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Grupo I

A - Lê atentamente o texto e responde objetivamente ao questionário.

NUM OUTRO PLANETA

(Correm, alegremente. De súbito, um grande estrondo! Ao longe, para lá de uma leve colina, luzes de várias
cores. Crepitações.)

ELA – O que foi aquilo? O que será?!


ELE – É capaz de ser outro OVNI!
ELA – É isso. É outro OVNI!
ELE – Mas se é para cá deixarem outros mamarrachos como os que deixaram da outra vez, mais valia que não voltassem
cá!
ELA – Vamos ver mais de perto!

(Aproximam-se os dois do local do estrondo e das crepitações, um pouco a medo. De uma espécie de disco voador,
vê-se sair a sombra de um rapaz. O disco afasta-se suavemente e o rapaz esconde-se atrás de uns arbustos.
Entretidos a olhar o disco, os dois jovens não reparam no rapaz.)

ELE – Foram-se embora. Que pena! Ainda não foi desta vez que conseguimos contactar com eles!
ELA – E tu eras capaz de contactar com eles? Não tinhas medo?
ELE – Se pensasse muito nisso, era capaz de ter. Mas prefiro não pensar.
ELA –Tu nunca inventaste como serão os outros, além de nós?
ELE – Os da Terra?! Oh, devem ser como nós, transparentes por dentro e sabendo o que nós sabemos. Ou talvez não...
ELA – Talvez não precisem de inventar todas, todas as coisas.
ELE – Talvez não tenham de ajudar os pais a crescer.
ELA – De algum lugar há-de vir esta ideia que nós temos das coisas que afinal não conhecemos, mas que sabemos que
existem!
ELE – E será da Terra que essa ideia virá?
ELA – Como tu disseste há bocado, talvez eles, os da nossa idade, não tenham de ajudar os pais a crescer.
ELE – Vendo bem, vendo bem, não acredito muito nisso. Os pais devem ser iguais em todos os Planetas! Se não fossem os
filhos, o que seria deles?
ELA – Vamos embora.
ELA – (Já dentro da casa espacial) Tenho sono.
ELE – Deitam-se — cada qual em seu elemento branco e transparente. Adormecem.

(O rapaz que chegou da Terra aparece e olha calmamente para eles. Também ele se deita e adormece.
Na semiobscuridade surge uma Figura irradiando vida. Durante a sua fala, poderá haver uma projecção de imagens
— silenciosas — num dos elementos brancos do cenário.)

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VENTO:

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Eu sou o Vento,
eu sou o Vento
e aqui me apresento,
e aqui me apresento!
Quando tudo adormece,
eu gosto de aparecer
rápido como a sombra
de quem passa a correr.
Sozinho eu sou capaz
de levantar a noite
e de a poisar de novo
no escuro que ela traz.
Percorro o universo
num ai, de lés a lés.
De asas nunca precisei
de motores ou de pés
para as minhas andanças
pelos mundos que eu sei.
Quando tudo adormece,
eu chego de mansinho
trazendo a leve brisa
que faz tremer as penas
das aves nos seus ninhos.

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(Entretanto, clareou.)

RAPAZ – Vento, Vento, és tu que estás aí?


O VENTO – Sou eu, sou. Já acordaste, bem acordado?
ELE – (Acordando) Mas... quem são vocês?
ELA – (Acordando) Estão aí há muito tempo?
RAPAZ – Bom dia! Eu cheguei ontem e chamo-me João. Como vos encontrei já a dormir, não me pude apresentar... e estava
tão cansado da viagem que também adormeci.
ELA – João?! Disseste JOÃO?!...
JOÃO – Disse. Mas que espanto é esse?
ELA – (Para Ele) Vês? Vês? Afinal a palavra que eu inventei existe!!!
JOÃO – (Rindo) Estás a dizer que inventaste o meu nome?
ELE – Vieste ontem no OVNI da Terra?
JOÃO – Tal e qual. Como é que sabes?
O VENTO – Eu vi-o chegar. Eu vejo sempre tudo.
ELE – Que maravilha!
ELA – Diz lá depressa... como é o teu Planeta?! Estamos à vossa espera há tanto tempo! Vocês também são transparentes
por dentro? São como nós? E também tens de inventar tudo o que queres? E também...
JOÃO – (Rindo) Calma! Calma! Tu ainda és pior do que a minha mãe! Calma! E eu que ia começar a fazer perguntas...
Espera aí um bocadinho! Primeiro… como é que tu te chamas?
ELA – Que queres dizer?
JOÃO – Qual é o teu nome?
ELE E ELA – Não sabemos.
JOÃO – O meu nome é João. Com certeza que vocês também hão-de ter cada um o seu nome próprio!
ELE – Nome próprio.., nunca tivemos. Mas vamos inventá-los já, não custa nada!
O VENTO – Se me dão licença, eu tive uma ideia que considero brilhante, fruto das minhas andanças pelo mundo, desde os
tempos mais antigos.
JOÃO – Qual é essa brilhante ideia?
O VENTO – Ele pode chamar-se Adão. E Ela pode chamar-se Eva. Que acham?
JOÃO – Uma maravilha! Um verdadeiro espanto! Eu, por mim, acho muito bem.
ELE – O meu nome soa-me bem: Adão. Gosto.
ELA – E eu também gosto muito do meu nome: Eva. Está resolvido! É um nome bonito.

Maria Alberta Menéres, À Beira do Lago dos Encantos, Edições Asa (texto com supressões)

1. Descreve o espaço onde decorre a ação.


2. No início do texto, Ele e Ela dialogam sobre algumas caraterísticas prováveis dos habitantes da Terra. Qual a ideia
que Ele faz destes habitantes?
3. Como explicas a relação entre pais e filhos, no planeta desconhecido, com base no diálogo entre Ele e Ela?
4. Identifica o elemento da natureza que surge personificado e refere a finalidade da sua primeira fala.
5. Como reagiu a personagem Ela ao conhecer o nome do Rapaz? Justifica essa reação.
6. Em nenhuma parte do texto nos é dito o nome do planeta onde decorre a ação.
6.1. Inventa um nome para esse planeta e aponta as razões da tua escolha.
7. O texto dramático divide-se em duas partes essenciais: as falas das personagens e as didascálias.
7.1. Transcreve um exemplo de uma didascália e refere as informações nela fornecidas.
7.2. Transcreve, agora, um exemplo de monólogo.

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B – No final da obra, as personagens decidem partir para outro mundo, mas querem levar consigo uma caraterística que as
torna diferentes dos outros.
Num texto, com um mínimo de cinquenta e um máximo de oitenta palavras, recorda esse momento e reflecte sobre a
mensagem que a dramaturga nos quis transmitir.

Grupo II
1. Identifica os recursos expressivos presentes nas frases que se seguem.
a. Ele e Ela sentiram-se alegres e confusos com a chegada de João.
b. “Sozinho eu sou capaz/ de levantar a noite”.

c. Pelo planeta podiam ver-se árvores, animais e pessoas.


d. Naquele planeta, os filhos agiam como os pais agem na Terra.

2. Explica o sentido das frases que se seguem.


a. “Percorro o universo/ num ai, de lés a lés.”
b. “eu chego de mansinho/ trazendo a leve brisa”.

3. Analisa morfologicamente as palavras sublinhadas.


(Correm, alegremente. De súbito, um grande estrondo! Ao longe, para lá de uma leve colina, luzes de várias cores.
Crepitações.)

4. Indica o tempo e o modo dos verbos presentes nas frases.


a. “Foram-se embora.”
b. “Tu nunca inventaste como serão os outros, além de nós?”
c. “Se pensasse muito nisso…”

5. Analisa sintaticamente as frases.


a. Mãe, as personagens do livro são muito interessantes.
b. Ontem, o menino leu o livro com muita atenção.

6. Escreve as primeiras falas das personagens neste excerto no discurso indireto.


ELA – O que foi aquilo? O que será?!
ELE – É capaz de ser outro OVNI!
ELA – É isso. É outro OVNI!

Grupo III

Imagina que tu, à semelhança da personagem João, chegas a um planeta desconhecido e contactas com os
seus habitantes.

Num texto cuidado, com um mínimo de cento e oitenta e um máximo de duzentas e quarenta palavras,
descreve esse planeta e regista o encontro com esses seres.

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O teu texto deve apresentar momentos de narração, de descrição e de diálogo. Nele deves utilizar os
seguintes recursos expressivos: uma enumeração, uma hipérbole, uma comparação, adjetivação expressiva e dois
adjetivos no grau superlativo absoluto sintético.

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