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Sabores Africanos

à sua Mesa

Lagoasocial
Índice
À guisa de Apresentação ........ 4

Um t e s t e m u n h o ...................... 6

I n t r o d u ç ã o ............................ 8

Enquadramento .................... 8

As Tertúlias de Sabores Africanos


· Sopas ................................... 2 5
· Pratos Tradicionais ............ 2 9
Ficha Técnica
· A c o m p a n h a m e n t o s .............. 4 5
Título: Sabores Africanos à sua mesa · Sobremesas .......................... 4 9
Edição: Município de Lagoa (Algarve) | Câmara Municipal · Bebidas ............................... 5 4
Largo do Município | 8401-851 Lagoa
Telefone: 282 380 400/29 | Fax: 282 380 463
Correio electrónico: servicos.habitacao@cm-lagoa.pt
www.cm-lagoa.pt | www.lagoasocial.net
Coordenação: Serviços de Acção Social, Habitação e Saúde
Equipa Técnica:
Ana Marta Charneco, Assistente Social do Município de Lagoa
Cláudia Cristiano Mestre, Assistente Social do Centro de Apoio Social de Porches
Márcia Silva Oliveira, Socióloga do Centro de Apoio Social de Carvoeiro
Sandra Rodrigues Generoso, Socióloga da Câmara Municipal de Lagoa
Paginação, Revisão e Pré-Impressão: Ana Maria Linha, Gazeta de Lagoa
Largo Alves Roçadas, 8-A | 8400-313 Lagoa
Telefones 282 341 512 | 282 343 350 | Fax 282 341 512
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Tiragem: 500 Exemplares
Depósito Legal: 293851/09
ISBN: 978-989-8053-16-9

Lagoa (Algarve), Maio 2009

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À Guisa de Apresentação

Coordenado pelas Técnicas dos Serviços de Acção Social,


Habitação e Saúde da Câmara Municipal de Lagoa, vai esta nossa apetência para os prazeres da mesa, já que os produtos
Autarquia editar o livro “Sabores Africanos à sua Mesa”, manual para a sua confecção, sendo facilmente adquiríveis para que os
de uma cozinha que, por si só, reflecte a identidade de vários paladares mais requintados, desde o óleo de palma, à mandioca,
povos que, ao longo de mais de cinco séculos, foram parte aos peixes e carnes frescos ou secos, o mel de cana, o coco, o
integrante de um país que, em tempo possível, soube devolver- milho, o feijão macunde, a batata doce e tantos outros produto
lhes a sua verdadeira identidade e cidadania. que os africanos antes e, agora também os europeus, sempre
E ainda bem que o fez, na medida em que contribuiu, sem grandes usaram (ou passaram a usar).
conflitos geracionais e políticos, para a fundação de várias nações Na área das frutas - e até na das verduras - as africanas são
de língua portuguesa. tantas, tão saborosas e tão exóticas que passaram a ser
De qualquer modo, são esses mesmos povos que vivendo em consumidas naturalmente na Europa, sendo que poucas pessoas
todos os Continentes, ajudam os países de acolhimento, entre se apercebem que há uma dúzia de anos atrás, muitos dos frutos
os quais Portugal, a compreenderem os destinos auto- (e verduras), hoje ao nosso dispor, eram totalmente desconhecidas
determinados e independentes de cada um, recebendo-os tal dos europeus, mas passaram a fazer parte da nossa cadeia
como são, garantindo-lhes o princípio constitucional da equidade, alimentar.
aceitando e, em alguns casos, absorvendo, as suas ancestrais Logo, temos aprendido muito com os povos africanos e assimilado
tradições, sendo que a culinária é uma delas. Bem possivelmente algumas das suas milenares tradições, designadamente na área
uma das mais difundidas e apreciadas na região do Município de da sua riquíssima culinária verdadeiramente tradicional, porque
Lagoa que tem o privilégio de contar, entre os seus munícipes, sempre fez parte do quotidiano alimentar das populações… sendo
muitos cidadãos originários das antigas colónias - nomeadamente que por aqui alguma ainda é tratadas como iguaria!
de Cabo Verde e Angola - que aqui desfrutam de excepcionais Tenho a consciência, contudo, que se tem feito pouca divulgação
condições de vida, estando perfeitamente integrados na vida dos sabores africanos. Esta publicação pretende ajudar a colmatar
económica e social da nossa terra. tal verdade.
Hoje, não é difícil saborear-se num estabelecimento de restaura-
ção, um qualquer prato da cozinha tradicional africana com sabo- José Inácio Marques Eduardo, Lic.
res e colorações que inebriam o nosso subconsciente e aguça a Presidente da Câmara Municipal de Lagoa

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Um testemunho seco, que devorava - à mão, mesmo quente - sempre com muito
gosto, o que provocava grandes desgostos à minha avó, quando
me chamava para o almoço e eu dizia que não queria ir porque já
estava a almoçar…
Quando me pediram que escrevesse um pequeno texto para este
O que eu daria, hoje, por um almoço destes…
livro sobre comida africana, imediatamente me assaltaram lem-
branças de cheiros e gostos ciosamente guardadas na minha … ou por um pedaço de carne seca assada na brasa e batida até
memória. quase se esfarelar…

Faço parte da 4ª geração da mesma família nascida em Angola e Neta de um caçador profissional, perdi a conta das vezes que
é sempre com muito orgulho que lembro que o primeiro bebé a comi carne seca de pacaça, olongo, orix e gazela, cuidadosamente
nascer em terras do Sul, filho de colonos madeirenses que para assada num pequeno fogareiro ou comida ao natural. Ainda agora,
ali foram no distante século 19, era meu tio-bisavô. Gente corajosa, cerca de 40 anos depois, parece que sinto o gosto de tão apreciado
batalhadora, trabalhadora, que desbravou territórios e ultrapassou e simples pitéu.
barreiras que, ainda hoje, nos pareceriam intransponíveis, na busca O mesmo acontece ao recordar os variados frutos que comíamos,
de uma vida melhor, numa terra acolhedora e fértil, onde estabele- dos maboques às nochas, passando pelos nombes, mácuas,
ceram as bases daquela que seria uma das mais belas cidades mirangolos, pitangas, tabaibos, entre outros. Crús, em compotas,
de Angola: Sá da Bandeira, onde nasci. como base de bebidas ou acompanhamento de diversos pratos.
Como facilmente se compreenderá, ao longo dos tempos, foram- Nomes que, decerto, serão familiares a muitos dos leitores deste
-se misturando, na minha família, as comidas tipicamente ango- livro e que os farão, como a mim, regressar a um tempo diferente,
lanas com as receitas madeirenses dos “mais velhos”, passadas a uma terra diferente, com gente diferente, cheiro diferente que,
de geração em geração. Talvez por isso, não me considero uma por muito tempo que passe, não se consegue esquecer.
especialista em comidas angolanas, das quais sei cozinhar muito
Faço votos que esta pequena colectânea de receitas africanas -
poucas, confesso. Mas não posso deixar de referir as grandes
em boa hora compilada pelas Técnicas dos Serviços de Acção
caldeiradas de cabrito, a cabidela de galinha e o delicioso leitão
Social, Habitação e Saúde da Câmara de Municipal de Lagoa -
assado, tradição da ceia de Natal, que ainda hoje mantenho na
aguce o apetite daqueles que não as conhecem e que, pela sua
minha casa.
confecção, consigam compreender a razão do nosso apego às
Mas, voltando às memórias de cheiros e gostos, a mais remota raízes.
leva-me até aos 3 anos de idade, altura em que adorava sentar-
Bom apetite.
-me à volta da fogueira (numa pedra) onde os empregados dos
Ana Maria Linha
meus avós faziam pirão em grandes latas e assavam o peixe Jornalista

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Introdução

Desses tempos e das viagens que fizeram, ficou o cheiro da terra no terreno, como o são os responsáveis pela dinamização dos
molhada, os aromas de comidas já esquecidas, são muitos os Gabinetes de Apoio ao Morador e Animação Comunitária nos
que recordam o pôr-do-sol vermelho e grande, matam as saudades Bairros, nomeadamente o Centro de Apoio Social de Porches e o
fazendo comidas e ouvindo a música tradicional daquelas terras Centro de Apoio Social de Carvoeiro, incansáveis na busca pela
longínquas. inclusão social destes territórios, esbatendo diferenças e
Este fenómeno de imigração proporcionou-nos para além de um promovendo a coesão.
rejuvenescimento de Portugal o caminho para uma sociedade Com este trabalho diário e contínuo agora reflectido em mais um
intercultural, onde este pluralismo cultural pressupõe um contributo directo dos moradores num registo solto e cativante,
enriquecimento mútuo, uma vez que qualquer cultura sai de facto pretende-se que este seja um veículo para um verdadeiro encontro
enriquecida em contacto directo com as outras. com os sabores de África, através da partilha de saberes,
A utilização desta publicação será de facto o maior reflexo do memórias e vivências num passado que já é presente no quotidiano
contributo destas gentes para uma nova forma de estar na de todos nós e que o convidam a sentar-se à sua mesa e a
comunidade portuguesa depois da década de 70 ao enquadrarmos usufruir desta breve, mas rica, colorida e calorosa mostra
hoje na nossa vivência social, económica e cultural o contributo gastronómica.
destes resistentes. Convidamo-lo à exaltação dos sentidos a partir de um encontro
com os sabores africanos à sua mesa porque...
Saudade
Saudade… é de facto uma palavra portuguesa que define
o sentimento de quem é africano ou de quem lá passou… Bianda sabi ka ta na kabas 1…

Esta publicação é o resultado de uma Gestão de Proximidade Rui Manuel Rosa Lopes Correia
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lagoa
junto da comunidade multicultural residente no Parque Habitacional pelouro da Acção Social, Habitação e Saúde
de arrendamento de vocação social propriedade do Município de
Lagoa por parte dos Serviços da Câmara em parceria com os
agentes locais e parceiros privilegiados estratégicos que estão 1
Comida saborosa não demora muito na panela

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A família do arrendatário Suleimane D´jalo - residente no Bairro Municipal
de Porches - em Gabú, Guiné Bissau

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Enquadramento za natural do país, por isso, a base da alimentação
assenta no milho combinado com o feijão, a bata-
ta doce, a mandioca, peixes e carnes, sendo a
Cachupa o prato de referência.
O Continente Africano é amplamente conhecido
pelas suas belezas naturais, principalmente quan- A doçaria é rica e variada, as bebidas cabo-verdia-
do se refere à grandiosa vida selvagem. nas são representadas pelos grogues, licores e re-
frescos. Beber chá é muito popular em Cabo Verde
Além da cultura vasta e diversificada, a gastro-
e é normalmente acompanhado de doces confec-
nomia africana também é caracterizada pela mis-
cionados a partir de milho, mandioca, mel da cana,
tura de sabores e colorações dos pratos, a base
coco, etc.
da alimentação é composta essencialmente por
produtos provenientes da terra, é a terra que molda A música é a expressão cultural por excelência em
as gentes de África e a base da sua alimentação. Cabo Verde, com expressões muito próprias, tais
Esta publicação debruça-se essencialmente sobre como a morna, a coladera e o funaná.
dois países deste continente, Cabo Verde e Ango-
la. Angola, localizada na costa ocidental de África,
é um dos países mais ricos do continente Africano,
Cabo Verde, um país africano, constituído por rico em recursos naturais, rico em paisagens, em
dez ilhas: Ilha da Boa Vista; Ilha Brava; Ilha do florestas tropicais, desertos, planícies e monta-
Maio, Ilha do Sal, Ilha de S. Nicolau, Ilha do Fogo, nhas e rios que desaguam no Oceano Atlântico,
Ilha de S. Antão, Ilha de S. Tiago, Ilha de S. Vicente. um país rico em microclimas que geram pratica-
Os recursos provêm essencialmente da agricultu- mente todo o tipo de actividade agrícola e pecuá-
ra, da riqueza marinha deste arquipélago e do Tu- ria.
rismo. A língua oficial é o português embora existam mais
A gastronomia cabo-verdiana é o espelho da rique- 42 dialectos, por exemplo o Umbundo, o Quimbun-

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bundo (ou Kimbundu) e o Quicongo (ou Kicongo). Sendo a gastronomia africana conhecida pelos seus
variados sabores, cada uma das receitas deste livro ca-
A cultura não se extingue na diversidade da língua, os
racteriza a vivência de cada cabo-verdiano e de cada
ritmos musicais, como kizomba, semba, rebita, cabe-
angolano, memórias vivas de outros tempos…
tula, zouk e o kuduro, sustentam a multiplicidade das
várias etnias. No artesanato subsiste uma grande va- Os olhos brilham, e as recordações de uma infância per-
riedade de materiais utilizados, as estatuetas em madei- corrida a pé descalço, e ao sabor do vento reavivam os
ra, as máscaras de danças rituais. sentidos, o saudosismo da sua terra… a nossa terra,
“tudo naquela terra deixa saudades, deste a chuva ao aquela em que nascemos e se Deus quiser àquela aonde
povo…, tempos que não voltam…” iremos voltar…

Ao entrarmos nesta viagem pelos sabores africanos à Cada iguaria, cada condimento, cada especialidade fa-
sua mesa, quem não se lembra do calor intenso de uma cultada pelos moradores dos Bairros Municipais de vo-
comida angolana acompanhada pelo gindungo… cação social do Concelho de Lagoa, foi uma alavanca
que fez reavivar sentimentos esquecidos… Receitas
A gastronomia de Angola é caracterizada pelo feijão de
quentes e exóticas, confeccionadas ao som da batucada
óleo de palma e pela muamba de galinha, o calulu de
e do Kúduro, do sol quente e da brisa do mar…
peixe a acompanhar o pirão.
Em África, todos os ingredientes são frescos e tempera- A população africana dos Bairros Municipais chegou a
dos para serem confeccionados na cozinha. Primeira- Portugal principalmente depois do 25 de Abril de 1974.
mente deixamo-nos envolver pelos cheiros que va- Chegaram após os tumultos da independência dos seus
gueiam e depois, pelos gostos picantes e exóticos. países. A chegada a Portugal constituíu um choque para
estas gentes: as dificuldades de uma adaptação num
Não poderemos deixar de referir a variedade dos frutos país que não era o seu, uma cultura, um modo de vida
ricos e coloridos destes dois países Africanos, desde a diferentes...
manga, à pêra abacate, goiaba, maracujá, banana, coco,
maboque, ananás, fruta pinha, sapesape, fruta-pão, ano- Embora Portugal e os portugueses não fossem um país
na, mamão, papaia, orasã entre outras que fazem as de- e um povo desconhecidos, a identidade social era de
lícias de uma sobremesa suprema. facto distinta.

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O processo de aculturação iniciou-se, mas estes resi- pessoas e depois então viemos para Quarteira!!…
dentes não esqueceram as suas raízes os seus hábitos
Os primeiros dias foram muito difíceis, não estávamos
e costumes, embora se tenham adaptado a uma nova
habituados a este clima, fomos para uma aldeia pequena
realidade social e cultural.
em que nos estranhavam muito.
No Bairro Municipal Jacinto Correia na freguesia de Car- Eram jovens entre os 16 e os 30 anos e dois deles che-
voeiro existem cinco famílias de origem africana, todas garam ainda crianças. Apesar da tenra idade têm na me-
elas provenientes de Angola, apesar de regiões dife- mória os tempos difíceis da adaptação, do início da es-
rentes, Huambo e Lobito. cola e das dificuldades económicas dos pais.
Todos, sem excepção, relembram os velhos tempos, as Não foi fácil, não estávamos preparados para vir para
suas cidades bonitas, floridas, que já naquele tempo cá, assim como o povo português não estava preparado
usufruíam de Jardim Zoológico, piscinas municipais e para nos receber, a interacção não foi boa... na minha
outros equipamentos colectivos. Relembram o mar e família houve pessoas que não conseguiram ir à escola
as paisagens diversas, um modo de vida que consi- porque não tinham documentos.
deram ser muito melhor do que o actual. Afirmam que a
comunidade em África era muito mais unida, mais ale- Muitos chegaram ao Algarve e ao concelho de Lagoa
gre, convivia muito mais, através de piqueniques, pas- por iniciativa própria, pela proximidade de um familiar,
seios pelas matas e a apanha de frutos silvestres. de um emprego e também por um clima mais ameno e
agradável, mais similar àquele a que estavam habitua-
Quando cá cheguei foi horrível… não havia condições dos em África.
de vida… faltava tudo… faltava roupa, comida…
O olhar pensativo, o brilho nos olhos, a nostalgia apode-
Custou-me muito… eu lá nunca trabalhei… foi muito ra-se quando relembram o carinho, a saudade, a triste-
complicado não ter uma situação estável quando para za, a esperança, o cheiro e o sabor de uma Terra que
cá viemos. nunca esquecem.
Vim com os meus pais e quando chegámos, fomos para Apesar dos tempos difíceis e da construção de uma vida
um Hotel em Lisboa e fomos bem tratados. O IARN (Ins- nova, muitos afirmam que não voltarão, sentem-se com-
tituto de Apoio ao Retorno de Nacionais) distribuía as pletamente ajustados, adequaram as suas expectativas

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e o seu comportamento ao sistema social vigente, ha- tugal entre 1974 e 1977 e descrevem a sua chegada co-
vendo apenas uma residente que tem o sonho e o ob- mo sendo muito mais serena do que os angolanos, sen-
jectivo firmes de lá voltar. tiram que vinham para melhor. Os que vieram poste-
riormente, a partir da década de 90, sentiram um maior
Esta comunidade constitui hoje no concelho um exem-
apoio dos familiares que residiam em Portugal.
plo de inclusão e interculturalidade.
A vinda para Lagoa no Algarve, deu-se pelos mais va-
A população africana do Bairro Municipal de Porches,
riados motivos: pela possibilidade e a oportunidade de
empreendimento de vocação social localizado na fre-
uma vida melhor e também pelo clima.
guesia com o mesmo nome, implantado ao longo da
E.N.125, comporta três nacionalidades: Angolana, Três residentes têm no pensamento a vontade vincada
Cabo-verdiana e Guineense, e é composta por sete fa- de “um dia voltar”, outros apenas mantêm a memória
mílias, uma Angolana, cinco Cabo-verdianas e uma Gui- viva com recordações de tristeza e alegria, outros sen-
neense. tem-se avassalados pela revolta confrontados pela falta
de oportunidades e condições dos seus países que não
A família Angolana é originária de Benguela, os cabo- lhes permitiram lá ficar.
-verdianos advêm das ilhas de S. Nicolau e S. Tiago e a
guineense veio de Gabu. Às vezes temos saudades de África! Mas, às vezes é co-
mo se não tivéssemos vivido lá muitos anos ou como
Todos… se não tivéssemos lá nascido… Mas os tempos que lá
Relembram a riqueza da terra, de como era fértil e pro- passámos foram felizes …
dutiva, dos legumes tradicionais como a batata doce, o
inhame, a mandioca, o milho e o conque (ervilha)… tudo
era saboroso !!!

Revivem as festas alegres, o carnaval, as praias, a lin-


díssima Baía de Luanda, a liberdade de mexer na terra,
capinar no mato, ajudar na colheita de cacau.

Os cabo-verdianos foram os primeiros a chegar a Por-

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“Temos o direito a ser iguais
sempre que a diferença nos inferioriza,
temos o direito a ser diferentes
sempre que a igualdade nos descaracteriza”.

Boaventura de Sousa Santos


in A Gramática do Tempo, Ribeira Funda - S. Nicolau - Cabo Verde
para uma nova cultura política

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As Tertúlias de Sabores Africanos

A família do António José Gonçalves são Cabo-Verdia-


nos e mencionaram que a Cachupa, as Papas de Milho,
a Mandioca e a Batata Doce eram e são receitas tradi-
cionais no seu país e que ainda hoje mantêm no seu
quotidiano.

Ribeira Funda - S. Nicolau - Cabo Verde

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as
it Sopas
ce
Re

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- Caldo da Ilha -
Ingredientes:
Cabeça de garupa ou de corvina fresca, posta de peixe
seco, mandioca, batata doce, tomate, cebola, gindungo,
azeite e sal.
Preparação:
Fazer o refogado com a cebola e azeite, quando a cebola
estiver lourinha acrescentar o tomate cortado aos bocadi-
nhos. Seguidamente colocar a cabeça da garupa ou da
corvina, o peixe seco e deixar estufar um pouco. Colocar
a água necessária, a mandioca, a batata doce, o sal e o
gindugo (piri-piri). Quando estiver quase pronta, provar para
ver se está bom de temperos e deixar cozinhar em lume
brando para ir apurando o paladar.

- Sopa de Banana -
Ingredientes:
Molho de espinafres, cebolas, colheres de sopa de azeite,
batata, água, banana verde, óleo para fritar e sal.
Preparação:
Colocar uma panela com água e todos os ingredientes,
menos as bananas, em lume brando a cozer e, logo que
estiver cozido, passar com a varinha mágica. Cortar as
bananas às rodelas, fritar em óleo e juntar as bananas ao
caldo, deixando ferver. Servir quente.
Província de Huambo - Angola

Utilidade: A banana verde é sempre descascada em água com sal,


para não ficar manchada (tirar a nódoa).

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Pratos
Tradicionais

Parque Florestal da S. do Monte - Província do Huila - Angola

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CABO VERDE Ingredientes:
Milho, feijão vermelho, feijoca, cebolas, dentes de alho,
banha, folhas de couve, louro, atum imperador, água,
- A Cachupa Rica - sal e piripiri.
Preparação:
A cachupa rica, por conter diversos tipos de carnes, e Demolha-se o feijão e o milho.
por serem estes ingredientes mais caros era confeccio- Coze-se o peixe cortado às postas em água temperada
nada apenas pelas pessoas com mais capacidade com sal, os dentes de alho esmagados, a folha de louro
económico-financeira. e a couve cortada aos bocados.
Num tacho, leva-se a banha ao lume com as cebolas
Ingredientes: picadas. Logo que estejam louras, junta-se o feijão, o
Azeite, cebola, sal, alho, milho branco, feijão, carne de milho, a couve e o peixe às lascas.
vaca, porco, chouriço, farinheira, toucinho, frango, cou- Adiciona-se a água da cozedura do peixe.
ves, feijão pedra, batata doce, favona, banana verde. Tempera-se com piripiri e deixa-se ferver um pouco pa-
Preparação: ra apurar.
Pôr num tacho com água alho picado, sal, feijão, arroz,
toucinho, chouriço e as carnes. Vai ao fogo a lenha até - Arroz Pintado -
cozer, mexendo com uma colher de pau.
Num outro tacho cozer as couves, a batata doce e a
Ingredientes:
banana que, depois de cozidos, devem ser cortados
Arroz agulha, azeite, feijão manteiga, cebola grande,
às rodelas.
tomates, sal, leite de coco.
Preparação:
A cachupa era acompanhada por banana verde.
Demolhar o feijão de véspera, no dia seguinte cozer o
feijão.
- A Cachupa Pobre - À parte fazer um refogado com a cebola picada, o azeite
e o tomate pelado sem sementes.
Tendo em conta a diversidade e abundância de algumas Deixar cozer o tomate e a cebola, depois de cozer juntar
espécies de peixe naquelas ilhas, as pessoas mais po- o feijão com um pouco de água em que cozeu e deixar
bres confeccionavam a cachupa com aquilo que obtinham ferver um pouco para apurar.
com maior facilidade e menor gasto - atum imperador. Adicionar o leite de coco com sal e, logo que levantar

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fervura, pôr o arroz lavado e enxuto. - Pastel de Milho -
Deixar depois cozer cerca de 15 min., em lume brando.
Ingredientes:
- Caldo de Peixe - Farinha de milho, peixe segundo a preferência, batata
doce, raminho de salsa picada, cebola grande picada,
Ingredientes: dentes de alho, piripiri a gosto, sal q.b., água morna,
Aqui mistura-se um pouco de vários peixes, coloca-se óleo para fritar e azeite q.b.
óleo de palma, alho, cebola, sal, agua, piripiri e arroz. Preparação:
Preparação: Primeiro preparar o recheio, cozendo o peixe em água
Levar um tacho ao lume com água, óleo de palma, sal, e sal, escorrendo-o e limpando-o de todas as peles e
cebola, alho, piripiri e os vários peixes já arranjados e espinhas.
cortados aos bocadinhos. Juntar a salsa, a cebola, o alho e o piripiri misturando
Assim que os alimentos estiverem cozidos e a água bem.
levantar fervura juntar o arroz. Passar esta pasta de peixe na frigideira com o azeite
Deixar cozinhar cerca de 15 min. e fica pronto a servir. para refogar um pouco e retirar do lume.
Para a massa de milho, cozer a batata doce com casca
- Lulas Guisadas à Moda de Cabo Verde - em água e sal.
Descascar quando estiver cozida e cortar aos bocados.
Ingredientes: Juntar a farinha de milho com a batata doce e adicionar
Água, dentes de alho, azeite, rodelas de cebola, folha um pouco de água morna, o suficiente para a massa
de louro, lulas, pimenta da Jamaica, pó de Goya, sal, não ficar demasiado mole.
salsa, vinho branco. Reservar a massa embrulhada num pano húmido e ir
Preparação: retirando conforme necessário.
Passar a cebola por azeite, pôr todos os ingredientes Em cima da mesa ou da tábua colocar um pano húmido
numa panela e cozer em lume brando até as lulas para trabalhar a massa.
ficarem tenras. Pôr uma porção no centro do pano e com a palma da
Fechar a panela e deixar cozinhar em lume brando, mão ir batendo suavemente de modo a criar uma forma
juntar especiarias a gosto, como salsa, louro. redonda com a massa, de forma a não ficar demasiado
fina e para não quebrar.
Servir com arroz branco ou batatas cozidas. Pôr um pouco de recheio de peixe no centro da massa

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e dobrá-la, calcando as pontas do pastel de forma a Preparação:
fechá-lo. Cozer a lagosta em água temperada com sal grosso
Cuidado para não partir o pastel, fritar em muito óleo, cerca de 20 min..
bem quente, até ficar dourado. Cozer as batatas juntamente com os ovos.
Ao retirar, deixar escorrer sobre o papel absorvente e Depois da lagosta cozida, tirar a casca e a tripa do
servir por opção bem quente. dorso e cortar aos bocadinhos.
Pelar as batatas, tirar a casca aos ovos e cortar às ro-
delas, pôr tudo numa tigela às camadas e temperar
- Cabrito à moda da Ilha do Maio -
com azeite, vinagre e sal, se necessário e servir fresca.

Ingredientes: Guisado de Tchacina


1 kg de Tchacina (Carne de cabra salgada), banha, ce- - Caldo de Peixe à Ilha do Fogo -
bola grande, 2 dentes de alho, folha de louro, ramo de
salsa picada, grãos de malagueta. Ingredientes:
Preparação: Água, azeite, bananas verdes, batatas, cebola, garoupa,
Põe-se de véspera a tchacina de molho. folha de louro, mandioca, pimentão, pimento verde, sal
Escorre-se, lava-se, corta-se aos pedacinhos e leva-se q.b., vinagre.
ao lume numa caldeira com água a ferver. Preparação:
Refoga-se a cebola cortada às rodas na banha, que Temperar de véspera o peixe com o alho, cebola, louro,
previamente já se derreteu numa frigideira. vinagre e pimento.
Junta-se o alho picado, a salsa, o louro e a malagueta. No outro dia, polvilhar o peixe com sal. Levar depois
Deita-se a tchacina e deixa-se refogar em lume brando ao frigorífico por algumas horas.
deitando golinhos de água quente até que a carne fique Refogar o pimentão, a cebola e o alho, com azeite, pi-
branda e com molho. mento e louro, colocando tudo numa panela.
Prova-se de sal e serve-se.
Quando terminar juntar os filetes e deixar refogar cerca
de 5 min..
- Salada de Lagosta à Moda de Cabo Verde - Juntar água e deixar cozer em lume brando.
Ao fim de um tempo, juntar as batatas e as bananas
Ingredientes: verdes cortadas em bocados e deixar cozinhar em lume
Lagosta, azeite, vinagre, ovos, batatas. brando cerca de 30 min..

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- Moreia de Cebolada - e deixar cozer. Entretanto, misturar os amendoins com
o tomate já pelado e moído, envolver tudo em água,
Ingredientes: mexer e passar por um passador.
Tomates maduros, folha de louro, sal, piripiri, moreia, Juntar o líquido adquirido à lagosta, rever os temperos,
cebolas, azeite. tapar o tacho e deixar apurar um pouco.
Preparação:
Servir com arroz branco.
Depois da moreia arranjada e lavada, corta-se às pos-
tas com mais ou menos um dedo de grossura e salpica-
-se com sal.
- Xérem Tradicional -
Põe-se num tacho a refogar a cebola, o tomate, o azeite,
Ingredientes:
sal e piripiri e folha de louro.
Atum fresco, banha, cebola, carolo de milho, leite de
Tapa-se bem o tacho e deixa-se refogar os ingredientes,
coco, sal, piripiri.
de seguida junta-se a moreia para cozer, num tacho tapa-
Preparação:
do cerca de 10 min., em lume brando, agitando o tacho
Arranjar o atum e lavar, cortar aos bocados e temperar
de vez em quando.
com sal e piripiri, levar a um tacho em lume brando com
a banha e a cebola picada para deixar refogar.
Acompanhar com arroz branco.
Assim que estiver alourado juntar o atum, depois deixar
refogar mais um pouco e acrescentar o leite de coco.
- Lagosta de Mancarra - Deixar cozer cerca de 5 min. e de seguida deitar o carolo
de milho.
Ingredientes:
Envolver e cozer bem em lume brando cerca de 15 min.
Mancarra (amendoim), azeite, cebolas, lagosta, alho,
e fica pronto a servir.
sal, caril, tomate maduro, gindungo, agua.
Preparação:
Pisar muito bem, o mais fino possível, os amendoins
no almofariz, cortar a lagosta aos bocados e temperar
com sal e piripiri.
Levar a lume brando um tacho com azeite, cebolas e
alho e deixar refogar um pouco.
Quando a cebola estiver lourinha acrescentar a lagosta

36 Sabores Africanos à sua mesa Sabores Africanos à sua mesa 37


ANGOLA - Muamba de Angola -

Ingredientes:
Carne de galinha com uma pré-cozedura, põe-se quia-
bo, óleo de palma, uma chávena de molho de muamba,
cebola, alho, água e sal.
Preparação:
Põe-se num tacho água, sal, alho e óleo de palma e
adorna-se.
Depois põe-se as carnes que já estão pré-cozidas, os
quiabos cortados ao meio aplicando o molho de muam-
ba por cima.
Mistura-se tudo muito bem e no fim coloca-se um copo
de água. Deixa-se cozer cerca de 20 min..

A arrendatária do Bairro Municipal de Porches, D. Maria Antónia da


Silva - que com muito carinho nos acolheu para mostrar a sua mão na
cozinha angolana - confeccionou Feijão Óleo de Palma, Muamba de
Angola, Mandioca e o Pirão. O Pirão e a Muamba de Angola

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- Moqueca de Camarão - rando, adicionar cebola e deixar refogar um pouco,
acrescentando depois a calda de tomate e um copo
de água, deixar cozer em lume brando.
Ingredientes:
Acrescentar o amendoim, mexendo várias vezes porque
Camarão grande, coentros, sumo de limão, gordura de
depois o molho fica grosso, se necessário acrescentar
palma virgem, azeite, leite de coco, tomates, cebolas, sal.
um pouco de água, no final adicionar os coentros pica-
Preparação:
dos.
Retirar a pele do tomate, descascar a cebola e cortar
aos bocados, misturar o tomate com a cebola e os coen-
Acompanhar com arroz branco.
tros e bater até os desfazer.
Numa panela colocar o azeite e a gordura de palma
virgem, dispor o camarão e regar com o creme do toma-
- Calulu de Peixe ou Carne Seca -
te.
Deixar cozer em lume brando durante alguns minutos e
posteriormente adicionar o leite de coco, deixando Ingredientes:
cozinhar cerca de 10 minutos. Peixe seco, peixe fresco, cebolas, tomates, quiabos,
Para finalizar, temperar com sal, sumo de limão e os batata doce ou espinafres, alho, óleo de palma e gin-
coentros picados e dispor o restante tomate e cebola dungos.
às rodelas por cima da moqueca, deixando ferver. Preparação:
Depois de demolhado, o peixe seco é temperado tal
Acompanhar com arroz branco e farofa. como o peixe fresco com sal, alho, vinagre.
Num tacho faz-se o refogado com óleo de palma e den-
tes de alho, coloca-se em camadas os peixes fresco e
- Frango de Ginguba (Amendoim) - seco, cebola em rodelas, o tomate em pedaços, os quia-
bos, as folhas de batata doce, o gindungo e o resto do
Ingredientes: óleo de palma.
Frango, jinguba, cebola, calda de tomate, agua, óleo Deixa-se cozinhar em lume brando.
de palma (déndem), sal e alhos picados.
Preparação: Este prato costuma ser acompanhado com funge e fei-
Juntar o frango com o óleo de palma de forma a ir alou- jão de óleo de palma.

40 Sabores Africanos à sua mesa Sabores Africanos à sua mesa 41


- Cabrito com Inhame - Temperar com o gindungo, deixar cozinhar bem e levar
ao forno.
Ingredientes:
Inhame, tomates, cabrito, cebola grande, cravinhos da Acompanhar com farinha de musseque.
Índia, dente de alho, vinho branco, folha de louro, piripiri,
sal, azeite. - Cabidela de Galinha -
Preparação:
Descascar os inhames e cortar aos bocados. Cortar o Ingredientes:
cabrito aos bocados, não muito pequenos. Galinha com o sangue, alho, louro, vinagre, tomates,
Pôr dentro de um tacho ao lume a cebola cortada aos cebola, pimenta, sal e óleo.
bocadinhos, azeite, tomate, alho, folha de louro e cravi- Preparação:
nho a refogar. Depois de morta a galinha aproveita-se o sangue, que
Quando estiver tudo lourinho, juntar o cabrito e deixar se junta com vinagre para não coalhar.
refogar mais um pouco. Corta-se a galinha aos pedaços e lava-se bem, para
Adicionar o vinho, a água e o inhame. depois pôr num tacho com tomate, cebola, louro, alho,
Tapar o tacho e deixar a cozer em lume brando cerca óleo e sal e deixar cozer tudo em lume brando.
de uma hora. Depois da galinha estar cozida, junta-se o sangue e
revê-se o tempero, deixando cozer até apurar o molho,
- Feijoada de Luanda - juntando a pimenta.

Ingredientes: A cabidela é acompanhada com funge, pirão ou arroz


Feijão manteiga, manteiga, nabos, cebola, farinha de branco.
mandioca, chouriço, pé de porco, azeite, sal e gindun-
go.
Preparação:
Deixar cozer o feijão e as carnes em separado com
água e sal.
Fazer o refogado com azeite e cebola e seguidamente
pôr mais um pouco de água para cozer as carnes corta-
das aos pedaços, o feijão e os nabos cortados.

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Acompanhamentos

Província de Huíla - Angola

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- Pirão ou Funge à moda de Cabo-Verde - Preparação:
Pôr cerca de 1 lt. de água a ferver.
Ingredientes: Numa tigela, pôr um pouco de água fria e misturar cerca
Farinha de milho com leite, manteiga, água, sal e um de 3 a 4 colheres de farinha de milho.
pouco de açúcar. Ir misturando de preferência com uma colher de pau.
Preparação: Quando a água levantar fervura, juntar o preparado da
Coze-se a farinha dissolvida em água e sal, depois tem- tigela. Ir juntando o resto da farinha e mexendo com o
pera-se com manteiga. Serve-se acompanhado de lei- luicô até entrar em ebulição, não deixar que forme boli-
te que poderá ser adoçado com um pouco de açúcar. nhas, mexer sempre com energia.
Retirar do lume e continuar a mexer até achar que já
- Pirão à moda de Angola - está bom.
Acompanhar com moamba de galinha.
Ingredientes:
Farinha de milho, água. - Feijão de Óleo de Palma -

Ingredientes:
Feijão de óleo de palma2, sal, cebola, alho.
Preparação:
Pôr tudo num tacho e deixar cozer o feijão de óleo de
palma com sal, alho e cebola.

- Gimata -

Ingredientes:
Óleo de palma, tomates, cebola, sal gindungo.
Preparação:
Assar os tomates nas brasas, seguidamente, tirar as
peles e passar os tomates, misturar depois as cebolas

A Mandioca e o Feijão Óleo de Palma 2


Utilidade: As nódoas do feijão de óleo de palma só saem com detergente da loiça.

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cortadas aos bocadinhos, o óleo de palma, o sal e o
gindungo.
Aquece-se um pouco o que já está preparado e está
pronto a acompanhar, peixe grelhado ou assado.

- Canjica -

Ingredientes:
Milho tenro, feijão amarelo, óleo de palma, sal.
Preparação:
Cozer o feijão depois de demolhado e também o milho,
mas à parte.
Depois de estar cozido misturar tudo, incluindo o óleo
de palma e o sal. Levar um pouco ao lume, depois de
apurado está pronto para servir como acompanha-
mento. Sobremesas
Ainda se pode enriquecer com farinha do musseque
deitada por cima do preparado.

- Batata-doce -

Ingredientes:
Batata-doce, óleo q.b., sal q.b.
Preparação:
Descascar as batatas, cortar às rodelas, lavar, secar e
fritar em óleo bem quente.
Depois de fritas salpicar com sal fino.

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- Bolinhos de Mandioca com Mel - Preparação:
Leve ao fogo o leite condensado, a manteiga e o açú-
Ingredientes: car, mexa até aparecer o fundo da panela.
Farinha de mandioca, ovos, bicarbonato de sódio, Em seguida acrescente o amendoim, depois tire, colo-
azeite, mel de cana, aguardente. que no tabuleiro untado e seguidamente corte.
Preparação:
Bate-se muito bem os ovos inteiros com o mel até ficar - Cocada -
em massa esbranquiçada.
Junta-se água, aguardente e azeite, batendo sempre.
Ingredientes:
Mistura-se depois à mão a farinha de mandioca com o
Açúcar, coco ralado, gemas de ovo, cravo-da-Índia,
bicarbonato até se poderem tender.
canela e água.
Forma-se bolinhos redondos que vão ao forno quente
Preparação:
a cozer em tabuleiros untados com manteiga.
Mistura-se o açúcar na água e coloca-se também o
cravo-da-Índia, deixa-se em lume brando até atingir o
- Paracuca - ponto pérola.
Acrescenta-se depois o coco ralado e deixa-se ferver
Ingredientes: um pouco mais.
Ginguba, açúcar, água. Retira-se do lume e, ao arrefecer, junta-se as gemas
Preparação: de ovo.
Mistura-se tudo na panela, em lume brando. Coloca-se novamente em lume brando até cozer, de-
Quando levantar fervura, mexe-se lentamente até que pois polvilha-se com canela.
esteja tudo solto, depois espalha-se num tabuleiro e
deixa-se arrefecer.
- Diongo de Banana -

- Pé de Moleque - Ingredientes:
Bananas, manteiga, canela e mel.
Ingredientes: Preparação:
Leite condensado, uma colher de manteiga, 20 colheres Depois de descascar as bananas, colocamos num ta-
de sopa de açúcar, amendoim torrado e moído. buleiro para levar ao forno, polvilhamos com a canela e

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colocamos a manteiga em pedaços pequenos por cima Polvilhar com canela e cobrir com a massa.
das bananas. Levar depois ao forno bem quente para cozer.
Leva-se depois ao forno até estarem assadas.
- Doce de Manga -
- Máhime -
Ingredientes:
Ingredientes: Manga, natas, 2 colheres de sopa de açúcar, açúcar
Farinha de milho, leite, açúcar e canela em pó.
Preparação: Preparação:
Levar o leite com açúcar em lume brando, logo que le- Descascar a manga e desfazê-la em puré. Juntar uma
vante fervura juntar a farinha de milho e ir mexendo com colher de açúcar, mexer e reservar.
a colher de pau. À parte bater as natas com o açúcar em pó e misturar
Quando estiver pronto, encher pequenas taças e salpi- depois o puré de manga.
car com o açúcar ou a canela, conforme o gosto. Colocar em taças e servir frio.

- Bolo de Banana - - Bolo de Leite de Cabo Verde -


Ingredientes: Ingredientes:
Margarina, açúcar, leite, ovos, farinha, pitada de sal, Açúcar, leite, limão.
colheres de chá de fermento em pó, caramelo, bananas Preparação:
maduras e canela. Juntar o açúcar ao leite, a casca de limão e deixar ferver.
Preparação: Juntar o sumo de limão para cortar o leite e deixar ferver
Bater a margarina amolecida com o açúcar até obter até atingir o ponto de estrada3.
uma massa esbranquiçada, diluir as gemas no leite e Depois de frio deitar em taças e servir.
acrescentar ao preparado anterior, batendo sempre.
Juntar a farinha, o fermento e o sal e mexer até obter
uma massa igual.
Envolver as claras em castelo, forrar depois o tabuleiro
com caramelo e distribuir com bananas cortadinhas em 3
Ponto de Estrada - quando, ao passar uma colher de madeira no fundo do tacho onde se en-
rodelas no fundo do tabuleiro. contra a calda, se formar como que uma estrada que deixa ver o fundo, tem-se o ponto de estrada

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- Kissangua de Ananás -

Ingredientes:
Cascas do ananás ainda com a polpa, água e açúcar.
Preparação:
Passa-se as cascas do ananás por água a ferver para
limpar.
Seguidamente, deita-se as cascas numa louça com
água e açúcar.
Depois repousar dois dias para fermentar bem, passar
num coador.
A bebida fica pronta para beber-se fresca.

- Grogue -
Bebidas (Aguardente de cana de açúcar simples)

Ingredientes:
Água, açúcar, limão, canela em pau, aguardente ou
rum.
Preparação:
Coloque, numa panela grande, a aguardente ou rum, a
canela em pau, as rodelas de limão e mexa bem.
Em seguida, leve ao lume brando por cerca de 20 min.
Depois retire e despeje num poncheira.
Complete com água fervida e sirva quente.

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