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Hugo França

O gaúcho Hugo França nasceu em Porto Alegre, em 1954, mas foi em


Trancoso, na Bahia, que encontrou sua verdadeira inspiração. No início da
década de 80, o designer conseguiu perceber o grau de desperdício na extração
e uso da madeira. A partir dessa ideia, surgiram seus primeiros trabalhos,
verdadeiras obras de arte. Desde então, o artista utiliza resíduos florestais e
urbanos — árvores condenadas naturalmente por ação das intempéries ou do
homem — para criar “esculturas mobiliárias”.
A carreira do designer teve início nos anos 90, durante o tempo em que morou
no sul da Bahia. Uma grande influência para seu trabalho foi a convivência com
as comunidades locais e a observação dos índios pataxós no processo de criação
de seus artefatos. A primeira peça que produziu foi uma pia de baraúna
esculpida a partir de um tronco. Em São Paulo, ela virou objeto de desejo.
Hoje, além de estarem presentes em coleções particulares no mundo todo, suas
esculturas mobiliárias costumam ser arrematadas em grandes leilões e estão
expostas em acervos permanentes de museus.
PROCESSO
O processo de produção das peças do artista Hugo França confunde-se com o conceito do seu trabalho: a
preocupação com o desperdício da madeira, sobretudo das espécies descartadas pela movelaria tradicional, e a
crença de que há possibilidade de reaproveitamento total deste material tão nobre.
A utilização de resíduos florestais para a produção de peças demanda buscas constantes nas matas e campos da
região de Trancoso (BA). Nesses percursos, Hugo França conta com a ajuda de sua equipe e da população local,
além do conhecimento da região que ele próprio adquiriu ao longo dos 15 anos em que morou no litoral sul baiano.
Desde que não tenham sofrido danos irreversíveis, praticamente todas as partes da árvore encontradas podem ser
utilizadas. Raízes desenterradas, troncos ocos, toras maciças - tudo pode ser transformado em obras únicas pelo
olhar e desenho de Hugo França.
A dificuldade de movimentação e transporte dos blocos monumentais de madeira determinam que os primeiros
cortes sejam realizados no local onde os resíduos são encontrados. Ali começam a surgir os primeiros sinais de
mesas, bancos, cadeiras, aparadores... Nas etapas seguintes, a peça tem seu desenho final definido e recebe
acabamento.
Durante todo o processo, as formas e texturas naturais são valorizadas de modo que as esculturas mobiliárias
remetam sempre à sua origem: a árvore, principal inspiração de Hugo França.
Como começou esse trabalho de “reaproveitamento” da madeira?

Foi em Trancoso, durante a convivência com os índios Pataxós, que produziam suas próprias canoas
e ferramentas com a madeira da floresta. Foi ali que conheci as propriedades do Pequi, minha
principal matéria prima de trabalho. Essa madeira é oleosa, o que a torna mais resistente à água e
traz muito mais durabilidade para minhas criações, que ficam livres de cupins.
ESCADA CARVALHO
Quando recebeu o convite para criar uma escada diferente para uma casa na praia de Itamambuca, Ubatuba, Hugo França se sentiu
desafiado e com a criatividade aguçada. Queria algo que fosse novo e, ao mesmo tempo, tivesse sua marca registrada: a natureza nua e
crua como protagonista.
França sugeriu uma árvore que já estivesse caída nos arredores para servir de estrutura ao encaixe dos degraus. Foi a campo e, depois de
um mês de buscas com a ajuda de um morador da região, localizou, na exuberante Mata Atlântica local, um Angico Preto
monumental, com formas orgânicas e estrutura robusta.
ESCADA CARVALHO
Obras Hugo França

Banquetas de Hugo França em várias escalas Banco Yba

Um dos bancos de Inhotim. Banco de França no Largo da Batata, em


São Paulo

Hugo França ao lado da mesa Anete

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