo 0 V/f sensorless não é aconselhável (esteiras transpor-
inversor atuará sobre vários motores. 1 V/f com realimentação tadoras e elevadores). Rampas mais
Resumindo, se a sua aplicação não 2 Vetorial sensorless longas servem muito bem para ace-
necessita de variação rápida de acele- 3 Vetorial de fluxo. lerar grandes inércias, como centrífu-
ração (resposta dinâmica em até 5 ms), Para parametrização de um inver- gas e moinhos. Rampas rápidas podem
variação de velocidade em função da sor, sempre é imprescindível conhecer sobreaquecer o motor, principalmente
variação de carga, controle de torque a aplicação. Mais um exemplo: acionar na desaceleração. Ainda sobre a rampa,
com precisão de até 10% e nunca tenha uma centrífuga, de alta inércia, o que os momentos críticos se encontram nas
a necessidade de torque em veloci- em muitas situações deve-se utilizar bordas, no início e fim da rampa, onde
dade zero, associado a vantagem de um boost de torque na partida. Se for ocorre uma abrupta descontinuidade da
baixo custo e robustez do equipamento, empregado um equipamento Siemens, aceleração, podendo gerar sobressal-
então o problema se resolve com um modelo Micromaster, o parâmetro P079 tos de velocidade e torque. Em muitos
inversor escalar. A melhora do desem- - “Elevação da corrente de partida (%)” -
penho será sentida na utilização de permite que seja ajustado um boost de
malha de realimentação de velocidade. tensão (elevação) de modo que a cor-
A possibilidade escalar sensorless neste rente de partida pode ser especificada
caso deve ser pouco explorada, devido para até 250% da nominal do motor, até
ao pobre desempenho da maior parte que a freqüência de trabalho desejada
dos inversores na situação de carga e (velocidade de referência) seja alcan-
variação da mesma. çada. Os valores a serem especificados
Um inversor vetorial com atuação podem ser de 0 a 250.
sensorless é uma solução abrangente
para o controle de velocidade e torque AJUSTANDO A OPERAÇÃO
de máquinas na maioria das vezes,
senão todos os envolvidos pela atua- Uma vez definido o universo da apli-
ção de um inversor escalar. Resposta cação, pode-se escolher o inversor e F.2 Inversor modelo CFW09, da WEG.
dinâmica rápida e precisão de veloci- definir quais serão os parâmetros a
Sobretensão do link - Verificar a tensão, a mesma deve - Alta tensão de alimentação; alta inér-
ser no máximo 15% acima da nominal cia de carga
- Aumentar o tempo de desaceleração - Rampa de desaceleração muito
rápida
Falta de fase ou subtensão - Medir alimentação e verificar fusíveis - Baixo valor de tensão ou falta fase
Curto terra fase de saída - Inserir reatância na entrada - Capacitância entre cabos muito alta
Capacitância para terra muito alto, - Instalar reatância trifásica em série - Cabos longos >50m
falta a terra na entrada - Freqüência de chaveamento alta
- Diminuir parâmetro de freqüência de
chaveamento
Motor não gira - Instalar filtros de RFI próximos do - Erro de fiação de controle/referência
Inversor, um para cada fase, próximos ou de potência
um do outro e aterrar na chapa de
fixação juntos
- Afastar os cabos de alimentação do
inversor em relação a outros circuitos
Flutuação de velocidade - Aperto de todas as conexões - Mau contato nos cabos de potência
ou referência
da rampa como uma função limite onde uma vez setadas, impõe veloci-
- rampa S ou integração temporal do dade e sentido definido ao inversor.
início/ fim de rampa. Das funções gené- Proteção contra sobre tempera-
ricas, podemos destacar: tura ou I2t - esta função realiza o
Partida com o motor girando ou constante monitoramento da tempera-
fly start - possibilidade de permitir que tura dos elementos chaveadores, ou
o inversor energize o motor em movi- também via sensor PTC ou termistor
mento. Se esta função não for bem dentro do motor, supervisionando a tem-
ajustada/empregada, ocorrerá sobre- peratura do motor, que é a grande res-
tensão no circuito intemediário (link ponsável pela maior parte das falhas.
DC). Valores de rampa de aceleração Self-tunning ou auto-ajuste - os
para esta função normalmente são sistemas que utilizam Controle Veto-
diferentes dos valores pré-setados rial necessitam, também de levanta-
para uma aceleração normal. mentos de valores de indutância de F.3 Inversor modelo G5, da Yaskawa.
Jog - esta função normalmente dispersão (σLs), corrente de magenti-
está associada a uma entrada digital, zação (Iµ) constante rotótica (LR/RR), Elaboramos uma pequena e sim-
que é programada para receber sinal resistência do estator (RS), constante ples tabela para um apoio inicial a
source (positivo) ou sink (negativo). de torque (TM) e indutância estatórica manutenção. São dados genéricos,
Quando atuada, mantém o motor com (LS). Estes valores nem sempre são pois cada fabricante tem seu próprio
velocidade constante, definido nos fáceis de serem encontrados pelo pro- sistema construtivo, arranjo de projeto
parâmetros de freqüência de Jog ou jetista. No auto-ajuste, o próprio inver- e códigos de falhas. O fundamental é
similar. É utilizada para ajuste de posi- sor se encarrega via algoritmos de se ter noção de onde pode ocorrer o
ção de máquinas. estimação e identificação, do levanta- erro: (tabela 1: Erros e defeitos).
Rejeição de freqüências ou exclu- mento destes dados junto o motor.
são de freqüência de ressonância - CONCLUSÃO
na variação de velocidade, o conjunto E A INSTALAÇÃO?
vibra, além de que, nos momentos Os aspectos de definição e aplica-
de aceleração e desaceleração, passa Até aqui, não falamos quase nada ção de inversores de freqüência para
por toda a gama de freqüências até o sobre procedimentos e dicas de ins- acionamento de motores de indução
valor de velocidade desejado. Poderá talação de inversores. Na realidade, assíncronos trifásicos (MI), são consi-
acontecer, que dada freqüência, tenha esse assunto merece por si só um deravelmente extensos e detalhistas. A
batimento com a freqüência complexa artigo que faremos futuramente. experiência nos mostra que nunca um
própria do sistema; isto fará com que caso é igual a outro. O objetivo deste
a mesma se amplifique, aumentando RESOLVENDO PEQUENOS artigo é chamar a atenção do leitor
excessivavente o ruído e vibração do PROBLEMAS E DEFEITOS de Mecatrônica Atual para alguns dos
conjunto. Essa função exclui a viabi- muitos detalhes interessantes quanto
lidade de utilizar esta freqüência na Muitos dos erros e defeitos podem a aplicação de inversores. Não abor-
variação de velocidade do motor ser pequenos problemas como mau damos ainda os acessórios do sis-
Freqüência de PWM ou freqüên- dimensionamento de protetores (uti- tema, como IHM, rede de comunicação,
cia de pulsação - as chaves de potên- lizar sempre um fusível ultra-rápido - entradas e saídas digitais/analógicas,
cia do inversor (IGBTs Power Mosfets, categoria aR - para proteger o in- etc. Para um futuro próximo, artigos que
Transistores de Potência ou MCTs) são versor), ou falta de reatâncias de abordem os procedimentos de manu-
chaveados segundo a freqüência de rede, ou mesmo problemas de EMI tenção, estudos de casos de aplica-
PWM definida na parametrização do e fuga a terra. Antes de contatar a ção e resolução de defeitos em campo
motor. Valores baixos de chaveamento assitência técnica, que pode demo- e em bancada serão produzidos. Para
(1,6 a 4 kHz) têm a vantagem de limitar rar, pode-se tentar algumas soluções questões mais urgentes, mande-nos
as perdas de chaveamento (tempo de rápidas. um e-mail para a Seção do Leitor.
subida e descida no acionamento das ATENÇÃO: conheça bem os limi-
chaves de potência) e diminuir a interfe- tes impostos por sua garantia, para *Alaor Mousa Saccomano é professor do depar-
tamento de Engenharia da UNIP (Campus Alpha-
rência de alta freqüência. A contrapar- não mexer onde não deve e, em con- ville) e diretor da MAC TREIN Consultoria e
tida é que o ruído acústico no motor seqüência disso, vir a perdê-la. Treinamento S/C
é muito desagradável. Se elevarmos a
freqüência de chaveamento para níveis
maiores (10kHz...20kHz), o ruído estará
na faixa inaudível, porém aumenta-se
consideravelmente as perdas de chave-
amento e interferência de RFI.
Multivelocidade - esta função é
uma combinação das entradas digi-
tais (que são acessórios) do inversor, F.4 Rampa de aceleração e desacelaração do inversor.