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J. Health Inform.

2014 Janeiro-Março; 6(1):3-9 Artigo Original

Desenvolvimento e Integração de Mapas Dinâmicos Georreferenciados


para o Gerenciamento e Vigilância em Saúde

Developing and Integration of Georeferencing Dynamic maps to Health Surveillance

Desarrollo e Integración de Georreferenciación mapas dinámicos de Vigilancia de la Salud

Virgilio Cavicchioli Neto1, Natália Santana Chiari2, Isabelle Carvalho3, Ivan Torres Pisa4, Domingos
Alves5

RESUMO
Descritores: Vigilância Os gráficos e mapas são ferramentas importantes para visualização, compreensão e análise de dados numéricos. O
Epidemiológica; Sistemas Integra-GIS permite o acoplamento de mapas e grafos no contexto da saúde visando melhorar a qualidade da
de Informação; Sistema de informação fornecida, apoiar as decisões e contribuir para a modernização do sistema de vigilância em saúde. O
Informação Geográfica sistema parte da estruturação de um banco de dados geográfico para as regiões da Baixada Santista e de Ribeirão Preto.
O aplicativo beneficiou tanto os Departamentos Regionais de Saúde quanto os municípios e hospitais auxiliando no
serviço e nas decisões rotineiras e de alto nível. Os recursos desenvolvidos foram implementados e testados incorporando
a diversidade de situações e espaços dessas regiões, incluindo o desenvolvimento da infraestrutura necessária para o
armazenamento permanente dessas informações e pensando nas particularidades do serviço.

ABSTRACT
Keywords: Maps and graphs are important tools for viewing, understanding and analyzing numeric data. The Integra-GIS allows
Epidemiological a coupling of maps and graphs in order to improve the information quality in health. This information supports the
Surveillance; Information decisions and contributes to the modernization of the health surveillance system. The system starts modeling and
Systems; Geographic creating a geographic database for Santos and Ribeirão Preto regions. The software benefited region department
Information Systems boards, cities and hospitals assisting in service and in making high-level and routine decisions. The resources have been
developed and tested incorporating the characteristics and spaces of each region. They also considered the development
of infrastructure required to the permanent storage of the information regarding the service particularities.

RESUMEN
Descriptores: Sistemas Gráficos y tablas son herramientas importantes para ver, comprender y analizar datos numéricos. El Integra-GIS
de Información; permite el acoplamiento de los mapas y gráficos en el contexto de la salud para mejorar la calidad de la información
Vigilancia en Salud para apoyar las decisiones y contribuir a la modernización del sistema de vigilancia de la salud. Lo aplicación parte de
Pública; Sistemas de la estructura de una base de datos geográfica para regiones del Santos y Ribeirão Preto: La aplicación benefició tanto
Información Geográfica a los Departamentos Regionales de Salud como los municipios y los hospitales ayudando en el servicio y en las
decisiones de rutina y de lujo. Los recursos desarrollados se implementaron y probaron la incorporación de la diversidad
de situaciones y áreas de estas regiones, incluyendo el desarrollo de la infraestructura necesaria para el almacenamiento
permanente de la información y el pensamiento en el servicio específico.

1
Programa de Pós Graduação em Informática em Saúde do Departamento de Informática em Saúde, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, São Paulo
(SP), Brasil.
2
Programa de Pós-Graduação Interunidades Bioengenharia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP, Ribeirão Preto (SP),
Brasil.
3
Programa de Pós-Graduação em Saúde na Comunidade, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP, Ribeirão Preto (SP), Brasil.
4
Professor do Departamento de Informática em Saúde, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil
5
Professor do Departamento de Medicina Social, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP, Ribeirão Preto (SP), Brasil.

Autor Correspondente: Virgilio Cavicchioli Neto Artigo recebido: 03/07/2013


e-mail: vcavicchioli@gmail.com Aprovado: 12/11/2013

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INTRODUÇÃO saúde e estrutura urbana de uma cidade para que esse


pudesse ser usado como um integrador de informações
O termo geoprocessamento(1-3) denota a disciplina do de interesse em saúde. Esse trabalho provê auxílio aos
conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e profissionais de saúde dos municípios na tomada de
computacionais para o tratamento da informação decisões. A construção do sistema partiu de um banco de
geográfica, influenciando de maneira crescente as áreas dados geográfico, com diversas camadas e escalas, para
de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, as regiões da Baixada Santista e de Ribeirão Preto, ambas
Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional. no estado de São Paulo.
As ferramentas computacionais para geoprocessamento, Todos os recursos disponibilizados foram desenvolvidos
chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), e testados para essas regiões, incorporando a diversidade de
realizam análises complexas ao integrar dados de diversas situações e incluindo o desenvolvimento da infraestrutura
fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados, necessária para o armazenamento permanente dessas
tornando ainda possível a produção automática de informações. Para isso, foi usado um gerenciador de bases
documentos cartográficos. de dados relacional geográfico, no qual as informações foram
O georreferenciamento, é uma área das ciências da manipuladas e integradas em mapas detalhados de cidades,
computação que antes demandava muitos recursos permitindo o levantamento de hipóteses e transformando-
financeiros, pois havia a necessidade de um levantamento as em conhecimento em saúde.
de bases de dados espaciais, como cartas geográficas,
imagens de satélite ou mesmo ortofotos, que são imagens MÉTODOS
de alta resolução captadas por avião. Com o avanço
tecnológico surgiram ferramentas gratuitas e o Em 2005 a empresa americana Google®
desenvolvimento de aplicativos tornou-se mais acessível disponibilizou uma biblioteca chamada Google Maps, por
para qualquer cidade, independente do seu tamanho ou meio de uma Application Programming Interface (API), gratuita
recursos computacionais. Como consequência, todos que e de escala global, que auxilia a construção de aplicações
tenham acesso apenas a um navegador e a uma conexão Web por meio de mapas que podem ser vistos em
de internet, podem fazer o uso desta tecnologia conhecida diversas camadas, como ruas, imagens de satélite, híbridos
por web-GIS(4). (combinação entre ruas e imagens de satélite), além de
No âmbito da saúde, o estudo de variações das uma camada de relevo. O objetivo do Google foi
distribuições espaciais de incidência de eventos tem sido disponibilizar esta API para que os desenvolvedores a
importante para investigar e sugerir hipóteses de usassem em seus próprios websites sem a necessidade de
causalidade. Particularmente, os estudos de agravos em instalação de outros recursos. A Google Maps API é uma
saúde se enriquecem com esse tipo de descrição, podendo interface que usa AJAX (Asynchronous JavaScript and XML)(6)
fornecer informações fundamentais para a compreensão, na qual várias operações podem ser feitas ao mesmo
previsão, busca etiológica, prevenção e monitoramento tempo de maneira assíncrona enquanto um mapa é
de doenças e avaliação do impacto de intervenções em carregado no navegador. Além disso, a API permite
saúde de uma população(5). combinar fontes distribuídas, padrões abertos e outras
Assim, o processo dinâmico de integração de dados e APIs documentadas para integrar diferentes fontes de
construção de mapas, estabelece uma síntese de informação desde que tenham as mesmas projeções, escala
instrumentos ricos para saúde pública, como por exemplo: e qualidade dos mapas. Dessa forma, cria-se um
a localização dos eventos no tempo e no espaço, o mecanismo de centralizar diversas informações
monitoramento e controle de determinado evento da geográficas em um padrão de desenvolvimento aberto e
saúde, a identificação de áreas geográficas e grupos de de grande utilização.
população com maiores necessidades, a avaliação do Optou-se por utilizar essa ferramenta por ser gratuita
impacto das intervenções de saúde e a estimativa de áreas e de desenvolvimento ágil de aplicações SIG para web.
de risco entre a população. Todavia, o uso desta API torna-se inviável quando se
Contudo, o uso de ferramentas computacionais em pretende trabalhar com várias camadas de mapas, bairros,
geoprocessamento não é uma tarefa trivial, pois demanda setores censitários (conforme definição pelo IBGE) e
pessoal especializado e softwares proprietários para regiões de saúde, por essa razão utilizamos outras
realização dessa tarefa. De maneira geral, em nível ferramentas gratuitas de código aberto.
hospitalar, municipal ou regional, ainda é difícil encontrar Pelo fato da API do Google Maps, não suportar o
ferramentas computacionais que levem em consideração uso de várias camadas, houve a necessidade deimplantação
o sinergismo existente entre os processos sociais e os de servidores de mapas como o Geoserver7 para suprir
ecossistemas sobre o espalhamento de doenças específicas. a necessidade de se trabalhar com várias camadas de
Além disso, esses níveis de serviços de saúde não contam mapas, localizadas em diferentes repositórios e contar com
com ferramentas simples para se avaliar a heterogeneidade a funcionalidade de realizar consultas geográficas nessas
das interações dessas doenças com populações humanas camadas. A escolha deste servidor Geoserver, se deu pois,
dinâmicas, inseridas em estruturas urbanas complexas. além de possuir código livre e ser gratuito, permite
Nesse sentido, o aplicativo desenvolvido, denominado compartilhar infor mações espaciais de maneira
Integra-GIS, teve como estratégia disponibilizar um banco interoperável.
de dados de mapas, dados demográficos, agravos em Neste trabalho, foram estudados dois servidores de

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mapas: Geoserver e Mapserver. O GeoServer(7) é uma alimentaram um SGBD espacial no Postgis (8) com
implementação em Java (J2EE) da especificação Open informações epidemiológicas, de mortalidade infantil, de
Geospatial Consortium - OGC, que inclui transações fluxo de paciente dos hospitais, dentre outras. Os dados
geográficas. Além de ser software livre, trabalha com 4 dos endereços foram traduzidos em pontos no mapa
padrões do OGC: SFS (PostGIS), WFS, WMS e GML e pelo módulo de geocodificação, que é um aplicativo em
vem com suporte a diversas Bases de Dados com Java Server Page – JSP armazenado em um servidor web
extensões GIS (Oracle, PostGIS e MySQL) e Shapefiles. Tomcat. Para tradução de endereços em coordenadas,
O suporte a transações é importante porque o usuário foi desenvolvido um módulo que pesquisa o endereço
consegue atualizar ou inserir dados geográficos usando por intermédio de uma função da API do Google Maps.
WFS-T a letra T significa de transação do inglês transaction. Contudo, nem sempre o endereço é encontrado por esse
O MapSer ver também é um ambiente de método, por isso também foi necessária a construção de
desenvolvimento de código aberto para construção de rotinas responsáveis pelo cálculo da coordenada, ou seja,
aplicativos espaciais na internet. Particularmente, o se o endereço não é encontrado na API do Google Maps,
MapServer não é um SIG completo, pois não é um então esse endereço pode ser convertido em uma
gerador de serviços nem é possível fazer uso da API localização geográfica(9).
OpenLayers. Com as coordenadas geográficas armazenadas na base
Pelo fato do Mapserver não efetuar transações de dados, esses pontos se tornam uma camada (layer) e
geográficas e também, por não fazer uso das da API as tabelas dos mapas são cadastradas no servidor de mapa
OpenLayer, foi decido neste trabalho, utilizar o Geoserver, Geoserver. Por fim, o mapa é apresentado ao usuário
como ferramenta responsável por prover mapas e final por intermédio de um aplicativo desenvolvido com
informações geográficas a todos aplicativos descritos neste a API Openlayers(7).
trabalho.
É importante ressaltar que o trabalho apresentado aqui RESULTADOS E DISCUSSÃO
não seria possível sem o ambiente computacional
composto por ferramentas robustas e gratuitas, como o Além do conjunto de ferramentas de
Geoserver, as API’s do Google Maps e OpenLayers e o georrefenciamento e suas funcionalidades para visualização
SGBD PostgreSQL com o módulo espacial Postgis, para de dados em múltiplas escalas, o Integra-GIS pode
o desenvolvimento de aplicações Web para acesso e interoperar com os diversos sistemas de informação
ar mazenamento de mapas, bem como outras nacional, como o Sistema de Informação de Agravos de
informações. Notificação (SINAN), Sistema de Informação de
Na Figura 1, apresentamos a arquitetura do sistema, Mortalidade (SIM), Sistema de Informações de Nascidos
no qual podemos observar que o serviço foi desenvolvido Vivos (SINASC) sempre que integralizados localmente.
em três camadas: cliente, servidor e instâncias municipal/ O Integra-GIS se integra também com o Sistema de
estadual (fonte de dados). A camada de instâncias estadual/ Monitoramento para Mortalidade Infantil (SMMI)(10) e
municipal representa as fontes de dados adquiridas pelos com o Observatório Regional de Atenção Hospitalar
convênios firmados entre as secretarias municipais e (ORAH) feito em linguagem PHP e desenvolvido por
estaduais da saúde. Na camada do servidor, esses dados nosso grupo. O SMMI tem por objetivo o

  8
Usuário

Java Script
Navegador OpenLayers
7

6
Banco de Dados Geográficos 3 Google
PostgreSQL - PostGIS Geoserver Maps
Hanseníase, Dengue, TB, 5
Servidor

Hospitais, Mortalidade Infantil

2
4
Importação
de Dados
Servidor Web Tomcat
Container– Scripts JSP G eocodificação
1
de Dados
Fontes

(DBF, SHP,EXCEL)

Figura 1 - Arquitetura do serviço composto por três camadas: Cliente, Servidor e Instâncias Públicas.

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monitoramento e análise da mortalidade infantil da Região estratégico de fonte geradora de mosquito, como terrenos
Metropolitana da Baixada Santista, e oferece uma baldios, cemitérios, entre outros. Este tipo de análise é
ferramenta para gestão regional de saúde. O ORAH é um caso similar ao mostrado na Figura 2, todavia com
baseado nas folhas de alta de internações hospitalares e filtros e outras opções de mapas sobrepostos.
tem por objetivo que as informações sobre assistência Na Figura 2, a visualização dos pontos nos mapas é
hospitalar ganhem em qualidade com desdobramentos feita por meio de “balões” utilizando a API Google Maps
para a gestão e pesquisa em saúde. de maneira que a localização e as informações associadas
Temos então, o Integra-GIS possibilitando a em todos os pontos estão armazenadas no banco de dados
manipulação das informações de uma forma dinâmica e geográfico PostgreSQL-Postgis. Posteriormente, o
facilitando a interpretação das mesmas. A Figura 2 Geoserver disponibiliza um documento estruturado
apresenta por meio de um mapa os casos de dengue na chamado Georss11 que é traduzido pela API do Google
cidade de Santos. Essa consulta foi feita migrando os Maps em pontos no mapa e sua respectiva informação
dados do SINAN para o aplicativo. Por meio dessa associada. Já na Figura 3, o mapa também é construído
ferramenta, o gestor de saúde tem uma visão de como utilizando os dados disponibilizados pelo Geoserver, mas
os casos estão se disseminando levando em conta são apresentados para o usuário final de outra maneira.
características regionais. Nesse caso, a visualização é feita em várias camadas que
Na Figura 3 é possível visualizar os agravos de dengue podem ser sobrepostas com o uso da API do Openlayers
na cidade de Santos (pontos em verde) associados aos e Google Maps, que são descritas com mais detalhes na
dados de relevo do município e aos bairros (linhas em seção métodos.
vermelho), além das informações contidas no SINAN. No caso das Figuras 2 e 3 é mostrado é uma
Ao clicar sobre um ponto no mapa, uma janela se abre flexibilidade na maneira de mostrar os dados, enquanto
com as informações relativas a esse agravo. na Figura 2 temos pontos por meio de “balões, utilizando
O usuário ainda pode filtrar os pontos em um o Georss, já na Figura 3, há um mapa em janela flutuante
determinado período de tempo (data inicial e final do com o uso da Api do OpenLayers em várias camadas
agravo) associados aos setores censitários e visualizar os sobrepostas, com isso, dependendo da necessidade de
dados de apenas um bairro. Ainda é possível intercalar cada análise, pode-se fazer o uso de uma determinada
várias camadas: a) mapa das ruas; b) mapa das ruas ferramenta.
sobrepostas às imagens de satélite; c) relevo; d) apenas A Figura 4 apresenta o georreferenciamento do fluxo
imagens de satélite. Com esse tipo de análise, é possível o dos pacientes. O filtro permite selecionar a região a ser
profissional da saúde determinar se há alguma relação visualizada, neste caso, são mostrados os pacientes que
entre os casos visualizados no mapa e algum ponto moram na região que abrange o Departamento Regional

Figura 2 - Casos de dengue em Santos observados pelo Integra-GIS. Pontos em azul representam os casos confirmados.
Informações como data do primeiro sintoma, tipo de dengue e outras variáveis do SINAN podem ser consultadas
ao acessar cada ponto.
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Figura 3 - Dados relacionados à dengue, para o ano de 2001 associados ao mapa de Santos obtidos pelo Integra-
GIS. Ao clicar em um ponto, as informações se abrem em uma janela flutuante. Há opção de pesquisar apenas os
casos relacionados a um bairro específico ou por determinado período de tempo.

de Saúde XIII (26 municípios) e foram atendidos pelo e operação de serviços e produtos que dependem de
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto no ano de 2011. uma segmentação com base nos dados e sua distribuição
Essa consulta foi feita acoplando o Integra-GIS com a no território.
ferramenta de fluxo de altas do ORAH. Podemos visualizar, O Integra-GIS se comunica com diversos sistemas de
assim, como os pacientes se locomovem dentro da rede, informação em várias instâncias: epidemiologia com o
isto é, onde eles vivem e onde eles vão buscar atendimento. georreferenciamento dos casos de tuberculose, dengue e
Por fim, mostramos o aplicativo no ambiente do SMMI hanseníase para a Baixada Santista, mortalidade infantil e
por meio da Figura 5. Podemos observar o Integra-GIS fluxo de pacientes por meio do ORAH em hospitais para
sendo utilizado para o monitoramento da mortalidade a região de Ribeirão Preto (DRS-XIII), mostrando uma
infantil com opções de visualização dos casos por ano, gama de aplicações. Pretendemos explorar no futuro o
além de ser possível mostrar apenas os casos relacionados georreferenciamento dos casos de câncer e os dados da
a um hospital específico. Com isso, o gestor de saúde atenção básica provenientes do Sistema de Informação
pode tomar decisões baseadas em infor mações da Atenção Básica - SIAB.
geográficas. Podemos ver também, nessa figura, os casos Vale ressaltar que todo o esforço de construção desse
de óbito para o ano de 2005 para vários municípios da sistema se baseou fortemente na utilização de ferramentas
Baixada Santista. gratuitas e com código aberto, gerando a diminuição de
custos do aplicativo, o que é um requisito importante para
CONCLUSÃO sua utilização em serviços públicos de saúde.
Também é importante salientar, que as bases de dados
A possibilidade de construção de famílias de aplicativos e de mapas foram adquiridas pelo convênio firmado entre
para gestão que contenham mais inteligência na sua análise, as instituições envolvidas, DRS-XIII, HCFMRP e
poderá ser explorada para implementar o planejamento prefeituras; e que este trabalho foi aprovado pelos comitês

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Figura 4 – Fluxo de pacientes observados pelo Integra-GIS acoplado ao ORAH.

Figura 5 - Sistema de acompanhamento de mortalidade infantil que interopera com o Integra-GIS. Apresentação no
mapa dos casos ocorridos na região metropolitana de Santos em 2005.
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de ética dessas instituições e respeita os princípios de decisão, no monitoramento e controle dos agravos em
privacidade das informações dos pacientes. saúde, na identificação de áreas prioritárias de ações de
Uma das limitações deste estudo foi ocasionada pela saúde, e no planejamento em nível local, identificando e
qualidade das informações cadastradas nos sistemas reclassificando cada região de saúde quanto ao risco
nacionais de saúde, tais como SIM, SINAN, SINASC e coletivo de ocorrência da morbidade.
SIAB que influenciam na análise e georreferenciamento
dos agravos. Contudo, mesmo com os dados contendo AGRADECIMENTOS
diversos erros de digitação dos endereços, foi possível
realizar a análise desses agravos, o que demonstra que se Este sistema foi desenvolvido de maneira
as informações contidas nos sistemas nacionais fossem interinstitucional (Departamento de Informática em
de melhor qualidade, a quantidade de pontos no mapa Saúde, UNIFESP e Departamento de Medicina Social,
seria maior e a análise dos agravos mais bem elaboradas. FMRP/USP) em parceria com o DRS-IV - Baixada
Finalmente, o Integra-GIS pode contribuir para a Santista, DRS-XIII – Ribeirão Preto e Hospital das Clínicas
modernização dos sistemas de informação em saúde, por Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - HCFMRP.
meio de um banco de dados de mapas, em diversas Os autores agradecem aos representantes de cada uma
instâncias como hospitais, municípios e regiões de saúde. das instituições citadas e demais profissionais pelo apoio
Esse banco de mapas pode, então, auxiliar na tomada de e participação nesse trabalho.

REFERÊNCIAS

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