Você está na página 1de 11

2

1.0-Introdução
O desenvolvimento das sociedades e do mundo em geral, faz com que hajam mudanças na
maneira de pensar, ser e de agir, tendo em conta o tempo e as transformações de cada povo em
diferentes sectores de actividade.

No que diz respeito a área de educação no nosso país, Moçambique, este sector atravessou várias
fases na sua história de vida, desde o período colonial até a fase actual.

Houve fases em que o professor era considerado como dono do conhecimento, o aluno
considerado como uma tábua rasa e os conhecimentos usavam uma única direcção, neste caso
professor- aluno. Com o andar do tempo os estudiosos, viram a necessidade de reverter a
situação, pondo o aluno como centro de aprendizagem, dono da aula e o professor como simples
moderador da aprendizagem. Além disso, muitos pensadores estão preocupados em criticar essas
metodologias e fazer perceber a humanidade que a melhor maneira de aprender é abandonar a
forma de como eram tratados os conteúdos nos períodos lá idos.

Este trabalho, visa abordar as várias visões que alguns pensadores colocam como novos desafios
para a humanidade em particular moçambicanos nas novas formas de como se deve tratar os
conteúdos na sala de aulas. Para mais informações acerca dessas críticas dos pensadores da nova
maneira de como devem ser tratados os conteúdos, encontraremos no desenvolvimento do
trabalho.

O qual apresenta os objectivos, a definição dos conceitos, as diferentes visões sobre os conteúdos
de ensino, a conclusão e as referências bibliográficas.
3

1.1-Objectivos

1.1.1-Objectivo garal
Conhecer as novas abordagens de como tratar os conteúdos na sala de aulas.

1.1.2-Objectivos específicos
Tornar o ensino mais relevante;

Criticar os conteúdos de ensino tendo em consideração a realidade social moçambicana;

1.2-Justificativa
A escolha deste tema, visa analizar a relevância dos conteúdos de ensino de modo a contribuir
para os professores e à comunidade sobre os novos desafios que o desenvolvimento nos impõe
na maneira de agir na sala de aulas e na sociedade em geral.

1.3-Metodologia de trabalho
Para a elaboração do presente trabalho, recorreu se a consultas bibliográficas que abordam a
matéria em causa, não só consultou se também a internet.
4

1.4-Definição dos termos chaves


“Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos
valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em
vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida”, (LIBÂNEO,
1990:128).

Conteúdo é um dos meios de favorecer o desenvolvimentointegral do aluno, (PILETTI,


2004:98).

Crítica é o exame de um princípio ou idéia, facto ou percepção, com a finalidade de produzir


uma apreciação lógica, epistemológica, estética ou moral sobre o objecto da investigação,
(HOUAIAS, 2007).

Crítica, entre os pensadores iluministas e seus epígonos é o questionamento racional de todas as


convicções, crenças e dogmas, mesmo se legitimadas pela tradição ou impostas por autoridades
políticas ou religiosas, (HOUAIAS, 2007).

Crítica, no kantismo é o questionamento empreendido pela razão a respeito de seus próprios


limites, princípios, pretensões cognitivas e especulativas, (HOUAIAS, 2007).
5

2.0-Diferentes visões sobre os conteúdos de ensino

2.1-A Contribuição de John Dewey à Educação

Segundo BALOI, (2012) John Dewey é considerado o maior pedagogo norte-americano do


século XX, deixou um legado imenso de contribuições educacionais. Tomando como
pressuposto a teoria da Escola Nova, que visava o ensino centrado no aluno, contrapôs ao
Sistema Tradicional de educação, propondo a Educação Democrática. Para Dewey concretizar o
ideal democrático da sociedade, recorreu à Educação como um fenómeno de extrema
importância, capaz de proporcionar um espaço democrático para as diferentes classes sociais e
através de uma metodologia fundamentada no interesse e na experiência do indivíduo, garantir a
perpetuação dos valores liberais básicos, como a liberdade, a solidariedade e a igualdade de
oportunidades.

Segundo BALOI, (2012) para Dewey, a Educação Democrática é aquela onde a igualdade de
oportunidades é um elemento fundamental, isto é, todos os indivíduos presentes no processo de
ensino e aprendizagem devem ter a mesma oportunidade de ensino e que não deverá haver
diferenças de classes, cada aluno deve-se enriquecer com as experiências dos outros, entrando
numa relação de inter-ajuda.

Segundo BALOI, (2012) para Dewey, a escola é o principal local onde deverá ser desenvolvida a
Educação Democrática, portanto, a educação tem como finalidade, propiciar à criança condições
para que resolva por si própria os seus problemas, e não os tradicionais ideais de formar a criança
de acordo com modelos prévios, ou mesmo orientá-la para um porvir. Assim, tomando o
conceito de experiência como factor central de seus pressupostos, chega-se à conclusão de que a
escola não pode ser uma preparação para a vida, mas sim a própria vida. A Educação e, em
especial, a escola possui uma função de coordenar a vida mental de cada indivíduo nas diversas
influências dentro do meio social onde o indivíduo vive. Por isso, a Educação ainda que seja uma
função social, é uma necessidade de vida, onde a vida é renovada através da transmissão de um
conhecimento de um indivíduo ao outro e isto diferencia o homem dos seres inanimados, assim,
afirma Dewey que “a mais notável distinção entre os seres vivos e inanimados é que os primeiros
se conservam pela renovação”.
6

O intuito fundamental da Educação é fazer com que a aprendizagem de todo o conhecimento


leve à prática, e assim posto, ele propôs uma Educação, um método que tomasse em conta a
experiência de cada indivíduo, não como uma atitude isolada do sujeito com o mundo, mas que
este se integre com os outros.

2.1.2-Relação da teoria de John Dewey com a educação moçambicana


Segundo BALOI, (2012), Dewey referencia que o uso da problematização no ensino-
aprendizagem, é de suma importância para que ocorra o conhecimento significativo, uma vez
que a aprendizagem ocorreria mediante as experiências anteriores vivenciadas pelo aluno, onde
ele não só desenvolveria a técnica como também o intelecto e a moralidade em vista ao seu
desenvolvimento integral. E é isto o que a política educativa moçambicana pretende com a
concepção do currículo, que o aluno não seja um receptor passivo dum conhecimento já
elaborado, mas sim que este participe activamente no seu precesso de ensino, que o ensino seja
concebido em função deste e das suas condições concretas, por isso, há necessidade de se
conhecer bem e melhor o aluno que está em nossa frente, de modo que este seja capaz de
conciliar o conhecimento teórico com o prático.

O movimento da Escola Nova em Moçambique pode ser considerado como ter iniciado
principalmente na Época pós colonial, com o intuito de eliminar o Ensino Tradicional que
propunha como meta educacional a formação do homem ao nível teórico, e com o nascimento do
movimento da Escola Nova em Moçambique preconceituado por Samora Machel, com a política
da formação do Homem Novo após a independência, era necessário encontrar princípios práticos
da solidariedade bem como uma cooperação e integração social dos indivíduos. Para tal, era
preciso uma introdução às novas formas de educação em que o aluno é o actor principal do
Processo de Ensino e Aprendizagem.
Segundo INDE/MINED-Moçambique, (2003) são objectivos gerais do Sistema Nacional de
Educação os seguintes:
 Educação para a cidadania.
Proporcionar o desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade; educar o cidadão a ter
amor à Pátria, orgulho e respeito pela tradição e cultura moçambicanas;
7

 Educação para o desenvolvimento económico e social


Garantir o ensino básico a todo o cidadão, de acordo com o desenvolvimento do país, através da
introdução progressiva da escolaridade obrigatória; Formar cientistas e especialistas devidamente
qualificados, que permitam o desenvolvimento da produção e da investigação científica;
 Educação para as práticas ocupacionais
Desenvolver na criança, no jovem e no adulto o interesse pelos exercícios físicos, desporto e
recreação; Desenvolver na criança, no jovem e no adulto o hábito para a manutenção de um
corpo saudável através da higiene, prática de actividade física e desportiva, nutrição e cuidados
sanitários
A influência de Dewey para a educação em Moçambique sentiu-se no período pós-colonial, onde
antes havia dois tipos de educação, a dos filhos dos colonos que deveriam ir aos liceus e a dos
filhos dos indígenas que quase não tinham acesso à escola e, se tivessem, iriam ao ensino técnico
onde iriam desenvolver a questão da prática, contudo, com a ideia da formação do “Homem
Novo” de Machel, acabou este discurso, procurando-se uma unanimidade da formação dos
jovens ao serviço da pátria amada, embora surja um discurso contraditório, porque, enquanto se
pauta pela educação para todos, somente os que possuiam bens são os que poderiam ter acesso à
educação e este facto ainda é notório na nossa sociedade hodierna, onde somente uma minoria é
que entra em escolas melhores e com boas condições enquanto a maioria esmagadora está em
baixo das árvores e sob condições deploráveis. Com estes aspectos, podemos ver que Dewey está
presente nas reformas educacionais, em Moçambique.

2.2-Visão de GNU ORG sobre os conteúdos


Os conteúdos escolares só têm sentido se auxiliam o homem a evoluir e ser mais feliz. Só
encontram respaldo quando produzem no indivíduo a reflexão permanente sobre a vida, seu
significado, seu sentido e suas implicações, (GNU ORG, 2009).

O mundo hoje pede um cidadão cada vez mais atuante e que saiba lidar com situações diversas
com inteligência. Pede ainda um sujeito que contribua com o crescimento humano e que consiga
entender as diversas mídias e tecnologias existentes. Pede um sujeito que use a Química, a
Física, a Matemática não apenas para calcular a distância entre objetos ou as reações entre os
8

elementos, mas para entender o homem nas suas relações interpessoais, diminuindo as distâncias,
as diferenças, e amenizando as reações. Que use a História, a Geografia, a Biologia e as Línguas
não apenas para saber factos, dados e regras que já estão registados em centenas de lugares, mas
para construir a própria história, respeitando o próprio espaço, bem como a diversidade cultural,
(GNU ORG, 2009).

2.2.1-Perfil do Graduado do Ensino Básico, segundo INDE/MINED-Moçambique

O principal desafio do Novo Currículo é tornar o ensino mais relevante.


Tendo em conta este princípio, pretende-se que, ao concluir o ensino básico, o graduado tenha
adquirido conhecimentos, habilidades e valores que lhe permitam uma inserção efectiva na sua
comunidade e na sociedade em geral.
Cabe ao Ensino Básico formar um aluno capaz de reflectir, ser criativo, isto é, capaz de se
questionar sobre a realidade, de modo a intervir sobre ela, em benefício próprio e da sua
comunidade.
Tal como podemos aqui ver, o governo através do Ministério da Educação e Cultura pretende
através da educação formar um cidadão íntegro, dotado de conhecimentos, capacidades e
habilidades que lhe permitem o auto-sustento, sustento da família e da comunidade, logo que
conclua o Ensino Básico. Mas, na realidade o graduado do Ensino Básico não é integrado no
sector de trabalho e muito menos a criação do auto-emprego. E logo os conteúdos e as políticas
educacionais ainda não se encontram adaptados à realidade do país. Constitui um maior desafio
até então.

2.3-Visão de LIBÂNEO sobre os conteúdos


Os conteúdos de ensino devam retratar a experiência social da humanidade no que se refere a
conhecimentos e modos de acção, transformando-se em instrumentos pelos quais os alunos
assimilam, compreendem e enfrentam as exigências teóricas e práticas da vida social,
(LIBÂNEO, 1990).
Os conteúdos de ensino expressam o saber científico a serem assimilados pelas novas gerações
convista a ampliar o seu grau de compreensão da realidade e, equipando-se culturalmente para a
participação dos processos objectivos de transformação social. A aquisição do domínio teórico-
9

prático do saber sistematizado é uma necessidade humana integrante das demais condições de
sobrevivência.
Os conteúdos de ensino além da prática social e histórico dos Homens, devem ser elaborados
numa perspectiva de futuro, uma vez que contribuem para a negação das acções sociais vigentes,
tendo em vista a construção de uma sociedade verdadeiramente humanizada, (LIBÂNEO, 1990).

2.4-Visão de NYERERE sobre os conteúdos de ensino

Segundo NGUENHA et al., NYERERE viu a educação no contexto amplo baseado no


socialismo africano (ujamaa). Onde a educação devia inculcar e realçar a igualidade, o
cooperativismo, a auto-confiança, hospitalidade, a dignidade, o espírito de trabalho colectivo e o
humanismo.

O currículo para além da formação académica, devia verificar os saberes locais onde, mesmo
aquele que não possui a formação académica podia respeitar os saberes de pessoas comuns. O
ensino primário devia ser concebido de forma terminal e, não em função da sua preparação e
continuidade com conteúdos práticos. Para o ensino secundário seria a partir das necessidades
pessoais.

Tendo em consideração as políticas da educação em Moçambique, bem como os currícula


podemos notar a maior preocupação de concrectizar os ideiais de NYERERE no ensino básico.
Onde o fulcro pricimpal é de habilitar o graduado do ensino básico no seu auto-sustento, onde os
aspectos relevantes da sua comunidade para tal devem ser inclusos num espaço correspondente a
20% do tempo disponível. Também notamos a inclusão de disciplinas profissionalisantes, como
é o caso de Ofícios.

Esta ainda constitui uma tentativa de qualificar o ensino iniciado logo após a independência com
a implementação de Actividades Laborais. Ainda podemos notar o fracasso no currículo da
educação, numa altura em que em Moçambique o ensino básico não se pode conceber como
terminal. O graduado do ensino básico em Moçambique não é concorrido no mercado de
emprego e muito menos criar o seu auto-sustendo. Assim, os níveis subsequentes continiam
sendo uma necessidade e não um privilégio.
10

3.0-Conclusão

Ao analisar as propostas dos críticos dos conteúdos educacionais e compará-las com plano
curricular do ensino básico e a relidades social, chegamos à conclusão de que devemos, como
educadores, lutar para que o ensino seja feito de modo a torná-lo concreto e interessante. Algo
que vá ao encontro dos interesses do aluno, que considere sua cultura, e lhe transmita um saber
que possa de facto ser agente na transformação social.

Portanto, acreditamos serem extremamente válidas as discussões feitas a cerca do que devem ser
os conteúdos ensino:

Expressar o saber científico a ser assimilado pelas novas gerações convista a ampliar o seu grau
de compreensão da realidade;

Além da prática social e histórico dos Homens, devem ser elaborados numa perspectiva de
futuro;

O ensino primário devia ser concebido de forma terminal e, não em função da sua preparação e
continuidade com conteúdos práticos. Para o ensino secundário devia ser a partir das
necessidades pessoais.

Os educadores devem ser peças fundamentais na transformação da escola e agentes capazes de


aliar conteúdos à vida quotidiana dos alunos a fim de torná-los pessoas habilitadas para a vida e
exercício pleno da cidadania.
11

4.0-Referências bibliográficas
BALOI, J. A., A Contribuição de John Dewey para a Educação: Uma Reflexão sob Ponto de
Vista da Educação em Moçambique, actualisado em 25/04/2012 acessado em 8/03/2014.

GNU FDL,Conteúdos: Tendências pedagógicas e sua crítica, http://www.gnu.org, actualisado


em 12de Agosto de 2009, acessado em 8/03/2014.

HOUAIAISS, A. Et al., Dicionário Electrônico Houaiaiss da Língua Portuguesa, Editora


Objetiva Ltda, 2007.

INDE/MINED-Moçambique, Plano Curricular do Ensino Básico, Maputo, 2003.

LIBÂNEO, J. C. Didática, Cortez Editora, S.P., 1990.

PILLETTI, C. Didáctica Geral, Editora Ática, 23ª ed. S.P., 2004.


12

Índice
1.0-Introdução .............................................................................................................................2

1.1-Objectivos .............................................................................................................................3

1.1.1-Objectivo garal...................................................................................................................3

1.1.2-Objectivos específicos: .......................................................................................................3

1.2-Justificativa: ..........................................................................................................................3

1.3-Metodologia de trabalho........................................................................................................3

1.4-Definição dos termos chaves: ................................................................................................4

2.0-Diferentes visões sobre os conteúdos de ensino .....................................................................5

2.1-A Contribuição de John Dewey à Educação ..........................................................................5

2.1.2-Relação da teoria de John Dewey com a educação moçambicana ......................................6

2.2-Visão de GNU ORG sobre os conteúdos ...............................................................................7

2.2.1-Perfil do Graduado do Ensino Básico, segundo INDE/MINED-Moçambique .....................8

2.3-Visão de LIBÂNEO sobre os conteúdos ................................................................................8

2.4-Visão de NYERERE sobre os conteúdos de ensino ...............................................................9

3.0-Conclusão ........................................................................................................................... 10

4.0-Referências bibliográficas ................................................................................................... 11

Você também pode gostar