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Shri Shri
Gadhai Gouranga Kunja
Cotia-SP- Brasil
Bibliografia das obras utilizadas neste livro:

AUTORES LIVROS
SHRI RUPA GOSWAMI - Shri Bhakti Rasamrita Sindhu, Shri Ujjvala-nilamani
SHRI RAGHUNATHA DAS GOSWAMI- Shri dana Keli-Chintamani
SHRI JIVA GOSWAMI - Bhakti Samdarbha ;Krama Samdarbha ; Shri Gopala Campu
SHRI BHAKTIVINODHA THAKURA - Sva Likhita Jivani; Sharanagati;
SHRI LOCHAN DAS THAKURA - Shri Cheitanya Mangala
SHRI VISVANATHA CHAKRAVARTI - Shriman Mahaprabhura Asta-Kaliya Lila smarana
Mangala ; Shri Krishna Bavanamrita, Shri Ragavartma Chandrika
SHRI JAYADEVA GOSWAMI - Shri Guita Govinda
SHRI NAROTTAMA DAS THAKURA- Shri Prema Bhakti Chandrika
SHRI PRABHODANANDA SARASVATI- Shri Cheitanya Chandramrita; Aschariya Rasa
Prabandha, Shri Sangita Madhava
SHRI KRISHNA DAS KAVIRAJA - Shri Cheitanya Charitamrita; Shri Govinda Lilamrita
SHRI KAVIKARNAPURA - Shri Cheitanya Chandrodaya Natakam; Shri Gourganodesh
dipika; Shri Ananda Vrindavana Campu
SHRIPADA RAGHUNANDAN GOSWAMI - Shri Gouranga Champu
DHYAN CHANDRA GOSWAMI - Shri Archana Paddhati ,
SHRI SIDDHA KRISHNA DAS BABA- Goura Govinda Nitya Lila Smarana Gutika; Shri
Prarthanamrita tarangini; Shri Sadhanamrita Chandrika; Shri Bhavana Sar Sangraha
SHRI NARAHARI CHAKRAVARTI - Shri Goura Charitra Chintamani ;Shri Bhakti Ratnakara
SHRI VRINDAVANA DAS THAKURA- Shri Cheitanya Bhagavata

TRADUTORES
bengali/inglês e notas por Gadadhar Pran Das
inglês/português Phanibhushan das
e Shri Krishna Mitra Das

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Prefácio da edição brasileira.


Até hoje o que vamos ler esteve oculto com diversos rótulos de proibido: uns
diziam que não estávamos preparados, outros diziam que era assunto de sahajias , outros, mais
simples, diziam que era CONFIDENCIAL. Os devotos mais antigos DO OCIDENTE foram
educados com a filosofia do ‘PÕE MEDO’.(isso não pode, isso é ofensa, não estou preparado,
sou muito caído, Etc.), porém a pieguice não pode mais prosperar entre nós, é chegada a hora
de amadurecer.
De fato, os devotos no ocidente estão saindo do estágio infantil e é melhor discutir
os assuntos confidenciais no seio da família do que ir à rua em busca de informações.
O ashta kaliya lila smaranam, ou lembrança dos passatempos em oito divisões do dia
é a grande misericórdia de Shrila Rupa Gosvami às almas condicionadas do mundo material.
Com a ajuda dos livros mencionados e outras obras o sadhaka, devoto praticante,
está apto a se lembrar de Shri Radha e Krishna durante todo o dia e noite.
Os passatempos de Shri Krishna descritos neste livro parecem ter um caráter erótico,
será , todavia, absurdo considerar que o propósito dos acharyas prévios citados é incitar no leitor
sentimentos de luxúria. O livro Cheitanya Charitamrita (de Krishna das Kaviraja) no Capítulo 8,
verso 215 do Madhya Lila ensina:
"sahaja gopira prema nahe prakrita kama;
kamakrida samye tare kohe kama nama
O amor natural das gopis a Krishna não é luxúria mundana, é chamado kama(luxúria)
porque tem o mesmo aspecto da luxúria deste mundo. O fato é que a rasa transcendental amorosa
dos passatempos de Krishna só podem purificar o coração dos leitores, que devem ler esses lilas
com fé.
Esse é o ensinamento de Shrila Shukadev Muni na conclusão do verso do rasa-lila no
Srimad Bhagavata Purana (10.33.40):
vikriditam vraja vadhubhir idamm ca
Visnoh sraddhanvito'nursnuyed atha varnayad ya
bhaktim param bhagavatim pratilabhya kamam
hrd rogam asv apahinoty acirena dhirah
"Qualquer um que com fé ouve ou descreve os passatempos de Vishnu com as
mocinhas de Vraja alcançará a forma mais elevada de devoção a Deus, e ficará livre da doença da
luxúria no coração rapidamente, alcançando a paz.”
O que se passa no coração deve ser preservados internamente, com essa cautela
todos os devotos estão aptos à essa leitura, mais ainda , trata-se de leitura obrigatório.
Ora, os acharyas não teriam escritos esses livros se não fossem para serem lidos.
As poderosas palavras de Bhaktivinodha Thakura em ‘O Bhagavata’ sentenciam:
“O espírito parcial é o grande inimigo da verdade, sempre vai frustar os esforços do
indagador que busca a verdade nas obras religiosas de sua nação, tal espírito sectário
quer que os outros acreditem que a verdade só existe em seu velho livro.”
Por isso, convidamos a todos os devotos a uma reflexão sobre o assunto. Não
vamos entrar nas razões que levaram a esse ‘ocultismo’ que se justificou no início, mas após
tantos anos já não mais fazem sentido e a falta de uma perspectiva de evolução espiritual está
sendo prejudicial a estabilidade da doutrina Vaishnava, o que importa é livre e abertamente

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passarmos a considerar novos horizontes, que de fato não é matéria nova e sim aprofundamento
no legado deixado pelos acharyas prévios.
Ora, estamos falando da base de nossa filosofia. Se embora três décadas tenham
se passado do Gaudiya Vaishnavismo no Ocidente e ainda temos atavismos de medo , então
estaremos assinando embaixo a sentença de morte para o Vaishnavismo no Ocidente, por não
ousarmos crescer, amadurecer e avançar em vida espiritual na busca infinita da perfeição.
Para tranqüilizar os leitores mais cautelosos trazemos algumas trechos do
pensamento de Bhaktivinodha Thakura em sua obra Cheitanya Shikshamrita,
Através dessa citações o leitor poderá perceber que o assunto é sério e , de fato, é
compulsório no ciclo devocional se ter acesso as verdades chamadas ‘confidenciais’. Que se
discutam esses assuntos visando o progresso espiritual ou do contrário vai reinar a estagnação
que traz insatisfação e leva os devotos a procurarem outras religiões ou fazer do Vaishnavismo
um mero ganha pão.
Por termos plena convicção de ser imperativo tais revelações e seu ‘modus
operandi’ já traduzimos diversos livros tais como: O coração de Krishna de Puri Maharaja,
Revelações de Vraja e Biografia de um Babaji Vaishnava os dois livros do Dr. Kapoor(Adikeshava
Das), os dois são discípulos seniores de Shrila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami, traduzimos
ainda o Guitamala de Bhaktivinodha Thakura , Venu Guita de Narayana Maharaja e o livro Índia
Misteriosa de Walter Eidlitz(Vamandas). Anote-se que esses livros já traduzidos pertencem a
diferentes visões Vaishnavas, mas com certeza todas elas nos enriquecem salvando-nos do
perigo do sectarismo e do fanatismo ao se ler apenas os livros de um “exclusivo” Acharya.
Temos um único compromisso que é o expressar as verdades dos acharyas e servi-los sem
preocupação com modismos institucionais.
Colocamos nossa vida a disposição dos Vaishnavas e convidamos os devotos que
queiram executar serviço traduzindo a nos contatar, pois há muitas obras , ainda ‘ocultas’, por
exemplo temos o projeto de traduzir o Cheitanya Bhagavata de Vrindavana Das(obra com mais
de 500 páginas). O princípio do Guru (Guru Tattva) dever ser bem apreendido em nossos
corações. Shrila Prabhupada(Bhaktivedanta Swami) a manifestação do jagatguru no Ocidente
demonstrou em sua vida OUSADIA e nos ensinou que o Guru é um só, pois Deus é um só
embora se apresentem com diversos nomes na dimensão fenomenal. Só podemos entender
Guru com sintomas de amor a todos se não virmos isso, se ao contrário virmos o sentimento de
exclusão (tal devoto não, tal livro não, tal Guru não etc.), devemos acautelar-nos por definição o
amor a tudo inclui. Enfim, não se pode mais tapar as bocas dos Gosvamis de Vrindavana de Shri
Jayadeva Goswami, de Shri Narottama Das Thakura, de Visvanatha Chakravarti, de Shri
Prabodhananda Sarasvati, de Shri Kavikarnapura, de Bhaktivinodha Thakura, de Lochan Das
Thakura que formam a base deste livro. Pelo anseio dos devotos, pelo princípio da necessidade
que rege os passatempos de Radha Krishna e para que o Sanatana Dharma não morra no
ocidente(embora já esteja moribundo) por favor, caros leitores abram seus corações e recebam o
que Radhika veio nos dar, Prema! Oferecemos esse serviço aos pés dos acharyas prévios e dos
acharyas vivos . Clamamos pela misericórdia deles para que nos dêem sua assistência nessa
Busca de Krishna , a Realidade, o Belo. No serviço a Shri Guru e Gouranga com toda humildade
possível.
Phanibhushan Das

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ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS
por Bhaktivinodha Thakura
Bhaktivinodha Thakura expressa , com clareza solar, em sua obra Shri Cheitanya
Shikshamritam traduzido do bengali por Shri Bijoy Krishna Rarhi a pedido de Shrila Bhakti Vilas
Tirtha Goswami Maharaja editado pela Shri Gaudiya Math, Madras- 1 a. edição- Maio de l983, sua
visão sobre o que é real e o que é imaginário sobre os assuntos aqui tratados :

A NATUREZA DE RAGANUGA BHAKTI


Os devotos Raganuga Bhakti seguem a disposição amorosa de um especifico
morador de Vraja que foi escolhido como o seu ideal.
Essa prática possui dois lados: externo e interno. Externamente o devoto executa
shravana e kirtana em seu corpo físico atual(praticante- sadhaka), mas na parte mais íntima da
mente , enxergando-se na posse de um corpo espiritual, serve Krishna dia e noite.
Aqueles que executam Raganuga Bhakti dessa maneira obtêm amor aos pés de
Krishna . A diferença entre Vaidhi Bhakti(executada sob regras e regulações) e a prática
Raganuga é que na primeira o resultado é muito demorado na busca de bhava mas na segunda
é facilmente obtida .( Op. Cit. pag.51/52 )

OS ENSINAMENTO DO SENHOR SHRI CHEITANYA A SHRI RAGHUNATHA DASA


GOSWAMI
...’Sempre cante Hare Krishna abandonando a consciência de sua própria honra e
dando respeito as pessoas execute serviço mental a Shri Radha e Krishna em
Vraja. Essas , em resumo , são minhas instruções.’. Nessa instrução o Senhor Cheitanya
forneceu o processo interno de executar serviço durante o dia e a noite divididos em oito
partes(astakaliya). Aos devotos se pede que adquiram condição para receber esses
ensinamentos..( Op. cit. pag.57)

ASTAKALIYA LILA
Se o devoto executa o astakaliya lila de Krishna com profunda concentração , o
svarupa siddhi vai aparecer. O devoto deve aprender este bhajana de seu misericordioso
Gurudeva, ou seja, o método que se prescreve para se poder entrar no Nitya lila de Shri Radha
Krishna . O sadhaka(devoto aspirante) entra no grupo de Shri Radhika imaginando seu corpo de
Gopi. Mesmo que tal devoto seja homem, deve possuir em sentimento um corpo espiritual de
gopi. Não se deve considerar isso como impraticável. O corpo espiritual sempre anseia pelo
kama puro. Em Madhura do ujwala rasa todas as jivas são puramente femininas. Elas servem a
Krishna que é o único Supremo Absoluto Masculino. Após o devoto compreender sua posição
pelo tipo de bhajana que aprecia internamente o Guru espiritual vai iniciá-lo segundo essa
tendência. O método é se lembrar dos sentimentos que brotam na mente de Goura Chandra a
cada instante, então o sentimento de Madhura rasa ou ujwala rasa vai surgir em nossas mentes.
Ainda que o devoto execute atividades neste mundo material com rotinas diárias de trabalho com
seu corpo físico, ainda assim ele pode adquirir o sentimento espiritual de seu corpo puro e
eternamente livre. Pensando e pensando que se está servindo o astakaliya lila de Shri Radha

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Krishna com tal corpo, um dia esse devoto vai obter o svarupa siddhi, ou seja, vai poder
identificar seu eu verdadeiro com o corpo espiritual de uma gopi.
O devoto deve pensar em si mesmo como uma gopi, concentrando-se do seguinte
modo: - Estou na companhia de Shrimati Lalita que pertence ao grupo de Gandharvika. Sou
submissa a Shri Rupa Manjari e moro na aldeia de Javata .Meu corpo é de uma adolescente,
minha pele tem a cor de ouro puro. Sou alegre, feliz e graciosa. Estou de prontidão ao lado de
Shri Radha e Krishna . Para a formação total do Siddha deha é necessário preencher essas
características e mais outras como, nome, roupa, grupo, serviço, residência, etc. essa insistente
meditação vai fazer surgir um claro sentimento de prestar serviço espiritualmente. Se o devoto
tiver alguma ânsia por essa meditação(caminho de Raganuga) deve orar aos preceptores que
após detectar seu humor vão determinar o tipo de bhajana adequado e apropriado para o Siddha
deha deste devoto. Para nutrição do Krishna lila, o tempo , espaço, firmamento, água etc.
imaculados são todos ingredientes do lila do Senhor. Portanto neste tempo chinmaya( onde não
se apresenta o tempo mundano) é que ocorre o Astakala lila. O dia e a noite são divididos em
oito partes, a saber: final da noite, manhã, antes do meio dia, meio dia, após o meio-dia, tarde,
crepúsculo e noite. Isso tudo só serve como referência para os devotos de como devem se
conduzir no seu bhajana diário,( Op. cit. pag. 206 e 210/211)

LEITURA DE LIVROS.
Portanto o devoto DEVE ler os shlokas contidos no Padmapurana- patal khanda ,
no Shri Govinda Lilamrita, Shri Ujjvala Nilamani , Jaiva Dharma , décimo canto do Shrimad
Bhagavatam, Shri Guita Govinda, Shri Krishna Karnamritam, este será o bhajana diário e o êxito
será rápido e facilmente alcançado.( Op. cit. pag. 274)

QUEM NÃO DEVE LER.


Para a alma que está mergulhada na matéria grosseira, cujo coração está sujo e
não sente atração por ragamarga, para os que dão preferência aos prazeres sensórios, a
descrição do lila amoroso deve ser mantida em segredo, pois, tais pessoas vão pensar que esse
lila é como a luxúria mundana de macho e fêmea e considerar esses passatempos como
materiais ou então, vão incorrer no caminho dos sahajias. Mas se se pode transformar a
existência material grosseira em espiritual, então , pode-se ler , pois a leitura do lila limpa o
coração e cria sentimentos transcendentais ( Op. cit. pag. 214 )

O QUE NÃO É PERMITIDO.


Toda esse assunto foi discutido para o bem das pessoas em geral. De outro modo ,
como poderia a alma saber sobre a rasa suprema? É dever dos devotos de Krishna servi-lo com
este tipo de amor erótico transcendental, devotando-se aos sentimentos amorosos das gopis.
Mas, aquele que tenta fazer o papel de Krishna , imitando-O no lila amoroso , está condenado ao
inferno eterno.( Op. cit. pag. 250)

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SHRI SHRI NAVADWIP VRAJA MADHURI

Shri Shri Goura- Gadadharou Vijayatam


Invocação e Dedicação

‘Shri Navadwip Vraja Madhuri’ é a compilação de numerosas referências


coletadas do vasto tesouro da Sahitya (literatura) Gaudiya Vaishnava.
Aqui podem ser encontrados excertos retirados de Maha Kavya, Lila Kavya, Kanda
Kavya, Campu Kavya, Charitra, Nataka, Rasa Alankar Shastra, Smriti Shastra, Darshan Shastra
e especialmente Vaishnava Padyavali - todos compostos e escritos por vários Acharyas e
mahajanas da Gaudiya Vaishnava.
Este adorno de flores fragrantes (shlokas) colhidos no imenso jardim da floresta
Gaudiya Vaishnava Sahitya, foram reunidos formando uma guirlanda dos passatempos diários
de Cheitanya Mahaprabhu em Goloka Vrindavana que se dividem em oito partes
Que possa essa guirlanda ser oferecida ao “Rasika-Bhramara” como Bhaktas
que acalentam a ambição de algum dia adentrar no Nitya Navadvipa Bihar de Shri Gouranga
Deva, através do cultivo e práticas diárias do Lila smarana Sadhana, combinado
com Hari Nama Sankirtana .
INTRODUÇÃO
Embora o Gaudiya Vaishnavismo seja “Sanatana Dharma” (um sistema da
religião eterna), fez seu aparecimento dentro deste mundo com o advento do Kali Pavana
Avatara Shriman Gouranga Mahaprabhu, somente há uns 500 anos atrás.
Foi o desejo interno “manovista” de Shri Krishna Cheitanya que tornou esse
sadhana possível para o povo desta era, podendo obter o “Jugal Seva” de Radha Govinda
no mundo espiritual de Goloka Vrindavana.(grifo do autor)
Por essa razão muitos de seus seguidores escreveram livros sobre este assunto.
Os Seis Gosvamis de Vrindavana, liderados por Shri Rupa e Shri Sanatana são os
exemplos porque especialmente por meio deles, a específica missão e o desejo interno de Shri
Cheitanya Deva foi manifestado dentro deste mundo:
Shri Cheitanya manovistan staptitam jena bhutale
Svayam Rupah kada mayam dadati sva-padantikam

O desejo íntimo de Cheitanya Mahaprabhu, que Shrila Rupa Gosvami


manifestou se descreve com maior precisão no seguinte verso:
Vrindabaniyam rasa keli bartam
Kalena luptam nija shakti mutkah
Sancharya rupe byatanot puna sa
Prabhur vidhou pragiba lokasritam (C.c. Madhya 19)

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Tradução:

“Exatamente como o Senhor Supremo dota de poder o Senhor Brahma para


que este crie o universo, do mesmo modo Shri Cheitanya Deva, vendo que os passatempos
confidenciais de Vrindavana perderam-se para as pessoas deste mundo, outra vez concedeu
shakti a Shri Rupa Gosvami para fazer que estes assuntos se tornassem conhecidos.”
Aderindo às ordens de Cheitanya Mahaprabhu, os Seis Gosvamis pregaram do
seguinte modo:

1) Indo primeiramente para Vrindavana e estabelecendo o nitya-seva de Radha


Krishna na forma de Arccha-Vigraha.

2) Em seguida situarem e restabelecerem os locais perdidos dos passatempos de


Krishna.

3) por fim com seu próprio “acharan” (exemplo) executar intensivo bhajana aos pés
de lótus de Radha e Krishna.

“Radha Krishna padaravinda bhajanandena matalikou”

4) E quem sabe, o mais importante (para o bem estar de todas as pessoas das
gerações futuras), eles legaram a “mahaprasada” dos remanescentes de seu degustar do Vraja
Madhuri, ao escreverem um oceano de literatura transcendental, as quais são especificamente
concentradas em três temas: Tattva, lila e rasa de Radha e Krishna em Vrindavana.

Logo após a partida do Senhor Cheitanya e Seus devotos deste mundo,


retornando para a Sua morada em Goloka, um segundo renascimento aconteceu dentro da
Gaudiya Vaishnava Sampradaya. Levando consigo os livros dos Seis Gosvamis, Shrinivasa
Acharya, Shri Narottama Dasa Thakura e Shri Shyamananda Prabhu retornaram para a Bengala
para pregar este “Gupta Vrindavana rasa keli vartam” i.e. (as informações perdidas dos
passatempos confidenciais de Vrindavana).
Conservando o legado e expandindo seu significado no que se refere ao “shuddha
Vraja Bhajana” e estabelecendo um forte senso de “anugata” (fielmente seguindo no caminho)
dos Gosvamis, estes três acharyas, em seguida, concentraram-se na importância de pregarem o
Cheitanya lila.
Nesse momento “Goura Chandrika” (o significado será descrito nas páginas
seguintes) foi introduzido. O método de Shriman Mahaprabhu de executar kirtana foi primeiro
apresentado pela voz melodiosa de Svarupa Damodara, mas ainda não estava sistematizado.
Shrinivasa Acharya desenvolveu esta técnica de kirtana e promoveu um estilo chamado
“Manohara Sahi”, Narottama Das Thakura da mesma maneira introduziu a forma de kirtana
chamado “Goran-hati”, e Shyamananda Prabhu apresentou um método chamado “Ranihati” ou
“Reneti”. Estes três estilos formam o original kirtana Paddhati da Gaudiya Sampradaya.
Num certo momento específico, num grande festival em Ketari, Bengala
Ocidental, Shri Narottama através da influência da execução do kirtana Goura lila causou o
descenso de Shri Cheitanya, Nityananda e Seus associados. Sendo vistos abertamente por
todos os devotos que participaram desse festival. O Senhor Gouranga, Nityananda, Adueita,

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Gadadhara, Shrivasa e outros se juntaram a dança dos devotos que estavam ali reunidos no
kirtana de Shri Narottama. Eles distribuíram bênçãos e êxtase a todos os devotos ali reunidos. O
fato de Cheitanya Deva e Seus associados aparecerem no kirtana é milagroso e muito
assombroso mas isso corrobora a potência do Goura lila kirtana, quando executado por um
devoto puro do Senhor.
“Goura Chandrika” pois, é a narração do Goura lila que precede qualquer tipo de
recitação, seja do kirtana lila em kirtana, em discurso do Bhagavata, no Padyavali, ou literatura
em prosa, ou ainda Lila smarana.
No caso do kirtana, o exemplo do sankirtana levado a cabo por Shri Narottama
utilizando-se do Goura Chandrika no festival de Ketari, é bem vívido. Shri Narahari Chakravarti
na sua obra Bhakti Ratnakara descreve o referido kirtana no seguinte verso:

Narottam bestito ei sab parikara, tara gan madhye jena candra soba kore Sarvange sundar,
madhurjya nahi sima, sankirtan aveshe ki madhur bhangima Shri Krishna Cheitanya Nityananda
Adueita Candra, gan saha cintaye manase mahananda, Shri Radhikar bhabe magna Nadiyar
Canda, sei bhavamaya Guita rocana sucanda, akarshan mantra ki upama tara dite? Paila vihabala
taha prathane gaite,

(Goura Chandrika)

Tarupare Shri Radhika Krishner Vilas, gayben mone ei kaila abhilas, Goura guna gitamrambhe
adhairjya sakale, Shri Janahva Isvari bhasye Prema jale.

“Shri Narottama rodeado por seus discípulos Kirtaniya assemelhava-se a lua


cheia envolto pelas estrelas do céu. Na execução do sankirtana deu-se início a progressão e o
movimento que fluía e era de uma atração cativante. Internamente Shri Narottama com intensa
concentração fixou sua mente em êxtase, em Shri Nitai, Adueita e Cheitanya Chandra.
Primeiro, Narottama inicio o canto sobre Nadia Chandra Shri Goura no humor de Shri Radhika
composto em uma formosa métrica que enlevou todos os devotos (Goura Chandrika). Segundo
- mentalmente ele fixou seu desejo na descrição resumida dos passatempos amorosos de Radha
e Krishna com o kirtana... mas quando ele começou a descrever as qualidades de Gouranga,
todos os devotos ali reunidos perderam o autocontrole, enquanto Shri Jahnava Ishvari ficou
totalmente ensopado devido as lágrimas de Prema... (segue-se uma longa narrativa de como
Shri Cheitanya Deva com Seus eternos associados, em pessoa, descenderam no kirtana).
(Shri Bhakti Ratnakara)
No tocante a Shrinivasa Acharya existe mais um notável exemplo no que diz
respeito à execução de lila smarana. O livro “Bhakti Ratnakara” descreve como ele
primeiramente meditava em Goura Lila e após em Radha Krishna lila. Esta descrição é a
seguinte:

Tradução:

Certo dia, num local isolado, Shrinivasa Acharya sentou-se e começou a meditar
nos passatempos de Navadvipa Chandra. Ele enfocou sua mente no cenário de Mayapura entre
as áreas florestais com seis estações,(NT: Na Índia, de fato, existem 6 estações, após
o verão a estação das chuvas e após o inverno a estação seca- a cada 2 meses

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há uma estação distinta.) com trepadeiras e árvores, todas repletas de pássaros de um


doce canto. Nesta atmosfera, ele pressentiu Shriman Gourasundara sentado em uma sinhasana
de jóias, rodeado por Seus devotos. Em sua meditação ele se aproximou e passou a untar o
corpo do Senhor com fragrante polpa de sândalo. Então, colocou uma guirlanda de flores no
pescoço dEle e começou a abaná-lO com uma cchamara. Uma vez que Shrinivasa continuou a
contemplar o belo rosto de lua de Gourachandra, acabou tomado por emoções transcendentais e
lágrimas fluíram de seus olhos de lótus. Neste estado, Shrinivasa percebeu que não seria capaz
de manter sua compostura. Vendo esses sintomas, o Senhor ficou satisfeito e tirando a guirlanda
de Seu próprio pescoço , passou às mãos de um devoto que a colocou em Shrinivasa . Ao
receber a guirlanda a meditação de Shrinivasa interrompeu-se. De volta a consciência externa,
encontrou a mesma mala (guirlanda) adornando seu peito. A fragrância da guirlanda era
incomparável, atraindo abelhas, as quais dardejavam a guirlanda. Shrinivasa, então, com
cuidado, removeu a guirlanda do pescoço e ocultou-a para que suas atividades não pudessem
ser percebidas pelos outros. Desse modo, a sós, Shrinivasa Acharya meditava regularmente nos
passatempos de Navadvipa Bihar.”

Na mesma narração, o livro “Bhakti Ratnakara” descreve-se como o “Manasi


seva” de Shrinivasa se estendia ao Vraja lila. Em Vrindavana existe uma área isolada conhecida
como “faghutala”, onde, na primavera, Radhika e Madhava executam a “Holi” lila. Naquele lugar
existe uma floresta de Kadamba, refrescada pela fragrante brisa, onde machos e fêmeas de
papagaios, cucos e vários outros pássaros, sempre cantam alegremente. Também, as abelhas
zunem continuamente entre os arbustos floridos, e milhares de pavões dançam, enquanto os
cervos vagam para lá e para cá. Neste cenário pitoresco, a introvisão de Shrinivasa Acharya
fixou-se em “Rai-Kanu” (Radha Krishna) na companhia das sakhis e manjaris. Vrinda Devi então
apareceu com uma infinidade de criadas todas trazendo os ingredientes para executar “Holi
khela”. Nisto, com o acompanhamento da Vina e outros instrumentos musicais, a brincadeira de
jogar tinta colorida começou. Cercada pelas sakhis guerreiras, Shri Radhika passou a
arremessar e esguichar tinta, bombardeando Krishna por todas os lados. As sakhis então
convidaram Shrinivasa (Mani manjari) para ajudá-las. Assim, na forma de dasi, Shrinivasa
passou a suprir Radharani com mais pó colorido. Esta batalha tornou-se tão maravilhosa que até
mesmo um milhão de cupidos poderiam desmaiar diante de tal visão. Logo, o sol se cobriu pela
poeira que se fez e exceto o estrondoso som dos instrumentos, nada mais podia se ouvir. Ao
mesmo tempo que Krishna lançava substâncias coloridas, que caiam como chuva, sobre Radhika
e as sakhis, Ele também habilmente as beijava no desenrolar da batalha. Quando o combate Holi
khela chegou ao fim, as sakhis, reuniram “Rai e Kanu” e Os sentaram na simhasana adornada
com jóias. Então, para mitigar a fadiga dEles, Shrinivasa (Mani Manjari) passou a arejá-los com
uma cchamara (leque) satisfeito por vê-lOs juntos e felizes. Quando a meditação de Shrinivasa
quebrou, ele observou que todo seu corpo estava coberto por aquelas divinas substâncias
coloridas.( Na vida de Siddha Mahatma Das (Dina Krishna Das) de Govardhana -que será
mencionado muitas vezes neste livro- experiências similares aconteciam em seu bhajana diário,
quando se absorvia em lila smarana). Desta maneira, ele não pôde se esconder, pois a
fragrância era muito forte e não pertencia a este mundo. Regularmente, tais eventos aconteciam,
em sua execução diária de “Manasi seva”. Quem pode descrever a natureza de seu incessante
prema. - Shri Narahari Chakravarti (Shri Bhakti Ratnakara)

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Embora Radha Krishna lila seja a meta do Gaudiya Vaishnava, Goura Lila é
igualmente importante, e deve preceder a narração do Vraja Lila. Para isso Shri Gouranga Deva
está nos mostrando como adorar Radha através de Seu próprio exemplo:

Apani korimu bhakta bhava angikar Apani acari dharma sikaimu sabare.

(C.C. Adi 3)

Cheitanya Mahaprabhu disse: “Eu assumirei o humor de um devoto, e por Meu


comportamento ensinarei aos outros.

Goura Lila é a “parishista” (conclusão) e a ulterior continuação do Radha Krishna


lila.

Por exemplo, assim como Radha e Govinda executam Julan Lila em Vrindavana,
Shri Gourasundara, absorto no humor dEles, também executa este mesmo lila com Gadadhara e
Seus outros associados confidenciais de Navadvipa. Analogamente na primavera, enquanto Shri
Krishna executa o festival de Holi (arremessando tinta colorida) com Radha e Suas sakhis, Shri
Gouranga Deva, também, em Nadia executa este passatempo na época do Basanta Panchami
até o Goura Purnima, em vários locais e nos lares de Seus mais queridos devotos. A Rasa lila
que ocorre às margens do Yamuna na noite de lua cheia de outono, também se manifesta nos
jardins com flores das seis estações de Shrivas Thakura às margens do Ganga, em que se
mescla a fresca brisa vinda da Malásia com o melodioso sankirtana de Krishna. Em essência
para cada Krishna Lila, existe uma simetria correspondente em Navadvipa (Goura-lila).

Nesse sentido Goura Lila é o próprio significado de Vraja Lila. Se alguém quer
conhecer Radha Krishna Lila em profundidade, em sua forma mais doce, tal devoto seria mais
inteligente se , em primeiro lugar, procurasse em Navadvipa, porque as doçuras profundas do
“Vraja Prema Rasa”, desdobram-se através do insondável e profundo humor dos movimentos de
Shri Gouranga Deva a cada instante.

Por esta razão os devotos experientes não vêem diferença entre Navadvipa Dhama
e Vrindavana Dhama, referindo-se a Navadvipa como “Gupta Vrindavana”, ou Vrindavana oculta.

Shri Goura Mandala bhumi, Jeba jane Chintamani, tara hoy Brajabhumi vasa.

(Shri Narottama Dasa Thakura)

A pessoa que possui a capacidade para ver a “Goura Mandala” (os lugares dos
passatempos de Gouranga) como sendo não diferentes de Chintamani Dhama de Vrindavana é
o verdadeiro vrajavasi (residente de Vrindavana).

Concomitante a isto, existe outro notável siddhanta estabelecido por Shri


Prabodhananda Sarasvati em seu “Cheitanya Chandramrita” como se segue:

Jato jato Goura Padaravinde binde to bhaktim krita punya rashi

tatha tathata sarpati hridaya kasmat Radha padambhoja sudhambdhu rasi

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De acordo com a quantidade de Bhakti que foi despertada por servir os pés de
lótus de Shri Gouranga, no coração do devoto piedoso, nesta mesma proporção,
automaticamente, sua devoção no serviço aos pés de lótus de Shrimati Radharani será também
naturalmente despertada.

Shri Narottama Dasa Thakura corrobora isto dizendo:

Shri Goura Prema Rasarnave,sei taranga jeba dube,sei hoy Radha Madhava antaranga

Qualquer um que seja capaz de mergulhar no oceano de Goura Prema Rasa,


também se tornará um associado confidencial de Shri Shri Radha Madhava.

Shri Krishna Das Kaviraja apela humildemente aos diligentes devotos abaixo:

Krishna lilamrita sar, tar sata sata dhara,dasdike bahe jaha hoite Se Cheitanya Lila hoy,
sarovar akhaya,manohamsa caraha tahate bhaktagan suno mora dainya bacan toma
sabhar paddhuli, Ange bibhushan ko kichu kori nivedhan Cheitanya lilamrita pura, Krishna
lila sukarpura,dohe mile hoy sumadhurya Sadhu Guru prasade,taha jei asvade,sei jane
madhurya prachurya, Je lila amrita bine, khaya jadi annapane,tabu bhakter durbal jivan.
Jara eka bindu pane utphulla tanu mone,hase gaya koraye nartan,Ei amrita koro pan, jaha
sama nahi ana, citte kari sudidha vishwas.

A essência dos nectáreos lilas de Krishna, os quais desenvolvem-se em dez


direções, em centenas e centenas de ondas, encontra seu refúgio no sempre existente lago puro
do Shri Cheitanya Lila; que a nossa mente possa como um cisne deslizar por aquelas águas.

Ó devotos do Senhor! Por favor, ouçam minha submissa súplica, tomando a poeira
de seus pés como ornamento para meu corpo; eu apresento o seguinte:

A morada do nectáreo Cheitanya Lila, mesclada com a cânfora do Krishna Lila,


formam a suprema doçura. Aquelas pessoas que são capazes de obter a misericórdia de Shri
Guru, e dos sadhus, são capazes de saborear isto, pois sabem onde podem encontrar o limite
final do conhecimento.

Se qualquer devoto se alimentar só com refeições comuns, e negligenciar o


saborear das doçuras desses lilas, sua vida como devoto com certeza enfraquecerá... mas por
outro lado, a pessoa que é capaz de beber apenas uma gota deste néctar, sua mente e corpo
vão se revigorar enquanto canta, ri, e dança.

Portanto, mantendo uma fé forte em seu coração, beba este néctar que não se
compara a nenhuma outra coisa. (Shri Cheitanya Charitamrita)

Em alguns casos constata-se que os devotos têm profundo interesse no Krishna


Lila, mas ao mesmo tempo possuem pouco interesse no Goura Lila. Interessar-se por Krishna
Lila é, decerto um sinal de boa fortuna, mas sem Goura Kripa, mesmo o Krishna Lila ,
isoladamente, permanece inacessível porque...... O nikunja seva de Shri Shri
Radha Krishna é o presente de Shri Cheitanya Mahaprabhu.

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Na verdade, isto é especificamente o que Ele veio dar para as almas caídas desta
era. Se alguém cuidadosamente ler os livros dos Gosvamis, chegará a esta conclusão. Os
acharyas da Gaudiya Vaishnava Sampradaya, igualmente, enfatizam a importância do Cheitanya
Lila. De fato, o modo que esta sampradaya desenvolveu o Lila de Shri Govinda e Shri Goura, vai
encontrar seu melhor desempenho quando se presta adoração simultânea. A razão específica
para isto é que na análise final, no momento de se alcançar siddhi ou perfeição, o sadhaka
Gaudiya Vaishnava vai obter duas formas espirituais e não só uma.

Essas duas formas são as seguintes: 1) uma forma de gopi manjari kishori de
extrema beleza para o serviço a Shri Shri Radha Krishna na associação com outras sakhis e
manjaris em Vraja. 2) uma forma masculina Kishora de beleza dourada adequada para execução
de seva a Shriman Gourasundara na companhia de Seus associados em Navadvipa. Podem
haver raras exceções a isso, mas quase na totalidade dos casos esse é destino final para os
seguidores de Shri Rupa Gosvami, pois esse é o modo que a sampradaya foi estabelecida
girando em torno do desejo íntimo de Shri Cheitanya Mahaprabhu.

Esses dois Lilas do Shri Shri Radha Krishna e Shri Gouranga Mahaprabhu
prosseguem perpetuamente na parte mais íntima de Goloka Vrindavana conhecida como Gokula
e Svetadvipa respectivamente, por certo, quem adentrar ali será o mais afortunado.

Nesta obra damos apenas um exemplo ou “dika darshan” (indicação da direção) da


estrutura ou padrão do modo com que esse Goloka Astakala Lila de Shriman Gourasundara se
desdobra. Se Ananta Shesha com Suas ilimitadas bocas tentasse narrar apenas um dia dos
passatempos, ele não conseguiria terminar, pois esses lilas são como um ilimitado, profundo e
vasto oceano.

Esses lilas podem ser usados como um “Goura Chandrika” antes da execução do
smarana de Radha Krishna nos passatempos Astakala. Esse smarana pode ser levado a cabo
com a japa, com Archana da vigraha ou em qualquer hora ou atividade do dia.

Smartahaya satatam Vishnur vismartahya na jatucit Sarve Vidhi-nisedhah suyare tayoreva kinkarah

(Bhakti Rasamrita Sindhu)

Lembre-se sempre de Vishnu e nunca se esqueça dEle, dentre todas as regras e


proibições essa é a principal. Em outras palavras, do mesmo modo que ao principal segue-se o
acessório todas as regras e proibições que se encontram nas escrituras-shastras (acessório)
seguem a essa regra principal.

Espero que os leitores Vaishnavas sejam capazes de sentir alegria ao saborear a


rasa desta pequena gota extraída do nectáreo oceano de Shri Goura Lila. Se isso ocorrer nosso
labor, tempo gastos e esforços terão sido comprovadamente frutíferos.

Jaya Shri Goura Hari!

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Prefácio ao Astakalia Lila


O Prakatat Bhauma Lila de Shriman Gouranga Mahaprabhu (passatempos
manifestados na terra) e Seu Nitya Lila de Goloka são idênticos, porém, simultaneamente
diferentes. Shri Goloka é o aishvarya (opulento) Dhama do Senhor, e o Bhauma (terrestre) Lila é
Seu madhurya Dhama. Todavia, em Goloka, ainda que Shriman Gourasundara resida em
vizinhanças mais opulentas que no Seu Bhauma Lila ainda assim não perde o seu aspecto
madhurya. Madhurya significa doce.

Em outras palavras quando “Sora Aishvarya Purna Bhagavan” (Deus, com suas
seis opulências completas de riqueza, beleza, poder, fama, conhecimento, e renúncia) se
comporta como um ser humano a fim de dar associação pessoal a Seus devotos que o
subjugaram através de prema, chama-se a isso de aspecto madhurya, ou aspecto doce. Quando
Ele se comporta como Deus, o grau do aishvarya ou aspecto de opulência aumenta, e isto cria
entre o Senhor e Seus devotos uma distância de respeito com reverência.

Diferente do serviço com opulência majestática a Shri Narayana em Vaikuntha tanto


Krishna quanto Cheitanya Mahaprabhu conservam o Goloka Lila intacto no aspecto madhurya. A
razão é que Goloka prema é tão especial e atrativo aos Senhores (Gouranga e Krishna) que eles
preferem permanecer submissos a Se posicionarem olhando do alto, manifestando-se em Seu
aspecto de Deus.

Por outro lado, o madhurya lila sem o aspecto aishvarya (super-humano e de


opulência) se torna humano. Devido a isso o aishvarya de Goloka ou Bhauma lila, incrementa a
emoção na doçura do madhurya lila. Por exemplo: Quando Nanda Maharaja, como residente de
Mathura ou Vrindavana, vê Krishna demonstrando seu poder super humano (como levantar a
colina de Govardhana ou matar grandes demônios, etc...) seu amor incrementa e mesmo assim
não consegue se esquecer que Krishna é seu filho e é por ele mantido. Todavia, isto não ocorre
para os devotos que ficam fora de Vrindavana. Por exemplo, quando Vasudeva viu Krishna na
sua forma de quatro braços como Vishnu, ele se prostrou em reverência e temor oferecendo
preces a Krishna como o Senhor Supremo. Arjuna, também, após ver a manifestação Visvarupa
opulenta de Krishna, ofereceu-lhe preces e suplicou perdão por ter anteriormente pensado que
Krishna fosse seu mero amigo. Esse humor madhurya, contudo, por completo, demonstra a
mentalidade do pai de Gouranga deva, Shri Jagannatha Mishra, ao ver o comportamento peralta
extraordinário de Nimai ele disse:

Mishra kahe putra kene na Narayan,tatapi pitar-kaja taran bharatsana

“Por que não pode ser verdade que Nimai é o Supremo Narayana? Mas ainda
assim é meu dever como pai ralhar e lhe dar punição quando ele se comporta mal!

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Outra característica que é acrescentada em especial ao aspecto madhurya do lila


de Shriman Gourasundara é que ele próprio está quase constantemente com a inclinação de um
devoto do Senhor. Essa mentalidade é o tema principal tanto do Bhauma quanto do Goloka lila
de Cheitanya Mahaprabhu.

Na opinião do Siddha Mahatma Krishna das de Govardhana (Dina Krishna das) o


lila de Shriman Mahaprabhu é um sadhaka lila e de Radha Krishna, é um Siddha lila. Ele não
quer dizer com isso que os passatempos de Gouranga não sejam Siddha ou transcendentais,
pois, de fato, todos os associados de Cheitanya Deva são seres perfeitos que tem sua origem no
Vraja lila de Krishna. O que ele quer dizer é que todos, incluindo o próprio Senhor no Goura lila
estão no estado mental de um sadhaka, ou devoto. Aqui a principal urgência é restabelecer as
doçuras de Vrindavana a partir do ponto de vista de um bhakta sadhaka.

Durante o sadhana, existe uma espécie particular de sabor que é experimentado


pelos bhaktas que anseiam profundamente e clamam ao Senhor que Se revele e outorgue Seu
darshan direto. As preces sinceras diárias do devoto também, com certeza, são sentidas e
reciprocadas pelo Senhor. A angústia ou lágrimas experimentadas por um devoto não advém do
sofrimento material, pelo contrário, são geradas por um tipo de êxtase que não pode ser
experimentado ou imaginado pelos não-devotos. Os Siddha bhaktas (devotos que já obtiveram o
darshan direto do Senhor) também, às vezes, anseiam experimentar este tipo de prazer, até
mesmo o Senhor Supremo também anseia isso.

Na realidade, o Cheitanya lila nasce do desejo íntimo de Shri Krishna e de Seus


associados de Vraja. Saborear o nome, forma, qualidades e lilas de Krishna por meio de Bhakti
seva é decerto desfrutável, mas quando esse seva é alçado ao nível máximo do Prema Maha
Bhava de Radharani, então , tal seva se transforma num notável e comovente milagre. É nessa
plataforma que Shri Sacchinandana e Seus devotos desfrutam dessas doçuras do Vraja Prema
do ponto de vista dos sadhakas.

Se o extraordinário arrebatamento encontrado no Cheitanya Lila não excede o de


Vraja, então por que Shri Krishna se daria ao trabalho de vir pessoalmente até Navadvipa e
aceitar o estado mental e as doçuras de Shri Radhika?

Comparando-se com o vasto oceano do Krishna Lila, o “Goura Prema Rasarnava”


(oceano de Goura Prema Rasa) é mais profundo.

Em outras palavras Cheitanya Lila possui tudo que o Krishna Lila possui e algo
mais. Esse é um assunto que evoca a contemplação nas mentes dos devotos pensativos. Siddha
Jagannatha Dasa Babaji costumava dizer: ‘Eu posso compreender um pouco sobre o Krishna
Lila, mas do Goura Lila eu nem posso começar a entender’. Essa declaração é o sinal da
humildade de um Vaishnava mas também é muito instrutiva para indicar que existe algo mais no
Cheitanya Lila do que pode ser visto pelos olhos de um observador casual.

Em Goloka, Krishna permanece eternamente com idade fixa, o mesmo ocorrer com
Cheitanya Mahaprabhu. Shri Gouranga e Seus devotos, todos possuem idade Nitya Kishora (em
quase todos os casos). Mesmo Adueita Prabhu tem uma forma Kishora sem sua aparência idosa
e de barba. Em seu Bhauma Lila, Shri Krishna matou muitos demônios e Cheitanya Mahaprabhu

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libertou muitos não-devotos, começando com Jagai e Madhai, mas em Goloka por não haver
demônios e não-devotos esses Lilas não ocorrem. No Bhauma Lila, Shri Krishna deixou
Radharani e os outros residentes de Vraja e seguiu para Mathura. Do mesmo modo, Cheitanya
Mahaprabhu aceitou sannyasa deixando Sua mãe e Vishnupriya Devi. Contudo, em Goloka os
dois senhores: Gouranga e Krishna permanecem, sem sair, de Seus Dhamas de Navadvipa e
Gokula respectivamente. De fato, lá, Shriman Gourasundara vive com suas duas esposas, Shri
Lakshmipriya e Shri Vishnupriya. No Bhauma Lila foi visto que muitos dos Gouranga Devas,
associados mais queridos, foram encontrá-lo fora de Navadvipa após o Senhor aceitar sannyasa.
Em Goloka, todavia, esses devotos importantes como Svarupa Damodhar, Raya Ramananda,
Sarvabhauma Bhattacharya, Shri Rupa e Shri Sanatana, etc., são todos Navadvipa-vasis.

No Cheitanya Charitamrita vemos que o estado mental do Senhor Gouranga de


Radha Bhava, combinado com sentimentos mesclados de separação por Krishna atinge seu
clímax no final dos passatempos manifestos do Senhor em Puri. Esses mesmos sentimentos
progressivos se desenvolvem no Nitya Navadvipa Lila de Shriman Mahaprabhu em Goloka. Um
aspecto específico sobre a idade Kishora de Shri Gourasundara é que sua forma é
incomparavelmente bela nessa época. Os Goloka Navadvipa-vasis sempre vêm Gouranga em
Sua forma Gouranga Kishora original. Na linguagem do poeta Shri Vrindavana Dasa Thakura,
podemos ter alguma idéia dessa beleza no seguinte verso:

vishwambhar murti madan saman divya gandha malya divya vasa paridh

ki charu kanakjyoti se deher age se badan dekhite cader sadha age

se danter kache kotha muktar dam se kesh dekhiya megha bhaigela mailan

dekhiya ayata dui kamalnayam ara ki kamal ache hena hoy jnana

se ajanu bhuja dui atihu sundar se bhuja dekhiya lajja paya korikar

prasata gaganmotto hridaya supina chayapath jajnasutra tahe oti khina

lalate bicitra urdhva tilak sundar abharan bina sarva anga manohar

kiba hoya koti mani se naka cahite se hasa dekhite kiba koriye amrite

Shri krishna cheitanya nityananda candajana vrindaban das tuchu padajuge gana

A murti de Shri Vishvambhara é como um cupido que trajam refinadas roupas,


adornada com uma guirlanda de flores que exalam um aroma divino. Seria possível comparar
algo a Sua refulgência dourada? Mesmo a lua deseja ver a beleza de sua face. A glória de um
colar de pérolas desvanece quando comparada com o brilho dos dentes de Gouranga. A visão
do encantamento de Seu cabelo, faz com que as nuvens escuras fiquem pálidas. Após ver Seus
dois olhos de lótus, uma pessoa pode concluir: “É possível que ainda haja alguma flor de lótus
além dessas? Observando Seus braços de formas perfeitas, mesmo os elefantes ficam
envergonhados de suas trombas. A grandeza de Seu peito é como o vasto firmamento. E um fino
cordão bramânico enaltece sua simetria. Decorando sua testa, é possível visualizar Sua tilaka de
um reluzente colorido. E além disso, mesmo sem usar ornamentos, cada membro do Seu corpo

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é encantador para a mente. Contemplando a refulgência das unhas nos pés de Shri Gouranga
concluímos que ali existem milhões de pedras preciosas. E finalmente, ao percebermos Seu
sorriso, é como a descoberta de amrita. Conservando na mente Shri Krishna Cheitanya e Shri
Nitai Chandra, Shri Vrindavana Das canta esse pequeno Padyavali.

Asta Kala
Goura Lila Pranam Mantra
Shri Gouranga Mahaprabosh caranayoaja kesh Sesh adibhih

sevagamayataya svabhakta vihita sanairjaya labhyate

tam tan manasikim smritim prathayitum bhavya sada

sattamair naumi pratyahikam tadiya caritam sriman navadwipajam

Tradução:

O seva aos pés de lótus de Shri Gouranga Mahaprabhu não é obtenível para importantes
devatas como Brahma, Shiva ou Ananta Shesha. Apenas os associados de Cheitanya
Mahaprabhu têm a fortuna de servi-lO e é pela misericórdia deles que o Gouranga seva está
disponível. Esse nitya-seva é alcançável pelo processo de “Manasi seva” (lembrança de Seus
passatempos diários). Eu me prostro a esses nitya lilas contínuos e diários de Cheitanya
Mahaprabhu que desabrocham em Navadvipa. Shri
Visvanatha Chakravarti

Asta Kala Lila de Shriman Mahaprabhu - Verso I

Nota do Tradutor: Esse verso segue as orientações do mangala acharan shloka de Krishna
Dasa Kaviraja. “Shri Radha pranabandohos Charan...” do Govinda Lilamrita. Ele foi escrito para
servir de “Goura Chandrika” para este verso.

Shri Navadvipa
Asta Kala Lila sutra
ratryante sayanolthitah surasarita snato babhou já prage

purbahne saganair lasatya upabone tairbhati madhyanake

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jah purjyaparahnake nija grihe sayan grhhe hathangane

sribasasya nijamukhe nishi basan Goura as no rakhatu.

Tradução:

Ao Se levantar pela manhã, Cheitanya Mahaprabhu vai tomar banho no Ganga ,


segue depois executando vários lilas matinais com os devotos nas florestas de Nadia, depois
disso ao entardecer, caminha pelas vilas e aldeias para chegar em casa já no crepúsculo, e à
noite vai a casa de Shrivasa Thakura executar sankirtana - que essa forma de Shri Gouranga
Mahaprabhu nos proteja por Suas boas qualidades.

Shri Visvanatha Chakravarti

(Asta Kala Lila de Shriman Mahaprabhu Stotra Verso II)

Bhuta Suddhi
(Atma Dhyan)

Antes de entrar no Navadvipa Dhama para executar “Manasi seva” (serviço


concebido dentro da mente) a contemplação do svarupa espiritual purificado do contemplador é
essencial, essa meditação é a seguinte:

divyam Shri Hari mandiradhya tilakam kantam sumalanvitam

vaksah Shri Hari Nama varna subbagam Shri kanda liptam punah

suddham subhra navambaram vimalatam nityam vahantim tanum

dhyayet Shri gurupada padma nikate sevotsukham catmanah

Deve-se meditar na própria forma espiritual eterna pura como estando situada
próxima aos pés de lótus do Guru e repleta de entusiasmo para servir (a Shri Gouranga). Na
testa haverá tilaka que se compara com o templo do Senhor Hari. Em torno do pescoço haverá
uma Tulasi mala e o peito estará decorado com os santos nomes do Senhor escrito com pasta
de sândalo. Esta forma está vestida com refinadas roupas brancas de seda.

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(Archana Paddhati de Shri Dhyan Chandra Gosvami)

Shri Guru Dhyan


No shloka anterior se menciona que o sadhaka está situado próximo aos pés de
lótus de seu Guru, quanto ao svarupa do Guru, esse é descrito com mais detalhes no seguinte
verso:

sasankajuta sankasam borabya lasat karam

suklambara dharam divya suklamalyanulepanam

prasanna badanam santam bhajananda nibritam

divyarupa dhyayet baradam kamalalekhsanam

sundaram dvibhujam gouram kaisorboyasujjvalam

rupa purba gurugananugatam sevanotsukham

ebong rupam gurum dhyayen manasa sadhak sucih

Tradução:

A forma do Guru é refulgente e suave como o brilho de um milhão de luas. Suas


duas mãos outorgam bênçãos e concedem destemor ao discípulo rendido. Ele está vestido com
uma roupa e uma guirlanda de flores brancas, com decorações de chandana pelo seu corpo. Seu
rosto reflete paz interna e satisfação. Ele sempre está absorto na felicidade de Goura Bhajana.
Seu corpo é sat-chit-ananda, com belos olhos de lótus e uma tez dourada refulgente na sua
idade eterna de kishora. Ele é um resoluto seguidor de seu próprio gurudeva e do parampara, fiel
ao caminho mostrado por Shri Rupa Gosvami. Ele está sempre ansioso para executar todos os
tipos de Bhagavat seva, e satisfaz os desejos de seus discípulos. Desse modo, em um estado
purificado e límpido o sadhaka deve fixar sua mente em smaranam ou seja a lembrança da forma
de seu gurudeva.

(Shri Archana Paddhati de Dhyan Chandra Gosvami)

Nota do Tradutor:

Shri Jiva Gosvamipada, no seu Bhakti Samdarbha 286 e Anu ou Krama Samdarbha
11/27/29 descreve duas formas do Guru, isto é, o Vyasti Guru e o Samasti Guru.

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jha eva bhagavanatra vyasti rupataya bhaktavatarivena

Shri Guru rupo bartate, as eva tatra samastirupataya

svabamapradese sakhad avatartvenapi tadrupo bartate

Tradução: O Senhor Supremo outorga misericórdia às jivas na forma do Guru de


duas maneiras: como Vyasti Guru, que descende ao mundo material como um Bhakta Avatara
do Senhor e como Samasti Guru que é um Avatara direto do próprio Senhor que permanece do
lado esquerdo de Shri Cheitanya Mahaprabhu no yoga pita, no mundo espiritual.

Para uma explicação mais clara podemos dizer que o diksha Guru de uma pessoa
é o Vyasti Guru. O Vyasti Guru é o representante do Samasti Guru. Segundo os atos piedosos,
karma e conhecimento adquiridos as diversas jivas possuem níveis diferentes de elegibilidade
para se aproximarem do Senhor Supremo. Por esta razão, o Vyasti Guru pode assumir várias
formas como Bhakta Avatara para elevar as jivas. A forma do Samasti Guru, contudo, permanece
eternamente a mesma. Essa forma eterna do Guru no Goura Lila foi descrita no verso anterior.

Uma Descrição de

Navadvipa Dhama em
Goloka
svardhunyas caru tire spuritam ati brihat kurma prestabgatram ramyaramabritam sanmani kanak
maha sadma sandaih paritam nitya pratyalayodyat pranaya bhora lasat Krishna sankirtanadyam
Shri vrinda tabyabhinnam trijagatnuopamam Shri navadwipam ide phulaca shrimad drumaballi tal
lajalastira tarangabli ramya manda maruna maralajala srenisu bhringaspadam sad-ratnacitadivya
tirtha nibata Shri Goura padambujam dhuli dhusaritanga bhavani cita gangasti sampavani tasya tira
suramyam hema surasa modhye lasasri navadivipo bhati sumangal madhuripo ananda banyo
mahan nano puspa phaladya briksha latikarameya mahatsevito nana varna bihangalinindairhaita
karna hari hi já kandam markatam prabhutapisako subarnatmika patralih kurubinda komalmayi
prabalikah korakah puspanam nikarah suhirok mayo vaidurjakiya phala sreni jasya as kohapi sakhi
nikaro jatrati matrajjallah tan madhye dvija bhavya loka nikaragarali ramyangan maramo pabnali
vilas sad vedi bhiharopadam sad Bhakti prabhasya birajita mahc bhaktali nityotsabah pratyagaram
Ghari murti sumahad bhatiha jet patanam evambhute Shri navadwip Manasi nivasam kritv tatra Shri
gurudeva sajyaultan mukh prokshalan danta dhaban cdi kramena jatha joggam sevayam kurjyat
sevanantatam dhyanyet

Tradução:

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Situado nas pitorescas margens do rio dos deuses (o Suradhumi Ganga) se


encontra Navadvipa Dhama, que tem a forma de uma colina levemente inclinada, assemelhada
ao dorso de uma tartaruga. Lá, sempre uma leve brisa permeia a região, onde há incontáveis
palácios, residência dos devotos de Shri Gouranga. Esses palácios são feitos de ouro e jóias
preciosas e em cada residência, podemos ouvir o constante e melodioso som de Shri Krishna
Prema Sankirtana. Essa Navadvipa Dhama é incomparável em esplendor a qualquer outro local
nos três mundos, não sendo diferente de Shri Vrindavana.

O Ganga circunda toda a área do Dhama. Às suas margens existem variedades


de árvores e vinhas. A brisa fresca carrega o aroma de quatro diferentes tipos de flores de lótus
que margeiam o rio, onde os cisnes, grous e abelhas sempre podem ser vistos brincando. As
margens do rio são douradas e maravilhosamente pontilhadas com muitos gaths (lance de
escada que leva as margens do rio para banhos rituais) incrustados de jóias . O próprio Ganga
está em êxtase devido a fortuna de ter suas águas purificadas pela poeira dos pés de lótus de
Shri Gouranga. A terra também é consciente e está transbordando com o mais auspicioso Goura
Prema.

Por todo o Dhama existem vários quarteirões que são profusamente opulentos
com ilimitadas variedades de frutas e flores.

As árvores estão repletas de pássaros multicoloridos que cantam de maneira


sublime. De fato, algumas árvores são maravilhosas, pois são feitas de jóias preciosas. Algumas
têm os troncos de esmeralda com galhos de jóias douradas. As folhas de algumas árvores são
feitas de safiras com galhos de coral, flores de diamante e frutos de berilo. Todas essas árvores
são auto-refulgentes.

As áreas residenciais estão dispostas de maneira harmoniosa nas glebas florestais.


Em alguns locais existem pavilhões onde festivais estão sempre acontecendo.

Em cada casa podemos ver uma murti de Shri Krishna. O sadhaka deve meditar
que está residindo nesse ambiente transcendental de Goloka Navadvipa Dhama, em seu “manas
siddha deha” (o corpo espiritual concebido mentalmente que é adequado para o seva a
Gouranga). E além do seva a Gouranga o serviço necessário ao seu próprio Gurudeva, tal como
assisti-lo ao levantar-se, suprir água para escovar seus dentes, lavar seu rosto e todos os outros
serviços relevantes que acontecem no decorrer do dia. Todos podem ser executados
mentalmente pelo sadhaka. Archana Paddhati de Dhyan Chandra Gosvami

Nota do Tradutor:

Shri Dhyan Chandra Gosvami é um discípulo de Shri Gopala Guru Gosvami, que
por sua vez era um discípulo de Shri Vakresvaram pandita. Shri Gopala Guru recebeu esse título
de guru do próprio Cheitanya Mahaprabhu e pelo desejo do Senhor (após sua partida desse
mundo) ele se tornou o primeiro Acharya do “Gambhira” onde Shri Cheitanya Deva passou os
últimos dezoitos anos nesse mundo. Shri Cheitanya Mahaprabhu diretamente ordenou a Shri
Gopala guru que estabelecesse o padrão para o Gaudiya sampradaya em termos de vigraha
archana. Para tanto ele escreveu o archana paddhati. Seguindo os passos de seu guru, Shri
Dhyan Chandra Gosvami também escreveu um archana paddhati. Esses dois acrescidos do

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archana paddhati de Siddha Krishna Das formam o archana paddhati original da Gaudiya
sampradaya que é conhecido por todos como “Paddhati-Traya”.

Nisanta Lila
(o lila da madrugada)
entre às 3:36 e 6:00 horas
O Lila de Shriman Mahaprabhu não ficam limitados ou estereotipados, eles são
como um rio com seus muitos afluentes. No Nisanta Lila existem basicamente três versões dadas
pelos Acharyas da Gaudiya Vaishnava.

Uma vez que os passatempos de Shri Cheitanya Deva começam em casa, Shri
Vishvanatha Chakravarti o descreve desde o seu despertar com Vishnu Priya Devi.

No “Shri Shri Gour Govinda Asta Kala Lila Gutika” de Shri Siddha Krishna Das,
Shriman Gourasundar desperta no Mandir incrustado de jóias, após ouvir os sons dos papagaios
e dos outros pássaros, provenientes do jardim de flores sazonais de Shrivasa Thakura. Na
maioria das vezes, isso é o que acontece uma vez que o sankirtana do Senhor se estendeu até
altas horas, assim Shriman Mahaprabhu raramente volta para casa.

Outra versão popular confirmada pelos Vaishnavas Mahajanas: Shri Kavi


Karnapura, e Shri Lochan Das Thakura, é o lila em que encontramos Shri Goura e Shri
Gadadhara levantando-se antes do raiar do sol.

Essas três versões é que tentaremos agora apresentar; todas se baseiam em


evidências Shastricas. No final das descrições do Nisanta Lila, serão discutidas essas três
formas do Goura Lila, madhura rasa.

A Morada de Nadia
(na Beleza da Noite)
kiba se nisir sobha subha rasi subasa nadiya pura,rajanikara rajaka nija kare karila malina
dura.bicitra taruna taru lata muni mohan madhuri lase,praphullita nava kusume bhramar bhramaye
madhurya ase.sital pava manda manda bahe ugare sugandha rasi,param anade ghumayae
rayache sakala nadiya vasi.gabhir alaya sada sukhamaya sobhar nahika para,trijagat majhe
dekhinu kothaha upama nahilajara,pahur Mandir beriya sakal Priya parikara sthiti,keha sueya keha
jagiya rayache ke bujhe ei sabpritaajya anusare keha nija ghare katare sutiya achenarahari hena

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dasa habe se sanga rohiba kache. Shri


Narahari Chakravarti

(Shri Gour Caritra Chintamani)

Tradução: Quão esplendorosa é a morada auspiciosa de Nadia-pura ao anoitecer.


A “rainha da noite” (a lua) se torna uma varredora em seu próprio reino removendo a escuridão
com suas mãos que são seus raios.

Lá vemos as diversas florestas de árvores e trepadeiras coloridas, onde


desabrocham flores que atraem as abelhas que zumbem daqui para lá na esperança de extrair
pólen fresco. A leve brisa refrescante carrega as fragrâncias das flores por todas as direções
enquanto todos os residentes de Nadia permanecem felizes descansando. Essa cena pitoresca é
muito encantadora para as mentes dos munis e sábios porque nos três mundos não existe outra
morada tão santificada e pacífica como essa.

Situadas em torno da residência de Shri Gouranga Deva, estão as residências de


seus devotos em todas as direções. Tendo recebido a ordem do Senhor de retornar para casa e
descansar, alguns dormem, enquanto outros, incapazes de suportar essa separação
permanecem despertos. Quem pode sequer começar a compreender o prema deles por Shriman
Mahaprabhu.

O poeta Shri Narahari conclui dizendo: “Quando virá essa oportunidade, quando
serei capaz de ficar próximo dos devotos do Senhor.”

Shri Narahari Chakravarti“Shri Gour Charitra Chintamani”

Shri Shri Gour e Visnu Priya


Nishanta Lila Sutra
Ratyante pika kukkut adi ninadam srutva svatalpothitah sri vishnu Priya samam rasakatham
sambhasya santosyatam gatvanyatra dharasanopari basan sadbhih sudhoutano jo matradi
bhirikhitoti muditastam Gouram adhyemaham,

Ao amanhecer, Gouranga desperta com os sons do doce arrulhar do cuco e kokil e


papagaios próximos a Sua janela. Após se levantar Gouranga discute (rasa katha) com sua
esposa Vishnu Priya. Após satisfazê-la ele vai para outro local da casa, senta-se em asana e
lava Seu rosto e boca. Nesse momento Sua mãe e outras pessoas vêm receber Seu darshan. E
sentem grande felicidade por estarem com essa auspiciosa presença. Eu medito em Shri
Gouranga quando o encontramos desse modo pela manhã. Shri Visvanatha Chakravarti

(Asta Kala Lila smarana de Shriman Mahaprabhu)

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Mangala Stotram - Verso III

A partir do último capítulo do “Shri Gouranga Campu” de Shripada Raghunandana


Gosvami, uma sinopse do Nisanta Lila de Goura Vishnu Priya é o seguinte:

kadacittu bibhavari birame suka sarika saras sikhabala kuhu kantha kukkuta kapota kalabinka
catakacakrabaka cakranga pravritayah pakhinah prapta prabadhah param pramodena kolahala
kasitam viddhuh tacckarnya prapta nidra banga labdhananda taranga vishnupriyaya
sahacarjyastadalayam sancharjya stitva samayadvaram prakasayamasu baryaharam

“Aye Navadvipa nava sudha nidhe gunabali ratnaghata nadipate

svabandhu ceto jalaja prabnakara priyalata cuta sada jayadhikama”

Tradução:

Certa feita, ao amanhecer, quando os papagaios machos e fêmeas,


pavões, galinhas, cucos, kokil, gansos, grous e outros pássaros iniciaram um canto alegre, as
servas de Vishnu Priya Devi acordaram. Sentindo-se exultantes, foram até a porta do quarto de
Goura e Vishnu Priya, e iniciaram a seguinte conversa:

“Ó lua nova de Navadvipa! Você é um oceano e jóia de todas as boas


qualidades. Você, além disso, é o sol atrativo para os corações de Seus amigos, que são como o
lótus. E para a Sua mais querida consorte que O enlaça com Seus braços que são como
trepadeiras, Você é como uma fruta madura adocicada rasala (manga). Que todas as glórias
recaiam sobre Você!” Hare stijopyalpamapi prasangam padminyabapalyab jahati nidrama

lyantu citrma harina nidantam krotikritapi tyajatihanaitam.

As sakhis de Vishnupriya continuam a conversa entre si do seguinte modo:

“Olhem, vejam só, com um simples raio de sol, os lótus já começam a desabrochar. Mas quão
assombroso é que muito embora esta Padmini (flor de lótus feminina, i. e. Vishnu Priya) esteja
sendo abraçada pela forma do sol na terra (Shriman Gourasundar), ainda assim ela permanece
deitada. Ebong smitamakhinam sakhinam sarasa bhasanmakarnya vishnupriya
kriyankadutaya bahirjajou prabhurapi tadaslesa ranga banga banganidram samuthagopbibesha
tatah sakhya paniya maniya madhuri dhurina ma moda modana misadushamadu
stamarpayamasu darntadhabananchabananchary

Ouvindo as palavras afetuosas de suas servas (que sorriem levemente) Vishnu


Priya Devi saindo dos braços de Seu marido vai ter com elas.

Então, não sentindo mais a tenra carícia de Sua esposa, o repousante sono de
Shri Gouranga se quebra e Ele senta-Se à beira da cama. As servas entram no quarto trazendo
água morna fragrante e um pequeno galho para a escovação dos dentes de Gourasundar .
Tatasca kacan badhur badhuta kokilamada samada bringarena

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kanakamajena sayena dhritena gouraya dadat kilalam lila lakham sadanam


badanam tasya pasyanti hasanti sakhirubaca:

“aye bayasyah! Kalayet bhringo kankuka puspe


bastiha yuktam candroparistaduruno uadeso ibhuydeti tadbhati mahad bicitram”

Tradução: Outra serva após por a água da lota dourada, para lavar a boca de
Gouranga (quando pode então observar as marcas de amor em Seu corpo) e com um sorriso,
pos-se a falar com uma voz cativante que derrota o encanto do pássaro kokil: “Ó sakhis,
venham ver, pode ser compreensível que uma abelha pouse numa flor Badhuli, mas não é muito
assombroso que o sol se levante por cima da lua, esse assunto confunde minha inteligência”.
Ebong Priya bayasasyanam bacanam nisamya hasan sri gouro jagad “aye sarala!
Jadi juyam ra janitha, tada svasakhim pricchata,saiba
kathayisyateyatannidanam iti goura bacana preritaya kayacita sakhyanuyukta
vishnu Priya probaca.”

Ouvindo essas palavras da sakhi de Vishnu Priya, Shriman Gourasundar,


respondeu sorrindo: Vocês são ingênuas, se vocês não sabem a resposta a esse mistério,
perguntem a Vishnu Priya, a mais querida amiga de vocês, pois ela pode explicar a razão disso.”
Bandhuke jad bhringo nibasati hetum darasya janami candropari
thamudgadarunastadvedmi naivaham, sti gourah punaruvaca-sakhyah!Svasakhyah
svesu prirdristha jato natirhasyamapi jusman prati badateyasya ahantu rajanou
sarvam kathayasyami samprati jahnavi snanaya gaccheyamituyuktria mukha
prakhalanadi kam kritva barhirjagam”

Ouvindo essas palavras de Gouranga a sakhi perguntou a Vishnu Priya que


respondeu: “Por que a abelha pousa nas flores Bandhuli? Isto eu posso saber, mas por que o sol
eleva-se por cima da lua? Isto eu não posso nem começar a entender!” Ouvindo essas palavras,
Shriman Gourasundar então disse:

“Ó sakhis, vejam só a afeição que Ela tem por vocês, suas queridas amigas! Ela
quer ficar em silêncio e não revelar esse mistério. De qualquer modo, ao entardecer contarei tudo
a vocês, por ora vou tomar meu banho no Ganga”.

Nisanta Lila de Shriman Mahaprabhu no


jardim de flores Sazonais de Shrivasa Thakura
Segue-se uma descrição desse jardim:

mahaprabhur pura ei navadwipa majha,caturdika bhaktader bhavan biraja. Isana konete hoy srivas
bhavan,tad isane susobhita tar puspodyan tinti mandap hoy sei udhyanete,tina prabhu nidra jan sva
sva madapete, sri mahaprabhur mandap modhye birajita,hemakanta monimaya ati sobhanbita
caridike caridwara asta batayan,nilamani birocita kabat sobhan nanamani citrabhita kore
jolamala,toran bandam mala jolake rasala, mandaper cure hemakumbha sobha kore,cakra, dhvaja,
patakadi sobhe tadupare, dakhine sri nityananda prabhur mandap,surjakanta manimaya, sobh a sei
Rupa, adwaita prabhur hoy mandap uttare,candra kanta manimaya tulya sobha dhore. naisa lila

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ante nija nija mandapete,nidragata prabhutraya param sukhete, sva sva parikar prabhu mandap
caudike,parivrita grihagane nidra jan sukhe, mahaprabhur mandaper purba dikete,gadadhar
srivasadi nidrita grihate dakhiner grihagane mahantargan paschime murari, narahari sayan uttarer
grihadite goswamirgan sayane achen sange kori nijagan cimata nityananda prabhu parikar tadiya
mandap caturdike jata ghara purbadike bircandra, ramai dakhine anya sabe anyadike grihate
sayane sei Rupa sri adwaita prabhu parikara tadiya mandap caturdike jata ghar purvadike sri
acyuta, anyadike anye sabei achen sukhe nisite sayane caturdike lata brikhsa pakhi bhring
gan,nisite achaye sabe koriya sayan, rasale madhavi tate kokila nidrita kadambe jutika, tate sikhi
nidragata, darimbe malati, tate nidragata suka,pilute mallika, tate nidrita kapota, lataya bhramara
tamara cura bhutale,nisite nidrita sabe nija nija stale sora ritu virajita sada ei bone,nisante phutila
phula candrer kirone sorabha byapila bone malaya pavane,jagiya jankara kire sab bhringa gane,
suni pakhigan sabe kaila jagarane,kalarabe mukharita koila kanane.
Shri Krishna Das Siddha Baba (Gour Govinda Nitya Lila Smaran Gutika)

Tradução:

A residência de Cheitanya Mahaprabhu se situa no meio do Dhama, e está rodeada


por todos os lados pelas residências de Seus devotos. Localizada no lado noroeste de Navadvipa
fica a casa de Shrivasa Thakura e no lado nordeste de sua casa existe um imenso jardim florido.
Dentro deste jardim existem mandaps, onde os três Senhores, Nityananda, Adueita e
Mahaprabhu descansam. Ao centro fica os aposentos de Shri Gouranga feito de ouro e jóias. Em
todos eles existem uma porta e duas janelas em cada parede. As portas são feitas de safiras
azuis, com arcos revestidos de jóias. Acima dos quartos há um domo dourado contendo em seu
topo, chakras e bandeiras, etc.

Todo o mandap é muito reluzente. No lado sul fica o “sayana mandap” de Shri
Nityananda que é feito de pedras do sol, e no lado norte está o de Adueita que é feito de pedras
da lua, nos quatros lados desses três mandaps ficam os respectivos aposentos dos associados
desses três Prabhus. No lado leste do sayana mandir de Shri Gouranga ficam os dormitórios de
Shri Gadadhara e Shrivasa Thakura, no lado sul ficam os sessenta e quatro Mahantas, no oeste
Shri Narahari e Murari Gupta, e no norte, os seis Gosvamis e outros descansam ali. No lado leste
do mandap de Shri Nityananda Prabhu fica o de Shri Virachandra, e ao sul os aposentos de Shri
Ramai Thakura. Por todos os quatro lados do mandap de Shri Adueita é possível encontrar os
aposentos de seus inumeráveis seguidores, estando os aposentos de Shri Achyutananda a leste.
Nas árvores encontramos os seguintes pássaros: nas mangueiras ficam os kokils, com as
abelhas se aninhando nas flores Madhavi das proximidades. Nas árvores Kadamba ficam os
pavões com abelhas nos galhos de jasmim. Nas romãzeiras vemos os papagaios com as
abelhas nas vinhas Malati. E nas árvores Pilu ficam os cucos com as colmeias nos galhos da
árvore Malika. Também vemos galos descansando.

Em todas as épocas do ano, as seis estações são manifestadas nesse jardim, e


quando amanhece as flores começam a desabrochar sob os raios do sol. Quando as fragrâncias
dessas flores são carregadas pela brisa malaia, o aroma preenche todo o kunja, os zangões
despertam e começam a zumbir. Então, os pássaros, ouvindo o som das abelhas, também
despertam e inundam toda floresta com seu chilrear.

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Nisanta Lila Sutra - 2


prage srivasasya dvijakularabai nskutarabe

srutidban prakhyaih sapadi gatanidram pulakitam

hare parsve radha sthitimanubhavantam nayanjairjalai

sansikhangam bora kanak Gouram Bhaja manah

Sri Siddha Krishna Das Baba ,Sri Sadhanamrita Candika

Tradução:

Pela manhã, no jardim de flores de Shrivasa Thakura, Shriman Gourasundar


desperta após ouvir o chilrear dos pássaros. Tomado pela emoção de Vraja, arrepios
manifestam-se em Seu corpo, momento em que Ele imagina que é Radha quando está deitada
ao lado de Shri Krishna. Nesse estado mental intenso todo Seu corpo fica banhado de lágrimas.
Adoremos essa forma dourada de Shri Gouranga em nossas mentes.

Progressão do Lila Smarana.


hena kale Mahaprabhu pakhi kalarabe,jagarita haiya paya pusper sourabhe brajer nisanta lila
uddipan haila preme gara gara sabdhe hamkara korila suni nityananda Advaita jata bhaktagan
sarva parikare uthi asila takhan purba verandaya asi sakale milila parespara jatha jogya
sambhasadi kaila tabe sabe mandaper caudike takiya gabakhe prabhur sobha here harsa haila asta
manikya dibya palanka upare nirbrinta kusuma sajya ati sobha kore upare candaya mukta jalar
sahite swastic, padmadi citra sobhita tahate kusuma sajyate prabhu Sacchir nandan,sayane achen
sobha na hoy varnona, khera sarovar jena kanak kamal teman sajyate anga kore jalamala caridike
upadhan kusume rocita,dakhine sirare anga labanya mandita ajanu lambita bahu bakha subishala
paridhane pitavasa, gale bonamala bhitalagna dipabali Gouranga cchataya campaker Kali sama
haila sobhamaya bhavanidhi Mahaprabhu sri radhar bhabe krishna krore apanake kori anubhave
bamapada bama bujha tuli punah punah dakhina parsite capi kore alingana ardha nimilita netre
madhurya asphuta bacane barnen kiba nahi haya sputa jagrata achen kiba dekhen svapana apurva
cestita kichu na jaya bujana - Gutika

Tradução:

Quando os pássaros começam a chilrear, Shriman Mahaprabhu fica


externamente consciente, mas ao sentir o aroma das flores, Ele se lembra do Vraja Nisanta Lila.
Assim fica tomado de prema e grita bem alto. Ouvindo esse som, Nityananda, Adueita e todos os
outros devotos, levantam-se e seguem na direção do sayana mandir do Senhor. Todos os
devotos se reúnem na varanda oriental, ali somente se fala o necessário. Então, em todas as

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quatro direções os devotos enlevados olham através das janelas para saborear o “ sayana sobha”
de Shri Sacchinandana.

O Senhor descansa numa cama divina feita de oito tipo de jóias, o ar está
impregnado com o aroma das flores sem hastes. Sobre Sua cabeça se estende um dossel
colorido , decorado com a suástica, lótus e outros desenhos. Do dossel pendem passamanarias
de pérola. Embora não seja possível a descrição adequada, essa visão faz lembrar um
deslumbrante lótus dourado que flutua num oceano de khira (leite condensado). Quando o
Senhor descansa sobre o Seu lado direito, fica rodeado por travesseiros de flores, e todo o Seu
corpo brilha com uma refulgência divina. Seus braços longos se estendem até os joelhos, Ele
usa um dhoti amarelo dourado e uma guirlanda de flores silvestres adorna o seu peito amplo .
Ele tem um belo cabelo encaracolado negro, e um cordão bramânico branquíssimo, e a beleza
dos membros de Seu corpo, ficam ainda mais enaltecidos pelos inumeráveis ornamentos que
reluzem. Em volta da cama de flores ficam as lamparinas de ghee. A luz refulgente do corpo do
Senhor e dos ornamentos, mesclados com a luz leve das lamparinas de ghee, se combinam
para tornar Shriman Gourasundar parecido com a flor champak (árvore de flores alaranjadas
utilizada na fabricação de perfumes). Dessa maneira, “Bhava Nidhi” (a jóia de todas as doçuras
transcendentais) Shriman Mahaprabhu assume o estado mental de Radha, imaginando que
Krishna O está abraçando. Erguendo o Seu pé e o Seu braço esquerdos, repetidamente, abraça
o Seu lado direito, com os olhos entreabertos, murmura palavras que não se pode compreender!

Observando esse lila, o associado íntimo de Shri Cheitanya Mahaprabhu, Shri


Vasudeva Ghosha descreve a cena como se segue:

sutiache gouracanda sayan mandire megher bijuri kiba chaniya jatane

bicitra palanka seja ati manohare koto sudha diya vidhi kaila nirman

abese abasha tanu goura nataraja ati manohara seja bicitra balise

ki kahaba anga sobha kahane na jaya vasudeva ghoshe here moner harise

Tradução:

Shri Goura Chandra descansa no sayana mandir, numa belíssima cama que
encanta a mente. Tomado por emoções transcendentais o corpo desse Dançarino Supremo tem
uma elegância especial que é indescritível. (Vasudeva Ghosha lembrando-se da dança divina do
Senhor, na noite anterior, no sankirtana, refere-se a ele como “nata-raja”, o supremo dançarino).

Talvez se alguém pudesse pegar um raio das nuvens, seria possível começar a
descrição dessa cena. Quanto néctar o criador pode produzir? Ao ver essa forma de Gouranga
na encantadora cama com travesseiros coloridos, um prazer sublime surge na mente de
Vasudeva Ghosha. O filho do neto de Shrinivasa Acharya, Shri Radha Mohan Thakura, foi um
famoso escritor de canções Vaishnavas. Seguindo a inclinação de Vasudeva Ghosha em seu
“lila Pada” ele apresenta uma versão um pouco mais detalhada da direção dos movimentos

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internos de Gourasundar. Este “Pada” é intitulado “Kunja Banga”, ou deixando o kunja. É para
ser cantado na melodia “Lalita” uma hora antes do nascer do sol

KUNJA BANGA
(Lalita)
ra janika sese jagi Sacchi nandan sunaite ali pika raba sahajahi nija bhave gora gora antara tahi
uthe dvitiya bibhava belakata gour anubhava puraha rajani sese jagi duhe jaichana upajala
taichana bhava nayane amiya jala bacane amiya khala pulake purala sab anga harisa bisade
sankadi punah upajata kokahu bhava taranga aichana anudina bihare nadiya pure puraba bhava
porakasha so anubhava kabe majhu mone hoyaba kahe radha mohan das.

Pela manhã Sacchinandana desperta ouvindo os sons das abelhas zunindo e dos cucos.
Apenas o sentimento do Senhor é mais que suficiente para fazer tremer nosso corpo, mas
de repente uma segunda emoção aparece e O toma.

Qual é a explicação para os sentimentos internos de Gouranga?

Como anteriormente em Vraja, Radha e Krishna acordavam juntos, esse mesmo


ânimo surgiu na mente do filho de mãe Sacchi. De sua boca palavras emanam como correntes
de ambrosia e Suas lágrimas também fluem do mesmo modo , deixando Seu corpo arrepiado.
Simultaneamente grande felicidade e tristeza acompanhadas pela ansiedade se elevam e
quebram como ondas na mente do Senhor.

(Shri Gourasundar, imaginando-se ser Radha, primeiro experimenta grande


felicidade), imaginando-Se deitada ao lado de Krishna no kunja. Em seguida, a melancolia vem
porque chegou a hora que Eles devem Se separar. O temor vem simultaneamente devido a
ansiedade de serem apanhados por Seus parentes mais velhos dentro do kunja.

Desse modo, todo o tempo, na terra de Nadia, o espírito de Vrindavana está


constantemente se manifestando. O poeta Radha Mohan finaliza dizendo - “Quando todos esses
sentimentos virão a minha mente?”

PROGRESSÃO DO LILA SMARANA


svarupa gosai tabe jagate prabhuke ajna diya niyojita korilen suke

sei suka pakhi hoy mandaper kone mahaprabhur marmagya sarva tattva jane

srivaser posa sei sukha bicakhana prabhuke sambodhi kahe madhur bacan

“jaya navadwipa candra, jaya viswambhar sri Sacchi nandan jaya sri goursundar

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rajani prabat haila sruna udaya bicasita puspa gandhe bhamara gunjaya

kokila dokaye kuhu prabat dekhiya utha eve Mahaprabhu sayana tyajia”

(Gutika)

Existe um papagaio macho chamado Bicakhan que pertence a Shrivasa Thakura,


elefica numa gaiola, num canto do sayan mandir de Shriman Mahaprabhu, Svarupa Damodara a
fim de acordar Shri Gouranga ordena que esse pássaro comece a recitar. Numa doce voz o
papagaio começa a chamar o Senhor assim: “Jaya Navadvipa Chandra, Jaya Visvambhara, Jaya
Sacchinandana, Jaya Gourasundar! A noite já findou e o sol está nascendo. Por isso, as abelhas
estão zumbindo ao redor das flores que desabrocham, e ao verem que o dia raiou os pássaros
kokil estão chilreando, assim sendo, por favor, ó Mahaprabhu, desperte de Seu sono.”

Shri Vasudeva Ghosha também registrou esse relato do papagaio despertando


Gourachandra pela manhã no seguinte “Pada” (poema):

uta uta gouracandra nishi pohaila nadiyar loka sab jagiya baitala

mayura, mayuri raba kokiler dvani koto sukhe nidra jao hey Gouranga mani!

Aruna udaya bhela kamal prakash madhukara tejala kumudini pasa

kora kora kori kahe vasudeva ghoshe kota nidra jao hey gour tyajaha alise.

Tradução:

O papagaio fala o seguinte: “Oh levante, por favor, levante, oh Gourachandra! O


sol raiou. Todos os residentes de Nadia já se levantaram. Os pavões macho e fêmea estão
chamando, bem como os kokils. Assim, por quanto tempo ainda você vai dormir satisfeito, Goura
Guna Mani? O sol já surgiu e os lótus estão desabrochando, e as abelhas já estão deixando os
lírios. “De mãos postas o poeta Vasudeva Ghosha diz:: ‘Oh Goura, por quanto tempo ainda você
vai dormir? Já é hora de acordar.’

Progressão do Lila Smarana


O papagaio continua: “Shri Nityananda, Adueita, Svarupa Damodara, Rupa
Gosvami e os demais devotos estão ansiosos esperando para vê-lO. Nesse momento os
brâmanes residentes do Dhama encaminham-se ao Ganga para tomarem o banho matinal,
cantando pelo caminho os shlokas do Guita e do Bhagavata . Já é hora de Sua mãe que está
ansiosa entrar em Seu quarto e espera vê-lO. Portanto, oh Mahaprabhu, você deve com rapidez,
se levantar e retornar para Sua cama em casa.”

Ouvindo as palavras do papagaio macho, Cheitanya Mahaprabhu preparou-se para


levantar da cama. Espreguiçou-se como se estivesse, com isso, removendo sua sonolência.
Esse ato se assemelhava ao esticar do arco dourado no momento de atirar a flecha . Desse
modo o Senhor levantou-se colocando os dois pés no chão, sentando-se do lado direito da cama.

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Então, ao bocejar, feixes de luz resplandeceram de Seus dentes brilhantes e quando Ele inspirou
Suas narinas se dilataram.

Nessa hora, Shri Nityananda e Adueita foram ao quarto seguidos pelos demais
devotos, que se sentaram ao redor de Shriman Mahaprabhu. Quando os bhaktas reunidos
começaram a beber com os olhos a doçura do darshan do Senhor, Svarupa Damodara
conhecendo a mente de Shri Gouranga passou a liderar um kirtana que descrevia o lila de Radha
Krishna daquela hora. Para acompanhar Svarupa e seu canto, Govinda Madhava, Vasudeva
Ghosha e outros, tocavam mridanga, karatalas e outros instrumentos num cativante estilo.
Absortos no kirtana, Shriman Mahaprabhu e Seus devotos adentraram no estado mental de
Vrindavana cada qual com sua identidade anterior.

Tradução:

Quando Svarupa Damodara encerrou o kirtana, Shriman Mahaprabhu voltou a


Sua consciência externa. Então, vendo Nitai e Adueita a Sua frente, Ele os abraçou em prema,
enquanto os demais devotos ofereceriam dandavats ao Senhor. Em seguida todos saíram para a
varanda onde os três Senhores (Nitai do lado direito, Adueita , do esquerda e Shriman
Mahaprabhu no centro), Se sentaram em asanas adornadas com jóias.

Nesse momento, recebendo a indicação do guru, o sadhaka (com o seu


corpo espiritual mentalmente concebido) oferece água fresca de uma lota dourada para que Eles
lavem Seus rostos e bocas, levando junto uma toalha para enxugar. O sadhaka pode , então,
pentear Seus cabelos e vesti-los com roupas leves. Em seguida o sadhaka passa tilaka em Suas
testas, e decora os três Senhores com desenhos feitos com chandana .

Ao final coloca-se um espelho diante de Shriman Gourasundar, que ao ver Sua


própria imagem fica enlevado ao Se lembrar novamente das doçuras do Vraja Lila. Nisso, pela
indicação do guru, o “sadhaka das” entrega todos os itens necessário à execução do arotik nas
mãos de Svarupa Damodara, que executa arotik aos três Senhores, enquanto os demais devotos
assistem extasiados.

Dina Krishna Das também escreveu um mangala arotik Pada no qual só Shriman
Mahaprabhu é adorado. Esse Pada é o seguinte:

mangala artik goura kishora mangala nityananda jorahi jora mangala sri adwaita bhakatahi sange

mangala gaoata prema tarange mangala bajata khola kartala mangala haridas nachatahi bhala

mangala dupa dipa loiya svarupa mangala aroti kore ati aparupa mangala gadadhar heri pahu hasa

mangala gaota dina Krishna das.

O mangala arotik de Goura Kishora está repleto de auspiciosidade. É provável


que também se veja o Senhor Nityananda ao lado de Gourasundar. O canto de Shri Adueita na
companhia dos devotos faz com que ondas de prema se elevem, enquanto Haridasa Thakura
dança maravilhosamente, aumentando ainda mais os bons augúrios. Decerto é uma visão
radiante ver Svarupa Damodara executando esse esplêndido Mangala Arotik com incenso e

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lamparina de ghee. Finalmente, quando o Senhor nota a presença de Gadadhara, sorri, isso
também é sinal de boa fortuna. Este mangala arotik foi cantando por Dina Krishna Das.

Tradução:

Compreendendo a mente de Mahaprabhu, Svarupa Damodara encerra o arotik, e


em seguida passa a cantar o “kunja banga” kirtan de Vraja Lila.

Quando ouve que Radha Krishna e as sakhis abandonaram o kunja para


retornarem a suas próprias residências, Shriman Gourasundara também no mesmo estado
mental, olha daqui para lá com olhos inquietos e retorna para casa na companhia de Seus
devotos. Chegando ao portão de Sua residência, o Senhor dirige-se a Seus devotos e lhes pede
que voltem para suas casas. Todavia, Ele lhes pede que retornem em breve, na hora do “pratah”
(entre às 6:00 e 8:24 horas).

Tendo assim falado Shriman Mahaprabhu abraça Nitai e Adueita e os demais que
lhe prestam dandavats. Ninguém quer deixar a companhia de Gouranga, mas embora sigam Sua
ordem, a força vital e os sentidos deles, permanecem com o Senhor enquanto retornam para
seus lares. Quando Cheitanya Mahaprabhu entra em Sua residências, os Gosvamis, Guru
parampara, e sadhaka das, todos O seguem a fim de prestar seva.

O sadhaka das, então senta Gourasundara numa cama dourada fora de Seus
aposentos e com uma lota dourada lava os pés do Senhor e os seca com seu próprio chadar
(manto). Em seguida Mahaprabhu vai para Seu quarto e descansa em Sua cama. Lá, o sadhaka
com muita habilidade massageia os pés de lótus do filho de mãe Sacchi até que Ele durma
satisfeito.

Nesse momento todos voltam para suas casas para um descanso rápido.

- Gutika

O discípulo de Shri Radha Mohan Thakura, Shri Vaishnava Das também é


respeitado e famoso “padakarta” (escritor de kirtana Padyavali). O seguinte “Pada” escrito por ele
tem muita semelhança com o estilo do Gutika de Siddha Krishna Dasa Baba.

Suradhuni tiropari bhakta sange gourhari bhavavese gora gora citta asru kampa vaivarna
svarbanga anupama atisaya bhela vishadita gora gora tanu mana parisadgana sane korilen grihate
gaman gadadhar mukha heri nayane nijvare bari premaveshe kore alingan bula bahi pore nira
bhijila anger cira sabe bhela akulita mana bhava niddhi gourhari nija bhava sambari bhaktagane
kore alingan adesila saba kare jao sab nija ghare prate punah habe darshan sabare pataye ghare
sakatar antare nija grihe Sacchir nandan pada prakhalama kari sutilen sejopari dasagan koraye
sevan dukhiya vaisnava das sada kore abhilas seviba seo ranga caran.

Às margens do Suradhuni Ganga (no jardim de flores de Shrivasa Thakura) Shri


Gourahari está na companhia de Seus bhaktas. Devido a intensidade das emoções
transcendentais sua mente e corpo tremem. Isso ocasiona lágrimas, tremores, perda da
coloração corpórea, e voz titubeante. Toda inclinação mental nesse momento se torna “Visada”

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ou tristonha. (Devido a separação de Radha e Krishna que agora vai ocorrer; pois Eles têm que
Se apressarem para retornar a Suas próprias residências).

Ao partir o Senhor fica embevecido de Prema ao ver o rosto de Gadadhara. Goura


e Gadadhara então se abraçam e lágrimas fluem de Seus olhos molhando-Lhes as roupas.

Gourahari, a jóia de todas as doçuras transcendentais, então refreia Suas emoções


e abraça Seus devotos. Ele pede que todos retornem, por enquanto, às suas casas, mas voltem
outra vez na hora do “pratah”. Shri Sacchinandana num estado mental de desespero contido,
chega em casa, lava os pés e deita na cama. Os devotos, então, Lhe oferecem seva adequado
para o momento (alguém massageia seus pés, ou alguém o abana com uma chamara, etc...)

Vaishnava Das, sentindo-se infeliz por não poder prestar serviço ao Senhor,
acalenta o anseio de serviço constante aos pés de lótus avermelhados de Shri Gouranga.

Quando a versão do Goura Lila de Siddha Krishna Das Baba foi escrita para
acompanhar o Radha Krishna Asta Kala Lila de Shri Krishna Das Kaviraja que se encontra no
“Govinda Lilamrita”, esse nisanta lila sutra também foi incluido. É interessante se observar como
ambos os lilas são similares.

Ratyante trasta vrindarita bahubirvair bodhitou kira sari padyai hridyair ahridyapi sukhasayanadultitou tou
sakhibhih drista haristhou tadatvodita rati lalitou kakati gih sasankou radha krishnou satrishapi nija nija
dhamyaptatalpou smarani

Shri Govinda Lilamrita

Tradução:

Ao amanhecer, Vrinda Devi ordena que os papagaios macho e fêmea, bem


como as muitas outras variedades de pássaros despertem Radha e Krishna com várias
modalidades de chilreio. Isso se faz acompanhar por poesias seletas agradáveis e outras
poesias não tão agradáveis. Quando Radha e Krishna Se levantam da cama, as sakhis e as
manjaris entram no sayan mandir sorrindo e falando palavras inteligentes, tudo para o prazer do
casal divino. Como todas se esqueceram da necessidade de voltar para casa, Vrinda num leve
sinal dá a deixa a “kakati” (a mais velha macaca de Vrindavana) para que ela grite dizendo:
“Jatila(a sogra de Radhika) está vindo” Nesse estado de temor e pressa Radha e Krishna se
separam e seguem na direção de Suas casas para descansar em Suas camas antes do raiar do
sol.

Nota do Tradutor

Govardhana Siddha Mahatma Shri Krishna Das Baba foi contemporâneo de Shrila
Visvanatha Chakravarti. Ele foi iniciado no parampara de Shri Narottama Dasa Thakura, e entre a
comunidade Vaishnava raganuga de Vraja-dhama ele foi um pioneiro.

Em sua vida muitos fatos sobrenaturais ocorreram, o que estabeleceu suas


credenciais como um genuíno siddha mahatma. Após receber o darshan direto de Shri
Radharani , que lhe deu uma misericordiosa, ele compilou o “Gour Govinda Lila Smarana

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Gutika”. Nesse livro ele apresentou a paridade adequada entre o Goura Lila e o Lila de Radha e
Krishna, usando o mesmo formato dos livros “Govinda Lilamrita” e “Krishna Bhavanamrita”.

Anteriormente Shri Shri Goura Asta Kala Lila era muito sucintamente mencionado,
mas nesse livro, pela primeira vez, os passatempos das oito divisões do dia de Shri Gouranga
foram elaboradamente explanados. Outro ponto digno de nota que incrementa o valor do
“Gutika” é que o autor fornece as diretrizes para a execução do Lila Smaranan e do “Manasi
seva” abrangendo o asta kala lila de Shri Shri Goura e Shri Govinda. Nesse contexto, os Gaudiya
Vaishnavas podem ser grandemente beneficiados em termos de aprendizado de como se
executa o lila smarana, seguindo o caminho trilhado pelos seis Gosvamis.

Neste ponto, uma sinopse do Manasi seva do sadhaka (como mencionado no


Gutika) por Shri Goura Nisanta Lila é o seguinte:

Ao amanhecer o sadhaka das medita em si mesmo descansando aos pés de seu


Gurudeva no formoso jardim sazonal de Shrivasa Thakura, onde o parampara descansa.
Sabendo que a hora para o seva chegou, o sadhaka levanta pronunciando o nome de Gouranga
e lava suas mãos, rosto e boca, etc... Em seguida o sadhaka gentilmente massageia os pés de
seu Gurudeva despertando-o e o ajudando em sua ablução; bem como executa o seva
necessário a seu guru parampara.

Pela ordem de seu guru, seguindo os passos de Shri Rupa, Shri Sanatana e outros
Gosvamis, o sadhaka prossegue até o “sayana mandira” de Cheitanya Mahaprabhu, e começa a
executar seva, primeiramente lavando a varanda com água perfumada e uma vassoura dourada,
então ele seca o chão de jóias com um pano macio. Depois, ele faz os arranjos para a asana do
Senhor e dos bhaktas na varanda do leste, colocando travesseiros e encosto, etc... Na limpeza,
ele providencia água perfumada, um pote incrustado de jóias douradas, uma toalha macia etc...

Alguns outros sevas são: preparar o suco de frutas para Shri Gouranga tomar ao se
levantar, fazer uma guirlanda de flores, arranjos para o chandana, a tilaka e ítens aromáticos e
também diretamente decorar o Senhor com tilaka e chandana, levando-Lhe um espelho, etc...
etc... (essa é uma lista resumida).

Não se deve inferir que o sadhaka sozinho fará todos esses sevas pessoalmente,
mas é possível que um ou outro serviço possa ser executado na companhia de outros devotos.

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Sri Shri Gour Gadadhar


Nisanta Lila
(entre às 3:36 e 6:00 horas)
satu gadadhar Pandit sattamah satatamasya samipa susangatah anudinam bhajite nija jivita

priyatamam tamabhi sprihaya jutah nishi tadiyasamipagatah stirah sayanamutsuka ev koroti sah

bhiharanamritamasya nirantaram sadupa bhuktamanena nirantaram

Shri Kavikarnapura,

Shri Cheitanya Charitra Mahakavya, quinto sagar)

O famoso e exaltado sadhu Shri Gadadhar Pandita, sempre fica ao lado de Shriman
Mahaprabhu. Desse modo com um sentimento profundamente arraigado ele adora Seu mais
querido “Pranisvara” (Senhor) Shri Gouranga constantemente. A noite toda e com a mente
pacífica em júbilo, Shri Gadadhara dorme ao lado de Shriman Gourasundara. O Senhor também
sente prazer e saboreia muito sua associação.

Pandit sri gadadhar sarvagunadham, prabhu kache take nirantar laya nama rajani sutiya chila Prabhu
samhati,paritose kaila prbhu dekhiya arati ei motta prati dina kore paricarjya, sayana mandire kore
sayaner sajya, caran nikate niti koraye sayana, nirantar sraddha bhakti para tara mana. Prabhur
sanmukhe kahe amrita bacan, suni viswambhara prabhu anandita mana.

Shri Lochan Das thakur (Shri Cheitanya Mangala)

Tradução: Shrila Gadadhara Pandita é o reservatório de todas as boas qualidades.


Ele fica constantemente ao lado de Shri Cheitanya Deva cantando o santo nome. A noite, ele
dorme na companhia de Gouranga e vê o arrebatamento do Senhor e sente satisfação por isso.

Desse modo, diariamente Gadadhara executa o seva a Shriman Gourasundara,


preparando Sua cama de flores no sayana mandir. Então, ele descansa aos pés de lótus de Shri
Gourasundara; sua mente está resolutamente em devoção inabalável. Nesse momento do
descanso, Gadadhara por meio de palavras nectáreas dá incessante prazer a Visvambhara.

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Nisanta Sayana Sobha


A Beleza de Goura e Gadadhara Descansando
gadadhar prabhur sange sutiache range,bicitra palanka seja vividha prasanga,

dohar bhabete dhu hoyeche bibhora,tahate je anga sobha tara nahi ora.

Rupa dehki mone hoy kona vidhi hena,bijurite sudha diya kaila nirmana,

manohar sajya tahe bichitra balise,ghumaola duhu dekhi gadadhar dase.

Tradução: Gadadhara descansa com Shriman Mahaprabhu confortavelmente


instalado. Os dois estão absortos no estado mental um do outro, fazendo com que Suas feições
fiquem maravilhosas. Vendo essas formas podemos deduzir que o criador capturou dois raios
celestes e derramou néctar sobre Eles.O poeta Gadadhara Das contempla esta cena
encantadora. sugahora gadadhar dairaja dhari,sesh rajani mana manahi bicari

uthi baithata hiya harasa nisanka,nirakhata goura sayana parisanka.

Shri Narahari Chakravarti( Shri Goura Charita Chintamani)

Shri Gadadhara é um devoto rasika equilibrado. Observando o nascer do sol


ele fica introspectivo. Ao despertar ocorrem nele sentimentos contraditórios de alegria e tristeza,
pois ele olha para a forma de Gouranga que ali descansa. (A tristeza surge pela separação
eminente).

O seguinte pada é uma conversa levada a cabo pelos devotos de Gouranga ao


amanhecer, enquanto olhavam o sayana mandir:

suna suna ohe kichu na bujhyaye ki rase hoyache bhora, nishi ghora tabu ghumaya royache
bhuvan mohan goura, ara dekha gadadhar akhi diya Gouranga chander mukhe, charan nikate vasi
hasi charan chapaye sukhe narahari(sarkar) sukha sagarete bhase cahiya gour pane, aparupa
bhangi dori kiba katha kahe gadadhar pane, keha keha duli pore gour rase matiya hoyace danda,
narahari prananathe jagaite keha kore anubandha

Shri Narahari Chakravarti

(Goura Charita Chintamani)

Ouçam! Ouçam! Eu não posso entender que tipo de rasa subjugou aquele
que atrai o universo “Bhuvan Mohan Goura?” Embora a noite esteja terminando, ainda ssim Ele
permanece dormindo. Olhem! Sorrindo profundamente, Shri Gadadhar, pousa seus olhos no

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semblante de Gourachandra, senta e massageia Seus pés de lótus em êxtase. Narahari Sarkar
também flutua num oceano de alegria enquanto contempla o semblante de Gouranga num
intrigante comportamento. O que Ele está sussurrando no ouvido de Gadadhara? Observando
essa cena a maioria dos devotos rolam na poeira, intoxicados pelas doçuras do Goura Prema
rasa. Todavia, alguém precisa acordar o Senhor Gouranga, a vida de Narahari Chakravarti.

dugdha sayara madhye caru sumeru sringa saman gour koshora deha suleha mandita candakora
manda bhanjana sri gadadhar dila ullsa tarala pulakita here animitha akhirznjita ladhasmara krita
ganjana manju caran saroja seban karala lagu lagu jagi kinciita gatra motan birami pahu puna
sayan kora uttana hi bhanata narahari sustha pustha atarkya bakra kanaka lata jena pavan, parase
sucalita mridu thira thira sujana krita pranahi

Shri Narahari Chakravarti

(Goura Charita Chintamani)

Tradução:

A cama onde Gouranga repousa é como o pico dourado da montanha Sumeru


que flutua num oceano de leite. Seu corpo kishora está adornado com ornamento de prema e
esse corpo derrota o orgulho da lua.

Na mente tranquila de Gadadhara brota a excitação causando surtos de arrepios


quando ele fixa seus olhos amorosos no semblante de lua de Gourachandra. Esse olhar é mais
atrativo do que o olhar de mil cupidos. Quando Gadadhara gentilmente massgeia os pés de lótus
de Shriman Gourasundara, o Senhor levanta-se lentamente da cama e Se espreguiça, então
outra vez Ele deita e outra vez levanta!

O poeta Narahari Chakravarti compara Shri Gouranga com a trepadeira dourada


vívida que tremula diante da gentil brisa que é o toque de Gadadhara. Esse jugal Rupa é o
prana (força vital) dos devotos auto controlados.

O Estado Mental de Shriman


Gourasundara ao Despertar
aju kunjagata gour swapnamaya ghumaghora kichu varane na jata raika rucir jagaran bhangi
sudarash ase kahe atura bata ei dhani rajani, rajani bora kunjita cakrava ki ulasita pattisango
premakara darase hasata nalinigan kumude madhupa madhulubdha bibanga nija nija kaje pathika
pathagata iha samaua sukunje sayan anucita alakhita bhabe claha nija mandire gurujana catura
caritra biparita daruna daiva dukhada ki korba aba majhu antar abhiram iha mritdu bacanahi sunata
gadadhar jagi atira karu ghanashyam

Shri Goura carita Chintamani

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Hoje, no Kunja, os sublimes sonhos de Shri Gouranga em sono profundo são


indescritíveis. Desejando evocar o darshan dos modos encantadores com que Shrimati
Radharani levanta da cama, Shriman Gourasundara Se expressa com grande pesar. Falando
gentilmente para consolar Shriman Gourasundara (no estado mental de Krishna) Gadadhara
Pandita (no estado mental de Radha) pronuncia o seguinte solilóquio:

“Dormindo sob o luar no final da noite, essa auspiciosa serva (Shri Radha) foi
tomada pelo tremor da hesitação e pela depressão. Por um lado, os pássaros Chakrabaka
fêmeas estão alegres e cantam na companhia de seus maridos. Vendo esse amor, as flores de
lótus sorriem e as abelhas que estão sempre ansiosas para extrairem o pólen deixam de zumbir
nos lírios. Todavia para nós, agora que a noite se finda, só há a separação, as pessoas daqui a
pouca vão estar caminhando pelas estradas com seus afazeres . Assim, nessa hora não é
adequado irmos dormir na bela floresta kunja. Sem sermos vistos pelos outros temos de retornar
imediatamente às nossas residências para buscar abrigo, pois os membros mais velhos da
família são expertos e se opõem ao nosso romance. Oh, o que se pode fazer? Pelo destino
temos de suportar essa tragédia. É como Se eu sempre estivesse queimando por dentro com
essa aflição.

sriman gadadhara mahamatiratuyadara silah svbhava madhuro bahusanta murti uce samipa,
sayatah prabhuna rajanayam nirmalyameturasi pratisarjyamebhyah itham as jad jad dadat
pramadena jasmai jasmai janaya ta, didanja, gadadharohapi prartaddou satatamullasitaya tasmai
tasmai Mahaprabhu bimakta mahaprasadam samgrathya malyanicayam biracajya jatnat
sadgandhasar ghanasar boradi pankam angesu tasya pariyojyati sma nityam sotkathamatra as
gadadhar panditasyah Shri Kavikarnapura

Cheitanya Charita Mahakavya

Tradução: Depois disso... Quando Shriman Mahaprabhu notou que o gentil


Gadadhara Pandita de mente ampla e auto controlado passou a noite deitado ao seu lado, Ele
lhe falou o seguinte: “Pegue todas essas guirlandas de flores (que se tornaram prasada) e as
coloque em volta dos pescoços dos devotos.”

Sentindo júbilo, Shri Gourasundara especificou qual a guirlanda de cada bhakta .


Gadadhara então deu as guirlandas aos devotos indicados.Gadadhara diariamente executa esse
seva de fazer guirlandas de flores para Gouranga. Ele também prepara o melhor chandana
perfumado misturado com curcuma e unta o corpo de seu “prananatha” (o mais querido Senhor)
com essas substâncias fragrantes.

O Seva do Sadhaka Das


Nessa hora o sadhaka pode meditar em oferecer água perfumada para lavar as
bocas de Shri Goura e Shri Gadadhara, Eles se sentam nas asanas, e o sadhaka prepara tilaka e
outros enfeites corpóreos com chandana, etc... Em seguida penteia Seus cabelos e coloca-Lhes
guirlandas perfumadas feitas com flores frescas em volta de Seus pescoços. Após o “ sringar” um
espelho adornado com jóias pode ser trazido. Então Shriman Gourasundara senta-Se na
simhasana e Shriman Gadadhara se senta ao seu lado esquerdo. Recebendo a ordem do guru, o

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sadhaka traz a bandeja contendo a parafernália do artik e a entrega a Svarupa Damodara, que
faz a adoração.

Shri Shri Goura Gadadhara Mangala Aroti


mangala aroti goura kishora , bama pase sri gadadhar ki anande ora. Sribaser puspa bane
suradhani manohara, bhavavese arati kore svarupa damodar. Gourcander bandan here gadadharer
mridu hasa, camar dulaya unmatta hoyia narahari dasa. Keha nache keha gaya anande magana,
ramanda raya kori purava lila gana. Govinda vasu adi sumadhura bhave bajaya, braja jugal darshan
bela sri panditer kripaya. Gadhai Gouranga pada padme sevanahi asa, manga aroti gaya gadadhar
prana dasa. No mangala aroti de Shri Goura Kishora, Shri Gadadhara está sentado ao
Seu lado esquerdo; o que pode ser mais prazeroso do que isso? Shri Svarupa Damodara,
embevecido pelas emoções, executa o aroti no jardim de flores de Shrivasa Thakura ,
situado às margens do encantador Ganga Suradhuni. Observando a beleza do rosto de lua
de Gourachandra, Gadadhara sorri levemente. Ao observar o êxtase de Gadadhara, Shri
Narahari fica intoxicado nesse jugal rasa de Nadia

. Um devoto canta, enquanto os outros dançam arrebatados, Ramananda Raya


lidera o kirtan com uma canção descrevendo as doçuras do Vraja Dhama. O toque dos karatalas
e mridangas são executados docemente por Govinda Ghosh, Vasu Ghosh e outros. Nisso pelo
kripa (misericórdia) de Gadadhara Pandita, o darshan (a visão) de Shri Vrindavana se abre.
Desejando o nitya seva aos pés de lótus de Goura e Gadadhara, Gadadhara Pran das canta
esse mangala aroti pada.Como o darshan de Vrindavana se torna uma realidade dentro do lila de
Goura e Gadadhara? Shrila Bhaktivinodha responde com a seguinte canção aroti:bhale gour
gadadharer aroti nehari,nadiya purava bhave jaya bolihari! Kalpataru tale ratna sighasanopati,sabu sakhi
bestita koshora-kishori. Purata jorita kota moni gajamati,jhamaki jhamaki labhe proti ange jyoti. Nila nirada
lagi vidhyuta mala,duhu anga mili sobha bhuvana ujjvalla. Sanka baje ganta baje baje cartala badhura
mridunga baje parama rasala vishakha adi sakhivrinda duhur guna gaoye,priya narma sakhigan camara
dulaoaye. Pahe pradipe dhari karpura bati,Lalita sundari kore jugal aroti. Devi, laxmi, srutigana dharani
lotaoye,Gopigana adhikara roata gaoaye. Bhaktivinodha rohi srabhiki kunje aroti darshane prema sukha
bhunje. Quão fantástico e de tirar o fôlego é observar o arati de Gour e Gadadhar, quando Eles
adentram no êxtase de Seu Vrindavana lila. Jaya bolihari! (exclamação de maravilha divina)Na
base da árvore do desejo, sentada numa sinhasana de jóias, jugal Kishora Kishori estão
rodeados por todas as sakhis e manjaris. As roupas de Radha e Govindaji estão ornadas com
jóias e pérolas enormes. Isso combina com os membros corpóreos lustrosos que produzem uma
refulgência cintilante. O esplendor do encontro desse divino casal pode ser comparado com uma
nuvem escura azulada enguirlandada por um relâmpago; este fulgor ilumina todo o universo com
esplendor. No kirtan as conchas, címbalos, karatalas, todos ressoam harmoniosamente,
enquanto a batida da mridanga é agradável de se ouvir. Na companhia das sakhis, Shri Vishaka
Devi lídera o canto das glórias de Radha Madhava enquanto as manjaris (Priya narma sakhis)
abanam o casal com as chamaras. Ananga Manjari unta o divino casal com chandana, e Rupa
Manjari coloca guirlandas de flor malati em Seus pescoços. Segurando uma lamparina de
cânfora com cinco mechas a bela Lalita executa a cerimônia de aroti de Radha Krishna. A
consorte de Narayana (Lakshmi) e a consorte de Shiva (Parvati) bem como os Vedas
personificados, todos rolam pelo chão em êxtase. Chorando em grande felicidade, eles cantam a
afortunada posição das Vrajas Gopis. Bhaktivinodha Thakura residindo em Surabhi Kunja de

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Godruma, saboreia a felicidade e o prema que se encontra nesse belo artik.Nota do


Tradutor:Vraja Darshan e Radha Krishna que aparecem por intermédio das formas de Goura e
Gadadhara certamente são uma revelação milagrosa e estonteante. Isso não é nada mais do
que a própria manifestação de “achintya shakti” (potência espiritual inconcebível) do Senhor
destinado a satisfazer os desejos íntimos de Seus devotos. Como Goura Hari é “bhakta-vatsala”,
ele Se submete ao controle do devoto “premika” e Se revela aos devotos no modo que eles
desejam vê-lO.Shrila Bhaktivinodha Thakura adorava a Shri Shri Gour Gadadhar em Navadvipa
Dham, na localidade chamada Godruma. Lá, ele nomeou o local de sua residência como
“Svananda Sukhada Kunja”. Com sua introvisão, Thakura Bhaktivinodha olhava para este local
como não sendo diferente da morada eterna Svananda Sukhada Kunja dentro do imenso Kunja
de Lalita Sakhi (situada no lado norte de Shri Radha Kunja em Vraja).Sentado em sua casa em
Godruma, Thakura Bhaktivinodha, em primeiro lugar fixava sua atenção esmerada nas formas de
Shri Gour e Shri Gadadhar, e através dEles, ele via Shri Shri Radha Madhava nos Seus próprios
svarupas eternos. Nesse sentido, o Svananda Sukhada Kunja de Godruma e o Radha Kunda não
são diferentes, e aos olhos de Bhaktivinodha Thakura, Gour Gadadhar e Radha Madhava,
também são as mesmas pessoas.No seguinte Pada , Shrila Bhaktivinodha fez um
desenvolvimento adicional como se segue: ha ha mora gourkishora kabe daya kori
sri godruma bo

dekha dibe mana chora svananda sukhada kunjer bitore

gadadhare bame kori kanchana barana chachora chikura

nathana subesh dhori dekhite dekhite sri radha madhava

rupete koribe ala sakhigan sange koribe nathana

galite mohana mala ananga manjari sadaya loiy ei dasi korete


dhori duhe nivedibe dohar madhuri heriba nayana bhori

Oh meu Senhor, oh Gourakishor! Quando você terá misericórdia e se mostrará a


mim nas florestas de Godruma, oh ladrão da mente! Dentro de Svananda Sukhada Kunja, Shri
Gadadhar ficará do seu lado esquerdo. Suas formas são douradas, Seus cabelos são belamente
encaracolados, ambos usam uma roupa atrativa de dançarino. Contemplando Suas formas
repetidas vezes, de repente Radha e Madhava vão aparecer através de Vocês.. Nessa hora eu
vou dançar na companhia das sakhis (na forma de Kamala Manjari) com uma guirlanda de belas
flores que adornarão o meu peito. Em seguida, Ananga Manjari, sendo misericordiosa com essa
serva, levando-me pela mão vai me entregar ao jovem divino casal. Vendo esse esplendor, meus
olhos ficarão satisfeitos.

(Guita Mala)

Nota do Tradutor:

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Em muitas das canções de Bhaktivinodha Thakura ele menciona Shri Ananga


Manjari. A razão específica para isso é que ele foi iniciado no parampara de Shri Jahnava
Thakurani pelo seu diksha guru Vipina Bihari Gosvami. Shri Jahnava Devi, (a esposa de Shri
Nityananda Prabhu) é Shri Ananga Manjari em Vraja (a irmã mais jovem de Shrimati Radharani).
Este fato a respeito do diksha de Shrila Bhaktivinodha Thakura, ele próprio menciona em vários
de seus livros. Especialmente em sua autobiografia, “Sva Likhita Jivani” Shri Bhaktivinodha
Thakura declara que tomou iniciação de Shri Bihari Gosvami com a idade de 42 anos. A razão
de ele ter aceito diksha com idade tão avançada foi por não ter encontrado um mestre adequado.
Por essa razão, Shrila Bhaktivinodha Thakura orou a Shri Cheitanya Mahaprabhu para que lhe
mandasse um guru fidedigno. O Senhor respondeu sua prece num sonho apontando que
tomasse iniciação formal de Shri Vipina Bihari Gosvami. Após a iniciação Shri Vipina Bihari bem
como todos os outros Gosvamis na linha de Shri Jahnava concederam a Shri Kedarnath Datta o
título de Bhaktivinodha Thakura. No sistema de Raganuga Bhakti Sadhana o sadhaka executa
“Manasi seva” a Radha e Krishna primeiramente trilhando os caminhos do Vraja svarupa de seu
guru. O siddha manjari de Shri Vipina Bihari Gosvami tinha o nome de Vilasa Manjari. Em algum
de seus escritos confidenciais Thakura Bhaktivinodha registrou alguns casos de recebimento de
misericórdia de Shri Vilasa Manjari e Shri Ananga Manjari como se segue:

hena kale kabe vilasa manjari ananga manjari ara amare heriya ati kripa kari
bolibe vacana sara eso eso sakhi! sri Lalita gane janiba tomare aja griha kartha chari radha
Krishna Bhaja tyajiya dharma lata se madhurya vani suniya ei jana se dohar sri carane asraya
laiba duhe kripa kor loybe Lalita stane Lalita sundari sadaya hoyia koribe amare dasi svakunja
kutire diben basati jani seva abhilasi

- Gita Mala

Nesse momento Vilasa Manjari aparecerá na companhia de Ananga Manjari.


Ao me verem elas misericordiosamente me darão instruções com as seguintes palavras:

“Venha, oh, venha sakhi, e se junte ao grupo de Lalita pois nós vamos apresentá-la
hoje. Esqueça seus assuntos domésticos e adore Radha e Krishna deixando de lado o medo de
ir contra as regras da religião.” Ouvindo essa doce instrução de Vilasa Manjari e Ananga Manjari
rendo-me a seus pés de lótus. Em seguida por misericórdia, me levam até Lalilta Sakhi. Lalita
com seu modo compassivo me faz sua dasi, dando-me guarida em seu kunja, no Radha Kunda,
sabendo que estou ansiosa por executar seva.

Encontramos outra referência que indica que Shrila Bhaktivinodha Thakura de fato
dependia completamente da misericórdia de seu guru rupa sakhi (Shri Vilasa Manjari) e Shri
Ananga Manjari para lograr a meta final de todos seus desejos no seguinte verso:

vilasa manjari, ananga manjari, sri Rupa manjari ara

amake tuliya loha nija pade, deha more siddhi sara -

- Gita Mala

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“Oh Vilasa Manjari, Ananga Manjari e Shri Rupa Manjari, por favor, sejam
misericordiosas, levantem-me e me abriguem a seus pés de lótus, pois assim receberei a
essência de toda perfeição espiritual.”

Um dos maiores auxiliares de Gadadhara em termos de seus passatempos


confidenciais com Gouranga era Narahari Sarkar. O seu discípulo que era Lochana Dasa
Thakura também fornece a evidência que Goura e Gadadhara manifestam suas formas originais
de Radha e Krishna no decorrer do Lila em Navadvipa.

Encontramos a seguinte narração do “Shri Cheitanya Mangala”.

O Mágico do Rasa Lila Dança no Shrivasa Anga


gour dehe shyama tanu dekhi bhaktagan, gadadhar radha rupe haila takhan. Madhumati
narahari haila sei kale, dekhiya vaisnava sab hari hari bole, vrindaban prakash kaila sei
stane, go-gopi Gopal sange Sacchir nadane. Purbe sakha sakhigan eu rupe achila, rasa
asvadane prabhu sange bhakta haila, tara sabe purva deha dhori prabhu kache. Abharana
krame tara prabhu beri nace. Dekhiya anya avatara sangi sab kande, navadwip udaya korila
braja cande, kone goura lila gadadhar kori sange. Kone shyam lila radha rasa rase rantge,
camatkara lila dekhi sab bhaktagan. Hari hari jaya jaya jaya bole ghane ghana.

Quando os devotos percebem a forma de Shyamasundara no corpo de Gouranga, -


Gadadhara então assume a forma de Radharani. Nesse momento Narahari manifestou sua
forma anterior de Madhumati Sakhi. Observando tudo isso ocorrer os devotos começaram a
gritar Hari Bola! Hari Bola! Vrindavana então se manifestou no Shrivasa Angan, bem como as
vacas, os vaqueiros, e as gopis todos juntos com Sacchinandana. A fim de saborear o gosto da
rasa todos assumiram suas formas anteriores seja de gopas ou gopis. No seu svarupa anterior
de Vraja todos dançavam em volta de Gouranga Deva. Vendo essa maravilhosa manifestação os
associados de todos os outros avataras do Senhor choram, quando a lua de Vraja (Shri Krishna)
se eleva no céu de Navadvipa. Desse modo, com Gadadhara, o Goura Lila prossegue e também
simultaneamente o Shyama Lila ocorre com Radharani no prazer das doçuras da rasa lila. Vendo
esses maravilhosos passatempos todos os devotos gritam em voz alta Hari Bola! Hari Bola! E
Jaya! Jaya! Jaya!

(Shri Cheitanya Mangala Madhya I)

Um dos associados de Cheitanya Mahaprabhu chamado Svarupa Gosvami (não


confundir com Svarupa Damodara) é um discípulo íntimo de Gadadhara Pandita. Ele também
confirma que Gadadhara mostra sua forma original de Radha aos seus associados queridos
como se deduz de um fragmento de seu “Gadadhara Astakan”:

“nijesu radhikarmata bapu prakasanagraham”

Para aqueles bhaktas que estão rendidos a Gadadhara Pandita, ele está ansioso
em revelar sua forma original interna como Radha.

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Retornando ao Nishanta Lila de


Goura e Gadadhara
Após o fim do mangala aroti, chega o momento de se separarem; já não é possível
retardar mais a necessidade de se voltar para casa. O momento da despedida de Cheitanya
Mahaprabhu e Gadadhara Pandita é traumático. Como foi citado anteriormente:

gadadhar mukha heri nayane nijhora bari premavese kore alingan.

Na hora de voltar para casa Gouranga olha no rosto de Gadadhara, e com lágrimas
escorrendo de seus olhos, tomado de prema, ele o abraça profundamente.

Como Goura e Gadadhara são em essência não diferentes de Radha e Krishna, o


seguinte pada que captura o humor dos sentimentos deles é similar as emoções que Goura e
Gadadhara experimentam na hora da despedida.

Jugal Bidaya Kale Kheda


(Bibhasa Raga)
nija nija mandire jaite puna puna duhu dohar badan nehari antare uala prema payanidhi nayane
galaye ghana bari madhava! Hamari bidaya paye tora! Tohari prema sayie puna cali awaba abahu
darash nahi mora katara nayane heraite punah punah uchalala prema taranga murchana rai
murachi paru madhava kabe haba takara sanga Lalita sumukhi mukhi koro ihukarata raiko kore
agora sahacari kanu kanu kori fhukarata nayane korkata lora kati geo aruna kiron bhaya daruna kati
geo kokak bhita madhava das tahe kabalu nahi samujhala udbhata mugdha carita

A Aflição de Radha e Krishna


na Hora da Separação.
Quando Radha e Krishna tentam repetidamente separar-se para retornarem às
suas residências, Eles entreolham-se a cada instante. Do profundo oceano de Seus corações, a
jóia de prema irrompe, fazendo com que pesadas lágrimas rolem de Seus olhos.

Com a voz embargada Shrimati exclama:

“Oh Madhava. Eu me despeço de Seus pés de lótus! Quando nos veremos outra
vez? O Seu prema vai nos juntar novamente, mas por ora seu darshan está perdido para mim!”

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Com olhos de imenso pesar Radha e Krishna continuam olhando um para o outro
como ondas que se chocam no oceano turbulento de prema. Então Radharani desmaia e Krishna
também perde a consciência. Para despertar Radha, a bela Lalita A segura no colo e grita no
Seu ouvido. E as outras sakhis gritam no ouvido de Krishna, na mesma hora que as lágrimas
caem de seus olhos. O poeta Madhava Das (Madhava Ghosh) não pode penetrar no significado
desse maravilhoso e cativante comportamento. Aonde foi o medo penetrante dos raios matinais?
E o que ocorreu com o temor dos membros familiares e das demais pessoas?

Nota do Tradutor:
Essa canção foi escrita por Madhava Ghosh, que é o irmão de Vasu e Govinda
Ghosh, que por sua vez são peritos kirtaneiros do grupo de sankirtan de Cheitanya Mahaprabhu.
Quando Goura e Gadadhara se abraçam na despedida para retornar a suas casas, esse tipo de
kirtan Vraja Lila é cantado por Svarupa Damodara, cuja voz é mais cativante do que a de milhões
de Gandharvas. A melodia do “Bibhasa Raga” no qual cantamos essa canção é viroha, carrega
o sentimento profundo de separação. A medida que os devotos respondem a Svarupa que puxa
a canção lentamente, fazendo com que se intensifique a emoção, ninguém é capaz de refrear
suas lágrimas. Desse modo, o encantador grupo de kirtana, retorna ao Jagannatha Misra pura,
e todos se absorvem nas doçuras de Vraja.
Assim termina a breve narração do Nisanta Lila de Shri Shri Goura Gadadhara.

Análise do Rasa
Ao observar esses três aspectos dos passatempos eternos de Cheitanya
Deva, os Gaudiya Vaishnavas devem ter em mente, acima de tudo, onde se pode traçar a linha
que liga esses lilas ao ânimo em seguir o caminho do adi-guru, Shri Rupa Gosvami, dessa
sampradaya.
Existem muitos parampara fidedignos que descedem de vários
associados nitya-siddhas de Cheitanya Mahaprabhu e cada um deles carrega em si o seu próprio
humor de adoração, todavia o denominador comum que vincula todo o guru parampara do
Gaudiya Vaishnavismo é o “espírito Rupanuga”, ou o humor de seguir com submissão o caminho
delineado por Shri Rupa Gosvami.
Em termos do Radha Krishna Lila, os Gaudiya Vaishnavas seguem o
caminho de Shri Rupa Manjari, que é a serva líder do grupo de Shrimati Radharani. Shri Rupa
Gosvami no seu livro “Bhakta Rasamrita Sindhu” categorizou “Stayi Bhava” (doçura
permanente), chamando-a de “Bhavolasa Rati”. Essa doçura permanente do “Radha Dasya” ou o
desejo de se tornar uma serva de Shrimati Radharani, se tornou o principal objetivo a ser
alcançado pelos seguidores de Shri Cheitanya Deva. Essa é a conclusão do significado de “Sri
Cheitanya manovistam stapitam jeno bhutale”, (o desejo íntimo de Cheitanya Mahaprabhu que
Shri Rupa Gosvami manifestou neste mundo).

Neste ponto pode-se levantar uma questão: “Como isso aestá relacionado com o
Goura Lila?” Se o objetivo do Gaudiya Vaishanavismo é seva imaculado aos pés de Radharani,
onde vamos encontrar essa oportunidade nos passatempos de Cheitanya Mahaprabhu? A
resposta a essa pergunta de como o Radha-tattva se manifesta no Cheitanya Lila é assombrosa.
No Krishna Lila a corporificação e personificação de Krishna Prema se revela na forma de uma
mulher. Embora Radharani seja conhecida como mais misericordiosa que Shri Krishna, ainda

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assim devido a natureza feminina reservada e tímida, esse “Maha Karuna Dhama” (grande
riqueza da misericórdia) com relação a distribuição do Krishna Prema se revela de uma maneira
oculta. A partir do Krishna Lila, todavia, o mais profundo desejo do coração de Radharani ainda
permanece insatisfeito com relação a entregar Sua riqueza a todos aberta e irrestritamente sem
nenhuma consideração adicional. Radharani satistaz esse desejo, há muito acalentado, de
distribuir Krishna Prema abertamente quando ela mergulha na forma “Purusha” (masculina) de
Shri Goura Hari. No corpo de Shri Cheitanya Deva, Radharani ,individualmente, tira vantagem da
natureza masculina dinâmica para abrir os portões do dhama submergindo a todos na inundação
de Krishna Prema.
Todavia, como Cheitanya Mahaprabhu é Krishna em Svarupa, Ele aproveita da
presença de Radharani para satisfazer o Seu desejo, também há muito acalentado, de saborear
Sua própria doçura do ponto de vista dEla. Simultaneamente , os dois desejos individuais de
Radha e Krishna se satisfazem na forma de Shri Gouranga Deva. Ao mesmo tempo existe um
desejo mútuo de Radha e Krishna que se manifesta no corpo de Goura Hari, ou seja, “deixe que
todos saboreiem a doçura mais elevada disponível em toda a existência, o gosto do serviço a
Radha e Krishna combinados”. Essa fortuna de se tornar elegível para saborear o jugal seva de
Radha Krishna é propriedade somente das manjaris de Radharani. Por essa razão, Cheitanya
Mahaprabhu dotou de poder as nitya siddha manjaris oriundas de Vrindavana, os seis Gosvamis,
para nortear a Gaudiiya sampradaya para todas as gerações futuras. Um surpreendente e único
fato sobre Goura Lila (especialmente em Goloka) é que pela misericórdia de Shriman
Gourasundara, cada associado, sem considerar qual seja era sua identidade de Vraja, também
recebe uma oportunidade de saborear a doçura excelsa indescritível de manjari bhava. De
acordo com esse tema, Siddha Krishna Das Baba de Govardhana, após receber o darshan direto
de Radharani e “kripa adesha” (ordem misericordiosa), preparou a versão dos passatempos Asta
Kala de Gouranga que foram intercalados entre os passatempos de Goura Vishnupriya e Goura
Gadadhara. A razão pela qual essa versão foi colocada nesse entremeio é porque esse é um lila
da corrente principal de Cheitanya Mahaprabhu, com base no “mula karan” (desejo principal)
para o Avatar dessa era. No prakata Bhauma Lila do Senhor todos esses afazeres elevados
aparecem de um modo camuflado e por essa razão apenas alguns poucos rasika bhaktas estão
aptos a descobrir a força magnânima por trás dos movimentos íntimos de Cheitanya Deva. No
Goloka Navadvipa Dhama, contudo, não ocorre isso, porque nessa circunstância não existem
não devotos ou fatores perturbadores para reprimir o humor de Shri Gourasundara, pois em
Goloka apenas os associados eternos do Senhor residem e na presença desses devotos os
humores mais profundos de Shri Gourasundara são impulsionados ainda mais.

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Para tornar mais claro o assunto principal o Goura Lila se desenvolve a
partir do desejo íntimo de Shri Krishna de saborear as doçuras transcendentais do ponto de vista
de Shrimati Radharani.
Paralelo a esse assunto principal existe um fluxo secundário que se
desenvolve a partir dos desejos íntimos de Shri Radha. Como se declarou anteriormente
Radharani mergulhou na forma de Gourahari a fim de entregar sua riqueza pessoal de Krishna
Prema às almas condicionadas dessa Kali Yuga, sem nenhuma consideração adicional. Isso é
verdade, mas ao mesmo tempo, Radharani manteve a individualidade com Seu svarupa pessoal
no Goura Lila como Gadadhara Pandita. Esse desejo íntimo de Shrimati Radharani de assumir

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uma forma masculina no Goura Lila se descreve numa linguagem terna por Shri Narottama Dasa
Thakura no seguinte “pada”, ou canção:

hede he nagarbora, suna he muralidhara nivedan kori tuya paya caran nakar mani, jena cander
gathani bhalo sobhe amar galaya sriddam sudam sange, jakhan bone jao range takhan ami duyare
darayae mane kori sange jai, guru janar boya peya akhi rohe tuya pane ceye cai navina megha
pane, tuya badhu po0re mone elaile kesha nahi bandhi randhasalate jaya, tuya badhu guna gaya
dhuyar chalana kori kandi mani neo manika neo, acale badhile reo phula neo je keshe kori beshe
nari na korte vidhi, tuya hena guna nidhi loyia phiritam dese dese aguru candan hoitam, tuya ange
makha roitam ghamia poritam ranga paya ki mora moner sadha, baman hoye cande hata vidhi ki
sabha purabe amaya narottam das paya, suno ohe dayamaya tumi amaya na cariha daa je din
tomar bhabe, amar paran jabe sei dine dio padacaya

- Últimos versos do Prarthana

“ATMA NIVEDAN” OU SUBMISSÃO


DE
RADHARANI
“Oh Krishna, Você é conhecido como sendo um romântico galanteador, por favor,
Murlidhara ouça, Você que encanta tocando a flauta!

Eu me rendo a Seus pés de lótus - Suas unhas são como jóias e os pés como uma
guirlanda de luas - essa linda guirlanda poderia ser amavelmente colocada em volta de meu
pescoço.

Quando Você sai para a floresta apascentar as vacas com Shridama e Sudama, eu
fico observando da minha porta. Embora meu coração vá com você, temendo meus familiares e
a comunidade fico paralisada enquanto meus olhos permanecem fixos observando Seu
semblante de lua.

Quando eu olho para as nuvens negras de chuva recém-formadas no céu, eu


lembro de Você e fico atordoada, incapaz até de fazer tranças em meu cabelo.

Quando eu vou à cozinha, canto Suas glórias, e como as lágrimas escorrem de


meus olhos, finjo que são causadas pela fumaça da cozinha. Se Você fosse uma jóia preciosa ou
uma pérola, eu poderia manter Você junto a mim, ocultando-O debaixo de minha roupa. Se Você
fosse uma guirlanda de flores, eu poderia envolvê-lO com meu cabelo no topo de minha cabeça.

MAS QUE PENA! OH KRISHNA! JÓIA DE TODAS AS BOAS


QUALIDADES, SE O CRIADOR NÀO ME TIVESSE FEITO MULHER, ENTÃO EU

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PODERIA CAMINHAR LIVREMENTE A SEU LADO PARA TODOS OS


LUGARES.
Por outro lado, se eu pudesse ser uma mistura de polpa de sândalo e essência
agura, eu poderia ficar adornando Seu corpo e quando você transpirasse eu cairia em forma de
gotas sobre Seus pés de lótus. Quando será que esses desejos serão satisfeitos? Eles são como
anões que querem esticar os braços para tocar a lua; será que o criador algum dia irá satisfazer
meu desejo?

Shri Narottama Das conclui dizendo a seu favor e também em favor de Shrimati
Radhika:

“Oh! mais compassivo! Por favor, não faça descaso em outorgar-me misericórdia.
No dia em que minha vida terminar, deixe-me pensar em Você. Nesse dia, por favor, venha e me
abrigue sob Seus pés de lótus.

Desde o dia em que Krishna deixou Vrindavana e foi para Mathura, o “ maha viroha
vyadhy” (intenso mal da separação) de Radharani aumentou progressivamente sem
abrandamento. Pela intensidade da lembrança constante, Radharani enlouqueceu de êxtase no
Krishna Prema. Nessa condição ela amaldiçoou Shri Krishna.

“Como Você me deixou nessa situação, nesse estado de sofrimento, Você também
vai ter de tolerar essas mesmas dores da separação em Sua próxima vida!”

Essa maldição Shri Krishna aceitou alegremente como sendo uma bênção
aparecendo como Cheitanya Mahaprabhu para saborear e experimentar essas mais elevadas
formas de Krishna Prema que são descritas como “bisha amrita ekatra milan” - (a mistura de
veneno e néctar!) Por essa razão Shri Cheitanya Mahaprabhu executa Seu lila no estado mental
de “viroha pradhan” (a mais intensa separação).

Todavia, Radharani preencheu o vazio da separação assumindo a forma de


Gadadhara no Goura Lila, satisfazendo seu desejo há muito acalentado, ou seja, de sempre
permanecer na companhia de Seu Senhor. De fato, isso foi uma ordem da mãe de Mahaprabhu,
Sacchi Mata como se segue:

ek dina Sacchi mata,dhoriya gadhai hate,Gouranga gaman jatha, srivas adwaitamone,tambula


arpane tatha,kahe nimaier sathe, gadadhar chole tatha,kota sukha khone khone,dekhe gadadhar
pratapa, satata rahibe mora bapa,tileka charite nare sanga,dekhi gour gadadhar ranga

Shri Narahari Sarkar

Tradução:

Certo dia, mãe Sacchi observando o fervor devocional de Gadadhara na hora da


oferenda de pan, segurou sua mão e disse afetuosamente:

“Querido Gadadhara, você deve sempre ficar ao lado de Nimai.”

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Desse dia em diante, onde Gouranga fosse, Gadadhara O seguia, não O largava
nem por um segundo. Shrivasa e Adueita Prabhu observando os passatempos de Goura e
Gadadhara sentiam grande felicidade em seus corações. Extraído do resumo da vida de
Gadadhara Pandit , escrito por Narahari . O estado mental de Gouranga é constantemente
saborear o nome, forma, qualidades e passatempos de Krishna do ponto de vista de Radha, mas
quando Gouranga(no sentimento de Radha) se aproxima de Gadadhara(ou seja, dela mesma ),
então Gouranga é lembrado que ,de fato, é Shri Krishna em svarupa. Ceye gadadhar pane, ami
krshina henomone parihasa kore nama range

Prarthanamrita Tarangini , Siddha Krishna Das

Nisso, de repente, olhando para o rosto de Gadadhara, Gourasundar se lembra:

“Oh, Eu sou Krishna e ri num tom de brincadeira e espanto”.

Pela hábil manobra de Radharani (na forma de Gadadhara), todo “ sambhoga”


(passatempos conjugais) de Vraja tais como: Julan, Julkeli, Pasa kela, Dola, Holi, Rasa, Nauka,
Vilas, etc... etc... manifestam-se outra vez em Nadiya.

Para os devotos que desenvolveram nistha por servir Gouranga Mahaprabhu


seguindo o caminho de Gadadhara Pandita é possível dizer que essa doçura permanente de
“Bhavollasa-Rati” pode também ser aplicada em Navadvipa Lila. Em outras palavras, é possível
que tais bhaktas possam desenvolver mais afeição por Gadadhara (pois ele é o Avatar direto de
Radharani) do que pelo próprio Shriman Mahaprabhu. Por sua vez Gouranga Deva fica mais
satisfeito ao ver esse tipo de afeição ao invés do Prema dirigido a Ele próprio diretamente.

Aprofundando-se no Goura e Gadadhara tattva surge a pergunta: “O que ocorre


quando Gouranga deseja saborear Radha Bhava”, a presença de Gadadhara que é Radha em
svarupa, não interfere ou colide com esse estado mental?”

Sim, isso é um fato. Por essa razão Cheitanya Mahaprabhu disse a Gadadhara que
ele deveria adorar a Gopinatha:

“Oh Gadadhara, para falar a verdade Eu e Gopinatha não somos diferentes! Se


você adora a Gopinatha é o mesmo que adorar a Mim”. *

Essas hábeis palavras de Gourasundara talvez fossem destinadas a manter


Gadadhara a distância, enquanto Mahaprabhu, com exclusividade, seguia saboreando os mais
elevados sentimentos de Radharani quando ela foi deixada por Krishna que foi para Mathura.

Shriman Mahaprabhu prosseguia saboreando essas doçuras sem ser incomodado


atrás das portas fechadas do Gambhira com Lalita e Vishaka a Seu lados, (nas formas de
Svarupa Damodara e de Ramananda Raya) e imaginando ser Radha. A maioria dos
pesquisadores pode parar nesse ponto e traçar uma linha divisória que cria uma separação no
fluir constante dos passatempos de Goura e Gadadhara.

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Shri Gouranga Deva de fato comprovou Sua afirmativa anterior na época em que
concluiu Seus passatempos aqui. Ele foi à residência de Gadadhara e Se fundiu na vigraha de
Gopinatha deixando esse “Bhauma Lila”!

Todavia, coloca-se uma pergunta:

‘Como Radharani é por natureza uma “bama nayika’, e mais inteligente que Shri
Krishna, ainda mais na forma direta de Gadadhara, ela veio para poder compartilhar a
associação constante do Seu prananatha’ Shri Krishna, (na forma de Gouranga), além e acima
disso, a própria mãe de Gouranga ordenou a Gadadhara que não deixasse a associação de
Gourasundara nem por um momento - com todas essas circunstâncias pendentes, será que
alguma pessoa sóbria pode pensar que Radharani na forma de Gadadhara Pandita, pudesse
tolerar por um momento essa desfeita da parte de Gourasundara tentando mantê-lo(a) à
distância?”

De fato, antes do início do Lila, Radharani sabia de antemão que Krishna ia vir à
Nadiya como Cheitanya Mahaprabhu a fim de saborear o estado mental dela. Habilidosa como é,
para realizar seus desejos na forma pessoal como Gadadhara, ela também assumiu svarupas
alternativos que pudessem ser ajustados ao Lila de Gouranga no estado mental de Radha Bhava
.

Atentemos para o que diz o livro “Goura Ganodesh Dipika” de Shri Kavi Karnapura,
a respeito da identidade de Gadadhara:

“sri radha prema svarupa já pura vrindaban isvari, as sri gadharo gour ballabha
panditakhyah nirnita sri svarupairyo Bhaja laxmitaya jatha. Pura vrida- bane laxmi shyamasundar
ballabha. Sadya gour prema laxmi sri gadadhar pandir.Radhanugata jattal-lalitapyanu-radhika
atah prabisadesa tam goura candrodaye jatha”.matantare soubhagya manjari!”

Tradução:

Radha, a forma de prema, conhecida como a deusa de Vrindavana,


agora apareceu em Nadiya como Gadadhara Pandita, o amado de Shri Gouranga. Em svarupa
(forma original) essa pessoa que era conhecida anteriormente como Vraja Lakshmi e a mais
querida amante de Shyamasundara, agora apareceu no Goura Lila como “Goura Prema
Lakshmi” - Shri Gadadhara Pandita.

(A utilização do termo Lakshmi não significa realmente a Lakshmi de


Vaikuntha, e sim Vraja Lakshmi ou Prema Lakshmi referindo-se a própria Radha, que é o
manancial de todo o prema existente em Vraja. A Lakshmi de Vaikuntha não tem acesso à
dimensão de Vraja).

Até esse ponto só falamos a respeito do svarupa de Gadadhara.

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O prosseguimento da verificação da identidade de Gadadhara, por Kavi


Karnapura, será melhor esclarecido no serviço prestado por Gadadhara a Gouranga quando no
estado mental de Radha. Ou seja - quando Lalita está em “anugata” (trilhando o caminho) de
Radha, ela é chamada de Anu-Radha. Isso exemplifica a personalidade de Gadadhara no papel
de Lalita que foi demonstrado no ‘Cheitanya Chandrodaya Nataka” também escrito por Kavi
Karnapura.

Desse modo o estado mental de Gadadhara é bem favorável para se


associar com Gourasundara quando ele está na consciência de ser Radha.

Shri Kavi Karnapura prossegue relacionando o svarupa de Gadadhara


com uma identidade adicional de Sobhagya Manjari. Isso é muito maravilhoso quando
examinado no contexto do lila. Krishna veio para saborear Radha Bhava na forma de Gouranga,
que é um prazer centena de vezes maior do que Ele sente.

angange sangame ami jato sukha paya taha hoite Radha sukha sata adhikai (C.c. Ad. 4)

Do mesmo modo, Radha veio com uma personalidade adicional de ser Sobhagya
Manjari, que é idealmente adaptável para servir Gouranga quando Ele está no estado mental de
Radha. Através desse esforço, Shrimati Radharani fica elegível para saborear Radha dasya, que
é um sabor milhões de vezes superior ao que Ela sente.

Isso é assombroso!

Desse modo o aspecto madhurya e a competição de saborear doçuras cada vez


mais intensas continua do Krishna Lila para o Goura Lila numa sede inSaciável.

yadyapi nirmal radhar satprema darpan tathapi svacchata tar bare khone khona

amar madhurjyer nahi barite avakase ei darpaner age nava nava rupe bhase

mora madhurya radha prema dohe hora kori khone khone bare kohe kohgo nari’hari

( Cheitanya Charitamrita Adi. 4)

Shri Krishna diz:

“Embora o prema de Radharani seja como o espelho límpido que se apura


a cada momento, Minha doçura também aumenta sem cessar dentro do espelho de Radha
Prema. Desse modo, existe uma competição sempre crescente entre o Prema de Radha e Minha
doçura, todavia, nesse contexto, nem um dos Dois jamais perde.

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A própria Lakshmi, embora anseie e tente não consegue compreender as doçuras


confidenciais de madhurya. Na forma de Lakshmi Priya e Vishnu Priya, todavia, esse desejo é
satisfeito totalmente.

O termo “Rasa katham” que é mencionado no sutra de Shri Visvanatha Chakravarti


refere-se, em especial, ao Vraja Rasa Katha ao qual ela foi abençoada para saborear. Desse
modo a felicidade da Deusa da Fortuna incrementa grandemente devido ao toque misericordioso
de Shriman Gourasundara e Seus associados em Navadvipa.

O Senhor Brahma, o ser mais elevado do universo, do mesmo modo que Lakshmi não
está apto a imaginar o “madhurya” de Krishna no Vraja Lila. No Goura Lila, Brahma participa
como Haridasa Thakura, e a sua ânsia interna fica mitigada. Desse modo a fortuna de Hari Dasa
Thakura é incomparavelmente maior do que a do próprio Senhor Brahma.

Se por conseqüência, alguém fica interessado em seguir os passatempos eternos


de Goura e Vishnu Priya, existe o canal para isso. Tais devotos devem lutar para seguir os
passos das dasis de Vishnu Priya sob o cuidado da sakhi líder Shri Kanchana Devi. Essas dasis,
contudo, não possuem passatempos “sambhoga” próprios com Shriman Gourasundara, pois elas
atuam para incrementar o prazer de Goura e Vishnupriya, como é descrito no pada de Shri
Raghunandan Das Gosvami, “Shri Gouranga Campu”.

Siddha Cheitanya Das Babaji de Navadvipa é um exemplo famoso de um sadhaka que


alcançou a perfeição nessa direção.

PRATA LILA
OS PASSATEMPOS MATINAIS
(das 6:00 às 8:24 horas)
Sutra I
pratah svah sariti svaparshadabritam svatva prasunadibhi

stam sampujyagrhita caruvasanah srakcandan alankkritah

kritva vishnu samarcchanadi sagano bhukvannam acamya ca

dvitram canya grihekhanam svapiti jastam gourmadyemaham

- Shri Vishvanatha Chakravarti (Asta-kala lila Stotra


de Sriman Mahaprabhu, verso 4)

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Tradução:

De manhã bem cedo, Shri Gouranga na companhia dos devotos, vai banhar-se no
Ganga. Após o banho Ele adora o Ganga com flores e outras parafernálias e retorna para casa.
Em seguida, Ele é vestido belamente com roupas refinadas e decorado com guirlandas de flores
frescas e chandana. Após, vai adorar ao Senhor Vishnu e então toma prasada na companhia dos
devotos e finalmente se retira para um breve descanso. Meditemos em Shri Gouranga
Mahaprabhu nesse cenário matinal.

Este shloka é um sutra, um código, para todo o período do “prata lila”. Agora o relato
mais detalhado dos eventos que acontecem em Shri Goloka e Shri Navadvipa será apresentado,
começando com o sadhaka das levantando-se pela manhã.

O Guru Seva Matinal do Sadhaka Das, etc...


Após um breve descanso matinal o sadhaka levanta pronunciando o nome: “Goura,
Goura!” e vai lavar o rosto, a boca e escovar os dentes. Com uma vassoura dourada e água
aromatizada, começa a limpar o quarto de Seu Gurudeva, dentro e fora. Ele faz todos os arranjos
e prepara todos os itens para o “nitya kritya” (funções corpóreas diárias de seu Gurudeva), ou
seja, para seu guru escovar os dentes, o sadhaka das, providencia um galho de manga com um
pó aromático especial e lota de água fresca. Óleo Amlaki para o cabelo e óleo Narayana para o
corpo e toalha macia. Após o Gurudeva se levantar o sadhaka o assiste no “nitya kritya” matinal
e depois juntos vão para o banho no Ganga. Após o banho e a recitação dos vários “ stava e
stutis” (versos e orações em sânscrito) glorificando a mãe Ganga o sadhaka volta para a
residência de Gurudeva seguindo atrás, levando a toalha molhada. Ao chegar o sadhaka lava os
pés de Gurudeva, e oferece uma asana para ele sentar-se. Após isso, o sadhaka trás os itens
necessários para passar tilaka. Enquanto passa tilaka recita o mantra gayatri, e após o sadhaka
segue Gurudeva ao parikrama de Tulasi. E ambos vão à casa de Shriman Mahaprabhu na
companhia de outros membros do guru parampara. O sadhaka pelo caminho recolhe flores a fim
de confeccionar guirlandas. Ao chegar ao portão do Jagannatha Mishra Pura (a residência de
Shri Gouranga) o sadhaka fica tomado de êxtase ao ver a beleza do lugar.

Uma Breve Descrição de Jagannatha Mishra Pura


Todo o complexo residencial está cercado por elevados muros dourados com
incrustações de jóias. Por todos os quatro lados ficam os portões com o “singhadvara” (portal de
leões) no lado leste. Esse portão é especialmente assombroso de se ver devido aos diversos
arcos e pequenas torres, tudo incrustado de várias jóias preciosas numa combinação de
suprema habilidade artística. Acima dos domos ficam os chakras, as bandeiras coloridas que se
agitam com a brisa. Dos quatro portões saem quatro estradas para a parte interna, dividindo o
complexo em quatro seções com um total de trinta quartos.

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Na seção nordeste existem seis quartos: 1) de Jagannatha Mishra; 2) de mãe Sacchi;


3) “Sringar” (quarto para se vestir e se decorar) de Gourangasundara; 4) de banho de
Mahaprabhu; 5) de Ishana (o servo da casa); 6) do poço onde se pega água.

Na seção sudeste existem doze quartos: 1) Shriman Mahaprabhu; 2) bhojan (tomar


prasada); 3) Shri Narayana Mandira; 4) o salão de kirtana “Natha” Mandira; 5) Chandrasala
(quarto construído com uma torre que se eleva ao céu, para observação dos arredores: 6) das
jóias de Shri Narayana; 7) sala de estar para relaxamento; 8) Shri Yoga Pita Mandira (rodeado
por jardins floridos); 9) hóspedes; 10) bhaktas; 11) servos; 12) local do poço onde se pega água.

Na seção sudoeste ficam oito quartos: 1) Bhojan Mandira de Sacchi Mata, Malini, Sita
Takhurani, etc... 2) Bhojan Mandira de Vishnu Priya e Lakshmi Priya; 3) Sala de estar de Vishnu
Priya e Lakshmi Priya; 4) cozinha; 5) quarto de jóias; 6) quarto de dormir de Vishnu Priya; 7)
servos; 8) do poço, que fica próximo ao grande lago rodeado de jardins de flores.

Na seção noroeste existem quatro quartos que pertencem a Lakshmi Priya: 1) quarto
de dormir; 2) sala de estar; 3) das jóias; 4) servos.

Todos esses trinta quartos nas quatro seções do Jagannatha Mishra Pura, são
construídos de várias jóias e metais preciosos como ouro e prata. A refulgência que emana
desses quartos é comparada ao brilho de milhões de sóis e luas.

Uma Descrição do Navadvipa Dhama e a


Localização das Residências de Vários Bhaktas.
As quatro estradas que dividem o complexo continuam do lado externa chegando até
a margem do Ganga nas quatro direções, onde existem quatro gaths belamente decorados com
jóias. De ambos os lados dessas estradas existem fileiras de árvores Bokula.

Externamente aos elevados muros dourados do complexo Jagannatha Mishra há uma


área com bananeiras douradas (local onde fica o banheiro de Shri Gouranga). Situados além do
bananal existem vários jardins e estendendo-se além dos jardins existem diversos pomares.
Além disso, se encontra o “raja path” (estrada principal) que circunda toda área do Dhama. Do
outro lado dessa estrada ficam as diversas residências dos bhaktas de Shri Gouranga.

No lado oeste da região norte, fica a residência dos seis Gosvamis, próximas a de
Shrinivasa Acharya, Shri Narottama Dasa Thakura e Shri Shyamananda Prabhu. No lado leste da
seção norte do Dhama, ficam os doze Gopals, liderados por Shri Gouri Das Pandita e Abhirama
Thakura.

Do lado nordeste do Dhama fica a enorme casa de Shrinivasa Thakura, com imensos
jardins sazonais que suspensos em relação ao Ganga. Próximo a casa de Shrinivasa do lado
leste fica a casa de Chandrasekhara Acharya. Do lado leste do Dhama fica a residência de Shri
Raghava Pandita e Shri Jagadananda Pandita.

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No lado sudeste do Dhama fica a grande propriedade de Shri Adueita Acharya. Dentro
dos diversos jardins floridos eleva-se um belo templo e o natha Mandira onde Shri Adueita adora
Shri Shri Madan Gopal. Os muitos associados de Shri Adueita Acharya residem na proximidades.

Bem ao sul, fica a grande residência de Shri Nityananda Prabhu com jardins de flores
e o mandir onde ele adora Thakura Shri Shri Banki Bihari. Muitos associados de Shri Nityananda
também moram nas áreas circundantes. Na região sudoeste ficam as casas de muitos
brâmanes. Do lado oeste do Dhama moram Shri Mukunda Datta, Shri Murari Gupta e Shri
Narahari Sarkar. Ao norte, ficam as casas dos sessenta e quatro Mahantas.

Do lado noroeste do Dhama fica a casa de Shri Gadadhara Pandita com belos
jardins e áreas florestais. Os diversos seguidores de Shri Gadadhara Pandita moram próximos.
Ao sul, reside Shri Gadadhara Das. Ao norte fica a casa de Shri Saranga Thakura. Além dessas
residências existem inumeráveis outras em que residem os devotos de Shri Gouranga.
Diferentes mercados e áreas florestais se vistos por toda a parte.

O Ganga entra em Shri Navadvipa Dhama pelo norte circundando a área pelo lado
leste. O afluente do Ganga também circunda o lado oeste juntando-se ao Ganga principal logo
mais ao sul.

Siddha Krishna Das Baba,


Shri Shri Gour-Govinda Lila Smaran Gutika
Nota do Tradutor:

Na Gaudiya sampradaya existem diversos parampara fidedignos oriundos dos muitos


associados nitya siddhas de Shri Cheitanya Mahaprabhu.

Um assunto importante que se deve saber sobre as diversas residências dos


associados de Shri Gouranga Deva dentro do Dhama é que, segundo o associado nitya de onde
o guru parampara se origina, o sadhaka também (na hora de alcançar siddhi) adquire um local
como residência, próxima a do seu associado nitya siddha dentro do Shri Goloka Navadvipa
Dhama.

O Seva Matinal na Casa de Shri Gouranga


O sadhaka das pela ordem do guru pega uma vassoura dourada e água aromatizada
e passa a limpar o chão e a varanda onde Shri Gourasundara e os devotos vão se reunir. Em
seguida para os dentes e o banho do Senhor, o sadhaka providencia todos os itens necessários,
tais como, o galho macio de mangueira, pó dental aromatizado, um utensílio dourado para a
profilaxia da língua, lota dourada, água fresca, pote dourado, toalha macia, etc... Para o banho
de Gouranga, óleo Narayna aromático, e óleo para remoção do óleo Narayana, que é o óleo
(udhvartan) e roupa especial para o banho. Uma vestimenta vedi, aroma aguru, incenso, espelho
ornado de jóias, pente, roupa de seda amarela para o Senhor, guirlanda de flores e chandana e
as jóias que Mahaprabhu usará durante o dia. Na sala de estar (biathak) primeiro o sadhaka

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limpa o chão e depois todos os asanas para a palestra do Bhagavata que será proferida por Shri
Gadadhara Pandita. Essa é apenas uma relação de alguns tipos de seva possíveis.

O Segundo “Prata Kala” do Sutra Matinal


(Descrições de Prema Vatsalya)

pasyantim sva-sutam Sacchi bhagavati sankirtane bhikhatam

pratarha katham eva te vapuridam suno babhuva khatam

iltham lapnatah svaputra vapusi vyagra sprshanti muhu

stalpaja jagarayanchakara jamaham tam gourachandram bhaje

Shri Siddha Krishna Das Baba ( Shri bhavana Sar- Sangraha)

Pela manhã, mãe Sacchi ao acordar seu filho nota os ferimentos em seu corpo
ocorridos enquanto rolava pelo chão durante o sankirtana da noite anterior. Ela então se lamenta
dizendo: “O que é isso! O que aconteceu com Você? Ansiosa, mãe Sacchi repetidamente afaga
afetuosamente o corpo do Senhor. Meditemos em Shri Gourachandra nessa visão de Seus
passatempos matinais.

MAHAJANA PADA(POEMA)
oh mora jivan,ada tila khana, aruna kirona, bahir haiya, gada gada katha,
suni Gourahari, pakhali badana, jagannath das, as rabasa dhan, oh canda
badana, haila prasanna, mukha pakhaliya, kahe Sacchi mata, alasa sambari,
korila gaman ciradina asha, sonar nimai canda na dekhi pran kanda uthahi
sayana sane milaha sangiyagane hat bulaiya gaya utihiya dekaye maya sab
sahacar sange dekhiba o rasaranga.

“Oh minha vida, minha única posse. Nimai Chanda Dourado!


Se só por um momento eu não puder ver Seu semblante de lua, meu coração dói.
Os raios quentes do sol estão chegando, levante da cama e saia do quarto para lavar o rosto e
se encontrar com os amigos”. Dizendo isto, com a voz embargada pelo afeto, mãe Sacchi,
carinhosamente sacode o corpo de seu filho. Ouvindo sua voz e a vendo, Gouranga acorda e Se
levanta da cama para lavar o rosto e a boca, e encontrar com os devotos. O poeta Jagannatha
Das deseja ver esse passatempo eternamente.

* Este padakarta Shri Jagannatha Das é um associado eterno de Shri Cheitanya Mahaprabhu, e
discípulo de Shri Gadadhara Pandita.

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No Vraja Lila, Shri Paurnamasi Devi vai encontrar mãe Yashoda ao raiar do dia. É
prática comum ela ser a primeira a ir ver Krishna quando Ele se levanta pela manhã. Do mesmo
modo, no Shri Navadvipa Lila também Shri Paurnamasi vem ver mãe Sacchi nessa hora no seu
Goura Lila svarupa como Shri Sita Thakurani (Shri Sita Thakurani e Shri Paurnamasi Devi são a
personificação da potência interna do Senhor, Yoga Maya).

rajani prabhate Sacchi devi citte anander nahi ora, o mukha nirakhi nare sambarite nayane bahaye lora,
sitar carane dhoriya jatane kahaye madhurya vani kebal bharasa tomader ogo bhalo manda nahi jani.
Apane jani nimaicanderte satata prasanna haba, cira ayu haiya sukhe take jeno ei se ashish diba. Keha
nahi mora kata nivedhhiba ei tanaya adhir lora, ei koro jena ghare take sada ghucaye canchala-chara.
Ara boli visvarupa mora ei nitai jivan prana, tila adhe jena na hoy vicheda ei bara dibe dan. Ei Rupa kata
kahiya turite karaye mangala nita, narahari ekmukhe ki kahibe atula mayera prita.

Shri Narahari Chakravarti

‘Shri Goura Carita Chintamani”

Tradução:

Ao raiar do dia a felicidade de mãe Sacchi é indescritível. Olhando o rosto de seu


filho, ela não consegue refrear as emoções e lágrimas correm dos olhos. Tocando os pés de Sita
Thakurani, mãe Sacchi fala as seguintes doces palavras: “Eu não sei o que é bom ou mau, você
é minha única esperança. Eu só quero a felicidade de meu filho Nimai Chandra. Talvez você
possa outorgar-lhe uma bênção para que Ele tenha uma vida longa e feliz. Eu não tenho nada
além dEle, que é a luz de meus olhos. Por favor, cuide para que Ele pare de fazer traquinagens.
E para manter minha força vital, Shri Nitai, por favor abençoe-me para que jamais tenha que
suportar uma separação”. Desejando a felicidade de seu filho, mãe Sacchi falou desse modo.
Shri Narahari Chakravarti diz: “Quem pode descrever tal incomparável afeto amoroso”.

- Shri Narahari Chakravarti

Shri Goura Caritra Chintamani

Adwaita gharani, aninimtha akhe, o nava carita, dairaja dhorite, kata kata katha, jatana
koriya, seshaa shisha, narahari kabe,sita thakurani, nirake sunder, bhavite bhavite, naraye jugal, upajaye
cite, kore upadesha, diya prasamsiya, esaba carita, kebal raser rasi, gour mukher hasi. Haila purava
para, nayane bahaye dhara. Snehete atura mati, serupa scir prati. Sukher nahika para, bujhite sakati
kara.

A esposa de Adueita Acharya, Shri Sita Thakurani é simplesmente o limite de todas


as doçuras transcendentais. Com os olhos fixos, ela contempla a beleza do rosto sorridente de
Shri Gourasundara. Pensando nos sempre renovados passatempos de Gouranga, ela
novamente se lembra de seu lila anterior em Vraja, e perde a compostura quando lágrimas
escorrem pelo rosto. Tomada de afeição, ela fica embaraçada, mas outra vez se recompõe e
com cuidado dá alguns conselhos a mãe Sacchi. Então lhe dá bênçãos e louvores ilimitados, e

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as duas ficam absortas em um estado de êxtase inigualável. O poeta Narahari conclui dizendo:
“Quem pode compreender esses lilas?” - Shri Gour Caritra Chintamani

Uma Descrição dos Passatempos Matinais de Shri Gouranga


Como Vistos Pelos Residentes de Navadvipa
aji subhakhana pohaila sinhi, dekhite gouracandere snehe, anginar majhe vilase goura ,parikara
sobhe sakala dise, kichu smriti nai kaharu mane, narahari ek mukhi ki kabe, anande magana nadiya
vasi dhaya aise sabe Sacchir gehe jaga jana mone nayana chora urumadi vidhu upama kese
sabakara akhi o mukha pane nija nija rase ullase sabe O amanhecer é auspicioso para os
residentes de Nadiya, pois nessa hora eles correm com afeição extática para a casa de
mãe Sacchi para ver Gourachandra. Ele desfruta de passatempos, sentado com Seus
associados íntimos no quintal. Sua refulgência parece com a lua rodeada pelas estrelas no
céu. Shri Gourachandra é inigualável como aquele que rouba os olhos e as mentes de
todas as pessoas no universo. Ao receber o Seu darshan todos se esquecem de tudo o
mais. Como pode o poeta Narahari sozinho relatar essa alegria. Shri Narahari
Chakravarti ,Shri Goura Carita Chintamani

O Terceiro Prata Lila Sutra “Rasodgara”


(lembrança dos passatempos das noites anteriores)
bhakktaih sardhamupagatairbhuvi nataih srivas guptadibhih prcchadbhih kushalam prage parimilan
prakhalya bakram jalaih puspadi pratibasitaih sukathayan swapnanubhutam katham snatvadyad
hariseshamodan baram jastam hi gouram bhaje - Siddha Krishna Das Baba

Pela manhão bem cedo, todos os associados de Gouranga Mahaprabhu liderados por
Shrivasa e Shri Murari Gupta chegam e oferecem dandavats prostrados. Em seguida todos
perguntam pelo bem estar do Senhor. Após lavar a boca com água que foi aromatizada com
flores perfumadas, Shri Sacchinandana é tomado de emoções transcendentais e passa a relatar
as sensações de Seus sonhos da noite. Em seguida, após ouvir esses relatos, todos seguem em
direção ao Ganga para o banho matinal e ao retornarem para casa tomam a refeição matinal de
Krishna prasada; adoremos essa forma de Shri Gouranga Mahaprabhu como O vemos na
manhã.

Rasodgara
(lembrança dos lilas das noites anteriores)
ati usakale, bigolita besha,bhakata ganere, dale janu madhu, shyama
badhuyara,kahe aha aha, manobhaba jaha, asile rajani, seja teyagiya, aluthalu
kesha, heria nijare, kahe mridu mridu, priti apara bole priya kaha anubhavi
taha, pabe gunamani, uthilen goura vidhu janu nava kula badhu sahase tuyliya

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matha rajani vilasa katha kahite sajala akhi urila ki prana pakhi kahe
goverdhan dase suni goura sukhe bhase

Ao raiar do dia, Shri Gourachandra Se levanta da cama. Com as roupas amassadas e


cabelos despenteados e desalinhados, Ele parece uma jovem gopi de Vraja. Vendo os devotos
próximos, levanta a cabeça e no humor de Shri Radha, com os olhos cheios de lágrimas, passa a
relatar os passatempos amorosos das noites anteriores.

“Oh amado Shyama! Sua afeição é ilimitada, ah, ah! Que palavras ternas Você fala,
ouvindo Sua voz, meu ar vital esvoaça como um pássaro”. Desse modo com todos os
sentimentos de emoção em Seu coração, Shri Gouranga inicia Seu relato aos associados
íntimos.

Para consolá-lO alguém diz: “Na próxima noite, Você outra vez obterá a jóia de todas as
qualidades”. Ouvindo essas palavras, Shri Gouranga se satisfaz. Contemplando essas doçuras, o
poeta Shri Govardhana Das escreveu esse pada.

Nesse momento, Shri Svarupa Damodara conforta Shri Gourahari, recitando várias
canções padavali escritas por Shri Vidhyapati e Chandi Das. O seguinte pada escrito por Shri
Chandi Das é adequado para esse momento, pois ao ouvi-lo a felicidade de Shriman
Gourasundara ao saborear as doçuras transcendentais se intensifica.

shyama bimal, jadi svatantare, dekhi subadani, kata na jatane, rai mukha dekhi, rajani vilasa, hasa
parihase, candidas vani, mangal abala, tathapi radhare, uthila amani, ratan asane, hai mahasukhi, sunite
ullasa, raser abeshe, nishira kahani, aila raier pase paran adhika base milila galaya dhari baisaye adara
kori kahaye kautuka katha amiya adhika gatha magana haila radha sunite lagaye sadha

TRADUÇÃO EXPLICATIVA
No seu livro “Shri Govinda Lilamrita” Shri Krishna Das Kaviraja narra como Shyama
Devi vem ver Shrimati Radharani na madrugada. Shyamala Sakhi é líder de grupo ou “ jutesvari”
muito importante, e ela tem muitas sakhis e manjaris que a auxiliam e a assistem em seus
passatempos pessoais com “Nagarindra”, Shri Krishna. Contudo, às vezes ela abandona seus
próprios esforços para encontrar Krishna e com grande deleite vem ouvir de Shri Radha sobre o
namoro das noites anteriores. Esse “Kathamrita” Shri Shyamala desfruta mais do que em seus
próprios lilas. Shri Bimala Sakhi e Mangala Sakhi também são gopis jutesvari de Vraja. Neste
pada de Chandi Das, ele diz que essas três sakhis têm grande afeto por Radha. Ao vê-las,
Radharani se levanta e abraça a todas (em torno do pescoço), e então cuidadosamente as faz
sentar em asanas de jóias. Ao ver Shri Radhika elas também ficam jubilosas e começam a fazer
gracejos: “Oh Priya sakhi! por favor conte seu namoro das noites anteriores que é mais
saboroso que néctar. Absorvida na doçura dos gracejos e brincadeiras, Shri Radha experimenta
arrebatamento extático. Nas palavras do poeta Chandi Das, ao ouvirem o relato dos
passatempos das noites anteriores, os desejos íntimos das sakhis se mitigam.

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Shri Cheitanya Mahaprabhu, do mesmo modo, no estado mental de ser Radha,


satisfaz desejos após ouvir as poesias recitadas por Shri Svarupa Damodara. Um ponto
importante que pode ser aprendido por meio desse exemplo é que Krishna-katha entre os
devotos pode às vezes ser mais prazeroso do que a associação direta com Krishna.

Mahajan Pada
puraba aveshe aju gourakishora, ajani kahini kahaite bela bhora kanuk prema gourar jagaye hiyate,kanak
barana vibarana santarite parikaragan sab caudike beriya, bhabe bibhavita prabhu sevata heriya keha
samay jani kasaiya besh, snana besh paraiya ghasaiya kesha sugandhi taila prabhur makhaiya gaya,
snanante besh kaila vasu ghose gaya - Shri Vasudeva Ghosh

Tradução: Cativados no humor de suas identidades anteriores de Vraja, Shri Gourasundara fala
dos passatempos noturnos anteriores. Pensando nesse prema dourado (ou seja o prema de
Shrimati Radharani) e nadando nessas doçuras, a própria tez dourada de Shri Gouranga se
empalidece. Rodeado por seus associados, que compreendem Seu estado mental, todos notam
que a hora do seva chegou. Alguém então tira Sua roupa colocando a vestimenta para o banho e
passa óleo no Seu cabelo, enquanto outro devoto unta Seu corpo com outro tipo de óleo
aromático. Quando Gourasundara volta do banho no Ganga, Ele outra vez é vestido e decorado.
Esse lila foi cantado pelo poeta Shri Vasudeva Ghosh.

PROGRESSÃO DO LILA SMARAN


Desse modo, Shriman Gourasundara rodeado por Seus associados confidenciais no
quarto fica absorto em saborear as doçuras de Vraja do ponto de vista de Shrimati Radharani.
Quando Svarupa Damodara finda o kirtana, Shri Gouranga retorna a consciência externa e
abraça primeiro Shri Nityananda e Shri Adueita Prabhu, e então inicia a conversa com os devotos
reunidos. Saindo para a varanda , então Se senta em um asana de jóias para escovar os dentes.
O sadhaka das pela instrução do guru nessa hora supre todos os itens necessários, ou seja o
pote de água dourado, o pó aromático dental, um galho fresco de manga, etc... Após a higiene,
os dentes de Gourasundara brilham como um cordão de pérolas. Então, o Senhor retira-Se para
o banheiro e ao retornar o sadhaka usa um tipo especial de terra aromática e granulada e água
fresca para lavar Suas mãos e pés. Em seguida As seca com uma toalha macia. Algumas vezes,
o sadhaka pode auxiliar Shri Nityananda Prabhu e Shri Adueita Prabhu do mesmo modo. Após
terminar o nitya-kritya matinal, Shriman Mahaprabhu , levando os devotos consigo, sai pelo
portão singha-dwara ocidental e prossegue em direção ao Ganga. A beleza da manhã do Dhama
traz exaltação a mente de Sacchinandana que discute tópicos do Krishna Lila com os devotos no
caminho, Ele chega ao Seu próprio gath (escada que leva às margens do rio) do rio Ganga. O
sadhaka seguindo leva os óleos e roupas do Senhor e artigos para execução do Ganga Puja.
Shri Gouranga, então, jogando algumas gotas do Ganga jala sobre Sua cabeça, fica tomado pelo
prema, derramando lágrimas, começa recitar o seguinte “stava” em louvor a mãe Ganga com a
voz balbuciante.

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Jaya jaya gange tarala tarange krita Kali bange hara dayite haripada jatehapiti jala shate jagati
kyate sura mahite chinmaya mutte hrdbhava jurte acyute rati purteha ganita gune sagara suta
namatipati ta namamora stanarpana nipunea (Shri Gouranga Campu)

“Oh ondas que fluem do Ganga, vocês são muito queridas pelo Senhor Shiva, que
suas qualidades sejam louvadas repetidamente! Vocês destroem a má influência da Kali Yuga e
o seus nascimentos provêm dos pés de lótus do Senhor Hari. Vocês são famosas por outorgar
felicidade às pessoas desse mundo, e essas águas são glorificadas até pelos Devatas.

Como suas águas não pertencem à dimensão material, e sim à divina, carregam
ilimitadas boas qualidades, tais como destruir a febre da existência material, e conceder Krishna
bhakti. Você é perita em dar liberação para os vários oceanos do mundo que se pode considerar
como seus filhos.

Após oferecer pranams a Shri Ganga Devi, Shriman Mahaprabhu Se senta em um


de Seus muitos pavilhões cobertos por cúpulas, que são artisticamente talhados em várias
pedras de mármore e incrustado com jóias. O sadhaka das então oferece as roupas para o
banho dos três Senhores e começa a massagear primeiro a Shriman Gourasundara com óleo
narayana da cabeça aos pés. Em seguida com uma substância em pó aromática esfrega o óleo
outra vez. Após esse procedimento o Senhor e todos os outros devotos entram no Ganga e
começa o jala keli.

Nota: Pela manhã Shri Gouranga é massageado com óleo uma vez apenas antes
do banho. Devido existir várias versões do mesmo lila, pode parecer que Ele é massageado com
óleo muitas vezes, o que não ocorre.

MAHAJAN PADA –
Jala keli gourcander monite porila, Kora ange keha jala phelia se mare, Jala krida
kore’goura harasita mane, Gournga cander lila kahana na jaya, Parishadagam sange jalete namila
Gouranga phelia jala mare gadadhare Hula huli kola kuli kroe jane Jane Vasu ghosa tai goura guna gay

Desejoso de executar o Jala Keli, Shri Gouranga entrou na água com seus
associados. Então todos começam a jogar água um no outro. Shri Gouranga contudo, dirige Sua
atenção em jogar água em Gadadhara Pandita. Como a brincadeira continua a mente de Shri
Gouranga fica em júbilo ao ver os devotos lutando uns com os outros na água, fazendo uma
alegre algazarra. À medida que o lila de Shri Gourachandra prossegue o poeta Vasudeva Ghosh
canta essas qualidades indescritíveis.

PROGRESSÃO DO LILA SMARAN


Após a execução do jala keli e após banhar-se, Shri Mahaprabhu e os devotos
saem da água. Nessa hora o sadhaka seca os corpos dos três Senhores com uma toalha e ajuda
Shriman Gourasundara a colocar uma roupa dourada de seda, bem como a roupa azul de Shri
Nityananda e a roupa de seda branca de Shri Adueita. Todos os outros devotos trajam roupas de
seda branca brilhante. Após, utilizando-se da lama do Ganga, Shri Gouranga passa tilaka e Se

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senta na asana para o Ganga Puja. Nesse momento, Shrila Gadadhara Pandita recita os
mantras necessários e ao final, outra vez Gourasundara oferece pranams e dandavats a Ganga
Devi, retornando para casa, executando sankirtana com os devotos pelo caminho. O sadhaka
segue atrás carregando a roupa molhada do Senhor e a lota cheia de Ganga-jala. Ao chegar em
casa o sadhaka lava os pés dos três Senhores, e Os faz sentar em suas respectivas sringara
vedis. Primeiro seca Seus cabelos usando uma fumaça aromática de cristais aguru. Após, com
um pente dourado penteia formosamente Seus cabelos e os amarra fazendo o coque “cura”. Ele
utiliza para segurar o cabelo uma fileira de pérolas e o coque (cura) é decorado com guirlandas
de flores Bokula ou Malati.. A tilaka de Shriman Mahaprabhu é passada utilizando uma
substância chamada “keshora” (uma substância em pó avermelhada semelhante ao cúrcuma) e
em ambos os lados da marca da tilaka são desenhados folhas e flores com chandana. Em
seguida um ponto de kasturi preto (almíscar) é colocado no Seu queixo, e todo o Seu corpo é
untado com a fragrância chamada “catu-sama” (uma mistura de essência contendo duas partes
de almíscar, quatro partes de chandana, três partes de cúrcuma e uma parte de cânfora). Em
seguida as jóias do Senhor são colocadas. O colar de jóias dourado é colocado em torno de Seu
pescoço, e também as pulseiras, braceletes, ornamentos de cintura, anéis e jóias; nos pés
tornozeleiras com sinos dourados, e um chaddar belamente decorado é colocado em Seus
ombros, com uma guirlanda de flores fragrante em torno de Seu pescoço. Após o término do
“sringar” o sadhaka das se posiciona em frente ao Senhor mostrando um espelho com moldura
de jóias. O “sringar” dos três Senhores é relativamente similar, a única diferença é que Shri
Gouranga, Shri Nityananda e Shri Adueita Prabhu usam roupas amarelas, azul e branca
respectivamente. Shri Adueita Prabhu usa brincos dourados, Nityananda Prabhu usa brinco em
sua orelha esquerda e uma flor kadamba na sua orelha direita. Uma pérola pende do nariz de
Shriman Gourasundara que é outra característica única dEle. Todos os associados de Cheitanya
Mahaprabhu usam roupas brancas.

Após o término do sringar do Senhor, ao receber a ordem do guru o sadhaka


fornece a parafernália para o aroti em uma bandeja passando às mãos de Shri Svarupa
Damodara, que executa aroti aos Três Senhores. Após o aroti Shri Gourasundara pede a Shri
Gadadhara Pandita que faça a adoração a Shri Narayana (a Deidade familiar adorável de Shri
Jagannatha Misra). Então, compreendendo a mente de Shriman Gourasundara, Svarupa
Damodara começa a cantar com uma bela voz o Vraja Lila apropriado para o presente momento,
ou seja, o banho matinal de Shri Radha e sringar seguido da partida dela de Nandagrama para
cozinhar a refeição matinal de Krishna na companhia das sakhis. Para realçar a canção de Shri
Svarupa, Shri Govinda, Vasu, Madhava Ghosh e outros com perícia tocam mridangas e
karatalas. Ouvindo o kirtana, Shri Gourasundara Se absorve no estado mental de Shri Radha,
embevecido com emoções ashta-sattvic. Nesse momento cada um dos bhaktas, do mesmo
modo, se harmonizam com as doçuras do Vraja Lila em suas identidades anteriores.

Shri Gour Govinda Asta Kala

Lila Smaran Gutika

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No seguinte Pada de Shri Radha Mohan Thakura, uma descrição do humor interno
de Shri Gourasundara nesse momento é explicada com mais detalhes. Esse pada se intitula
“Nandalaya Gaman Avesha” de Shri Gourachandra ou o humor de Gouranga como Shri Radha,
indo para a casa de Shri Krishna pela manhã para cozinhar para Ele.

Virale basiya goura raya Apada mastak pulake purita premadhara bahi jaya Sabacara gane
kahaye bacane rahite na pati ghare Nander nandam pai darsham tabe se param dhore Casturi candam
ange bilepana gale nana mani mala Ei saya sajaye angera chataye bhuvana kotila ala Cacara cikura beri
nana phule jalade bijuri janu Dekhia goura bhavia antara basane japaye tanu Sange sabacara gouranga
sundar nandalaye cale jena Bhavavesha mane akula bacame ei dasmohan bhana

Shri Gouranga Raya senta-Se como se estivesse sozinho e da cabeça aos pés Seu
corpo treme e Seus cabelos se arrepiam com lágrimas de prema rolando de Seus olhos. Em
seguida falando aos devotos Ele exclama: “Como posso permanecer em casa? Se pudesse
obter o darshan de Shriman Nanda Nandan então minha vida prosseguiria”.

O corpo de Sacchinanda é untado com almíscar e chandana em formas


desenhadas e em volta de Seu pescoço usa um colar de jóias. Vestido e decorado desse modo
Sua refulgência corpórea ilumina todo o universo. Os cabelos encaracolados são decorados com
diversas flores que se pode comparar ao clarão do relâmpago em uma negra nuvem de chuva.

Shri Gouranga preocupado com esses pensamentos internos, de repente, cobre a


cabeça com um pano, e com os devotos executa o lila como se estivesse indo à casa de Krishna
preparar a refeição matinal na companhia das sakhis. Absorto nesse humor, o poeta Radha
Mohan relata esses acontecimentos com uma voz desesperançada.

PROGRESSÃO DO LILA SMARAN –


Desse modo Shri Goura Guna Mani senta no “sringar vedi” absorto nos humores de
Vrindavana rodeado pelos devotos. O servo familiar, Ishana, vem e diz: “Ó Mahaprabhu, Sua
mãe está chamando, venha ver o aroti a Shri Narayana.”

Shri Svarupa Damodara então para o canto e o Senhor recobra a consciência


externa. Shri Gourasundara vai ao “Jaga Mohan” (o saguão de kirtana em frente ao Narayana
Mandira) e com os devotos recebe o darshan do aroti. Após oferecer a lamparina de ghee a Shri
Narayana, Gadadhara Pandita sai da sala do templo para oferecer a lamparina a Shri Gourahari,
Shri Nityananda e Shri Adueita Prabhu em movimentos circulares. Ele também esparge água da
concha e distribui o chandana prasada e guirlandas de flores aos bhaktas. Após oferece
dandavats e pranams ao Senhor Narayana e todos executam parikrama no Thakura Mandir e
Tulasi vedi. Ganga jala é oferecida na base de Tulasi devi acompanhado de stavas e stutis.
Ishana novamente vem e informa aos Três Senhores que mãe Sacchi Os está chamando para
tomarem um lanche leve. Nesse momento Shri Gouranga Deva volta-Se para os devotos e diz:
“Tudo bem, vamos tomar prasada”. Todavia ,os devotos dizem “Prabhu, existem ainda algumas
coisas a serem providenciadas, Você pode ir agora, nós vamos tomar prasada mais tarde. Os

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Três Prabhus prosseguem então ao “Bhojan Alaya” (sala de jantar) e sentam-Se. Shri Gouranga
ao meio, Shri Nityananda à direita e Shri Adueita à esquerda.Oseva necessário é executado pelo
sadhaka das. Mãe Sacchi se adianta e com afeto maternal começa a servir arroz doce que traz
uma folha de Tulasi por cima. Após saborear o refresco de arroz doce e outros itens os Três
Senhores Se levantam e executam acchamana. Então, levando pan, Eles vão até o quarto onde
o “Bhagavat Patha” (discurso do Bhagavata) vai ocorrer. O sadhaka nesse momento junta os
remanescentes da prasada e o mistura com outra prasada, mantendo tudo em receptáculos
adequados para servir. Em seguida todos os bhaktas liderados por Shri Gadadhara e Shrivasa,
incluindo os Gosvamis e Guru-Varga são chamados para vir e sentar. Após todos se sentarem o
sadhaka começa a servir, após tomarem prasada todos vão para o quarto onde o Bhagavata
Patha vai ocorrer.

O sadhaka junta a prasada remanescente e a guarda em outro quarto, e logo após


retorna para limpar o local onde os devotos tomaram lanche. Após esse seva terminar o sadhaka
entra no quarto onde o discurso Bhagavata está começando e se senta mais atrás do lado
esquerdo de Gurudeva. A pedido de Shriman Gourasundara, Gadadhara Pandita inicia o
Bhagavata Patha. Em seguida, Shri Gadadhara Prabhu sentando-se em uma asana especial,
começa a adorar o Bhagavata segundo o vidhi apropriado. Após a conclusão do “Mangala
Acharan” com stavas e stutis, Shri Svarupa Damodara prossegue pegando o prasadi chandana e
as guirlandas de flores remanescentes do Bhagavata Puja e distribui entre os Três Prabhus e os
bhaktas. Svarupa Damodara então dá os remanescentes de chandana ao sadhaka das para
distribuição aos Gosvamis e Guru Vargas. Após colocar o chandana nas testas dos devotos e
gurudeva o sadhaka se senta à esquerda. Conhecendo a mente de Shri Gourasundara, Shri
Gadadhara Pandita inicia o discurso dos acontecimentos daquela hora do Vraja Lila, como os
arranjos para cozinhar de Shrimati Radharani em Nandagrama e uma descrição da refeição
matinal de Krishna com os sakhas. Durante o “Patha” todos os outros lilas interligados de Vraja
foram descritos com perfeição por Shri Gadadhara Pandita. Ouvindo os passatempos o Senhor e
os devotos mergulham no oceano nectáreo do Govinda Lilamrita.

Shri Shri Goura Govinda Asta Kala

Lila Smaran Gutika

PROGRESSÃO DO LILA SMARAN –


Ao término do Bhagavata Patha, Ishana informa Shriman Mahaprabhu que a bhoga
está pronta para ser oferecida a Shri Narayana. Shri Gouranga retorna a consciência externa e
entra no saguão de kirtana Jagamohan, onde acompanhado dos devotos inicia o kirtana do
“Bhoga Raga”. Shri Gadadhara entra no mandir de Narayana para oferecer a bhoga com Tulasi
e os mantras apropriados, etc. Shri Svarupa Damodara primeiro canta o kirtana do Bhoga Raga
de Krishna, o qual é seguido por uma descrição do prata bhojan de Radharani com as sakhis em
Nandagrama. Ao ouvir o kirtana a apreciação de Shri Gouranga se intensifica tanto que todas

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emoções ashta-sattvic irrompem de uma só vez em Seu corpo. Do mesmo modo os bhaktas
reunidos ficam absortos nessas doçuras de Vrindavana cada um em sua identidade anterior.

O Gutika

Prata kala – Kirtana do bhoga aroti


Vraja Bhakta vatsala Shri Gourahari Shri Gourahari sohi Gostabihari Nanda Yashomati chittahari bela
holo damodar aisa ekana, bhoga mandire bosi koraha bhojana nandera nideshe bosi giriboradhari
baladeva saha sakha baise sari sari sukata sakadi bhaji nalita kusmanda,dhali dalna dugdha tumbi dadhi
mocha ghanta mudga bora masbora rotika ghritanna,shaskuli pistak khirz puli payasanna karpura
amritakeli rambha khira sara, amrita rasala amla dvadsha prakara luci cini sarpuri laddu rsabali, bhojan
koren Krishna hoye kutuhali radhikara pakka anna vivida ayanjan, paramanande Krishna koren bhojan

chole bole laddu khaya sri madhumangala,bagal bajaya ara deya haribola radhikadigane heri nayaner
kone, tripta hoye khaya Krishna jashoda bhavane bhojan ante piye Krishna subasita bari, sabe mukha
parakhaliya hoye sari sari hasta mukha prakhaliya jata sakha gane,anande vishram kore baladeva sane
jambula rasala ane tambula masala, taha kheye krishnacandra sukhe nidra gela bilasaka sikhi puccha
camara dulaya, apurva sajyaya Krishna sukhe nidra jaya jashomati ajya peye dhanistha anito,srikrishna
prasad radha bhunje hoiya gaya hari lila ekmatra jahara pramoda, bhoga aroti gaya sei bhakativinoda

Adoremos a Shri Gourhari que é sempre muito afetuoso com os devotos. Shri
Gouranga não é diferente de Shri Krishna que roubou os corações dos pais, Nanda Maharaja e
mãe Yashoda. Mãe Yashoda chama: “Êh! Damodara a hora da refeição chegou, por favor, venha
ao bhoga mandira e compartilhe da bhoga. A pedido de Nanda Maharaja, Shri Giridhari senta-Se
próximo a Balarama, com todos os outros sakhas em fila. É servido um festival de sukta, vários
tipos de vegetais de folhas verdes, gostosas gulosices, preparações de vegetais cozidos feito
das folhas da planta juta, pequenos pedaços de bolo feito de lentilhas e cozido, abóbora cozida
com leite e uma preparação feita com iogurte e a flor do talo da banana. Eles fritam o mung dahl,
o arroz do urad dahl, chapatis e arroz coberto com ghee. Em seguida eles saboreiam doces
feitos com leite, açúcar e gergelim, bolo de arroz integral, leite cozido denso, bolo flutuando ao
leite e arroz doce. Também arroz doce misturado com cânfora, khira de banana e delicioso queijo
e doze tipos de chutneys. Serve-se puri feito com farinha branca e açúcar, puri feito com creme e
laddus e dahl cozido no arroz adocicado. Em grande ansiedade Krishna compartilha todos esses
itens. Em êxtase e alegria Krishna saboreia os vários alimentos, todos preparados por Shrimati
Radharani. O alegre brâmane amigo de Krishna, Shri Madhu Mangal desfruta da alimentação,
comendo muitos ladhus, tanto que, brincando, ele faz sons ao pressionar suas axilas com as
mãos, gritando Hari Bola! Hari Bola!

Krishna come com grande satisfação na casa de Yashoda e de tempo em tempo com
habilidade, olha furtivamente na direção de Radharani manifestando Seu olhar de soslaio. Após a
alimentação, Krishna lava a boca com água que foi aromatizada com pétalas de rosas. Em
seguida, todos os sakhas fazem uma fila para lavar a boca. Todos, após, vão ao quarto
descansar. Então se oferece a Krishna uma preparação especial de pan. Após mastigar o pan

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Krishna dorme muito feliz. Enquanto Krishna descansa o servo Visalakhsa abana-O com um
leque de pena de pavão. A pedido de mãe Yashoda, Shri Danistha traz os remanescentes da
prasada de Krishna e com grande satisfação Shrimati Radharani saboreia os restos. Finalmente
as outras sakhis e manjaris lideradas por Shri Lalitaji também compartilham dos remanescentes
da prasada de Shri Krishna, e com alegria em seus corações continuam a cantar as glórias de
Shri Shri Radha Madhava. Shri Bhaktivinodha Thakura cuja única felicidade é o maravilhoso lila
do Senhor Hari canta esse Bhoga Arati.

Nota do Tradutor
Nesse momento, na casa de Jagannath Mishra, um pada de bhoga arati similar é cantado
por Shri Svarupa Damodara. Esse pada específico escrito por Shrila Bhaktivinoda Thakura foi
aqui inserido porque essa canção segue muito de perto a descrição do bhojana matinal de
Krishna em Nandagrama, que é narrada em detalhes no “Shri Govinda Lilamrita” de Shri Krishna
Dasa Kaviraja. Shri Bhaktivinoda Thakura conhecedor do padrão do desdobramento do Asta-
Kala Lila de Shri Krishna escreveu esse bhoga arati visando a oferenda da bhoga matinal.

Infelizmente muitas pessoas cantam esse bhoga arati pada ao meio-dia. Contudo, ao meio-
dia, Krishna não está na casa de mãe Yashoda, nessa hora o bhojan ocorre no Shri Shri Radha
Kunda.

O Bhoja matinal de Shriman Mahaprabhu na


companhia de seus devotos
Desse modo, Shri Gouranga Se absorve nas doçuras do bhojan matinal de Shri Krishna
no kirtana com os devotos, no saguão de kirtana do Jagamohan.

Nessa hora, Shri Sacchimata diz: “Nimai, já está tarde, encerre o kirtana e venha com Seus
associados compartilhar da prasada”. Shri Gadadhara Pandita então retira a prasada do
Narayana mandir , oferece pan e em seguida coloca Shri Narayana para descansar.

Mahajana Pada
Sri Sacchi nidesha bhasi sukhe sabhe bhojan mandira prabeshe giya Baise sari sari nirupama sobha
nirakhi keha na juraya hiya. Sita devi nana mistanna jatane paribeshe sabhe bhanjaye range, Adwaita
karu ki sumudhura rasa kalaha nitai cander sange. Gadadhar, srivas, das gadadhar, dhanjaya, sridhara
batu, Murari, mukunda, sadasiva, gouridas, vasuadi bhojan patu, Sacchi devi hiya anande uthale nirakhi
bhojan kautaka jali, Vishnupriya proti kahe akhikone malinire deha sajaye thali, Vishnupriya nana byanjan
annadi sajaiya dei malini hate, Malini are hai alakhita nirakhaya nija parana nathe. Malini paribeshe anna
byanjana bhunjaye se sab amiya jini, Bhojansari se karu acamana bari jogaya ani. Shri Narahari
Chakravarti -Shri Goura Caritra Chintamani

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Pela ordem de mãe Sacchi todos ansiosamente entram no bhojan mandira e se


sentam em fileiras; que olhos não se saciariam ao ter essa visão maravilhosa? Sita Takhurani
está cuidadosamente servindo muitas variedades de deliciosas preparações de prasada
enquanto todos desfrutam compartilhando a refeição. Nessa hora ocorre uma brincadeira de
natureza doce entre Shri Adueita Acharya e Nitai Chanda. Shri Gadadhara, Shrivasa,
Dhananjaya, Shridhara (anteriormente Madhu Mangala), Shri Murari Gupta, Mukunda Datta,
Sadashiva Kaviraja, Gouridas Pandita, Vasu Ghosha e muitos outros estão especialmente
saboreando a prasada. Vendo seu filho e todos os outros devotos desfrutando da refeição, a
felicidade de Shri Sacchi Devi não tem limites. Ela Indica com os olhos para que Vishnupriya
peça a Malini devi, a esposa de Shrivasa Thakura, para trazer mais prasada. Shri Vishnupriya
então prepara a bandeja de serviço com mais e mais prasada. Então dá a bandeja para Malini
Devi servir. Vishnu Priya assiste o Seu “Prananatha” tomar prasada feliz de um local onde sua
visão é a melhor possível. Shri Malini devi continua a servir aquelas preparações deliciosas que
derrotam o gosto do néctar. Após o Senhor e os devotos terminarem de comer, o poeta Shri
Narahari Chakravarti se prepara para lavar as mãos e bocas de todos com água.

PROGRESSÃO DO LILA SMARANA –

Shri Gourasundara, Nitai e Adueita seguido por todos os devotos, entram no bhojan
mandira e se sentam em asanas. Nos lados direito e esquerdo de Shri Gouranga ficam Shri
Nityananda e Shri Adueita respectivamente. Em frente desses três Prabhus ficam os doze
Gopalas, e em cada lado deles os oito Mahantas, bem como Shri Gadadhara, Shrivasa, Murari
Gupta e todos os demais se sentam. Shri Haridasa Thakura toma sua prasada sentado fora na
varanda.

Shri Sacchimata e Malini devi, passam a servir enquanto Vishnupriya e Jahnava


Thakurani suprem cada mais diferentes preparações de prasada. Lá fora, na varanda, os
Gosvamis liderados por Shri Rupa e Shri Sanatana e todos os membros dos vários Guru
paramparas, extaticamente recebem darshan do Senhor e seus devotos enquanto tomam sua
refeição matinal. Dentro da casa, o sadhaka e os outros abanam com chamaras, etc. Enquanto
Shri Gourasundara toma a prasada, a intervalos, devido a absorção no humor de Vrindavana, Ele
para de comer. Vendo esse comportamento, mãe Sacchi com ansiedade diz: “Ah Nimai!, por que
você perdeu o apetite? Nós preparamos todos Seus pratos favoritos como sukta, espinafre e
outras preparações de vegetais, arroz doce e outras guloseimas. Quando Você saboreia esses
alimentos, consideramos que o serviço foi exitoso. Assim, criança, por favor, tome a prasada até
se satisfazer plenamente”.

Shri Gourasundara após ouvir as palavras afetuosas de Sua mãe refreia as


emoções e continua a comer feliz. Ao ver isso, mãe Sacchi, muito satisfeita, continua
repetidamente a servi-lO com mais e mais saborosos alimentos. Após o término da refeição, o
sadhaka e outros servos dão assistência suprindo água fresca para lavar as mãos do Senhor e
dos devotos. Após pegar o pan, Shri Sacchinandana retira-se para o quarto para recostar-Se
numa cama de jóias, para um ligeiro descanso. Recebendo as instruções do Guru, o sadhaka
entra no quarto do Senhor para massagear Seus pés, ou abaná-lO com uma cchamara.

Após Shri Gourasundara, Nitai, Adueita e todos os devotos terminarem o bhojan


matinal, Sacchi Mata chama todos os Gosvamis e o Guru Vargas para também tomarem

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prasada. Ao final da refeição todos lavam as mãos e se retiram para um breve descanso em
quartos indicados. Nesse momento, Sacchimata solicita ao sadhaka para também se sentar e
tomar prasada. O sadhaka informa a mãe Sacchi que ainda há algum seva a ser executado e
que após terminá-lo, retornará. Mãe Sacchi satisfeita guarda um prato de prasada para o
sadhaka. Nesse momento, o sadhaka entra no quarto onde gurudeva e Guru varga descansam
e começa a massagear os pés de lótus de seu gurudeva.

O Bhojan Prasada Matinal Das


Senhoras Na Casa de Gourasundara
Sacchidevi sita malini pase, kahe sudhasama madhurya bhase. Bhuja ei sabe loyia sane, poribeshe
badhu ei sadha mone. Suni kahe kato ulasa hoiuya, bhojan basila Sacchire loyia. Vishnupriya paribhesan
kore, umaraye hiya ananda bhore. Annadi vividha byanjan punje, prasamsiya kata kautuke bhunje.
Bhojan samadha haila eri, dasigane ani jogaya bari. Acaiya bege malini asi, vishnupriya proti kahaye hasi.
Nija sakhi saha bhunjaha tumi, eve kori paribeshan ami. Eta kahi snehe thira na bandhe, basaye caru
mandali chande. Dekhi se sobha ki pulaka ange, poribeshe deve malini range. Dhani priya adharamrita
laiya, bhunje sakhigan kato na kaila. Bhojan sari ki moneta sukha, susitala jale pakhale mukha. Bhunjaye
tambula birale giya, Sacchi sita dekhi juraya hiya. Ki bhujibo narahari ei riti, pratahkala lila Lalita ati -

Goura Charitra Chintamani

Sacchi devi, Sita Thakurani e Malini Devi juntas conversam sobre os passatempos
de Gouranga de um modo encantador que mais parece o bater do néctar. Com o desejo de
servir essas três respeitáveis pessoas, Vishnupriya Devi ansiosamente pede para que elas se
sentem e com o coração repleto de felicidade começa a servir arroz e numerosas preparações
de vegetais. À medida que elas saboreiam as preparações, Sacchi, Sita e Malini Devi elogiam o
gosto incrível das preparações. Ao final da refeição, as servas lhes dão água para lavarem-se.
Em seguida Malini Devi sorrindo expressa seu desejo a Vishnu Priya: “Tudo bem, agora por
favor, você se sente com as sakhis e eu é que vou servir-lhes prasada”. Incapaz de refrear a
afeição maternal por Vishnu Priya Devi, então ela faz com que todas as outras se sentem em
círculo. Observando Vishnu Priya e todas suas amigas sentadas desse modo, arrepios de êxtase
se manifestam no corpo de Malini Devi, enquanto ela começa a servir Vishnu Priya com os
remanescentes da prasada de Goura Sundara. Assim todos flutuam em um oceano de felicidade
e ao final da refeição todos lavam suas bocas e mãos com água fresca. Vishnu Priya então pega
o pan e retira-se para seu quarto, Sacchi e Sita ficam totalmente satisfeitas. O poeta Narahari
Chakravarti conclui dizendo: Que posso entender? Esses Prata Lilas são simplesmente
cativantes.

Shri Navadvipa Yogapita


Após breve descanso, Shri Gouranga ouve o som do pássaro kokila, dos
papagaios e outras aves que cantam e sente o aroma das flores proveniente do jardim próximo a
Seu quarto, então, outra vez Ele se lembra das doçuras de Vrindavana. Nesse momento, Shri
Adueita e Nityananda acompanhados pelos outros devotos chegam para vê-lO, aguardando na

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varanda. Gouranga então se levanta e sai. O sadhaka o assiste dando-lhe água fresca para lavar
seu rosto e boca e após oferece pan ao Senhor. Svarupa Damodara conhecendo a mente de
Shri Gourasundara então começa a cantar numa voz melodiosa a descrição do Yogapita Lila de
Radha e Krishna.

Gutika

Nota do Tradutor
No Shri Nandisvara Chandrika de Siddha Krishna Baba uma descrição detalhada da
casa de Krishna e da área vizinha é fornecida. O palácio de Nanda Maharaja se situa no topo da
imensa colina de Nandisvara, que é o Senhor Shiva personificado. Em todas as direções quatro
cascatas formam lagos na base da montanha. Existem muitas cavernas cobertas por belas
samambaias, trepadeiras e outras folhagens que são os locais de muitos encontros secretos de
Radhika e Madhava. Esta colina também está coberta por muitas pedras, belas e coloridas e
existem vedis ornados de jóias e vários outros locais onde se pode sentar.

No “Gutika” de Siddha Krishna das Baba se encontra a narração de como o lila


Yogapita matinal de Radha e Krishna em Nandagrama ocorre:

Após um breve descanso Shrimati Radharani na companhia de Kundalata, junto


com suas sakhis sai para uma caminhada para tomar um ar fresco e desfrutar da beleza do
cenário da vizinhança de Nandisvara. Todas elas saem por uma passagem secreta que leva
direto a montanha em um vale remoto onde se localiza o Gupta Kunda (o lado oeste aos fundos
de Nandagrama). Essa trilha é muito artisticamente ornada com numerosas pedras coloridas que
descem como escadas. Os galhos das árvores pendem cobrindo o caminho dos raios do sol
como se fosse um guarda-sol. O Gupta Kunda é um lago pitoresco rodeado pelos quatro lados
de gaths de jóias para o banho; cisnes e grous podem sempre serem vistos brincando em suas
águas. Em todas as direções nas margens do Kunda existem vários jardins com flores brotando
em todas as estações. Vira Gopi é a zeladora de toda essa bela área e ela providenciou uma
cama de flores para Radha Madhava no Kunja chamado Ashokananda.

Quando Radharani ouve Krishna se aproximar Ela se esconde nesse Ashokananda


Kunja. Krishna então pergunta às sakhis onde Radharani está. Todas elas brincam com Krishna
respondendo que Shrimati não veio hoje. Vira Gopi, então com uma leve indicação de olhos dá a
Krishna a pista e ele encontra Radhika no Ashokananda Kunja, e por algum tempo Ele desfruta
de passatempos amorosos com ela. Após isso, Radha e Krishna com todas as sakhis e manjaris
entram no Yogapita mandira ornado de jóias localizado nos fundos do Gupta Kunda. Toda essa
área nos fundos de Nandisvara é muito restrita e protegida por Shri Vira Devi.

Após ouvir as descrições do Lila Yogapita de Radha e Krishna como são cantadas
por Svarupa Damodara, Shri Gourasundara tomado por aqueles humores se levanta levando os
devotos e entram em Seu próprio Yogapita mandira situado em um imenso jardim dentro do
Jagannath Mishrapura.

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O Archana Padati de Shri Dhyana Chandra Gosvami descreve que o domo do


Yogapita mandira é feito de várias jóias reluzentes. Na parte interna, os muros se cobrem com
lajes de safiras azuis e o teto dourado é incrustado com pérolas. Ao todo existem oito portas e
quatro janelas na parte externa que são feitas de oito tipos de pedras preciosas. No centro do
mandira existe uma simhasana de jóias que é esculpida da gema “Padma Raga”. O fundo é
trabalhado em pedra “Vaidurjya” e ali existem belos travesseiros de algodão macio e almofadas
de encosto feitas de panos de sedas elaborados. Em cima da simhasana existe um dossel
colorido franjado com ornamentos de pérolas ali dependurados, e acima existe um Goura mantra
de seis sílabas incrustado em letras douradas. Toda a área do yogapita se eleva na forma do
dorso de uma tartaruga e a refulgência que emana dali pode ser comparada ao brilho de
centenas de milhares de sóis, ao mesmo tempo toda a área é mais refrescante do que milhões
de luas.

Shri Gourasundara no humor de Radha e Krishna combinados se posiciona no


centro da simhasana tendo à direita Shri Nityananda no humor da shakti – Ananga Manjari. À
esquerda fica Gadadhara Pandita no humor de Radharani. Shri Adueita se posiciona em frente
de Nitai no seu “avesha” de Vrindavana como Vishaka sakhi, e bem em frente de Gadadhara,
Shrivasa fica segurando a cobertura ornamental em cima da cabeça de Shri Gourasundara, no
humor da manjari svarupa – de Shri Manjari.

Nota: Shri Nityananda, Adueita e Shrivasa embora sejam Baladeva, Mahavishnu e


Narada Muni, respectivamente, têm svarupa de Vrindavana alternativos que são compatíveis
para saborear as doçuras de Vraja em Madhura rasa junto com o humor de Shri Cheitanya
Mahaprabhu.

Em volta do Pancha-Tattva que está na simhasana hexagonal de jóias, ficam os oito


líderes Mahantas em uma formação de flor de lótus com oito pétalas. Os oito Mahantas são,
Svarupa Damodara, Ramananda Raya, Shri Govindananda Thakura, Shri Ramananda Vasu,
Shivananda Sena, Shri Govinda Ghosh, Shri Madhava Ghosh (na opinião de alguns Shri
Vakresvara Pandita) e Shri Vasudeva Ghosh. Os sessenta e quatro Mahantas se dividem em
grupos de oito. No grupo dos Mahantas líderes eles se posicionam da seguinte maneira: ao norte
com Shri Svarupa Damodara ficam - Chandrasekhara Acharya, Ratnagarbha Thakura, Shri
Govinda, Shri Garuda Pandita, Shri Mukunda, Damodara Pandita, Krishna das Thakura e
Krishnananda Thakura.

No nordeste fica Shri Ramananda Raya, e em seu grupo estão: Madhava Acharya,
Dvija Subhananda, Ramachandra Datta, Vasudeva Datta, Nandanacharya, Sankara Thakura,
Sudarshan Thakura e Subudhi Mishra.

No leste fica Shri Govindananda Thakura com seu grupo de: Shri Rama Pandita,
Jagannath Das, Jagadish Pandit, Sadashiva Kaviraja, Shri Mukunda Raya, Shri Mukundananda,
Purandar Acharya e Narayana Vachaspati.

Ao sudeste está o grupo de Shri Ramananda Vasu: Paramananda Thakura, Ballava


Thakura, Jagadish Thakura, Vanamali Das, Shrikara Pandita, Shrinath Mishra, Lakhan Acharya e
Purushottam Pandita.

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Ao sul ficam os seguintes bhaktas do grupo de Shivananda Sena: Shri Makardhvaja


Datta, Raghunath Datta, Shri Madhu Pandit, Vishnu Das Acharya, Mishra Purandar, Govinda
Thakura, Paramananda Gupta e Balarama Das.

No sudoeste fica Shri Govinda Ghosh e seu grupo de: Kashi Mishra, Sikhi Mahiti,
Shriman Pandita, Bora Haridas, Kavichandra Thakura, Hiranyagarbha Thakura, Jagannath Sena
e Dvija Pitambar.

No oeste está Shri Madhava Ghosh (ou Vakresvara Pandita) com seu grupo: Shri
Makardhvaja Sena, Shri Vidhyavacaspati, Shri Govinda Thakura, Shri Kavikarnapura, Shri Kanta
Thakura, Madhava Pandita, Shri Prabodhananda Sarasvati e Balabadra Battacharya.

No canto noroeste fica Vasudeva Ghosh com seu grupo de: Raghava Pandita,
Murari Cheitanya, Makardhvaja Pandita, Kansari Sena, Shri Jiva Pandita, Shri Mukunda Kaviraja,
Chota Haridasa e Kavichandra.

Na parte interna (kishora) da formação de oito pétalas de lótus ficam os oito


Gosvamis em conformidade com o seguinte posicionamento: Shri Rupa Gosvami no norte, Shri
Lokanatha Gosvami no nordeste, Shri Raghunath Bhatta no leste, Shri Raghunath Das Gosvami
no sudeste, Shri Gopal Bhatta, no sul, Shri Jiva Gosvami no sudoeste, Shri Sanatana Gosvami
no oeste e Shri Krishna Das Kaviraja no noroeste.

Externamente à formação do lótus de oito pétalas existe uma segunda formação de


oito pétalas em círculo dos Kavirajas, incluindo Shri Jahnava Isvari. Do nordeste para noroeste
são os seguintes: Shri Jahnava, Shri Govinda Kaviraja, Shri Karnapura Kaviraja, Shri Nrishimha
Kaviraja, Shri Bhagavan Kaviraja, Shri Ballavikanta Kaviraja, Shri Gopiramana Kaviraja, e Shri
Gokula Kaviraja.

Situado pouco além dos Kavirajas ficam os Doze Gopalas partindo do norte em
direção ao sul, como se segue: Shri Abhirama, Shri Sundarananda Thakura, Shri Dhananjaya,
Shri Gouridas Pandit, Shri Kamalakara Pippalai, Uddharana Datta, Shri Mahesha Pandita,
Purushottam Das, Nagar Purushottam, Paramesvara Das, Kala Krishna Das e Shridhara Pandita.

Nas quatro direções ficam os quatro porteiros: No leste Shri Mukunda Das, e no sul
Shri Saranga Thakura, no oeste Shri Govinda Acharya e no norte Shri Bansivadan Das.

No Archana Padati de Shri Dhyana Chandra Gosvami também existem os seguintes


shlokas para meditação no Pancha Tattva durante a hora do Yogapita Puja como se segue:

MEDITAÇÃO DE SHRIMAN
GOURASUNDAR
No “karnika” (centro) do Yogapita

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Sriman mauktikadama badha cikoram candrananam Srikandagoru carucitra basanam


ragdivyabhushancitam Nrtiyavesha rasanumodam madhuram kandarpa beshojjvalam
aitanyamkanakduytim nijajnai sansevyamanam bhaje

Aquele cujos belos cabelos encaracolados são amarrados em um coque no topo da


cabeça com um fio de pérolas, e cujo semblante de lua fica mais enaltecido pelo sorriso suave e
gentil de néctar e cujo corpo se decora com guirlanda de flores, ornamentos divinos e vários
desenhos, pintados com chandana e trajando-se com vestimentas de um dançarino, mais
cativante do que o próprio cupido, - adoremos essa forma dourada de Cheitanya Chandra que é
constantemente servido pelos Seus devotos amorosos.

MEDITAÇÃO DE SHRI NITYANANDA


PRABHU
Kanjarendra vinindi sundar gatim sripadamindibora Sreni shyam sadambaram tanuruca sandhyendu
sanmardakam Premodghurna sukanja khanjan madaninnetra hasyananam Nityanandamaham
satatam smarani paramanandaik kandam prabhum

Aquele cujo passo atrativo ridiculariza até a glória do andar do elefante, e cuja
vestimenta é bela como a flor de lótus azul, cuja refulgência corpórea conquista o esplendor da
lua nascente durante o pôr-do-sol e cujos olhos giram saturados de prema derrota o orgulho do
pássaro beija-flor, que eu possa sempre lembrar dessa forma sorridente de Shri Nityananda
Rama.

MEDITAÇÃO DE SHRI ADVAITA


PRABHU
sadbhaktalinisevitaghri kamalam dundendu suklambaram sudha svarna rucim subahujugalam
smerananam sundaram sricaitanya drisham barabayakaram premanga busancitam adwaitam
satatam smarami paramanandaika kandam prabhum.......

Os pés de lótus de Adueita Acharya são servidos por todos os devotos, momento
em que ele outorga bênçãos e concede destemor a todos. Sua refulgência corpórea é da cor
dourada brilhante, com braços fortes e um semblante belo, com seus olhos sempre fixos no
darshan de Shri Gouranga. Seu corpo está ornamentado de prema Bhakti e vestido com roupas
brancas deslumbrantes, que só podem ser comparadas ao brilho da flor kunda. Que eu sempre
possa me lembrar desse “param-ananda-kanda” (parcela de bem aventurança suprema) Shri
Adueita Chandra.

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MEDITAÇÃO DE SHRI GADADHARA


PANDITA
karunyaika maranda padmacaranam caitanya czndra dutima tambularpana bangi dakinakaram
svetambaram sad baram premananda tanum sudhasmita mukham sri gourcandre khanam
dhyastsrila gadadharam dvijabaram madhurjya busojjvalam

Os pés de lótus de Shri Gadadhara Prabhu estão saturados do pólen da


misericórdia, e sua tez corpórea dourada é como a do próprio Shri Gourasundara. Ele fica ao
lado esquerdo de Shri Cheitanya Maahaprabhu com sua mão estendendo-se e oferecendo pan.
No êxtase do prema seus olhos estão fixos devido ao apego ao semblante de lua de Cheitanya
Chandra, manifestando um sorriso de suave delicadeza. Meditemos no melhor entre a
comunidade brâmane, Shri Gadadhara Pandita, que se veste com a roupa branca e
ornamentada com sua doçura do Madhura Bhakti rasa.

MEDITAÇÃO DE SHRIVASA
THAKURA
sri caitanya padaravindamadhupah stapremabhushojvalah sudhasvarna ruco dringambhu pulaka
svedaih sadangasriyah sevopayanpanayah smitamukhah suklambarah sadbarah srivasadi
mahasayan dhyayem tan prashadam

Que eu possa meditar em todos esses associados eternos(nitya) encabeçados por


Shrivasa Thakura que estão ornados com um prema radiante que emana dos pés de lótus de
Shri Gouranga. Devido a esse prema, lágrimas, tremores, bem como emoções sattvikas sempre
podem ser vistas em seus corpos. A cor de seus corpos se assemelha ao ouro puro, suas mãos
estão sempre ocupadas em seva com o rosto sorridente eles estão sempre vestidos com roupa
branca brilhante.

Nota do Tradutor:
A partir desse verso no atma dhyana, e no Guru dhyana menciona-se a roupa
branca. Na Gaudiya sampradaya a roupa branca é a cor padrão utilizada pelos associados de
Shri Cheitanya Mahaprabhu. Mesmo na ordem renunciada os seis gosvamis, Shri Svarupa
Damodara, Shri Jagadananda Pandita, Shri Hari Das Thakura etc., seguem esse padrão
utilizando roupas brancas.

O YOGAPITA SEVA

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Ao receber as instruções do Guru, o sadhaka prepara duas bandejas grandes


douradas com os seguintes ingredientes: (1) perfume aromático, (2) flores macias fragrantes, (3)
Tulasi, (4) incenso, (5) lamparina de ghee, (6) guirlanda de flores, (7) chandana.

Então, levando uma das bandejas, o Gurudeva, com a permissão dos outros
membros do Guru Varga, entra no karnika do Yogapita e oferece Tulasi mergulhada na
chandana, primeiro ao caran-padma direito de Shri Gourasundara (essa Tulasi deve ter um botão
manjari pequeno e macio no centro e em ambos os lados duas folhas de Tulasi). Desse modo,
quatro tulasis devem ser oferecidas ao caran-padma direito entre cada dedo e então quatro
tulasis podem do mesmo modo serem oferecidas ao caran-padma esquerdo. Após oferecer cada
Tulasi, as mãos devem ser purificadas com uma roupa umedecida. Então no espaço entre os
sinos dourados do tornozelo dos pés de lótus de Cheitanya Mahaprabhu, duas rosas que tiveram
suas hastes removidas e amarradas com um cordão e mergulhadas na chandana podem ser
oferecidas. Então ao lado das rosas vermelhas macias flores malikas brancas podem ser usadas
para decorar as bordas do revestimento do charan-padma de Shri Gouranga. Em seguida
pegando uma flor mergulhada na essência chandana, a testa de Shri Gourasundara é untada
com essa chandana. E então, uma mala Vaijayanti (guirlanda feita com cinco tipos de flores
aromáticas) é colocada em volta do pescoço do Senhor.

Shri Nityananda Prabhu e Shri Adueita Prabhu são adorados da mesma forma. Em
seguida a Tulasi “prasadi” de Shri Gouranga e flores são oferecidas a Shri Gadadhara e Shrivasa
Pandita (colocadas ou nas mãos ou no topo da cabeça) e chandana “Goura Prasada” é untada
em suas testas, bem como guirlanda de flores prasadi são colocadas em volta de seus pescoços.
Em seguida a shakti Shri Jahnava devi de Shri Nityananda são do mesmo modo adorados, e em
seguida os oito Mahantas liderados por Svarupa Damodara e Ramananda Raya, os oito
Gosvamis liderados por Shri Rupa e Sanatana, e os sete Kavirajas e doze Gopals, os sessenta e
quatro Mahantas, os quatro porteiros e o Guru Varga, etc. Desse modo o Gurudeva volta com a
bandeja com os itens de prasada ao sadhaka e então purifica sua mão. Nessa hora o sadhaka
fornece incenso e lâmpada de ghee a seu Gurudeva, os quais ele oferece a Shriman
Gourasundara e aos outros associados na ordem mencionado. Quando Gurudeva volta o
sadhaka primeiro pega todos os itens de prasadi de flores, de chandana etc., e executa Guru
Puja. Então, após purificar suas mãos com a outra bandeja de artigos não oferecidos o sadhaka
entra no Yogapita karnika para executar o puja e após o arati de Shriman Mahaprabhu e Seus
associados do modo que seu gurudeva havia feito anteriormente. Após executar o puja e arati o
sadhaka se posiciona do lado esquerdo do seu gurudeva para receber o darshan do esplendor
da formação Yogapita de Cheitanya Mahaprabhu.

Nota do Tradutor:
Na edição do Gutika editado por Ananta Das Babaji Maharaja de Brajananda Ghera,
Shri Radha Kunda, ele comenta que nesse ponto no sistema de Raganuga Bhakti sadhana
existem dois tipos básicos: Sva-Rasika e Mantramayi. A adoração Sva-Rasiki refere-se a
adoração dos passatempos diários óctuplos que fluem como o fluir de um rio, e o sistema
Mantramayi refere-se a adoração Yogapita executada com mantras que se compara a um lago
calmo. Do mesmo modo que um rio pode desembocar em um lago e logo após outra vez fluir
como um rio, similarmente a adoração mantramayi se inclui no Sva-Rasika Bhajan, e não deve

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ser considerada como uma forma separada de adoração. Na Gaudiya Sampradaya todos os dois
sistemas de adoração são prescritos. Similarmente puja, Archana, e mantra smaran não podem
ser completos sem a adoração Yogapita.

Finalizando o lila Yogapita, Shri Gourasundara retorna com Seus associados


sentando-Se na varanda em frente a Seu quarto.

O sadhaka então vai levar a prasada matinal e ao retornar traz uma cchamara para
abanar o Senhor. Quando o sadhaka observa a forma de Shriman Gourasundara, fica
mergulhado no êxtase ao saborear a doçura de Seu darshan.

Assim termina o Prata Lila, ou breve descrição dos passatempos matinais de Shri
Gouranga Mahaprabhu.

Para que se possa comparar -

Shri Vraja Prata Lila Sutra


Radham snat bibhusitam brajapayashutam sakhibhih prage Tad gehe bihitannapaka rocanam
krishnabasesh asanam Krishnam buddhambapta dhenusadanam niburdha godohanam Susnatam
krita bhojanam sahacairastanchath tanchasraye

Shri Krishna Das Kaviraja, Shri Govinda Lilamrita

Pela manhã Shrimati Radharani é banhada, vestida e decorada por suas sakhis.
Nessa hora a ordem vem de “Vrajishvari” (Mãe Yashoda) para que cozinhe para Krishna. Após
receber também o pedido de Jatila, Shri Radha rodeada pelas sakhis e manjaris vai à casa de
Krishna cozinhar.

Krishna após Se levantar pela manhã vai ordenhar as vacas na “goshala”. Em


seguida brinca com os sakhas por algum tempo e então retorna para tomar o banho matinal.
Após banhar-Se e Se vestir Krishna toma a refeição na companhia dos sakhas, e então Se retira
para um breve repouso.

Finalmente, na companhia de suas próprias sakhis, Shrimati Radharani também


toma a refeição matinal dos remanescentes da prasada de Krishna.

Abriguemo-nos em Shri Shri Radha e Krishna quando aparecem desse modo no


Prata Lila.

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PURBAHNA LILA
(entre às 8:24 e 10:48 horas)
Os passatempos matinais
Sutra I
purbahne sayanoltita supayasa prakalya bakrambhujam bhaktaih sriharinama kirtanparaih sangah
svayam kirtayan. Bhaktanam bhavanehapi ca svabhavane kridannrinam bardhaya tyanandam
puravasinam já urudha tam gouramadeymaham.

-Shri Visvanatha Chakravarti

Asta Kala Lila de Shriman Mahaprabhu Stotra Verso 5

Após acordar do breve descanso, Shriman Gourasundara lava a boca e rosto,


que se comparam a uma flor de lótus. Então, na companhia dos devotos, o sankirtan começa.
Alguns dias o festival de kirtana ocorre em Sua própria casa, em outros dias a procissão do
sankirtan ocorre externamente na rodovia principal dando prazer a todos os residentes de
Navadvipa que presenciam. Enquanto a procissão continua a se mover Shriman Gourasundara
visita várias residências de devotos pela estrada. Meditemos em Shri Gouranga quando Ele
aparece desse modo no Purbahna Lila. No Sutra de Shrila Chakravarti Pada declara-se que Shri
Gouranga deva às vezes fica em casa, outras vezes visita a residência de vários devotos
durante esse horário. Através da luz das evidências das escrituras tentamos seguir essas duas
direções do Purbahna Lila de Shriman Gourasundara.

Nos dias em que Shri Sacchi Nandana fica em casa no período matinal é certo que
Seus pais, Ishana, Lakshmi Priya e Vishnu Priya recebem graça especial. Em Seu próprio
mandira na associação dos membros familiares e dos priya bhaktas esse festival de sankirtana é
uma ocasião alegre e festiva em si mesma. Todavia, alguns dias, Shri Lakshmi Priya e Vishnu
Priya executam estupendos lilas na companhia do Seu Prana-Vallabha, Shriman Gourasundara.
Como se descreveu anteriormente, próximo ao quarto de Shri Vishnu Priya Devi existe um lago
muito agradável com quatro tipos de flores de lótus revestindo as margens, ali cisnes e grous
sempre podem ser vistos brincando. Esse lago está rodeado por jardins de flores sazonais. Essa
atmosfera encantadora retirada é o local onde ocorre vários lilas. Agora, seguindo o Goura
Caritra Chintamani de Shri Narahari Chakravarti vamos revelar alguns desses passatempos
confidenciais:

Purbahna Lila de Shri Shri Goura e Vishnu


Priya
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goura aparupa purbahna kale se seja teji eka birale bosi sisital jala alasala akhi kamala pakhali badan
shasi sucaru bhangite cahe caribhite alakhita vishnupriya ta kekhi jhapi mukhe vasa hase luhu luhu laje
dite nare akhyate akhi rasamaya pahu byakula hoite vishnu priya pane parila dithi nibarite nare akhi pakhi
uri pori piye mukha amiya mithi pulakita tanu anupam duhu nayane nayane banghi ki bhati narahari rahu
nichani ei ranga dekhe keho keho kautuki mati- Narahari Chakravarti,Shri Goura Charitra
Chintamani

A forma atrativa de Shri Gouranga ao Se levantar do breve repouso matinal e Se sentando


isolado em um local solitário e indescritível. Ao beber água fresca, remove o cansaço de Seus
olhos de lótus e semblante de lua. Vishnu Priya, a certa distância, em um elegante estilo, busca
incansavelmente com seus olhos aqui e ali e então descobre seu “Prananatha” Shri
Gourasundara. Com recato, ela cobre o rosto com a borda do sari e intimamente sorri com afeto,
incapaz de colocar seus próprios olhos nos olhos de Gourasundara. Os olhos Rasamaya de
Gourasundara notando Vishnu Priya ficam enlevados. Incapaz de refrear Seus olhos que voam
como um pássaro para beber a doçura da encantadora fisionomia dela. Quando os olhos de
Goura e Vishnu Priya se encontram em uma disposição Madhura, emoções sattvicas como:
tremores e arrepios se manifestam no corpo dos dois, criando uma visão única de se contemplar.
Shri Narahari permanecendo a Seus pés de lótus, observando essa brincadeira divertida fica
maravilhado. Shri Goura Caritra Chintamani

TAMBULA SEVA
- (Oferecimento de Pan)
aha mari ki madhurya chanda, duraduri akhye akhi diya hiya na dairaja bandhe. Vishnu priya se raser
bhore, urite tambula sajaiya sukhe sopila dasir kore. Dasi asi hasi hasi kaya, tuya pranapriya pathaila
tambula karo je uchita hoy. Nadyavidhu se samputa khuli, ktambula parase ulasita tanu jhapila pulakabali.
Kota kautuke tambula kaya, abeshe saha samputa sopila dasire kata na kaiya. Dasi asi vishnu priya
pashe, khuli se samputa boli kota katha Madhura Madhura hase.

Ah! Madhura deixe-me morrer diante dessa visão!

Estando à certa distância quando os olhos deles se encontram não é possível


manter a firmeza interna. Vishnu Priya então, absorta em arrebatamento, rapidamente prepara
um “kili” de pan e o coloca na mão de sua dasi. Essa dasi com um sorriso, se aproxima de
Gourasundara e diz: “A sua “Prana Priya” mandou pan para entregar a pessoa adequada”. O
semblante de Shri Gouranga se inclina como a lua poente para abrir a caixa do pan e ao tocá-lo,
arrepios irrompem em Seu corpo. Então, com divertido prazer Gouranga mastiga o pan por um
momento e coloca os restos na caixa segura pela serva sem dizer uma palavra. A dasi retorna a
Vishnu Priya Devi com um sorriso falando quem pode dizer o que? Quando Vishnu Priya pega o
pan prasadi de Gourasundara, o seu corpo treme e sua felicidade não encontra limites. Mais
tarde, a sobra é oferecida, zombeteiramente pela dasi, ao poeta Narahari com um sorriso
Madhura.

- Narahari Chakravarti

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Goura Caritra Chintamani


shnu priya se sakhir sange, goura charita kahaye range. Anga byakaye pulaka
bhare, goura vine na dairaja dhare. Pahu madhyane bhunjiba jaha, koru koto na
jatane taha. Ati birale boisaye giya, caru gabakhe nayana diya. Puspa kanane
asibe pahu, taha dekite achaha bahu. Narahari ki bujibe rita, mari jagate
atula prita.

- Goura Charitra Chintamani

Vishnu Priya na companhia dessas sakhis em júbilo discute os passatempos de Goura. Sem
estar com ele, não é possível para ela manter a firmeza; nesse estado seu corpo treme e a sua
mente gira. Agora, com cuidado, ela vai preparar a refeição do meio-dia de Shri Gouranga.
Sozinha, sentada na cozinha, Vishnu Priya olha pelas frestas da janela decorada, espreitando, na
grande esperança e expectativa que seu Prabhu venha logo pelo kunja de flores. “O que o poeta
Narahari sabe sobre a natureza desse prema? Deixe-me morrer em nome desse incomparável
amor!”

vishnupriya carita cintiya, raser sagare bhase goura binodiya,tile tile kata
uthe mone, nichaye paran goura vishnupriya gune. Katana jatane thira hoyia,
bosilen bahir bhavane pahu giya. Priya parikara mile tatha, narahari ki
kahiba se sukhera katha. - Goura Charitra Chintamani

Contemplando as atividades de Vishnu Priya, Shri Goura-vinoda flutua em um oceano de


prazer. De momento a momento, ela surge na mente de Gouranga; Seu coração vai para Vishnu
Priya, cativado por suas qualidades únicas. Então, após algum esforço para refazer Sua
compostura, Mahaprabhu sai para sentar-se no chalé do jardim, onde vai Se encontrar com os
priya bhaktas. O que pode Narahari dizer sobre esses passatempos de prazer?

Nagar Sankirtan

(iniciando-se no saguão de kirtana do Jagamohan)

Shriman Gourasundara com os devotos confidenciais agora vai na direção do Ganga


executar os lilas do meio-dia de Vrindavana-Bihar nos kunjas das florestas que margeiam esse
rio de beleza natural. Pelo caminho, contudo, Ele Se detém visitando as casas dos devotos.
Como quase todos os lilas de Gourasundara ocorrem por meio do sankirtana rasa; o passatempo
de sair de casa e ir ao Ganga nessa hora não é exceção. A procissão de sankirtana que Shriman
Mahaprabhu organiza é muito espetacular. Em quase todas as mãos existem bandeiras, e
algumas pessoas estão soprando chifres, enquanto outras sopram as conchas ou tocam
karatalas, etc., ao mesmo tempo que quatorze mridangas ressoam enchendo todo o firmamento
com um som tumultuoso. No meio da dança dos devotos, Shri Sacchinandana, Gourahari
passam a dançar em um fluxo de graciosas passadas e movimentos cativantes que roubam a
mente e os corações de todos os devotos. Enquanto o grupo de sankirtana prossegue para fora
do “natha mandir” em direção a estrada principal todos os residentes de Nadia, ouvindo a
vibração alta e prazerosa, saem de casa para participarem desse sankirtana prema maravilhoso.

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Mahajana Pada
mondali rociya sahacare, tar majhe Goura natabare nache vishwambhara, sange
gadadhar, nache nityananda raya puraba kautuka, bunjhe prema sukha, svabhave
bhujiya paya ghare ghare shyam, sundar murati, priti bhakati diya kore
sankirtan, jache premadhana, sab sahacara laiya purush nache, prakriti bhabe,
purush bhabe jubati jara je bhava, paiya svabhava, nache koto sata jati kahe
nayananda, nadiya ananda, anande bhuvana bhora dukhita jivana , madhava
nandan, carane sarana mora.

Nayanannda Mishra é um associado eterno de Shri Cheitanya Mahaprabhu, sobrinho de


Gadadhara Pandita e seu discípulo também. Ele é famoso no mundo Vaishnava como um
“padakarta” (compositor de canções padavali) enquanto especificamente concentra-se nos
passatempos de Goura e Gadadhara. Nesse pada um quadro nítido do humor de “Navadvipa
Vraja Madhuri” é retratado como se segue:

Shri Gouranga junta todos Seus associados formando um círculo, e entre eles começa a
dançar. Quando Gadadhara dança com Visvambhar, também dança Shri Nityananda Raya. Ao
observar a natureza dos associados de Gouranga, pode-se compreender, com clareza, que
todos estão cativados no gosto das anteriores fascinações de Vraja. À medida que o grupo de
sankirtana se move de casa em casa, com prema e Bhakti todos os devotos recebem darshan
das várias belas murtis de Shri Krishna (Shyamasundara) pela estrada. Referindo-se a
Gouranga, ele diz que Sua forma “purusha” está dançando como se fosse “prakriti”. Então
dirigindo sua atenção aos associados de Mahaprabhu ,ele diz que aqueles que foram
anteriormente “jubatis” ou femininas (gopi), agora dançam em uma forma masculina. Desse
modo todos dançam absortos nos humores anteriores que podem apresentar centenas de
variedades.

Shri Nayanananda Mishra conclui dizendo: “Quando vejo isso, todo o universo fica em bem
aventurança com esses humores nectáreos de Nadia, e eu entrego minha vida infeliz aos pés de
lótus de Shri Madhava Nandan (Gadadhara Pandita).”

Como se declarou anteriormente, Shri Gourasundara como uma prática regular


visita várias residências de seus priya bhaktas nessa hora, pelo caminho até o Ganga. Alguns
dias ele recebe o convite de Suklambar Brahmachari ou Kolavecha Shridhara, Jagadananda
Pandita, Raghava Pandita ou algum outro devoto.

Com relação a isso o exemplo de um dia específico de passatempos na casa de Suklambar


Brahmachari agora é apresentado aqui.
ki boliba suklambara ghare nana ranga, aiche sarvatie vilasaye gan sanga
ekdin ei khane prabhu gouhari madhu ano madhu ano dakho uccha kari haladhara
bhave prabhu haila vihabala, nityananda ghat bhari dila ganga jala nana bhave
nritya prbhu ei khane, na dhore dharja vrindaban lila gane. etha premaveshe
bamsi srivase magaya. Gopihari nila bamsi, srivasa kahaya, suni prabhu “bola
bola”bole harsha haiya, srivas kahila brajalila vistariya. Srivaser mukhe
suni vrindaban lila, premaveshe tare dridha alingan kaila,

-Narahari Chakravarti Shri Bhakti Ratnakara

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O que se pode dizer sobre esses passatempos maravilhosos que ocorrem na casa de
Suklambara Brahmachari, ou qualquer outro lila a esse respeito, no qual Prabhu Gourahari atua
com os devotos! Certo dia, na casa de Suklambar no humor de Balarama, Cheitanya
Mahaprabhu gritou: “Tragam mel, tragam mel!” Compreendendo Sua mente Nityananda Prabhu
trouxe um jarro cheio de água do Ganga. Nessa casa Gouranga deva dançava de várias
maneiras perdendo a compostura após ouvir o Vrindavana lila kirtana. Nessa ocasião arrebatado
por prema, Mahaprabhu disse a Shrivasa: “Onde está minha flauta?” Shrivasa respondeu: “Será
que as gopis roubaram a flauta?” Ao ouvir essa resposta Gouranga se impacientou e disse: “fale
mais, fale mais!” Shrivasa então estendeu-se e começou a narrar vários passatempos de
Vrindavana. Ao ouvir esses passatempos maravilhosos Cheitanya Mahaprabhu, absorto nas
doçuras de amor a Deus, abraçou forte Shrivasa Thakura.

O Segundo Purbahna Lila Sutra


haribanagati lilam byakulibhuta gostham smriti visayagatam jah karayamasa
sakhat tad anukarankari bhaktavrindasya madhaya tamahamiha bhajami
gouracandram hi nityam.

Ao meio-dia quando Krishna entra na floresta para apascentar as vacas, todos os Vrajavasis
são tomados de grande dor ao ver a partida de Krishna. Tomado também por esses sentimentos,
Shri Gourahari reapresenta esse passatempo com todos os associados mais queridos.
Adoremos essa forma de Gourachandra como o vemos na hora do Purbahna.

- Shri Krishna Das Siddha Baba

No segundo sutra Siddha Krishna Das segue o formato do “Govinda Lilamrita” para
ilustrar o ‘Gosta-gaman’ lila de Shriman Mahaprabhu.

Em Vraja, nessa hora, Shri Krishna Se embrenha pela floresta com os sakhas para
pastorear as vacas e bezerros. Perseguindo esse mesmo humor Shri Gourasundara reapresenta
o mesmo lila em Nadia na companhia dos associados íntimos. Quando Krishna deixa Sua casa a
situação fica lamentável para Nanda Maharaja, Nandarani e todos os outros Vrajavasis que de
algum modo terão que tolerar a separação dEle pelas próximas cinco horas. Do mesmo modo,
em Navadvipa, esse cenário parte o coração, quando Nimaichanda se prepara para sair de casa
com os devotos a fim de executar Seus passatempos ‘Vraja Bihar’ do meio-dia, nos kunjas das
florestas próximas às margens do Suradhuni Ganga. Observando essa partida, Jagannatha
Mishra, Mãe Sacchi, todos os chefes de famílias e bhaktas da vizinhança, e especialmente,
Lakshmi Priya e Vishnu Priya Devi ficam mergulhados no rio profundo da separação. Nesse
momento insuportável, Shri Gourasundara compreendendo as mentes de Suas duas “ priyas”,
querendo confortá-las com olhares, pede a permissão delas para sair. Logo depois mãe Sacchi
pega ambas pelos braços e as leva para a cozinha para que iniciem a preparação da refeição do
meio-dia de Nimai Sundara. (Todos essas preparações serão levadas para o Ganga pelas mãos
de Ishana Das.) Para uma orientação para adentrar no humor desse momento no Goura lila, a

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narração do Krishna Lila de Shri Kaviraja Gosvami será inserida – (Traduzido do Shri Govinda
Lilamrita):

No momento de deixar a casa para se embrenhar na floresta para apascentar


as vacas e bezerros com todos os sakhas, Shri Krishna captura a mente de Shri Radhika que é
como um peixe na rede maravilhosa de Sua refulgência corpórea. Do mesmo modo, o belo
semblante de Radha, com encanto, prende a mente de Shri Krishna que é como um cisne na
forte gaiola do olhar lateral dela.

Quando as fascinantes gramas frescas impulsionam todas as vacas para seguir,


Shri Krishna Se volta para ver Seu pais e os residentes de Vrindavana que ainda O seguem. Ele,
então, momentaneamente para consolá-los diz: “Todos vocês podem voltar agora para
executarem seus deveres.” Oh! Mãe, você pode preparar ‘Rasala’ (uma deliciosa preparação
doce) e rapidamente mandá-la para nós, pois estaremos com muita fome devido ao trabalho do
pastoreio. Então a Seu pai Krishna diz: “Oh! Pita, após brincar com a bola, o bastão se quebrou
em pouco tempo, você pode fazer cinco ou seis novos bastões e mandá-los para nós, assim
nossas brincadeiras podem prosseguir sem interrupção. Mãe, olhe bem! As vacas, os bezerros e
todos os sakhas estão ansiosos esperando por Mim, assim, por favor, bondosamente prepare e
mande um bom lanche e após comermos, retornarei logo a tarde.” Mãe, por favor, vá para o
banho e se alimente tranqüila. Todavia, se Eu souber que você não comeu, também jejuarei e
não voltarei no horário. Os pais de Krishna com a mente, corpo e palavras, desejam o Seu bem
estar. Mãe Yashoda banha Seu filho com lágrimas e com o leite de seus seios e levando Krishna
ao seu colo, ela beijou Seu rosto repetidamente, enquanto o sol escaldante da separação de
Krishna começa a se levantar.

Em seguida, vendo as gopis perturbadas e inquietas pela visão da partida,


Krishna também as acalma com o olhar de amor refrescante. As gopis, por sua vez, começaram
a beber o néctar do brilho corpóreo de Krishna pelo canto dos olhos.

Quando os Vrajavasis compreenderam que o darshan de Krishna não seria


mais possível, todos os sentidos se paralisaram. Então, à medida que Krishna Se embrenhava
na floresta seus olhos se cegavam e ficavam fixos como árvores incapazes de se mover. Eles
consideravam que as árvores das florestas eram mais afortunadas do que eles próprios, pois
agora essas árvores eram capazes de desfrutar do darshan de Shri Krishna.

A situação das mulheres Vrajavasis, pode também ser comparada com a de um rio
seco, porque os seus semblantes de lótus se empalideceram, e seus corpos de cisnes ficaram
presos na lama da separação de Krishna. Desse modo, a condição dos residentes de Vrindavana
se tornou patética. De um jeito ou outro, mãe Yashoda, Nanda Maharaja e todos os Vrajavasis
pela força do hábito retornaram a suas casas; mas a mente de todos havia se perdido.

O ‘Gosta Jatra’ de Gourasundara na


Companhia dos Associados Íntimos
PROGRESSÃO DO LILA SMARAN

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Shriman Mahaprabhu está agora sentado na varanda de Seu quarto rodeado por
todos os devotos. Após ouvir o kirtana de Svarupa Damodara descrevendo como mãe Yashoda
veste Krishna de um modo tão encantador, adequado a jornada na floresta para apascentar as
vacas, Gourasundara fica arrebatado nessas doçuras. Então em pé naquela forma com três
curvas, Ele passa a reapresentar esse passatempo no espírito de Krishna tocando a flauta. Shri
Nityananda, de repente, se levanta e finge que está tocando um chifre de búfalo. Vendo a cena
Shri Abhirama, tomado pelo humor extático de um vaqueirinho começa a gritar: “Hai! Hai!
Seguindo o mesmo humor, Svarupa Damodara e todos os outros bhaktas com kola e cartals
começam um estrepitoso kirtana chamando pelos nomes de várias vacas de Shri Krishna:
“Dhabali! Shabali! Kali!” etc. Desse modo Mahaprabhu (com Shri Nityananda e Shri Adueita à sua
direita e esquerda) rodeado por todos os outros bhaktas sai pelo “Simha-Dvara” com a procissão
do kirtana, na direção do Ganga. Ouvindo o som tumultuoso do grupo de sankirtana, os
residentes de Nadia saem de suas casas em todas as direções para obter o Seu darshan. Vendo
a dança de Mahaprabhu “prema-rasa murti” todos ficam extaticamente alegres. Esse caminho
que leva ao Ganga está incrustado de ouro, às margens da estrada se enfileiram árvores Bokula
abraçadas por vinhas floridas, repletas de pássaros canoros e abelhas que zumbem.
Prosseguindo nesse caminho sombreado, Shri Gourasundara nota uma manada de vacas
pastando, o que O faz lembrar do Lila “Go-charan” de Krishna. Nesse instante, ele desmaia ao
Se lembrar desses êxtases. Os priya-bhaktas O levam para descansar numa vedi próxima na
base de uma árvore Tamal; então, para alívio de Gourasundara começam a borrifar água e
abaná-lO. Quando Cheitanya Mahaprabhu retorna a um estado de semi-consciência, Shri
Svarupa Gosvami, conhecendo a mente do Senhor, começa a cantar um kirtana sobre “Gosta
Jatra” de Shri Krishna.”

Gosta-Lila
(levando as vacas para a floresta para pastar)
- Gourachandrika –
gostalila gourcandra monete parila, dhabali shamali boli ghane dhakila singa
venumurali koriya jayadvani, hai hai kariya ghara ghuraya panchani ramai
sundarananda sangete mukunda. Gouridas adi sabe paiba ananda vasudeva ghosh
gaya moner harishe, gostalila gouracanda korila prakashe

Quando o Gosta lila de Krishna vem a mente de Gourachandra, Ele olha para o
céu gritando: “Dabali, Shamali...” e os nomes das outras várias vacas de Krishna! Os associados
captando esse humor, do mesmo modo, começam a tocar chifre de búfalos, flautas, e girar os
cajados usados no pastoreio das vacas – gritando: “Hai Hai e Jaya Jaya” no humor dos sakhas.
Ramai, Sundananda, Mukunda e Gouri Das especialmente ficam emocionados ao ver Shriman
Gourasundara assumindo tais bhavas. O poeta Vasudeva Ghosh canta feliz o Gosta Lila
manifestado por Shri Gourachandra.
Sacchinandan goura oh candabadane, dhabali shamali boli dakhe ghane ghane
bujhiya bhaver gati nityananda raya, shingar sabda kori badan bajaya nitai

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cander mukhe shingara nisana,suniya bhaktkagan preme ageyana dhaila Pandit


gouridas jara nama bhaiya re bhaiyare boli dhaya abhirama dekhiya Gouranga
Rupa premar avesha, shire cura sikhipakha natabara besh carane nupura saje
sarvange candan, bamsibadan kahe calo govardhan

Aquele que tem o semblante de lua, Sacchinandana, Gourachandra, inicia uma chamada
tomado de êxtase: “Dhabali, Shamali” e outros nomes das mais queridas vacas de Krishna.
Observando a direção do bhava de Mahaprabhu, Shri Nityananda Raya começa a imitar com sua
boca o som de um chifre de búfalo. Ouvindo essa vibração feita pelo Senhor Nityananda, os
bhaktas ficam “como loucos” nas doçuras de prema. Vendo Gouranga tomado de prema, usando
um turbante e uma pena de pavão em Seu cabelo, com desenhos de chandana decorando o
rosto, e sinos de tornozelos tilintando nos pés, numa vestimenta adequada de dançarino, Shri
Gouri Das e Abhirama começam a correr gritando: “Bhaiya, Bhaiya! “ (Ó irmão Kanai!)

Nessa hora o poeta Bamsivadan diz: “Venham, vamos todos a Govardhana!”

 Shri Bamsivadan Thakura é um associado eterno de Cheitanya Mahaprabhu e uma


encarnação da flauta de Shri Krishna.

Progressão do Lila Smaran-


Agora para comparação:

Shri Vraja Dhama


Purbahna Lila Sutra

purbahne dhenu mitrair vipina anusritam ghosha lokanujatam krishnam


radhaptilolam tadbhistriti krite prapta tat kunda tiram radhanchanalokya
krishnam kritagrihagaman arjyarka archanai distam Krishna pravrityai prahita
nija sakhi bartma netram smarami

No meio da manhã, Krishna Se embrenha na floresta com o propósito de


apascentar as vacas na companhia de todos os sakhas, Shri Nanda Maharaja, Mãe Yashoda e
os outros residentes de Vrindavana ansiosamente O seguem a alguma distância. Logo após
entrar na floresta e gasto algum tempo com os vaqueirinhos, Krishna em seguida corre com um
ou dois sakhas “Priya-Narma” e chega às margens do Shri Radha Kunda na grande expectativa
de encontrar Shri Radha.

Shri Radhika ao deixar Nandagrama retorna a sua casa e recebe a ordem de Jatila
para ir à floresta para executar Surya Puja. Antes de sair de casa, contudo, Shri Radhika, com os

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olhos fixos no caminho da floresta, ansiosamente aguarda o retorno de sua sakhi que vai lhe dar
as notícias do paradeiro de Shri Krishna.

Lembremo-nos de Radha e Krishna como eles aparecem no Purbahna Lila.

- Shri Govinda Lilamrita

MADHYANA LILA
PASSATEMPOS DO MEIO DIA
(entre às 10:48 e 15:36 horas)
Sutra I
madhyahne sahataih svaparshadganaih sankirtanadidrisam sadwaitendugadadharah
kila saha srila avadhutaprabhuh arame mridumarutaih sisiritai bringadvijair
nadite svam vrindavipinam smaran bhramati jastam gouramademaham - Shrila
Viswanath Chakravarti Asta Kala lila de Shriman Mahaprabhu , Smaran Mangal
Stotram Sloka 6

Ao meio-dia, Shriman Gourasundara na companhia de Adueita, Gadadhara, o “Avadhuta”


Shri Nityananda e todos os outros devotos priya, passeiam pela diversas florestas sazonais de
Nadia, que são refrescadas pela brisa do Ganga, onde as abelhas que zumbem, e os pássaros
canoros podem sempre ser encontrados, dando vida a atmosfera. Nesse cenário belo e
agradável, por meio das doçuras do Hari Kirtana Rasa, o Senhor e os devotos se absorvem em
lembrar os passatempos que ocorrem na floresta de Vrindavana. Meditemos em Shri Gouranga
durante o Madhyana Lila.

Sutra II
sahali sriradhasahita hrililam bahuvidham smaran madhyahniyam pulakitatanura
gadagada vacah bruvan byaktam tancha svajanaganmadhyai anukurate Sacchisunura
jastam Bhaja mama manastam bata sada - Shri Krishna Das Siddha Baba Shri
Bhavana Sara Sangraha

Ó mente! Por favor sempre adore esse Mahabhava Rasamaya murti, Shri Sacchinandana
que reapresenta muitos passatempos de Radha e Krishna e suas sakhis e manjaris durante o
meio-dia na companhia dos mais queridos bhaktas. Devido a esses pensamentos o Senhor
constantemente fica tomado pelas várias emoções sattvicas.

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Shri Gouranga Mahaprabhu pode ser visto às margens do Ganga sentado na base
da árvore Tamal, cercado por todos os associados. Então, compreendendo Seu humor, Svarupa
Damodara prossegue cantando em kirtana os diversos lilas de Vraja direcionado ao Jugal Milan
de Radha e Krishna – que é o seguinte: a chegada de Tulasi Manjari na casa de Radharani, as
descrições dos passatempos de Krishna naquela hora; a audição desses lilas, que atraem
forçosamente os cinco sentidos de Radha; a chegada da sakhi Dhanista enviada por Shri
Krishna, e o “abhisara” (a jornada na floresta para encontrar Shri Govinda) de Shri Radha, com o
pretexto de executar Surya Puja.

Uma descrição detalhada desses eventos será apresentada.

PROGRESSÃO DO LILA SMARAN–


Ouvindo o kirtana de Svarupa Damodara, a mente de Shriman Mahaprabhu vai à
vila de Javata em Vraja, onde a casa de Jatila se localiza. Lá, sentada em sua casa, Shri Radha
rodeada por suas sakhis, ansiosamente aguarda a chegada de Shri Tulasi Manjari, que trará as
notícias do paradeiro de Krishna e as informações sobre a realização ou não do encontro com
Ele.

No rasa Shastra, o período antes do encontro do Nayaka (herói) com Nayika (heroína) é
tecnicamente chamado Purva Raga. No seguinte pada está a descrição do Radha Bhava de
Cheitanya Mahaprabhu, em conexão com o Purvaraga de Shri Radha antes do Milan com
Krishna ao meio-dia.
aju hama ki pekhalun navadwipa canda, kortale korai bayana abalamba. Puna
puna gatagati kuru ghara pantha, khone khone phulabone calai ekanta. Chala
chala nayana kamala subilasa, nava nava bhava goura karata parakasha. Pulade
mukula bora bhoru sab deha, radhamohan kichu na payala theha.

Hoje, como foi que pude ver Navadvipa Chandra, com as mãos pousadas sobre a cabeça?
Ele andando para cima e para baixo no quarto e algumas vezes ele saindo para o jardim de
flores. Seus olhos de lótus estavam inquietos, movendo-se daqui para ali, pois a cada momento
Shri Gouranga manifestava novos e renovados humores. Quando Seu corpo ficou tomado por
arrepios e calafrios – como brotos de mangas recentes, o poeta Shri Radha Mohan lamenta não
ter sido capaz de alcançar o seva a Gourachandra.

A Chegada de Tulasi Manjari


(Gourachandrika)

Nesse momento, conhecendo a mente de Shri Gourasundara, Shri Raghunatha


Das Gosvami (no humor de Tulasi Manjari – Radharani aprecia chamar Rati Manjari de Tulasi,

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por essa razão Tulasi se tornou seu segundo nome ) traz a “prasadi” Kunja mala e duas flores
champak anteriormente usadas pela sevita murti Shri Gopinatha de Shri Gadadhara, e coloca
esses itens nas mãos de Svarupa Damodara.

Ao tocar e sentir o aroma da “prasadi” de Shri Krishna, que carrega a fragrância de


Seu corpo, Shriman Gourasundara como que experimentando o toque direto de Shri Krishna,
manifesta várias emoções transcendentais. Em seguida, ansiosamente, Shri Mahaprabhu inquire
Shri Raghunatha Das sobre o paradeiro de Shri Krishna. Ao responder Shri Raghunatha das o
faz considerando Cheitanya Mahaprabhu como sendo a própria Shri Radha, da seguinte
maneira: “Eh! Ishvari, na busca por Krishna, nós primeiro fomos ao Surya Kunda, depois Kunjera,
Kusuma Sarovara, em seguida pelo caminho de Golapa Pukura chegamos ao Manasi Ganga.
Vimos Krishna a certa distância ocupado em várias atividades de brincadeiras com os sakhas, eu
me escondi atrás de alguns arbustos de flores para assistir Suas atividades. Mãe Yashoda ao
saber que Krishna poderia estar cansado e com fome, após algum tempo, enviou uma grande
quantidade de alimentos saborosos incluindo rasala e arroz doce pelas mãos de Dhanistha sakhi
e alguns outros servos familiares. Ao ver Dhanistha, Krishna ficou muito contente e perguntou a
ela sobre o bem estar de Seus pais. Krishna após ouvir a resposta de Dhanistha de como mãe
Yashoda e Nanda Maharaja estavam adorando os Devatas, alimentando os brâmanes e fazendo
caridade tudo em Seu favor, ficou feliz. Shri Krishna observando Dhanistha como sendo a pessoa
ideal para ajudar Sua mente, que é como uma trepadeira, a enredar-se em torno da árvore
(Radha-associação de Shri Radha), tomou abrigo nela.

Em seguida, ao soprar a flauta, Krishna chamou todas as vacas que estavam


pastando em todas as direções para se juntarem. Ele adentrou nas águas do Manasi Ganga para
banhar-se e executar brincadeiras aquáticas com os sakhas. E após sair da água sentou-se para
saborear todos os deliciosos alimentos que Dhanistha trouxe. Após o bhojan, Krishna confiou a
Balarama o dever de cuidar das vacas e bezerros e na companhia de Subala e Madhu Mangala
escapou com a desculpa de pegar algum atalho para observar algumas das belas paisagens da
floresta. Dhanistha, neste momento, enviou todas as dasis com a prasada de volta a
Nandagrama, e com o pretexto de apanhar flores para o puja de Shri Narayana encontrou-se
com Shri Krishna.

Nesse momento, Shri Vrinda Devi também chegou e colocou duas flores douradas
Champaka nas mãos de Krishna. Ao ver as flores Krishna Se lembrou da refulgência corpórea e
da textura macia de Radha, o que fez com que Suas mãos tremessem. Então, Madhu Mangala
tomou as duas flores das mãos de Krishna e as colocou em Suas orelhas. Em seguida entre
essas quatro pessoas ou seja: Vrinda, Dhanistha, Subala, e Madhu Mangala ocorreu um
“Istagosthi”. Em outras palavras Krishna deliberou entre essas quatro pessoas experientes: “
temos decerto que chegar a uma solução de como hoje Eu vou ganhar o sanga “amritamaya” de
Shri Radhika”. Pensando desse modo todos seguiram para Kusuma Sarovara, e sentaram-se lá
num círculo. Ver a bela atmosfera celestial de Kusuma Sarovara todavia, só fazia com que as
dores de separação aumentassem em Krishna. Krishna passou então a considerar que se Ele
enviasse Vrinda, Subala ou Madhu Mangala para trazer Radha, então, Jatila com certeza
suspeitaria de algo e talvez trancasse Radha no quarto. Então, outra vez Krishna pensou que se
Ele tocasse a flauta então ,com certeza, todas as belas gopis de Vraja viriam imediatamente e no
meio de todo aquele orgulho, ciúme, ego e natureza revolucionária das gopis seria muito difícil

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separar as coisas. Assim, dessa maneira, não seria fácil alcançar Radha. Então Krishna teve
outra idéia. Ele falou o seguinte: “Oh! Dhanishta, você vai ver Kundalata, pois ela está sempre a
meu favor, e acima de tudo, Jatila também confia nela, portanto, não há dúvida de que ela seja
capaz de enganar Jatila e trazer Radha para o encontro”.

Ouvindo as palavras de Krishna, Vrinda então disse: “Sim, isso é verdade, mas
enquanto isso, se por acaso uma das sakhis de Radharani vier pegar flores por esse caminho,
então nós podemos saber dela sobre a situação atual de Radha e após isso agir de acordo.”

Bem nessa hora eu entrei e coloquei o pan preparado nas mãos de Subala e as
guirlandas de flores que você fez, Radha, nas mãos de Madhu Mangala.

Ao me ver Krishna ficou muito contente porque ele pensou que você estivesse por
perto. Por essa razão ansiosamente Seus olhos inquietos começaram a procurar em todas as
direções. Madhu Mangala pegando sua guirlanda de flores feita artisticamente (que é ainda mais
aromatizada pela fragrância de suas mãos) e que atrai as abelhas devido a seu aroma soberbo,
colocou-a em volta do pescoço de Krishna. Ele também colocou o pan que você preparou em
Sua boca. Nesse momento como se sentindo o toque de Suas mãos, os cabelos de Krishna
começaram a Se eriçar. Ele pensou que você também estivesse nas cercanias, se escondendo a
fim de fazer uma brincadeira. Assim, em ansiedade e impaciente pelo seu darshan, Ele começou
a me perguntar: “Ei! Tulasi, como está passando a sua sakhi, Shri Radha?”

Então eu respondi: “Oh! Gopinatha, ela está bem”.

- “Onde ela está agora?”

- “Ela está em casa fazendo seus afazeres domésticos para seus superiores.

- “que tipo de trabalho ela está fazendo?’

- ‘Ela está batendo água no pote de terra, acreditando ser iogurte.

- “Como é isso?’

- ‘Vendo esse comportamento, Jatila a fechou em casa hoje.

- ‘Então por que você não vai com Vrinda e tente da melhor maneira que puder, trazê-la
aqui, após enganar Jatila’.

- ‘Não tem jeito de enganá-la hoje, respondi.

Assim Krishna acreditando em minhas palavras começou a condenar sua má sorte


dizendo: ‘Ah! Providência, por que você é tão cruel?’

Então, Shri Vrinda Devi e Dhanistha vendo Krishna ficar tão infeliz e desanimado
começaram a me castigar com seus olhares afiados. Então a fim de alegrá-lo eu disse: ‘Oh!
Gokulananda, não fique triste, eu só estava brincando com você, a sua amada mais querida
muito em breve estará chegando! Ao ouvir minhas palavras, Shri Krishna outra vez ficou muito

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alegre e então removendo aquelas duas flores Champaka de suas orelhas colocou-as em
minhas mãos e disse:

“Ei! Tulasi onde está Radha agora, por que ela está se escondendo? Será que ela
ficou zangada comigo? Hoje não cometi nenhuma aparadha, até onde eu sei. E fazer
brincadeiras com uma pessoa tão desamparada como eu certamente não é adequado. Portanto,
rapidamente traga minha ‘priyatama’ (a mais amada) e alivie a separação do meu coração
perturbado”.

Vendo Krishna tão ansioso pelo seu sanga respondi:

“Eh! “Kamala nayana” (aquele que tem olhos de lótus) Sua amada Shri Radhika
também está muito ansiosa pela Sua associação e agora sob as ordens de Jatila ela está vindo
para a floresta com Kundalata para adorar Surya Deva. Ela me enviou a frente para saber da
atual situação. Assim, por favor me diga a qual “keli kunja” devo levá-la?”

Ouvindo minhas palavras com grande felicidade Krishna então removeu a sua
apreciada gunja mala de Seu peito e deu-a a mim como recompensa. Então, Shri Vrinda Devi
indicou que eu trouxesse você até o Madan Sukhada Kunja, no local do seu Shri Kunda. (Madan
Sukhada Kunja fica dentro do Kunja de Vishakha, no lado nordeste do Shri Shri Radha Kunda).

Bem nesse momento a sakhi Saibya de Chandravali chegou e colocou o medalhão


do gunja de Chandra em volta do pescoço de Krishna. Era o desejo íntimo de Saibya levar
Krishna ao kunja “Sanketa”, onde Chandravali esperava por Ele. Quando Saibya me viu, contudo,
ela ficou invejosa e com dor no coração, todavia, fingindo satisfação, ela falou comigo o seguinte:

“Ó! Tulasi! Hoje Chandravali está executando um festival para a deusa Durga e ela
me enviou para que convidasse Radha. Muito embora eu tivesse procurado por toda a Vraja,
ainda assim não pude encontrá-la. Você pode me dizer onde ela está?”

Ouvindo as habilidosas palavras de Saibya eu pensei comigo mesma, que ser


dissimulada com uma pessoa que engana é o remédio adequado, assim respondi a pergunta
dela como se segue:

-“Ó! Saibya, hoje Shyamala Sakhi convidou Shri Radhika para assistir o seu festival
para a adoração de Ambika e ela colocou todas as responsabilidades sobre nós para organizar a
função. Por essa razão, sob as ordens de Lalita estou aqui colhendo flores e frutos para levar.
Agora, Vrinda e eu estamos indo.”

Desse modo, eu enganei Saibya e Madhava Se comportou indiferentemente e


então saiu com Dhanistha e Vrinda. Enquanto saía, contudo, eu pensei que seria melhor parar
por um momento para ouvir a conversa de Saibya com Krishna. Assim, com essa finalidade, eu
voltei e me escondi atrás dos arbustos para ouvir a conversa.
Krishna disse: “Ah! Saibya, onde está minha priya Chandravali, e o que ela está
fazendo agora?”
Então, Saibya satisfeita disse: “Madhava, embora Chandravali tivesse ficado em
casa hoje, ainda assim de algum modo fizemos arranjos para trazê-la à floresta, com o pretexto

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de executar Durga Puja. Chandravali está agora em Sakhisthali, ela me enviou para procurar
Você.”
Ouvindo as palavras de Saibya, Krishna ficou um pouco preocupado, mas
externamente sorriu e falou o seguinte: “Sakhi! Eu também estava pensando em Chandravali
com a profunda esperança de encontrá-la hoje. Quão afortunado é que eu tenha encontrado
você agora. Por que você não leva Chandravali já para Gouri Tirtha que é um local bem afastado
onde os membros de sua família não poderão presenciar nossos passatempos. Por agora estou
transferindo a responsabilidade de cuidar de todas as vacas aos outros vaqueirinhos e em breve
irei para o Goura Tirtha.”
Então, Madhu Mangala falando com Krishna num gesto disse: ‘Ei sakha! Não
esqueça sobre as instruções que Seu pai mandou por Dhanistha. Você não vai segui-las?”
Ouvindo as habilidosas palavras de Madhu Mangala com o fim de enganar Saibya,
Krishna disse: “Sakha! obrigado por me lembrar, Eu quase esqueci. Ah! Saibya, hoje Kamsa está
planejando enviar alguns demônios a Vrindavana para roubar as vacas e a riqueza dos
Vrajavasis. Meu pai mandou essas notícias por Dhanistha, assim se Eu me atrasar hoje, não
fique muito ansiosa.”
Desse modo, após enganar Saibya, Krishna foi para o local onde as vacas e os
bezerros pastavam. Nessa hora eu também sai e voltei para você, Radha. (extraído
do Govinda Lilamrita)
Shri Raghunatha Das Gosvami no humor de Tulasi Manjari, assim, fornece
felicidade sem igual a Shriman Mahaprabhu que está absorto em saborear Vraja Madhyana Lila
do ponto de vista de Shri Radha.

A Atração dos Cinco Sentidos de Radha

(Gourachandrika)
Continuando no estado mental e doçuras da Premamayi Shri Radha, Shriman
Gourasundara em seguida passou a relatar a Shri Ramananda Raya (Vishakha em Vraja) como
seus cinco sentidos são atraídos a Shri Krishna. Nessa condição de ansiedade para encontrá-lo,
Mahaprabhu começa a falar o seguinte:
soundarjyamrita sindhu bhanga lalana cittradi samplabakah karnanandi
sanarma ramya vacanah kotindu sitangakah sourabhyamrita samplabrita jagat
piyusyaramyadharah sri gopendra sutah as karshati balat panchind
riyanyali me - Shri Krishna Das Kaviraja

Shri Govinda Lilamrita

“Ei sakhi! Nandasuta Shri Krishna atraiu meus cinco sentidos pela força! A
doçura dos Seus lábios são como o oceano de néctar. As ondas desse oceano carregam os
corações das Vrajas Gopis que podem ser comparadas a elevadas montanhas. A voz de Shri
Krishna é tão cativante de se ouvir que traz felicidade aos ouvidos. Seu corpo é macio ao toque,

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mais suave do que milhões de luas. A fragrância do corpo de Shri Krishna é como o fluxo do
néctar que é capaz de mergulhar todo o universo dentro de Seu doce aroma.

Nota: Shrila Kaviraja Gosvami faz o seguinte comentário a esse shloka no seu Cheitanya
Charitamrita:

Krishna Rupa, sabhha,sparsha, sourabya,adhara rasa,jara madhurya kathan na jaya dekhi


lobhi panchajana, ekasva mora mona, chari panche panchakike dhaya sakhi hey, suno mora dukher
karan! Mora panchindriagan, mahalampata dusyagan, sabe kore hare pora dhan ek asva ek khone,
panche panchakike tane, ek mona konadike jaya ek kale sabe tane, gelo ghorar parane, ei dukha sahane
na jaya indriya na kore rosha, iha sabar kaha dosha, krishnarupadi maha akarshana rupadi pancha
panche tane, gelo pancher parane, mora deha na rohe jivana Krishna rupamrita sindhu, tahar taranga
binduy, ek bindu jagar dubaya tri jagata jato nari, tar chitta ucchagiri, tahe dubaya age uthi dhaya Krishna
vacana madhuri, nana rasa narmadhari, tar anayaya kahana na jaya Krishna anga susitala, ki kahibo tar
bala chataya jini kotindu candan as saila nari bakha taha akarsitadakha, akarsaye narigana mona
Krishnanga adharamrita. Tahate karpura mandasmita, svamadhujye hare narir mona anyatra charaya
lobha, na paile mona khoba, brajanariganer mula dhan eto kahi gourhari, duijana kanta dhari, kabe suna
svarupa rama raya kaha karou kaha janga, kaha gele Krishna panga dohe more kahe upaya.
- Shri Cheitanya Charitamrita

A doçura da forma, som, toque, aroma e gosto dos lábios de Shri Krishna não
podem ser descritos em palavras. Meus cinco sentidos são como cinco pessoas diferentes,
ansiosas que estão sendo seguidas pelo cavalo de minha mente.

Ah! Sakhi, ouça a razão de meu sofrimento. Meus cinco sentidos são como cinco
grandes ladrões flertadores. Se um cavalo é puxado para cinco diferentes direções, para qual
delas será atraído? Sem demora, contudo, esses cinco ladrões estão puxando, e assim a vida de
minha mente que é como o cavalo, morreu; essa dor é intolerável! Por outro lado eu não posso
culpar os meus sentidos pois não é culpa deles, porque a forma e o toque de Krishna são muito
sedutores. As cinco qualidades de Krishna pela força empurra meus cinco sentidos até o estágio
da morte e por essa razão meu corpo também não pode continuar vivo!

Só uma gota das ondas do oceano do néctar do corpo de Krishna é o suficiente


para submergir todo o universo. A mente de todas as belas mulheres dos três mundos pode ser
como grandes montanhas, todavia, todas essas mulheres são as primeiras a mergulhar neste
vasto oceano das doçuras inumeráveis de Shri Krishna. O esplendor das palavras de Krishna são
assombrosos, hábeis e cheio de rasa, mas muito perigosos porque essas palavras doces roubam
a vida de todas as mulheres no universo. O corpo de Krishna é muito refrescante, quem pode
descrever sua atração? Só com um fragmento de seu corpo pode-se derrotar o efeito refrescante
de um milhão de luas de chandana. Por essa razão o corpo de Krishna é perito em atrair as
mentes e seios semelhantes as montanhas de todas as mulheres. A fragrância do corpo de
Krishna pode conquistar o orgulho do aroma do lótus azul mesclado com almíscar. Quando essa
essência é sentida pelas mulheres e fixa ali sua residência, todas elas ficam atraídas por ele. O
néctar dos lábios de Krishna ademais é aumentado pelo encanto de seu sorriso gracioso como
cânfora, que também conquista a mente de todas as mulheres. Por saborear esses lábios todas
as outras atrações cessam de existir. Então, outra vez, na falta de seu gosto uma grande
angústia surge porque essa doçura é a única verdadeira riqueza das Vraja Gopis.

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Desse modo com o estado mental de Shrimati Radharani, Shri Gourahari


abraça Svarupa Damodara e Ramananda Raya em torno do pescoço, falando o seguinte: “Onde
eu irei? Quem pode me dizer onde Shri Krishna pode ser encontrado? Um de vocês por favor me
relate isso!

A Chegada de Dhanistha Sakhi!


(Gourachandrika)
Enquanto isso Raghava Pandita (no estado mental de Vraja svarupa Dhanistha
Sakhi) chegou diante de Shri Gourasundara. Ele passou a narrar as notícias de Krishna que
Dhanistha relatou a Shri Radha nessa hora em Vraja. Vendo Gourahari muito ansioso, Raghava
Pandita usando uma linguagem com duplo sentido começou a descrever o ‘rupa madhuriya’ de
Shri Krishna relacionando-o com a beleza da colina de Shri Govardhana na primavera. Intoxicado
pelas palavras cobertas com mel de Raghava Pandita, desejando ouvir sobre as notícias de Shri
Krishna mais livremente, Shri Mahaprabhu perguntou: “Sakhi onde você está indo agora?
Raghava Pandita respondeu: “Eu vim para cá.” Shri Mahaprabhu: “Para que?” Raghava Pandita:
“Para contar as novidades.” Shri Mahaprabhu: “Que novidades?” Raghava Pandita: “A de Vraja
Chandana”. Shri Mahaprabhu: “Qual é ela?” Raghava Pandita: “É que Shri Krishna está cheio de
medo do seu grande inimigo Kandarpa Raja (cupido). A esse respeito Krishna está desamparado
e não tem armas. Por outro lado, Madan (cupido) tem muitos soldados que estão pesadamente
armados. Sendo assim como resultado Madan Raja está torturando Shri Krishna com sua força
vastamente acumulada. As flechas de flores de Madan, junto com seus muitos soldados, como
os kokilas, os cucos, abelhas e as brisas refrescantes da primavera, mantém Krishna preso na
floresta ao lado do seu kunda (Radha Kunda). Portanto ele está pedindo sua ajuda para escapar
desse inimigo torturador. Ei Radhe! Ele salvou você em várias vezes do perigo no passado, mas
agora contudo, ele próprio ficou numa situação precária. Assim se você não for lá dar a sua
associação pessoal e resgatá-lo dessa situação perigosa, então você também terá que sofrer ao
ser chamada de ingrata. Shri Krishna após se decorar e vestir-se totalmente e se deitar numa
cama de flores, deixando de lado qualquer outro assunto só fala de você.

Ó casta senhora! O que mais posso dizer da beleza da forma de Krishna? Sua
refulgência corpórea é como a da nuvem de chuva recém formada. Ele está usando uma roupa
amarela que se assemelha ao ouro derretido, em suas orelhas ele usa brincos como tubarões e
todo seu corpo está untado com essência e desenhos feito com cúrcuma e chandana. Os olhos
de Krishna parecem pétalas de lótus brotando e em seu peito ele usa uma guirlanda de flores
Jutika dourada e em sua cabeça uma coroa com seu topo adornado com uma pena de pavão.
Ele está agora parecendo com um grande oceano jovem nectáreo, no qual as águas da beleza
se manifestam, com as ondas que se elevam da refulgência corpórea e os lagos dos desejos dos
cupidos. Dessa maneira quando ele toca sua flauta, as mentes como gramas das donzelas de
Vraja caem nas ondas desse oceano de juventude e afundam.

“Ei Radhe! Por favor vá para lá e determine que suas recém chegadas servas
façam todos seus esforços exitosos! Embora ele seja como a jóia desejada de todas as belas
mulheres, ainda assim ele está supercativado pelo seu prema. Sua mente foi atraída pelas

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flechas do cupido e ele se abrigou em você. Em sua separação ele tem desmaiado. Portanto,
sem demora, por favor, vá e alivie todos esse sofrimentos das dores da sua separação.

Desse modo, ao ouvir as palavras nectáreas de Shri Raghava Pandita, Shriman


Mahaprabhu no estado mental de Radha começou a manifestar simultaneamente várias
emoções contraditórias como grande ansiedade e repressão. Contudo, sentindo tristeza e dúvida
ele passou a falar o seguinte a Raghava Pandita: “Ó Dhanistha! Você não sabe que é devido a
separação de Chandravali que Krishna ficou tão reprimido. Shri Raghava Pandita falou o
seguinte: “Ó Radhe! Krishna enganou a sakhi de Chandravali, Saibya, e agora às margens do
seu kunda (Radha Kunda), ele está sofrendo devido a sua separação! Agora, ouça o que eu
tenho a dizer, Vrinda devi, quando se aproximou de Krishna deu a ele duas flores Karnika, o que
fez com que ele só se lembrasse de você. Então quando ela o levou para Madan Sukhada Kunja,
o cenário da bela floresta incrementou ainda mais sua absorção em suas características. Vendo
o modo hábil com o qual o kunja tinha sido decorado, Shri Krishna com ansiedade disse: “Vrinda!
Se sua priya sakhi Shri Radha chegasse aqui de repente na cabana da floresta e então passasse
algum tempo desfrutando comigo, essa atmosfera encantadora que você criou com toda a sua
decoração artística, de certo teria sido exitosa!”

“Ah! Vrinda, anteriormente eu fui observado por Tulasi Manjari no caminho,


enquanto conversava com Saibya. Se Radha tivesse a chance de ouvir essas notícias dela,
talvez não venha hoje por ciúme. Portanto, seria melhor você enviar uma de suas servas para
informá-la de minha situação atual. Então ele disse: “Dhanistha! Vá até Radha e descreva minha
condição intensa a ela. Você também pode tentar persuadir Lalita para auxiliar na aceleração das
coisas para sua vinda aqui.

Então Krishna disse: ‘Ó Vrinda, você pode arranjar para colocar uma de suas sakhis
habilidosas próximas da estrada dos vaqueiros. Caso algum de meus sakhas venha por esse
caminho me procurar essas sakhis devem falar de um modo que impeça que eles venham aqui.
E Vrinda você deve fazer uma outra coisa. Coloque mais uma de suas pessoas experientes e
hábeis no caminho na direção de Gouri Tirtha. Se por acaso uma das sakhis de Chandravali vier
me procurar elas devem do mesmo modo serem mantidas à distância.”

Em seguida quando Krishna nota que Madhumangala está cheia de vigor olhando
na direção das bananas maduras próximas, ele brincando disse: “Vrinda, se por acaso você ver
que Madhumangala estiver com fome olhando para o cacho de bananas é melhor oferecer dois
cachos porque um cacho não será suficiente para encher seu estômago”.

‘Batu’ (apelido de Madhumangala) então disse: “Eu posso estar famintaaa mas por
que preciso depender de Vrinda? Se você me der a ordem, então, sem problemas, seguirei e me
satisfarei plenamente.”

Desse modo, de acordo com a sugestão de Krishna, Vrinda colocou duas pessoas
experientes para cuidar dos dois caminhos, o que sai do Gouritirtha e o dos pastores, que
mantiveram os olhos vigilantes esperando sua chegada.

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A Partida de Radha para a Execução do


Surya Puja
(Gourachandrika)

Após ouvir essas notícias de Shri Krishna de Raghava Pandita, as dúvidas de


Shriman Gourasundara foram dissipadas. Então no estado mental de Shri Radha ele começou
sua jornada a floresta para encontrar-se com Shri Krishna sob o pretexto de executar Surya Puja.
Enquanto Shrimati com sua mão esquerda segurava Kumbalata sakhi, com sua mão sua direita
girava uma flor de lótus azul, desse mesmo modo Shri Gourasundara cobrindo sua cabeça com
um chadar vermelho começou seu “abhisara” (jornada secreta do Nayika a procura de sua
amada) na busca de Shyamasundara. Movendo-se rapidamente como um cisne deslizando
sobre as águas, Shri Goura Hari com seus olhos de lótus inquietos e em ansiedade, prosseguia.
Todos os devotos tentando acompanhar seus passos, executavam o sankirtana muito
melodiosamente. Em frente de Mahaprabhu, Raghava Pandita e Raghunatha Das Gosvami no
estado mental de Dhanistha e Tulasi Manjari com ansiedade seguiam a frente como se fazendo o
reconhecimento do caminho. Em ambos os lados do Senhor estavam Shri Svarupa Damodara e
Ramananda Raya (no estado mental de Lalita e Vishaka). Em todas as direções todos os outros
devotos prosseguiam com Gourachandra. No estado mental das manjaris de Shri Radha, Shri
Rupa, Shri Sanatana e os outros Gosvamis, Guru Varga e o sadhaka seguiam carregando todos
os itens necessários para a execução do Surya Puja.

Mahajana Pada
hema saiye ati goura, sumadhura hasa thora, jagajana nayanananda piriti murati,
Rupa svarupa dhara, aichan proti anya bancha aju kiye navadwipa canda! Kamini kama, kalita tachu
manasa. Gati achu gaja jini manda majha dinahi puna, basane avrita tanu, kahatabhi pujaba surya kampa
pulaka ghama, svorbhanga anupama, nayanahi jala poripura bama bujahi, basane mukha jhapi, bama
nayane ghana caya radha moham das, citte abhilashi, soi caran janu paya

1 - Mesmo após grande dificuldade na procura o livro Shri Kundalata Goura Lila Svarupa não
pode ser encontrado.

Shri Gouranga é ainda mais dourado do que o ouro e com seu sorriso sumadhura
ele traz felicidade aos olhos de todos os residentes do universo. Quando combinados, cada
membro de seu corpo forma uma murti do amor. Hoje, como poderei ver Navadvipa Chandra?
Como uma Vraja Kamini (gopi) na posse de desejos intensos, ele prossegue pelo caminho, com
passos que derrotam o orgulho das passadas do elefante. A cintura de Gourasundara é tão
elegante. Sua cabeça está coberta com um pano delicado e ele diz eu vou adorar Surya Deva.
Nessa mesma hora, seu corpo apresenta sintomas de emoções sattvicas tais como tremores,

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eriçar de cabelos, voz embargada, suores, e lágrimas pesadas que fluem de seus olhos.
Prosseguindo no caminho com seu rosto coberto pela borda do chadar sua mão esquerda, bem
como seu olho esquerdo começam a tremer (isso é um augúrio auspicioso). O poeta Shri Radha
Mohan Thakura conclui dizendo: “O único desejo dentro da minha mente é alcançar o seva aos
pés de lótus de Shri Gouranga.

PROGRESSÃO DO LILA SMARAN

Quando Shrimati Radharani deixa a casa de Jatila na vila Javat e pega a estrada
em direção ao Surya Kunda, ela, com a borda do seu sari, cobre a cabeça e passa a ver vários
auspiciosos sinais. Do mesmo modo também, Gourasundara começa a testemunhar numerosos
sinais de boa fortuna, tais como mulheres castas carregando potes de iogurte em suas cabeças.
Do lado direito, pássaros Nilakanta, brâmanes, cervos, vacas com seus bezerros recém
nascidos, etc. Então passando ao lado do lago, Shriman Mahaprabhu um enxame de abelhas
negras dardejando sobre o campo de flores de lótus que desabrocham, faz com ele que se
lembre dos olhos negros e inquietos de Shri Krishna e fica momentaneamente paralisado.
Observando esses vários sinais de bons augúrios, Shri Gouranga fica enlevado e confiante de
que certamente hoje ele vai obter a associação do filho de Nanda Maharaja. Desse modo,
sorrindo e brincando com seus devotos priya pelo caminho ele prossegue adentrando no imenso
jardim de flores da residência de Shrivasa Thakura. Dentro desta vasta área florestal a brisa sul
refrescante carrega o aroma de muitas variedades de flores aromáticas. Nos recentes brotos das
mangueiras os pássaros kokilas cantam alegremente na quinta nota. Dentro desses jardins
também, os pavões enlouquecidos roubam a mente com sua dança encantadora, enquanto
numerosos cervos vagam daqui para lá. Observando essas cenas maravilhosas Shri
Gourasundara se lembra das doçuras inumeráveis de Krishna e outra vez fica tomado pela força
do cupido. Do mesmo modo que a floresta tem uma forma escura, também tem o corpo de Shri
Krishna. Vendo as flores Tilaka, Shri Gouranga se lembra também da testa de Shri Krishna, que
é decorada com ornamentos de tilaka. Então, observando as árvores belas Arjuna, Shri
Mahaprabhu se lembra que Krishna é do mesmo modo rodeado pelo Arjuna Sakha e seus muitos
outros amigos. Esta floresta está repleta com muitos pavões dançarinos e do mesmo modo a
cabeça de Shri Krishna está adornada com pena de pavão. Nesse jardim existem flores
Champaka e Punnaga por toda parte, do mesmo modo no peito de Shri Krishna pode-se ver uma
guirlanda bonita feita dessas mesmas flores. Assim, desse modo a beleza da floresta estimulava
a profunda absorção de Shriman Gourasundara no ‘manohara-rupa’ de Shri Krishna e o cupido
também continuava a devastar sua mente.

O Premabranti de Shri Mahaprabhu


(uma visão enganosa causada pela absorção intensa)

Continuando na busca por Shri Vrajendra Nandan, os olhos de Gouranga


Mahaprabhu repousaram sobre a árvore Tamal que estava no caminho à sua frente. Na base da
árvore Tamal havia uma plataforma para se sentar, e uma trepadeira de jasmim dourada crescia
em volta do tronco dessa árvore. Nessa árvore Tamal pavões moviam-se inquietos de galho em
galho. Na primeira visão Gourasundara confundiu essa cena como sendo Krishna abraçando
outra Vraja Ramani. Então no estado mental de Radha seu poder de raciocínio se perdeu. Com

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suas sobrancelhas arqueadas e uma ira amorosa de ciúmes, falou o seguinte a Raghava
Pandita:

“Ó Dhanistha! O que é isso?”

-Raghava Pandita: “Onde?”

-Shri Mahaprabhu: “Olhe a sua frente!”

Raghava Pandita: “Eu só vejo os arbustos e árvores.”

- Mahaprabhu: “O que é que existe ali?”

- “Apenas a floresta e nada mais.”

- “ Dhanistha você não vê que o maior dos enganadores está dançando bem em frente a
você? Ah! ingênua, Por que você não abre seus olhos?

Raghava Pandita se dirigiu então a todos os devotos reunidos liderados por


Svarupa Damodara: “Sakhis! Venham ver a dança extraordinária que o rei dos enganadores (Shri
Krishna) fez entre esses dois dançarinos (Radha e Krishna). Essa pessoa habilidosa me enviou
como mensageiro para convidar você também para testemunhar essa forma estranha de
dançar!” Raghava Pandita então com um sorriso no rosto falou o seguinte a Shriman
Mahaprabhu:

“Ó casta senhora! Você não nos convidou para obter o darshan de sua dança
fantástica? Sakhis, vamos todos até Krishna e descrever o modo incomum que Shrimati está
dançando.”

Vendo todos os devotos rirem Shri Gourasundara outra vez olhou para a árvore
Tamal envolta em uma trepadeira de jasmim dourada: então reconhecendo o erro Ele ficou
embaraçado.

Uma Oração Diante de Surya Deva


Prosseguindo, Shri Gourasundara e seus devotos chegaram no kunja chamado
‘Madanrana Batika’ dentro do jardim florestal de Shrivasa Thakura. Nesse kunja existe um Surya
Mandir. Shri Gourasundara adentrou no mandir e chegando diante de Surya Deva ofereceu seus
pranams e começou a falar o seguinte:

“Deva! Ó encantador, por favor dê suas bênçãos pois assim sem dificuldade posso
alcançar o sanga próximo aos pés de lótus de Shri Govinda. Após isso, ao ver o rosto e olhos da
murti demonstrando satisfação, Gourasundara considerou que a graça de Suryadeva estava com
ele. Após oferecer repetidas reverências, Shri Mahaprabhu saiu do mandira. Svarupa Damodara
então deu ordens para que dois devotos ficassem ali para cuidar de todas as parafernálias da
execução do Surya Puja.

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A Conversa Entre Shri Radha e Vrinda


(Gourachandrika)

Depois disso...

Das águas transparentes do Ganga, as flores de lótus recém desabrochadas


atraem enxames de abelhões enlouquecidos; a fragrância dessas flores de lótus é levada em
todas as direções pelas brisas do sul. Quando esse aroma chega às narinas de Shri
Gourasundara, ele imagina que o cheiro corpóreo maravilhoso de Shri Krishna chegou até ele.
Então ele voa na direção das flores como uma abelha intoxicada. De repente ao ver Shri
Mukunda Das de pé a sua frente, Mahaprabhu imagina que era a própria personificação de seu
desejo interno (esse Mukunda Das é um residente de Shrikanda, o pai de Shri Raghunandan, e
Vrinda Devi em Vraja).

Mukunda das então veio e colocou uma flor de lótus azul nas mãos de
Gourasundara. Devido a essa fragrância ser a mesma do corpo de Krishna, emoções asta-
sattvicas de repente aparecem no corpo de Gourasundara. Levando o Senhor pela mão, Shri
Mukunda o guiou até um local muito bonito onde havia grande brotos de uma mangueira. Na
base da árvore há um ‘vedi’ (plataforma) circular para se sentar, onde cresce uma vinha de flor
Madhavi. Essa trepadeira Madhavi se entrelaça na parte de cima com incontáveis flores recém
desabrochadas. O fragrante pólen dessas flores Madhavi cai cobrindo todo o vedi. Mukunda
sentou Gourasundara num asana macio nesse grande vedi. Todos os devotos se sentaram a
Sua volta. Mukunda das indicou para que Svarupa Damodara iniciasse o kirtana e saiu para
fazer arranjos para o ‘Jugal Milan’ de Goura e Gadadhara, e todos os lilas que aconteceriam em
seguida. Conhecendo a mente de Shri Mahaprabhu, Svarupa começou a cantar sobre o encontro
de Shri Radha e Vrinda Devi e a conversa que ocorreu nessa hora. Ouvindo o kirtana melodioso
Shri Gouranga e todos os devotos mergulharam no oceano de Vraja Lilamrita.

A narração é a seguinte: (Extraído do Govinda Lilamrita)

Shri Radha disse: “Eh! Vrinda, de onde você vem?”

Shri Vrinda: “Do abrigo dos pés de lótus de Krishna.”

- “Onde ele está?”

- “Na floresta às margens do seu kunda”.

- “O que ele faz?”

- “Ele aprende a arte da dança.”

- “Quem é seu Guru ou instrutor?”

- “A sua murti, Radhe! Em outras palavras ele está olhando para sua forma em cada folha
de árvore, em cada objeto móvel ou imóvel. Isso faz com que Ele dance como um

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perito!” -“ Vrinda, você deve estar errada, a murti que ele vê não é a minha; é a de
Chandravali. Krishna é como uma abelha que está voando nos ventos do ciclone do
aroma corpóreo de Chandravali, que foi instigado pelas sakhis dela Padma e Saibya.”

- “Radhe, do mesmo modo que subjugou o demônio Trinavarta, Krishna, também evitou
os fortes ventos da associação de Chandravali e desviou todo o grupo liderado por
Saibya. Elas foram mandadas por Krishna bem longe, para o Gouri Tirtha!”

- “Vrinda, qual é a utilidade de ouvirmos todos esses assuntos, só viemos aqui para tomar
nosso banho no Shyama Kunda, e após executar o Surya Puja retornaremos para casa.
De qualquer modo, esqueça toda essa conversa, onde você está indo agora Vrinda?”-
Radha aqui esconde suas intenções.

- “Eu vou para o abrigo dos pés de lótus dEle.”

- “Para que?”

- “Para falar algumas palavras que aumentem Seu reino de auspiciosidade”.

- “Que boa fortuna é essa?”

- “A estação da primavera (com um segundo significado: ‘Madhava’) com toda sua


opulência veio decorar a floresta de Vrindavana; e agora tudo que é necessário é a
misericórdia do seu olhar favorável!”

Ouvindo essas palavras, Shri Kundalata então disse: “Vrinda, abandone seus
esforços como falsa mensageira! A sogra de Radharani, Jatila, devido as intensas dúvidas
colocou Radhika sob os meus cuidados para a execução do Surya Puja. Eu a levarei para o
Shyama Kunda para o banho e depois prosseguiremos para o Surya Mandir para a execução do
Puja. Se por acaso acontecer de vermos Krishna no Shyama Kunda não ficaremos lá;
seguiremos para o Manasi Ganga para o banho. Devo cumprir a promessa que fiz a Jatila; na
direção que percebermos o aroma do corpo de Krishna, não iremos!”

Então Vrinda disse; “ Kundalata, por que você vai ao Manasi Ganga temendo a Shri
Krishna? Basta vocês seguirem o caminho pela floresta onde se manifesta a estação da
primavera e sem dificuldades vocês chegarão ao Shyama Kunda para o banho naquelas águas
nectáreas: Krishna não as verá nesse horário.”

Ouvindo as palavras de Vrinda, Lalita respondeu: “ Kundalata, você é uma jovem


audaciosa, por que haveria de temer nosso primo Shri Krishna?”

Shri Radha então disse a Lalita: “Sakhi, iremos e tomaremos banho no meu kunda,
desfrutando a presença da primavera (com um segundo significado, ou seja: Madhava); o que
poderá Krishna fazer a nós? Vrinda vá rapidamente lá. Como todas somos senhoras você deve
tirá-lO daquela área. Não é apropriado que nenhum homem observe nosso banho! De fato Ele
não passa de um vaqueiro, que vantagem Ele terá ao nos ver tomar banho?”

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Vrinda então disse: “ Radhe, eu sou educada por natureza e Krishna é muito rude –
como vou poder tirá-lO daquela área? Por outro lado você é uma jovem robusta, decerto você
poderá mandar esse jovem com pena de pavão sair do caminho!”

Ouvindo isso Shri Kundalata destacou: “Vrinda, você está entendendo mal quando
Chandi, (a esposa de Shiva, nesse caso com o sentido de Radha) escorraça Pasupati (Shiva, o
mantenedor dos animais – com o sentido de Krishna nesse exemplo), apesar disso ela é a
melhor metade dele!”

Lalita então comentou: “Sakhis essa bela Kundalata (flor silvestre) foi desfrutada por
uma abelha (Madhusudan) e agora ela quer se abrigar na árvore Punnaga (com um duplo
sentido, ou seja, Krishna). “

Ouvindo todas essas palavras todos ali começaram a sorrir. Ao ver Radha muito
ansiosa pela associação com Krishna, Vrinda falou o seguinte:

“Sakhis vendo o pássaro Chataka sedento (Krishna tomado pela ansiedade de


beber o néctar das nuvens recém formadas, Shri Radha) não será o dever de ventos favoráveis,
(as sakhis), juntarem esses dois? Assim portanto vocês sigam adiante e se banhem no Krishna
Kunda do Manas Pavan Gath; e depois disso adorem Mitra (significando o Deus do Sol, ou amigo
– Shri Krishna). Quanto a mim, tenho alguns afazeres e por essa razão ficarei aqui.”

Ouvindo as palavras de Vrinda, Radha e as sakhis seguiram adiante. Vrinda Devi


muito habilidosa, chamou dois papagaios fêmeas chamados Sukhmadi e Subha.

Sukhmadi foi enviada para a aldeia Javat para obter informações sobre os
movimentos de Jatila, e Subha foi para o Gouri Tirtha para saber dos movimentos de
Chandravali.

Depois disso, quando Vrinda visitou seu pavilhão, viu que centenas de servas
haviam feito arranjos com ingredientes e parafernálias que serão necessárias para os lilas
vindouros, ela, extaticamente louvou a todas pelo seva de primeira classe. Pelo arranjo de Shri
Vrinda e suas muitas servas, Holi Julan, ‘Madhupan’ (o beber do néctar), ‘Bon Bihar’ (viajante)
‘Jala Keli’ (brincadeira com água), vestindo e ornamentando, Bon Bhojam (piquenique) ouvindo a
recitação dos papagaios macho e fêmea e Pasa Kela (um jogo executado com uma prancha de
dados) todos vão acontecer um após o outro. Após colocar todas as parafernálias e itens
necessários para esses passatempos em locais adequados, Vrinda Devi junto com Nandimukhi e
muitas outras servas se esconderam atrás dos arbustos para testemunhar o espetacular ‘Jugal
Milan’ de Radha e Krishna.

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ANÁLISE DO RASA
Até esse momento a condição de ‘Purva Raga’ de Shrimati Radharani foi descrita
por meio de Gourachandrika. Purva Raga é o estágio anterior ao encontro de fato que ocorre
entre o ‘Nayak e Nayika’ (herói e heroína). No livro “Ujjvalla Nilamani” quatro aspectos do
‘Vipralambha Rasa’ (prema em separação) são discutidos por Shrila Rupa Gosvami. Esses
quatro tipos são os seguintes: Purva Raga, Mana, Prema Vaichitya e Pravasa.

Dentro da categoria de Purva Raga, o saborear de prema Bhakti de Shriman


Gourahari do ponto de vista de Shri Radha é o assunto mais extraordinário e espetacular. A
declaração que Shriman Mahaprabhu está constantemente saboreando o nama madhur, rupa
madhuri, guna madhuri e lila madhuri de Shri Krishna do ponto de vista de Shri Radhika decerto
é correta, mas tentar uma explicação adicional sobre a natureza desse prema, auxiliará a nossa
apreciação e compreensão da força dinâmica por detrás dos movimentos internos de Shriman
Gourasundara. Nesse mundo é extremamente raro que o devoto possa progredir além dos
estágios de Sadhan Bhakti chegando à plataforma de Bhava: e o que falar de Bhava Bhakti, onde
prema nem de perto é ouvido. No nível de prema Bhakti, a apreciação pelas múltiplas doçuras de
Krishna fica extremamente exaltada, bem além dos limites dos devotos comuns que podem
apenas ligeiramente estarem aptos a apreciar esses assuntos. Esse prema que vem após os
estágios progressivos de Sadhana Bhakti e Bhava Bhakti, todavia não é do mesmo nível do
Prema que é saboreado e experimentado por Shri Gouranga Deva e os associados eternos
nessas narrações.

Se o sadhaka for afortunado, pela misericórdia de Shri Guru, Vaishnava e


Gourasundara, pode alcançar prema durante essa vida, o Senhor Se revelará a esse devoto.
Shri Visvanatha Chakravarti em seu “Ragavartma Chandrika” explica que esse raro e afortunado
bhakta, então nascerá no ventre de um associado Nitya do Senhor no universo em que o Prakat
Bhauma Lila de Cheitanya Mahaprabhu estiver se manifestando. Lá, quando o devoto é elevado
e trazido a associação do Senhor e Seus devotos, o nível de Prema aumenta naturalmente a
níveis progressivos superiores de Sneha, Mana, Pranaya, Ragha, Anuraga, Bhava, e finalmente,
Mahabhava Prema. Na hora que esse bhakta alcança a idade de kishora, o “Stayi Bhava”
(doçura permanente) de Maha Bhava Prema se torna sua natureza constitucional. Nessa hora o
devoto está totalmente apto a prestar serviço direto a Shriman Gourasundara sentindo o mesmo
nível que a felicidade transcendental do Senhor.

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Quando Shri Gouranga finalmente conclui o Prakat Bhauma Lila e parte com os
associados para Sua morada de Goloka, nessa hora também os devotos retornam com o Senhor
alcançando o destino final. Nesse ponto a diferença entre o sadhana Siddha e nitya Siddha não
existe mais. Em outras palavras, esse afortunado bhakta se tornou uma parcela da potência
Shakti Svarupa do Senhor.

Essa narração do saborear de Purva Raga de Shrimati Radharani de Shri


Gourasundara vai além de Mahabhava. O adi rasa Tattva Acharya e rishi da Gaudiya
Sampradaya Shri Rupa Gosvamipada, como testemunha ocular direta dessas transformações
altamente incomuns de Prema Bhakti narra no livro Ujjvala Nilamani sobre o Stayi Bhava
Prakaran como se segue:

O Mahabhava se divide em duas seções básicas, Rudha e Adhirudha.

No estágio Rudha todos os oito tipos de emoções sattvicas como lágrimas,


tremores, cabelos arrepiados, perda da tez corpórea, etc., permanecem constantemente numa
condição inflamada ou “sudipta”. Contudo, existe o estado indescritível chamado Adhirudha
Mahabhava Prema. Nesta condição todas as emoções Asta sattvicas continuam inflamadas até o
limite extremo da tolerância.

Adhirudha Mahabhava Prema é melhor expressada por meio de dois outros


estágios: Modan e Madan. O primeiro estágio Modan é tão raro que apenas se encontra nas
sakhis e manjaris do “juta” ou grupo de Shri Radha. Dentro desse aspecto Modan ainda existem
estágios seguintes que se manifestam durante a hora da separação chamada Mohan. Por
exemplo, no Bhagavata é descrito que quando Shri Krishna parte de Vrindavana e vai a Mathura
as dores da separação de Shrimati Radharani se tornam tão agudas que ela enlouquece e
testemunhando esse estado suas sakhis e manjaris também enlouquecem. Esse estado de
loucura divina é tecnicamente chamado Divvyonmada que é uma parte e parcela do aspecto
Mohan do Modan Adhirudha Mahabhava. Dentro dessa condição Divyonmada encontram-se
muitas variedades de circunstâncias mentais começando com “Udgurna” e os diversos tipos de
conversas loucas que são encabeçadas pelo “Citrajalpa”. Acima desse estado de Modan fica a
mais assombrosa e única plataforma de sabor transcendental chamada Madan.

Esse aspecto ‘Madan’ de Adhirudha Mahabhava é o ‘Mukuti mani’ ou a jóia da


rainha de todas as quatro formas de prema. Isso é propriedade exclusiva de Vrindavana Isvari,
Shri Radha e de ninguém mais. Esse Prema não se acha nem em Shri Lalita ou em nenhuma
outra sakhi de Radha!

Essa condição se manifesta durante o momento da união dela com Shri


Krishna.

Com todas essas informações agrupadas pode-se considerar que uma vez que
Shri Cheitanya Mahaprabhu saboreia esse elevadíssimo gosto da separação de Shrimati
Radhika, na hora do Purva Raga, isso deve ser Modan Adhirudha Mahabhava do aspecto
Mohan. A resposta a essa assertiva contudo é não.

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Corretamente se declarou que Cheitanya Mahaprabhu está sempre situado


dentro do Stayi Bhava de Madan Adhirudha Mahabhava, que é a própria natureza constitucional
de Shri Radhika.

Até esse ponto pode ser dito, no livro Ujjvala Nilamani está descrito que Madan
Adhirudha Mahabhava se manifesta durante a hora da união, mas agora durante a hora do
Purva Raga o humor de separação prossegue; como podemos dizer que ocorre dessa maneira?

Para tornar mais claro esse assunto, o comentário de Shrila Visvanatha


Chakravarti sobre esse shloka em relação a esse pada diz: “O Madan Adhirudha Mahabhava é
tão único e uma condição tão fascinante de Prema, que durante os momentos de sambhoga
(união) com Krishna, Shri Radhika experimenta simultaneamente todos os sintomas e
sentimentos que ocorrem durante a hora da separação. E também durante o período da
separação todos os estados mentais e sensações tais como abraçar, beijar, etc., podem do
mesmo modo serem sentidos por meio de “spurti” ou visão divina.”

Em outras palavras o Maha Prema de Shrimati Radharani é tão único que ela
pode experimentar separação em união e em seguida união com separação!

O ‘Rasika Sekhar’ de Shri Krishna a fim de redescobrir e explorar os limites do nível


assombroso do Prema Bhakti de Shrimati Radhika, descende em pessoa como Shri Cheitanya
Mahaprabhu. O associado eterno do Senhor Shri Vasudeva Ghosh sublinhou a razão principal
para o aparecimento de Shri Gouranga Deva com as seguintes palavras: Jadi goura na hoto, ki
mene hoito kemone dhoritam de Radhar mahima, prema rasa sima, jagate janato ke?

Se Gouranga não viesse, o que aconteceria? Quem poderia mantê-lo calmo?


Pois dentro da grandeza de Shri Radha pode ser encontrado o limite extremo de Prema Rasa; e
é Shri Gouranga quem tornou todos esses assuntos conhecidos para o mundo!

Até esse ponto, o saborear de doçuras transcendentais de Shri Gouranga no


estado mental do Purva Raga de Shri Radharani continua. A rasa ‘Vipralambha’ eleva as
emoções do encontro e por essa razão a separação é um aspecto nutritivo para os passatempos
conjugais de Radha e Krishna.

Agora o estado mental do lila muda totalmente quando o profundo rio da


separação em intensa expectativa mergulha no ‘Mahananda Sukha Sagar’ dos passatempos
conjugais.

Experimentando o darshan incomparável do ‘Jugal Milan’de Radha e Krishna, a


própria Yoga Maya na forma de Shri Paurnamasi Devi diz:

“Se Radha e Madhava não tivessem descido a esse mundo, então toda essa
criação seria inútil! O que falar do cupido com sua influência de energia do amor, que captura as
mentes de todos os homens e mulheres dentro do universo; - sem Radha e Govinda, essa
potência de amor também existiria sem causa.”

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Shri Shri Radha e Govinda são o casal original do qual todos os amores
conjugais e prazeres emanam. Shri Krishna é o prazer personificado e Shri Radha é a deusa do
amor; Prema Lakshmi Maha Bhava Svarupini. Por essa razão, do Jugal Milan dessa dupla os três
mundos se tornam vívidos com ‘Premananda’.

O Vraja Madhyana Lila é preenchido com ‘Sambhoga Rasa’ (passatempos


conjugais) por essa razão a extensão desse período (bem como do lila noturno) é dobrado
comparado com outros períodos. Quando Navadvipa Lila segue o formato dos passatempos do
Raja Mandala, o Madhyana Lila de Gourasundara também é dobrado em duração.

“Puspa Cayan Lila-Vinoda”


(O lila divertido de pegar flores)
Por um bom tempo o querido associado de Shri Gouranga, Shri Gadadhara
Pandita esteve escondido por detrás dos arbustos observando o estado mental do Senhor como
Radha no humor de Purva Raga. Observando atônito, Gadadhara Prabhu passou a considerar
mentalmente: “Veja como Gouramani enlouqueceu ao sentir todas minhas preocupações
internas anteriores”. Pensando dessa maneira um suave sorriso Madhura começou a se
manifestar na cativante face de Gadadhara.

Continuando a pensar ele considerou: “Meu ‘Prana-Vallabha’, do mesmo modo que


eu, fica tão ansioso para obter uma ‘amritamaya-sanga’ de Shri Krishna. Como é possível que
Ele volte a ser aquele ‘Nagarindra Churamani’, Shri Nanda Nandan! Agora o momento do ‘Milan’
chegou; o que pode ser feito? Eu tenho que mudar a direção do humor agora ou como o lila
poderá continuar?”

No Vraja Lalita, Vishakha, e as outras do grupo ‘Asta Sakhi’ são ‘sama-snehabati’.

Em outras palavras, essas sakhis segundo o momento e circunstâncias, às vezes,


ficam do lado de Radha e às vezes do de Shri Krishna. Nesses momentos Shri Gadadhara
Prabhu com sinal de olhos, chama Svarupa, Ramananda e os outros bhaktas para seu lado. Nos
momentos que Cheitanya Mahaprabhu não consegue mais ouvir a canção de Svarupa, Ele
retorna à consciência externa. Então, maravilhado passa a olhar em todas as direções: “para
onde todos os devotos foram?” Bem nesse momento, por detrás das espessas folhagens, numa
clareira próxima, chega o som dos sinos de tornozelos balançando. Ouvindo esse som
encantador, Cheitanya Mahaprabhu no estado mental de ‘Utkantita Nayika’ (No rasa Shastra oito
diferentes situações são descritas para a heroína’. ‘Utkantita é o estágio quando a Nayika chega
ao máximo da expectativa pouco antes de encontrar o Nayaka) de Vraja, se apressam naquela
direção pensando: “Ah! Agora com certeza devo obter o darshan Madhuri direto de Shri Krishna!”
Ao invés disso, contudo, na clareira estava Gadadhara Pandita, cuja cabeça se cobria com um
chadar de um azul profundo. Colhendo flores dessa maneira, ele parecia como uma ‘ nava kishori
Vraja balika’ (uma jovem donzela de Vraja). Junto de Gadadhara estavam Svarupa e
Ramananda, e seguindo atrás com uma cesta cheia até o topo com flores recém colhidas
estavam Rupa, Sanatana e outros. Com o rosto meio encoberto o Rasika Gadadhara manifestou

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um delicado sorriso, com os olhos suaves e misteriosos, furtivamente, penetrou o íntimo anterior
de Gourasundara como uma flecha de flor atirada do arco do cupido. Reconhecendo
imediatamente aquele olhar inesquecível(de Radha), o estado mental de Gouranga de súbito se
alterou e Ele gritou: “Radhe! Ó Prana Priya! Por onde você andou por tanto tempo?”

Ceye gadadhar pane, ami krishna heno mone,

Parihasa kore mana range

“Olhando o rosto de Gadadhara, Gouranga se lembra de repente: “Ah! Eu sou


Krishna e passa a exibir um maravilhoso sorriso!”

Shri Prarthanamrita Tarangini

- Siddha Krishna Das

Vendo Gouranga assumir Sua natureza anterior como Shri Krishna, Gouri Das
Pandita (anteriormente Subal) e Kolaveca (Madhumangala em Vraja), excitados se aproximaram
de Mahaprabhu dizendo: “Eh! Kanai, estivemos procurando por Você, onde esteve?” Então
olhando para Gouri Das e Shridhara, Shri Gouranga num gesto de orgulho maravilhoso, apontou
na direção de Shri Gadadhara dizendo:

“keyam brajapura catura suchori bhramati bone mama lalita kishori”

Quem é essa “nava kishori sucatura chori” (jovem e hábil ladra) que perambula tão
livremente na minha floresta de Vrindavana?

No humor de Subal, então Gouri Das respondeu: “Eu não a conheço, por que você
não se aproxima e pergunta a ela mesma.

Shri Gour-Vanamali, então se aproximando de Gadadhara de uma maneira


habilidosa dizendo: “Quem está arrancando todas minhas flores preciosas do jardim?”

Então, encobrindo o rosto mais ainda, com um chadar, Shri Gadadhara respondeu:
“Ninguém”, e começou a sair fingindo ignorar Mahaprabhu.

Falando como Madhumangala, como se para instigar uma luta amorosa, Sridhar
disse: “Eh! Vraja Raja Nandan! Você viu isso? Todas essas jovens presunçosas de Vraja, sem
permissão estão roubando todas as flores valiosas. Mesmo quando elas são pegas em flagrante,
elas tentam nos evitar de um modo tão audacioso!”

Mahaprabhu: “Você está certo Madhu! Ei ladras! Vocês acham que vão sair assim?
Devido a intoxicação de sua juventude recente, meu esplêndido jardim está arruinado! A única
alternativa que me resta é rebater fazendo um saque para vingar todas as minhas perdas! Desse
modo eu tenho que pilhar e retaliar toda riqueza de sua jovem beleza.

Após dizer essas palavras, com os passos revigorados e amplos, Shri Gour-
Vanamali foi na direção delas e tentou puxar pela borda do chadar de Gadadhara.

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Internamente sentindo êxtase, Shri Gadadhara, , contudo, externamente


manifestou um falso tipo de ira que se combinou na mistura de diversas emoções causando o
famoso ‘Kilakinchita de Shri Radha’.

Observando essa sublime forma da adorável simplicidade anterior de Shri


Radharani, Shriman Mahaprabhu ficou momentaneamente atônito, como se sua mente e coração
começassem a emborcar nas ondas elevadas do oceano de prema. No humor da apimentada
Lalita, Svarupa Damodara foi em sua direção e falou o seguinte a Mahaprabhu: “Ei! pastor de
rebanho! Leve seu gado consigo e volte para a floresta! Que tipo de comportamento desordeiro é
esse? O que faz Você pensar que tem o privilégio de tocar nossa ‘Raja Kumari?”

Shri Gadadhara (na disposição de Radha) então zangado disse a Gouranga: Ei!
Impostor! Ei! desavergonhado! Vá embora! Vá para longe! Todas somos moças puras de
coração e estamos ocupadas em Surya Puja; assim não nos toque. Mesmo se o aroma de seu
corpo atravessar nosso caminho, nos tornaremos impuras e desqualificadas para executar o
sacrifício a Surya Deva!”

Shri Mahaprabhu excitado no humor de Krishna disse: “moça de olhos belos! Você
não vê que me banhei na transpiração de ‘Kama Samudra’ (oceano da luxúria) e agora me tornei
puro. Nesse momento estou procurando por uma pessoa do mesmo modo qualificada (amada)
para encenar o ‘mahojjvalla’ yajna!”

Então, falando como Subal, Gouri Das Pandita entusiasticamente disse a


Mahaprabhu: “Ei! Sakha! Por que você não acalma essa formosa donzela (Shri Radha) com o
abraço de Suas palavras seletas; ou melhor ainda, por que Você simplesmente não a abraça
contra seu peito!”

Ouvindo a declaração de Gouri Das que coloria os divertidos passatempos, a jóia


de toda masculinidade, Shri Gourasundara, sorrindo, com a mão esquerda colocada em Seu
quadril e com a direita tentou retirar o chadar azul e então ele viu... “O que é isso! Ah!
Gadadhara! O que você faz aqui? Vendo Mahaprabhu, assim atônito, Svarupa Damodara, se
adiantou e disse: “Prabhu, agora, estamos todos aqui em Navadvipa!”

amara pube chilam sahcari, ekhan sahacara nadiya braja jeno ek barir duti ghara braja
ache radhar sange, moham bamsi dvani nadiya sankirtan sathe gadhai guna mani ....................

“Anteriormente fomos Suas servas, agora somos servos; pois Nadia e Vraja estão
intimamente relacionadas, como estão dois quartos em uma mesma casa. Anteriormente em
Vrindavana havia Radha acompanhada pelo doce som da sua flauta melodiosa; mas aqui em
Nadia, Você executa sankirtana com Seu parceiro Gadhai guna mani!”

Nesse momento de arrebatamento do Jugal Milan de Shri Shri Gour Gadadhara,


todos os devotos reunidos irromperam em excitação e começaram a atirar flores, o que fez com
que centenas e milhares dessas flores fragrantes caissem como chuva. Então o som alto: Jaya!
Jaya! Jaya - preencheu o céu em todas as direções, enquanto o maha sankirtana começava.

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Milan Ananda de Shri Shri Goura


Gadadhara com Maha Sankirtan
Mahajana Pada
duhu duhu piriti arati nahi tute, parashe param sukha kota kota uthe nacaye Gouranga
mora gadadhar rase, gadadhar nace puna pouranga vilase purush prakriti kiba janaki sri rama radha kanu
keli kiba rati deva kama ananta ananga jini anger balani, upama nahi simha ki bolite jani mukhe ki tulana
canda niti jiye more, kora pada padma ki se hime sab jhore prema sankirtan sukha nadiya nagare, premer
ghribini se Pandit gadadhare prema parash mani Sacchir nandan, uddharila jaga jane diya premadhan
kahaye nayanananda ananda bihar sunite haraye mona ite ki bichar

- Este pada(poema) foi composto por Shri Nayanananda Mishra , sobrinho de


Gadadhar Pandit

Quando Goura e Gadadhara se juntam a afeição sempre crescente de um pelo


outro é inexplicável: esse prazer que é gerado nesse encontro não encontra paralelo.

Desse modo Gouranga dança absorto nas profundas doçuras criada por
Gadadhara. Por sua vez, Gadadhara também dança dando prazer divino a Shri Gouranga. Essas
duas personalidades são o purusha e prakriti originais por detrás de toda a criação. Eles
anteriormente se manifestaram como Janaki e Rama. Também anteriormente apareceram como
Radha e Kanu cuja ‘prema keli’ atordoa até mesmo “Kama Deva”.

Os corpos de Goura e Gadadhara excedem o poder de fascinação de milhões de


formas do cupido; assim, haverá algo que possa ser comparado a eles? Se dissermos que o
rosto se compara a lua, como pode ser isso, pois o brilho da lua fenece durante o dia. Se
tentarmos comparar suas mãos com o botão da flor de lótus, isso também não é possível porque
o lótus seca no inverno. Esse prema sankirtana é a felicidade da terra de Nadia, e Pandita
Gadadhara é a própria morada de Prema.

Shri Sacchinandana é a “pedra de toque” que extraiu essa riqueza de Prema e a


distribuiu a todos os habitantes do universo. O poeta Nayananadana conclui dizendo: “o ‘ Ananda
Bihar’ de Nadia roubará a mente de todos que ouvirem sobre isso; ninguém escapará!”

nacato rasamaya gour kishora, purbak prema rabhasa rase bhora narahari gadadhar sobhe dui
pase, hari boli caudike phire haridase gaoata mukunda, madhava, vasughosh kore korato pahu piya
santosh kiba se barankhani kanchan jinia, cacara cikure cura bhala se baniya ajanulambita bhuja
khone khone tuliya, nache pahu mora hari bokiya aruna carane nupura ranajhaniya sekhar raya
kahato dhani dhaniya

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Goura Kishora ‘Rasamaya’ dança absorto no estado mental de Seu passatempo


amoroso anterior de Vraja. Ao lados de Gouranga, Narahari e Gadadhara também dançam,
enquanto Hari Das dança em volta deles cantando, Hari Bola! Hari Bola! A canção é executada
por Mukunda, Madhava e Vasudeva Ghosh; mui melodiosamentel, Shri Gourasundara abraça
todos contra o peito. O que se pode dizer sobre a refulgência dourada do Senhor, que derrota o
esplendor do ouro? E Seus belos cabelos encaracolados amarrados em ‘cura’ como Ele costuma
usar! De momento a momento, Mahaprabhu levanta os longos braços para cima enquanto dança
dizendo “Hari! Hari!” vendo as tornozeleiras douradas nos pés de lótus avermelhados de
Gourasundara ressoarem docemente, o poeta Sekhar Raya se torna verdadeiramente
afortunado!

Sekhar Raya é um famoso ‘padakarta’ e discípulo do associado priya de Cheitanya


Mahaprabhu, Shri Raghunandan Thakura de Shri Kanda.

gagadhar ange pahu ange helaiya, vrindaban guna gan bibhora hoiya khone kande khone base
badya nahi jane, radhabhabe akula sada gokula pore mone ananta ananga jini deher balani, koto
koti canda kande heri mukha khani tribhubane dorbita ei dohar rase, na jani murari gupta cancita
kono dose

Recostando no corpo de Gadadhara, Gourasundara canta as glórias de Vrindavana


absorto nessas memórias. Nessa hora, Ele chora e em seguida sorri inconsciente das
circunstâncias externas. No estado mental de Radha, a ânsia profunda surge quando Sua mente
pondera o esplendor de Gokula. As formas de Goura e Gadadhara derrotam o fascínio de
milhões de cupidos e um milhão de luas também podem chorar diante da visão de seus belos
rostos. Os três mundos se tornaram acessíveis pelo encanto desse ‘Jugal rasa’ de Nadiya.
Murari Gupta conclui dizendo: “Devido a alguma falha inconsciente, fui excluído!”

dekho dekho gouracanda nadiya nagare, gadadhar sange range sadai biharebame priya
gadadhar dakdhine narahari, suradhuni tire duhu nace phire phire kiba se binoda besha binoda caturi,
binoda ruper chata binoda Madhuri dekhite dekhite hiyai sadha lage heno, nayane anjan kori sada rakhi
jeno kahaye jagadananda goura prema katha, saungaria hridaya utale jaya tatha

Olhem, olhem Gourachandra na terra de Nadia! lá Ele sempre pode ser visto
desfrutando passatempos na companhia de Gadadhara! Às margens do Suradhumi Ganga,
Narahari e Gadadhara dançam um do lado direito, o outro do esquerdo de Gouranga. O que se
pode dizer sobre a vestimenta encantadora, as declarações habilidosas e as formas brilhantes e
inumeráveis doçuras cativantes? Observá-los repetidamente equivale a satisfação de todos os
desejos; deixe-me ficar olhando o Senhor e os devotos nessa visão que é como um ‘nayan anjan’
(um bálsamo para os olhos). Falando esse ‘Gour Prema Katha’ o coração do padakarta
Jagadananda se absorve nesses pensamentos!

Jagadananda foi um reputado compositor Vaishnava e residente de Shrikanda, na


família ‘Vamsa’ de Shri Narahari Sarkar.

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PROGRESSÃO DO LILA SMARAN-


Desse modo, Nadiya Vinoda, Shri Gourahari na companhia de Seus mais queridos
bhaktas se absorve nas doçuras do sankirtana rasa às margens do pitoresco Suradhumi Ganga.
Esse sankirtana ‘ananda’ prossegue por algum tempo enquanto o ‘parikrama’ ocorre nos jardins
sazonais de Shrivasa Thakura. Vendo a vinha Madhavi brotando linda, Gourasundara vai
descansar em sua base para Se aliviar da fadiga da dança. O sadhaka das e outros bhaktas
nessa hora prestam sevas relevantes adequados ao movimento, ou seja, massagear Seus pés e
abanar com cchamara, etc. Shrivasa Thakura com toda sua família vem servir frutas, arroz doce
e outras guloseimas que foram anteriormente oferecidas à Deidade adorável da família – Shri
Nrishimha Deva. Após esse leve repouso, Shrivas Thakura e seus irmãos oferecem guirlandas
frescas e chandana a Mahaprabhu e a todos os devotos. Também é oferecido pan a todos.

Em seguida, Shri Gouranga prossegue para o Mandira de jóias Yogapita dentro do


jardim de flores de Shrivasa. Adentrando, Ele caminha até o Karnika e Se posiciona no centro da
simhasana; seguindo o Senhor todos os outros devotos entram e assumem suas posições
prescritas. O sadhaka das fica do lado esquerdo de seu Gurudeva, recebendo o darshan
extraordinário Madhuri no Yogapita de Shri Gourasundara.

Madhyana Yogapita Pada


Navadwipa ramyastala, abhinna braja mandala, sri dham trijaga anupama

Nama smarane jara, hoy prema Bhakti sar hridoye nase tapa tama

Bestito jahnavi nire, milito manda samire uthe tire taranga abali

Catur viddha kamale, gunjanrata alinde, tire tire dvija kore keli

Phala puspa susobhita, suramya aramabrita, madhye divya kanak mandhira

Robi jini prabha ati, abhakta asura proti. Soma jyoti ptoti bhaktadhira

Tar modhye subitara, kurma pristha akara, hema pithe ratna simhasana

Mantra varna jantrambita, sat kona manoramita, tadopari divya puspasana

Madhye goura krishnesvara, dakhine nitai haladhara, bame gadadhar radha rupa

Age devadeva adwaita, dakhinete chatrahasta, pandit srivasa bhakta bhupa

Caturdike mahananda, maya gour bhaktavrinda, svananda data simhasana


pase

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Ki mora asat mati. Carane na holo rati, dika rahu ei mohan das

Padakarta – Shri Radha Mohan Thakura

Não existe lugar tão encantador quanto Navadvipa Dhama nos três mundos;
pois, essa terra santificada não é diferente de Vraja Mandala. Aquelas pessoas que executam
‘nama-smaran’, alcançam a essência de prema Bhakti e seus corações ficam livres de todo o
sofrimento e ignorância. Shri Navadvipa está rodeada por Jahnavi (Ganga) cujas ondas
esbarram contra suas margens como uma leve refrescante brisa que sopra. Próximo da praia as
abelhas zumbem ativamente nas áreas de flores de lótus de quatro espécies. Essa margem é
dos dois lados guarnecidas com pomares de frutas e jardins de flores, abrigados entre diferentes
arvoredos repletos com todos os tipos de pássaros coloridos canoros. Nessa bela atmosfera
pode-se ver o Yogapita Mandira que é feito de ouro e muitas variedades de pedras preciosas. A
refulgência desse mandira é superior ao brilho do sol, pois é impossível para os não-devotos e
asuras vê-la; todavia, para os devotos de Mahaprabhu essa visão é mais refrescante que os
raios da lua.

Esse mandir se situa no topo da colina dourada que se assemelha ao dorso de uma
tartaruga. Dentro do templo fica uma simhasana de jóias hexagonal com asana de flores onde
Shri Krishna Cheitanya fica ao meio, estando à direita Shri Nityananda Haladhara e Radha-
Svarupa Shri Gadadhara à esquerda, em frente ao Senhor fica o adi-devata Shrila Adueita, em
frente do lado direito segurando uma cobertura ornamental sobre a cabeça de Shriman
Mahaprabhu está Shrivasa Pandita. Acima do Pancha Tattva fica o Gour Mantra de seis sílabas,
e em volta da simhasana ficam os bhaktas de Cheitanya Mahaprabhu, que são todos
“mahananda-maya” (repletos de felicidade suprema). O poeta Radha Mohan conclui dizendo:
“Estou condenado, devido a consciência impura não despertei ainda minha atração pelo Senhor
e Seus devotos”.

PROGRESSÃO DO LILA SMARAN


Quando Cheitanya Mahaprabhu sai do Yogapita Mandira, Shri Mukunda Das (na
disposição de espírito de Vrinda Devi) se aproxima dEle e diz: “Eh! Mahaprabhu, venha pois vou
mostrar-Lhe a sublime beleza das muitas florestas de Navadvipa”. Puxando Gadadhara pela
mão, e rodeado por todos os devotos, Gourahari prossegue para desfrutar a caminhada e a
excursão por essas várias florestas mostradas por Mukunda Das.

Navadvipa Bona-Bihar
Navadwipa beriya gangar tire tire, bina bina dasaban ati sobha dhoreIshana konete hoy soritu bona,
choya ritu sobha tate sada bartmanaPurvete basanta ritu, grishma agni kone barsha ritu
bonasobha koraye dakhineSarat ritu bona dakhina nairite, hemanta ritu bona nairita khoneteSishir
ritu bona paschime sobaya basanta sarat jugma bayabye achayaGrishma o hemanta
jugma bayabya uttare uttar dikite jugma barsha o sishireBraja bhabe mahaprabhu laiya bhaktagan
choya ritu jugma bona koren darshanPratyeha taru tatha bina bina dhale, kisalaya mukule
kushume sobha phaleSarvaritu puspa samakale bicasito nana pakhi kalaraba bhamara

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gunjitoVrindavan sor ritu bona uddipan hoila prabhur mone heriya kanan Nana briksa
latabrita suvarna vedite. Basilen mahaprabhu svagan bestite

Gutika

De ambos os lados do maravilhoso Ganga existem dez florestas principais que


embelezam Shri Navadvipa Dhama. No nordeste fica a floresta das seis estações. A primavera
exibe sua opulência no leste. No sudeste e sul ficam as duas florestas de verão e estações das
chuvas respectivamente. No lado direito sudoeste do Dhama o outono exibe suas maravilhas
com florestas “hemanta” sazonais próximas. No oeste fica a floresta de inverno, no noroeste fica
a floresta em que as opulências da primavera e outono se combinam e estão sempre manifestas.

Nessa hora, Mukunda Das leva Mahaprabhu e os devotos para verem o cenário
dessas numerosas florestas. Lembrando-se constantemente da beleza de Vrindavana, todos
apreciam as árvores, as folhas, os botões, frutas, pássaros canoros, abelhas zunindo e a
variedade e a opulência das florestas de Navadvipa. Finalmente, Mahaprabhu chega e é sentado
com os devotos num vedi dourado e Mukunda Das lhe pede com entusiasmo para descrever os
detalhes da beleza magnífica de Shri Shri Radha Kunda e Shyama Kunda.

Shri Shri Radha Kunda: Shyama Kunda


(Extraído da descrição do Govinda Lilamrita)
Mukunda Das passa a narrar a Cheitanya Mahaprabhu e aos devotos reunidos
sobre como Vrinda Devi mostra o esplendor encantador de Shri Radhakunda nessa hora.

Nesse momento, Radha e Krishna estão sentados num vedi ornado de jóias
rodeados por todas as sakhis e manjaris; o local é o Madan Sukhada Kunja que está sob os
cuidados de Vishaka Sakhi, (na seção nordeste do Radha Kunda). Vrinda então chama Radha e
Krishna da seguinte maneira: “Eh! Ishvara-Ishvari, vejam como o encanto desse Kunda é de tirar
o fôlego de tão maravilhoso! Em todos os quatro lados existem escadas feitas de pedras
preciosas que levam ao Gath ornado por jóias que embelezam as margens. Em ambos os lados
desses gaths se encontram vedis, que também são feitos de gemas preciosas.

Acima dos gaths de ambos os lados ficam os mandaps, e entre os mandaps estão
os “Hindolins” ou balanços que são encantadores de se ver. Esses hindolins estão suspensos
dos galhos de duas árvores gêmeas, são bem decorados com flores e roupas refinadas. Esses
balanços ficam dependurados nas árvores Bokula no norte, das árvores Kadamba no leste e da
Champaka no sul e mangueiras no oeste, nas quatro direções do Kunda.

Existe uma ponte feita de jóias que atravessa a área do ‘sangam’ entre Radha
Kunda e Shyama Kunda, localizado do lado leste e sudeste do lago. Sob as águas de ambos os
Kundas eles se juntam. Existem muitas variedades de ‘Kalpa-vrikshas (árvores do desejo) que se
alinham às margens do Radha Kunda. Cada árvore do desejo tem um vedi de jóias em sua base,
que são únicos; pois não há dois semelhantes. Alguns vedis são quadrados, outros redondos,

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outros com oito e seis lados, etc. Alguns se situam altos enquanto outros na altura do pescoço ou
do ombro, da cintura, dos joelhos. Cada um dos vedis é o desenho de uma pedra preciosa
diferente. Outro interessante aspecto sobre eles é que são ideais para se sentar, porque no
verão são refrescantes e no inverno são quentes. Em todos os quatro cantos do Kunda ficam os
‘Bashanti Catusala’ ou pavilhões sazonais da primavera. Eles são feitos de vinha de Madhavi e
ramos de árvores Betash, Nagakeshora e Askoka. Às margens do Radha Kunda ficam os Kunjas
das ‘Asta-Sakhis’ e suas servidoras situados em todas as direções. Além desses Kunjas, logo se
vê o bananal com uma variedade especial de bananas e folhas refrescantes maravilhosas. Após,
vem os jardins de flores e passando os jardins vemos diferentes tipos de pomares que ficam
atrativamente agrupados entre o cenário maravilhoso.

No centro do Radha Kunda fica o ‘padma mandira’ que está conectado no norte ao
Kunja de Lalita por uma formosa ponte feita de pedras de cristal transparente. Rodeando o
Kunda em locais selecionados ficam numerosas cabanas feitas de jóias. Essas cabanas servem
como armazéns para conservar os ingredientes e parafernálias que são necessários para as
infindáveis apresentações de lilas que são executadas aqui. Para ajudar Vrinda Devi existem
inumeráveis ‘bona-devis’ e kunja dasis que cuidam dos caminhos, das cabanas, dos vedis, dos
mandaps, dos hindolins, e dos numerosos kunjas que são todos belamente conservados. No
‘kunja griha’ (cabanas da floresta) onde Radha e Krishna vão se encontrar, as camas são feitas
de pétalas de flores de lótus, travesseiros espessos, almofadas e jarros dourados repletos de mel
e todos outros acessórios necessários para o ‘jugal vilas’ permanecem decorados e à disposição.
Na água existem quatro tipos de flores de lótus, ou seja, Ractotpala (vermelha), Indibar (azul),
Kairava (amarela) e Kalahar (branca). O pólen e o mel que transbordam desses lótus mantém o
kunda refrescado e doce. Os cisnes, grous, chakrabaka e pássaros dahuka brincam às margens
das águas e os sons que produzem agregam-se ao ambiente festivo. Das árvores , Sukas e
Saris (papagaios machos e fêmeas) podem sempre serem ouvidos recitando o ‘ lila rasa kavya’
(os poemas dos passatempos sempre renovados de Radha e Krishna). Quando os pavões vêem
alguém, eles erroneamente tomam essa forma como sendo “jugal” um relâmpago que ocorre
dentro de uma escura chuva e por isso começam a dançar como se intoxicados gritando: “ke-ka,
ke-ka´. Quando os pássaros harit parabat e chataka recebem o Seu darshan , eles começam a
cantar extaticamente de um modo tão encantador que mais parecem néctar para os ouvidos.
Embora os pássaros chakora sejam acostumados a beber o néctar dos raios da lua, muitos
desses pássaros por animosidade contra a beleza da lua vão se abrigar no Radha Kunda. A
razão disso é que os chakoras desfrutam ao beber o néctar da beleza de Suas faces, que são
mais maravilhosas que o esplendor de milhões de luas de outono. Os inumeráveis tipos de flores
e árvores frutíferas estão carregadas com flores, frutas, folhas recém brotadas e devido ao
excessivo peso, os galhos pendem fazendo sombra no caminho. Nas águas do Kunda, o lótus
branco supera em número todas as outras espécies de lótus. À medida que o vento sopra sobre
o lago, a beleza desses lótus brancos brilhando derrota a magnitude de um oceano de ‘khira’.

Nas margens do Radha Kunda em todas as direções existem oito kunjas principais
de propriedade das ‘Asta Sakhis’. Cada sakhi faz arranjos artísticos em cada kunja, para dar
ilimitado prazer a Você. Os caminhos são feitos de pedras de esmeralda e cobertos com uma
camada de cristais. À primeira vista parecem que não são caminhos e sim pequenas correntes
de água. Externamente entre as margens dos kunjas e jardins de flores, e entre os jardins de
flores e o pomar ficam os muros limítrofes feitos de jóias. A intervalos existem portões de jóias.

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Se qualquer pessoa comum visse esses portões, os tomaria por muros, e similarmente os muros
seriam tomados por portões. Desse modo uma ilusão ótica é criada para manter longe qualquer
pessoa indesejada.

O KUNJA DE LALITA
(cor brilhante)
No norte do Radha Kunda fica um kunja chamado ‘Lalitanandada’. Esse kunja tem
a forma de oito pétalas de lótus, com oito sub-kunjas nas oito direções. No ‘keshora’ ou centro
desse lótus existe um quintal estonteante conhecido pelo nome de ‘Anamgambuja’ rodeado por
uma área de bananeiras douradas. Ao centro dessas áreas das bananeiras se vêem milhares de
pétalas de lótus com uma cabana ‘kutira’ dourada localizada ao centro. Um aspecto maravilhoso
sobre esse quintal é que ele pode se expandir ou se contrair em sua área segundo as exigências
da progressão do lila! Todo o complexo é cuidado pelas discípulas de Lalita chamadas Kalavatis.
Nesse local toda a riqueza e prazer das seis estações se mesclam para tornar esse local ideal
para os Seus vários ‘keli vinoda’ (lilas de encantamento).

Todo o kunja tem a forma de uma enorme flor de lótus. Os filamentos desse
lótus são feitos de ouro. Cada pétala é construída de jóias coloridas diferentes que são dispostas
em muitas esferas circulares. Cada esfera tem muitas pétalas que aumentam de número e
tamanho à medida que a distância dessas esferas se afastam do centro. No caminho, o lótus dá
prazer aos cinco sentidos com seu aroma e maciez. Em cada círculo que rodeia o centro existem
mandaps, um ao lado do outro, para se sentar que são feitos de diferentes construções de jóias.
Na primeira esfera existe um mandap feito de ouro, na segunda – pedras preciosas olhos de
gato, na terceira – safiras azuis, na quarta – cristal, e na quinta – pedra ‘padma-raga’. Entre
esses vários mandaps existem numerosas estátuas de pássaros, cervos, Devatas, Gandharvas,
Kinnaras, representados sensualmente, etc., criando uma atmosfera erótica. Ao centro fica o
quintal ‘anangambuja’ que é coberto como um dossel com os ramos das ‘kalpa-vrikshas’ (árvores
dos desejos) com flores e folhas brancas, vermelhas, verdes, amarelas, e pretas. No meio desse
quintal fica uma cabana de jóias que tem a forma de milhares de pétalas de flores de lótus. No
lado noroeste do quintal, ‘anangambuja’ fica o kunja ‘Basanta Sukhada’. Dentro dessa área fica
a floresta ashoka, cada árvore tem em abundância os cinco tipos de flores ashoka coloridas.

No canto sudoeste do Lalitananda kunja fica o padma mandira que tem portas e
janelas por todos os lados. Na porção inferior, Shri Lalita Devi colocou muitos quadros dos vários
lilas, tais como Rasa, Julan, Holi, etc., feitos de pedras preciosas. No primeiro andar desse
padma mandira existem dezesseis quartos maravilhosos feitos de numerosas jóias refulgentes.
Dentro desses quartos existem câmaras adicionais. No segundo andar existem dezesseis
quartos. No terceiro andar fica um quarto ao ar livre com pilares que se estendem para cima na
direção do teto. Esses pilares são feitos de pedra ‘Vidurya’ com base de cristal que se conecta
com o teto que é um domo de uma forma côncava. Sob o teto existe uma fileira de pedras
preciosas que são dispostas no local com desenhos artisticamente elaborados. No topo do domo
ficam os gaths de jóias. A partir do terceiro andar você já tem uma bela visão do cenário ao redor
que fica em local bem alto. Nos arbustos das árvores de frente desse padma-mandira com frutos
e flores abundante, um cenário muito agradável é criado para os olhos. Em essência esse

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maravilhoso mandir está equipado de diversas maneiras para aumentar a fascinação do Seu
sempre renovado prema-keli.

No canto sudeste do kunja de Lalitananda fica um vedi hindolin. Esse vedi tem a
forma de uma flor de lótus e dos galhos de duas árvores Bokula existe um espetacular balanço
suspenso com cordas de seda na altura da cintura. Esse hindolin é muito grande tendo oito
seções feitas de jóias ‘padma-raga’ e oito lótus feitos de pedras preciosas ‘prabala’. Essas
seções são todas interligadas por uma karnika na forma de um lótus de dezesseis pétalas.

Existem oito portas inseridas nas oito pétalas de lótus nos seus compartimentos.
Cada assento é coberto com travesseiros de seda e encostos e da parte de cima pende um
dossel colorido com pérolas e rendas douradas. Esse maravilhoso hindolin chamado
‘Madanandolan’ é projetado de tal modo que todas as Asta-Sakhis podem vê-los (Radha-
Krishna), ao centro, enquanto se balançam.

Enquanto isso um kirtana maravilhoso é executado por peritas cantoras sakhis.

No nordeste do kunja de Lalita fica um sub-kunja chamado ‘madhananda’. Aqui se


encontra uma floresta Madhavi na forma de um lótus de oito pétalas. Esse kunja proporciona
muitos ingredientes valiosos que contribuem para aumentar a alegria de Seus lilas infindáveis.

No norte, o kunja ‘Sitambuja’ é muito conhecido pelas imensas vinhas de flores


malika e nava kishoras. Essas vinhas se estendem por cima da cabeça numa rede de ramos
curvos que caem em profusos grupos de flores aromáticas.

No meio desse kunja fica o karnika feito de ouro e pedra da lua, com ‘kinjalka’ de
jóias (como filamentos no centro de uma flor de lótus).

Rodeando esse karnika central existem numerosos pequenos kunjas que se


conectam como pétalas de um lótus com o karnika no meio.

Dentro do kunja de Lalitananda no lado leste fica outro sub-kunja chamado


‘Asitambhuja’ que parece uma flor de lótus azul. Nessa seção fica a floresta de árvores Tamal
que está rodeada por trepadeiras de flores douradas macias. As pedras preciosas azuis estão
incrustadas dentro de todos mandaps e vedis em toda a parte para criar uma atmosfera de tirar o
fôlego. Aqui também ficam oito pequenos kunjas contíguos.

No kunja de Lalita, ao sul, fica um sub-kunja de nome ‘Arunambuja’ que é decorado


com pedra ‘padma-raga’ tanto na parte interna quanto externa. Aqui as vinhas labanga
entrelaçam as trepadeiras cobrindo todo o kunja como uma cobertura de flores vermelhas
brilhantes.

Finalmente, no lado oeste existe mais um kunja conhecido como ‘Hemambuja’. Aqui
se encontra uma floresta de árvores e trepadeiras Champakas cujos, galhos, folhas e flores são
todos de uma brilhante cor dourada. A cor dos vedis, mandaps e caminhos ostenta a mesma
coloração dourada.

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Desse modo, nas oito direções, o kunja de Lalitanandada é especialmente projetado


para dar o máximo prazer tanto para a mente quanto para os olhos.

O KUNJA DE SHRI VISHAKA


(cor das nuvens)
No lado noroeste do Radha Kunda fica o Kunja chamado ‘Madan Sukhada’ que
pertence a Vishaka sakhi. Pelos quatro cantos desse kunja existem quatro imensas árvores
Champaka. Cada árvore tem flores com diferentes cores: verde, amarela, negra e cor do sol; a
fragrância dessas flores predomina por toda a parte. Aqui os papagaios, cucos, as abelhas que
zumbem possuem três cores, ou seja, azul, amarelo ou verde. As vinhas Madhavi que pendem,
entrelaçam-se nos cumes, atingindo as árvores Champaka, criando um ambiente de refrescante
sombra na parte de baixo; todo esse conjunto tem a opulência do palácio de um rei. O kunja é
artisticamente arranjado com decorações de flores, folhas, panos de seda, cama de flores, que
estão ligados a dosséis que formam coberturas atrativas. Além disso, vemos flores de lótus,
brancas, amarelas, negras, com seus caules permanecendo à mostra por todos os lugares. As
portas e arcos nesse kunja são belamente construídas numa forma convexa com numerosas
folhas e flores coloridas.

As abelhas intoxicadas ficam como porteiros nos portões, assim qualquer pessoa
indesejada não será permitida a entrada. O karnika desse kunja tem a forma de um lótus de
dezesseis pétalas incrustadas com jóias multicoloridas.

As discípulas de Shri Vishaka chamadas Manjumukhi cuidam do local.

Em essência o Madan-sukhada kunja traz felicidade aos olhos, porque está sempre
mergulhado no fluxo do Seu ‘nitya lila bihar’.

O KUNJA DE SHRI CITRA SAKHI


(multicolorido)
No lado leste do Radha Kunda fica o kunja de Citrananda que possui múltiplas
formas e cores. Aqui os pássaros, abelhas, árvores e vinhas são todos mesclados de sombras e
tons.

Os caminhos, mandaps, vedis e kutirs, bem como o karnika central desse kunja são
todos feitos de uma fileira de pedras preciosas multicoloridas.

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O KUNJA DE SHRI INDUREKHA


SAKHI
(lua cheia, branca)
No lado sudeste fica o kunja chamado “Purnindu” ou “Indurekha Sukhanda
Prada”. Aqui tudo é branco, ou seja, as cabanas e kutirs são todos feitos de pedras da lua e
cristal. Todas as flores são de espécies brancas, tais como a malika, jatika, e sveta-lótus.
Mesmo as folhas das árvores são brancas, incluindo os pássaros e abelhas.

Na noite de lua cheia na companhia das sakhis quando Você se veste de branco, se
alguém de repente surgir em cena, não será capaz de percebê-lO! Nesse kunja existe uma
espetacular cama de flores, ‘keli sajja’ branca.

O KUNJA DE SHRI CAMPAKLATA


SAKHI (dourado)
Do lado sul do Radhakunda fica o kunja de Champaklatananda. Aqui todas as
árvores, folhas, pássaros, kutirs, caminhos, etc, tem uma cor dourada. “Oh! Radhe, na hora que
você se veste com a roupa dourada adequada e entra nesse kunja, Shri Krishna não consegue
vê-la! “Ah! Krishna, quando você se disfarça como uma Vraja gopi vestido com as roupas
douradas a fim de ouvir as lamentações prema de Radha secretamente, então também ninguém
nota Você. Além disso, quando vocês dois se sentam nesse kunja e Jatila de repente adentra,
ela não consegue ver Krishna!

Ah! Que maravilha única é essa floresta, pois tudo aqui incluindo o chão é de cor
dourada.

Dentro desse kunja, está a cozinha renomada de Champaklata e o bhojan vedi. Nas
ocasiões especiais o ‘acharya da cozinha’ Shri Kundalata e eu própria (Vrinda Devi) preparamos
e organizamos o Seu o lila ‘bona-bhojan’ para esse local.

O KUNJA DE RANGADEVI SAKHI


(cor shyama)

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No lado sudoeste do Radha Kunda fica o “Shyama Kunja” pleno de prazer de


Shri Rangadevi. Nesta floresta todas as cabanas, caminhos, bancos, mandaps e quintais são
ornados com safiras azuis. Existe um kunja Tamal aqui com vinhas de cor shyama. Se Mukhara
(a avó de Radharani) por acaso entrar nessa área, ela poderá ver Radha, mas não Shri Krishna.

O KUNJA DE TUNGAVIDHYA
SAKHI(cor vermelha)
No lado oeste do Radha Kunda fica o ‘Aruna Kunja’ de Tungavidhya. Aqui tudo é
definido pela cor de pedras preciosas vermelhas, incluíndo um fantástico hindolin. As flores,
árvores, folhas, pássaros e terra são do mesmo modo de várias tonalidades da cor vermelha.

O KUNJA DE SUDEVI SAKHI (cor verde)


Do lado noroeste do Radha kunda fica o ‘Harit-Kunja’ de Sudevi repleto de
prazer. Nesse divino conjunto, todas as árvores, pássaros, folhas e flores tem a coloração verde.
Os kutis, caminhos e vedis, etc., são inteiramente ornados com desenhos artísticos feitos de
esmeraldas. O kunja é renomado como sendo lugar da celebração dos passatempos ‘Pasakela’.

O KUNJA DE ANANGA MANJARI


Semelhante a uma flor de lótus flutuante, no meio do Radha Kunda fica o
encantador kunja chamado ‘Anangambuda’. Esse kunja -flor de lótus tem dezesseis pétalas, que
são feitas de esmeralda, e jóias padma-raga e chandra-kanta. Existe uma encantadora ponte
ornada com cristais que une esse flutuante ‘Padma-Mandira’ com o Kunja de Lalita no norte.
Nesse kunja existem muitos desenhos e estátuas de lírios, lótus e cisnes que são esculpidos de
várias pedras preciosas. Esse kunja é também conhecido pelo nome de “Salila-Kamal Kunja”
porque ele pode ser tomado por uma imensa flor de lótus flutuando sobre a água.

SHRI SHYAMA KUNDA


Esse Kunda é cercado por vários kunjas que, pertencem a ‘Priya-narma sakhas’ de
Shri Krishna; seu esplendor é similar ao do Shri Radha Kunda. Esses kunjas na posse de Subal,
Madhumangala, Ujjvala, Arjuna, Gandharva, Vidagdha, Bhringa, Kokil, Dakha e Sannandan,
foram colocados na sua responsabilidade e das principais sakhis. No lado noroeste do Shyama
Kunda, Subal Sakha entregou o kunja chamado Subalananda a Você. Durante o dia, Você vem
aqui tomar seu banho no gath chamado Manas Pavan, cuja água é tão doce quanto o mel do
Charan Padma de Krishna. Você fica ansiosa para se banhar aqui e executar o jala Keli na
companhia de suas sakhis! No norte do Shyama Kunda, Shri Madhumangala, entregou seu
Kunja chamado Madhumangalananda a Lalita sakhi. No nordeste Ujjvala Sakha entregou seu
kunja a Vishaka Sakhi e no leste, Arjuna Sakha entregou seu kunja a Citra Sakhi. Os sakhas
Gandharva, Vidagdha, e Bhringa, entregaram seus kunjas as sakhis, Induleka, Champaklata e

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Rangadevi, respectivamente. Os três kunjas restantes no oeste foram entregues pelos sakhas
Kokila, Dakha e Sananda a Tungavidya, Sudevi e Ananga Manjari. No oeste do Radha Kunda e
leste do Shyama Kunda existem duas estradas onde pessoas e animais passam para banhar-se
e pegar água. Para os devotos que tem conhecimento e fé nas glórias dos dois Kundas, eles
podem visualizar a verdadeira forma; mas para outras pessoas, o darshan de Shri Radha Kunda
e Shri Shyama Kunda permanecem ocultos.

Basanta holi lila


(o festival sagrado na floresta da primavera)
Após ouvir a descrição cativante do Radha e Shyama Kundas, Shriman
Gourasundara Se lembra como nessa hora Rai e Kanu executam diversos lilas ali. Nesse mesmo
espírito Cheitanya Mahaprabhu levando os devotos entusiastas com Ele se embrenha na floresta
Basanti dentro da propriedade de Shrivasa Thakura.

Gadadhara mukha heri, madhuritu bihari puraba preme bhelo bhora

Navina lata bom, anande narahari, maralo navadvipa majha

Phula kushuma caye, pallaba tarugan, sukhudaye ritupati raja

Mukalita cuta, jankrito ali kula, bukila kakali taba

Manmatha raja, gahanoti sulalita, bonphula ati sobha

Samaya basanta, sajalai phiraye, uddhava das mona lobha.

Nadiya purandar.

Vejam os passatempos sazonais da primavera (Madhu-ritu bihar) de Goura Kishora.


Ao observar os rostos de Gadadhara e Narahari Shri Gourasundara percebemos que a felicidade
deles aumenta à medida que se lembram dos passatempos amorosos de Vraja. As folhas recém
desabrochadas e trepadeiras se agitam na leve brisa, as abelhas estão zumbindo nas flores
recém desabrochadas; desse modo a rainha das estações (primavera) traz felicidade a Nadiya.
Os pássaros kokil começaram o seu canto nos brotos recentes das mangueiras, quando o vento
fragrante das praias do Suradhani Ganga levam os sons auspiciosos do kirtan de casa em casa.
Nessa estação da primavera ‘Manmatta-Raja’ (cupido) decorou o cenário com flores infindáveis
que desabrocham. Vendo Nadiya florescer em esplendor a mente do poeta Shri Uddhava Das
fica muito atraída. Uddhava Das é um associado nitya de Cheitanya Mahaprabhu, e discípulo de
Shri Jahnava Thakurani.

Progressão do Lila Smaran


No ‘Gutika’ de Shri Krishna Das Baba existe uma descrição ilustrativa adicional
daquela floresta Basanti como se segue:

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No basanti-kunja, as trepadeiras madhavi florescem galgando os galhos das


mangueiras; e as flores punnaga e nava-malika também desabrocham por todos os lados criando
um ambiente maravilhoso. O som das abelhas e o canto dos pássaros kokila se mesclam
penetrando toda a floresta. As corças varrem os caminhos com seus rabos, enquanto o aroma de
almíscar que exala de seus corpos invade totalmente a atmosfera.

Desfrutando da grandeza da primavera, Cheitanya Mahaprabhu Se senta no


‘basanti mandap’ na companhia de todos os devotos; ao ver os arranjos elaborados para o ‘Holi
kela’ Sua mente se excita (pois, anteriormente Shrivas Thakura e Mukunda das com a ajuda de
muitos assistentes prepararam quantidades enormes de pó colorido extraídos da polpa de flores
aromáticas. Além disso, outras formas de líquidos coloridos estão reservados em imensos
receptáculos dourados. Para esguichar essa substância extraordinária todos os tipos de seringas
são colocados ali próximos). Vendo todos esses ingredientes, Shriman Mahaprabhu se lembra
do passatempo Holi de Radha e Krishna em Vrindavana, e por algum tempo fica tomado ao ver
as descrições do kirtana fascinante de Svarupa Damodara. Inspirado por essas doçuras, Shri
Gourasundara pega uma ‘Pichkari’ (seringa) e dá início ao ‘Basanta Bihar’ esguichando
substâncias coloridas no corpo de Shri Gadadhara.

Mahajan Padavali
Dekho dekho aparupa gouranger lila

Ritu basante, sakal priyagan mili jalanidhi tire calilo

Ekdike gadadhar sange svarupa damodar vasughosh mukundali mili

Gouridas adikori candan pichka bhori gadadhar ange dey pheli

Svarupa nija gan sathe abira loiya bate saghane phelay goura gaya

Gouri das keli keli gouranga jitala boli, kortali diya age dhaya

Rushia svarupa kaya barilo gourangaraya jitalo amar gadadhar

Bakha talidiye keho, nace gaya urdhabahi eidas mohan monohar

Às margens do Ganges Shri Gourachandra dividiu seus bhaktas priya em dois


grupos.( Do mesmo modo como anteriormente, todas as sakhis e manjaris do lado de Radha, e
os sakhas do lado de Krishna se juntaram) similarmente em Nadiya esses mesmos devotos ou
ficavam do lado de Goura ou de Gadadhara.

De um lado com Gadadhara Pandita ficaram Svarupa Damodara, Vasu Ghosh,


Mukunda e muitos outros. Do lado de Gouranga liderado por Gouri Das Pandita, todos se
adiantaram para pegar as seringas ‘Pichkaris’ e espirrarem em Shri Gadadhara e nos outros. Em
retaliação, Svarupa Damodara e seu grupo passou a bombardear com pó colorido, Shri

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Gouranga e seu grupo por todos os lados! À medida que a brincadeira prosseguia, Gouri Das
subitamente levantou sua mão e batendo palmas exclamou: “Gouranga venceu!”

Então irado, Svarupa gritou: “Não, Gouranga perdeu... – o vencedor é meu


Gadadhara!”

Nesse instante alguns devotos bateram em seus peitos, e outros dançavam e


cantavam levantando suas mãos para o céu; o poeta Mohan Das todavia, só consegue ficar
cativado! (Mohan Das é um reputado Vaishnava padakarta e discípulo de Shrinivas Acharya.)

hori khelata gour kishora, rasabati nari gadadhar kora

svedabindu mukhe pulaka sarir, bhava bhore galato hi nayane nira

brajarasa gaoato narahari sange, mukunda murari vasu nacato range

hhone hhone murachai pandit kora, heraite sahacar bhabe bhela bhora

nikunja mandira pahu kayalo bithara, bhumepori kahe kaha murali bamar

kaha govardhan jumunak kula, kaha malati juthi campak phula

sivananda kahe pahu suni rasavani, jaha pahu gadadhar tabe rasa khani.

Tradução-
Gourkishora representa o Holi Lila no colo de ‘Rasahati Nari’ Shri Gadadhara.
(Rasabati Nari refere-se a identidade anterior de Gadadhara como Shri Radha).

As gotas de suor branca adornam Seu rosto, o corpo treme com arrepios e devido a
estar tomado nessas doçuras, lágrimas correm de Seus olhos.

Gadadhara canta com Narahari sobre a rasa de Vraja Dham, enquanto Mukunda,
Murari, Vasu Ghosh e outros dançam ao seu lado.

A intervalos Gourachandra perde sua consciência, mas Gadadhara O segura pelos


braços. Vendo esses desmaios repetidos todos os devotos ficam muito ansiosos.

Então Gourasundara com cuidado é levado e colocado para descansar na floresta


kutira. Quando o Senhor Se reclina, ele exclama com uma entonação de abandono: “Onde está
minha flauta? Onde está essa celebrada margem do Yamuna? E minha amada Govardhana, e
as flores malati, champaki e juthi da floresta?”

O poeta Shri Shivananda Sena conclui com a seguinte mensagem:

“Onde estiver Shriman Mahaprabhu e Gadadhara, ali também estará a essência da


rasa transcendental!”

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Nota –O Holi é passatempo diário constante em Navadvipa na primavera, mas


também ocorre com uma pompa ainda maior no primeiro dia da primavera, o ‘Basanta-Pancami’
(o quinto dia da lua crescente do mês de Magha, ou seja, o aniversário de Shri Vishnu Priya) até
o Goura Purnima esse lila continua em plenitude. Dentro desses quarenta dias Shri
Gourasundara aceita convite pessoal de muitos devotos íntimos para desempenhar
exclusivamente esse lila em suas casas.

Segundo o Gutika – Shriman Mahaprabhu aceita convites dos seguintes


devotos nas datas abaixo relacionadas:

Shri Basanta Pancami – Shri Advaita Acharya Sasti – Shrivasa Pandita Saptammi – Shri Advaita Acharya
Astami – Shri Chandrasekhar Acharya Navami – Jagadish Pandita Dasami – Shri Jagadananda Pandita
Ekadasi – Shri Raghava Pandita Dwadasi – Shri Vanamali Sarkar Trayodasi – Shri Nityananda Prabhu
Caturdasi – Shri Madhu Pandita Purnima – Shri Ganga Das Acharya Pratipada – Shri Svarupa Damodara
Dvitiya – Shri Raya Ramananda Tritiya – Shri Govindananda Thakura Caturti – Shri Vasu Rasamanda
Pancami – Shri Shri Shivananda Sena Sasti – Shri Govinda, Madhava, Vasu Ghosa Saptami – Shri
Vakresvara Pandita Astami – Shir Pundarika Vidyanidhi Navami – Shri Narahari Sarkar Dasami – Shri
Gadadhara Pandita Ekadasi – Shri Suklambar Brahmacari Dwadasi – Shri Gadadhara Das Trayodasi –
Shri Sadasiva kaviraja Caturdasi – a própria residência de Shri Mahaprabhu Amabasya – Shriman
Pandita Pratipada – Shri Vasudeva Datta Dvitiya – shri Garuda Pandita Tritiya – Shri Abhirama Thakura
Caturti – Shri Sundarananda Thakura Pancami – Shri Dhannanjaya Pandita Sasti – Shri Gouridas Pandita
Saptami – Shri Kamalakara Pipplai Astami – Shri Uddharan Datta Navami – Shri Mahesh Pandita Dasami
– Shri Purusottama Das Ekadasi – Shri Nagar Purusottama Das Dvadasi – Shri Paramesvara Das
Trayodasi – Shri Kala Krishna Das Caturdasi – Shridara Pandita Purnima – a própria casa de Shri
Mahaprabhu

Nota do Tradutor – Existem muitos associados nitya de Cheitanya Mahaprabhu que


registraram em primeira mão os incontáveis eventos coloridos que ocorreram no curso de seus
passatempos diários na forma de Vaishnava Padavali. Esses pada ou poemas foram feitos para
serem cantados no kirtana. É pesaroso que a doçura do rasa encontrada nesses padas sejam
diminuídas consideravelmente quando cantadas em outro idioma. O Mahajan Padavali pode ser
melhor apreciado ouvido da voz de kirtaneiros experientes que são familiarizados com a raga,
‘raga’, ‘ragini’, ‘tala’, ‘sura’, específicos, etc., para cada pada. Não seria superestimar dizer que o
kirtan Padavali forma a essência da cultura Vaishnava tradicional Gaudiya. Pois, esse tipo de
sankirtana é o meio pelo qual tantos Vaishnavas Mahajans expressaram seus sentimentos e
emoções na descrição de todos os aspectos do rasa de Goura Lila e Krishna Lila. Não há falta de
Vaisnava Mahajana autorizados que escreveram canções e padavali. Por exemplo, sobre esse
único assunto do Holi Lila, pode-se escrever um livro completo em separado. Aqui apenas
inserimos duas seleções temendo alongar demais a obra.

A Floresta Sazonal do Verão e


“Phulabangla”
Após a conclusão do Holi lila, Shriman Gourasundara, levando os devotos, Se
dirigiu para as florestas que manifestam o verão. Os papagaios e kokilas cantam enquanto as

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abelhas estão ativas nos campos de flores patala e sirish. Nessa hora, as mangas, bananas e
outras frutas são vistas maduras nas árvores e quando a brisa do sul carrega a fragrância dessas
florestas por toda a direção, uma adorável atmosfera é criada. Nesse kunja os ramos das árvores
pendem oferecendo sombra e abrigo aos caminhos do calor de um sol escaldante. Mel e pólen
que caem ao chão de flores incontáveis decoram esses caminhos. As flores das bananeiras
quando desabrocham parecem sorrir e as folhas caindo das árvores executam a função de
abanar o Senhor quando são agitadas pelo vento. Desfrutando esse cenário ao redor, Cheitanya
Mahaprabhu então vê diante de Si um elegantemente decorado “Phula-bangla”. Depois de se
aproximar desse maravilhoso mandap, Ele Se senta ali com todos os associados. (Um
phulabangla tem a forma de um mandir, pequeno, circular, completamente feito de flores). Em
tempos antigos, Rajas importantes ou pessoas ricas construiam esses mandiras de flores para
se sentare e se aliviarem do calor do verão.

Nesse momento Shrivasa Thakura supre Gourasundara e todos os devotos com


roupas brancas refinadas e guirlandas de flores frescas, então ele unta a todos com polpa de
sândalo refrescante. Em seguida para alívio adicional do Senhor e dos devotos do calor ,ele usa
um dispositivo que jorra água de rosas que emana refrescantemente. Finalmente quando essa
mistura encharca o corpo de todos, a aparência de Gouranga (e dos devotos) assume uma nova
elegância lustrosa.

Shri Svarupa Damodara, conhecendo a mente de Gourasundara, então passa a


cantar sobre o ‘Phuka-bangla’ lila de Radha Krishna no ‘Bona-Bihar’ na estação do verão. À
medida que esse kirtana prossegue todos entram no humor de Vrindavana, cada um em sua
identidade prévia.

- Gutika

A Estação das Chuvas e o Julan Lila


Após concluir o lila ‘Phula Bangla’, Mahaprabhu em seguida entra na floresta
sazonal das chuvas na companhia dos seus associados íntimos. Aqui a linha do horizonte é
preenchida com nuvens escuras macias e grous que migram em bandos, o que ocasiona
relâmpagos de luz. Vendo as nuvens recém chegadas, os pavões dançam nas árvores floridas
Kadamba, gritando ‘ke-ka, ke-ka’ com vozes intoxicadas.

Nessa estação, as árvores frutíferas exibem suas frutas maduras. Devido a gentil
chuva o chão ficou úmido e os insetos indra gopa avermelhados saem dos buracos e caminham
daqui para ali. Os pavões também podem ser vistos abrindo suas caudas, dançando. De tempo
em tempo um som estrondoso pode ser ouvido das nuvens seguido de uma repentina queda de
chuva pesada.

Recebendo o darshan dessas belas visões, Shri Gourasundara fica embevecido. Ao


ver logo acima um hindolin decorado suspenso de dois galhos da árvore kadamba e cobertos
com flores Jutika, Sua felicidade cresce ainda mais.

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Cheitanya Mahaprabhu vai Se sentar ali próximo (em um mandap com a base de
vinha Jutika) com os devotos ali reunidos. Shri Svarupa Damodara então, com muita doçura
passa a cantar o ‘Mallar Raga’ uma descrição do Julan Lila de Radha e Krishna. Ouvindo esse
kirtana Shri Gourasundara segura Gadadhara pela mão e senta com ele no hindolin. Enquanto
todos os bhaktas, em turnos, balançam Goura e Gadadhara, o kirtana prossegue. Desse modo
todos mergulham no oceano do Vraja lila rasa.

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