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ISSN 0870-1164

2011, Out / Nov/ Dez , Vol. 30, Nº 4, 109 - 144 € 6,50

SISTEMAS DE PROTECÇÃO EXTERIOR PARA EMBALAGENS


METÁLICAS NA INDÚSTRIA CONSERVEIRA

INFLUENCE OF PSEUDOMONAS AERUGINOSA BACTERIUM IN


THE CORROSION RATE OF CARBON STEEL SAE 1010

ESTUDO DA SUSCETIBILIDADE À CORROSÃO EM LIGAS DE


MAGNÉSIO AM60 FUNDIDAS SOB PRESSÃO
110
CORROSÃO e PROTECÇÃO
de MATERIAIS
Órgão Oficial da Federação Europeia de Corrosão - FEC
2011, Out / Nov / Dez, Vol. 30, Nº 4 Associação Ibero- Americana de Corrosão e Protecção - AICOP

FICHA TÉCNICA
SUMÁRIO
Directora Teresa Cunha Diamantino

Directora Adjunta Isabel Figueira Vasques


COMENTÁRIO 112

Conselho Técnico-Científico Alda Simões (IST) Conclusões das 6 Jornadas Corrosão


as

Elisabete Almeida (Consultora)


e Protecção de Materiais
Gervásio Ferreira Pimenta (ISQ)
Inês Fonseca (FCUL) José Gomes
João Machado (CIN)
Jorge Correia (FCUL)
José Gomes (Consultor)
José Inácio Martins (FEUP)
José M. Antelo (Consultor)
José Vieira (SIKA)
Leonor Côrte-Real (Hempel)
Luís Rocha (UM)
Manuela Cavaco (APT)
Manuela Salta (LNEC, I. P.)
Mário G. S. Ferreira (UA)
Victor M. M. Lobo (UC) ARTIGOS
Zita Lourenço (Zetacorr)
Sistemas de protecção exterior para embalagens 114
Colaboradores Permanentes César A. C. Sequeira (IST) metálicas na indústria conserveira.
Christopher M. A. Brett (UC)
Fernando Fragata (CEPEL, BR)
A. R. Resende, C. Teles, J. C. M. Bordado e
Fernando Jorge Monteiro (FEUP) J. C. S. Fernandes
Paula Rodrigues (LNEC, I. P.)
José Luís Nogueira (CIN)
Luísa M. Abrantes (FCUL)
Manuel Morcillo (CENIM, ES) Influence of Pseudomonas aeruginosa bacterium 124
Zehbour Panossian (IPT, BR) in the corrosion rate of carbon steel SAE 1010.
S. Oliveira, G. Vinhas, F. França, S. U. Filho e
Concepção Gráfica Pinguim Design – Publicidade
M. Lima
e Multimédia, Lda.
Av. Dr. Antunes Guimarães,
nº 1201, 1º, 4200 - 082, Porto
www.pinguimdesign.com Estudo da suscetibilidade à corrosão em ligas de 133
magnésio AM60 fundidas sob pressão.
Editor LNEG – Laboratório Nacional de Energia A. Silva, A. Bueno e A. o Sabariz
e Geologia, I.P.
Estrada do Paço do Lumiar, nº 22
1649-038 Lisboa
Tel. +351 21 092 46 51
INFORMAÇÃO
revista.cpm@lneg.pt

Depósito Legal 28088/89 Normalização 140


Tiragem 3000 exemplares
Avulso € 6,50 Novidades 141
Assinatura (4 números) € 24,00
Estudantes € 18,50 Notícias Breves 142
Capa Zona do casco de um navio após ter sofrido Calendário 143
uma avaria causada por arrasto do fundo
chato em banco de coral.
1º Prémio do Concurso de Fotografia nas
6as Jornadas de Corrosão e Protecção de
Materiais (Autor da Foto: Engº Vitor Nunes).
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

COMENTÁRIO
CONCLUSÕES DAS 6AS JORNADAS CORROSÃO
E PROTECÇÃO DE MATERIAIS

As 6as Jornadas decorreram num momento marcado por uma crise profunda e
generalizada que se traduz em recuos nas economias de muitos países e por fortes
restrições financeiras. À corrosão e à protecção anticorrosiva estão associados
custos directos e indirectos com um impacto significativo na sociedade e, portanto,
existe uma natural dependência relativamente às envolventes política, económica,
financeira e social.

Em momentos de dificuldade como este, há uma tendência para se cortar em custos


relacionados com a manutenção e com a protecção anticorrosiva. Por outro lado,
durante os últimos anos, temos vindo a assistir a uma preocupante diminuição dos
conteúdos curriculares universitários relacionados com o ensino da corrosão.

É precisamente neste enquadramento desfavorável que as 6as Jornadas assumem


José Manuel G. Gomes grande relevância porque vêm reafirmar a importância da corrosão em todas as
Engenheiro Químico,
suas vertentes e a existência de uma comunidade de cientistas e técnicos, altamente
Membro do Conselho Técnico-Científico da Revista
Corrosão e Protecção de Materiais empenhada no aprofundamento do saber e no desenvolvimento das tecnologias de
protecção que serão utilizadas no futuro.

As 6as Jornadas constituiram um verdadeiro sucesso, o que foi demonstrado pelo


interesse que os temas tratados despertaram em diversos sectores da sociedade, com
especial relevo para empresas, laboratórios de estado e universidades. Aqui ficam
algumas estatísticas:
- Estiveram presentes 140 participantes provenientes de 34 empresas, 6 universidades, 3 institutos públicos, 1 instituto privado e
1 centro tecnológico.
- Foram apresentados 25 trabalhos, dos quais 19 comunicações e 6 “posters”. 17 tiveram participação de universidades, 6
tiveram participação de institutos e 4 tiveram participação de empresas.
- Dos 80 autores de trabalhos, 72 % pertencem a universidades, 18 % a institutos e 10 % a empresas.

As duas conferências plenárias a que tivemos o prazer de assistir merecem um natural destaque. A primeira, proferida pelo Sr.
Prof. Lorenzo Fedrizzi, mostrou-nos, de uma forma cativante e muito clara, exemplos de como se efectua a transição da escala
laboratorial para a escala industrial de revestimentos para protecção anticorrosiva.
A segunda, proferida pela Sra. Doutora Zita Lourenço, apresentou alguns casos reais de corrosão e os custos que lhes estão
associados. Correndo o risco de ser repetitivo, pela sua importância estratégica, não posso deixar de referir a proposta
apresentada nesta conferência para a realização de um estudo a nível nacional “cujo objectivo seria estimar os custos da
corrosão nos vários sectores da indústria e identificar medidas conducentes à sua redução”. Recordo que as “Conclusões das
5as Jornadas”, elaboradas pelo Sr. Eng. José Antelo, em 2008, chamavam já a atenção para a necessidade de um tal estudo.

Houve 4 sessões temáticas dedicadas aos temas “Novos Materiais e Revestimentos”, “Mecanismos de Corrosão”, “Casos Reais
de Corrosão” e “Corrosão Metálica”.
Sob o tema “Novos Materiais e Revestimentos” foram apresentadas 6 comunicações de grande actualidade e abrindo caminhos
para o futuro. Curiosamente, a incidência foi sobre os materiais não ferrosos, incluindo o cobre, ligas de alumínio e ligas de
magnésio. Novos revestimentos orgânicos, inibidores, revestimentos com mecanismos de auto-reparação e nanotecnologia são
palavras-chave que resumem o que foi abordado, visando aplicações importantes tais como construção naval, aeronáutica e
bio-implantes.
O tema “Mecanismos de Corrosão” contou com 5 comunicações de grande interesse fundamental e aplicado. Os materiais
abordados foram do tipo ferrosos e não ferrosos designadamente, o par ferro-zinco, aço galvanizado, betão armado, ligas de
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alumínio e o titânio.
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

Na continuidade do que se verificou nas 5as Jornadas, teve lugar uma sessão dedicada ao tema “Casos Reais de Corrosão” com
5 comunicações. Como era de prever, foi dominada por técnicos de organismos de direito privado (6 empresas e um instituto).
Os casos apresentados, todos do maior interesse prático, trataram de betão armado, reabilitação por dessalinização e protecção
catódica.
O tema “Corrosão Metálica” contou com 3 comunicações tratando de assuntos diversos mas de grande relevância em domínios
tão distintos como a arqueologia, a medicina e a manutenção de permutadores de calor industriais.
A sessão de “Posters” incluiu 6 trabalhos que dificilmente poderiam ser mais diversificados, interdisciplinares e abrangentes.
Senão vejamos. Prevenção de corrosão em sistemas de energia eólica offshore, recuperação de artefactos arqueológicos,
revestimentos auto reparadores em ligas de alumínio, corrosão do cobre em solos, protecção e conservação da madeira e
aplicação de programas de geoquímica a problemas de corrosão.

Tendo tido início nas 5as Jornadas (em 2008), voltou a realizar-se o Concurso de Fotografia sobre corrosão e protecção de
materiais. Foram apresentadas 24 fotografias a concurso que despertaram um grande interesse por parte de todos os presentes,
como comprova a elevada participação na votação. Foram premiadas as 3 fotografias mais votadas.

O “Prémio Jovem Investigador” é já uma “tradição” das Jornadas da Revista. Testemunhos de premiados em Jornadas anteriores
atestam que o prémio constitui um grande incentivo para quem pretende seguir a carreira de investigação. Parabéns aos
vencedores do prémio 2011 mas igualmente para os que tiveram o mérito de se apresentar a concurso.
A um nível mais geral, o “Prémio Jovem Investigador” vem lembrar-nos de um problema de grande actualidade na sociedade
portuguesa. É que sem jovens não teremos futuro!

Quero expressar uma palavra de agradecimento a todos os participantes nestas 6as Jornadas. Uma referência muito especial
para a Direcção da Revista e colaboradores do LMR que, com muita dedicação e abnegação, levaram a cabo esta realização
de forma inexcedível. Ainda uma palavra de agradecimento aos patrocinadores e apoiantes das 6as Jornadas. Uma referência
especial às empresas REN e EDP pelo empenhamento e apoio desde a primeira hora. Por fim mas não menos, um agradecimento
à Hempel Portugal pelo apoio ao longo de muitos anos à Revista Corrosão e Protecção de Materiais.

Para terminar, gostaria de deixar uma palavra de esperança. As 6as Jornadas demonstraram que existem equipas técnico-
científicas de elevadíssima qualidade, com capacidade de renovação e que existem projectos. Apesar das dificuldades presentes,
estas são as garantias de que a corrosão e a protecção terão seguramente um lugar no futuro. Cabe-nos a nós, a esta comunidade
agregada em torno destes temas, pela nossa perseverança e determinação, sensibilizar os decisores para a necessidade de
serem evitadas perdas que afectam ou impedem a realização de investimentos produtivos comprometendo a sustentabilidade. Só
deste modo poderemos sair dum ciclo de imediatismo promovido a “ideologia dominante” e contribuiremos para a construção
de um mundo melhor!

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Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

SISTEMAS DE PROTECÇÃO EXTERIOR PARA EMBALAGENS


METÁLICAS NA INDÚSTRIA CONSERVEIRA
Artigo submetido em Março de 2009 e aceite em Maio de 2011

A. R. Resende1, C. Teles1, J.C.M. Bordado2, J.C.S. Fernandes3,*

Resumo
Este trabalho apresenta os resultados da avaliação de diferentes revestimentos anticorrosivos que são actualmente aplicados em
latas de conserva de peixe. Identificaram-se e caracterizaram-se os processos pelos quais se dá a degradação dos revestimentos e
a corrosão do substrato metálico quando expostos a soluções aquosas de cloreto de sódio, utilizando a técnica de espectroscopia
de impedância electroquímica (EIE) e ensaios de nevoeiro salino. Para o estudo do efeito da deformação mecânica na protecção
anticorrosiva, desenvolveram-se células que permitiram a realização de medidas electroquímicas em regiões particulares de uma
amostra estampada.
Os resultados mostraram que a deformação provocou níveis distintos de degradação inicial nas diferentes zonas das amostras em
estudo. Contudo, a velocidade da degradação em imersão não foi afectada significativamente pela deformação.

Palavras-chave: Alumínio, Folha-de-Flandres, Corrosão, Expectroscopia de Impedância Electroquímica, Nevoeiro Salino

SYSTEMS OF EXTERNAL PROTECTION FOR METALLIC


PACKAGING IN THE PRESERVED FOOD INDUSTRY
Abstract
This work is focused on different anti-corrosive coatings currently used in cans for fish preserves. The processes leading to the
degradation of coatings and to the corrosion of the metallic substrate when exposed to sodium chloride aqueous solutions were
identified and characterized, using electrochemical impedance spectroscopy (EIS) and salt spray tests. In order to study the effect
of a mechanical deformation in the anticorrosive protection, special cells were developed, allowing to make electrochemical
measurements in specific zones of a swaged sample.
The results showed that the deformation caused different levels of initial degradation in the different zones of the samples under
study. However, when in immersion the degradation rate was not significantly affected by the deformation.

Keywords: Aluminium, Tinplate, Corrosion, Electrichemical Impedance Spectroscopy, Salt Spray Tests

1. INTRODUÇÃO

O uso de folhas metálicas para a aquecidos e acondicionados em pelo pesquisador Louis Pasteur, que
produção de embalagens surgiu embalagens devidamente seladas baptizou o processo de pasteurização.
de experimentações rudimentares podiam ser guardados por mais tempo, Desde então, as embalagens de aço e
realizadas no século XVIII. Foi o livres da acção de certos tipos de posteriormente também de alumínio são
francês Nicolas Appert o primeiro a bactérias. O método foi cientificamente utilizadas para acondicionar, proteger
constatar, em 1790, que alimentos comprovado mais de 70 anos depois e conservar os mais diferentes produtos.

1
Crown Cork & Seal, Sítio das Cardeeiras – Apartado 4, Alcochete, Portugal
2
DEQB, Instituto Superior Técnico, Univ. Técnica de Lisboa, Av. Rovisco Pais, Lisboa, Portugal
114 3
DEQB/ICEMS, Instituto Superior Técnico, Univ. Técnica de Lisboa, Av. Rovisco Pais, Lisboa, Portugal
*A quem a correspondência deve ser dirigida, e-mail: joao.salvador@ist.utl.pt
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

As características exclusivas oferecidas o aço de possíveis descontinuidades de alumínio para acondicionamento


por estes metais tornaram este tipo da camada de estanho) e favorecer a culinário.
de embalagem insubstituível na aderência de revestimentos orgânicos, Na indústria das embalagens
composição da imagem e da qualidade eventualmente necessários. alimentares o alumínio não é usado
de muitos dos mais renomados e Sobre o "filme de passivação" é apli- no seu estado puro, mas sob a forma
conhecidos produtos que fazem parte cada uma fina camada de óleo, a qual de ligas, combinado com elementos
do nosso quotidiano. é útil no manuseio e também na preven- como Mn, Mg, Si ou Cu, entre outros,
A folha-de-flandres é o substrato ção contra a corrosão. A lubrificação que melhoram as suas propriedades
metálico mais utilizado no fabrico de utilizada, usualmente DOS (dioctyl se- mecânicas. As ligas de alumínio mais
embalagens metálicas para a indústria bacate), é compatível com os produtos usadas nesta indústria correspondem
alimentar. Consiste numa folha de alimentares, pelo que esta não é reti- às séries 3000 e 5000, essencialmente
aço com baixo teor de carbono rada antes da utilização do metal para compostas por alumínio, manganês e
revestida, em ambas as faces, por o seu fim (Esquema 1). magnésio.
estanho comercialmente puro (com À semelhança do que acontece
uma percentagem de estanho superior com a folha-de-flandres, o alumínio
a 99,85%, sem que o teor de chumbo recebe normalmente um tratamento
exceda 0,01%). A folha-de-flandres de passivação com fosfato de crómio.
combina num só material a resistência Também a lubrificação utilizada
mecânica e a capacidade de é idêntica à referida para a folha-
deformação do aço, com a resistência de-flandres, ou seja, DOS - dioctyl
à corrosão, a soldabilidade e boa sebacate (Esquema 2).
aparência do estanho. Pode optar-se O alumínio apresenta algumas vanta-
pela aplicação de um revestimento gens em relação à folha-de-flandres:
uniforme dos dois lados ou por um mais leve, aspecto mais higiénico e
revestimento diferencial. Neste caso, atraente, mais moldável e dúctil, menos
um dos lados recebe um revestimento sujeito à oxidação atmosférica e à sulfu-
mais espesso do que o outro, em ração. Por outro lado é mais caro, não
função da resistência à corrosão permite ser soldado, não é magnético,
necessária em cada lado. No caso de Esquema 1 - Estrutura típica da folha- é mais facilmente riscável e apresenta
existir uma falha na camada de verniz de-flandres usada em embalagens menor resistência mecânica.
normalmente aplicada sobre a folha- para a indústria alimentar. A aplicação de verniz em embalagens
de-flandres, o estanho irá funcionar metálicas para a indústria alimentar
como uma barreira extra entre o aço e tem como função essencial proteger o
os produtos em contacto, funcionando metal da corrosão, quer externa quer
também como ânodo sacrificial. internamente. Os vernizes aplicados
Desta forma, o estanho vai corroer- devem resistir à deformação mecânica
se preferencialmente, protegendo o e aos tratamentos térmicos e não devem
substrato de aço [1]. apresentar qualquer risco de toxicidade
No processo de fabricação, a folha de ou transmitir qualquer gosto ou sabor
aço com revestimento electrolítico de ao produto. Os vernizes são também
estanho é submetida a um aquecimento essenciais para o metal adquirir pro-
controlado conhecido por “fusão”, priedades mecânicas que facilitam o
que proporciona a formação de uma processo de transformação em latas,
camada intermédia de liga entre o aço Esquema 2 - Estrutura típica do para criar uma superfície na qual qual-
e o estanho (liga FeSn2) – é esta etapa alumínio usado em embalagens para quer borracha adira de forma eficiente
que confere à folha-de-flandres o brilho a indústria alimentar. e para conseguir objectivos estéticos e
característico que a destaca entre os comerciais entre outros.
materiais para embalagem. A superfície O alumínio é um material não ferroso, Os revestimentos, vernizes ou tintas,
do produto aço base / liga FeSn2 muito leve, fácil de transformar e com são aplicados com o objectivo de actu-
/ estanho livre, é ainda sujeita a um boa resistência à oxidação atmosférica. ar como uma barreira entre o substrato
tratamento de conversão com crómio, É utilizado nas mais variadas formas, metálico e o meio exterior (para além
normalmente designado por “filme de desde embalagens rígidas (latas), também do importante efeito estético
passivação”, cujas principais funções embalagens semi-rígidas (formas que actualmente lhes está associado e
são aumentar a resistência à corrosão e bandejas), embalagens flexíveis de todos os outros factores já referidos)
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atmosférica e à sulfuração (protegendo (sacos e outras embalagens) e folha e podem ser vistos como a combina-
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

ção de uma barreira física, um inibidor auto-catalítico: a rápida dissolução do do, neste tipo de produto, é necessário
químico e uma resistência eléctrica. metal dentro das picadas e a sua pos- testar também amostras com deforma-
Em termos electroquímicos, o esquema terior hidrólise produzem uma elevada ção que simulem a sua aplicação real
de protecção promove: a) uma resistên- acidez e um excesso de cargas positi- [5-6]. A compreensão da forma como
cia de polarização devido à alta re- vas nessa zona, promovendo a migra- a deformação afecta o desempenho
sistência eléctrica do sistema; b) uma ção, a partir do exterior, de aniões e, de um esquema de protecção é essen-
polarização catódica devido à redu- em particular, de iões cloreto, de forma cial para a estimativa da vida útil dos
zida presença de oxigénio junto do a restaurar a electroneutralidade. Desta objectos produzidos e prevenir a sua
metal; c) uma polarização por concen- forma, passa a existir dentro da picada falência antecipada, quer estética, quer
tração da reacção anódica, devido à uma elevada concentração de cloreto funcional.
restrição da migração através do reves- que, aliada à elevada acidez do meio,
timento dos catiões metálicos que se for- estimulam ainda mais a dissolução me-
mam por dissolução do metal. Generi- tálica, acelerando assim, de uma forma 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
camente, os principais factores para a contínua, o processo de corrosão.
acção anticorrosiva de um verniz e/ou A protecção externa das embalagens
tinta são as suas propriedades barreira, de alumínio não deve, portanto, ser 2.1. Amostras
a aderência ao substrato e a resistência subestimada, já que a presença de um
mecânica e química [2]. processo corrosivo poderá ter severas Os testes foram efectuados em latas produ-
A degradação, quer de um verniz consequências, mesmo que o aspecto zidas, por estampagem, a partir de folha-
quer de uma tinta, deve-se à falha de estético não seja afectado. de-flandres ou de liga de alumínio.
um ou vários dos seus mecanismos de No caso da folha-de-flandres, o estanho As amostras em folha-de-flandres têm a
protecção e pode ocorrer por vários funciona como um ânodo sacrificial, composição referida na Tabela 1 e possuem
processos em simultâneo: penetração i.e., no caso de haver exposição a um uma estanhagem diferencial de 5,6/2,8,
de água ou vapor de água, oxigénio e ambiente corrosivo será este o primeiro sendo a face interior da lata a mais rica em
iões através do revestimento, por acção metal a ser atacado, protegendo o estanho (5,6 g/m2). A espessura é de 0,18
da radiação ultravioleta com destruição aço. Mesmo que o processo corrosivo mm, a têmpera utilizada é a T3 (TS275),
de cadeias do polímero, perda de cor avance até ao consumo do estanho, o tipo de passivação o 311 (tratamento
e brilho, perda de aderência com em- deixando o aço desprotegido, este pas- convencional) e o tratamento térmico
polamentos e delaminação, ataque de sará a corroer-se uniformemente, ao (recozimento) foi efectuado em contínuo. A
agentes químicos (solventes, ácidos, contrário do que acontece no alumínio. folha-de-flandres foi fornecida pela Arcelor,
bases), agressões mecânicas, dilata- Assim, no que respeita aos efeitos da já com todas as características acima
ções e contracções quer do sistema corrosão, a desvantagem da folha-de- referidas e com lubrificação DOS.
protector quer do substrato metálico flandres face ao alumínio é fundamen- As amostras em alumínio utilizaram a liga
devido às condições térmicas do meio talmente de ordem estética, já que os 3104, cujos principais elementos de liga
e corrosão do substrato metálico, entre produtos de corrosão do estanho e do são Si, Fe, Mg e Mn, com têmpera H26
outras [3]. aço são óxidos com cores escuras e, e uma espessura de 0,21 mm, sendo
Há vários tipos de corrosão que podem portanto, bastante visíveis [4]. fornecidas pela EVAL já cobertas com
ocorrer na interface metal – revestimen- As latas são fabricadas após pintura e lubrificante DOS (dioctyl sebacate).
to que conduzem ao surgimento de em- envernizamento de chapas metálicas, Como referido na introdução, as chapas
polamentos, de delaminação anódica, através de um processo de estampa- metálicas foram previamente revestidas
de corrosão filiforme e de delaminação gem. A estampagem pode ser definida com diferentes tipos de vernizes, antes da
catódica. como um conjunto de operações que produção, por estampagem, dos cinco ti-
A corrosão por picadas é característica permitem a obtenção de uma peça a pos de embalagens metálicas estudadas,
das embalagens de alumínio. Este tipo partir de uma chapa plana mantendo a de acordo com a Tabela 2 e a Tabela 3.
de corrosão pode ser difícil de detec- sua espessura sensivelmente constante.
tar, mas traduz-se frequentemente num Estas operações têm lugar geralmente 2.2. Medidas de espectroscopia de
severo ataque localizado que pode, em prensas mecânicas ou hidráulicas. impedância electroquímica (EIE)
inclusivamente, levar à perfuração do Estas prensas são compostas por um
metal, pelo que é considerado uma das punção e por uma matriz que definem, As medidas de impedância foram
formas mais destrutivas de corrosão. respectivamente, os contornos interior e realizadas utilizando um Gamry FAS1
A detecção de uma picada é normal- exterior de uma peça. A maioria dos Femtostat acoplado a uma placa
mente difícil devido às suas reduzidas testes efectuados para avaliar esque- controladora PC4 e ligado a um
dimensões e ao facto de que muitas mas de pintura ou para estudar a de- multiplexer Gamry ECM8. A aquisição
vezes se encontra coberta por produtos gradação de revestimentos orgânicos é de dados e o controlo do sistema
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de corrosão. Este tipo de corrosão é feita através de painéis planos. Contu- utilizaram o software EIS300 da
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

Tabela 1 – Composição do aço utilizado na folha-de-flandres.

Elemento C Mn P S Si Cu Ni Sn As Cr Mo N Al Outros

0,30 0,02
% max.
a a
(em peso) 0,12 0,02 0,02 0,03 0,08 0,08 0,02 0,01 0,08 0,02 0,08 0,02
0,50 0,08

Tabela 2 – Caracterização do esquema de protecção exterior das amostras de alumínio.

Espessura Média Total


Código Verniz Fixação Tinta Base (Branca) Verniz Acabamento
do Filme Seco

Tipo: Poliéster
7,1 µm (zonas c/tinta)
Referência: 1
A --- --- 4,5 µm (zonas s/ tinta)
Carga padrão (g/m2): 5 ± 0,5
Carga aplicada: 5,5 g/m2

Tipo: Poliéster Tipo: Poliéster


Referência: 2 Referência: 3
B --- 10,2 µm
Carga padrão (g/m2): 14 ± 1 Carga padrão (g/m2): 7 ± 0,5
Carga aplicada: 15,6 g/m2 Carga aplicada: 6 g/m2

Tipo: Poliéster Tipo: Poliéster


Referência: 7 Referência: 3
E --- 14 µm
Carga padrão (g/m2): 14 ± 1 Carga padrão (g/m2): 7 ± 0,5
Carga aplicada: 15,6 g/m2 Carga aplicada: 6 g/m2

Tabela 3 – Caracterização do sistema de protecção exterior das amostras de folha-de-flandres.

Espessura Média Total


Código Verniz Fixação Tinta Base (Branca) Verniz Acabamento
do Filme Seco

Tipo: Poliéster Tipo: Acrílico


Referência: 4 Referência: 6 12 µm
C ---
Carga padrão (g/m2): 2,5 ± 0,5 Carga padrão (g/m2): 7 ± 0,5
Carga aplicada: 2,0 g/m2 Carga aplicada: 7,2 g/m2

Tipo: Poliéster Tipo: Acrílico


Referência: 5 Referência: 6
D --- 15,8 µm
Carga padrão (g/m2): 15 ± 1 Carga padrão (g/m2): 7 ± 0,5
Carga aplicada: 14,5 g/m2 Carga aplicada: 6,9 g/m2

Gamry. Os ensaios foram realizados consistiu numa área exposta das de reservatório para a solução de
com as células electroquímicas dentro amostras em estudo. Esta área variou ensaio (Figura 1a). Foram também
de uma gaiola de Faraday. conforme o tipo de célula usada. Para desenvolvidas células que permitiram
Utilizaram-se células de 3 eléctrodos: superfícies planas colaram-se tubos de a medição da resposta em superfícies
como referência utilizou-se um eléctrodo polimetacrilato de metilo (PMMA) na curvas seleccionadas da amostra (Figura
de calomelanos saturado (Hg |Hg2Cl2, superfície da amostra, usando cola 1b). Ao todo, a amostra deformada (lata)
KClsat); como contra eléctrodo utilizou- epoxídica Araldite de secagem rápida. foi estudada em 4 regiões diferentes
se um eléctrodo de platina na forma de Estes tubos, além de delimitarem a (Figura 1 e Figura 2): topo (1), lado (2),
117
fio enrolado e o eléctrodo de trabalho área de trabalho, também serviram esquina (3) e na curva do topo (4).
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

O meio de ensaio usado neste trabalho 2.3. Testes acelerados de corrosão os resultados de EIE obtidos para uma
foi a solução aquosa de cloreto de em câmara de nevoeiro salino única zona de uma amostra, efectuando-
sódio preparada com água Millipore Os testes acelerados de nevoeiro se em seguida a análise dos resultados,
e NaCl da Panreac Química SA. A salino foram efectuados numa câmara já tratados, obtidos nas diferentes
concentração utilizada foi de 0,03 % Ascott cc120t. Devido à necessidade condições. Para essa análise optou-
(m/m). de se obterem resultados num breve se por uma abordagem semelhante à
As medições foram realizadas ao intervalo de tempo, os testes não foram adoptada por Mansfeld e Kendig [9],
longo do período de exposição, ao realizados de acordo com a norma focando a análise na variação com o
potencial de circuito aberto, com uma ASTM B117 [7], mas sob condições tempo dos valores de impedância (|Z|)
perturbação sinusoidal de potencial de muito mais agressivas. Para tal, utilizou- obtidos a uma frequência fixa (na zona
valor eficaz de 10 mV, numa gama de se o teste de resistência ao nevoeiro das baixas frequências, normalmente a
frequências geralmente entre 100 kHZ salino cupro-acético (CASS - Copper 0,1286 Hz) e apenas para as zonas
e 0,01 Hz, com 7 pontos por década Accelerated Acetic Acid Salt Spray mais significativas de cada uma das
distribuídos logaritmicamente. (Fog) Test), de acordo com a norma amostras.
ASTM B368 [8]. As latas e amostras
planas foram colocadas na câmara, 3.1. Estudo electroquímico de uma
onde foi vaporizada uma solução de 5 % zona de uma amostra
de NaCl e 0,25 g/l de CuCl2.H2O, cujo
pH foi acertado no intervalo 3,1 - 3,3 Nas Figura 3 e Figura 4 são apresenta-
através da adição de ácido acético. O dos os espectros de impedância electro-
interior da câmara foi mantido a uma química obtidos para a amostra do tipo
temperatura de (49º± 1) °C e o ensaio D. Os resultados referem-se apenas à
teve a duração de quatro dias. zona 1 da amostra (topo).
O comportamento da amostra, tal como
se mostra na Figura 3 e na Figura 4,
3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS pode ser interpretado da forma que se
segue. Até um dia de imersão observa-
se uma resposta puramente capacitiva,
Após os diversos ensaios de corrosão, indicando que o verniz está pratica-
as amostras estampadas apresentam mente intacto, i.e., que protege com-
regiões com diferentes estados de de- pletamente a amostra (aliás, devido à
gradação. Essas diferenças são con- elevada impedância destas amostras,
sequência da desigual distribuição de não foi possível prolongar estes en-
deformação do metal e, por consequên- saios até ao limite inferior das frequên-
cia, do filme protector, devido ao pro- cias). Para maiores tempos de imersão
cesso de estampagem. A impedância começa a notar-se nos diagramas uma
Figura 1 - Tipos de células utilizadas
da amostra estampada depende da segunda constante de tempo, indican-
para os estudos de impedância.
resposta de cada uma das regiões que do o início da degradação do verniz,
a compõem, tornando-se importante com exposição do metal que começa
separar a contribuição de cada região a corroer-se.
e identificar as regiões que mais con- O ajuste dos espectros experimentais
tribuem para degradação da amostra. a circuitos equivalentes vem confirmar
Como já referido, foram estudados esta ideia. De facto, os resultados ob-
dois tipos de substratos num total de tidos até 1 dia de imersão podem ser
cinco amostras e, dentro de cada ajustados a um circuito com apenas
amostra, estudaram-se quatro zonas uma associação em paralelo RC (Figura
distintas. Os esquemas de protecção 5a), relacionada com as propriedades
eram também distintos entre amostras. do verniz intacto, enquanto para os
A apresentação, neste trabalho, de restantes tempos foi já necessário utili-
todos os resultados de espectroscopia zar um circuito mais complexo (Figura
de impedância electroquímica (EIE) 5b) que considera já a ocorrência de
obtidos para as várias zonas de todos um processo de corrosão em algumas
os diferentes tipos de amostras seria zonas onde, devido à deterioração do
demasiado extensa. Assim, a título de verniz, o metal ficou exposto à solução.
118 Figura 2 - Ilustração das 4 zonas estu-
exemplo, apresentam-se em seguida
dadas em cada amostra.
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

3.2. Estudo localizado da degrada-


ção das amostras estampadas

3.2.1 Folha-de-flandres

3.2.1.1 Amostras do tipo D


Comparando a zona 1 e a zona 2,
verifica-se que as impedâncias medidas,
à mesma frequência, nas duas zonas são
bem distintas (Figura 6), apresentando
a zona 1 uma consideravelmente
menor impedância do que a zona 2. Em
ambas as zonas o metal sofre pouca ou
nenhuma deformação/estiramento, sendo
essencialmente dobrado/moldado.
Na zona 2 verifica-se uma elevada
resistência da camada protectora,
apresentando um valor elevado e sen-
sivelmente constante de impedância ao
longo dos vários dias em que decorreu Figura 3 - Diagrama de Nyquist para uma amostra do tipo D (zona 1).
o estudo (1x109 ohm.cm2), indicando a
manutenção das propriedades barreira
do esquema de protecção (verniz/tin-
ta). Pelo contrário, na zona 1, o valor
de impedância inicial é logo inferior e
diminui com o decorrer do ensaio, o
que indicia uma gradual degradação
do sistema verniz/tinta.
Uma outra forma de tratar e apresen-
tar os resultados corresponde ao uso
do factor de deterioração desenvolvido
por Mansfeld e Kendig [9]:
em que Z0 e Zt são os módulos da im-
pedância obtidos, no início da imersão
e para um determinado tempo t, respec-

tivamente, a uma frequência fixa f (nor-


malmente obtida às baixas frequências
e que, neste trabalho, foi normalmente
de 0,1286 Hz). Note-se que D varia en- Figura 4 - Diagramas de Bode para uma amostra do tipo D (zona 1).
tre 0 (no caso em que Z0 = Zt, ou seja,
no instante inicial) e infinito, no caso de
uma degradação completa da amostra.
Uma das vantagens deste tipo de apre-
sentação prende-se com a dificuldade
a) b)
em determinar com exactidão a área ex-
posta da amostra, especialmente no caso
das células correspondentes a zonas do-
bradas (zona 3 ou zona 4, por exemplo).
Assim, ao optar-se por uma razão entre
valores obtidos na mesma zona a diferen-
tes tempos, eventuais erros na determina- Figura 5 - Circuitos eléctricos equivalentes usados no ajuste numérico dos resul- 119
ção da área são cancelados, permitindo tados.
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

pressão. Contudo, neste caso, durante


a formação da lata, o metal foi ape-
nas moldado para adquirir a forma
pretendida (ondulada), não tendo sido
usado qualquer carimbo. Analisando
a zona 1 ao microscópio, mesmo an-
tes dos ensaios de impedância, já era
notória alguma fragilidade da camada
de vernizes e tinta, sendo visíveis por
vezes pequenas fissuras no revesti-
mento (Figura 8a). Após os 36 dias
em que a amostra D sofreu o teste de
impedância, analisou-se de novo a lata
ao microscópio verificando-se corrosão
Figura 6 - Variação com o tempo dos valores de impedância a uma frequência na zona 1 (Figura 8b), daí os inferiores
fixa (f=1,286 Hz) para a amostra D. valores de impedância obtidos.
No ensaio de nevoeiro salino foram
obtidos resultados semelhantes, ou seja,
a zona 1 também apresentou corrosão
após estar vários dias em contacto
com um ambiente fortemente salino e
agressivo, ao passo que a zona 2 se
manteve intacta.

3.2.1.2 Amostras do tipo C

À semelhança das amostra do tipo


D, também nestas amostras a zona
1 apresenta um pior comportamento
que a zona 2. Os valores de
impedância, à mesma frequência,
são consideravelmente menores na
Figura 7 - Evolução com o tempo dos factores de deterioração para a amostra D. zona do carimbo. Tal como referido
anteriormente, a camada protectora
nesta zona já apresenta alguma
a comparação entre diferentes zonas ou é idêntico e não existe ainda degrada- fragilidade mesmo antes dos ensaios.
tipos de amostras. ção, o que por exemplo neste caso está
No caso presente considerou-se para Z0 o longe de ser verdade. É possível verifi-
valor de impedância obtido, à frequência car com base nos valores de impedância
fixa escolhida, ao fim de 1h de imersão. apresentados na Figura 6 que, ao fim da a)
Os resultados obtidos encontram-se repre- primeira hora de imersão, o estado das
sentados na Figura 7. amostras já era bastante distinto.
É possível verificar o que já foi anterior- A explicação para os diferentes valores
mente referido, ou seja, que a zona 2 não de impedância encontrados na zona 1
sofre praticamente nenhuma degradação e na zona 2 pode residir na presença
ao longo do tempo de imersão mas que, de um carimbo com a palavra “Portu-
pelo contrário, a zona 1 sofre uma con- gal” que é embutido mecanicamente
siderável e exponencial degradação. na zona 1 durante a formação da lata, b)
A utilização do factor de deterioração deformando-a. O tubo de PMMA que
é bastante útil para comparar degrada- delimitou a área em estudo foi coloca-
ções de um mesmo sistema em pontos do exactamente sobre a palavra “Por-
distintos [9-12]. Contudo, pode apresen- tugal”. A superfície onde foi colocado
tar limitações, relacionadas com o pres- o tubo de PMMA na zona 2 também
Figura 8 - Zona do carimbo (zona 1)
suposto de que no primeiro dia (leitura não é lisa, existindo uma ondulação
120 antes (a) e depois (b) da imersão para
ao fim de 1h) o estado das amostras que dá à lata maior resistência à com-
ensaios de impedância.
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

3.2.1.3 Influência do verniz 3.2.2 Alumínio de imersão. Os resultados obtidos no


Com o intuito de avaliar a influência nevoeiro salino reconfirmam a fragi-
dos esquemas de protecção utilizados 3.2.2.1 Amostras dos tipos A e E – lidade do sistema externo utilizado na
nas amostras de folha-de-flandres em es- Comparação entre as zonas 1 e 2 amostra A, permitindo seriar as dife-
tudo, foram comparados os resultados À semelhança do verificado na folha- rentes amostras quanto à sua crescente
de impedância das amostras C e D, à de-flandres, também para qualquer resistência à corrosão, na forma A < B
mesma frequência, ao longo dos vários uma das amostras de alumínio em < E.
dias de ensaios. Os resultados encon- estudo os valores de impedância são Esta seriação é coerente com as espes-
tram-se resumidos na Figura 9. consideravelmente menores na zona do suras dos revestimentos, ou seja, uma
Em termos de impedância, ambas as carimbo (zona 1), como se mostra na menor espessura traduz-se num pior
amostras apresentam um comporta- Figura 10, relativa a amostras dos tipos comportamento da amostra num ambi-
mento semelhante, não sendo por isso A e E. ente agressivo e corrosivo. A amostra
possível diferenciar os sistemas de Os valores iniciais de impedância da A, onde apenas se aplica uma camada
protecção externos utilizados em ter- amostra A são consideravelmente infe- de verniz, apresenta uma espessura de
mos de eficácia contra a corrosão. O riores aos verificados na amostra E e 7,1 µm em zonas com tinta e verniz e
mesmo aconteceria com a representa- B (apesar de os valores desta amostra uma espessura de 4,5 µm em zonas só
ção dos factores de deterioração. Por não estarem representados). As latas com verniz. A amostra B, que possui
outro lado, também para as zonas 3 e do Tipo A apresentaram, logo desde o uma tinta-base e um verniz de cobertura,
4, cujos resultados não foram inseridos início, uma baixa resistência do filme apresenta uma espessura de 10,2 µm e
na Figura 9, os valores são semelhantes protector, sendo também detectados a amostra E possui uma espessura de
para os dois tipos de amostra, não per- sinais de actividade electroquímica 14 µm, devido às características da
mitindo a sua diferenciação. no substrato desde as primeiras horas tinta-base e do verniz de acabamento
aplicados (Tabela 2).

3.2.2.2 Amostras dos tipos A, B e E–


Comparação entre as zonas 3 e 4

Através de uma análise da variação


com o tempo dos valores do módulo da
impedância, obtidos a uma frequência
fixa, pode concluir-se que, em geral, os
valores de impedância são menores na
zona 3 do que na zona 4. Por outro
lado, para uma mesma zona os valores
de impedância aumenta na sequência
A<B<E, o que confirma a superior re-
sistência à corrosão do sistema E.
Figura 9 -Valores de impedância obtidos a uma frequência fixa (f=1,286 Hz) É de notar que na zona 4 o metal sofre
ao longo do tempo para as amostras C e D. estiramento, sendo deformado plastica-
mente, enquanto na zona 3 é apenas
dobrado (Figura 2). Uma vez que as
amostras são obtidas a partir de uma
chapa plana com revestimento e litogra-
fada, não é apenas o substrato que sofre
o efeito da deformação mecânica, mas
também a matriz polimérica do revesti-
mento protector. Os revestimentos vão
sofrer uma deformação, o que, para
além de diminuir a sua espessura, pode
originar o aparecimento de pequenos
poros ou fissuras, provocando uma di-
minuição da capacidade protectora do
revestimento. Por esta razão era já es-
perado que a zona 3 apresentasse um
Figura 10 - Variação com o tempo dos valores de impedância a uma frequência 121
pior comportamento face à corrosão do
fixa (f=0,1286 Hz) para as amostras A e E (zonas 1 e 2 das amostras).
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

que a zona 4.
Após o teste acelerado de nevoeiro sa-
lino, as amostras do tipo A apresentam
corrosão por picadas, quer na base da
lata (zona de contacto com os tapetes
rolantes), quer nas zonas 3 e 4, o que
já era esperado face aos baixos va-
lores de impedância e tendo em conta
a elevada agressividade deste teste de
nevoeiro salino (Figura 11). A amostra
B apresentou apenas uma ligeira cor-
rosão por picadas na zona 4 e duas ou
três picadas na zona 3, apresentando,
contudo, uma corrosão mais evidente
na base da lata. A amostra E superou
bem o teste de nevoeiro salino não
apresentando quase nenhuns pontos de Figura 11 - Superfície exterior de uma amostra do tipo A após ensaio de nevoeiro
corrosão. salino e pormenor da corrosão por picadas na zona 4.
Mais uma vez se demonstra a inferior
capacidade protectora da camada de
verniz aplicada na amostra do tipo cada zona foi caracterizado e os agentes degradação da camada polimérica.
A e, por oposição, a boa protecção responsáveis pela sua degradação foram Aquando da fabricação das latas, é
conferida pelo esquema de protecção identificados. Concluiu-se que a deformação embutido um carimbo com a palavra
aplicado na amostra E. Aproximada- mecânica tem um efeito negativo na eficácia PORTUGAL na base da lata. Foi visível
mente 50 % da área da amostra A da protecção anticorrosiva, já que degrada ao microscópio que, mesmo antes da
apenas foi revestida com verniz, cuja as propriedades barreira do revestimento imersão dessa zona no meio líquido
espessura é praticamente metade da protector. corrosivo, já era notória a fragilidade
usada na amostra B (as restantes áreas Os poros e os defeitos que existem num e alguma ruptura nos revestimentos
da amostra usam também tinta, o que verniz e/ou tinta têm várias origens: regiões aplicados. O uso deste carimbo na
aumenta a espessura total de revesti- com polimerização incompleta, bolhas de indústria conserveira nacional deixou de
mento). Quanto ao melhor resultado gás aprisionadas no revestimento, presença ser obrigatório, sendo agora facultativo
das amostras do tipo E, era já espe- de impurezas, defeitos introduzidos e uma questão estética e de marketing.
rado e está justificado pelo uso de uma pelo manuseamento do material, entre Assim, os autores sugerem que seja
tinta-base com elevada carga aplicada, outras. No caso das amostras sujeitas a devidamente explicado aos industriais
e pelas sucessivas camadas de verniz deformação mecânica há que acrescentar o efeito nefasto que este carimbo pode
que resultam numa maior espessura to- o desenrolamento e estiramento de ter no aparecimento de corrosão, de
tal de revestimento. cadeias poliméricas e ruptura de ligações modo a que, progressivamente, possa
químicas, como consequência do processo deixar de ser usado. A segunda zona
4. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES de estampagem. Estes processos ocorrem que apresentou piores resultados
preferencialmente junto dos defeitos já de impedância, em quase todas as
existentes e dos pigmentos e cargas, pois amostras estudadas, foi a zona 3.
A espectroscopia de impedância estes representam descontinuidades na Trata-se dos cantos das latas, zonas que
electroquímica provou mais uma vez matriz do polímero. O número e extensão sofrem uma considerável deformação
ser uma técnica adequada aos estudos dos defeitos deverão ser tanto maiores mecânica (estiramento do metal). Uma
em metais com diferentes revestimentos, quanto maior for a deformação aplicada. vez que as amostras são obtidas a
dado que permite identificar e A exposição a um meio aquoso aumenta partir de uma chapa plana previamente
quantificar os diferentes mecanismos a dimensão dos poros e defeitos através de envernizada e litografada, não é
responsáveis pela degradação do lixiviação de alguns componentes solúveis apenas o substrato que sofre o efeito
revestimento e pela corrosão do na tinta, aumento do volume de tinta, criando da deformação mecânica, mas também
substrato. Através desta técnica foi espaços entre as cadeias poliméricas, a matriz polimérica do revestimento
possível estudar o efeito da deformação tensões internas e menor ligação pigmento- protector. Os revestimentos vão sofrer
em latas produzidas por estampagem polímero. uma deformação, o que pode originar
a partir de chapa previamente pintada Das 4 zonas analisadas, a zona 1 é a o aparecimento de pequenos poros ou
e envernizada, tendo-se definido 4 que apresenta sempre valores inferiores fissuras, provocando uma diminuição
122
diferentes zonas. O comportamento de de impedância, sinónimo de uma maior da capacidade protectora. As restantes
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

duas zonas apresentaram resultados salino visto que este permite apenas [6] A. Bergo and L. Fedrizzi, Prog. Org.
elevados de EIE quando comparados obter a posição relativa das amostras Coat., 52, 328 (2005).
com os anteriormente referidos, com numa escala qualitativa de valores. Das [7] ASTM B117- 07 (Standard Practice
especial realce para a zona 2 (lado várias amostras estudadas, as que pos- of Operating Salt Spray (Fog) Appara-
da lata). A zona 4, para além de ser suíam um esquema composto por tinta- tus), ASTM, PA, USA (2007).
uma zona de dobragem, fica exposta base e verniz de acabamento apresenta- [8] ASTM B368 - 09 (Standard Test
aos danos (possíveis) resultantes dos ram sempre melhores resultados, já que Method for Copper Accelerated Ace-
tapetes rolantes, entre o processo de nesses casos é necessário aplicar uma tic Acid Salt Spray (Fog) Testing (Cass
estampagem e a colocação em paletes, maior espessura de verniz para que a Test), ASTM, PA, USA (2009).
que poderão ainda ser agravados tinta-base adquirira a tonalidade branca [9] F. Mansfeld and M. W. Kendig, J.
nos tapetes rolantes existentes nas desejada pela indústria conserveira. Electrochem. Soc., 4, 135 (1988).
conserveiras. Mais uma vez se provou a relação en- [10] J. C. S. Fernandes (Espectroscopia
Comparando os resultados obtidos por tre a espessura do revestimento e a re- de Impedância Electroquímica), IST, Lis-
espectroscopia de impedância electro- sistência a ambientes corrosivos. Por isso boa (2000).
química e por corrosão acelerada em mesmo, as latas do tipo A foram as que [11] G.W. Walter, Corros. Sci., 9, 26
câmara de nevoeiro salino, verifica-se apresentam piores resultados. (1986).
uma correlação entre os resultados ob- [12] F. Mansfeld and C. H. Tsai,
tidos pelos dois métodos. No entanto, Corros., 12, 47 (1991).
as condições em nevoeiro salino pro- REFERÊNCIAS
vocaram uma degradação e corrosão
da película mais rápida e intensa, o
que provavelmente se deve à tempera- [1] T. A. Turner (Canmaking – The Tech-
tura de ensaio e maior agressividade nology of Metal Protection and Decora-
da solução usada. De relembrar que as tion), Chapman & Hall, Wantage (1998).
amostras estiveram apenas 4 dias no en- [2] H. Leidheiser, Jr., Corrosion The:
saio de nevoeiro salino enquanto que a Journal of Science and Engineering, 7,
imersão para ensaios de EIE durou 36 dias. 38 (1982).
Um aspecto que merece destaque é o [3] G. W. Walter., Corros. Sci., 1, 26,
facto de o método electroquímico ser (1986).
mais sensível e permitir quantificar as [4] M. G. Fontana (Corrosion Engineer-
diferenças encontradas para os diversos ing), 3rd edition, McGraw Hill Interna-
sistemas de vernizes, tanto na resistência tional editions, New York (1988).
da película como no processo de cor- [5] A. C. Bastos and A. M. P. Simões,
rosão, o que não é possível no nevoeiro Prog. Org. Coat., 46, 220 (2003).

“Corrosão e Protecção de Materiais”


conta com o apoio da

através do seu programa FACC/2010


Apoio do programa operacional Ciência, Tecnologia e Inovação
do quadro comunitário de apoio III
123
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

INFLUENCE OF PSEUDOMONAS AERUGINOSA BACTERIUM


IN THE CORROSION RATE OF CARBON STEEL SAE 1010
Artigo submetido em Agosto de 2011 e aceite em Novembro de 2011

Sara Oliveira1*, Glória Vinhas3, Francisca França2, Severino Urtiga Filho1 e Maria Lima3

Abstract
This paper analyses the influence of Pseudomonas aeruginosa bacterium in the corrosion rate of SAE 1010 carbon steel when
immersed in different media for distinct lengths of time. A statistical tool was used in this study, 23 factorial design. The corrosion
rate was evaluated by annual mass loss of the specimens. The biofilms formed on the surface of the specimens were characterized
employing techniques of surface analysis. The results showed that the corrosion rate for systems can increase and/or decrease,
depending on how the biofilm was formed on the steel surface.

Keywords: Steel, SEM, XRD, FTIR, Microbiological Corrosion

INFLUÊNCIA DA BACTÉRIA PSEUDOMONAS AERUGINOSA


NA TAXA DE CORROSÃO DO AÇO CARBONO SAE 1010

Resumo
Este trabalho analisa a influência da bactéria Pseudomonas aeruginosa na taxa de corrosão do aço carbono SAE 1010 quando
imerso em diferentes meios e diferentes períodos de tempo. Foi utilizada uma ferramenta estatística no estudo, planejamento
experimental 23. A taxa de corrosão anual foi avaliada por perda de massa dos corpos de prova. Os biofilmes formados na
superfície dos corpos de prova foram caracterizados empregando-se técnicas de análise de superfícies. Os resultados obtidos
demonstraram que a taxa de corrosão nos sistemas pode aumentar e/ou diminuir, dependendo de como o biofilme foi formado
na superfície do aço.

Palavras-chave: Aço, MEV, DRX, FTIR, Corrosão Microbiológica

1. INTRODUCTION

In aquatic environments, many bacteria In biofilms, the activity of microorganisms reduction or the interruption of some of
adhere to surfaces and interfaces and on a substrate alters the conditions of the reactions in the corrosion process
produce a gelatinous layer of extracel- the medium and the substrate/solution [2-4].
lular polymeric substances (EPS). Micro- interface, which may result in the Pseudomonas spp. are predominantly
bial communities, known as biofilms, induction of localized corrosion or even found in industrial water and seawater,
develop in this polymeric matrix [1]. the inhibition of corrosion through the and are associated with corrosive pro-

1
Depart. de Engenharia Mecânica – Universidade Federal de Pernambuco; R. Acadêmico Hélio Ramos, S/N - CEP 50730-530 - Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil.
2
Depart. de Engenharia Bioquímica – Universidade Federal do Rio de Janeiro; Escola de Química, Centro de Tecnologia, Bloco E, sala 109, Ilha do Fundão, CEP 21941-972,
Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
124 3
Departamento de Engenharia Química – Universidade Federal de Pernambuco; Av. Professor Artur Sá, S/N – CEP 50740-521 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil.
*A quem a correspondência deve ser dirigida, e-mail: olivhsara@gmail.com
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

cesses as well as the processes of corro- evaluate the influence of the bacterium (30x10x2.5) mm and the chemical com-
sion inhibition [3,5-7]. P. aeruginosa ATCC 27853 on position listed in Table 1.
Various species of the bacteria Pseu- corrosion rates of carbon steel SAE The steel surfaces were polished with
domonas are involved in corrosion in- 1010 coupons, in two types of media 200 and 400 grit wet paper and
hibition on metallic surfaces, of which (seawater and saline solution) and for washed with trichloroethylene, distilled
the following have been cited: Pseudo- different exposure times. A statistical water, isopropanol and acetone to re-
monas fragi [8,9], Pseudomonas flava, tool, the 23 factorial design, was used move moisture. After cleaning, the cou-
Pseudomonas stutzeri [10], Pseudomo- to better analyse the results. In factorial pons were dried in an oven at 70 ºC
nas cichorii [3] and Pseudomonas fluo- design, the factors studied were: for 30 min and placed in a desiccator
rescens [7,11]. The species Pseudomo- corrosion type, medium type and the for 20 min before being exposed to the
nas aeruginosa is associated only with experimental duration. The annual rate media [3].
microbiologically induced corrosion [6]. of corrosion was determined by the
Pseudomona ssp. produce high mo- mass loss of the coupons throughout the 2.2 Microorganisms
lecular weight exopolysaccharides that experimental period.
adhere to steel surfaces, as shown by For the characterisation of the biofilms The bacterium P. aeruginosa ATCC
scanning electron microscopy (SEM) formed on the surfaces of the coupons, 27853 was used, which was provided
and Fourier transform infrared spectros- we used surface analysis techniques such by the Institute of Antibiotics of the
copy (FTIR) [3,10]. as scanning electron microscopy (SEM), Universidade Federal de Pernambuco
EPS and lipopolysaccharides are known X-ray diffraction (XRD) and Fourier trans- (Recife-PE, Brazil). The bacteria were
for mediating bacterial colonisation form infrared spectroscopy (FTIR). grown in a Marine broth (DIFCO,
on metal surfaces located in marine Maryland, USA) in a shaker at 150 rpm
and freshwater environments. These and 35 ºC for 48 h. Cultures were stored
substances are responsible for either 2. METHODOLOGY on Marine Agar (DIFCO,Maryland,
the corrosion process or processes USA) at 5 ºC and re-streaked monthly.
of corrosion inhibition on metallic
surfaces depending on factors such as 2.1 Samples 2.3 Media
the bacterial species and the bacterial
growth conditions on the surfaces We used carbon steel SAE 1010 2.3.1 Seawater (SW)
[3,10]. coupons with the dimensions of
900 mL of seawater that supplies a
The resistance to steel corrosion in an thermoelectric power plant located
aquatic medium depends on formation Table 1 - Chemical composition of the in Suape, PE, Brazil was used for
of a non-porous iron oxide/hydroxide carbon steel. experiments. The seawater samples
film. Deposits of organic and inorganic were always collected at the same
material such as phosphates, phospho- Metal Composition (%) site and submitted to microbiological
nates and exopolymeric substances, analysis; they were later deposited
together with metallic cations on the sur- Mn 0.430 in bioreactors (Erlenmeyer flasks) as
face of steel, promote a greater stability described later in this section.
in the protective layer [4]. Si 0.010
The study of corrosive products that are 2.3.2 Saline solution (SS)
formed on carbon steel test samples P 0.016
is of great interest since it allows for 900 mL of saline solution [3] was used,
the detection of the transformation S 0.008 with the composition reported in Table 2.
mechanisms of the samples as well as This medium was adjusted to pH 7.5
the evaluation of the possible protective Cr 0.010
with 10 % NaOH.
effects of the oxide layer. Corrosion The bioreactors with seawater, saline
rates for carbon steel are much higher Al 0.060
solution and carbon steel coupons were
in an initial exposure phase, which sterilised in an autoclave at 121ºC and
Cu 0.010
later stabilises with time. This is due 1 atm for 20 min.
to the oxide layer formed on the Inocula grown in the SW and SS me-
V 0.001
samples, which makes them more dia (100 mL) contained approximately
compact with time, as a function of the 1.4x104 g mL-1 P. aeruginosa [3] pre-
C 0.100
type of environment and the level of grown in Marine broth in a shaker at
contamination [12]. 150 rpm and 35 ºC for 72 h.
Fe trace 125
The objective of this study was to
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

Table 2 - Chemical composition of sa- was the response evaluated. Experimen- 2.7.2 Quantification of P. aerugi-
line solution. tal conditions of the tests are shown in nosa
Table 3.
Components Composition (g L-1) This microbial group was quantified by
2.6 Mass loss and corrosion rate counting Colony Forming Units (CFU)
using a pour-plate technique to analyse
NaCl 30.0
The coupons were weighed before the sessile bacteria, with Petri dishes con-
start of the experiments and after acid taining the inoculum of biofilm removed
KCl 0.8 from the coupons and medium Pseudo-
pickling was used to remove the biofilm
that formed. For acid pickling, the coupons monas isolation agar. Determination
MgSO4.7H2O 7.0 were submersed in 26 % hydrochloric acid of cellular growth was performed after
for 5 seconds, washed with running water, incubation at (35±1) ºC for 48 h [18].
NH4Cl 1.0 neutralised with a 10 % (m/v) NaOH
solution for 5 seconds and again washed 2.8 Analysis of the coupon surfaces
K2HPO4 0.7 with running water. Finally, the coupons
were immersed in isopropyl alcohol for 2.8.1 Scanning electron micros-
KH2PO4 0.3 5 seconds and then in acetone for 5 copy (SEM)
seconds. The treated coupons were dried
Sodium citrate in an oven at (70±1) ºC for 30 min and The microscopy analyses were
3.0
tribasic placed in a desiccator for 20 min before performed using a scanning electron
Fe, B, Zn, Cu, Mg, Co, performing the final weighing. An average microscope, JOEL, model 6460. The
traces
Mn and Ca of four coupons was used to calculate the control steel coupons and coupons after
corrosion rate [15]. removing the biofilm were analysed
without pretreatment. The steel coupons
2.4 Bioreactor 2.7 Microbiological analyses with a biofilm were dehydrated by
immersion in ethyl alcohol solutions
The experiments were conducted in
2.7.1 Calibration curve with increasing concentrations up to
bioreactors, composed of 1.5 L glass 100 % (10, 20, 30, 40, 50, 70, 80,
Erlenmeyer flasks with a working For cellular quantification, a spectropho- 90, 100 %), remaining in each solution
volume of 1 L. The metallic coupons tometric method based on a calibration for roughly 15 min. They were then
were attached in the systems by a nylon curve constructed at 540 nm was used, transferred to a desiccator for three
support with stainless steel rods and relating absorbance with dry weight at days to be dried completely [19]. These
nylon threads to avoid contact between 90 ºC [16]. coupons were layered with gold to
the coupons and consequent galvanic Cells were separated by centrifuga- then be examined under a scanning
corrosion. These coupons were exposed tion in an Eppendorf 5403 centrifuge microscope, between 15 kV and 30 kV,
to the media and monitored after 15 at 3800 g for 10 min. They were then with an amplification of 11000x.
and 30 days, when the water in the suspended in a 0.85 % saline solution
bioreactors was changed [13]. and washed twice to completely remove
The coupons with biofilms were the medium [17].
analysed by scanning electron
microscopy (SEM), X-ray diffraction
(XRD) and Fourier transform infrared
spectroscopy (FT-IR). After removing Table 3 - Factors and levels studied in the 23 experimental design.
the biofilm, mass loss and the corrosion
Code Level
rate were analysed.
Factors of the variables
Low (-) High (+)
2.5 Factorial design
Corrosion Type CT Non-biological (Control) Biological
Corrosion type (CT), water type (WT)
and experimental duration (ED) were
identified as parameters capable of in- Saline solution
Water Type WT Seawater (SW)
(SS)
fluencing the process. To evaluate the
influence of these parameters, 23 facto-
Experimental Duration
rial design was utilised with experimen- (days) ED 15 30
126
tal replicates [14]. The corrosion rate


Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

2.8.2 X-ray diffraction (XRD)


The X-ray diffraction analyses for the
coupons were performed in a Rigakudif-
fractometer, operating with a Cu source
(40 kV/20 mA).

2.8.3 Fourier transform infrared


spectroscopy (FTIR)

The infrared analyses for biofilms on


the coupons were performed in a FT LA
2000 device from ABB. The deposits
grated from the coupons were mixed
with KBr powder for analysis on wafers
[3]. The resolution was 4 cm-1 and the
scanning number was 100.

3. RESULTS AND DISCUSSION

Fig. 1 - Pareto diagram showing the principle effects of the factors studied on the
corrosion rate.
3.1 Factorial design

To better analyse the results obtained with combinations of levels of the factors for the Shown on the X axis is the corrosion type
the bioreactors studied, a Pareto diagram corrosion rate. Each vertex of the cube is (CT) factors, varying from a minimal level
was plotted with the factors identified as equivalent to one bioreactor (B) studied (-1) to a maximal level (+1); on the Y axis,
the parameters capable of influencing the with the respective average corrosion rates. the water type (WT) factors, varying from
corrosion rate. These factors were: corro- a minimal level (-1) to a maximal level
sion type (CT), water type (WT) and ex- (+1); on the Z axis, the experimental
Table 4 - Matrix and results of the 23
perimental duration (ED). Figure 1 shows duration (ED) factor, varying from a
experimental factorial, in (mm year-1)
the diagram with the estimated principle minimal level (-1) to a maximal level (+1).
of the corrosion rate.
effects for these factors, as well as the ef- In analysis of the cube with the average
fects of interactions between them. Bioreactors Corrosion responses, we examined that by varying
CT WT ED
(B) Rate*
The statistical significance of the effects the corrosion type (CT) of bioreactor B1
was calculated at intervals with 95 % (non-biological corrosion) for bioreactor
1 -1 -1 -1 0.0798±0.0001
confidence for each effect. The effects B2 (biological corrosion), with the water
whose absolute values exceeded the red type (WT) and experimental duration
2 +1 -1 -1 0.0427±0.0006
line on the vertical axis (p=0.05), are (ED) fixed at the lowest level (seawater,
considered significant. When analyzing 15 days), there was a reduction in the
the results of the Pareto graph, we observed 3 -1 +1 -1 0.0159±0.0008
corrosion rate. This decrease in rate was
that the factors that had a significant effect also examined when the experimental
on the corrosion rate were the water type 4 +1 +1 -1 0.0177±0.0015 duration (ED) was extended for a
(WT) and corrosion type, and among longer period (30 days), and when the
the interactions, only the corrosion type – 5 -1 -1 +1 0.0738±0.0027 corrosion type (CT) of bioreactor B5 (non-
water type (CT x WT) was significant. biological corrosion) was exchanged
Table 4 presents the experimental matrix 6 +1 -1 +1 0.0422±0.0025 for that of bioreactor B6 (biological
of the 23 factorial design, as well as the corrosion) with the water type (WT) fixed
average of the results obtained in terms 7 -1 +1 +1 0.0119±0.0039
at the lowest level (seawater).
of the corrosion rate (mm year-1) for the The reduction of the corrosion rate in the
factors studied: corrosion type (CT), water system inoculated with P. aeruginosa
8 +1 +1 +1 0.0249±0.0066
type (WT) and experimental duration ATCC 27853 in seawater can be
(ED). *Arithmetic mean with standard deviation of the explained by two mechanisms:
rate of corrosion.
Figure 2 presents a cube containing WT – Water type 1. Production of a uniform biofilm
CT – Corrosion type
127
the average responses, with all the ED – Experimental duration around the steel, which provides a
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

and diffractograms of the coupons in


the planning bioreactors (30 days of
exposure), while Figure 5 presents the
diffractogram of the control carbon steel
coupon.
In bioreactor 5 (seawater and non-
biological corrosion), the surfaces of the
coupons are surrounded by layers of
substances such as hydrolysed salts and
corrosion products (Figure 3a), which
were identified in the diffractogram of one
of the coupons (Figure 4a) as hypersthene
(MgSiO3. FeSiO3 – peaks: 0.632 nm,
0.330 nm, 0.173 nm and 0.156 nm);
goethite (Fe2O3.H2O - peaks: 0.423
nm, 0.270 nm, 0.247 nm, 0.226 nm,
0.220 nm, 0.173 nm and 0.156 nm);
lepidocrocite (1/2Fe2O3.H2O – peaks:
0.330 nm and 0.194 nm); hematite
Fig. 2 - Cube with the average responses of corrosion rate. (α Fe2O3 – peaks: 0.270 nm and
0.220 nm); forsterite/fayalite structures
(Mg2SiO4/Fe2SiO4 - peaks: 0.247 nm,
barrier type protection [2,4]. can be justified since these media have 0.226 nm, 0.173 nm and 0.156 nm)
2. Oxygen consumption by the an slightly alkaline pH (8,0) after 30 days and α iron (peaks: 0.203 nm, 0.143 nm,
microorganisms within the biofilm may of exposure, indicating hydrolysis of salts 0.117 nm and 0.101 nm).
have caused a reduction of this reagent that act as inhibitors of corrosion for some Some researchers encountered compounds
on the metallic surface [4,20]. metals, which then protects iron in the as corrosion products similar to those found
presence of dissolved oxygen [10,21]. in experiments developed in this paper:
In the cube with the average responses, Some salts such as phosphate and silicate lepidocrocite (γ-FeOOH), the goethite
an increase in the corrosion rate was form insoluble films composed of iron (α-FeOOH) and hematite (Fe2O3). A study
examined when changing the water type phosphates or iron silicates, which act as using XRD and SEM, identified various
(WT) one level higher to saline solution, or protective barriers against corrosion [21]. elements that comprise the corrosion
exchanging bioreactor B3 (non-biological products of carbon steel exposed to
corrosion) for bioreactor B4 (biological 3.2 Microbiological analyses marine, industrial-marine and rural areas
corrosion) with the experimental duration [12]. These products were lepidocrocite (γ-
(ED) fixed at the lower level (15 days). 3.2.1 Pseudomonas aeruginosa FeOOH), goethite (α-FeOOH) and hematite
This increase in the corrosion rate can (Fe2O3), similar to those found in this work.
also be examined when elevating the These bacteria showed a better adaptation The researchers also encountered the
experimental duration (ED) to a higher in bioreactors with seawater, since the following products: akaganeite (β-FeOOH),
level (30 days) and when varying the concentration remained stable at 6.1x105 magnetite (Fe3O4) and a compound
corrosion type (CT) of bioreactor B7 (non- CFU cm-2 after 15 days and 8.9x105 not commonly mentioned in literature
biological corrosion) for bioreactor B8 CFU cm-2 after 30 days. In relation to regarding corrosion products: green
(biological corrosion). the bioreactors with saline solution, the rust II, Fe3.6Fe0.9(O, OH, SO4)9 together
The increase in corrosion rate of the concentration of P. aeruginosa decreased with phosphate oxide, β-Fe2(PO4)O.
coupons in the bioreactors in which saline from 8.2x106 CFU cm-2 after 15 days to The study also pointed out that the
solution was used for inoculation can be 1.0x104 CFU cm-2 after 30 days. compounds lepidocrocite, akaganeite
justified by the presence of a non-uniform and magnetite can transform into
biofilm aggregated to the steel, inducing 3.3 Analyses of the coupon sur- hydroxides in an intermediary phase
corrosion [2,4]. faces and then become goethite in a final
Analyzing the cube with the responses, phase. In addition, XRD and SEM
in the bioreactors in which only the non- 3.3.1 Scanning electron micros- analyses of layers of medium external
biological corrosion took place (B1, B5, B3 copy (SEM) and X-ray diffraction rust of carbon steel in seawater
and B7) for both water types (seawater encountered as the principle corrosion
(XRD) of the coupons with biofilms
and saline solution), a reduction in the products, similar products: iron oxides
128
corrosion rate was also examined. This Figures 3 and 4 show micrographs goethite (α-FeOOH) and lepidocrocite (γ
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

-FeOOH) [22]. Previous study classified In bioreactor 8 (saline solution and bioreactors studied after removing the
the principle corrosion products on biological corrosion), the surfaces of biofilms.
the surface of carbon steel, the same the coupons presented biofilms, where The surface of the carbon steel control
substances previously mentioned [23]. the bacillus P. aeruginosa (Figure 3d) presented grooves due to the polishing
can be identified as partially covering received during pretreatment with
According to these authors, goethite the coupon surfaces. The diffractogram sandpaper (Figure 6). In the bioreactors
(α-FeOOH) and lepidocrocite (γ-FeOOH) associated with this bioreactor (Figure 4d) in which the coupons were immersed in
are naturally porous, and they adhere only identified α iron (peaks: 0.203 nm, seawater with non-biological corrosion
poorly to the substrate. Therefore, the 0.143 nm, 0.117 nm and 0.101 nm), (bioreactor 5) and seawater with biological
corrosive species can easily penetrate and once again, no corrosion products corrosion (bioreactor 6), the surfaces of
the porous layers to the substrate, were identified. This is probably due to the coupons after removing the biofilms
where the corrosion reactions occur. the fact that the X-rays were focused on presented a uniform corrosion process,
These researchers also reported that an area with an organic film, or on non without an indication of pits (Figure 7, a
the corrosion products may coexist in crystalline or uncovered areas of the and b). These surfaces probably had only
part as crystalline structures, and in part coupon surface. this type of corrosion due to the formation
as amorphous structures. The relative of uniform films around the steel [4].
quantities vary according to environmental 3.3.2 Scanning Electron Micros- However, in the bioreactors in which the
conditions. In the experiments from this study copy (SEM) after removing the bio- coupons were immersed in saline solution
we also found some corrosion products than films from the coupons with non-biological corrosion (bioreactor
those already listed above: the hypersthene 7), and saline solution with biological
(MgSiO3. FeSiO3) and structures forsterite/ corrosion (bioreactor 8), the surfaces
fayalite (MgSiO4/Fe2SiO4). Figure 6 shows the micrograph of the presented localised corrosion (Figure 7,
In bioreactor 6 (seawater and biological control carbon steel coupon surface, c and d). This type of corrosion probably
corrosion), the coupon surfaces are and Figure 7 (a, b, c and d) shows the occurred due to the formation of non-
covered by a biological film (Figure 3b). micrographs of the carbon steel in the uniform deposits around the steel [4].
In the X-ray diffraction analysis, only α
iron (peaks: 0.203 nm, 0.143 nm, 0.117 c)
a)
nm and 0.101 nm) was identified, as
shown in Figure 4b. In this analysis, no
corrosion products were identified, which
may be attributed to the formation of an
organic film, which covered the layer of
corrosion products.
Some authors upon analyzing the
carbon steel surfaces immersed in
basic saline media with the addition of
Pseudomonas flavaand or Pseudomonas
stutzeri, found a dense biological deposit
on the steel surface, which protected it
against corrosion [10]. b) d)
In bioreactor 7 (saline solution and non-
biological corrosion), the coupon surfaces
presented only some non-uniformly
deposited substances (Figure 3c) that
were not characteristic of the formation of
a film or layer of substances, as presented
in bioreactor 5. The diffractogram of the
coupon in this bioreactor (Figure 4c)
identified only iron α (peaks: 0.204
nm, 0.144 nm, 0.117 nm and 0.101
nm), while not detecting any corrosion
products. These results can be attributed Fig. 3 - SEM of steel coupons exposed to the media. a) bioreactor 5 (seawater,
to the fact that the X-rays were only non-biological corrosion), b) bioreactor 6 (seawater, biological corrosion), c) bio-
focused on uncovered areas of the steel reactor 7 (saline solution, non-biological corrosion) and d) bioreactor 8 (saline 129
surface. solution, biological corrosion).
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

Fig. 4 - Diffractograms of the steel coupons exposed to the media. a) bioreactor 5 (seawater, non-biological corrosion), b)
bioreactor 6 (seawater, biological corrosion), c) bioreactor 7 (saline solution, non-biological corrosion) and d) bioreactor 8
(saline solution, biological corrosion).

3.3.3 Fourier Transform Infrared


Spectroscopy (FTIR) of the cou-
pons with biofilms

Figures 8 (a, b) and 9 show the infrared


spectra for the biofilms removed from the
coupons in the bioreactors. In general,
the analyses revealed the existence of
large and intense absorptions in the
region of 3000 cm-1 that are indicative
of dimers of carboxylic acid, amines or
amides. These functional groups are the
principle constituents of proteins, which
are substances present in the microbial
cells and the biofilms. The spectra also
show signals in the region of 1640
cm-1 (angular deformations typical of
sugars), 904-1150 cm-1 (sugar C-O and
130
C-C stretching groups), 1199-1475 cm-1 Fig. 5 - Diffractogram of the control carbon steel coupon.
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

(sugar O-C-H, C-C-H, C-O-H angular a) c)


deformation groups) and 1610-1850
cm-1 (sugar C=O stretching) [24,25].
A recent study presented a methodology
for the analysis of polysaccharides using
Fourier Transform Infrared Spectroscopy
(FTIR) [24]. It showed that the bacteria
produced polysaccharides and proteins
by comparing various FTIR spectra from
the bacteria Xanthomonas axonopodi spv
citri at different growth times to a typical b) d)
spectrum of the protein (lysozyme) and
a spectrum of xanthan gum, which is
the principle polysaccharide of bacteria
from the genus Xanthomonas. The
principle signals of xanthan gum are a
wide and centralised signal at 3300 cm-1
(constituent group of proteins) and a signal
at 1640 cm-1 (due to angular deformation
of OH bond of the sugars). Fig. 7 - Micrographs of the steel coupons after removal of the biofilms. a)
bioreactor 5 (seawater, non-biological corrosion), b) bioreactor 6 (seawater,
biological corrosion), c) bioreactor 7 (saline solution, non-biological corrosion)
and d) bioreactor 8 (saline solution, biological corrosion), 30 days.

Fig. 6 - SEM of the control carbon steel


coupon.

Fig. 8 -Spectra of the biofilms on the steel coupons exposed to the media. (a)
bioreactor 5 (seawater, non-biological corrosion) and (b) bioreactor 6 (seawater,
4. CONCLUSIONS biological corrosion).

In the factorial design, the factors that


had a significant effect on corrosion the bacteria form a biofilm that does steel. The diffractogram of the coupon in
rate were the water type (WT) and the not protect the steel. In the bioreactors the seawater medium with the addition of
corrosion type (CT) and, among the factor in which only non-biological corrosion Pseudomonas aeruginosa corroborated
interactions, the corrosion type - water occurs (seawater and saline solution), the formation of a non-crystalline organic
type (CT x WT). The corrosion rate was there was a reduction in the corrosion rate film as only peaks relative to α iron were
diminished in the bioreactors inoculated as a function of time, showing that these identified for this sample. The infrared
with P. aeruginosa into seawater, which media formed a protective film around spectra revealed the principle constituent
indicates that, in this medium, the bacteria the steel, impeding the advancement functional groups of proteins and sugars,
form a protective biofilm around the steel. of corrosion. The diffractogram of which are substances present in the
There was an increase in corrosion rate the coupon in the seawater medium microbial cells and biofilms.
in the bioreactors in which P. aeruginosa identified diverse corrosion products,
were inoculated into saline solution, which leads us to conclude that this
131
which indicates that, in this medium, medium was the most corrosive for the
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

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We would like to thank FACEPE/ CAPES, [9] K. M. Ismail, Corrosion, 58, 417 (2002).
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Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

ESTUDO DA SUSCETIBILIDADE À CORROSÃO EM LIGAS


DE MAGNÉSIO AM60 FUNDIDAS SOB PRESSÃO
Artigo submetido em Maio de 2011 e aceite em Setembro de 2011

Ariana F. Silva 1*, Alysson H. S. Bueno 1 e Antônio R. Sabariz 1

Resumo
O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento da corrosão em ligas de magnésio produzidas na Brasil (AM60-1) e
Espanha (AM60-2). A suscetibilidade à corrosão foi investigada usando uma solução de 3,5 % de NaCl e água do mar sintética.
Portanto, os seguintes ensaios eletroquímicos foram realizados para estudar o processo de corrosão: curvas de polarização,
potencial versus tempo e perda de massa, além da análise química e da microscopia ótica (MO). Os resultados mostraram que
a formação da fase Mg17Al12 provavelmente foi prejudicada devido à concentração de Al nas ligas. Então, foi observado que a
liga que apresentou menor concentração desta fase foi mais suscetível ao processo corrosivo.

Palavras-chave: Corrosão da Liga de Magnésio AM60, Fundição sob Pressão, Ligas de Magnésio

SUSCEPTIBILITY STUDY OF CORROSION


ON MAGNESIUM ALLOYS AM60 DIECAST

Abstract
The aim of this paper is to study the corrosion behavior of magnesium alloys manufactured in Brazil (AM60-1) and Spain
(AM60-2). The susceptibility of corrosion was investigated using the solution of 3.5 % NaCl and artificial sea water. Therefore,
the following electrochemical tests were carried out in order to study the corrosion process: electrochemical polarization curves,
potential versus time and loss of mass, in addition to chemical analysis and optical microscopy (OM). The results showed that the
formation of the Mg17Al12 phase was probably influenced by the concentration of aluminum into the alloys. Then, it was observed
that the alloy with small concentration of this phase was more susceptible to the corrosion process.

Keywords: Corrosion of AM60 Magnesium Alloy, Die Casting, Magnesium Alloys

1. INTRODUÇÃO

O magnésio apresenta baixa densidade e resistência mecânica [1]. sua aplicação ainda é limitada devido
em relação aos metais estruturais. As li- Essas propriedades fazem das ligas de à sua baixa resistência à corrosão.
gas de magnésio quando comparadas magnésio apropriadas para aplicações No entanto, já existem estudos que
com o aço, ligas de alumínio e plásticos aeroespaciais e automotivas, onde se relatam a baixa resistência à corrosão
utilizados na engenharia, possuem ex- tem preferência por metais leves, a fim das ligas de magnésio como sendo
celentes propriedades, como alta con- de reduzir o peso e emissões de gases uma consequência de seus elementos
dutibilidade térmica e eletromagnética com efeito de estufa [2]. Mas até agora, químicos e do conteúdo de impurezas.

Universidade Federal de São João Del Rei, Departamento de Engenharia Mecânica, Praça Frei Orlando, 170, centro, São João Del Rei - MG, Brasil.
1
133
A quem a correspondência deve ser dirigida, e-mail:ariana_13_02@hotmail.com
*
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

As ligas de Mg-Al pertencem à categoria à corrosão está na produção de ligas Foi verificado que a distribuição da
mais comum de ligas de magnésio, e de alta pureza. Algumas ligas podem fase Mg17Al12 determina a resistência
existem várias versões em relação à melhorar a resistência à corrosão, mas à corrosão das ligas Mg-Al. Sugerindo
influência do alumínio na resistência não podem evitar os problemas da cor- que a fase β, principalmente, serve
à corrosão da liga de magnésio. rosão galvânica, por causa do contato como um cátodo galvânico e acelera o
Quando o teor de alumínio chega a do magnésio com outro metal da liga processo de corrosão da matriz [2].
8% (fração de massa), a resistência à ou um eletrólito. Este problema pode A resistência à corrosão das diferentes
corrosão da liga de magnésio pode ser ser resolvido com um sistema de pro- ligas de magnésio, tem relação direta
muito melhorada [3]. No entanto, em teção de revestimento [6]. com a concentração de elementos de
outros estudos, já foi observado que a A resistência à corrosão de ligas de liga e da microestrutura. A relação da
presença de 5% de alumínio na liga de magnésio depende de muitos fatores fase β na liga AZ91 é maior do que na
magnésio proporcionou o aumento da como o meio ambiente, a composição liga AZ31 e essa fase β pode formar
resistência à corrosão [4]. da liga e da microestrutura e das pro- células micro-galvânica com a liga da
Portanto, o objetivo desse estudo é priedades do meio em que a liga está matriz, consequentemente, a resistên-
caracterizar o comportamento da liga exposta [2]. cia a corrosão de AZ31 será maior que
AM60 de dois fornecedores diferen- Em relação ao meio ambiente, a cor- da liga AZ91. Já na liga de magnésio
tes, sendo a liga 1 fabricada no Brasil rosão de ligas de magnésio aumenta AM60, o elemento manganês pode
e a liga 2 fabricada na Espanha. Elas com o crescimento da umidade rela- formar a partícula de segunda fase
foram testadas na presença de soluções tiva. Em 9,5 % de umidade relativa, AlMnFe, que pode reduzir o teor de
como água do mar sintética e solução nem o magnésio puro nem qualquer Fe na matriz da liga de magnésio, pu-
de 3,5 % de NaCl. Para isso foram elemento de liga apresentam corrosão rificando a microestrutura da mesma.
feitas análises metalográficas em mi- na superfície após 18 meses. Com umi- Como resultado, a resistência à cor-
croscópio óptico, análise química das dade relativa de 30 %, uma pequena rosão da liga AM60 é melhorada [1].
ligas, ensaios de perda de massa, cur- corrosão pode ocorrer. Com 80 % de As ligas de magnésio podem corroer
vas de polarização potenciostáticas e umidade, a superfície pode apresentar facilmente quando pequenas quanti-
análise de potencial de corrosão ao uma corrosão considerável. Em atmos- dades de íons agressivos, como ânions
longo do tempo. fera marinha, as ligas de magnésio cloreto estão presentes no meio. Além
exigem uma proteção para terem uma disso, com o aumento da temperatura
sobrevida prolongada. A corrosão sob de oxidação, ocorrem mudanças no
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA tensão é afetada por fatores ambientais filme de óxido de magnésio e a liga
como elevadas temperaturas e umidade perde suas propriedades de proteção
relativa [7]. contra a oxidação [8].
O magnésio é o oitavo elemento No que diz respeito à composição da
mais abundante na Terra, atingindo liga e microestrutura, a propriedade
aproximadamente 1,93 % em massa de corrosão da liga de magnésio está 3. METODOLOGIA
da crosta terrestre e 0,13 % dos intimamente relacionada com a sua
oceanos. O magnésio apresenta atividade química elevada e os seus
uma alta razão resistência-peso, com conteúdos de impurezas. Ligas de Mg-Al A liga de magnésio investigada nos en-
apenas 2/3 da densidade do alumínio é a categoria mais comum de liga de saios foi a AM60, a qual possui a com-
e 1/4 da apresentada pelo ferro. Este magnésio [1]. posição química apresentada na Tabe-
metal apresenta diversas características O magnésio é um metal pouco la 1. A amostra 1 se refere ao material
como alta condutibilidade térmica, resistente à corrosão, apresentando brasileiro e a amostra 2 ao material
boas características de blindagem grande fragilidade na presença de íons espanhol. A especificação é conforme
eletromagnética, altas características agressivos como o cloreto. Isso acontece a norma ASTM B93/B93M-00. Foram
de amortecimento e é facilmente porque, normalmente em ligas de Mg- feitos dois ensaios diferentes em cada
reciclável. Porém, uma das maiores Al, o alumínio é em parte a solução amostra. Para isso foram utilizados dois
limitações para o amplo uso industrial sólida e parcialmente precipitada na equipamentos diferentes, o Espectrô-
do magnésio é a sua suscetibilidade à forma de Mg17Al12. Esta fase se situa metro de Emissão Óptica (E.O), onde a
corrosão [5]. ao longo dos contornos de grãos, e é análise foi realizada utilizando padrão
As ligas de magnésio têm duas desvan- caracterizada como uma fase contínua, rastreável A91-M-00(HYDRO). O outro
tagens para aplicação automotiva pois bem como uma estrutura lamelar. esquipamento foi o Espectrômetro de
apresentam baixa resistência em altas Sabe-se que o Mg17Al12 apresenta Plasma (ICP), e a análise foi realizada
temperaturas e uma proteção contra a um comportamento passivo quando utilizando padrão rastreável RMG-14
corrosão relativamente fraca. O princi- exposto a um maior pH do que outros (SUS).
134
pal passo para melhorar a resistência componentes de alumínio e magnésio. Para a realização dos ensaios foram
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

utilizados corpos de prova da liga AM60, Tabela 1 - Composição química da liga de magnésio AM60- Amostras 1 e 2.
nomeadas como 1 e 2, ambas fundidas Norma ASTM B93.
sob pressão. Foram utilizados dois tipos
de soluções para teste: água do mar Composição química - Liga de magnésio AM60
sintética e solução de 3,5 % de NaCl.
O objetivo de testar a resistência na Identificação Equipamento %AI %Zn %Mn %Cu %Si %Fe %Ni %Be
solução de NaCl 3,5 % é devido à 5,6- 0,20 0,26- 0,008 0,08 0,004 0,001 0,0005-
sua maior agressividade em relação à Especificação -
6,4 Máx 0,50 Máx Máx Máx Máx 0,0030
água do mar sintética. Vários autores
utilizam a solução de 3,5 % de NaCl Amostra 01-1 E.O 4,7 0,13 0,31 0,008 0,035 0,0032 0,001 0,0001
para avaliar a resistência a corrosão de
ligas de magnésio [2, 9]. A composição Amostra 01-2 E.O 5,0 0,15 0,33 0,008 0,026 0,0034 0,001 0,0002
da solução da àgua do mar sintética é
a seguinte: Amostra 02-1 E.O 6,3 0,10 0,30 0,001 0,017 0,0035 0,001 0,0007
- água destilada;
- 15 g/L de NaCl Amostra 02-2 E.O 6,0 0,11 0,26 0,002 0,016 0,0030 0,001 0,0006
- 1,2 g/L de CaCl2
- 15 g/L de MgCl2
- 3 g/L de MgSO4
Amostra 01-1 ICP 4,8 0,12 0,28 0,009 0,032 0,0035 0,001 0,0002
Para realizar a análise metalográfica,
os corpos de prova foram embutidos Amostra 01-2 ICP 5,1 0,13 0,30 0,008 0,025 0,0037 0,001 0,0001
em resina e logo após a secagem,
foram lixados com as lixas de número Amostra 02-1 ICP 6,2 0,12 0,28 0,002 0,018 0,0034 0,001 0,0008
240 a 1500 e polida com alumina de
0,3 μm. O ataque químico foi realizado
Amostra 02-2 ICP 6,1 0,10 0,27 0,002 0,016 0,0024 0,001 0,0008
com glicol com tempo de imersão de
15 a 20 segundos.
Para a realização dos ensaios de perda
de massa, os corpos de prova foram foram isolados com resina e esmalte, 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
usinados em formato de cubos, pesados para garantir o isolamento do fio com
em balança electrónica e separados a solução.
em dois beckers, um com solução de Foram determinadas curvas de polarização 4.1 Análise metalográfica
água do mar sintética e outro com de cada amostra, com suas respectivas
solução de 3,5 % de NaCl. A cada sete triplicatas para cada uma das soluções, A Figura 1 apresenta as imagens das
dias, as soluções eram trocadas e os ou seja, AM60-1 e AM60-2 em solução ligas AM60-1 e AM60-2, realizadas
corpos de prova retirados da solução, de água do mar sintética e 3,5 % de em microscópio óptico (MO).
lavados e pesados. O ensaio durou NaCl. Os testes foram feitos utilizando A partir das imagens, pode ser notada
aproximadamente 60 dias. o método de voltametria cíclica em a diferença da estrutura metalográfica
A lavagem era realizada com água uma célula eletroquímica convencional das duas amostras. Com o ataque
destilada e esponja de aço, que era de três eletrodos, acoplada em um químico efetuado com glicol, a fase
passada cuidadosamente sobre os potenciostato AUTOLAB PGSTAT101, Mg17Al12 escurece. Além de ser possível
corpos de prova para a retirada do a uma velocidade de escaneamento de verificar a ocorrência de defeitos
óxido, para que isso não afetasse 0,005 V/s. do material e até mesmo os poros. É
a medida. Logo após a lavagem Para o ensaio de potencial ao longo do importante verificar a diferença na
completa, eram imersos em álcool tempo foram utilizados três corpos de distribuição das fases em cada uma
etílico por alguns segundos e secos com prova de cada liga. As amostras foram das amostras.
secador convencional. A pesagem foi imersas nas soluções de água do mar O cobre exerce uma ação secundária
realizada em balança electrónica. sintética e de 3,5 % de NaCl. Seus na resistência à corrosão das ligas
Para a determinação das curvas de potenciais foram monitorados três vezes de Mg. A adição do cobre resulta no
polarização, foram fabricados dois ao dia, durante 13 dias, até ocorrer refinamento dos grãos. Contudo, com
corpos de prova, um da liga AM60-1 a estabilização. Para a realização o aumento de cobre ocorre a formação
e outro da liga AM60-2, ambos com de cada medida foram utilizados um de compostos intermetálicos podendo
área exposta de 2,25 cm². Eles foram eletrodo de referência de calomelano causar corrosão galvânica [7]. Pela
135
soldados a um fio e no local da solda, saturado e um multímetro. análise da composição química (Tabela
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a) b)

Fig. 1 - (MO) Amostra da liga AM60 com aumento de 400 vezes - (a) AM60-1 (b) AM60-2.

torno de -1,51 V a -1,53 V (ECS). Neste Tabela 2 - Potencial em circuito aberto


1) da liga AM60-1, foi verificado que
caso, ocorreu uma leve tendência na vs tempo.
sua concentração de cobre está no
limite máximo da norma ASTM B93/ direção anódica.
De acordo com o digrama de equilíbrio Potencial em circuito
B93M-00. Desta forma, provavelmente
aberto (V (ECS))
a estrutura mais refinada, verificada eletroquímico para o sistema Mg/H2O
Ligas
na Figura 1 para a liga AM60-1 em a 25 °C [10], os potenciais de ambas
relação a AM60-2, foi provocada as ligas nas duas soluções estabilizaram Água do mar Solução
por esta alta concentração de cobre dentro do domínio de corrosão com sintética 3,5 % NaCl
presente. estabilidade dos íons Mg2+ e abaixo da
+
linha de equilíbrio H/H . Neste caso, duas AM60-1 -1,51 -1,52
4.2 Medidas de potencial ao longo reações ocorreram termodinamicamente
do tempo espontâneas na superfície do metal, a AM60-2 -1,53 -1,52
dissolução anódica do Mg para Mg2+ e
A Figura 2 apresenta a avaliação a redução de hidrogênio.
do potencial a circuito aberto versus A variação no Ecorr ocorreu devido a
o tempo das duas ligas AM60-1 e formação de um filme passivo. Contudo, 4.3 Perda de massa
AM60-2 nas soluções de água do mar os íons cloreto penetram facilmente neste
sintética e 3,5 % NaCl. A Tabela 2 filme causando sua deterioração [9]. As Figura 3 e 4 apresentam as curvas
apresenta os valores dos potenciais de Assim sendo, provavelmente devido de percentagem de perda de massa
corrosão após 300 horas de imersão. aos íons cloreto, o processo de após, aproximadamente, 8 semanas
O potencial de corrosão (Ecorr) de ambas dissolução anódica ocorreu de de pesagem dos corpos de prova
as ligas iniciaram em valores negativos forma espontânea sem ocorrência imersos em água do mar sintética e
em torno de -1,56 V (ECS), após 300 de processo de passivação estável, solução de 3,5 % de NaCl. A Tabela
causando a deterioração total das ligas 3 mostra a quantidade exata de per-
horas os potenciais de ambas as ligas
nestas condições. da de massa de cada corpo de prova.
nas duas soluções estabilizaram em

a) b)

136
Fig. 2 - Curvas de potencial ao longo do tempo- (a) em água do mar sintética; (b) em solução de 3,5 % NaCl.
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

a) b)

Fig. 3 - Gráfico de percentagem de perda de massa vs tempo- (a) em água do mar sintética e (b) em solução de 3,5 %
NaCl.

A maior perda de massa ocorreu de alumínio e berílio inferior ao Tabela 3 - Percentagem de perda de
na amostra AM60-1 na solução especificado pela norma. As ligas de massa.
de 3,5 % de NaCl, chegando a Mg-Al tendem a formar uma fase de Perda de
aproximadamente 23 % do seu peso Mg17Al12 que melhora a resistência à Liga Solução massa total
inicial. Já a amostra AM60-2, na mesma corrosão [2]. Contudo, vários autores (%)
solução de 3,5 % de NaCl, apresentou uma relatam que a fase Mg17Al12 é catódica,
Água do mar
perda de massa de 6,3 %. A menor perda e pode ter um papel duplo dependendo AM60-1 5,946
sintética
de massa observada em todo o ensaio de sua fração volumétrica F: Fase
foi da amostra AM60-2 em água do Mg17Al12 /Fase Mg. Neste caso, se F AM60-1 3,5 % NaCl 22,85
mar sintética, sendo de 2,5 % do peso é baixo, a fase age como um cátodo
inicial. acelerando a corrosão da matriz Mg. Água do mar
AM60-2 2,506
A liga AM60-1 apresentou maior perda Se F for alto, a fase age como uma sintética
de massa que a liga AM60-2 em ambas barreira inibidora da corrosão [12-13].
AM60-2 3,5 % NaCl 6,303
as soluções, sendo que o seu processo Com base nestes estudos pode-se inferir
de dissolução anódica foi muito mais que devido a concentração do Al na liga
agressivo na solução de NaCl 3,5 % AM60-1 estar abaixo do especificado
do que na água do mar sintética. Uma pela norma, a formação da fase 4.4 Curvas de Polarização Poten-
vez, que esta solução é mais agressiva Mg17Al12 foi prejudicada tornando a ciostáticas
que a água do mar sintética. fração volumétrica F baixa, o que pode
A maior taxa de perda de massa da ter acelerado o processo corrosivo. As Figuras 5 e 6 apresentam as
liga AM60-1 provavelmente ocorreu Este fato também é comprovado pela curvas de polarização catódica e
porque a composição química desta metalografia das ligas apresentadas anódica das ligas AM60-1 e AM60-2,
liga está fora da especificação [11]. na Figura 1, onde a liga AM60-1 respectivamente, obtidas em soluções
De acordo com a Tabela 1, a liga apresenta menor quantidade da fase de 3,5 % de NaCl e de água do mar
AM60-1 apresentou concentração Mg17Al12. sintética. Os ensaios foram realizados
em condição naturalmente aerada. A
Tabela 4 apresenta os potenciais de
corrosão em cada condição de teste,
bem como a densidade de corrente no
potencial anódico aplicado de -0,8 V
(ECS) e o pH das soluções.
Ambas as ligas, AM60-1 e AM60-2,
apresentaram dissolução ativa em
todas as soluções, ou seja, não foram
observados nenhum domínio de
passivação numa faixa de 1000 mV
de polarização. Observa-se que o
potencial de corrosão não variou de
uma liga para a outra.
137
Fig. 4 - Gráfico de comparação da perda de massa. A densidade de corrente catódica
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

verificada pode ser atribuída às reações


de redução de hidrogênio.
Com base no digrama de equilíbrio
eletroquímico para o sistema Mg/H2O
a 25 °C [10], ambas as ligas nas duas
soluções, apresentaram potenciais de
corrosão em condições naturalmente
aeradas, que se situaram dentro do
domínio de corrosão e abaixo da linha
de equilíbrio H/H+. Neste caso, as
reações de dissolução anódica Mg/
Mg2+ e redução de hidrogênio foram
termodinamicamente espontâneas. Fig. 5 - Curvas de polarização anódicas e catódicas das ligas AM60-1 e AM60-2
Sendo assim, as ligas AM60-1 e em solução de 3,5 % de NaCl naturalmente aerada.
AM60-2 sofreram efeito conjunto de
dissolução ativa, por estar dentro do
domínio de corrosão com solubilidade
do íon Mg2+, e redução de hidrogênio
na superfície da liga.
Na Tabela 4, são apresentadas as
densidades de corrente medidas no
potencial anódico aplicado de -0,8 V.
Nota-se que a liga AM60-1 apresentou
maior densidade de corrente anódica
neste potencial que a liga AM60-
2. Nestas condições, pode-se inferir
que a maior densidade de corrente
provavelmente ocorreu devido à liga Fig. 6 - Curvas de polarização anódicas e catódicas das ligas AM60-1 e AM60-2
AM60-1 estar fora de especificação em solução de água do mar sintética naturalmente aerada.
segundo a norma ASTM B93/B93M-00.
Sendo assim, a proteção realizada pela
fase de Mg17Al12 foi prejudicada devido a
baixa concentração de Al. Como descrito 5. CONCLUSÕES do valor especificado pela norma ASTM
na Figura 1 é possível perceber que a liga B93/B93M-00.
AM60-1 apresentou menor percentagem 2. A maior taxa de perda de massa da
da fase Mg17Al12. Estes resultados estão 1. A formação da fase Mg17Al12 liga AM60-1 provavelmente ocorreu
similares a diversos trabalhos publicados provavelmente foi prejudicada devido à porque a composição química desta
na literatura [12-13]. concentração de Al se encontrar abaixo liga se apresentou fora da especificação
[11].
Tabela 4 - Potenciais de corrosão das ligas AM60-1 e AM60-2. 3. Com base na análise metalográfica
das ligas, a fase Mg17Al12, cor escura,
Potencial aparece em maior quantidade na liga
Corrente no
(V)
potencial AM60-2 do que na liga AM60-1. Esta
Eletrodo de
Liga Solução Corrente (A) anódico pH fase se forma através dos elementos de
calomelano
aplicado de liga, alumínio e berílio, adicionados
saturado
de -0,8 V (A) na matriz da liga. Através da análise
química da liga AM60-1, foi verificado
Água do mar
AM60-1 -1,507 1,3702 E-7 0,037 6,9 que as concentrações de alumínio e
sintética
berílio estão inferiores ao especificado
AM60-1 3,5% NaCl -1,561 -2,2095 E-7 0,100 6,8 pela norma. Desta forma, como
comprovado na análise metalográfica,
Água do mar a formação do fase Mg17Al12 foi
AM60-2 -1,522 -1,1636 E-7 0,030 6,9
sintética prejudicada na liga AM60-1.
4. Para os ensaios de polarização
138 AM60-2 3,5% NaCl -1,556 -5,188 E-10 0,047 6,8
potenciostáticas, ambas as ligas AM60-1 e
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

AM60-2 apresentaram dissolução ativa REFERÊNCIAS


em todas as soluções testadas. Neste
caso, as ligas apresentaram processo
de corrosão acelerado sem formação [1] Y. Cheng and T. Qin, Science Press,
de filme de óxido aderente à superfície 517, (2008).
do metal. [2] A. Pardo and A. C. Merino, Corros.
5. De acordo com o diagrama de Sci., 50, 823 (2007).
Pourbaix, ambas as ligas nas duas [3] O. Lunder, J. E. Lein, T. K. Aune and
soluções apresentaram potenciais de K. Nisancioglu, Corrosion, 45, 741
corrosão, em condições naturalmente (1989).
aeradas, que se situaram dentro do [4] T. J. Warner, N. A. Thorne, G.
domínio de corrosão e abaixo da linha Nussbaum and W. M. Stobbs, Surf.
de equilíbrio H/H+. Sendo assim, as Interface Anal., 19, 386 (1992).
ligas AM60-1 e AM60-2 sofreram efeito [5] P. S. Correa (Comportamento
conjunto de dissolução ativa por estar corrosivo da liga de magnésio
dentro do domínio de corrosão com AZ91revestida com filmes de
solubilidade do íon Mg2+, e redução de metiltrietóxi silano e íons cério),
hidrogênio na superfície da liga. Programa de Pós-Graduação em
6. A liga AM60-1 apresentou maior Química, UFRGS, Brasil (2008).
densidade de corrente anódica que [6] C. Blawert, N. Hort and K. U. Kainer, T.
a liga AM60-2 no potencial anódico Indian I. Metals, N° 4, 398 (2004).
aplicado de -0,8 V. Desta forma, pode- [7] R. Zeng and J. Zhang, Science
se inferir que esta maior densidade Press, 763 (2006).
de corrente, provavelmente, pode [8] S. Lu and X. Zhou, Science Press,
ser associada a menor resistência a 156 (2007).
corrosão da liga AM60-1. Esta maior [9] N. Liu and J. Wang, Corros. Sci. ,
suscetibilidade à corrosão da liga 51, 1328 (2009).
AM60-1, pode estar relacionada com [10] M. Pourbaix (Atlas of electrochemical
a composição química da liga, que se equilibria in aqueous solutions), Nace
encontrou fora da especificação dada International, 2 ed., Cebelcor, Bélgica
pela norma ASTM B93/B93M-00. (1974).
7. A maior taxa de perda de massa da [11] ASTM B93/B93M-00. (Standard
liga AM60-1 provavelmente ocorreu Specification for Magnesium Alloys
porque a composição química desta in Ingot Form for Sand Castings,
liga está fora da especificação. Desta Permanent Mold Castings, and Die
forma, a formação da fase de Mg17Al12 Castings), ASTM, PA, USA (2003).
foi prejudicada, como mostrado [12] R. Ambat, N. N. Aung and W. Zhou,
na análise metalográfica. Estes Corros. Sci. , 42, 1433 (2000).
resultados comprovam vários estudos [13] G. Song, A. Atrens and M. Dargusch,
que relataram que a fase Mg17Al12 é Corros. Sci., 41, 249 (1999).
catódica, e pode ter um papel duplo,
dependendo de sua fração volumétrica
F: Fase Mg17Al12 /Fase Mg. Neste
caso, se F é baixo, a fase age como
um cátodo acelerando a corrosão
da matriz Mg. Se F for alto, a fase
age como uma barreira inibidora da
corrosão [12-13].

139
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

EN 13523-21:2003 IDT

NORMALIZAÇÃO
Substituída por: EN 13523-21:2010

NP EN 13523-22:2005 (Ed. 1)
Coordenadora: Isabel Figueira Vasques
Bandas metálicas pré-revestidas. Méto-
dos de ensaio. Parte 22: Diferença de
cor - Comparação visual.
NACIONAL campo para a determinação, por turbi-
EN 13523-22:2003 IDT
dimetria dos sulfatos solúveis em água
(ISO 8502-11:2006). Substituída por: EN13523-22:2010

Ainda no âmbito da CT 3 – “Tintas, NP EN ISO 1513:1995 (Ed. 1)


vernizes e revestimentos por pintura”, Tintas e vernizes. Exame e prepara-
No âmbito da CT 3 – “Tintas, vernizes ção de amostras para ensaio (ISO
foram anuladas pelo IPQ, as seguin-
e revestimentos por pintura”, foram 1513:1992).
tes normas portuguesas:
publicadas em 2010 pelo IPQ, as se- EN ISO 1513:1994 IDT
guintes normas portuguesas: Substituída por: EN ISO 1513:2010
NP EN 13523-8:2005 (Ed. 1)
Bandas metálicas pré-revestidas. Méto-
NP 42:2010 (Ed. 4) dos de ensaio. Parte 8: Resistência ao NP EN ISO 1517:1997 (Ed. 1)
Tintas e vernizes. Classificação. nevoeiro salino. Tintas e vernizes. Determinação do tem-
EN 13523-8:2002 IDT po de secagem superficial. Método das
NP EN ISO 787-2:2010 (Ed. 1) esferas de vidro (ISO 1517:1973).
Substituída por: EN 13523-8:2010
Métodos gerais de ensaio para pigmen- EN ISO 1517:1995 IDT
tos e cargas. Parte 2: Determinação Substituída por: EN ISO 9117-3:2010
da matéria volátil a 105 ºC (ISO 787- NP EN 13523-10:2002 (Ed. 1)
Bandas metálicas pré-revestidas. Méto-
2:1981). NP EN ISO 4622:1995 (Ed. 1)
dos de ensaio. Parte 10: Resistência à
luz UV fluorescente e à condensação Tintas e vernizes. Ensaio de pressão
NP 3025:2010 (Ed. 2) para a avaliação da resistência ao em-
de água.
Tintas e vernizes. Ensaio de aplicação à pilhamento (ISO 4622:1992).
EN 13523-10:2001 IDT
trincha em grandes superfícies. EN ISO 4622:1994 IDT
Substituída por: EN 13523-10:2010
Substituída por: EN ISO 9117-2:2010
NP EN ISO 8502-11:2010 (Ed. 1)
NP EN 13523-21:2005 (Ed. 1)
Preparação de substratos de aço antes
Bandas metálicas pré-revestidas. Méto-
da aplicação de tintas e produtos simi- Isabel Figueira Vasques
dos de ensaio. Parte 21: Avaliação de
lares. Ensaios para avaliação da limpe- (isabel.figueira@lneg.pt)
provetes expostos no exterior.
za de superfícies. Parte 11: Método de

140
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

ENSAIOS DE ENVELHECIMENTO
ACELERADO
NOVIDADES
Coordenador: João Machado

Os três factores mais importantes no


envelhecimento são o calor, a luz e a
humidade. Recentemente tem havido máxima dos provetes é estimada filtro, incluindo o espectro e as caracte-
alguns avanços em relação a estes relativamente a um painel negro rísticas de envelhecimento são uma di-
factores nas técnicas dos ensaios de de referência monitorizado. As ferenciação chave entre os fabricantes
envelhecimento e nos respectivos equi- temperaturas podem depois ser e modelos de equipamento. Todos os
pamentos. As quatro principais técnicas comparadas às dos painéis negros comprimentos de onda de luz, incluin-
de envelhecimento acelerado (excluin- em exposição exterior aquando da do a visível podem causar reacções
do a corrosão) são a exposição natu- correlação dos resultados dos ensaios. fotolíticas. Contudo, a ênfase signifi-
ral (como por exemplo no sul da Flo- A inadequada ou falta de medição dos cativa é colocada justificadamente na
rida), a exposição exterior acelerada dados de temperatura dos provetes correspondência espectral dos raios UV
(como por exemplo os concentradores limita a capacidade de correlação e relativamente à luz solar. Investigações
solares), os equipamentos de envelheci- a aplicação de modelos matemáticos recentes em revestimentos para a indús-
mento artificial acelerados que utilizam de envelhecimento. É possível tria automóvel validaram repetidamente
lâmpadas UV com humidade (UV Test) acoplar termopares e registadores de a legitimidade desta ênfase. As lâmpa-
ou lâmpadas de arco de xénon com dados a painéis de ensaio mas este das de xénon envelhecem durante o seu
temperatura e humidades controladas procedimento é laborioso e caro e uso. Estes mecanismos de degradação
(Weather-Ometer, Xenotest ou Suntest). pode não determinar com precisão podem atenuar desproporcionalmente
Cada uma delas apresenta vantagens a temperatura da superfície quando os raios UV de menor comprimento de
e desvantagens relativamente ao custo, ocorre envelhecimento. Para resolver onda e afectar a resposta espectral ao
tempo, capacidade de previsão, etc. estas limitações, está agora disponível longo do tempo.
Em primeiro lugar deve ser lembrado opcionalmente um sistema de medição O último factor de envelhecimento é
que o calor, a luz e a humidade po- baseado num novo pirómetro de a humidade, que se pode fazer sentir
dem produzir individualmente os seus infravermelhos para os aparelhos através da condensação de água ou
próprios efeitos de envelhecimento nos “Weather-Ometers”. Este equipamento da pulverização de chuva ou vapor.
produtos mas que podem também ac- dispõe da capacidade de armazenar Enquanto a temperatura e o espectro
tuar sinergeticamente em combinação. localmente a temperatura de superfície podem ser medidos directamente, a
Em segundo lugar, estes três factores dos provetes em tempo real, permitindo migração da humidade nos provetes,
têm uma interdependência insepará- aos técnicos conduzir investigações a humidade da superfície, o tempo de
vel; a luz solar afecta a temperatura; nos ensaios de durabilidade dos humedecimento e a abrasão da superfí-
a temperatura afecta a humidade; etc. materiais que eram antes muito difíceis ou cie devido ao impacto da chuva podem
Em terceiro lugar, na maior parte dos impossíveis. apenas ser medidos indirectamente. As
ambientes estes factores estão usual e O segundo parâmetro de interesse é a técnicas de medição comuns, como é
constantemente a alterar-se em ciclos luz. No exterior, o espectro solar varia o caso da “humidade relativa”, podem
de curto, médio e longo prazo (dia, es- ligeiramente com o ângulo solar, a épo- não ser particularmente úteis em termos
tação e ano). ca do ano, as condições climatéricas, a da estequiometria da degradação. De
Nos ensaios de exposição exterior e altitude, etc. Os concentradores solares facto, a determinação da humidade
nos ensaios de envelhecimento com de exterior que usam luz solar natural nos ensaios acelerados, continua a ser
lâmpadas de arco de xénon, os produ- e reflectores apropriados reproduzem uma das áreas menos desenvolvida no
tos de diferentes cores, massas térmicas bem o feixe solar directo. Os apare- envelhecimento. Na sequência de tra-
e orientações ficam usualmente com lhos de lâmpadas fluorescentes UV-A balhos feitos por alguns investigadores,
diferentes temperaturas. Já nos ensaios fornecem uma radiação análoga à demonstrou-se que uma exposição solar
com lâmpadas UV, os provetes tendem dos raios UV com um comprimento de combinada com imersão em água pro-
a ficar com a mesma temperatura pois onda inferior a 340 nm mas afastam-se duz uma melhor correlação de resulta-
o aquecimento é muito mais por con- substancialmente dos raios UV-A com dos. Por outro lado, conclui-se que as
vecção do que por radiação. Na expo- comprimentos de onda mais longos e pequenas pulverizações de água, que
sição exterior, as temperaturas podem da radiação visível. Por outro lado, to- são usadas em praticamente todos os
ser monitorizadas mas existe pouca ca- dos os equipamentos de lâmpadas de aparelhos de envelhecimento, não re-
pacidade para as controlar. arco de xénon requerem uma filtragem movem as degradações da superfície
Em todos os aparelhos laboratoriais óptica adicional para se obter a luz de dos produtos tal como acontece com o
141
de envelhecimento, a temperatura sol ideal. Os atributos da lâmpada e do impacto da chuva nos ensaios de exte-
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

rior; o resultado é a fraca correlação na e opções de velocidades diversas e os torna o processo muito moroso. Contu-
avaliação do brilho desses ensaios. “Weather-Ometers” podem ser progra- do, as melhorias tecnológicas e metodo-
Apesar dos problemas de correlação mados para incorporar ciclos adicio- lógicas que têm vindo a ser feitas nestes
entre os ensaios de exposição natural nais de condensação e pulverização. ensaios permitem ajudar a acelerar o
e acelerada não terem sido completa- Os ensaios de envelhecimento têm vin- desenvolvimento de novos produtos.
mente ultrapassados até à data, têm do a progredir de uma forma relativa-
sido feitos alguns progressos. Por exem- mente lenta durante a sua longa história (in “Polymers Paint Colour Journal”,
plo, os “UV Tests” podem dispor de porque cada alteração precisa de ser July 2011)
bicos de pulverização de água permi- verificada experimentalmente e correla- João Machado
tindo ao utilizador uma gama de leques cionada com os resultados reais, o que (jmachado@cin.pt)

ser humano utiliza diariamente dentro

NOTÍCIAS BREVES e fora do seu corpo. Ao não querer que


esse saber morresse com ela, apresen-
ta-o de um modo totalmente original ao
nível do Globo: em versos profusamen-
te ilustrados. Para mais informações
18TH INTERNATIONAL com ênfase nos problemas da distribuição consultar o Site: http://sites.google.
CORROSION CONGRESS de água potável. com/site/osmateriaiseavida/
A representação portuguesa contou com
3 participantes, dois deles oriundos da
Universidade de Aveiro e um do Instituto EUROCORR 2011
Superior Técnico.
A próxima edição do ICC ficou agendada
para 2014, na Coreia do Sul.

O “18th International Corrosion Congress”,


evento trienal promovido pelo Internatio- LANÇAMENTO DO LIVRO A
nal Corrosion Council, teve lugar em Perth, “VIDA” DOS MATERIAIS E OS O Congresso Europeu de Corrosão –
Austrália, de 20 a 24 de Novembro de MATERIAIS E A VIDA Eurocorr’2011 realizou-se em 2011 na
2011, tendo sido organizado pela ACA – Suécia em Ålvsjö, no centro da Feira
Australasian Corrosion Association. Internacional de Estocolmo de 4 a 8
Este congresso é considerado o maior de Setembro. Foi um Congresso que ti-
encontro periódico dos investigadores na nha como tema "Developing Solutions
área da corrosão e constitui um fórum pri- for the Global Challenge" e que reuniu
vilegiado para a troca de experiências e cerca de 600 participantes de um vas-
estabelecimento de novos contactos com tíssimo número de Países. Os 21 temas
outros investigadores de todo o mundo. abordados foram divididos por sessões
Tendo como tema “Corrosion Control Con- simultâneas. Em muitas ocasiões chega-
tributing to a Sustainable Future for All”, o ram a decorrer 10 sessões em simultâ-
congresso contou com 824 participantes neo.
de mais de 50 países. Foram apresenta- Durante este Congresso realizam-se
das aproximadamente 250 comunica- No passado dia 25 de Outubro, teve lu- também 21 diferentes “Working Party
ções, incluindo 4 conferências plenárias, gar na Ordem dos Engenheiros em Lis- Business Meetings” e foram apresen-
4 conferências convidadas (keynotes) e boa, o Lançamento do Livro A “VIDA” tadas 363 comunicações orais e 227
50 posteres. As comunicações plenárias DOS MATERIAIS e OS MATERIAIS E A comunicações em poster. Todos os dias
incidiram sobre temas de grande impacto VIDA, da autoria da Doutora M. Elisa- do congresso foram iniciados com li-
na actualidade, como os estudos do esta- bete M. Almeida, ex- Directora do LTR e ções plenárias, todas elas muito bem
do passivo ou a aplicação de espectrosco- desta Revista. Com este Livro, a autora apresentadas e de grande valia cientí-
pias em sincrotrão aos estudos de corro- quer partilhar com os portugueses em fica.
são. É ainda de mencionar a realização geral e com as gerações mais jovens O próximo Eurocorr será realizado na
de uma sessão especial, promovida pela em particular, um pouco do seu saber Turquia, mais concretamente em Istam-
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“The World Corrosion Organization”, sobre os quase 160 Materiais que o bul de 9-13 de Setembro de 2012.
Corros. Prot. Mater., Vol. 30, Nº 4 (2011)

CALENDÁRIO

2012
EVENTO LOCAL DATA CONTACTOS

EUA
39th Annual Waterborne Symposium 13 – 17 Fev www.psrc.usm.edu/waterborne
New Orleans

EUA
Corrosion 2012 / NACE 11 - 15 Mar http://events.nace.org
Salt Lake City

10th Spring Meeting of the International Society Austrália


15 – 18 Abr www.ise-online.org
of Electrochemical (ISE) Perth

Alemanha
Pain Expo 2012 17 – 20 Abr www.paintexpo.de
Karlsruhe

Brasil
INTERCORR 2012 14–18 Mai www.abraco.org.br/intercorrn2012
Salvador/BA

8th International Symposium on High- França


Temperature Corrosion and Protection of Les Embiez Island 20 – 25 Mai www.htcpm2012.com
Materials
ASST Symposium - Itália
VI Aluminium Surface Science & Technology Sorrento 27 – 31 Mai www.asst2012.org
Symposium
Portugal
1st International Conference of the International
Porto 25 – 28 Jun www.fe.up.pt/ijsi-2012
Journal of Structural Integrity

The Netherlands
COSI - 8th Coatings Science International 2012 25–29 Jun www.coatings-science.com
Noordwijk

Perú
LATINCORR 2012 10 –13 Jul http://latincorr2012.org
Lima

63rd Annual Meeting of the ISE República Checa


“Electrochemistry for Advanced Materials Praga 19 – 24 Ago www.ise-online.org
Technologies and Instrumentation”

Turquia
EUROCORR 2012 9 –13 Set www.eurocorr.org
Istambul

Taiwan
16th Asian Pacific Corrosion Control Conference 21–24 Out http://apccc2012.conf.tw
Kaohsiung

Brasil
10th International Symposium on Electrochemical
Maragogi 18–23 Nov sites.poli.usp.br/org/emrc2012
Methods in Corrosion Research (EMCR 2012) 143
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