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SAGREDO (olhando pelo telescópio, a meia voz) --- Os bordos do crescente estão irregulares, denteados e
rugosos. Na parte escura, perto da faixa luminosa, há pontos de luz. Vão aparecendo, um depois do outro. A partir
deles a luz se espraia, ocupa superfícies sempre maiores, onde conflui com a parte luminosa principal.
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telescópio. Eu as vi na segunda feira, mas não fiz muito caso da sua posição. Ontem, olhei outra vez. Eu
jurava que todas as quatro tinham mudado de lugar. Eu tomei nota. Estão diferentes outra vez. O que é isso?
Se eu vi quatro. (Agitado.) Olhe você!
SAGREDO --- Eu vejo três.
GALILEU --- A quarta onde está? Olhe as tabelas. Vamos calcular o movimento que elas possam ter feito.
(Excitados, sentam se e trabalham. O palco escurece, mas no horizonte continua-se a ver Júpiter e seus
satélítes. Quando o palco clareia, ainda estão sentados, usando capotes de inverno.)
GALILEU --- Está provado. A quarta só pode ter ido para trás de Júpiter, onde ela não é vista. Está aí uma estrela que
tem outra girando à sua volta.
SAGREDO --- Mas a esfera de cristal, em que Júpiter está fixado?
GALILEU --- De t ato, onde é que ela ficou? Como pode Júpiter estar fixado, s e há estrelas
girando em volta dele? Não há suporte no céu, não há ponto fixo no universo É outro sol!
SAGREDO --- Calma, você pensa depressa demais!
GALILEU --- Que depressa nada! Acorda, rapaz! O que você está vendo nunca ninguém viu. Eles tinham razão.
SAGREDO --- Quem, os copernicanos?
GALILEU --- E o outro! O mundo todo estava contra eles e eles tinham razão.
SAGREDO (gritando) --- A mesma fala do queimado-vivo?
SAGREDO --- Por isso ele foi queimado ! Não faz dez anos
GALILEU --- Porque ele não podia provar nada! Porque ele só afirmava!
SAGREDO --- Galileu, eu sempre o conheci como homem de juízo. Durante dezessete anos em Pádua, e
durante três anos em Pi sa, pacientemente, você ensinou a centenas
de alunos o sistema de Ptolomeu, que é adotado pela Igreja e é confirmado pela Escritura, na qual a Igreja repousa.
Você, na linha de Copérnico, achava errado, mas você ensinava, não obstante.
GALILEU --- Porque eu não podia provar nada.
SAGREDO (incrédulo) --- E você acha que isso faz alguma diferença?
GALILEU --- Faz toda a diferença. Veja aqui, Sagredo! Eu acredito no homem, e isto quer dizer que acredito na
sua razão! Sem esta fé eu não teria a força de sair da cama pela manhã.
A PROPÓSITO DO TEXTO
02. O texto teatral tem semelhanças com o texto narrativo: apresenta fatos, personagens, tempo e lugar.
03. Comparando a estrutura do texto teatral com a dos gêneros narrativos, como o conto e a fábula, por exemplo,
observamos que ele se constrói de uma forma diferente:
04. Em outros gêneros narrativos, como no conto, a fala das personagens é introduzida geralmente depois de verbos
como dizer, perguntar, exclamar, afirmar, chamados verbos dicendi. No texto teatral escrito, as falas das personagens
são introduzidas de forma diferente.
a) No texto teatral lido, como o leitor sabe quem é que está falando?
b) A fala das personagens é reproduzida pelo discurso direto ou pelo discurso indireto?
05. O texto teatral apresenta trechos em letra tipo diferente – no texto lido, o itálico. Veja estes exemplos:
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06. Que tipo de variedade linguística foi empregado pelas personagens?
07. Quando um texto teatral é lido, o leitor é o interlocutor da história vivida pelas personagens. Quando o texto tetral é
encenado, quem é o interlocutor?
08. Qual é o suporte do texto teatral escrito, isto é, como ele é veiculado para atingir o público a que se destina?
09. Identifique as características do texto teatral escrito, considerando a finalidade do gênero, perfil dos interlocutores,
suporte ou veículo, tema, estrutura, linguagem.
Reúna-se com seus colegas de grupo e criem um texto teatral a partir de um dos gêneros teatrais a seguir, que tenha
como tema a Virtude escolhida para a turma do 9º Ano.
Musical,
Stand-up comedy,
Teatro infantil,
Teatro invisível,
Teatro de bonecos,
Teatro de sombras,
Mímica
b) Planejem o que vão escrever. Pensem no(s) fato(s) que comporão o texto e como as ações vão se encaminhar para
criar um conflito entre as personagens. Discutam como prender a atenção da plateia e como encaminhar a(s) cena(s)
para um desfecho triste ou cômico.
c) Lembrem-se de indicar o nome das personagens antes de suas falas, adequar a linguagem às personagens e ao
contexto, fazer as indicações de cenário, de figurino, etc, e inserir as rubricas de movimento e interpretação. Procurem
dar dinamismo ao diálogo, criando uma tensão crescente entre as personagens.
d) Façam um rascunho e só passem o texto a limpo depois de realizar uma revisão cuidadosa. Refaçam o texto quantas
vezes forem necessárias, até que ele esteja de acordo com os itens propostos.
e) Concluído o texto, façam a leitura dramática da cena e depois a encenação para a classe, de acordo com as
orientações a seguir:
1. Cada um deve decorar as falas de sua personagem, imaginando-se nas situações vividas por ela, o cenário e as
outras personagens que contracenam com ela.
2. Além das rubricas de interpretação, vocês devem, agora, observar também as de movimento.
3. Criem o cenário, a sonoplastia (o som que acompanha o texto), os figurinos. Contem para isso com a criatividade
individual e do grupo e envolvam outros colegas na montagem.
5. Caso alguém do grupo esqueça de uma parte do texto durante os ensaios ou na apresentação, improvisem uma
saída.
Boa Atividade!
Profa. Márcia Lima