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BIP

PUBLICAÇÃO DA DIREÇÃO DE NEGÓCIOS GLOBO


JANEIRO 2018 - EDIÇÃO ESPECIAL 622

ESPECIAL
COMO AS MARCAS CRESCEM
A IMPORTÂNCIA DA PUBLICIDADE PARA OS DISTINCTIVE BRAND ASSETS

O QUE PENSA A AUTORA, RESENHA


JENNI ROMANIUK DO LIVRO
04
A IMPORTÂNCIA DA
PUBLICIDADE PARA OS
DISTINCTIVE BRAND ASSETS
ENTREVISTA
PROFESSORA JENNI ROMAINUK, DO EHRENBERG-BASS INSTITUTE
FOR MARKETING DA AUSTRÁLIA, FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA
PUBLICIDADE PARA OS DISTINCTIVE BRAND ASSETS

06
RESENHA DO LIVRO
COMO AS MARCAS CRESCEM

BIP
PUBLICAÇÃO DA DIREÇÃO-GERAL DE NEGÓCIOS
BOLETIM DE INFORMAÇÃO PARA PUBLICITÁRIOS

DIRETORES RESPONSÁVEIS:
RICARDO ESTURARO
ROBERTO SCHMIDT
TEXTOS:
RAFAEL SAMPAIO
JORNALISTA RESPONSÁVEL:
MÔNICA OLIVEIRA
PROJETO GRÁFICO:
MARKETING GLOBO
FOTOS:
ISTOCK/ EHRENBERG-BASS
INSTITUTE FOR MARKETING/ UNSPLASH.COM

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DIREÇÃO-GERAL DE NEGÓCIOS:
NEGOCIOS.REDEGLOBO.COM.BR

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A pesquisadora fez um importante alerta so- Distinctive brand assets são os ati-

A IMPORTÂNCIA DA
bre o papel da publicidade nas estratégias de vos, características competitivas, de
marketing. “A publicidade tem especial função marca, que a destacam em relação
na ampliação da disponibilidade mental, pois aos seus concorrentes. Eles são im-

PUBLICIDADE PARA OS
ela fortalece o que chamamos de distinctive
portantes para desenvolver a dispo-
brand assets, as características competitivas
nibilidade mental. Por exemplo, a cor
da marca, que a destacam em relação aos
de uma embalagem no corredor de

DISTINCTIVE BRAND ASSETS


seus concorrentes.”
um supermercado.
Jenni revelou que o Ehrenberg-Bass Institute
conta com uma equipe de mais de 60 profes-
sores pesquisadores, que com base em dados Romaniuk falou ainda sobre outro modelo de
fornecidos por algumas dezenas de empresas pensamento desenvolvido pelo Ehrenberg-
parceiras, dedica-se a entender como as ati- -Bass Institute: a estrutura para a geração de
vidades mercadológicas e publicitárias funcio- CEPs – Category Entry Points. São aspectos
nam. A ideia conceito que analisam e buscam que têm que ser considerados para avaliar
definir é “como as marcas crescem” - daí o quais características competitivas que um
título do livro, publicado em dois volumes. produto ou serviço precisa ter para tentar al-
cançar sucesso ao entrar em uma nova cate-
Ela destacou que a pesquisa em marketing e goria de mercado.
comunicação está no início ainda, consideran-
JENNI ROMANIUK, COAUTORA do outras ciências, e que a base do trabalho Os pontos são:
DO LIVRO COMO AS MARCAS da Ciência em Marketing é desenvolver conhe-
CRESCEM, ESTEVE NO BRA- cimentos sólidos a abrangentes sobre como o Por quê? – Porque os consumidores com-
marketing ajuda as organizações, de modo a pram essa categoria.
SIL, A CONVITE DA GLOBO,
isolar padrões que possam ser replicados em Quando? – Quando os consumidores com-
PARA FALAR SOBRE O TEMA
diversas situações. pram os produtos/serviços da categoria.
AO MERCADO PUBLICITÁRIO
Onde? – Onde os consumidores compram.
E MEIO ACADÊMICO DE SÃO Com quem? – Junto com quem eles adqui-
Esses modelos são conhecimentos científicos
PAULO, RIO DE JANEIRO, BRA- que foram sistematizados como as “leis do marke- rem o produto/serviço da categoria.
SÍLIA E PORTO ALEGRE. A ting”, fruto do trabalho do Instituto e conteúdo Com o quê? – Junto com o que os consumi-
PROFESSORA ESCREVEU O abordado no livro Como as marcas crescem 1. dores compram/usam a categoria.
PRIMEIRO VOLUME DO LIVRO A resenha você encontra nesta edição do BIP.
Esses aspectos devem estar na mensagem
COM DIVERSOS DE SEUS CO-
Ao falar da disponibilidade mental e física dos transmitida pela comunicação da marca para
LEGAS NO EHRENBERG-BASS
produtos e serviços, a autora destacou que que ela funcione melhor e fale de forma mais
INSTITUTE FOR MARKETING
essa é uma das ações que mais geram resulta- eficaz com os consumidores.
SCIENCE, DA AUSTRÁLIA, EN-
dos para as empresas e reforçou o importante
TRE ELES BYRON SHARP, COM Saiba mais sobre os conceitos do livro Como
04.ENTREVISTA

05.ENTREVISTA
papel da publicidade. É ela a responsável por
QUEM TAMBÉM DIVIDIU A AU- criar e fortalecer o que chama de distinctive as marcas crescem nesta resenha especial-
TORIA DO SEGUNDO VOLUME. brand assets. mente preparada para os leitores do BIP.
RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

COMO AS
MARCAS
CRESCEM
SOB O TÍTULO DE COMO AS MARCAS CRESCEM (HOW
BRANDS GROW), BYRON SHARP E MAIS TRÊS PES-
QUISADORES REUNIRAM SUAS CONSTATAÇÕES EM-
PÍRICAS SOBRE A REALIDADE DE MARKETING EM UM
AMPLO LEQUE DE CATEGORIAS E MERCADOS AO RE-

07.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


DOR DO MUNDO. ESSE TRABALHO FOI REALIZADO
6.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

GRAÇAS À CONTRIBUIÇÃO DE UM GRANDE NÚMERO


DE MARCAS E EMPRESAS E AOS GRUPOS DE ESTUDO
DO EHRENBERG-BASS INSTITUTE, LIGADO À SOUTH
AUSTRALIA UNIVERSITY E AO EHRENBERG CENTRE, DA
LONDON SOUTHBANK UNIVERSITY.

OS AUTORES APONTAM DEZ “LEIS DE MARKETING”,


QUE SÃO DETALHADAS NO DECORRER DA OBRA, E AS
RAZÕES PELAS QUAIS ACREDITAM QUE DEVEM SER
SEGUIDAS POR TODAS AS MARCAS E OS RESPONSÁ-
VEIS POR ELAS.
Os autores escrevem sobre “o conhecimento mais importante contido na obra”, derivado de décadas
COMPARAÇÃO ENTRE de pesquisa sobre como os consumidores compram e as marcas competem, o que levou a três con-
O MODELO ANTIGO E PRIORIDADES clusões surpreendentes:
DO MARKETING
O NOVO MODELO DO
MARKETING 1. O crescimento de market share deriva do incremento da
popularidade; ou seja, ganhando mais compradores (de todos os
MODELO MODELO
tipos), sendo a maioria deles light buyers que adquirem a marca
ANTIGO NOVO
Na abertura do livro é feito um paralelo com ocasionalmente.
a arquitetura, que também é uma atividade
criativa, capaz de fazer obras tão belas como

2.
o Taj Mahal ou a Ópera de Sydney, mas que
Posicionamento Brand salience
não pode esquecer as leis da física, ou esses As marcas, mesmo considerando que elas têm pequenas
magníficos prédios simplesmente não ficam diferenças, competem principalmente se demonstram essa simila-
em pé ou colapsam. ridade; mas elas têm popularidades diferentes – e, consequente-
Diferenciação Distinctiveness mente diferentes market shares.
Como afirmam os autores, “o marketing nem
sempre segue as lógicas do mercado e da
gestão, por sua crença na criatividade sem
barreiras. É óbvio que essa atitude leva a
muitas falhas”.
Compreensão
da mensagem
Ser notado, reação
emocional 3. A competição entre as marcas e seu crescimento se deve
principalmente à construção de dois assets de marketing: dispo-
nibilidade física e disponibilidade mental. Marcas que são mais
Proposições Associações fáceis de ser compradas, por mais pessoas em mais situações,
E continuam: “Os profissionais de marketing
únicas de venda relevantes
deveriam levar essas leis do marketing mais a conquistam maior market share. Inovação e diferenciação, quan-
sério, respeitando-as e utilizando-as de forma do funcionam, constroem assets de marketing, que duram até as
original, e não simplesmente ignorando-as ou Construir e marcas competidoras copiarem a inovação.
Persuasão renovar estruturas
atacando-as. Pois muitas vezes o marketing
de memória
08.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

09.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


até acerta, mas sem saber exatamente por
que e, dessa forma, não consegue repetir
o sucesso. O objetivo do livro é justamente Educar A partir dessas constatações, os autores apontam que os profissionais de marketing têm que melhorar
Atingir
apresentar e discutir essas leis do marketing, o branding de seus produtos e continuamente atingir maiores audiências de light buyers a um custo
que constituem um conhecimento valioso eficiente. Eles precisam entender qual é o conjunto de seus assets de marketing e trabalhar para pro-
para entender como as coisas funcionam e Espectadores tegê-los e mantê-los atuais (freshes). Também têm que entender como os consumidores compram sua
Espectadores emotivos e
inovar nas estratégias e nas táticas, mas sem racionais marca, quando eles pensam e falam dela e como ela se encaixa na vida deles.
distraídos
contrariar a lógica”.
Como destacam, “a publicidade age, em grande medida, na renovação e, ocasionalmente, na cons-
Na sequência, um quadro mostra uma nova trução de estruturas de memória”. Assim, os profissionais de marketing têm que entender quais são os
visão das prioridades do marketing. assets da marca e garantir que a publicidade esteja continuamente fazendo com que a comunicação
reforce esses distinctive assets.
Na sequência, são apresentados três quadros que resumem as tradicionais e as novas atitudes sobre
diferentes aspectos do marketing e da publicidade.
MARKETING
COMPORTAMENTO
DOS CONSUMIDORES
DESEMPENHO
DA MARCA
PUBLICIDADE BASEADO EM
MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO EVIDÊNCIAS
ANTIGO NOVO ANTIGO NOVO ANTIGO NOVO

Crescimento pelo
A atitude O Crescimento
direcionamento Brand
leva ao comportamento pela Posicionamento
aos clientes salience
comportamento leva à atitude penetração
fiéis da marca
O primeiro ponto desenvolvido no livro é
Métricas Métricas sobre o marketing baseado em evidên-
Ser notado,
Fiéis à imprevisíveis e previsíveis e Compreensão cias, e não em teorias ou “experiências”
Trocadores reação
marca confusas em significativas em da mensagem
fiéis emocional que vão sendo transferidas de geração em
relação à marca relação à marca
geração de executivos e de categoria a
Promoções Promoções de categoria, sem a necessária comprovação
Proposições
Trocadores Trocadores de preço preço atingem Associações pela observação de suas ações práticas e
únicas de
de marca fiéis conquistam os clientes fiéis relevantes
venda reais e suas consequências mensuradas.
novos clientes existentes

Compradores Avarentos Marketing Construir e É feita uma análise sobre o caso de Crest
Marketing Persuasão
profundamente cognitivos de massa renovar estrutura vs Colgate nos Estados Unidos, onde a
dirigido
comprometidos indiferentes sofisticado de memória
líder tinha 37 pontos de market share e
Competimos a desafiante, 19. Focando apenas nos
Competimos
com base no com todas clientes fiéis, Crest tinha o dobro: 38 a 21.
Envolvimento Heurística Educar Atingir
posicionamento as marcas A maioria de clientes de Colgate era de
10.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

da categoria

11.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


trocadores (consumidores que ficam tro-
Espectadores Espectadores Campanhas cando de marca): 68%, assim como de
racionais e Diferenciação Distinctiveness Presença
emotivos e rápidas e Crest, que era de 46%. Mas ficava eviden-
engajados contínua
distraídos intensas te a superioridade competitiva da líder.

A pesquisa, como lembram os autores, fa-


ria recomendações óbvias de que Colgate
Fechando essa etapa, há a importante observação de que essas leis e conceitos não saíram de elucu- tinha que reforçar seus atributos diante de
brações acadêmicas, mas da observação da realidade do mercado em um amplo leque de categorias Crest, anunciar mais etc. Mas a melhor
e mercados ao redor do mundo, graças à contribuição de um grande número de empresas e aos gru- resposta poderia ser diferente, como as
pos de estudo do Ehrenberg-Bass Institute, ligado à South Australia University, e ao Ehrenberg Centre, “leis de marketing” apontam.
da London SouthBank University.
SERÁ QUE OS PROFISSIONAIS DE
MARKETING ESTÃO DESPERDIÇANDO O Mas isso levou a uma farta “lista de erros” comuns, que são relacionados em seguida, como
exemplo desses equívocos:
DINHEIRO DAS EMPRESAS?
Fazer alterações na embalagem que confundem as pessoas e reduzem a capacidade da

Em seguida é feita uma digressão sobre se o marketing estaria sangrando as marca de ser notada.

empresas, da mesma forma que os praticantes da medicina fizeram durante a Implementar ações publicitárias que não criam nem renovam estruturas de memória
maior parte da história, pois ficaram 2.500 anos fazendo sangria nos pacientes relevantes.
por desconhecimento das causas e consequências, matando mais do que
salvando os doentes. Só nos últimos 80 anos essa realidade começou a mudar, Deixar de pesquisar quais estruturas de memória são dedicadas à marca.
e hoje a transfusão é mais comum que a sangria. Deixar de pesquisar o que faz com que a marca seja notável.

Os autores lembram da realidade atual da hipercompetição, que tem piorado Criar peças publicitárias sem a identificação da marca (além de uma rápida aparição dela).
bastante a situação. Recordam que os profissionais de marketing muitas vezes
Investir incontáveis horas e muitos dólares em pesquisas de rastreamento inúteis que não
foram ruins de avaliação e pouco precisos na análise dos efeitos sobre o que
fundamentam decisão alguma.
pensavam, decidiam e faziam. Sempre houve grande espaço para melhoria.
Investir demais em consumidores já extremamente fiéis e negligenciar os novos compradores.
Como avaliam, muitos profissionais não estão adequadamente preparados,
Fixar os preços em níveis elevados demais e tentar compensar com descontos regulares.
mesmo hoje, quando se evoluiu bastante nesse aspecto. Depois de pontuar
a questão dos dois milênios e meio de sangria na medicina e voltando ao Desperdiçar dinheiro comprando mídia para usar em ações publicitárias rápidas e intensas e
marketing, os autores garantem que temos aprendido e ensinado mais mitos passar longos períodos em silêncio (quando os consumidores ainda estiverem comprando).
do que fatos baseados em evidências sólidas. Há poucos ensinamentos
Pagar a mais por mídia de baixo alcance.
realmente baseados em análise empírica de causa, ação e consequência.

Os médicos também fizeram assim por muitos séculos, baseados em suas


impressões, crenças, senso comum, práticas disseminadas como sendo
corretas e muito poucos dados. Ou seja, da forma como o marketing atua
LEIS BASEADAS EM PADRÕES RECORRENTES
12.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

até hoje.

13.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


A história da medicina, recordam, começou a mudar graças a trabalhos Concluindo essa abordagem inicial, os autores explicam que as pesquisas para esse livro buscaram
como o da enfermeira Florence Nightingale, que anotava em um caderno descobrir a realidade das ações de marketing e suas consequências, de modo a encontrar o ponto
suas observações sobre os tratamentos definidos pelos médicos e suas comum e construir leis baseadas em padrões recorrentes, que funcionem como as leis da física ou da
consequências. química. Um processo que é semelhante à forma pela qual a ciência opera para chegar às suas des-
cobertas e definir seus conhecimentos.
No marketing há teorias consolidadas, no estilo Kotler, como a necessidade de
diferenciação, produzir produtos superiores, vendê-los a um preço premium, ter Essas pesquisas, explicam, começaram há mais de 50 anos no Ehrenberg-Bass Institute for Marketing
como público-alvo os compradores mais prováveis e desenvolver a publicidade Science, pelos professores Andrew Ehrenberg e Gerald Goodhardt, e hoje continuam no Ehrenberg-
de forma a fazer a cabeça desse público sobre a superioridade da marca. -Bass Institute e no Ehrenberg Centre.
COMO AS MARCAS CRESCEM tes a compram com maior frequência. Como
o resultado da participação de mercado deriva
da multiplicação de um fator pelo outro, con-
de, como muitos pensam, simplesmente por-
que há um limite no volume e frequência de
consumo da categoria. A chave do crescimen-
clui-se que há marcas que têm seu sucesso to está no aumento da penetração da marca.
baseado mais em uma maior base de clientes
e outras em uma maior frequência com que Em seguida, os autores se referem aos es-
O ponto central da obra aborda a questão vezes é preciso se esforçar muito para ficar eles a compram. tudos de Les Binet e Peter Field, fundamen-
de como as marcas crescem e pontua que no mesmo lugar. tados nos resultados do IPA Effectiveness
todas as empresas de pesquisa, todos os Mas a observação da realidade do mercado Award, que apontam justamente os benefícios
consultores de estratégia e diversos outros Até mesmo soluções clássicas, como a promo- demonstra que essa diferença não é assim do aumento da penetração para as marcas
provedores de marketing asseguram ter fór- ção baseada na redução de preços, têm cada tão grande, e volumes semelhantes de parti- dominantes e desafiantes.
mulas e conselhos capazes de conseguir vez mais limites, pois o “espaço” do varejo é cipação de mercado indicam que há penetra-
isso. Mas se isso fosse verdade, seria bem cada vez mais reduzido para acomodar todas ção e frequência de compra parecidas. Esse ponto é encerrado com uma análise do
mais fácil crescer e bastava contratar alguém as marcas que lançam mão desse recurso. conceito de marcas de nicho, que geralmente
ou seguir alguma receita. Na prática, isso não Da mesma forma, a observação da realidade é utilizado para justificar a existência de marcas
acontece, e crescer é sempre mais complica- Mesmo considerando que há constantes de- também revela que a crença comum de que pequenas, de baixa penetração e participação,
do do que se imagina. bates sobre se a obsessão em aumentar ven- marcas líderes teriam mais consumidores leais e não realmente de algum nicho tão específico
das é positiva para o crescimento dos lucros também não se sustenta na observação práti- que se destaque das bases do mainstream.
O objetivo do livro, enfatizam, é justamente no longo prazo, os autores assumem que é ca, sendo que os níveis de clientes fiéis são se-
ajudar nessa tarefa, buscando apontar fatos bom saber como assegurar o crescimento e melhantes. Para comprovar essa afirmação, os
e leis derivadas da análise desses fatos. prevenir perdas. O ponto de partida para en- autores usam o exemplo do mercado de sabão
tender melhor como se dá esse crescimento em pó no Reino Unido. Também apresentam
COMO FUNCIONA
O desejo de crescer faz parte da natureza é observar as diferenças de como crescem os resultados da categoria de shampoos nesse O CROSS-SELLING
do marketing e de seus profissionais, com a as marcas com maior e menor market share. mercado, onde apesar de diferentes formula-
variação de que em alguns casos a meta é ções e grandes diferenças de participação (de Em seguida os autores trabalham sobre o
evitar perdas. Mas apesar desse objetivo co- O fato de base é que como as marcas de 11% para a líder e 1% para a sétima colocada conceito de cross-selling, outra abordagem
mum e permanente, a verdade é que crescer maior porte têm maior número de consu- no ranking), o índice de recompra não é muito comum para buscar o crescimento, ofere-
é cada vez mais difícil. Os mercados estão midores, elas estão mais bem posicionadas diferente, sendo efetivamente maior o de pene- cendo mais produtos/serviços da mesma
sempre mais competitivos que no passado, para assegurar seu crescimento, derivado da tração (13% e 3%, respectivamente). empresa para a sua base de clientes. É uma
14.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

15.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


e não é raro que o que se mostra viável é lógica de que elas geralmente chegam a essa variação da exploração da ideia da fidelidade
lutar para não perder participação, e muitas posição porque 1) têm mais clientes ou 2) es- O mesmo raciocínio foi aplicado na observa- e também não costuma funcionar tão bem
ção do mercado de shampoos nos Estados como se imagina.
Unidos e Canadá no mesmo período, onde
a lógica foi confirmada. O que levou os auto- Usando o exemplo real do mercado de servi-
res a formular a lei do duplo risco: marcas ços bancários e de seguros na Austrália, os
com menor market share têm menos compra- autores mostram que a diferença entre o nível
dores, e esses compradores são um pouco de cross-selling das marcas líderes e daque-
menos fiéis (em suas atitudes e mecanismos las com menor participação é praticamente o
de compra) porque têm menor penetração de mesmo. O que varia, de fato, é que as mar-
mercado. Assim, a vida delas é sempre bem cas com maior share vendem mais através do
mais difícil que a das marcas líderes. cross-selling simplesmente porque têm maior
penetração de mercado, uma vez que têm
E a solução não está no aumento da fidelida- uma maior base de clientes.
COMO PROMOVER O
Também é colocada em dúvida uma tradi- marca e índice de abandono, apesar de o ní-
cional “verdade” do marketing, que tem sido vel mais baixo ser da mais vendida (Pontiac,
insistentemente repetida, mas nunca foi com- com 9 pontos de share) e o segundo mais

CRESCIMENTO DE SUA provada na prática de exemplos reais em


quantidade suficiente para assumir esse man-
elevado ser da menos vendida (Honda, com
4 pontos).
dato de ciência. A frase, bastante conhecida,

BASE DE CLIENTES é de que “custa cinco vezes mais conquistar


um cliente do que manter um”. Mas como é
Outra pesquisa, feita no Reino Unido e Fran-
ça entre 1986 e 1989, demonstrou realida-
um fato da vida que as marcas de qualquer des semelhantes, com 31% para a marca
forma irão perder clientes, o resultado pode mais vendida, com 27 pontos (Ford), e 53%
ser um desastre para as marcas que não para a menos vendida, com 1 ponto (Honda),
entre 11 marcas de 11 fabricantes.
mantenham os mecanismos de constante
aquisição de maior base de clientes. Uma vez
Em qualquer das situações desses importan-
mais, a lei do duplo risco se aplica ao proces-
tes mercados e categorias seria literalmente
so de perda de clientes, e pensar que existem
impossível as marcas manterem sua posição
soluções simples e fáceis para garantir a per-
empregando a tese da ênfase apenas na ma-
manência do status quo do mercado é uma
nutenção de clientes. Os concorrentes, que
ilusão, como destacam os autores.
são dezenas, adorariam, é claro. Razão pela
qual as marcas de carro dividem seus esforços
Na realidade, as marcas líderes, mesmo per-
entre manutenção e conquista, evidentemente.
dendo clientes na mesma proporção que as
marcas menores, acabam se saindo melhor,
Referindo-se à tese de doutorado de Erica
porque têm uma base maior de consumido- Riebe (2003, perante a South Australia Uni-
res e são menos afetadas, em termos abso- versity), os autores descrevem que os resul-
lutos, pelas inevitáveis perdas. Para suportar tados obtidos acompanhando a performance
O que acontece quando as marcas crescem ou definham? Para responder a esta pergunta o raciocínio de que as perdas são inevitáveis por dez anos do mercado de medicamentos
e a conquista é fundamental, é feita menção
16.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

os autores lembram que as bases de clientes crescem pela combinação de maior aquisi- antidepressivos receitados por médicos no

17.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


ção de consumidores com a menor perda de clientes. Assim, considerando que é impos- a duas pesquisas envolvendo a realidade Reino Unido, registraram o óbvio: as marcas
sível não perder clientes, a fórmula está em fazer tudo para perder o mínimo e crescer o dos índices de troca de marcas nos merca- que mais se esforçaram em aquisição cres-
máximo possível. dos americano e europeu de carros. No caso ceram mais; e as que apostaram mais em
dos Estados Unidos, os dados são do biênio retenção acabaram perdendo espaço.
Em seguida lembram a ilusão recorrente de que é mais barato e possível reter do que con- 1989/91 e consideraram as nove marcas mais
quistar. Isso até pode acontecer em pequena escala, mas jamais irá compensar a falta de vendidas, dos cinco maiores fabricantes. Os autores fizeram uma comparação adicio-
empenho na aquisição de mais consumidores para a base histórica da marca. nal, usando o mercado de serviços bancários
Para uma penetração que oscilava entre 9% na Austrália, e concluíram que para as mar-
Mencionam o célebre artigo de Reichheld e Sasser na Harvard Business Review (1990), (1 marca), 8% (2 marcas), 7% (1), 6% (2), 5% cas que pretendem manter-se em posição
que fez um forte apelo às estratégias e práticas de retenção de clientes contra as de aqui- (2) e 4% (1 marca), os índices de abandono saudável em suas categorias o esforço de
sição, afirmando que aquelas seriam bem mais rentáveis que estas. Só que, como des- variavam entre 58% (2 marcas), 59% (1), 66% conquista não é uma opção, mas sim uma
tacam os autores desse livro sobre o crescimento das marcas, o raciocínio foi feito sobre (1), 70% (1), 71% (3) e 72% (1 marca). Mas obrigação – mesmo que o objetivo principal
teorias hipotéticas redundantes, e não sobre experiências empíricas. não havia correlação lógica entre tamanho da seja o de manter sua parcela de mercado.
QUEM SÃO OS CLIENTES Mas a verdade é oposta a isso, e nunca foi tão
COMPRADORES
MAIS IMPORTANTES? importante recuperar os conceitos e instru-
mentos do marketing de consumo de massa EVENTUAIS TAMBÉM
para convencer o maior número possível de
consumidores, cada vez mais disputados, a
FAZEM A DIFERENÇA
18.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

estabelecer ou manter seu padrão de compra

19.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


de determinada marca.
Uma dessas constatações é que aque-
Os autores destacam que os profissionais de do século passado, disseminada por Kotler
marketing mais competentes sabem que as Dados levantados por pesquisas e observa- les consumidores considerados como
e outros autores famosos, de que era preci-
marcas devem falar com todos os seus pos- ção da realidade nas últimas décadas for- compradores eventuais realmente im-
so mudar da perspectiva de falar com todos
síveis consumidores – dos lights aos heavys –, neceram aos profissionais de marketing que portam muito para as marcas líderes.
os consumidores para concentrar os esfor-
de modo a reforçar a propensão de compra e realmente querem ver, informações sobre No caso da Cola-Cola, por exemplo,
ços nos targets mais prováveis de comprar a
conquistar novas vendas. como de fato as pessoas se comportam diante pesquisas comprovam que as imen-
marca promovida. Com isso, a mídia digital e
das marcas e categorias, como estabelecem sas vendas dessa marca se devem em
outras práticas de “maior precisão” foram va- e mudam seus padrões. E analisando esses parte significativa a consumidores que
Também falam sobre o marketing de consumo
de massa e a sua anunciada morte. Depois lorizadas em detrimento de meios, estratégias dados de forma direta ou os consolidando- não poderiam ser considerados como
de lembrar os conceitos de marketing de con- e táticas que fizeram por muitas décadas o -os seguindo os mecanismos de metadados, típicos do produto, mas que são even-
sumo de massa e aquele para determinado sucesso e a riqueza das marcas mais podero- pode-se chegar a importantes conquistas de tuais. Só que a enorme soma deles faz
target, analisam a tese corrente desde o final sas do mundo. conhecimento, do gênero científico. o produto ser o líder em sua categoria.
Comparando os dados do mercado bri- Essa realidade altera de modo significativo as “Agora você já sabe como as marcas crescem
tânico com um concorrente, a Pepsi-Co- A LEI DE PARETO estratégias e táticas valorizadas – mas que ge- e como o marketing, quando eficaz, afeta as
la, é possível se observar comportamento (MAS NÃO COMO VOCÊ ralmente não atingem os melhores resultados taxas de compra. As implicações se opõem a
na mesma linha, com um percentual ainda – nas últimas duas décadas, que enfatizaram
mais significativo das vendas para os lights.
A CONHECE) em excesso as fórmulas do target marketing
muitos princípios da moda na área de marke-
ting e mesmo assim são claras e simples:
Se a análise for feita com os dados do mer- em detrimento do mass marketing tradicional.
cado americano, os padrões para as duas
marcas continuaram semelhantes, o que se
Os autores discorrem, igualmente, sobre uma
das mais conhecidas “leis do marketing”, a de
O texto segue com diversas análises sobre 1. A aquisição é vital para o crescimento e
repetirá na quase totalidade dos mercados como os consumidores têm comportamentos para a manutenção da participação de mercado.
Pareto, que afirma que 80% das vendas de diferentes entre as categorias, ao longo do tem-
relevantes para refrigerantes ao redor do
mundo. O que comprova, de forma sólida,
que os consumidores lights realmente im-
um produto/serviço derivam de 20% de seus
principais consumidores.
po e seguindo a dinâmica da mudança de sua
vida e de seus hábitos. O que dificulta em muito
2. Atingir todos os compradores da marca
o processo de definição do que falar, como falar é vital, especialmente os eventuais, ocasionais.
portam para as marcas de produtos de con-
Em suas observações da realidade do mer- e através de qual mídia em cada momento da
sumo de massa que estão na liderança de
cado, os autores constataram que apesar marca vs. mercado vs. consumidores. “Essa é uma receita para o marketing de mas-
suas categorias.
de o princípio ser válido, muito raramente se sa mais inteligente, o que não surpreende, já
Como observam os autores, raramente os chega à simplificação dos 80/20. Em catego- É uma equação complexa, que demanda a que foi o marketing de massa (e não o CRM, o
profissionais de marketing têm consciência rias como a de refrigerantes, os padrões de busca de denominadores comuns para não marketing de relacionamento ou os programas
de quão baixa é a frequência e o volume consumo são muito diferentes e se afastam se perder em uma infinidade de alternativas e de fidelidade) que criou a maioria das marcas
médio de consumo da maioria dos compra- bastante desses 80/20. Em outras, como de se poder traçar alguns padrões mais constan- líderes de hoje. Mas não precisa ser uma re-
dores de sua marca e quão relevante esses combustível para proprietários de carros que tes, que possam ser aplicados e calibrados na ceita para um marketing de massa simplório
light buyers são para manter sua posição no os utilizam com frequência, os padrões são prática do mercado, gerando experimentação e sem sofisticação. Atingir todos os compra-
mercado. mais homogêneos, mas os 80/20 também empírica e conhecimento relevante. dores potenciais de uma marca, no momento
não são uma representação perfeita.
É claro que a outra ponta desse espectro, certo e a um baixo custo, é complicado, e ain-
Os autores chamaram essa abordagem de lei da
dos heavy buyers, é bastante significativa e da temos muito a aprender. A revolução digital
Após apresentar uma série de gráficos sobre o moderação do comprador, que determina que ao
20.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

21.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


representa uma parcela expressiva das ven- está criando novas oportunidades para atingir
comportamento entre a participação dos light longo do tempo os heavy buyers compram menos
das – mas em geral não tanto que se possa os consumidores de maneiras diferentes, em
e heavy buyers em diferentes mercados e ca- do que no período-base utilizado para categorizá-
viver exclusivamente deles. momentos diferentes – para sermos mais rele-
tegorias – e também entre diferentes períodos -los como heavys. Da mesma forma, os light buyers
Do ponto de vista da comunicação, é mais de tempo, eles concluíram que talvez a fórmu- compram com maior frequência e alguns não com- vantes e nos encaixarmos melhor na vida he-
fácil atingir esses heavy buyers e motivá-los la mais comum da Lei de Pareto seja 60/20 e pradores se transformam em light buyers. Esse fe- terogênea de nossos compradores. Estamos
com o discurso da marca, mas como isso é 40/80. Ou seja, um pouco mais que metade nômeno ocorre mesmo quando não há uma mu- diante de grandes oportunidades para realizar
insuficiente, não se escapa do enorme de- das vendas de uma marca tem origem nos dança real no comportamento dos compradores. um marketing de massa sofisticado.
safio de falar com a multidão de light buyers 20% de consumidores que mais consomem.
de um modo que se possa “tocá-los”, ou As demais vendas, algo na faixa de 40%, vêm No final dessa análise, a título de conclusão, “Quais são os compradores que precisamos
seja, atingi-los e convencê-los. dos outros 80% de compradores. está um dos trechos mais relevantes dos ensi- atingir? Quem são eles? Como podemos iden-
namentos do livro, reproduzido a seguir: tificá-los?”
NOSSOS CLIENTES PERFIL DE GÊNERO PARA TIPOS DIFERENTES DE REFRIGERANTES

SÃO DIFERENTES Participação de mercado em um grupo


demográfico específico Refrigerante regular (%) Refrigerante diet (%)

Mercado em geral 63 35

Homens 66 33

Mulheres 60 37
A análise deste ponto começa com uma frase muito se registrou entre os portadores de diversos cartões
significativa: “A boa notícia é que seus clientes são de crédito britânicos. Até mesmo marcas inicialmente Famílias de uma pessoa (solteiros) 60 38
exatamente como os clientes de seu concorrente direcionadas para targets bem específicos acabaram
Família de três ou mais pessoas 64 34
e os clientes de seus concorrentes são exatamen- tendo uma base de clientes muito semelhante aos
te como os seus. Nada o impede de conquistar os consumidores do padrão médio da categoria. Com crianças na família 65 32
compradores dos concorrentes. Pensando assim, Sem crianças na família 61 38
faz sentido direcionar-se ao mercado todo”. É relatado o caso de um chocolate inglês, Yorkie,
direcionado para homens desde a formulação do <34 anos 74 24
Em seguida, é pontuado o fato de que apesar da produto até o conteúdo de sua publicidade, passan-
55-74 anos 59 38
crença generalizada de que os consumidores de do pela embalagem e PDV, que acabou, na média,
cada marca são diferentes, isso não corresponde à tendo 56% de seus consumidores entre os homens Classe socioeconômica AB 59 38
realidade na esmagadora maioria dos casos. É então e 44% entre mulheres (com algumas variáveis mais Classe socioeconômica E 66 32
relatada uma pesquisa, feita em 1959, por um pro- acentuadas para alguns de seus tipos específicos).
fessor da Universidade do Havaí, que estudou o pro-
prietário de um carro da Ford e outro da Chevrolet, Depois de relatar estudos sobre posse de cartão de
Depois de outro exemplo da tese encontrado na essa diferenciação é pouco produtiva em termos
concluindo que eles eram essencialmente parecidos. crédito na Austrália e turistas de países de todo o
categoria de amaciantes no mercado americano, de custo/benefício.
mundo, com conclusões muito semelhantes, os au-
os autores reforçam as implicações dessa lei de
Após o choque e a discussão inicial, experimentos tores definem mais uma de suas leis de marketing: a
marketing: “A maior constatação é que as bases É feita a ressalva, porém, para diferenças substan-
semelhantes foram conduzidos em diversas catego- utilização leva à atitude (ou eu amo minha mãe e
de clientes de marcas de uma categoria são bas- tivas nos produtos/serviços em si, como caracte-
rias, mercados e momentos, com conclusões muito você ama a sua). Compradores de diferentes mar-
22.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

23.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


tante semelhantes, exceto o número de compra- rísticas funcionais, expressivas variações de preço,
parecidas. Mas o pessoal de marketing simplesmente cas exprimem percepções e atitudes muito similares
dores. Uma maneira de ver isso é pensar que não canais de distribuição etc. Mas não em virtude de
esqueceu do assunto e continuou batendo na tecla sobre suas respectivas marcas.
existe um comprador de sorvete de baunilha e um diferenças simplesmente decorativas.
de que os clientes de cada marca seriam diferentes. tipo diferente de pessoa que compra sorvete de
Comprovando essa semelhança de comportamento
morango, mas só compradores de sorvete que às O histórico das marcas, seu posicionamento e di-
Estudos mais sofisticados, incluindo dezenas de va- dos consumidores, mesmo em categorias com mui-
vezes compram sorvete de baunilha e muito oca- ferentes parcelas de mercado podem até justificar
riáveis, foram feitos, inclusive pelos professores que tas variações de características adicionais, é relatada
sionalmente compram sorvete de morango”. essa diferenciação, mas no fundo têm mais a ver
iniciaram de forma pioneira as pesquisas que levaram a consolidação de estudos feitos ao redor do mundo
mesmo com a penetração, distribuição e fama/re-
a esse livro, e os resultados nunca foram significati- sobre os refrigerantes, que apresentam muitas variá-
Por essa razão os autores acham que não há mui- putação da marca do que com essa diferenciação
vamente diferentes. veis “inventadas” adicionalmente às básicas, que são
to sentido em definições de perfis para a mesma idealizada pelo marketing.
“regular” e “diet/low sugar”. No quadro a seguir fica
categoria de produto, como “nosso foco são mu-
Comparação entre as diversas – e posicionadas de clara a semelhança de comportamento de consumo, A boa notícia é que o campo de competição tende
lheres com filhos” ou “mulheres solteiras” ou “re-
maneira diferente – marcas de cerveja vendidas no Ca- independente das variáveis sociodemográficas, em
cém-casadas” e assim por diante. Podem até ser a ser bem mais vasto do que se imagina, pois no
nadá também revelou mais similaridades do que dife- relação aos tipos básicos – e mais substancialmente
registradas diferenças, em função da insistência fundo todos competem por consumidores seme-
renças entre os seus bebedores. O mesmo fenômeno diferenciados – do produto.
no foco em algum grupo particular, mas no fundo lhantes nas mesmas categorias.
Usando um exemplo fácil de constatar, o livro aponta pesquisas no mercado britânico de refrigerantes, onde o
consumo da líder Coca-Cola é altíssimo entre os consumidores regulares de Diet Coke, Fanta ou Pepsi, atingindo

QUEM REALMENTE SÃO


a média de 69% deles.

E o mais relevante dessa análise, apontam os autores, não é apenas que a marca competidora, Pepsi, divide boa

SEUS CONCORRENTES?
parte de seus consumidores com a líder Coca, mas que produtos com uma abordagem diferenciada, como Diet
Coke ou Fanta, também têm que dividir seus clientes com a marca dominante.

E como esse overlap de consumidores acontece na grande maioria das categorias, foi possível chegar a mais
uma lei de marketing, a da duplicação da compra. A base de consumidores de uma marca faz um overlap com
as marcas rivais de forma alinhada com seu market share (ou seja, uma marca divide um número maior de seus
consumidores com as marcas que mais vendem e um numero menor com as marcas que menos vendem).

Para suportar essa afirmação é empregado o panorama da duplicação da compra de sorvetes no Reino Unido em
2005, conforme o quadro a seguir.

DUPLICAÇÃO DA COMPRA: SORVETES, 2005

Compradores que também compraram outra marca (%)


Compradores Walls Walls Ben & Häagen
da marca Carte D´Or Dessert Jerry´s Dazs Nestlé Walls Mars
Walls Carte D´Or - 15 8 8 9 5 4
Walls Dessert 34 - 7 8 9 4 3
Ben & Jerry´s 38 14 - 26 13 7 8
Häagen Dazs 37 17 26 - 8 7 8
O objetivo aqui é discutir como de fato acontece a competição entre as marcas. Nestlé 39 17 12 7 - 8 9
Para começar, é feito um retrospecto do que Kotler e outros teóricos do marketing
24.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

25.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


Walls 37 14 12 11 15 - 11
definiram como as três eras do marketing, começando pelo período do mass marke-
ting, passando pela etapa do product-variety marketing e chegando ao atual target Mars 41 12 18 17 22 13 -
marketing. Média 38 15 14 13 13 7 7

Mas os autores colocam em dúvida a lógica desse marketing mais dirigido, come-
Ficam evidenciados a maior força da marca líder (Carte D´Or), com a qual a maioria das marcas divide
çando pelo fato de que o mercado é finito e não comporta a imensa variedade de
parte expressiva de seus compradores, e os limites da marca de menor venda, que atrai menos con-
segmentos necessária para a tese do target marketing ficar de pé. Eles lembram que
sumidores das demais.
“dar um nome a um segmento não faz com que ele de fato exista”. Dessa forma,
inúmeras empresas caíram na armadilha de um processo ilusório de acreditar que
Essa realidade, transferível para a maioria das categorias de mercado, indica que tem mais sentido
cada marca poderia ter seu próprio pedaço ou nicho exclusivo.
pensar na divisão em partições do mercado do que no posicionamento. Haverá mais realidade e
chance de sucesso na abordagem de que as marcas irão dividir o volume da categoria a partir das
diferenças de seus produtos/serviços, do que na fantasia de que cada qual poderá ter seu pedaço
exclusivo da categoria.
Para reforçar a tese que deu origem a essa “lei de marketing”, é apresentado tanto o mapeamento da percepção
das características e significados das marcas de leite aromatizado no mercado australiano como a divisão real do
comportamento de compra da mesma categoria (conforme a seguir).
O COMPROMISSO
APAIXONADO COM
DUPLICAÇÃO DA COMPRA: LEITES AROMATIZADOS

Compradores que também compraram outra marca (%) O CONSUMIDOR


Compradores Farmer’s Dairy Take Feel
da marca Union Vale Care Max Good

Farmer’s Union - 21 8 6 5

Dairy Vale 43 - 5 5 5

Take Care 52 16 - 0 20

Max 45 20 0 - 0

Feel Good 53 27 33 0 - Na sequência, é analisada e debatida a questão das relações dos con-
Média 48 21 12 3 8 sumidores mais compromissados com as marcas, ponto sobre o qual
muito se tem escrito e falado nos últimos tempos, apesar da falta de
fundamentos mais sólidos para diversas afirmações e teses nessa linha.

O primeiro caso analisado foi o amplo teste cego de 2004 entre Coca e
IMPLICAÇÕES PARA A GESTÃO DE PORTFÓLIO DE MARCAS Pepsi (mas não aquele mais simples da Pepsi Challenge), que inspirou
um grande número de conclusões. A mais interessante para o ponto
Essa visão da realidade da divisão em partições contra a ilusão do posicionamento, segundo os auto- em discussão é que havia uma evidente preferência pela Coca quando
res, ajuda a fazer uma gestão mais equilibrada do portfólio de marcas da mesma empresa, pois a soma a pessoa sabia que esta era a marca que iria beber. A mesma prefe-
de pedaços do mercado ajuda a manter a liderança de negócios, especialmente se a empresa for a rência não ocorria quando a bebida era a Pepsi. O que demonstrava a
dona da marca líder. Exemplos práticos não faltam, como apontam: Coca-Cola Co., General Motors, força das conexões emocionais mais familiares avivadas pela presença
26.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

27.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


Mars ou P&G. das expressões da marca líder.

Da mesma forma, o fato de o maior competidor de uma marca ser uma outra que se apresenta de Em seguida os autores abordam a questão da lealdade à marca, que
forma diferente na mesma categoria, não impede que elas dividam grande parte das compras dos eles consideram como parte do comportamento do consumidor, até
consumidores entre si, caso do Visa e Amex ou do McDonalds, KFC e Subway. mesmo como um fator de facilitação de sua vida no processo de com-
pra de produtos comoditizados.
O que os gestores do portfólio devem assegurar é que suas marcas sejam suficientemente “distintivas”
entre elas e das outras que competem na mesma categoria e que não abusem das promoções de pre- Entre os exemplos mencionados, um é particularmente interessante,
ço, além de manter sua competitividade no processo de canibalização entre as demais da categoria, pois se refere ao consumo de canais de TV nos Estados Unidos. Nos
inclusive contra as de sua própria família. serviços a cabo com a oferta média de 40 canais, o consumo semanal
regular não passa de 12 canais. Se o número de canais disponíveis vai
Finalizando, pontua-se que as decisões sobre lançar, reforçar, reposicionar e manter as marcas devem a 80, o consumo médio não se afasta muito desses 12. E se mantém
estar fundamentadas não em sua semelhança com as demais da categoria, mas sim na sua viabilida- nesse nível mesmo quando o total disponível vai a 200 canais.
de, custos e operacionalidade.
Outro importante ponto comentado é o conceito de lealdade dividida, pois os consumidores não são A LEI DO
fiéis a uma única marca em cada categoria; eles são naturalmente “polígamos” e tendem a oscilar sua MONOPÓLIO NATURAL
preferência para mais de uma marca. Nas categorias compradas com pouca frequência existe a pro-
babilidade maior de haver exclusividade na lealdade, mas isso foge do padrão médio. Do outro lado,
Em seguida, é analisado o ponto de que as mar- cas, a lealdade é mais um processo de facilitação
quando há maior frequência de compra, há mais variação no índice de lealdade.
cas com maior market share atraem uma propor- da vida dos consumidores do que algo grandio-
ção maior dos light buyers da categoria, fato que so, como muitos vendem e alguns acreditam.
O quadro a seguir mostra como acontece na prática essa variação do índice de lealdade para as três
marcas líderes em cinco categorias de mercado no Reino Unido. pode ser sistematizado na lei do monopólio
Os aspectos relacionados ao conhecimento, ati-
natural. O grande exemplo é: se um habitante
tudes e intenções dos consumidores para com
do Reino Unido comprar uma lata de refrigeran-
as marcas existem e têm importante utilidade,
OS COMPRADORES 100% FIÉIS À MARCA SÃO A MINORIA te por ano, há uma enorme possibilidade de ser
desde que não sejam percebidos de forma exa-
Coca-Cola. E se for comprar um único pacote de
gerada ou ilusória. A forma de pensar, fazer e in-
Produto Taxa anual de compra Tamanho da marca Compradores 100% fiéis chips no ano, muito provavelmente será Walkers.
terpretar pesquisas tem que ser abordada com
da categoria (média) (participação do mercado) entre os compradores da marca (%)
Continuando, o texto aborda a questão de que essa perspectiva da realidade, sem subestimar
Analgésicos 5,1 a lealdade às marcas é algo natural, prosaico, os consumidores e com os cuidados técnicos e

e não necessariamente fruto de uma paixão do bom senso indicados.
Tesco (*) 22 37
Nurofen 8 28 consumidor – como alguns textos de marketing
Boots * 3
( )
26 Continuando, é tratada a questão dos consumi-
acreditam que seja. Dentro desses parâmetros
Panadol 2 29 dores apaixonados, até fanáticos, pelas marcas.
realistas, a lealdade está em todas as categorias
Eles são poucos – e às vezes são inclusive light
Desodorantes 5,6 e grupos de consumidores.
buyers –, mas têm grande importância e devem
Lynx 17 21 ser atendidos em toda a extensão de seu amor e
Os autores criticam diretamente os exageros
Dove 7 17 entusiasmo por elas.
Tesco (*) 4 14 nesse aspecto da lealdade, que teria várias ori-
Nivea 2 10 gens, da fantasia de que os consumidores farão
Os casos da Harley Davidson e da Apple são
a tarefa do marketing à tentativa de cumprir essa
lembrados como exemplos de marcas capazes
Batatas chips 17,5 função comercial de um modo mais glamoroso
de suscitar esse movimento de paixão, e essa
Walkers 68 37 do que de fato é.
característica tem sido bem empregada pelas
KP 7 6
28.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

29.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


Essa interpretação exagerada e fora da realidade marcas em seu marketing. Mas, lembrando que
Kettle Foods 1 10
tem feito profissionais de markerting e boa parte a vida das marcas não é fácil, isso não impediu
Cereais matinais 21,5 que as motos japonesas e os PCs baratos da
prontos para o consumo da cadeia de fornecedores da área assumirem
posturas equivocadas e sem futuro, imaginando China inundassem o mercado e até liderassem
Kellogg’s 29 7
Cereal Partners 17 2 uma realidade cor-de-rosa para as marcas que suas categorias.
Weet-bix 9 2 simplesmente não existe.
Fechando o tema, são exibidos os registros de
Iogurtes 29,7 Da mesma maneira que consumidores se tornam dados de 2002-3 sobre o nível de fidelidade de

Muller 24 7 leais a uma marca por razões prosaicas e de for- algumas marcas de computadores, que indicam
Muller Light 14 4 ma prosaica, eles facilmente abandonam essa os seguintes índices de lealdade na recompra
Ski 4 2 dessa categoria: Dell, 71%; Apple, 55%; HP/
lealdade ou a dividem com outras marcas.
Danone 3 2 Compaq, 52%; e Gateway, 52%. Ou seja, nem
* Marcas próprias do Supermercado Tesco e da Boots Drugstore
( )
Com a necessidade de navegar entre dezenas de mesmo as marcas mais admiradas e amadas es-
categorias e centenas, senão milhares de mar- tão com a vida ganha.
O outro ponto analisado é a “personalidade tárias indica que esses exemplos permane-
da marca”. O conceito foi derivado da ideia cem uma rigorosa exceção.

DIFERENCIAÇÃO VERSUS pioneira de que a personalidade do compra-


dor tinha uma relação direta com a marca Essa ideia da diferenciação significativa e
escolhida, o que se mostrou pouco relacio- percebida está por trás do conceito do USP

DISTINCTIVENESS nado ao tamanho do sucesso das marcas.


Autores como David Aaker, agências de
– Unique Selling Proposition (de Rosser Re-
eves, em 1961), muito falado, pouco prati-
publicidade e empresas de pesquisas em- cado e com raras consequências competiti-
barcaram, sob os olhares complacentes dos vas sustentáveis ao longo do tempo.
profissionais de marketing, nessa “viagem”
de que definir e construir uma personalidade A verdade, concluem os autores ao final des-
gera vantagem competitiva para as marcas. ses pontos, é que a tese levantou uma gran-
Mais uma vez, porém, a baixa relação do de quantidade de dúvidas e aplicabilidade ao
conceito com a realidade dos mercados não longo dos anos e ofereceu poucas evidên-
A primeira frase da análise deste aspecto de uma diferença significativa para decidir
dá sustentação prática a essa abordagem. cias empíricas de ação e consequência.
vai direto ao ponto: “Em vez de tentar de- pela compra de uma marca? E dão as res-
senvolver uma diferenciação percebida sig- postas: 1) Basicamente não, pois essa não
Discorrendo sobre as “associações únicas” “A diferenciação no mundo real” é a questão
nificativa, os profissionais de marketing de- é a principal função da publicidade; 2) Não.
das marcas, os autores também alertam abordada a seguir. E o tema começa a ser
veriam buscar atingir uma distinctiveness
Prosseguindo, alertam que as respostas a que pesquisas não confirmam que os con- explorado com a constatação de que “nin-
não significativa. Afinal, a marca perdura,
essas questões estão no cerne das cren- sumidores fazem uma relação direta entre guém duvida da existência da diferenciação.
mas a diferenciação não”.
ças sobre a alegada necessidade de gerar determinada marca e seu atributo principal
A ideia de que as marcas são produtos idên-
Na sequência, os autores comentam o fato diferenciação e que a contribuição da ob- por ela promovido. Uma dessas pesquisas,
ticos, como commodities, não passa de fic-
de que a defesa da diferenciação é ponto servação empírica é de grande valia para conduzida por um dos autores do livro, in-
ção. Para começar, elas têm nomes diferen-
comum de quase todos os livros de marke- se entender a real dimensão do problema. dica que de 130 marcas estudadas em 13
tes, que são utilizados pelos compradores
ting. A questão, alertam, é que na práti- categorias, apenas 3% das pessoas fazem
para desenvolver sua fidelidade e demons-
Analisando o que definiram como “valores essa relação com uma das marcas concor-
ca de mercado ela é pouco usual. Mas é trar suas preferências”.
especiais” das marcas, observam que ge- rentes. O que acontece na prática é que
evidente, comentam, que se um produto/
ralmente as pesquisas feitas para mensu- esse tipo de associação só acontece de
serviço consegue ser efetiva e perceptivel- Mesmo sabendo que existe, não é fá-
rar isso junto aos consumidores são vicia-
30.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

modo relevante quando se trata de uma ca-

31.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


mente diferenciado, o que é coisa para bem cil para o marketing distinguir e promover
das na origem, trabalhando com conceitos tegoria com poucos concorrentes e um líder
poucos, isso é muito positivo e competitivo. essa diferenciação, inclusive porque é difí-
e palavras que induzem às respostas pre- claramente destacado.
cil isolar o que é percebido de fato pelos
Mas o mercado, insistem, tem uma massa tendidas e feitas junto a segmentos da
população com tendência a chegar às A partir de alguns poucos exemplos de su- consumidores e interfere nas suas decisões
de marcas basicamente iguais, e existem
conclusões previamente imaginadas. Isso cesso, passou-se a advogar a diferenciação de compra. Já foi visto que a lealdade às
muitos exemplos de líderes de mercado
tranquiliza os profissionais de marketing e objetiva (como a dos computadores Apple) marcas não tende a ser uma exclusividade,
que são essencialmente iguais às marcas
seus fornecedores sobre a eficiência de ou subjetiva (como o Marlboro Man), devi- nem mesmo das líderes. Da mesma forma,
que competem contra elas.
seu trabalho, mas não analisa a realidade damente percebidas pelos consumidores, a percepção dessa diferenciação para os
Continuando suas provocações sobre o com a neutralidade que deveria haver e como o santo graal do marketing e o passa- grupos de consumidores tem certa fluidez,
que se cristalizou como senso comum no acabam reforçando a abordagem da dife- porte para o sucesso. Mas a simples obser- e não é raro que o mesmo grupo oscile
marketing, eles fazem duas perguntas: 1) A renciação, que acabou adquirindo um valor vação da realidade da quase totalidade dos suas compras entre mais de uma marca
publicidade pode atribuir às marcas valores e gerando uma necessidade acima do que produtos/serviços e das campanhas publici- com características semelhantes.
especiais? e 2) Os consumidores precisam seria razoável.
O conceito de divisão em partições do mer- conseguem gerar no mercado. Só que, Além desses exemplos pontuais, os autores afir- ção ser baixo, ela está mais relacionada a dife-
cado sugere que as marcas que conseguem uma vez mais, o que se observa na prática mam que a média de todas as pesquisas que renças estruturais e funcionais do que à imagem,
gerar maior diferenciação (por qualquer ra- de mercado é que os níveis de percepção analisaram indica que apenas 10% dos consumi- levando à conclusão de que no fundo os consu-
zão) acabam dividindo menos consumido- são baixos, seja em relação às marcas em dores acham que as marcas que compram são midores não precisam “ver” uma diferença para
res com outras e se beneficiam, enquanto si, seja na comparação com as demais na diferentes. Há o registro de marcas bem diferen- comprar ou continuar comprando uma marca.
as marcas com menor diferenciação têm mesma categoria. ciadas, mas elas são muito poucas. Como no
que dividir mais consumidores e têm sua caso do Aldi (supermercado que só vende pro- Mesmo quando se analisa o que acontece em
vida menos facilitada. Para exemplificar esse ponto, os autores dutos a granel e de marcas pouco conhecidas), relação às categorias como um todo, a diferen-
utilizam duas pesquisas a respeito da per- que é percebido por 67% como “diferente”, ou ciação não se revela como um determinante
Consequentemente, a chave está na “per- cepção sobre as marcas no Reino Unido e do Subway, que tem 50% de “único”, sem igual. essencial para as marcas competirem entre si
cepção da diferenciação” que as marcas na Austrália. em cada uma delas. O quadro sobre esse ponto
Além de o padrão de percepção da diferencia- deixa isso bem claro.

PERCEPÇÕES DE DIFERENCIAÇÃO DE USUÁRIOS DE MARCAS EXEMPLOS DE RESULTADOS NO NÍVEL DE CATEGORIA


NA CATEGORIA DE REFRIGERANTES (REINO UNIDO)
Compradores que
Compradores Compradores Compradores que consideram que pelo
Marca Diferente (%) Sem igual (%) Ou um ou outro (%) que consideram a que consideram a consideram a marca menos uma marca
Coca-Cola 8 13 19 Categorias marca diferente marca sem igual diferente ou sem igual possui um dos atributos
Diet Coke 9 8 15 Bebidas destiladas 20 27 36 71
Pepsi-Cola 7 10 15 Supermercados 25 21 31 72
Fanta 8 5 12 Cosméticos 17 21 30 66
Pepsi Max 9 10 19
Sorvetes 14 11 20 43
Schweppes 6 9 13
Fast-food 16 13 20 64
Canada Dry 10 9 17
Bancos 13 10 18 73
Média 9 9 16
Refrigerantes 11 9 18 76
Condimentos 10 9 17 67
32.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

33.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


Sucos naturais 11 8 16 51
PERCEPÇÕES DE DIFERENCIAÇÃO DE USUÁRIOS DE Molhos prontos 9 7 14 53
MARCA NA CATEGORIA DE BANCOS (AUSTRÁLIA)
Tecnologia de informação 9 10 14 44
Marca Diferente (%) Sem igual (%) Ou um ou outro (%)
Sopas 8 5 12 35
ANZ 12 4 15
Iogurtes 8 5 11 43
CBA 12 12 19
Carros 9 6 11 66
NAB 8 12 12
Água mineral 6 6 10 32
Westpac 9 6 11
St George 26 16 32 Eletroeletrônicos 4 6 8 47

Média 13 10 18 Média 11 10 17 54
As pesquisas empíricas revelam até dados sur- O modelo vai além do design da diferenciação desenvolver, renovar ou reforçar as estruturas de identificam para a categoria como um todo –
preendentes, como o fato de que a maioria dos tradicional, baseada em teorias que apostam memória do consumidor ou facilitar a compra, desde, é claro, que a marca puder relacioná-los
compradores do Apple (77%) não percebe a mais em suposições do que em constatações tornando a marca mais fácil de localizar”. como sendo os mais verdadeiros em relação a
marca como diferente ou única – mesmo con- empíricas, e pode ser um bom instrumento para ela própria.
“Quanto mais fortes e renovadas forem as asso-
siderando sua aparência muito peculiar e o fato navegar por uma abordagem mais relacionada à
ciações entre esses elementos diferenciadores e Antes de concluir o tema observando que
de usar um sistema operacional próprio. realidade: a distinctiveness.
o nome da marca, mais facilidade o consumidor essa mudança de foco da diferenciação para
Com tudo isso, os autores concluem que a di- terá de identificar a marca.” a distinctiveness implica profundas mudanças
ferenciação na prática não é assim tão relevante na forma de pensar, realizar e interpretar
Na sequência, os autores advogam que quanto
para ser percebida pelos consumidores e fazer o
sucesso da marca e que ela não é o fator mais
DISTINCTIVENESS: UMA mais distintiva for a marca, melhor tanto para a
pesquisas, os autores definem com maestria
como ela, a distinctiveness, deve ser abordada
preponderante para os compradores decidirem NOVA PERSPECTIVA empresa como para o consumidor. E lembram
pelas empresas e suas áreas de marketing:
por sua compra. Outras razões, portanto, devem que a vantagem dos elementos distintivos é que
“Para criar elementos diferenciadores robustos,
ser investigadas. Esse é o desafio que se coloca eles podem inclusive ter proteção legal contra
Os autores destacam uma alternativa para a di- a marca precisa ser comunicada contínua e
para ser uma perspectiva mais prática e funcio- seu uso pela concorrência.
ferenciação, que é muito difícil de se conseguir sistematicamente aos consumidores em todos
nal do marketing: o que leva de fato os consumi- As marcas deveriam, portanto, cuidar com ex- os meios de comunicação. A importância
e não produz todos os esperados efeitos prá-
dores a comprar uma marca e não outra. tremo cuidado da formação de seus distinctive- da sistematização e da continuidade já
ticos no mercado. Eles chamaram essa opção
Para essa tarefa de entender o que motiva os de distinctiveness. A capacidade de as marcas ness assets (propriedades), cujo valor deriva da foi enfatizada por muitos especialistas em
consumidores e o que fazer para gerir melhor se fazerem distintas de suas concorrentes. Essa combinação de duas características: 1) caráter branding e especialmente pelos proponentes
essas variáveis, eles lembram a existência do abordagem faz a marca ser ainda mais relevante único; e 2) predomínio. das comunicações integradas de marketing.
Modelo NBD-Dirichlet, que é um modelo ma- do que sempre se imaginou que seria. No entanto, essa ênfase em geral diz respeito
E essas características precisam ser avaliadas
temático sobre como os compradores variam à mensagem e ao posicionamento da marca, e
Como se sabe, o propósito inicial e fundamental sob a perspectiva dos consumidores, uma vez
suas propensões de compra, ou seja, quão não aos elementos visuais, verbais ou estilísticos
34.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

35.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


da marca é o de identificar a origem do produ- que não é raro que um elemento de distinção
frequentemente compram a categoria e quais do branding. Muitas estratégias de marca deixam
to e serviço. Além do nome, que é legalmente seja glorificado por profissionais de marketing e
marcas compram. O modelo foi desenvolvido de incluir a sistematização e a continuidade das
único, a marca pode desenvolver diversos tipos suas agências, mas não seja valorizado pelos
por Goodhardt, Ehrenberg & Chatfield em 1984 ações de identidade, sobretudo em diferentes
de elementos identificadores distintivos, como consumidores sob a perspectiva de ser direta,
e vem sendo aprimorado desde então. Sua ori- campanhas. Por exemplo, quando uma nova
cor, logo, slogan, símbolo, porta-voz (geralmen- adequada e prevalentemente relacionado a de-
gem foi a observação empírica do que acontece campanha é desenvolvida, a maior parte da
te uma celebridade) e até seu estilo publicitário. terminada marca.
em dezenas de categorias de produtos, em di- atenção é voltada para criar elementos novos e
ferentes países e ao longo do tempo, e orienta Como o próprio texto do livro define, “um elemen- A evidência de que os atributos de imagem que originais. Entretanto, os profissionais de marketing
os gestores de marketing a fazer suas propo- to diferenciador é qualquer elemento que mostra descrevem a categoria do produto/serviço se precisam se certificar de “que os elementos
sições de conformação das características de às pessoas a marca à qual um produto pertence. destacam mais que os atributos mais distan- de branding sejam similares e coerentes. Uma
suas marcas e selecionar aquelas com maior Esses elementos podem ser utilizados na emba- tes dos seus protótipos leva a mais uma lei de pessoa que viu a última campanha de marketing
potencial produtivo. É uma das poucas teo- lagem e na publicidade, em displays nos pontos marketing proposta pelos autores: a lei da pro- deve saber que a nova campanha é da mesma
rias de marketing realmente científicas, e seus de venda e nos patrocínios, ou seja, em qual- totipicidade, ou seja, será mais evidente e for- marca. É só com uma coerência contínua e
detalhes técnicos podem ser conhecidos em quer ação de marketing para que o consumidor te a distinctiveness da marca que incorporar ao disciplinada que os distinctiveness assets de
<www.MarketingScience.info>. identifique a marca. Eles podem ser usados para máximo aqueles atributos que os consumidores uma marca podem ser criados”.
Outro ponto importante é que parte do impacto vendas, e motivá-los ao consumo com maior fre-
da publicidade acontece ao longo do tempo, pelo quência que seu padrão.
acúmulo de seu efeito. Isso acontece particular-
mente com as maiores marcas, que investem em Além disso, a publicidade da promoção funciona
outras ações de marketing e também não inves- como reforço da memória sobre a marca para os
tem o suficiente para alterar o status quo da cate- heavy buyers e meio de atração aos não consu-
goria em velocidade que seja evidenciada. midores. Dessa forma, além das vendas imedia-
tas majoradas no período da promoção, também
Bart Flaherty apresentou no Congresso da Eso- existe um efeito posterior, cumulativo, que não

COMO A PUBLICIDADE
mar de 2007 um trabalho sobre uma experiência pode deixar de ser considerado.
feita justamente para mensurar o efeito da publi-
cidade. Ele não revelou a marca e a categoria,

REALMENTE FUNCIONA
mas os resultados são bastante evidentes. Usan-
do como base um mês sem publicidade de um
produto que vinha declinando em vendas, foram
SE OS COMPRADORES
mensurados seus efeitos em mil lares, nos dois NÃO NOTAREM (E NÃO
meses seguintes com uma campanha no ar, mas PROCESSAREM), SERÁ
separando os que haviam sido expostos à cam-
panha e os que não tinham sido atingidos. TUDO EM VÃO
Iniciando suas considerações, os autores lem- a mais precisa. Dessa forma, os financeiros e
bram que “os campos da neurociência e da CEOs não têm muita certeza do quanto ela fun- Os lares que não foram expostos à campanha
Na sequência da análise sobre a publicidade e seus
psicologia recentemente ampliaram nossa com- ciona em termos de alavancar vendas. Razão saíram de um patamar de US$ 257 de compra
efeitos, é abordada a questão de como a publici-
preensão do funcionamento da memória e do pela qual os profissionais de marketing buscam da marca para US$ 212 no mês seguinte e para
dade funciona na cabeça do consumidor, pois a
cérebro. Essas descobertas têm importantes outras métricas, como brand equity, envolvi- US$ 192 no subsequente. Nos lares expostos,
propaganda não pode construir estruturas de me-
implicações para a publicidade, porque ele atua mento com a marca e lealdade – o que acaba houve uma queda para US$ 250, mas um retor-
mória se não for processada; as estruturas de me-
criando e renovando memórias. Hoje se sabe não ajudando muito a desfazer as dúvidas so- no a US$ 258 em seguida.
mória não podem gerar vendas se não estiverem
que grande parte do processo de pensamento
bre os efeitos da publicidade. associadas à marca que estiver sendo anunciada.
e tomada de decisão é não consciente e emo- Outra constatação clássica foi feita por Simon
36.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

Mas se observa que apenas 20% da publicidade

37.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


cional. No entanto, as teorias tradicionais da Existem evidências empíricas sólidas de que a Broadbent, em 1989, que comparou a publicida-
na televisão ultrapassa essas duas barreiras, o que
publicidade se baseiam na visão datada de que de ao motor de um avião. Enquanto ele está liga-
publicidade gera mais vendas, mesmo sendo representa um desperdício na faixa de 80%.
em geral somos tomadores de decisão racionais do, o aparelho voa. Mas se alguma coisa aconte-
difícil comprovar isso no estudo das curvas de
(ocasionalmente emocionais) com memórias ce e o motor desliga, o avião começa a cair.
vendas. Entre outras coisas porque em grande E esse processo começa apenas quando a pro-
quase perfeitas”.
parte das vezes o que se deseja com a publi- paganda é notada pelo consumidor, que tem sua
Na segunda parte, são analisados os efeitos da
cidade é manter o market share. Mas poucas publicidade quando conectadas às promoções atenção constantemente disputada pelo próprio
Antes, porém, o livro apresenta um raciocínio
sobre o impacto da publicidade nas vendas, empresas investem o suficiente (ou com a de- de preço e outras modalidades promocionais, conteúdo das mídias e as demais mensagens
que por lógica seria a razão de se utilizar esse vida qualidade) para aumentar a participação que são regularmente feitas pelas marcas líderes, comerciais, além dos ruídos em seu entorno. É
instrumento de marketing. O problema é que as e limitam-se a evitar seu natural declínio ou seja em períodos de baixa de vendas, seja para um grande desafio, portanto, para o qual é im-
campanhas com o objetivo de vender tendem prevenir que os concorrentes se apoderem de elevar as vendas em momentos de estabilidade. portante saber como atrair emocionalmente as
a ser feitas de forma conceitualmente primária vendas no futuro. Desse modo, se o market pessoas, uma vez que considerações racionais,
e por curto espaço de tempo, impedindo que share se mantém estável é porque a publicida- Isso acontece porque sempre é preciso estimular se houver, devem ser colocadas quando a aten-
a mensuração do efeito da publicidade seja de está funcionando. os light buyers – responsáveis pela maioria das ção delas já estiver conquistada.
Mas seja qual for o percurso que for seguido, Há também o “efeito de exposição” da marca,
só emocional ou emocional mais racional, a principalmente para aquelas que estão sempre
mensagem tem que trabalhar a memória do na mídia, que vão conquistando ou reforçando
consumidor sobre a categoria e as suas mar- familiaridade, atraindo não consumidores e re-
cas, buscando destacar o que se refere à mar- forçando as associações positivas na estrutura
ca anunciada. Na maioria das vezes, inclusive, da memória dos consumidores.
poderá haver dias, semanas ou meses entre
a percepção das mensagens das marcas e a
decisão a favor da marca. Logo, o grau de efi-
ciência da publicidade irá depender de quanto
a memória foi impactada, chamada de brand
Fechando a análise do tema, é apresentada
salience (notoriedade) e da facilidade de recu-
uma “receita” simples de aspectos da publi-
perar o que lá ficou diante da embalagem, do
cidade efetiva, recolhidos de uma longa série
produto no ponto de venda ou da oferta que
de pesquisas e estudos feitos e analisados
estiver sendo feita, ou seja, no momento da
pelos autores ao longo do período em que
decisão de compra.
estudaram o fenômeno do crescimento das
marcas:
Também há os casos nos quais a publicidade
induz à ação imediata, usando mais a persua- Atinja todos os compradores da categoria.
são do que ativando as estruturas de memória.
Não permita longos intervalos entre suas
Isso acontece em lançamento de produtos,
ações publicitárias.
que demanda abrir um novo “arquivo de
memória”; em promoções, que induzem a uma Seja notado, não ignorado, pelos consumi-
resposta rápida; ou em resposta ao processo dores.
de searching dos consumidores, em meios
impressos ou digitais. Use associações claras com a marca: não
deixe de mostrar os distinctiveness assets da
marca nas ações publicitárias; mencione (ver-
Adicionalmente, a publicidade pode produzir
bal e/ou visualmente) o nome da marca; mos-
38.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

39.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


efeitos pela sua simples “presença” aos olhos

DISPONIBILIDADE
tre o produto e também como ele é utilizado.
do consumidor, pois passa de forma subjetiva
o conceito de que se trata de marca ou em- Renove e construa estruturas de memória que
presa vencedora, que gera recursos suficien- aumentem as chances de os consumidores
tes para anunciar, que tem boa reputação e
outros aspectos que reforçam a ligação com
pensarem na marca e para que eles notem a
marca.
FÍSICA E MENTAL
os consumidores.
Nada o impede de incluir alguma informação
verdadeiramente persuasiva, desde que isso
Outra consequência colateral, derivada do
não interfira na conquista dos objetivos ante-
“efeito halo” da publicidade, é a transmissão
riores.
de “sinais de status” sobre a marca para o en-
torno dos consumidores e para aqueles que No final do livro está a definição da proposição feita pelos autores a partir de
ainda nem mesmo se colocam como prová- suas observações empíricas sobre a realidade dos mercados, das marcas e
veis compradores do produto/serviço. dos consumidores:
“A maior tarefa de marketing é facilitar as vendas de uma marca, aumentando a sua disponibi- “BALANÇO PATRIMONIAL” DO MARKETING
lidade física (distribuição) e mental (salience). Todo o resto é secundário. A competição entre as
Muitas chances de reforçar ou Poucas chances de reforçar ou
marcas acontece, em grande parte, nesses dois termos. Até a inovação do produto funciona desenvolver a disponibilidade desenvolver a disponibilidade Desconhecido ou
melhor, quando funciona, por meio do brand salience reforçado e maior distribuição física. O física e mental física e mental extremamente arriscado
desenvolvimento da disponibilidade mental requer especificidade e um branding claro. Já o de-
Cupons de desconto e Anúncios contendo novas
senvolvimento da disponibilidade física requer amplitude e profundidade da distribuição tanto no Ampliação da distribuição
promoções de preço informações
espaço como no tempo. Juntas, a disponibilidade física e a disponibilidade mental facilitam que
mais pessoas comprem a marca em um maior número de situações”. Conquista de um novo
Mudanças na embalagem Concorrência
canal de distribuição
Uso coerente dos Variantes temporárias
distinctiveness assets Programas de fidelidade do produto (por exemplo,
distintivos de uma marca edição limitada)
UMA NOVA TEORIA DA
Publicidade sistemática
CONCORRÊNCIA PARA VENDAS e regular
Anúncios comparativos

Anúncios baseados em
Mídias de amplo alcance suspense (por exemplo, com
Em seguida, vem a constatação de que essa abordagem deu origem às propostas “10 leis do o nome da marca oculto)
marketing”, que já haviam sido listadas na abertura do livro e que deram origem a uma série de Obtenção de espaço na
quadros com o resumo do que era o modelo antigo do marketing e do que é o novo modelo. prateleira em outra área
de uma loja
É então apresentado um quadro geral de ações capazes de influir de forma mais previsível e Ampla gama de variedades de
menos previsível para construir a disponibilidade mental e física para as marcas – e as que ainda produtos, formatos e tamanhos
não podem ser avaliadas com precisão. de embalagem
40.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

41.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM


Depois, os autores apresentam, comentam e são duas bastante usadas, mas geralmente com-
dão exemplos do que chamaram as “7 regras prometem as margens.
simples do marketing”:
Outra, com maior chance de manter a rentabilida-

1.
de, é investir nos assets de marketing, aumentando
Atinja continuamente todos os com- a disponibilidade física e mental para os consumi-
pradores da uma categoria de produto/ser- dores. Mas esse investimento tem que mudar de
viço da marca, tanto com a distribuição física orientação, deixando as velhas teorias não ratifica-
como com a comunicação de marketing. das pela prática e seguindo as leis de marketing
apresentadas no decorrer do livro.

2. Certifique-se de que a marca seja fácil


de comprar.
Outra ainda, também com grande potencial de
manter ou aumentar a rentabilidade, é a inovação
capaz de efetivamente fazer uma diferença na ca-

3. Seja notado. Se não levar a algum grau


de processamento, os investimentos em co-
tegoria. Mas como os concorrentes acabam supe-
rando essa vantagem competitiva, é preciso aplicar
sobre a nova marca – ou a marca modificada pela
municação da marca serão desperdiçados. inovação – a estratégia anteriormente descrita de
investir nos assets de marketing.

4. Renove e construa estruturas de me-


mória associadas à marca que façam com
“Crescer é possível – todas as leis de marketing
apresentadas asseguram isso – e não depende
que ela seja mais fácil de ser notada e com- apenas de novos produtos. Desenvolver uma pu-
prada. blicidade, um branding, uma estratégia de mídia
melhores, caprichar nas exposições nos pontos de

5.
dores.
Crie ativos de comunicação diferencia-
venda e seguir as sete regras aqui mencionadas
são todos caminhos possíveis para o crescimento.”

Finalizando, os autores fazem uma declaração de

6. Seja coerente, regular e sistemático,


fé no futuro do marketing, desde que os profis-
sionais de marketing tenham uma postura mais
42.RESENHA DO LIVRO - COMO AS MARCAS CRESCEM

mas também original e interessante. crítica em relação às teorias da área que não en-

7.
contram fundamento da realidade e comecem a
Mantenha-se competitivo, mantenha o praticar as “leis de marketing” e outras ações mais
apelo das massas e não dê aos clientes ra- embasadas na realidade dos mercados e catego-
zões para não comprar a marca. rias e na tarefa essencial que lhes cabe: fazer as
marcas crescerem.
Para encerrar, desenvolvem o que chamaram de
Isso significa que eles precisam ter uma compreen-
“uma palavra final sobre como crescer”.
são maior dos negócios de suas empresas e lutar
Lembram que existem apenas algumas poucas es- para ocupar mais espaço nas decisões gerais so-
tratégias de crescimento para as marcas. Abaixar bre as marcas para as quais trabalham, seguindo a
preços e aumentar a qualidade mantendo o preço linha apresentada.
negocios.redeglobo.com.br

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