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CONCURSO:
1- Processo e Direito Material: em qualquer legislador, não sendo mera carta de intenções, mas sim
processo há pelo menos a afirmação de um direito em juízo. uma norma com eficácia normativa (ex: a jurisprudência
O processo existe para tutelar um direito. O processo deve manda que o Estado entregue um remédio a um
conformar-se ao direito material. A razão de ser do necessitado que ingressa em juízo. Se a CF diz que a saúde é
processo é concretizar o direito material. O processo não um dever do Estado, então deverá cumprir, não sendo mero
tem um fim em si mesmo. programa);
A partir dessa perspectiva, fala-se em 2ª a teoria dos princípios: hoje, princípio é norma,
instrumentalidade do processo, visto que se prega a espécie de norma. Norma é gênero, princípio é espécie de
aproximação entre o processo e o direito material. norma;
O processo não é inferior ou subordinado ao direito 3ª transformações da hermenêutica jurídica:
material. Não há uma relação hierárquica entre processo e
3.1ª a percepção de que a atividade jurisdicional é
direito material. Um complementa o outro. A relação é de
criativa. O juiz é um partícipe importantíssimo na criação do
complementaridade; de simbiose, de mutualismo.
direito. O juiz não mais declara as normas, e sim participa
(Pergunta de concurso: explique a relação circular da construção delas. Não é possível negar o papel criativo
entre processo e direito material. Resposta: o processo da jurisprudência. A jurisdição de nosso tempo tem papel
serve ao direito material, ao mesmo tempo em que este é complementar ao do legislador.
servido pelo processo).
3.2ª o princípio da proporcionalidade: foi
construído para dar um conteúdo ético às decisões.
Repercute em qualquer ramo do direito.
Direito Processual
4ª consolidou-se a teoria dos direito fundamentais:
um verdadeiro pilar do direito constitucional
Direito Material contemporâneo, foi desenvolvida nesse período histórico e
é um elemento indispensável do neoconstitucionalismo.
5ª controle de constitucionalidade: a expansão,
O mundo do direito material é o mundo da certeza.
aprimoramento e desenvolvimento da jurisdição
Quando se leva o direito material a juízo, o direito material
constitucional. Hoje, tem-se o controle concentrado e
muda e passa a ser um direito afirmado, alegado,
difuso de constitucionalidade, totalmente consagrados,
processualizado. Assim, o autor não tem direito, ele diz que
podendo um juiz deixar de aplicar uma lei por entender ser
tem direito, já que o processo é incerteza quanto ao
ela inconstitucional.
resultado.
Essas características são consenso, não há discussão
2- Processo e Teoria do Direito: após a 2ª Guerra, a
sobre a existência delas. Contudo, elas dão margem a
ciência jurídica começou a passar por um processo de
abusos (ex.: juiz ultrapassar a força criativa do Judiciário).
transformação. A ciência jurídica foi criada pelos alemães
Por isso, cabe à ciência jurídica dar a elas um conteúdo mais
do século XIX. Até a 2ª Guerra a ciência jurídica não
concreto.
conseguia resolver os problemas trazidos pela própria
Grande Guerra, uma vez que as ações de Hitler estavam Já se começa a falar que vivemos uma nova fase da
acobertadas legalmente. ciência processual (4ª fase).
Desta forma, iniciou-se uma nova fase da ciência A ciência processual começou no século XIV e a
jurídica, chamado de neoconstitucionalismo, primeira fase é denominada de sincretismo ou praxismo.
neopositivismo, pós-positivismo, ou positivismo Nessa fase não havia distinção entre processo e direito
reconstruído. Este é o estágio atual da fase metodológica do material, ambos eram realidades indistinguíveis. Processo e
pensamento jurídico. direito material eram uma coisa só. À época, a
preocupação eram os aspectos práticos do processo, a
O processo, por sua vez, não poderia ficar alheio a
praxe forense.
estas transformações da ciência jurídica do
neoconstitucionalismo, as quais têm cinco características: A 2ª fase é a do processualismo ou da fase cientifica.
Nessa fase houve a separação absoluta entre processo e
1ª reconhecimento da força normativa da CF: não há
direito material. A partir dessa fase, ambos passam a ter
mais dúvidas de que a CF é uma norma que pode ser
realidades diversas e institutos próprios. Fase de afirmação
realizada concretamente, independentemente do
da autonomia do direito processual.
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aquilo que no momento histórico se entende o que é processo tem que ter contraditório, tem que ter decisões
devido. motivadas, não pode ter prova ilícitas, deve ter juiz
imparcial, entre outros requisitos.
Não há como saber o que é exatamente o devido
processo legal, variando conforme a interpretação dada ao Assim, o processo devido é um processo que se
texto. Há como saber o conteúdo mínimo deste texto, ou constrói historicamente, através de um acúmulo que não
seja, aquilo que já está consolidado como garantias que pode mais ser apagado, não se pode mais retroceder com o
decorrem do devido processo legal. Ao passar do tempo, se que foi conquistado. É uma cláusula aberta às necessidades
surgirem novas necessidades, estas novas garantias serão de uma sociedade em determinado momento histórico, por
construídas. O juiz natural é do século XVII, após 400 anos isso sua longevidade.
do surgimento do texto.
O devido processo legal tem duas dimensões:
Devido processo legal é também uma cláusula que
a) Dimensão formal ou processual: é o conjunto de
permite que se extraia outras garantias. É uma potência de garantias processuais, como o contraditório, proibição de prova
outras garantias. Atualmente, esta se usando o processo ilícita etc.
eletrônico ou virtual (sem papel). O que é o devido processo
b) Dimensão substancial ou material ou substantiva: para o
eletrônico? O que ele deve obter para cumprir com o texto?
duo process of law norte-americano, tudo se extrai desta
Suas garantias são metas a serem buscadas.
dimensão. Para que um ato de poder seja devido (lei, sentença
O conteúdo mínimo do devido processo legal serão etc.), basta que ele preencha o devido processo legal formal? Os
estudadas logo abaixo. O que significa a palavra “processo” norte-americanos entendem que não, pois não basta a
do texto do devido processo legal? Significa método ou observância das regras processuais, mas também que seja devida
em si mesma. Ou seja, não é porque o legislador respeitou o
meio de criação de normas jurídicas. Toda norma jurídica é
processo legislativo que a lei é devida. É preciso que seja
resultado de um processo. Ou seja, o processo é um meio substancialmente devido, devendo controlar o abuso do poder,
para criação das normas. As leis são frutos de um processo pois às vezes o poder é exercido de maneira correta, mas com
legislativo. As sentenças são frutos de um processo conteúdo incorreto. Desse modo, o devido processo legal garante
jurisdicional. As normas administrativas são frutos de um também que as decisões devem ser ponderadas e razoáveis.
processo administrativo. Portanto, o processo legislativo, Processo que gera desgraça não é um processo devido, ainda que
administrativo e jurisdicional, deve ser devido. respeitados o devido processo formal. Processo devido é aquele
que gera decisões devidas, não bastando a observância da
Existe outro tipo de norma (não são legislativas, dimensão formal.
jurisdicionais etc.), que são as normas privadas, sendo
normas produzidas pela autonomia privada (ex: Tem de observar as exigências formais, bem como
regulamentos de clubes, regimentos de condomínio, deve garantir decisões substancialmente devidas. Frisa-se
contratos etc.). Estas normas também devem obedecer ao que foram os norte-americanos que criaram a última
devido processo legal aplicado ao âmbito privado. No dimensão, isto é, não basta seguir formalidades, mas sim
condomínio onde você eventualmente reside se um controlar as opções do Estado. Não só controlar a forma,
condômino for acusado de alguma ilicitude, terá um prazo mas também a substância das decisões. Não é qualquer
para se defender, devendo o síndico resolver de plano. decisão que é devida. A decisão precisa ser justa, razoável e,
Contra sua decisão cabe recurso para a assembléia de por fim, equilibrada. Não basta que a decisão seja
condôminos. formalmente devida; é necessário que seja justa.
Segundo art. 57 do CC, a exclusão do associado só é O STF encampou tal ideia. Deu a tal criação
admissível havendo justa causa, assim reconhecida em americana outro sentido, a saber: passou a entender que o
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, devido processo legal é em sua dimensão substancial o
nos termos previstos no estatuto (Redação dada pela Lei n. fundamento da máxima da proporcionalidade e da
11.127/05). Ou seja, o associado somente pode ser excluído razoabilidade. Devido processo legal, proporcionalidade e
se for oferecido o direito de contraditório. Antes da referida razoabilidade se confundem. Esse entendimento é
lei, o STF, no julgamento do RE 201.819, consolidou esta brasileiro, trata-se da construção do pensamento jurídico
regra. Esta é a relação dos direitos fundamentais aplicada brasileiro (doutrina e jurisprudência).
ao âmbito privado. Esta relação é denominada de eficácia Deu um sentido diferente dos norte-americanos, um
horizontal (entre indivíduos) dos direitos fundamentais. sentido peculiar, contudo isso não quer dizer que a posição
Contrapõe-se à chamada eficácia vertical dos direitos brasileira esteja errada. Trata-se de uma construção
fundamentais, que ocorre nas relações entre Estado e brasileira bem fundamentada e muito bem compreendida.
cidadão. Produto da nossa cultura.
O termo “devido” nessa expressão significou na Ressalta-se que há vozes contrárias a tal construção
idade média uma limitação dos direitos do rei em respeito do STF, porque entendem que este tribunal entendeu mal o
aos direitos dos vassalos, isto é, uma limitação contra a que os americanos quiseram estabelecer. Todavia, este
tirania. Nesses 800 anos houve um acúmulo histórico que argumento é pífio para negar o entendimento nacional
compõe a noção de processo devido. Hoje, o devido dado ao devido processo legal substancial.
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definirá. O que é uma duração razoável? Não há como debitoris (em que devedor precisa ser favorecido – e é
definir a priori um processo sem analisar o caso concreto. favorecido por meio do ordenamento jurídico). Fica
Há quatro critérios de aferição para saber sobre a razoável clarividente que não se falava em direito fundamental do
duração: credor. Hoje já se fala, porém ainda não é bem aceito.
Reunidos sobre a rubrica da dignidade de pessoa humana a
1º) Complexidade da causa;
solução de tal problema deixa de ser uma solução somente
2º) Estrutura do Judiciário: tem que analisar a a favor do executado, mas sim uma solução mais justa.
estrutura do Judiciário para saber se há possibilidade de dar
Ex1: impossibilidade de penhorar um cão-guia
vazão aos processos;
(natureza jurídica de olho). Não há uma regra expressa em
3º) Comportamento do juiz: precisa saber qual tal sentido, mas parte do princípio da dignidade da pessoa
foi o papel do juiz no processo; e humana. Frisa que tal cão é um bem valoroso (cerca de oito
mil reais).
4º) Comportamento das partes: é preciso saber
se houve atos procrastinatórios das partes (ex: será que a Ex2: salário VS impenhorabilidade x penhorar parcela
oitiva da testemunha arrolada pela parte é essencial?) de um salário de um grande jogador de futebol. Ok justo.
Só se pode chegar a tal conclusão se partir da premissa que
existe o princípio da efetividade. Daí surgem os argumentos
OBS.: tais critérios são definidos pelo tribunal para penhorar tal parcela salarial.
europeu de direitos humanos. Eles têm uma jurisprudência
Ex3: a regra é que o bem de família é impenhorável,
definida há muitos anos sobre o tema.
para a proteção da dignidade do executado. Ao tornar o
4) Publicidade: a fim de controlar o exercício do bem impenhorável, o direito do credor fica mitigado. No
poder. No Brasil, os julgamentos são públicos. Os conflito entre efetividade e dignidade (dois direitos
constitucionalistas questionam se os julgamentos fundamentais), é preciso ponderá-los no caso concreto. A
televisionados são positivos. A impressão do cidadão é solução cabível seria a arrematação do bem, para o
positiva. Destaca-se que nos EUA os julgamentos são pagamento do credor, e a devolução do restante para que o
fechados. Aqui, até os procedimentos administrativos são devedor compre um novo bem. Há 10 anos, o que
públicos. Talvez isso seja resquício da ditadura militar e importava era o adimplemento dos direitos do autor, sendo
talvez esse excesso de “publicidade” tenha sido reflexo de a efetividade o direito por excelência. Deve-se escolher a
tal período. Contudo, há restrições pontuais a tal princípio, solução mais ponderada ao caso concreto.
as quais são garantidas na CF (fundamento: interesse
6) Adequação: processo devido é processo
público ou em razão da preservação da intimidade*).
adequado também. As regras-normas processuais têm de
*proteger a intimidade é um interesse público (e não ser adequadas. Frisa que há três fatores de adequação:
privado), pois equilibra as relações as sociais.
1º critério - objetivo: o processo tem de ser
Agora vejamos os princípios implícitos – são adequado ao direito que por ele será tutelado, isto é, ao
extraídos do DPL: objeto do processo. Um processo de alimentos pode ser
5) Efetividade: um processo para ser devido tem de igual a um processo de anulação de um contrato?
ser efetivo, ou seja, tem de realizar, efetivar os direitos. Não Peculiaridades do direito material discutido impõem regras
basta um processo que reconheça os direitos, mas os processuais adequadas. A exigência de adequação objetiva
realize, os efetive. Todos têm o direito fundamental de ver é uma imposição da instrumentalidade do processo.
os seus direitos efetivados e não somente reconhecidos. 2º fator - subjetivo: o processo deve ser adequado
Este princípio não está consagrado de forma expressa; é em relação aos sujeitos que vão participar do processo. A
corolário (extraído) do devido processo legal. Nem toda adequação subjetiva do processo é uma imposição do
doutrina aborda tal tema. princípio da igualdade. As normas processuais precisam
Historicamente, os direitos do réu foram sendo observar as diferenças. Não se pode dar o mesmo
construídos para evitar abusos por parte do autor e do tratamento ao incapaz e ao capaz. Deve-se dar prioridade
Estado. Porém, não se falava em direito do credor. O direito aos processos onde litigam os idosos, por exemplo.
privado brasileiro, por exemplo, é fundamentado na 3º fator - teleológico: é preciso que as normas
proteção do devedor. O discurso pró-efetividade é discurso processuais sejam adequadas aos fins do processo. O
pró-credor. Não comove as pessoas. Não é simpático. processo deve ser adequado em relação aos seus fins, aos
Vemos o devedor como alguém que merece proteção. seus propósitos. Isso quer dizer, se a parte quer um
Nosso direito privado sofreu influencia do dir. processo para executar, não se pode criar um processo que
romano este último sofreu influencias do Cristianismo tumultue a execução; não se pode permitir ampla discussão
(perdão, misericórdia, piedade, clemência) daí se falar neste processo – tendo em vista que não é esta a finalidade
em credor com “n” deveres “morais”. Tudo isso humanizou de uma execução.
o direito privado, mas gerou uma proteção excessiva ao
devedor. No nosso direito temos o princípio do favor
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Tradicionalmente, o princípio da adequação era ver com a acepção de boa-fé subjetiva, que significa boa
estudado como se ele fosse dirigido ao legislador, ou seja, é intenção (elemento psicológico que nada tem a ver com a
tarefa do legislador criar normas processuais adequadas. norma), se contrapondo a má-fé. A boa-fé como fato é
Ocorre que, atualmente, tal princípio também é dirigido ao levada em algumas situações de direito (ex: posse de boa-
juiz, não é somente aquele previsto em lei, é necessário que fé).
o juiz também prossiga na adequação das regras
A segunda acepção é da boa-fé objetiva o
processuais. Mas aqui com uma diferença: legislador cria
princípio em tela como norma de conduta que impõe a
regras processuais adequadas gerais, o juiz teria de criar
parte o dever de respeitar ao outro, agindo com lealdade,
uma regra processual adequada ao caso concreto.
ética, de modo a proteger a confiança que o outro tem em
O direito a um processo adequado é aquele que suas atitudes. Deve estar presente em todos os casos, o
esteja em sintonia com o caso concreto. A adequação, além comportamento estar em conformidade com os padrões.
de ser legislativa, também deveria ser também jurisdicional. Pouco importa a intenção do sujeito (boa ou má). É
Fala-se, então, num sub - princípio da adequação, a saber: irrelevante o que o sujeito pensa.
princípio da adaptabilidade do procedimento (também
Esta boa-fé objetiva surgiu no direito civil, onde os
chamado de princípio da elasticidade ou ainda princípio da
contratantes deveriam respeitá-la. Segundo o art. 242 do
flexibilidade do procedimento).
CC Alemão, os contratantes devem agir de boa-fé. Com
É certo que nenhum dos três critérios prevalece, pois base nela, a jurisprudência entendeu que esta se aplica a
deve ser adequado a todos os critérios. O critério subjetivo qualquer relação jurídica, mesmo nas relações jurídicas de
nada mais é do que uma exigência do princípio da igualdade direito público, inclusive nos processos. Vincula a todos
no processo. Ou seja, deve-se perceber a diferença entre os (juiz, advogados, auxiliares da justiça etc).
litigantes e aplicar regras diferentes aos mesmos, para que
Houve, portanto, a expansão da boa-fé objetiva. Até
se tornem iguais. A adequação também é um corolário
mesmo a Administração Pública deve respeitar a boa-fé
(consequência) do devido processo legal. A visão tradicional
objetiva. Embora os livros doutrinários indiquem apenas a
da adequação diz que este princípio é dirigido ao legislador,
boa-fé subjetiva (dolo ou culpa), é necessário se atentar a
ou seja, cabe ao legislador criar regras processuais
boa-fé objetiva. De onde se extrai a boa-fé objetiva? Da
adequadas abstratamente.
cláusula geral do devido processo legal. Segundo Menezes
Ex1: O CPC diz que o prazo para contestação é de Cordeiro, o dever de comportar-se conforme a boa-fé
15 dias. Porém, se for defensor público o prazo é de 30 dias. decorre do princípio da igualdade. Para os civilistas
Suponha que o autor junte 10 mil documentos, o réu terá brasileiros, em regra, o fundamento constitucional do
prazo de 15 dias. Porém, se tivesse juntado apenas 1 princípio da boa-fé objetiva é a dignidade da pessoa
documento, teria o mesmo prazo. Isso quer dizer que, no humana.
primeiro caso concreto, o prazo não é adequado. Seria
necessário ampliar o caso para tornar viável a defesa. Pode
o juiz, diante do caso concreto, adequar a regra para tornar Conforme decisão do STF, é possível se extrair este
o processo adequado ao caso concreto? princípio do fundamento constitucional do devido processo
legal, que previu o fair trail (processo leal), no sentido de
Ex2: petição de danos morais com 800 páginas. Aí
garantir uma participação justa e leal. Segundo este julgado,
o juiz manda emendar para três páginas, pois não havia
o fair trail (boa-fé objetiva) não recai somente sobre o autor
necessidade. Fez uma adequação ao caso concreto, haja
ou réu, mas sobre todos os sujeitos do processo como o
vista que não há lei que diga o número de folhas.
juiz, serventuários, peritos etc. (RE 464.963). Processo
Enfim, atualmente, fala-se na adequação devido é processo LEAL (dentre outros adjetivos que fazem
jurisdicional do processo. Ou seja, cabe ao juiz, no caso um processo devido). Trata-se de mais um adjetivo que
concreto, se se deparar com uma regra inadequada a este torna o processo DEVIDO.
caso, deve afastar esta regra, criando uma nova regra
Há uma regra expressa no CPC que trata deste
processual ao caso concreto. Para tanto, o juiz deverá
assunto. Segundo o art. 5º do NCPC, aquele que de
fundamentar na inadequação da norma abstrata ao caso
qualquer forma participa do processo deve comportar-se de
concreto.
acordo com a boa-fé.
Marinoni entende que é direito fundamental da
Quais são as consequências do princípio da boa-fé
parte um processo legal adequado para o caso concreto.
processual? Ou seja, impõe o quê? Lista-se quatro regras
Esta adequação jurisdicional do processo é chamada por
não exaustivas. São exemplos de concretização do princípio
alguns autores de princípio da adaptabilidade do processo.
da boa-fé:
O processo deve ser adaptável às peculiaridades do caso
concreto. 1ª consequência do p. da boa-fé processual: é o
de proibir comportamentos dolosos;
7) Boa- fé objetiva no processo: boa-fé objetiva é
uma expressão criada pela doutrina como norma de 2ª consequência do p. da boa-fé processual: veda
conduta (é uma cláusula geral ou princípio). Não tem nada a o abuso dos direitos processuais (abuso do direito é
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exercitar um direito contrário a boa-fé). Ex: sujeito que se Nota-se que tal classificação é decorrente de atos
defende contra texto expresso de lei abusa do direito de LÍCITOS.
defesa. E é certo que o abuso de direito é ato ILÍCITO,
Por fim, vejamos: a preclusão e as questões que
porque é uma conduta contrária ao direito.
podem ser conhecidas de ofício pelo juiz.
3ª consequência do p. da boa-fé processual: a
Existe a preclusão ao exame das questões de podem
proibição “do venire contra factum proprium”. Para explicar
ser conhecidas de ofício pelo juiz? O juiz perde o poder de
tal princípio basta entender os exemplos abaixo:
analisá-las? R.: é necessário ver o tema por meio de dois
EX1: Ou seja, comportar-se contra as próprias ângulos:
atitudes.
1º) Enquanto o processo estiver pendente, é possível
Ex2: Indicar bem para penhorar e depois falar que é analisar as questões de ordem pública a qualquer tempo,
bem de família. não havendo preclusão para examiná-las.
Do venire contra factum proprium é espécie de Aplica-se o art. 485, p. 3º, do NCPC:
abuso.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: §
4ª consequência do p. da boa-fé processual: dos 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos
deveres de cooperação. incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
Em qualquer tempo ler “enquanto o processo
PRECLUSÃO
estiver pendente”. Até o término do processo não há
Conceito: perda de um poder jurídico processual. preclusão.
Fala-se em preclusão das partes (ex: do direito de recorrer)
2º) Primeiro precisamos saber se há preclusão para o
e do juiz (ex: decidir novamente o que já foi decidido). Pra
reexame das questões. Questão que já foi decidida
que serve a preclusão? A preclusão tem duas grandes
anteriormente pode ser decidida novamente?
funções no processo:
Exemplificando, após a decisão que entender não ser
1º - a preclusão é uma técnica jurídica que visa dar
o juiz impedido pode a parte alegar o impedimento em
segurança às partes; serve para estabilizar certas situações
momento posterior?
jurídicas.
Para corrente majoritária e para a jurisprudência,
2ª – também serve como uma técnica de aceleração
não há preclusão, podendo ser reexaminada.
do processo. Segue, impulsiona o processo para a frente.
Não volta atrás. Razão pela qual não há processo sem Para corrente minoritária, uma vez decidida a
preclusão. questão, ocorre a preclusão, não havendo nenhum
dispositivo no CPC, que habilite o entendimento
Frisa-se que Chiovenda identificou três espécies de
supracitada (Barbosa Moreira e Fredie Didier).
preclusão, a saber:
OBS.: é possível alegar tais questões pela primeira
1ª) Temporal: é a perda de um poder processual,
vez em recursos extraordinários? R.: este assunto será
tendo em vista a perda de um prazo processual. Ex: tenho o
visto nos recursos.
prazo para contestar, não contestei, perdi o prazo.
2ª) Consumativa: é a preclusão pelo seu exercício;
pelo uso, pelo exercício do poder, tendo em vista que não JURISDIÇÃO
se pode usá-lo mais de uma vez; isto é, usado o poder
1ª parte do conceito: é um Poder/função a
processual, não se tem mais este poder. Ex: o juiz pode
jurisdição é um poder, uma função atribuída a alguém.
sentenciar uma única vez. Ex2: as partes podem recorrer
Deve-se destacar que, o exercício da jurisdição é o exercício
uma única vez.
de um poder. O Juiz decide com força imperial, tendo em
3a) Lógica: é a perda de um poder processual em vista que exerce um poder. Atribuída a terceiro imparcial. O
razão de um comportamento contraditório a outro que significa ser terceiro? Terceiro é um estranho ao
comportamento anterior realizado pela mesma parte (ex1: problema a ser resolvido. Não basta ser um estranho, é
aceitar sentença e recorrer; ex2: a parte recorre da preciso que seja um terceiro imparcial. A impartialidade (a
sentença que teve pedido de acordo homologado; ex3: condição de não ser parte) e a imparcialidade (dado
quem oferece um bem a penhora perde o direito de subjetivo, equidistante) são marcas da jurisdição.
questionar a validade desta penhora). É a aplicação do
Impartialidade
processo da proibição do venire contra factum proprium. A
preclusão lógica é manifestação da boa-fé, a qual proíbe o ≠
comportamento contraditório.
Imparcialidade
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Não confundir imparcialidade com neutralidade. A jurisdição sem lide. O que não é possível é haver jurisdição
neutralidade não existe, pois ninguém é neutro diante de sem um caso concreto.
outra pessoa (ninguém é despido de valor em relação a
4ª parte do conceito: ademais, não se pode
outros).
ignorar que as decisões são atos de poder, de império e não
A jurisdição é um exemplo de heterocomposição. mero conselho. Ato IMPERATIVO, mas não é só isso. A
(hétero distinto; composição solução). Exatamente jurisdição é uma atividade CRIATIVA, o órgão jurisdicional,
por tal motivo o mestre Chiovenda dizia que atividade ao julgar, decide inovando, ou seja, cria norma jurídica nova
jurisdicional era substitutiva*. *o juiz substitui a vontade que irá regular aquele problema concreto a qual foi
dos litigantes pela dele. A solução não é de acordo com a submetido. Faz interpretações.
vontade dos litigantes, mas sim do juiz.
Quando a norma geral não se encaixa ao caso
A substitutividade é uma característica fundamental concreto, forma-se uma nova norma concreta, não sendo
para Chiovenda, era isso que marcava a jurisdição. Mas isso igual a geral (ex: o contrato do Zeca Pagodinho com a
é discutível. Isso não é marca exclusiva da jurisdição, pois há Brahma, gerou uma quebra de boa-fé objetiva pós-
outras atividades substitutivas que não são jurisdicionais. contratual com a Nova Schin).
Ex: O CADE - por exemplo, é autarquia federal que decide,
Nesse problema não há previsão normativa abstrata
como terceiro, as questões relacionadas à concorrência.
específica. O juiz foi obrigado a criar nova norma para
Tem substituição, mas não há jurisdição.
resolução do caso concreto. As decisões do juiz sempre
Para alguns, este terceiro, órgão julgador, é sempre devem se pautar na legislação em sentido amplo. Quando a
o Estado-juiz. Porém, esta afirmação não é correta. A legislação é aberta, como a boa-fé, por exemplo, terá ele
jurisdição é monopólio do Estado, porém, isto não quer um poder criativo maior. A criação jurisdicional é uma
dizer que somente ele pode exercer a jurisdição. O Estado marca do neoprocessualismo.
pode reconhecer a outros entes o poder de julgar. Ex:
Cita-se a título de exemplo o STF VS caso das terras
arbitragem - é jurisdição privada – autorizada pelo Estado.
indígenas. É certo que a criatividade deve ser analisada
2ª parte do conceito: mediante um processo a sob duas maneiras, através das quais se revelam a
jurisdição é um poder exercido mediante um processo. Para criatividade judicial:
que o juiz decida é preciso observar um processo devido.
a. Norma específica individual (dispositivo) – norma
Não há jurisdição instantânea; deve ser sempre resultado
jurídica individualizada: o juiz ao julgar cria norma jurídica
de um processo devido que lhe preceda. O processo é o
específica (que é a sentença) ao caso concreto, sendo ela
método de exercício da jurisdição.
uma norma individualizada (entre as partes); e
3ª parte do conceito: a jurisdição visa
b. Norma geral do caso concreto (fundamentação): –
Reconhecer/efetivar/proteger situações jurídicas
norma jurídica jurídica geral que servirá como precedente
concretamente deduzidas (expressão mais abrangente que
para casos futuros o juiz, ao decidir o caso concreto, deverá
direitos, pois tal expressão engloba direitos e deveres,
examinar o ordenamento jurídico como um todo, para
afinal, o Judiciário também serve para proteger deveres).
identificar qual a norma jurídica que fundamenta, que
Uma marca da jurisdição é de que a jurisdição sustenta a norma que ele acabou de criar, pois não poderá
sempre atua sobre um problema concreto (juiz não é criar uma norma do vazio. Ele cria norma para o caso
legislador que resolve problemas em abstrato). “A jurisdição concreto a partir do ordenamento. Toda solução concreta
atua sobre encomenda” (CARNELUTTI), em que se pede tem que se basear numa norma geral; sua base é uma
algo a ser resolvido pelo juiz (situação concreta). norma geral criada pelo juiz por meio da interpretação.
A atividade jurisdicional pressupõe um caso a ser A norma geral que fundamenta a norma individual é
resolvido. SEMPRE, não há exceção. A jurisdição atua uma norma que o juiz cria a partir da interpretação que ele
diante de um problema concretamente deduzido para faz do ordenamento jurídico. O que é a norma geral do caso
reconhecer, efetivar ou proteger direitos. Até mesmo numa concreto? É a norma geral criada pelo juiz na sentença, a
ADI. Trata-se de uma atividade tópica (para resolver partir da interpretação do ordenamento jurídico (para
situações específicas). fundamentar a sua decisão). Mas, quem cria norma geral
não é o legislador? O legislador cria normas gerais que
A jurisdição atua sempre sobre um problema. Este
ignoram particularidades, não abrangendo todas as
problema, SEMPRE seria uma lide (conflito entre dois
situações que eventualmente possam ocorrer.
sujeitos), segundo CARNELLUTI. Contudo, não é uma
verdade absoluta. Normalmente o Judiciário é chamado O Juiz examina a lei, e com base nela interpreta de
para resolução de uma lide, mas, há processos que se acordo com o caso concreto. A norma geral, muitas vezes, é
instauram não para resolver uma lide, como por exemplo, quase que a mesma aplicável ao caso concreto; bastando ao
para que a parte altere seu nome (não há lide). Trata-se de juiz somente transcrever a norma.
um problema que não é lide. Portanto, é possível haver
Há uma norma do CC que diz: “todos os contratantes
tem que se comportar conforme a boa-fé”. No comercial da
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pois naquela o autor pode ingressar com nova ação, tendo soluciona o conflito. A arbitragem é uma solução por
em vista que não atinge o direito. heterocomposição (terceiro que soluciona o conflito).
Caso seja o réu fala em reconhecimento da A fonte da arbitragem é um negócio jurídico
procedência do pedido - o réu reconhece os fatos e as denominado convenção de arbitragem. A fonte é a
consequências jurídicas; autonomia privada, pois as partes optam pela arbitragem.
Daí o porquê da cláusula de arbitragem em contrato de
Alternative disput resolution – ADR são meios
adesão ser nula.
alternativos de solução de conflitos. O meio alternativo
mais difundido é a autocomposição (por excelência). Somente pessoas capazes podem optar pela
arbitragem e desde que envolvam direitos disponíveis. O
árbitro pode ser qualquer pessoa capaz, não sendo
Mediação: consiste na intervenção de um terceiro necessário ser bacharelado em direito. Pode também ser
no conflito para estimular o acordo; encaminhar os composto por uma comissão de árbitros (formam uma junta
conflitantes a firmar um acordo. Na mediação, o terceiro arbitral – composta por três árbitros).
não decide nem soluciona o conflito. Os litigantes
OBS.: há arbitragem no direito administrativo. É um
solucionam o conflito e são estimulados pelo mediador.
modo de resolver conflitos no âmbito administrativo. A
O desgaste da relação muitas vezes impede que as arbitragem VS a Administração Pública é um tema novo e
partes entrem em comum acordo. Há necessidade, que está sendo desenvolvido. Porém, somente pode
portanto, de um facilitador do diálogo, ocasião em que o sujeitar a arbitragem naquilo que a Administração Pública
mediador escuta as partes. atua negocialmente (bens disponíveis). Fala-se na aplicação
de arbitragem aos contratos de concessões, por exemplo.
Ex1: muito aplicado em casos de família;
(nas PPP’s)
Ex2: em conflitos internacionais, chama-se o chefe de
Também é bom frisar que a arbitragem dos litígios
Estado de um terceiro país para mediar as partes;
trabalhistas coletivos possui previsão constitucional (art.
Ex3: litígios societários; e 114, CF). Diante de sentença arbitral, o Judiciário:
a) pode executar a decisão arbitral, visto que esta
decisão é título executivo judicial e o árbitro não tem este
Há necessidade de um mediador que possui técnicas
poder;
de mediação. Ex: os caras da polícia que têm treinamento
para desarmar bandidos. O mediador não deve sugerir a b) pode anular (invalidar) a sentença arbitral, em
solução, pois isto pode gerar um comprometimento, uma caso de vício formal; e
desconfiança pelas partes. Também não deve usar palavras
c) não pode alterá-la ou revisá-la, não podendo
estranhas e sim um vocábulo, uma linguagem afim da parte.
decidir o conflito.
O ambiente deve ser claro (cores claras) para evitar a
rejeição da partes. A mesa deve ser circular, porque não há Tema do momento: arbitragem VS conflitos COLETIVOS
lados. Todos esses fatores são observados como técnicas tema em aberto; há propostas legislativas para se admitir
estudadas. Por fim, a mediação pode ser judicial ou isso.
extrajudicial.
Solução de conflito por tribunais administrativos: Segundo a Lei 9.307/96, o árbitro é juiz de fato e de
atualmente existem vários tribunais que decidem conflitos direito. O Estado reconhece ao árbitro o poder de decidir
no âmbito administrativo. de forma definitiva para o caso certo e determinado (
Esta solução é equivalente jurisdicional; tribunais não é juiz do PJ). Se ele receber propina, responderá por
administrativos julgam conflitos por heterocomposição; é corrupção passiva, que é crime contra a Administração
muito similar a jurisdição, porém, não há poder Pública.
jurisdicional. Exemplos: as decisões do tribunal marítimo Na arbitragem, as partes podem escolher o direito que deve
solucionam os conflitos ocorridos em navegação; as ser aplicado (direito estrangeiro) ou optar pela equidade.
decisões dos Tribunais de Contas; AP Fiscal; e Autarquias –
Existe uma ação própria para exigir a constituição do
como o CADE.
árbitro, caso uma das partes se negue a se sujeitar a
Estes julgam o conflito com a forma de jurisdição. arbitragem. Se a parte demanda diretamente em juízo, e na
São decisões administrativas, tendo em vista que faltam contestação, a outra parte não alega a cláusula
atributos de jurisdição, a saber: a imutabilidade de suas compromissória, haverá revogação tácita da cláusula
decisões e a insuscetibilidade de controle externo. arbitral.
Arbitragem: na arbitragem, um terceiro escolhido O CPC/2015 ratifica isso em seu art. 337, § 6º:
pelas partes é chamado para resolver o conflito.
Diferentemente da mediação, na arbitragem o terceiro
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Quando se fala em indelegabilidade, se fala em necessariamente sendo contíguas. Comarcas contíguas? São
indelegabilidade do poder decisório. A CF permite, nos comarcas que fazem fronteira. Ex: São Paulo VS Guarulhos.
termos do art. 102, inc. I, alínea “m”, que o STF delegue a
Imagine o julgamento relacionado a um imóvel
prática de atos executivos a juízes, tendo em vista que não
que se encontre em entre duas comarcas. O poder de
são decisórios.
jurisdição deste juiz abrangerá todo o imóvel; trata-se de
CF Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, um caso de extraterritorialidade (art. 60 do NCPC), que é o
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - exercício da jurisdição para além do seu território.
processar e julgar, originariamente: ... m) a execução de sentença
nas causas de sua competência originária, facultada a delegação CPC Art. 60. Art. 60. Se o imóvel se achar situado em
de atribuições para a prática de atos processuais; mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a
competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a
Esta previsão é destinada somente ao STF, porém, é totalidade do imóvel.
unânime que todos os tribunais podem delegar a prática de
O local em que será proferida a sentença é uma
atos executivos (poder executório).
coisa. O local em que surtirá os efeitos da decisão é outra.
Outro exemplo de delegação é a de poderes A separação de um casal no Estado de São Paulo, por
instrutórios, em que os tribunais costumam delegar aos exemplo, surtirá seus efeitos em todo território nacional.
juízes singulares o poder de produção de provas (ex: ouvir
testemunhas).
Quando o juiz expede uma carta precatória delega a 5. Princípio da inafastabilidade
jurisdição? Não, pois carta precatória nada mais é do que A lei não excluirá do Judiciário, lesão ou ameaça de
um pedido de ajuda. Não se pode delegar o que o juiz não direito (art. 5º, inc. XXXV, da CF: a lei não excluirá da
tem, pois ele não tem jurisdição em outra comarca. apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito);
Este é o princípio que garante o acesso aos tribunais. É a
garantia da tutela preventiva; a parte poderá levar ao
3. Princípio da inevitabilidade Judiciário qualquer ameaça de direito.
A decisão jurisdicional é inevitável. Se a parte - Princípio da inafastabilidade lei não pode excluir o
pudesse escapar da jurisdição, ela nada mais seria que um Poder Judiciário
conselho. - Princípio da inevitabilidade parte não pode escapar da
jurisdição
4. Princípio da territorialidade
A jurisdição é exercida sempre sobre um dado A jurisdição é universal (pois qualquer pessoa pode a
território (foro). Há sempre uma limitação territorial. ela ter acesso e também porque pode afirmar o que quiser
Jurisdição é poder. E assim deve ter um lugar para poder em juízo). Do ponto de vista jurídico, nenhuma lesão ou
exercê-lo. O nome sobre o qual a jurisdição se exerce é o ameaça de lesão pode deixar de ser levada ao Judiciário.
foro, isto é, é a delimitação territorial para o exercício da Os atos administrativos discricionários também
jurisdição. Ex: o foro do STF é no país todo; Ex2: o foro de podem ser levados ao Judiciário pela parte. Este ato é
um TJ de um estado é aquele estado. controlado por meio da proporcionalidade e da
Ressalta-se que na Justiça Estadual costuma-se falar razoabilidade, pois o administrador não pode ultrapassar os
em comarca e distrito. Os foros são chamados de comarcas. limites de liberdade estipulados em lei, consoante farta
A comarca se refere a uma cidade ou a um grupo de jurisprudência.
cidades. E a comarca por sua vez pode ser subdivida e aí Contudo, há questões que a própria CF leva para
surge o distrito, o qual pode ter nome de uma cidade ou outro órgão o julgamento, como por exemplo, crime de
ainda de um bairro. responsabilidade VS SF. O SF exerce jurisdição (função
Quanto à Justiça Federal o foro recebe outra atípica).
denominação, a saber, seção judiciária. Cada seção Caso digno de observação é o das questões
judiciária corresponde a um Estado. A seção judiciária pode desportivas. Um problema desportivo somente pode ser
ser dividida em subseções. A seção judiciária sempre tem levado ao Judiciário após o exaurimento das instâncias
nome de Estado. A subseção sempre tem nome de cidade. desportivas. Esse condicionamento tem previsão
A subseção judiciária abrange uma ou mais cidades. constitucional:
Ponderações sobre a territorialidade: CF Art. 217, § 1º. O Poder Judiciário só admitirá ações
relativas à disciplina e às competições desportivas após
Quando duas comarcas fazem fronteira entre si,
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
fala-se em comarcas contíguas. Existem comarcas que
pertencem a uma mesma região metropolitana, não É o único caso que a CF determinada um
condicionamento para ir ao Judiciário.
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LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão É uma atividade de integração da vontade; o juiz na
pela autoridade competente; JV integra a vontade dos sujeitos tornando-a esta vontade
apta à produção dos efeitos jurídicos desejados.
A simples vontade do sujeito não é o bastante para
Há dois aspectos principais do juiz natural: a) não
os efeitos jurídicos que ele quer. O sujeito vai ao Poder
haverá juízo ou tribunal de exceção (imparcialidade – daí
Judiciário para tornar a vontade dele íntegra. Serve para
falar em distribuição de processos – não posso escolher o
completar / integrar a vontade dos sujeitos.
juiz); e b) julgamento pelo juiz competente (competência –
lei prévia). É também uma atividade de fiscalização, isto é, na
Justiça Voluntária o juiz irá fiscalizar se o ato praticado pela
A competência e a imparcialidade são pressupostos
parte é um ato realizado de forma regular e, caso seja, o juiz
processuais subjetivos de validade do processo.
integrará a vontade.
O juiz natural sob o prisma da imparcialidade veda a
criação de um tribunal de exceção, ou seja, aquele criado
extraordinariamente para julgar determinada causa (ex: CARACTERÍSTICAS GERAIS DA JUSTIÇA VOLUNTÁRIA
tribunal de Nuremberg). O juízo da causa é aquele que já Necessária ou opcional
existe antes do fato a ser discutido em juízo. Foi necessário,
mas os juristas já tinham noção que isso não poderia Costuma-se dizer que a JV é necessária, ou seja, a
ocorrer, daí veio o Tribunal Penal Internacional para os parte não tem opção, se ela quer que aquele efeito jurídico
crimes de guerra. se produza ela tem de ir ao Poder Judiciário. Ex: interditar
um pródigo.
Até hoje ocorre de presidente de tribunal designar
um juiz tal para julgar determinada causa – por meio de Isso é uma regra, mas há casos excepcionais em que
portaria. Isso é uma violação, afinal, é garantia das partes a se admite uma JV opcional / facultativa. São casos que saem
designação de um juízo já existente ou posto. Também não do parâmetro. Ex: divórcio consensual sem filhos. Afinal,
pode falar em avocação de processos. pode se divorciar no cartório. É um caso raro, mas existe.
No entanto, a regra é que a intermediação do Judiciário é
O juízo ad hoc ou designado ex post facto é aquele necessária.
criado para julgar determinada matéria (na época do
absolutismo, o rei escolhia o juiz da causa livremente). A É, em regra, portanto, necessária a jurisdição
garantia de imparcialidade decorre do juiz natural. Para voluntária, pois alguns atos jurídicos somente podem
garantir a imparcialidade do juiz é que se veda o tribunal de produzir efeitos por meio da jurisdição voluntária (ex:
exceção. alteração de nome, interdição etc.). Há exceções nos casos
em que a jurisdição voluntária é opcional (permitida), como
O juiz natural sob o prisma da competência: o por exemplo, o divórcio, o arrolamento de bens consensuais
princípio do juiz natural garante o juiz competente para em caso de ausência de incapazes, acordo extrajudicial (que
julgar a causa, não bastando que ele seja o juiz natural. Juiz
natural é o juiz competente com regras gerais de
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Processo administrativo tem amparo constitucional determinará a competência. O fato dela ser típica não
(o qual deve observar o contraditório e a ampla defesa). significa que ela tenha de ser expressa. Admite-se a
chamada competência implícita. Ex: a Constituição Federal
Primeira corrente Segunda corrente
não diz que cabe ao STF julgar os embargos de declaração
- Não há lide - Há lide
de seus julgados. Mas se ele não os julgar quem julgaria. O
- Não há ação - Há ação silêncio constitucional impõe que se descubra de quem é a
- Não há processo - Há processo competência. Não pode haver vácuo de competência.
- Não há partes - Há partes Algum órgão deve ser competente. Esta é a denominada
- Não há coisa julgada - Há coisa julgada competência implícita (IMPLIED POWER);
b) Princípio da indisponibilidade: o órgão
Atenção para o tema da coisa julgada na JV: jurisdicional não pode se abster de proferir julgamento em
Segundo art. 1.111 do CPC, a sentença poderá ser ações de sua competência. O órgão jurisdicional não pode
modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se negar ou exigir a competência de outrem (ex: não pode
ocorrerem circunstâncias supervenientes. A corrente escolher qual processo irá julgar). O legislador pode dar
tradicional entende não existir coisa julgada, visto que pelo uma maior flexibilidade, permitindo que elas sejam
dispositivo citado permite-se que a decisão seja modificada. modificadas sobre determinadas circunstâncias. Porém,
quem determina esta modificação é o legislador, e não o
Já a segunda corrente, com base no mesmo artigo titular do poder.
supramencionado, entende que, em regra, a sentença é
imodificável, havendo coisa julgada. Se o fato é posterior a
coisa julgada, este fato não tem nenhuma relação com a REGRA DA COMPETÊNCIA DA COMPETÊNCIA (em
sentença, sendo exigível nova decisão. Uma nova decisão alemão Kompetenzkompetenz): todo órgão jurisdicional
não nega a coisa julgada, visto que o fato é posterior a esta. tem a competência de examinar a sua própria competência.
Exemplos: Também chamada de competência mínima (atômica). É o
mínimo de competência que o órgão jurisdicional tem.
o casal divorciado que se casa novamente não altera a TODOS JUÍZES TÊM.
sentença de divórcio, porém, pode-se casar novamente;
FORUM SHOPPING: fato da vida; que consiste na
o filho que pede revisão da sentença alimentícia; escolha do foro competente pelo autor; o autor escolhe o
a pessoa que pede para mudar o nome e o juiz nega foro competente quando há vários foros igualmente
porque não havia motivo no entender do juiz para tanto, competentes. Tem-se várias opções. Ex: lesão x honra x site
mas noutra época em razão de x propaganda o nome x aconteceu em qualquer lugar do mundo.
tornou-se ridículo. Logo, permite-se propor ação em qualquer lugar do
Nestes casos, não se está rescindindo a coisa julgada, mundo em que o site pode ser acessado. Pode-se demandar
mas sim se exigindo novo julgamento para a nova situação. em qualquer lugar. As pessoas em regra buscam o país em
Portanto, dizer que não há coisa julgada no art. 1.111 do que a jurisprudência é mais favorável aos pedidos de
CPC é erro elementar. indenização por dano moral.
CPC Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem O que não pode haver é o abuso deste direito de
prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias escolha. Ex: escolhe um foro que em nada lhe aproveita,
supervenientes. mas em tudo prejudica o réu. Há um abuso, porque não traz
nada de especial ao demandante e só prejudica o réu.
A doutrina desenvolveu uma teoria para combater
COMPETÊNCIA
esta forma de abuso, a saber, FORUM NON CONVENIENS, a
É a quantidade de poder atribuída a um determinado qual serve para afastar o abuso do FORUM SHOPPING, se a
ente (órgão). É a medida do poder que cabe a algum ente. escolha não for conveniente é abusiva e o juiz pode recusar.
Logo, é uma limitação do poder. Nesse contexto, fala-se em Trata-se de teoria doutrinária do Direito da Escócia (civil
competência legislativa, administrativa e jurisdicional. Law).
Cuidaremos da competência jurisdicional (civil). A
O STJ já tratou do assunto e não acatou este
competência, assim, é a distribuição de funções entre os
princípio, mas com certeza sua posição será modificada,
diversos órgãos estatais. Assim, o órgão estatal somente
pois a fundamentação deste argumento do STJ foi fraca,
pode exercê-lo nos limites de sua competência.
pois não levou em conta o princípio da boa-fé.
A competência jurisdicional civil é a quantidade de
poder jurisdicional atribuída a um determinado órgão. E
observa os seguintes princípios: DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA
a) Princípio da tipicidade: a competência está A distribuição de competência é tarefa do legislador.
prevista na legislação. É o legislador (sentido amplo) que A primeira distribuição é constitucional, que criou 5 justiças:
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Justiça Federal, Justiça Estadual, Justiça Eleitoral, Justiça modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
Militar e Justiça do Trabalho. posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou
alterarem a competência absoluta.
J. FEDERAL, J. TRABALHISTA, J. MILITAR , J.
ELEITORAL e J. ESTADUAL – competência residual – será de Quando se dá a fixação da competência? Ocorre no
competência desta tudo aquilo que não for das momento do registro ou da distribuição da petição inicial
supramencionadas justiças. onde se determinará o juízo competente para julgar a
causa, sendo indispensável saber quando haverá o registro
Existe uma questão teórica sobre tal divisão. ou a distribuição da exordial.
Vejamos: Imagine um juiz federal julgando uma causa
militar. Perceba que é um juiz que não tem competência O momento de fixação da competência é um de dois:
nos termos da CF. Falta competência no nível ou é da data da distribuição ou a data do registro nos casos
constitucional. em que só houver um juízo no foro. Se há uma vara, um só
juiz não há o que distribuir, logo, valerá a data do
A competência da Justiça Estadual é residual. O registro. Se houver mais de vara uma competente, a fixação
constituinte cuidou de enumerar a competência das dar-se-á com a distribuição.
demais, deixando a Justiça Estadual com uma competência
residual. Todas as demais justiças são bancadas pela União, Fixada a competência, os fatos supervenientes não
salvo a justiça militar estadual. terão aptidão para que o processo saia do juízo. Trata-se de
uma regra de estabilidade do processo, evitando que o
O juiz sem competência prevista na CF profere processo fique transitando entre juízos. É o fenômeno
decisões nulas ou inexistentes? Imagine um juiz do trabalho denominado perpetuação da jurisdição (perpetuatio
julgando uma causa eleitoral. Segundo Ada Pelegrine, esta jurisdiciones).
decisão é inexistente, pois é uma decisão proferida em
desrespeito a regra constitucional (ele é um não-juiz). A regra da perpetuação tem duas exceções, ou seja,
há dois fatos supervenientes que têm aptidão para quebrar
Contudo, segundo a doutrina majoritária, trata-se de a perpetuação da jurisdição, fazendo com que a causa saia
caso de invalidade da decisão, ou seja, a decisão é nula, que daquele juízo e vá para outro, quais sejam:
existe, porém, é viciada. Na decisão nula, é cabível ação
rescisória. 1º) nos casos de supressão do órgão
judiciário/desaparecimento do órgão (ex: extinção do
Após a distribuição constitucional, há a distribuição tribunal de alçada; extinguiu–se a vara); e
feita pela lei infraconstitucional. As leis federais e estaduais
seguem a distribuição da competência em partes menores, 2º) também quebra a perpetuação a alteração
até chegar ao regimento interno de um tribunal. superveniente de competência absoluta, antes de proferida
a sentença. Nos processos em que já havia sentença, o fato
A competência é determinada pela lei, mas o superveniente não incorre na quebra da perpetuação.
tribunal pode distribuí-la internamente por meio de seu
regimento interno. O regimento interno recebe a Em caso de alteração de competência material do cível
competência que foi atribuída a determinado tribunal, para o juízo trabalhista, a apelação será encaminhada ao
distribuindo internamente. Ele não pode criar uma hipótese TRT? Não, tendo em vista que já houve prolação de
de competência, invadir o âmbito da reserva legal. Pode sentença pelo juiz singular cível, podendo somente ser
distribuí-la internamente pelos órgãos do tribunal. reformada pelo TJ. Obs.: tal questão aflorou após EC45.
Excepcionalmente, porém, o juiz de 1º grau pode ter aceitação do juízo. O juízo incompetente torna-se
competência derivada. Citemos dois casos de tal exceção: competente.
1º Embargos de declaração. Os embargos de A jurisprudência do STJ já admitia, ainda na vigência
declaração constituem exceção a regra da competência do CPC/73, a alegação de incompetência relativa nas
derivada, tendo em vista que o juiz singular julgara recurso preliminares da contestação, desde que não cause prejuízo
interposto contra sua decisão; e ao autor.
2º Execuções fiscais de pequeno valor até 50 ORTN Todavia, atualmente, a questão já está pacificada,
(aproximadamente R$ 500,00), em que o recurso contra tendo o NCPC incorporado a jurisprudência do STJ. Veja-se:
sentença é julgado pelo próprio juiz que proferiu a sentença
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como
(art. 34 e p. 2º, da Lei 6.830/80). questão preliminar de contestação.
Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em
execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão O MP pode alegar incompetência relativa, caso seja
embargos infringentes e de declaração. o réu incapaz.
§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com Princípio da competência sobre a competência
documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias (Kompetenzkompetenz) significa a possibilidade de todo o
perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada. juiz para julgar a sua própria competência / incompetência.
Na incompetência absoluta, o juiz o faz de ofício. Na
OBS.: no JEC o recurso é de competência da turma incompetência relativa, o juiz deve ser provocado.
recursal, que é composta por juízes. Este caso seria uma A incompetência não gera a extinção do processo,
exceção a regra? Não, pois o órgão com competência mas sim a remessa dos autos para outro juízo, salvo (logo,
recursal é a turma recursal, e não o juiz singular. A gerará a extinção sem julgamento de mérito):
competência é primordialmente derivada para os recursos.
Já para o mandado de segurança seria originária.
matéria ser de competência dos juizados especiais; e
Regras de competência relativa: a) tácita, em que o réu não se opõe e gera alteração
da competência;
- São regras criadas para atender o interesse particular, e,
portanto, podem ser alteradas pela vontade das partes. b) expressa, que ocorre por meio do foro de eleição
(também denominado foro contratual).
- A incompetência relativa não pode ser reconhecida ex
officio (Súmula 33 do STJ = A incompetência relativa não
pode ser declarada de ofício.); somente o réu poderá alegá- O que é o foro de eleição?
la. O réu deve alegá-la em preliminar de contestação, sob
pena de preclusão, logo, o seu silêncio significará a É uma cláusula contratual escrita de um negócio
jurídico, na qual os negociantes/as partes escolhem o foro
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com valor de 60 salários interposto na vara com causas até a) dimensão vertical; e
tal valor).
b) dimensão horizontal.
Contudo, a lei dos juizados especiais mudou tal
A competência funcional em dimensão vertical é
sistemática. Pessoa que vai para o juizado pleiteando mais
visualizada entre instâncias; em instâncias diversas. A
que o teto fixado (40 salários mínimos), terá do juiz só o
diferença entre instâncias gera visualização de competência
limite estabelecido na lei. Assim, o JEC não é incompetente
funcional (ex: competência originária e derivada são
e sim a pessoa que renuncia ao valor excedente.
espécies de competência funcional em uma perspectiva
OBS.: a lei dos juizados federais e juizados estaduais da vertical). Também chamada de competência em razão da
fazenda pública inexiste opção. Onde houver juizado hierarquia (=vertical).
instalado deve ir pra lá. Caso de competência absoluta.
A competência funcional em dimensão horizontal é
Enfim, se o valor da causa estiver dentro do teto, uma distribuição que se faz na mesma instância, no mesmo
cabe ao demandante escolher o juízo competente (ex: nível hierárquico, no mesmo nível se distribui a
causa de 30 salários mínimos pode ser proposta perante a competência. Ex: no processo penal, o juiz singular
vara comum ou JEC). pronuncia o plenário do júri condena e o juiz-
presidente dosa a pena. São funções exercidas na mesma
No JEC, se a causa tiver valor acima do teto, o
instância.
julgador não discutirá a competência, entendendo que o
autor renunciou o excedente. O que a sentença exceder no
valor do teto, será ineficaz. Se a causa esta dentro do teto
3. Competência territorial
de 40 salários mínimos, o demandante poderá optar pelo
JEC. É aquele que identifica em que lugar (comarca) a
causa deve ser processada. A competência territorial é, em
No JEF, as causas que estão dentro do limite de 60
regra, relativa e, assim, há casos em que a competência é
salários mínimos, devem ser processadas necessariamente
territorial, mas é absoluta, sendo exceção a regra.
nos juizados federais. Não há uma opção, mas sim uma
imposição, bem como no caso da lei dos juizados estaduais Assim, ao longo do tempo, o legislador passou a criar
da fazenda pública. regras de competência territorial absoluta. Por vezes, o
legislador erra em confundir a competência territorial
A competência definida pela causa de pedir (em
absoluta com a funcional.
razão da matéria) leva em consideração a natureza jurídica
da relação discutida. A causa trabalhista, por exemplo, é da Exemplo clássico de tal confusão é o art. 2º da Lei de
competência da Justiça do Trabalho. A ação de divórcio é da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), as ações serão propostas
competência da vara da família. no foro do local onde ocorreram os danos, cujo juiz tiver
competência funcional para processar a causa.
A competência em razão da matéria é SEMPRE
absoluta. A competência da ação coletiva no local do dano é
de competência absoluta. O legislador, para não chamar de
E da pessoa?
competência territorial, chamou de competência funcional
Enfim, a competência objetiva (pessoa, matéria e ACP é competência territorial absoluta (mas fala-se em
valor) é sempre uma competência de vara (ex: vara dos competência funcional).
juizados especiais, vara da fazenda, vara de família).
Após, o ECA, nos termos do art. 209, dispôs que as
ações serão propostas no foro do local onde ocorreu ou
deva ocorrer o dano, cujo juiz terá competência absoluta.
2. Critério funcional
Neste dispositivo, o legislador não chamou de competência
No processo há diversas funções que devem ser funcional. Aqui não se comete o erro da lei de ACP. Aqui há
exercidas pelo órgão jurisdicional. um aprimoramento nítido.
Quando o legislador distribui essas funções entre Segundo o art. 80 do Estatuto do Idoso
vários órgãos jurisdicionais, fala-se em competência (10.741/2003), as ações serão propostas no foro domicílio
funcional (competência originária e derivada são exemplos do idoso cujo juízo terá competência absoluta. Este
de competência funcional, a qual é absoluta). dispositivo, em sua literalidade, deve ser aplicada em ações
coletivas.
São funções exercidas dentro da ação (competência
funcional): a) receber a petição inicial; b) instruir a ação; c) Contudo, a interpretação mais correta parece ser
julgar a sentença, recurso, reconvenção e a cautelar; d) aquela em que o idoso poderá optar pela interposição da
executar; e) declarar a inconstitucionalidade de lei pelo ação individual em seu domicílio. O direito, quando protege
controle difuso etc. o indivíduo, oferece uma opção ao beneficiário, e não uma
imposição.
A competência funcional pode ser visualizada em
duas dimensões:
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O parâmetro a ser seguido é o CDC (art. 101, inc. I - TRF5ª Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco
..a ação pode ser proposta no domicílio do consumidor...). (SEDE), Alagoas.
Também é o caso do alimentando.
Agora vejamos as regras básicas de competência
TRF4ª Rio Grande do Sul (SEDE), Santa Catarina e Paraná.
previstas no NCPC:
a) domicílio do réu (art. 46 do NCPC); e
TRF3ª São Paulo (SEDE) e Mato Grosso do Sul.
b) foro da situação da coisa (art. 47 do NCPC).
TRF 2ª Rio de Janeiro (SEDE) e o Espírito Santo.
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito
real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de
domicílio do réu.
TRF 1ª os demais 14 estados que ficaram de fora, quais
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no sejam: Piauí, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso,
foro de qualquer deles.
Goiás, DF (SEDE), Tocantins, Acre, Amazonas, Roraima, Pará,
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele Amapá e Rondônia.
poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de
domicílio do autor.
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Conflito de competência?
Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se
É uma situação em que dois ou mais órgãos
este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em
qualquer foro.
jurisdicionais discutem em torno da competência para
julgar uma ou mais causas, podendo ser positivo (para
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes julgar a causa) ou negativo (para não julgar a causa). O
domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à conflito é um incidente processual de competência
escolha do autor.
originária de um tribunal (sempre será resolvido por um
§ 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do tribunal).
réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
O conflito é um incidente que pode ser provocado:
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre
imóveis é competente o foro de situação da coisa. pelas partes,
§ 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo MP, ou
pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de
propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras
pelos próprios órgãos conflitantes.
e de nunciação de obra nova. Se o MP não for o proponente, deverá intervir
2o
§ A ação possessória imobiliária será proposta no foro de obrigatoriamente no incidente. É um caso de intervenção
situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. obrigatória do MP.
Aqui temos situações em que o autor não pode optar, Art. 66. Há conflito de competência quando:
ele tem de propor a ação na situação da coisa. Nestas sete
I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes;
situações acima, o foro da situação da coisa é hipótese de
competência absoluta. II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes,
atribuindo um ao outro a competência;
Ações reais imobiliárias – foro da situação do imóvel – foro “rei
sitae” . III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca
da reunião ou separação de processos.
Foros concorrentes: lugar da coisa, domicílio do réu ou eleição.
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência
declinada deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro
Usufruto e enfiteuse a situação da coisa será relativa. juízo.
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Competência do STF : SÓ julga conflito de Tribunal Entre os extremos pode surgir a seguinte relação:
superior. duas causas independentes, distintas, mas que possuem
relação entre si. Existe um nexo entre elas. Conexão e
Competência do TRF e TJ: só julgam conflitos de
continência é um vínculo que aproxima duas causas
JUÍZES vinculados ao mesmo tribunal. Se tiver tribunal
distintas entre si. Se fossem iguais seria litispendência. Se
participando do conflito, a competência é do STJ. Se for
não tivesse vínculo seria irrelevante. Só pode falar de
juízes de tribunais diferentes, quem julga é STJ.
conexão se não houver litispendência.
OBS.: pegadinha de concurso juiz estadual
investido de função federal conflito entre o juiz federal
VS o juiz estadual investido de jurisdição federal. Quem CONEXÃO
julga tal conflito? Depende. Se estiverem vinculados ao
Há possibilidade de haver causas não iguais, porém,
mesmo TRF – este julgará, caso contrário será o STJ.
que guardam alguma semelhança ou vínculo entre si. Este
Por fim, citou a: fato é denominado de conexão. A conexão é a relação
Súmula 3 do STJ. Compete ao tribunal regional federal entre processos/causas distintas que guardam entre si
dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região, algum vínculo. Trata-se de um fato processual relevante.
entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal.
A conexão reúne causas distintas com trâmite em
juízos diferentes, para que um mesmo juízo processe e
E também a súmula 348 e o RE 590.490:
julgue. Um juízo adquire competência para julgar uma
causa, fazendo com que outro a perca. A causa sai de um
O STJ, no Informativo 406, aplicou o entendimento do STF (RE juízo e vai para o outro. Um juízo perde a competência para
590409) e, contrariando a sua própria Súmula de nº 348, acolheu julgar a causa. E outro ganha a competência para julgar a
Embargos com efeitos infringentes para se declarar incompetente
causa conexa. Tal competência nova, a que surge, é
para resolver conflito de competência entre Juizados Especiais
Federais e Juiz Federal de 1º grau de Jurisdição da mesma Seção
ABSOLUTA.
Judiciária. Assim, ratifica a posição do STF no mencionado RE, A conexão tem o propósito de economia processual
entendendo que o competente é o próprio Tribunal Regional e de evitar decisões contraditórias entre juízos. A conexão
Federal. Veja abaixo a ementa do julgado:
é causa de modificação de competência RELATIVA. Se
PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - AGRAVO ambos os juízes tiverem competência absoluta, ainda que
REGIMENTAL - COMPETÊNCIA DO STJ PARA PROCESSAR E JULGAR haja conexão, não haverá reunião de processos! OBS.:
O CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - JUIZADO ESPECIAL conexão é um fato. É a semelhança de causas pendentes.
FEDERAL E JUÍZO COMUM FEDERAL - RE 590.409 - ACLARATÓRIOS Os efeitos da conexão são outros: reunião e
ACOLHIDOS - REMESSA DOS AUTOS AO TRF DA 4ª REGIÃO.
processamento simultâneo.
2. O Supremo Tribunal Federal ao julgar recurso extraordinário
590.409, pendente de publicação, reconheceu que o STJ é
A conexão propriamente dita não é a mera reunião
incompetente para dirimir os conflitos de competência entre dos processos, sendo esta os efeitos ou consequências
Juizado Especial Federal e Juízo Federal Comum da mesma sessão daquela. A importância desta distinção é a de que pode
jurisdicional, uma vez que essa competência é do respectivo haver conexão sem haver reunião de processos.
Tribunal Regional Federal. Embargos de declaração acolhidos, com
efeitos infringentes, para reconhecer a incompetência deste
Ex1: ação cível e ação de família;
Tribunal e determinar a remessa dos autos ao Tribunal Regional Ex2: competência funcional entre juiz singular e
Federal da 4ª Região para o deslinde do conflito. tribunal; e
Destaque-se que o STJ deverá reformular, em breve, a súmula
Ex3: se uma das causas já foi julgada.
supramencionada.
Súmula 235 do STJ. A conexão não determina a reunião dos
processos, se um deles já foi julgado.
CONEXÃO E CONTINÊNCIA
Havendo duas causas pendentes iguais, surge o A conexão muda uma regra de competência relativa
fenômeno da litispendência. Existe outro sentido da palavra e muda a competência para um juízo em que as causas
litispendência, significando o período de tempo que se serão reunidas, daí surge uma regra de competência
compreende o nascimento e a morte do processo, isto é, a absoluta. Assim se faz necessário distinguir a alegação de
vida do processo (o fluir da existência do processo se chama incompetência relativa X da alegação de conexão. Enfim,
litispendência). são institutos diversos e não se deve confundi-los.
É correto afirmar que o recurso prolonga a Alegar modificação de competência relativa em
litispendência, pois ele evita que o processo se extingue. A razão da conexão não é a mesma coisa que alegar a
junção de processos conexos ou continentes é facultativa, incompetência relativa (dizer que o juiz não tem
observando-se a conveniência e a economia processual. competência relativa).
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O NCPC, admitindo esta espécie de conexão, indenização. Eles são parecidos. As causas de pedir
atualmente regulamenta expressamente esta nova também não são iguais porque cada um alega a sua lesão.
modalidade em seus § § 2º e 3º do art. 55. Note-se: Mas as causas indiscutivelmente se parecem. Todas elas se
originam da mesma reportagem. Não se aplica o conceito
§ 2o Aplica-se o disposto no caput: (faz menção à conexão)
legal de conexão, nem o conceito ampliado. Um pode
I - à execução de título extrajudicial e à ação de ganhar, outro pode perder, não existe relação entre essas
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; causas.
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
Poderia tranquilamente substituir esses exemplos
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos pelos dos consumidores que vão a juízo para não pagar
que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou tarifa básica de telefonia. Outro exemplo análogo seria dos
contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem contribuintes de todo Brasil não quererem pagar
conexão entre eles. determinado imposto alegando ser ele inconstitucional.
Porém, faz-se necessário saber que as demanda São exemplos de causas repetitivas. São causas
conexas e continentes serão reunidas em um único órgão que se parecem, discutem uma mesma tese, tem origem no
jurisdicional (juízo) a fim de receber julgamento conjunto. mesmo fato, mas não há entre elas vínculo, não discutem
Este único órgão é denominado juízo prevento. uma mesma relação jurídica, não são conexas no sentido
Assim, atualmente, o tema é regulado pelos artigos tradicional. Era unânime de que não haveria conexão.
58 e 59 do NCPC: Mas surge um novo modelo de conexão que ao
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no invés de reunir, escolhe-se uma ou duas causas que
juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. representem bem a controvérsia, paralisa o processo de
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna todas as outras, estas escolhidas sobem, serão decidas e a
prevento o juízo. decisão delas vale para todas que foram suspensas. Faz-se
Assim, tem-se duas regras de prevenção, a saber: um julgamento por amostragem. Uma amostra esta que
consiga revelar bem a controvérsia. No entanto, esta
Prevento é o juízo onde ocorreu em primeiro modalidade de conexão, na sistemática do CPC/73, só era
lugar o registro da inicial quando na comarca houver um único aplicável no âmbito dos recursos especial e extraordinário.
juízo competente; e
Agora, no NCPC, continua a incidência no Resp. e RE
Prevento é o juízo identificado pela primazia da repetitivos, bem como no incidente de resolução de
distribuição quando na comarca houver mais de um juízo demandas repetitivas e na assunção de competência.
competente para a demanda.
Problema entre a Folha de SP e a Igreja Universal: a 1º) na localidade não haja sede da JF (pressuposto
Folha fez uma reportagem no final de 2007 sobre a Igreja objetivo); e
Universal. A Folha foi surpreendida por 70 ações de fiéis, 2º) autorização legal expressa.
nos mais diferentes lugares do país, alegando que após a
Mas que autorização legal expressa? A
reportagem eles foram chamados de otários. São 70 ações
Constituição previamente permite que causas
com petições iguais e com o mesmo advogado. Não há dano
previdenciárias e assistenciais contra o INSS, quando não
moral contra as pessoas, mas poderia haver contra a Igreja.
haja vara federal no domicílio do cidadão, sejam julgadas na
A Igreja bancou as demandas sempre em cidades justiça estadual.
do interior, contra a Folha e contra a repórter para
Todavia, também é possível autorização por meio
prejudicar e encarecer o caso, sendo que algumas
de leis infraconstitucionais. A CF permite que leis federais
audiências foram marcadas para o mesmo dia em locais
criem outras autorizações como: a) execução fiscal; b)
diversos.
usucapião especial rural; c) cumprimento de cartas
Pergunta-se: há conexão entre essas ações? Os precatórias federais para juízes estaduais; d) justificações
pedidos não são iguais porque cada um pede a sua perante ente federal.
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O recurso será encaminhado ao TRF. Sendo criada VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de
posteriormente uma vara federal, os processos serão autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
remetidos para esta. É fato novo, portanto, quebra a tribunais federais;
perpetuação. X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro,
OBS.: não se trata de exemplo de causa que o juiz estadual faz às vezes do a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença
federal: ação civil pública federal. Esta será sempre ajuizada perante a estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
Justiça Federal. nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
216. Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado COMPETÊNCIA DA JF EM RAZÃO DA PESSOA
de segurança impetrado contra ato de autoridade Inciso I - As causas em que a União, entidade
previdenciária, ainda que localizada em comarca do interior. autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
Súmula do STF 689. O segurado pode ajuizar na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
ação contra a instituição previdenciária perante o juízo exceto as de falência, acidentes de trabalho e sujeitas à
federal do seu domicílio ou nas varas federais da Capital do Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.
Estado‑Membro. OBS.:
Deve-se observar que a nova regulamentação do Para a sociedade de economia mista federal a
CPC/2015 aduz que: competência é da Justiça Estadual – JE. Ex: Petrobras,
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os Banco do Brasil, Banco do Nordeste;
autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier
Entidade autárquica é um gênero que inclui as espécies
a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e
de autarquias (INSS, Banco Central etc.); as fundações
fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na
qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: públicas (FUNAI etc.); os conselhos de fiscalização
profissional (Conselho de medicina etc.); e as agências
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e reguladoras federais;
acidente de trabalho;
O MP Federal não é órgão da União e nem entidade
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
autárquica. A simples presença do MPF em juízo não faz
com que a causa seja da JF, consoante entendimento
majoritário na doutrina. Contudo, há decisão do STJ em
Agora veremos as regras de competência, uma a uma.
sentido diverso, dizendo que a presença do MPF faz com
A competência da JF se divide em: que a causa seja da JF (Resp 440.002). Enfim, o MPF
pode atuar na Justiça Estadual.
a) razão da pessoa (art. 109, incisos I, II e VIII);
Somente o juiz federal tem a competência para
b) em razão da matéria (art. 109, incisos III, V-A, X e XI);
dizer a legitimidade destes entes federais. Um juiz estadual
c) funcional (art. 109, inciso X). não tem competência para avaliar se há ou não interesse
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: que justifique a participação.
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa O juiz estadual, diante do pedido de um ente
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, federal para intervir no feito, deverá remeter os autos a JF,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de visto que o juiz estadual não tem competência para avaliar
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; se o ente federal pode ou não intervir.
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional Súmula 150 do STJ. Compete a justiça federal decidir sobre a
e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; existência de interesse jurídico que justifique a presença, no
processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas.
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com
Estado estrangeiro ou organismo internacional;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º Se o juiz federal, ao examinar a questão, não aceitar a
deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) intervenção do ente federal, devolverá os autos ao juiz
estadual.
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Súmula 224 do STJ. Excluído do feito o ente federal, Federal somente excepciona as ações previdenciárias
cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, decorrentes de acidente de trabalho.
deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Inciso II - as causas entre Estado estrangeiro ou
O juiz estadual deverá aceitar a decisão do juiz federal, organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou
não competindo a ele a discussão. residente no País; (se fosse U, E, DF STF)
Súmula 254 do STJ. A decisão do Juízo Federal que O recurso ordinário constitucional – ROC irá para o
exclui da relação processual ente federal não pode ser STJ.
reexaminada no Juízo Estadual.
Segundo o princípio da IMUNIDADE DE
JURISDIÇÃO, o Estado estrangeiro não se sujeitará a
Há quatro exceções em que a causa não tramita na jurisdição de outro Estado soberano.
JF, mesmo que haja ente federal envolvido na causa: Ocorre que, a imunidade se refere a questões
a) falência; relativas a soberania do Estado (ex: os EUA negam visto a
brasileiros; não se podendo discutir esta questão na
b) eleitoral; jurisdição brasileira).
c) trabalhista; Porém, não se aplica na discussão de atos privados
d) relativas a acidente do trabalho. do Estado (ex: ação de cobrança contra o presidente da
França; veículo da embaixada americana colide contra
Causas trabalhistas sempre tramitam na Justiça veículo de brasileiro).
do Trabalho. As empresas públicas têm regime funcional
celetista. Neste caso, o servidor público terá processo Se o Estado estrangeiro se recusar a adimplir a
tramitando perante a Justiça do Trabalho. Ex: mesmo que condenação proferida pelo juiz federal, nada se poderá
seja um caso de um empregado celetista de um ente fazer. Cabe, neste caso, a resolução por meio das vias
federal, como no caso de celetista vs CEF. diplomáticas.
Falência é uma causa que sempre tramita Inciso VIII - Os mandados de segurança e os habeas data
perante a Justiça Estadual, ainda que haja interesse federal, contra ato de autoridade federal, excetuado os casos de
competência dos tribunais federais.
abrangendo casos de insolvência civil e recuperação
empresarial. O segredo é saber o que é autoridade federal. Isso
porque, há autoridades federais que não são funcionários
Causas relativas a acidente do trabalho não
públicos federais. Desse modo, haverá possibilidade de uma
podem ser processadas na JF. A ação acidentária pode
autoridade privada ter contra si um MS tramitando na JF. As
decorrer de: a) acidente trabalhista (ação acidentária
autoridades das instituições privadas de ensino superior
trabalhista); e b) acidente de outra natureza. Ocorrido o
tem o MS tramitando perante a JF (ex: reitor da
acidente de trabalho, surgem para a vítima duas
universidade católica).
pretensões/dois direitos:
Súmula 60 do TFR. O mandado de segurança contra autoridade
1º) direito à indenização (contra o empregador – privada federal é da competência da Justiça Federal.
perante a JT). A ação acidentária trabalhista indenizatória é
uma ação contra o empregador, devendo ser proposta
perante a Justiça do Trabalho; e COMPETÊNCIA DA JF EM RAZÃO DA MATÉRIA
2º) pretensão previdenciária (contra o INSS – aqui Inciso III - As causas fundadas em tratado ou contrato da
a causa é sempre da Justiça Estadual). Ação acidentária União com Estado estrangeiro ou organismo internacional.
trabalhista previdenciária é uma ação a ser proposta contra A jurisprudência entende que somente irá para JF
o INSS, devendo ser proposta, por expressa previsão se a causa tiver fundamento em TRATADOS
constitucional, perante a Justiça Estadual. Por fim, ações de INTERNACIONAIS. Ainda que seja uma causa de família.
revisão deste benefício decorrente do acidente também
tramitam na Justiça Estadual. Pouco importa se no Ex1: “sequestro” internacional de criança.
município tem vara federal, isso é irrelevante. Ex2: os alimentos internacionais ocorrem quando o
Quando o acidente é de outra natureza a domiciliado no estrangeiro demanda seu pai, residente no
pretensão indenizatória será proposta na JE ou JF, a Brasil, perante a JF.
depender da natureza jurídica do responsável pelo Contudo, é preciso que a causa se funde
acidente. Ex: acidente de consumo – máquina bichada – exclusivamente em tratado. Se houver dir. interno que
empresa privada - Brastemp. cuido do assunto aí não é mais da justiça federal; pouco
Contudo, a ação previdenciária decorrente do importa as pessoas.
acidente de outra natureza contra o INSS deverá ser Inciso V-A - Compete a JF julgar as causas relativas a
proposta na JUSTIÇA FEDERAL, visto que a Constituição direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo.
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CF, Art. 109, § 5º - Nas hipóteses de grave violação de direitos A competência do TRF é só funcional. Não tem
humanos, o PGR, com a finalidade de assegurar o cumprimento de nada a ver com matéria ou com pessoa. A competência
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos originária do TRF se divide em 3:
humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais
deslocamento de competência para a Justiça Federal. Federais:
Imagine que há, em âmbito estadual, um inquérito I - processar e julgar, originariamente:
policial ou civil que envolva um caso de grave violação de
b) as revisões criminais e as ações rescisórias
direitos humanos. O procurador-geral da República poderá
de julgados seus ou dos juízes federais da região;
requerer ao STJ o incidente de deslocamento de
competência para a JF. c) os mandados de segurança e os "habeas-
data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz
É certo que este dispositivo partiu da premissa que
federal;
a JF é mais estruturada que a JE. Ocorre que, nem sempre
isso ocorre. e) os conflitos de competência entre juízes
federais vinculados ao Tribunal;
O STJ entendeu que somente poderá haver
deslocamento se provar a ineficiência ou inaptidão das ART. 108. COMPETE AOS TRIBUNAIS REGIONAIS
autoridades estaduais. O STJ identificou um pressuposto FEDERAIS:
implícito de aplicação do deslocamento de competência, I - PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE:
que é a ineficiência ou inaptidão das autoridades estaduais
(aqui falamos de duas searas, a saber: âmbito penal e B) AS REVISÕES CRIMINAIS E AS AÇÕES RESCISÓRIAS DE
JULGADOS SEUS OU DOS JUÍZES FEDERAIS DA REGIÃO;
âmbito civil).
Inciso X - Homologação das causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. Cabe ao TRF processar e julgar ação rescisória de seus
Inciso XI - O inciso diz respeito aos direitos dos índios julgados ou de julgados de juízes federais. Se se quer
coletivamente considerados rescindir um julgado do TRF ou a sentença de um juiz
federal, a competência é do TRF.
Ex1: demarcação de terras indígenas; Ex2:
Genocídio; Ex3: Possessória ajuizada por uma tribo Todo tribunal julga a rescisória de seus julgados. Não tem
exceção!
Problema individual justiça estadual.
Súmula 140 do STJ. Compete a justiça comum estadual processar e
julgar crime em que o indígena figure como autor ou vitima. Só que o TRF julga também a rescisória dos juízes
federais.
O TJ da BA julgou uma causa contra o Banco do
COMPETÊNCIA DA JF FUNCIONAL
Brasil. A União quer propor uma rescisória desse acórdão
Inciso X - Trata-se do cumprimento de carta como terceira. Onde? TRF ou TJ?
rogatória e execução sentença estrangeira.
Vai propor no TJ. Se a causa é de tribunal se aplica
o art. 108 e não o art. 109.
COMPETÊNCIA DO TRF O TRF não julga rescisória do TJ mesmo se a União
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: for autora. Todo tribunal julga a rescisória dos seus
julgados.
I - processar e julgar, originariamente:
ART. 108. COMPETE AOS TRIBUNAIS REGIONAIS
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados FEDERAIS:
seus ou dos juízes federais da região;
I - PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE:
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; C) OS MANDADOS DE SEGURANÇA E OS "HABEAS-DATA"
CONTRA ATO DO PRÓPRIO TRIBUNAL OU DE JUIZ FEDERAL;
e) os conflitos de competência entre juízes federais
vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes O TRF julga MS e HD dos seus atos ou dos juízes
federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federais. Se o ato foi do TRF será o próprio TRF. MS contra
federal da área de sua jurisdição. ato de tribunal quem julga é o próprio tribunal.
A competência do TRF é dividida em: Todo tribunal julga o MS dos seus atos, sempre.
1. Originária – inciso I;
2. Derivada – inciso II.
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ART. 108. COMPETE AOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS: deveres de cooperação entre as partes (inclusive para o
I - PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE: juiz).
E) OS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ENTRE JUÍZES FEDERAIS Esse princípio foi incorporado pelo novo CPC: art.
VINCULADOS AO TRIBUNAL; 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo
deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
O TRF julga o conflito de competência entre juízes Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar
federais. O STJ editou a súmula 3 que atribui competência entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão
ao TRF entre conflito entre juiz federal e juiz estadual de mérito justa e efetiva.
investido de jurisdição federal. O princípio da cooperação é uma decorrência do da
Súmula 3 do, STJ: Compete ao Tribunal Regional proteção da boa-fé objetiva.
Federal dirimir conflito de competência verificado, na
respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido
A boa-fé, como padrão ético de conduta, deve ser
de jurisdição federal.
respeitada em qualquer relação. Inclusive no processo. Boa
Isso não está na CF. O STJ interpretou - fé, aqui, é objetiva, é uma regra de conduta.
extensivamente alínea e.
Todas as partes devem se comportar de acordo
com o que todos entendem como ético e legal.
MODELOS DE PROCESSOS Isso gera para os sujeitos o dever de comportar-se
Antes de se falar da teoria da ação aborda-se o de acordo com a boa-fé, precisando, para isso, haver
seguinte tema: MODELOS DE PROCESSOS, quais sejam: cooperação entre eles.
manifestem. Deve mandar a parte corrigir o defeito dizendo d) autônomo (o direito de ação não se confunde
qual é e como se corrige. O NCPC aduz que o juiz não pode com o direito que se afirma em juízo – ex: o direito de
indeferir a petição inicial sem que antes dê a oportunidade crédito).
para a parte emendá-la.
O direito de ação está em conformidade com o
OBS: o NCPC prevê o princípio da primazia do devido processo legal, pois se tem o direito de ir a juízo,
julgamento de mérito segundo o qual o juiz deve direito a um processo devido, adequado e célere.
oportunizar amplamente as partes a oportunidade de
corrigir vícios e/ou irregularidades processuais a fim de se
evitar a extinção do processo sem julgamento de mérito. 1.2. Acepção em sentido processual
A ação aqui é um ATO. O que se chama de
demanda (ato de provocar a atividade jurisdicional). Pela
3. DEVER DE CONSULTAR
demanda, a parte instaura o processo, provocando a
A parte tem o direito de manifestar-se sobre todas atividade jurisdicional.
as questões relevantes para a decisão da causa. O juiz,
A demanda é o exercício do direito de ir a juízo (na
portanto, não pode proferir uma decisão com base em
acepção constitucional), pelo qual a parte afirma ter um
questão de fato ou de direito, mesmo aquelas conhecíveis
direito (na acepção material).
ex officio, sem antes dar oportunidade para a parte se
manifestar. O juiz tem o dever de consultar as partes sobre A demanda une o direito de ir a juízo ao direito que
uma questão que ele entenda que é relevante (de fato ou se leva a juízo. Por isso, o direito de ação é sempre abstrato,
de direito) e que não foi alvo de debate ainda (não houve o mas o ato de demandar é sempre concreto (ex: levar um
contraditório). direito afirmando um problema concreto na petição inicial).
O NCPC trouxe expressamente a regulamentação Quando a palavra ação aparece no concurso, é no
desta possibilidade: sentido de demanda (acepção processual).
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem É o exercício do direito constitucional de ação (um
que ela seja previamente ouvida. direito fundamental), afirmando uma determinada situação
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurídica (de ter um direito contra alguém). A partir da
jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se demanda, o processo surge com o objetivo de resolvê-la.
tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se Sempre se afirma algo no judiciário, e essa afirmação é um
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. direito que precisa ser protegido em juízo. Todo processo, a
Assim, o NCPC consagra o princípio da cooperação partir da demanda, é estruturado para dar resposta aquele
em sua perspectiva de dever de consulta que qualifica o problema. A demanda é a apresentação de um problema ao
controle. judiciário. Só que essa demanda é um ato que concretiza
um direito fundamental (ao demandar o autor está
concretizando um direito fundamental).
TEORIA DA AÇÃO Os elementos da ação, as condições da ação e a
1. Acepções da palavra ação: há três acepções da classificação da ação são sub-temas relacionados a teoria da
palavra “ação” importantes para o direito que são: acepção ação em sentido processual.
constitucional, acepção processual e acepção material.
1.1. Acepção constitucional (Direito de Ação) 1.3. Acepção material da palavra ação
Nesta acepção, a ação é o direito de acesso a Ação em sentido material é uma situação jurídica
justiça. É o direito de buscar o Judiciário para satisfazer o ativa material/substancial. O que se quer dizer, é que a
seu direito. Está vinculado ao princípio da inafastabilidade, parte tem direito contra outrem (ex: o direito de regresso
em que se estuda o direito de acesso a justiça (art. 5, inc. contra seu representante). A expressão “ação”, prevista no
XXXV, da CF). art. 195 do CC, é um direito de ação no sentido puramente
Art. 5º. (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação material, por exemplo. Pode tranquilamente substituir na
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; frase “eu tenho direito contra João” por “eu tenho ação
contra João”.
Desse modo, pode-se dizer que o direito de ação é
CC Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm
um direito:
ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que
a) fundamental; derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
ELEMENTOS DA AÇÃO (DEMANDA) também é parte (ex: assistente), porém, é uma parte
auxiliar, cuja função é de auxiliar as partes principais.
O estudo dos elementos deve partir de uma
premissa: em toda demanda há ao menos a afirmação de Não confundir parte do processo VS parte para
uma relação jurídica litigiosa. certo incidente do processo (ex: juiz VS suspeição). Também
não confundir parte do processo, com a parte do litígio. Às
Na demanda há o exercício de um direito, e, se no
vezes, as partes do litígio (da briga) são distintas das partes
exercício de um direito há uma relação jurídica, é possível
do processo (ex: ação de alimentos em favor do menor
concluir que em toda demanda há uma relação jurídica.
proposta pelo MP).
Conclusão: toda demanda tem uma relação jurídica
afirmada pelo autor. Há uma expressão chamada de “parte complexa”,
que é a parte representada em juízo (incapaz). Sempre que
A relação jurídica afirmada pelo demandante é em juízo estiverem representante e o representado (ex:
denominada tecnicamente de res in iudicium deducta (coisa mãe e filho), perceba que o filho é o autor / a parte, mas a
afirmada ou deduzida em juízo). Quando a parte vai a juízo, mãe está ali representando a parte (que é incapaz e deve
irá afirmar ou deduzir alguma coisa. A afirmação em juízo é estar acompanhada da representante). A essa dupla
mera dedução. Esta dedução deve ser provada para (representante e representado) é a chamada PARTE
convencer o juiz quanto ao direito (“o processo é a certeza COMPLEXA. OBS.: não se deve achar que parte
dos meios e a incerteza do resultado”). São elementos da ilegítima não é parte. Parte ilegítima é parte, porém, é
relação jurídica afirmada: ilegítima. Tanto é parte, que ela pode alegar ao juiz a sua
a) sujeitos; b) objetos; c) fatos. ilegitimidade, com o fim de ser excluída do processo.
São três os critérios objetivos de distribuição de Fundamento legal não é causa de pedir (fatos e
competência, pois são três os elementos da ação. fundamentos jurídicos).
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- Fundamento jurídico = relação jurídica (direitos e Remota e próxima mas qual o referente? A
obrigações) que surgem a partir de um fato jurídico demanda.
- Fundamento legal = dispositivo previsto na lei A causa de pedir próxima é o direito – fundamento
jurídico (4).
Na ação de anulação contratual em razão do erro: Atenção!!! Nelson Néri inverte (diz que a causa remota é
o fundamento e a causa próxima é o fato!)
e) Fato jurídico (3) é o contrato celebrado em erro, o
qual gera o 4 (direito de anular o contrato). Para que duas ações possuam a mesma causa de
pedir é preciso que o fato e o fundamento jurídico de uma
f) Relação jurídica (4) é o direito de anular (e não a ação, corresponda a da outra.
anulação); este é o fundamento que se quer.
A doutrina de um modo geral afirma que o CPC
g) Pedido (5) é o pedido de anulação. adotou a Teoria da Substanciação da causa de pedir, a causa
Direito de anular não se confundo com a de pedir é o fato e o fundamento jurídico do pedido.
anulação. Significa que para uma causa de pedir seja igual a uma outra
causa de pedir é preciso que os fatos jurídicos sejam os
mesmos e os direitos afirmados também (o nº 3 e o nº 4).
Na ADI: Teoria da substanciação causa de pedir = fatos + fundamentos
h) Fato jurídico (3) é a inconstitucionalidade da lei nº Outra teoria que se contrapõe a primeira (T. da
tal. Substanciação). Segundo a TEORIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO
DA CAUSA DE PEDIR, a causa de pedir se compõe apenas do
i) Relação jurídica (4) é o direito difuso de retirar a lei
fundamento jurídico do pedido (é apenas o direito que se
inconstitucional do sistema normativo.
afirma ter); os fatos jurídicos são irrelevantes nesta
j) Pedido (5) é o pedido de declaração da definição.
inconstitucionalidade.
Suponha a existência de uma ação anulatória de
contrato por dolo e outra ação anulatória de contrato por
erro:
Na ação de cobrança por contrato não cumprido:
Pela teoria da substanciação, as causas de pedir são
k) Fato jurídico (3) é o inadimplemento do contrato.
distintas, pois o fato jurídico é diverso (erro não é dolo);
l) Relação jurídica (4) é o direito ao crédito.
Para a teoria da individualização, essas causas de pedir
m) Pedido (5) é a condenação/cobrança. são idênticas, pois em ambas se discutem o mesmo
direito (direito de anular).
Petição Inicial
Ante o exposto, fica claro que o CPC adotou a T. da
Fato jurídico
Substanciação.
Do direito (o qual afirmo ter)
Pedido (peço aquilo que o direito que alego ter
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
... me confere)
1. Classificação conforme a causa de pedir próxima
Há causas de pedir próximas ao pedido e causas de
(fundamento jurídico)
pedir remotas ao pedido. Causa de pedir próxima somada a
causa de pedir remota é igual a causa de pedir (CP = CPP + a) Ações reais: fundada em um direito real.
CPR).
b) Ações pessoais: fundada em um direito pessoal.
A bem da verdade é a divisão da causa de pedir
Não confundir com a ação reipersecutória, que é
(remota e próxima).
aquela que persegue a coisa (ex: ação com pedido de
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entrega da coisa). Esta é reipersecutória a partir do pedido, pedir indenização na própria CONTESTAÇÃO; e o pedido
podendo ser uma ação fundada em direito real ou pessoal. indenizatório que o réu pode formular no bojo da
própria contestação é uma ação dúplice em sentido
Pode-se perseguir a coisa, em virtude de um direito
PROCESSUAL.
real que a parte tem sobre a coisa (ex: proprietário) ou em
virtude de um direito pessoal (ex: locador que pede o
despejo).
4. Ações de acordo c/o tipo de tutela jurisdicional que se
pleiteia
2. Classificação conforme o objeto (pedido) a) Ações de conhecimento certificar direitos
a) Ação mobiliária b) Ações de execução efetivar direitos
b) Ação imobiliária c) Ações cautelares proteger direitos
A tendência é pensar que as ações imobiliárias são Classificação clássica.
reais. Porém, pode a ação imobiliária ser uma ação pessoal,
fundada em um direito pessoal (ex: ação de despejo), como Classificação das ações de conhecimento
também uma ação mobiliária ser uma ação real. a) condenatórias; b) mandamentais; c) executivas
lato sensu (sentido amplo); d) constitutivas; e e)
declaratórias.
3. Outras classificações de ações
Contudo, antes de tratar da divisão
Ações necessárias: supramencionada. É necessário tratar da classificação
A ação necessária é aquela em cuja causa de pedir teórica que divide os direitos em:
próxima há a afirmação de um direito que somente pode * Direitos a uma pretensão ou prestação (direito
ser exercitar em juízo. subjetivo): poder de exigir de outrem o cumprimento de
Enfim, alguns direitos somente podem ser uma prestação. Só se efetivam com a concretização da
efetivados em juízo (ex: ações anulatórias, ação de falência, conduta, quais sejam:
ação rescisória, ação de resolução do contrato). fazer, não fazer, dar dinheiro ou dar
Obs.: Ações necessárias são SEMPRE constitutivas; coisa que não seja dinheiro.
São basicamente os direitos obrigacionais. Tanto é
verdade que no livro de obrigações do CC faz a mesma
2. Ações dúplices divisão citada. Contudo, há outros direitos de prestação que
As ações dúplices têm duas acepções, a saber: não são obrigacionais, como o caso dos direitos reais
(também podem ser prestacionais).
Sentido processual dúplice: é aquele que permite
ao réu a formulação de um pedido contra o autor, dentro Os únicos direitos que podem ser lesados ou
da contestação (pedido contraposto). É possível no inadimplidos são tão-somente os dir. de prestação. Só
procedimento das ações possessórias (pedido de posso falar em inadimplemento se tiver relação com uma
indenização) e JEC’s. O pedido contraposto é um ataque prestação. Somente estes se sujeitam à prescrição, isto é, é
facultativo do réu. um fenômeno exclusivo do dir. a uma prestação. Vejamos o
art. 189 do CC:
Sentido material dúplice: a ação dúplice é aquela
que a simples defesa do réu já significa um contra-ataque. Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que
Não há necessidade de fazer pedido contraposto, ou seja,
aludem os arts. 205 e 206.
ao se defender estará automaticamente atacando.
Enfim, são institutos correlatos. Um pressupõe o
Ex1: alimentos quer dar mil reais, nega o que autor
quer e já afirma o que réu deseja (dois mil reais). As figuras se
outro. Tais direitos a uma prestação exigem uma realização
confundem. Já não se sabe mais quem é autor e réu. Autor e réu material, isto é, estes direitos somente se efetivam se a
aqui só se diferem pelo tempo. Quem ajuizou a ação primeiro. conduta devida for cumprida. É preciso que a conduta
devida se realize. Se a conduta devida não se realizar estes
Ex2: na ação de consignação em pagamento, o credor, ao
direitos não se efetivam.
negar a consignação, já revela um ataque.
Ex3: ADC – ação declaratória de constitucionalidade.
A conduta é sempre algo material, do mundo físico.
Tal direito só se efetiva se realizado no mundo da vida. Tal
n) Toda ação meramente declaratória é dúplice. direito precisa de uma realização material. O nome técnico
o) As ações possessórias são dúplices nos dois sentidos de tal realização material é a EXECUÇÃO, que nada mais é,
(material e processual), pois negar o pedido possessório senão o cumprimento da prestação, a qual pode ser
já é a afirmação da posse. O réu das possessórias pode voluntária ou forçada.
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A execução está intimamente ligada a uma que fora reconhecido, era preciso voltar a juízo para pedir a
prestação. Tudo o que tem a ver com execução diz respeito efetivação do direito. A execução de sentença, nessa época,
a uma prestação. Executar é fazer cumprir uma prestação fazia-se em ação autônoma.
devida. Tanto é assim que se pegar o Livro do CPC que cuida
As ações de prestação não sincréticas, que eram a
da execução – este fenômeno se divide em fazer, não fazer,
regra, eram chamadas de ações condenatórias (ação de
de dar dinheiro e de dar coisa que não é dinheiro. Não é por
prestação de conhecimento que poderia me dar um título, o
acaso que o CPC/2015 diz no art. 783 que só se pode
qual poderia ser executado noutro processo). Exceções:
executar se houver inadimplemento.
havia algumas ações de prestação sincréticas, ações que
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar- além de certificar efetivavam. Davam ao demandante o
se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. reconhecimento do direito e propiciavam a efetivação do
Não é por acaso também que o CPC/2015 no art. direito, como era o caso das ações possessórias.
802 também fala da prescrição na execução. OBS.: ação condenatória e ação sincrética
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a Ambas de prestação, mas as primeiras de puro
citação, desde que realizada em observância ao disposto no § conhecimento de as segunda certificavam e
2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por efetivam o direito.
juízo incompetente.
E estas ações recebiam a seguinte classificação: as
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à ações sincréticas eram chamadas ações mandamentais e
data de propositura da ação. ações executivas em sentido amplo. As ações
Por óbvio, que no Processo Civil interessa somente mandamentais e executivas são ações sincréticas; neste
a execução forçada. Referida execução poderá ter como ponto, se assemelham.
fundamento um título judicial ou título extrajudicial, assim, A ação mandamental é uma ação de prestação
pode ser processada ora como fase do processo de sincrética por execução indireta (aquela em que o Estado
conhecimento (como fase de um processo sincrético um força o devedor a cumprir a prestação). A ação executiva
processo criado para que se peça o reconhecimento e a em sentido amplo é uma ação de prestação sincrética que
execução), ora como processo autônomo. se efetiva por execução direta.
Em ambas as hipóteses há processo de execução: OBS.: uma parcela da doutrina não
contudo, no autônomo é somente para executar, mas no aceitava essa distinção. Eles entendiam que todas deveriam
que é fase executiva de um processo sincrético ele tem ser chamadas de ação condenatória, pois todas visavam a
outro fim além da execução. uma prestação.
Outra divisão importante é a divisão da execução Classificação quinaria das ações: Classificação era trinaria
em direta e indireta. A execução direta ou violenta (o 1) Condenatórias; das ações:
Estado faz com que a prestação/obrigação seja cumprida 2) Mandamentais; 1) Ações condenatórias;
pelo devedor, dispensado a participação deste para 3) Executivas; 2) Ações declaratórias; e
satisfação do direito de crédito, como por exemplo, realiza 4) Constitutivas; e 3) Ações constitutivas.
a venda de um bem em hasta pública a fim de ver a 5) Declaratórias.
prestação cumprida).
Para quem não aceita a divisão de acordo com a característica de
O Estado substitui o devedor. Há quem chame esta
ser sincrética ou não, a classificação era trinaria.
primeira divisão de execução por sub-rogação, pois o
Estado age no lugar no devedor. Trata-se da execução 2ª Etapa: Reforma de 1994
ostensiva. Você vê o sujeito sendo executado, sofrendo a Em 1994, o legislador reescreveu o art. 461 do CPC,
violência do Estado. assim, houve uma grande reforma na legislação processual,
Já na execução indireta (o Estado força o devedor a de modo que todas as ações de prestação de fazer e de não
cumprir a prestação; exerce uma pressão psicológica em fazer viraram sincréticas. O legislador generalizou o
face do devedor. Ela é invisível, a princípio, pois se opera na sincretismo às ações de fazer e não fazer. Assim, aquilo que
mente, a mente fica pressionada. É uma pressão por era exceção (ação sincrética) virou regra, virou universal.
medo/ameaça (Ex: astreintes) ou estímulo (Ex: REFIS).
Evolução Histórica das Ações de Prestação 3ª Etapa: Reforma de 2002
1ª Etapa: Código de Processo Civil 1973 Houve a alteração do art. 287 do CPC/73, as ações
Quando da aprovação do Código de Processo Civil, de prestação para entrega de coisa passaram a ser
em 1973, as ações eram ações de prestação não sincréticas. sincréticas. O que era excepcional virou geral. A única ação
O objetivo das ações era apenas o de certificar a existência que não era sincrética era a de dar quantia (obrigação de
de um direito à prestação. Era uma ação pura de pagar). Em 2002, cria-se o art. 461–A, o qual universalizou,
conhecimento. E para executar o direito a uma prestação generalizou o sincretismo para as obrigações de entrega de
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E prova de processo civil constitutiva - 1ª corrente – até então majoritária – dizia que seria
processualistas. preciso entrar com outra ação condenatória, para uma vez
3. AÇÃO DE FALÊNCIA (AÇÃO DE QUEBRA): ganhando, só assim executar. Essa solução é absurda,
porque o direito já foi certificado.
É uma ação constitutiva que visa tirar a capacidade do empresário
de administração do negócio. Em alguns livros, é afirmado que a 2ª corrente – já tem uma sentença que reconhece,
falência é a ação declaratória. Quem pede a falência pede ao juiz a só falta apurar o quantum, liquidar. Não havia sentido
retirada do sujeito da administração de seu negócio para que propor uma ação para declarar o crédito. Frisa-se, ainda,
ocorra a arrecadação dos bens para pagamento dos credores. que TEORI ZAVASCKI – hoje ministro do STF – defende a
Juristas de dir. empresarial sentença declaratória última corrente há anos.
Processualistas sentença que decreta – constitutiva. Cita-se:
4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento
dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
Para os processualistas é uma ação constitutiva, para invalidar a
lei, tirar a lei do sistema, mas para a maioria da doutrina, a maior I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam
parte dos constitucionalistas prega que se trata de ação a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não
declaratória. fazer ou de entregar coisa;
5. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE: II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
A mais polêmica de todas as ações citadas. Para Fredie Didier é III - a decisão homologatória de autocomposição
ação constitutiva, porque é uma ação para atribuir paternidade. extrajudicial de qualquer natureza;
Tornar o sujeito pai. Mas ele já não era pai antes? O professor diz
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em
que é de suma importância diferenciar o genitor (biológico) da
relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título
figura do pai (jurídico). E o professor ainda usa como argumento
singular ou universal;
que no caso de recuso do DNA, o réu será presumidamente pai e
ponto. V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas,
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão
6. AÇÕES MERAMENTE DECLARATÓRIAS:
judicial;
Ação meramente declaratória é aquela que se pede a certificação
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
da existência, inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica.
Não busca efetivar direito nenhum. Ação meramente declaratória VII - a sentença arbitral;
pretende apenas obter certeza. Apenas quer certificar uma relação
(que ela existe, se ela inexiste ou como ela existe). APENAS VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior
certifica. O art. 19 do NCPC, fala em existência, inexistência ou o Tribunal de Justiça;
modo de se de uma relação jurídica. IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão
do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma § 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no
relação jurídica; juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação
no prazo de 15 (quinze) dias.
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito
Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha
que tenha ocorrido a violação do direito. sido deduzida em juízo.
Outro ponto que merece destaque é o seguinte:
AS AÇÕES MERAMENTE DECLARATÓRIAS SÃO as sentenças meramente declaratórias são imprescritíveis,
IMPRESCRITÍVEIS, porque elas servem apenas para mas as condenatórias são prescritíveis. Então, como fica a
certificar, não busca efetivar direito nenhum, busca apenas execução da meramente declaratória? A pessoa poderia
obter certeza. Logo, não se pode falar da existência de um entrar com a meramente declaratória e depois executar?
prazo para obter-se certeza de uma relação jurídica. Não! Porque com a ação meramente declaratória ter-se-á
Exemplos: declaração de um direito prescrito. Enfim, não interrompe a
prescrição, não revelou postura de cobrança. Se pode
1) Ação declaratória de constitucionalidade;
cobrar ou declarar e não cobra – isso não pode interromper
2) Ação de usucapião; a prescrição. É o risco que a pessoa corre ao fazer isso.
Ação declaratória do parágrafo único do art. 20 do NCPC
3) Ação de consignação em Pagamento;
pode ser executada, mas se tiver prescrita a pretensão,
4) Ação declaratória de inexistência de relação tributária; e impossível será a execução.
5) Ação declaratória de reconhecimento de união estável.
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2. Abstrativismo / Concepção Abstrativista do A grande crítica à teoria eclética é que ela tenta
separar coisas que não são diferentes. Ao dizer que se extingue
Direito de Ação
por carência não há coisa julgada, então, sempre poderá renovar a
Para os abstrativistas, o direito de ação é o direito ação. Erra-se também ao dizer que a decisão por carência não é
a qualquer decisão (pouco importa o conteúdo da decisão de mérito. A doutrina hoje dificilmente defende a
decisão). É o direito à jurisdição. O direito de ação é o concepção eclética dessa forma pura.
direito de provocar a atividade jurisdicional. Para a corrente Para Liebman o controle, a análise do
abstrativista, não se pode falar em condições da ação. O preenchimento das condições da ação é uma análise que
processo se divide em duas partes: o problema é de mérito pode ser feita a qualquer tempo, enquanto estiver
ou o problema é processual. Tal concepção prevaleceu no pendente o processo.
mundo; o direito de ação é um direito abstrato.
Afirma-se também que é possível parar o processo
para produzir prova sobre as condições da ação, o
Concepção Eclética ou Mista preenchimento das condições da ação é um fato que tem
que ser provado, como por exemplo, perícia para saber se a
A corrente eclética ou mista afirma que o direito parte é legítima.
de ação é o direito a uma decisão de mérito. Para os
adeptos da concepção eclética, condições da ação são as O CPC permite o controle das condições da ação a
condições para o exame do mérito da causa, para que o qualquer tempo. Contudo aflorou outra teoria para mitigar
mérito seja examinado. Uma vez preenchidas as condições a teoria adotada pelo CPC/73, a saber:
da ação permitem que o mérito seja examinado. Para os
ecléticos, carência de ação não configura decisão de mérito.
Julgou improcedente? Analisou o mérito. Tratava-se da Teoria da Asserção / Teoria da Prospettazione /
teoria adotada pelo CPC/73. O CPC/73 adotou a concepção Teoria da verificação das condições da ação In Statu
eclética do direito de ação. Assertionis
ação. Caso a resposta seja negativa, mesmo que tudo o que A legitimidade ad causam e o interesse de agir
a pessoa fale seja verdade, extingue-se o processo por passarão a ser explicados com suporte no repertório teórico
carência de ação. dos pressupostos processuais.
Para essa corrente, o preenchimento das condições A legitimidade e o interesse passarão, então, a
da ação é feito pela afirmação e não pelas provas. Não se constar da exposição sistemática dos pressupostos
produz prova sobre as condições da ação. As condições da processuais de validade: o interesse, como pressuposto de
ação não devem ser provadas, devem ser analisadas tão- validade objetivo extrínseco; a legitimidade, como
somente por meio da asserção. pressuposto de validade subjetivo relativo às partes.
Ex.1: o filho de Paulo ajuíza ação pedindo
alimentos, afirmando que precisa de alimentos e que seu
Interesse de agir: tal interesse é analisado a partir
pai pode pagar. Analisando-se essa história, conclui-se que
de duas dimensões, quais sejam: utilidade e necessidade.
estão presentes as condições da ação. Se, ao longo do
Relaciona-se com a causa de pedir. Há interesse de agir
processo, ficar provado que o autor não é filho de Paulo, o
quando o processo for necessário e útil ao demandante.
juiz não extinguirá por carência, mas decidirá pela
Caracteriza-se pela necessidade e utilidade da demanda.
improcedência do pedido.
A utilidade só pode ser alcançada por meio de uma
Ex. 2: uma pessoa amiga do gerente do banco lhe
ação (daí a necessidade). O processo deverá ainda ser
empresta dinheiro. Aquele que emprestou ajuizou ação
necessário à obtenção do proveito almejado, o que justifica
contra o banco, afirmando que o dinheiro foi emprestado
a necessidade de se comprovar a resistência do réu à
ao funcionário do banco. Nesse caso, não estão presentes
pretensão do autor.
as condições da ação, porque o banco é parte ilegítima
(logo, carência de ação). Eis o caso de aplicação da teoria da Ressalta-se que nas ações necessárias, referida
asserção. necessidade não se questiona, porque a necessidade é
presumida (ações que veiculam direitos que somente
podem ser exercitados em juízo. Atualmente, como citado,
CONDIÇÕES DA AÇÃO é visto como pressuposto processual.
O CPC atual não mais menciona a categoria OBS.: existe uma corrente doutrinária, liderada
condição da ação. pela cátedra da USP, que identifica uma terceira dimensão
do interesse de agir, defendendo que ao lado da
O inciso VI do art. 485 do CPC/2015 autoriza a
necessidade e utilidade, deve-se ainda exigir a adequação
extinção do processo sem resolução do mérito pela
do provimento e do procedimento à utilidade pretendida.
ausência de “legitimidade ou de interesse processual.”
Há duas grandes diferenças em relação ao CPC/73.
3ª) Legitimidade “ad causam”: é uma aptidão ou
Primeiramente, não há mais menção à
poder conferido a alguém para conduzir validamente um
“possibilidade jurídica do pedido” como hipótese que leva a
processo em que se discuta determinada situação jurídica.
uma decisão de inadmissibilidade do processo. Observe que
A legitimidade SEMPRE é aferida pela relação jurídica
não há mais menção a ela como hipótese de inépcia da
litigiosa. Tenho de ver o que está sendo discutido para
inicial; também não há menção a ela no inciso VI do art. 485
poder verificar se a parte é legítima ou não. O sujeito pode
do NCPC, que apenas se refere à legitimidade e ao interesse
ter legitimidade para uma coisa e não legitimidade em face
de agir; além disso, criam-se várias hipóteses de
de outra coisa. A legitimidade é a pertinência subjetiva do
improcedência liminar do pedido, que poderiam ser
processo, da ação.
consideradas, tranquilamente, como casos de
impossibilidade jurídica de o pedido ser atendido.
A segunda alteração silenciosa é a mais Classificação da legitimidade (veremos as duas
importante. mais importantes)
O texto normativo atual não se vale da expressão 1ª Exclusiva e Concorrente:
“condição da ação”. Apenas se determina que, reconhecida
Há legitimidade exclusiva quando se atribui a
a ilegitimidade ou a falta de interesse, o órgão jurisdicional
legitimidade a apenas um sujeito, sendo essa a regra, uma
deve proferir decisão de inadmissibilidade. Retira-se a
vez que legitimidade é o titular do direito discutido.
menção expressa à categoria “condição da ação” do único
texto normativo do CPC que a previa. Por outro lado, há situações em que a legitimidade
é atribuída a mais de um sujeito, nesse caso, fala-se em
Também não há mais uso da expressão carência de
legitimidade concorrente (também chamada de co-
ação.
legitimação), como nos seguintes casos:
ações ajuizadas por qualquer condômino para proteção do
condomínio em juízo;
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ações ajuizadas em face do devedor por qualquer credor que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve
solidário; e ); e
Saber legitimação concorrente é indispensável para A falta de legitimação extraordinária gera decisão que
compreender o estudo do litisconsórcio unitário. não examina o mérito da causa.
Questões terminológicas:
2ª Ordinária e Extraordinária: 1- Legitimação extraordinária x substituição
Legitimação ordinária: é aquela atribuída ao sujeito processual: a maior parte da doutrina entende que essas
da relação discutida. Na legitimação ordinária há uma expressões sejam sinônimas. Entretanto, há quem entenda
coincidência entre o legitimado e o sujeito da relação que a substituição processual é apenas um exemplo, uma
jurídica discutida em juízo, ou seja, o legitimado ordinário espécie de legitimação extraordinária. Para esta última
está em juízo discutindo interesse próprio (autor coincide corrente, mais rigorosa, há substituição processual apenas
com credor, p.ex.); está em nome próprio defendendo a quando alguém age sozinho em juízo defendendo os
própria situação. É a regra. interesses do titular do direito. Assim, não haveria o que se
falar em substituição processual quando o titular do direito
Legitimação extraordinária: quando não há em litisconsórcio com o legitimado extraordinário (quando
coincidência entre o legitimado e o titular da relação isso acontece só haveria legitimação extraordinária e não
jurídica discutida em juízo; a parte não coincide com o substituição processual - esta segunda corrente é adotada
sujeito da relação discutida. por Barbosa Moreira e Alexandre Freitas Câmara);
Alguém está em juízo em nome próprio 2- Substituição processual (legitimidade
defendendo interesse alheio. Sempre que alguém estiver extraordinária) x sucessão processual: sucessão processual
em juízo defendendo interesse de outrem em nome é a troca de sujeitos no processo, a mudança subjetiva,
próprio, será um legitimado extraordinário. dessa forma, deve-se atentar para que o vernáculo
Exemplos de legitimação extraordinária: MP “substituição” não leve a uma interpretação equivocada.
quando pleiteia alimentos ao menor; e cidadão que propõe 3- Substituição processual (legitimidade
uma ação popular é um legitimado extraordinário extraordinária) x representação processual: na
(defendendo interesses da coletividade). representação processual alguém está em juízo em nome
Ademais, existem casos de uma pessoa estar em alheio defendendo direito de outrem. O representante está
juízo defendendo, simultaneamente, interesses próprios e em juízo em nome alheio, defendendo interesse alheio,
alheios, quando isso se der, a pessoa será legitimada logo, o representante não é parte do processo, apenas
ordinária-extraordinária. Ex: condôminos. representa o incapaz, que é a parte. Ex: alimentos x criança
(parte) x mãe (representante).
O legitimado extraordinário é a parte do processo, É tudo aquilo que deve existir para que o processo
embora não seja parte do litígio (podendo ser nasça.
condenado: pagamento de custas; litigância de má-fé; São os pressupostos para que o processo exista. Se
em relação a ele que se verifica a competência quanto à ele existe, nasceu. Tudo mais será um problema de
pessoa. Ex: OAB VS convênio justiça federal (e não validade. São três os pressupostos de existência, quais
estadual com argumento de que a relação é de sejam:
consumo);
1º) Capacidade de ser parte (também chamada de
A coisa julgada proveniente de um processo conduzido personalidade judiciária): é a aptidão de ser sujeito de um
por um legitimado extraordinário atinge ou vincula o processo. Aqui se tem a capacidade ou não se tem a
titular do direito (caso contrário, não se justificaria a capacidade. Tenho aptidão de ser parte de um processo e
legitimidade extraordinária). É um caso raro de coisa posso ser tida como ilegítima.
julgada ultra partes. Há exceções legalmente previstas,
como no caso da coisa julgada coletiva, que não Quem tem a capacidade de ser parte? Todos os
prejudica o titular do direito. É certo que para que a sujeitos de direito, ou seja, as pessoas físicas ou jurídicas, os
coisa julgada não vincule terceiro se faz necessária a entes despersonalizados, o nondum conceptus – o não
previsão expressa. Ex: art. 274, CC = (O julgamento concebido (a prole eventual), o espólio, o nascituro, o
contrário a um dos credores solidários não atinge os condomínio (não é pessoa jurídica nem pessoa física), a
demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos massa falida, uma tribo (não é pessoa jurídica nem pessoa
física).
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Os animais são sujeitos de direito ou são objetos de réu. Ademais, como compreender as sentenças que não citam o
sujeitos de direito? réu por meio de tal corrente?
b) réu sem capacidade: prosseguimento do feito à direito discutido. O curador especial tem a função de
sua revelia; e defender os interesses do curatelado. Ele não pode, p.ex.,
fazer acordo nem reconvir, contudo pode:
c) terceiro sem capacidade: exclusão dos autos ou
revelia, dependendo do polo em que se encontre. embargar a execução (isso pode, porque isso é defesa,
consoante súmula 196 do STJ: Ao executado que, citado
por edital ou por hora certa, permanecer revel, será
Capacidade processual das pessoas jurídicas nomeado curador especial, com legitimidade para
apresentação de embargos);
As pessoas jurídicas são processualmente capazes,
obviamente. Contudo, isso não é tão claro, pois muitas pode impetrar MS contra ato judicial; e
vezes falamos que estas pessoas agem por meio de seu
propor cautelar incidental.
representante. Todavia, isso pode levar à ideia que ela é
incapaz, tendo em vista que age por intermédio de
representantes.
Enfim, trata-se de múnus público e, consoante a
É certo que tal frase está incorreta, pois estas são Constituição Federal, a curatela especial por excelência é
“PRESENTADAS” em juízo, e não “representadas”, isto uma atribuição atípica da Defensoria Pública, uma vez que
porque, possuem capacidade processual, ao contrário não se relaciona com pessoas, necessariamente, carentes.
daquele que não possui essa capacidade, que deverá ser Na ausência de Defensoria Pública na Comarca ou na
integrada pela assistência ou representação. Na impossibilidade de sua nomeação, poderá ser nomeado
PRESENTAÇÃO não há dois sujeitos, mas sim, um único como curador qualquer pessoa capaz (na prática, o juiz
sujeito, numa relação orgânica, em que o órgão torna procura designar um advogado).
presente, corporifica a pessoa jurídica, os órgãos da pessoa
jurídica a tornam presente. É a relação orgânica que se
estabelece entre órgão e pessoa jurídica. Capacidade processual das pessoas casadas
OBS.: por óbvio, que a pessoa jurídica pode ser Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro
representada, numa audiência por meio de um preposto, para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo
por exemplo. Contudo, isso não tem nada a ver com a quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
capacidade processual. Assim, o proprietário da empresa § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para
não necessita de Carta de Preposição, eis que presenta a a ação:
pessoa jurídica, diferente dos funcionários dessa empresa. I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando
Da mesma forma, o promotor presenta, e não representa o casados sob o regime de separação absoluta de bens;
MP. Idem o Presidente ao falar quem fala é o Brasil.
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os
cônjuges ou de ato praticado por eles;
Curador especial III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a
bem da família;
O curador especial é o representante de um
incapaz processual (tão-somente processual). Não se deve IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição
confundir com o curador que representa o interdito nos ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os
cônjuges.
diversos atos da vida civil. O curador especial é um
representante nomeado para atuar somente para § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do
determinado processo, designado por um juiz nos casos autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de
previstos no art. 72, do NCPC. Trata-se de um composse ou de ato por ambos praticado.
representante ad hoc (ou curador à lide ou curador § 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável
especial). comprovada nos autos.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser
suprido judicialmente quando for negado por um dos cônjuges sem
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os
justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a
incapacidade; Parágrafo único. A falta de consentimento, quando
necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo.
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital
ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado. a) Peculiaridades no pólo ativo (art. 73, caput, do NCPC):
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela se o autor for casado, apenas poderá propor ação real
Defensoria Pública, nos termos da lei. imobiliária com o consentimento de seu cônjuge, salvo se o
casamento for em regime de separação absoluta (art. 1.647,
O curador não é a parte do processo, mas apenas CC).
um representante desta, que é o curatelado (o curatelado
que é a parte do processo), assim, não poderá dispor do
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CC - Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos Há casos, porém, em que se atribui aos leigos, a
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da capacidade postulatória, como no:
separação absoluta:
a) HC; b) Revisão criminal; c) JEC’s em primeira
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
instância e até 20 salários mínimos; d) Justiça do trabalho;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; e) Governadores de Estado para propositura da ADI ou ADC;
III - prestar fiança ou aval;
f) Ação de alimentos (o alimentando pode assinar o pedido
de alimentos sem advogado; no entanto, precisa de
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou advogado para prosseguir acompanhando o processo); e g)
dos que possam integrar futura meação. Mulher vítima de violência doméstica ou familiar poderá
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos pedir as medidas protetivas independente de advogado
quando casarem ou estabelecerem economia separada. (para medidas de urgência – depois deve contratar);
A necessidade de consentimento (outorga OBS.1: natureza do ato praticado por não advogado o
termo datado) não impõe um litisconsórcio necessário ato praticado por não advogado quando exigida a presença deste,
ativo, mas tão-somente a referida anuência. Ex: filha pede é ato nulo. Trata-se de ato praticado por incapaz, logo, ato nulo
para o pai o consentimento para sair com amigas (isso não (art. 4º, do Estatuto da Ordem).
significa que o pai tenha que ir junto com ela e amigas!).
Eventual litisconsórcio será meramente facultativo. OBS.2: ato praticado por advogado sem procuração o
Prova disso, é que o cônjuge que pretende propor a ação advogado é capaz para a prática do ato, mas nesta situação, isto é,
poderá requerer ao juiz da Vara da Família (conforme o art. sem procuração, não há falta de capacidade postulatória. Nesse
74, do NCPC, bem como o art. 1.648, CC) o suprimento do caso há capacidade postulatória, mas falta a outorga de poderes,
consentimento, caso este não possa ser dado pelo outro ou seja, a representatividade. Nesse caso, estaríamos diante de
cônjuge por certa impossibilidade ou ainda em caso de um ato existente e válido, que não poderá produzir efeitos
recusa de consentimento sem justo motivo. (ineficaz) em relação ao suposto cliente, salvo se este ratificar o
ato (art. 662, do CC). Enfim, o ato para o suposto representado é
OBS.1: O NCPC estendeu tal regra para a união estável (art. 73, ineficaz, salvo se este o ratificar.
§ 3º).
CC Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha
OBS.2: o art. 1.649, do CC, prevê que o ato será anulável se mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em
praticado sem consentimento. Outrossim, poderá ser decretada a pedido
relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os
do cônjuge preterido ou dos herdeiros, o que significa dizer que o juiz não
poderá decretar referida nulidade ex officio. ratificar. Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou
resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato.
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mas não sabe se vai melhorar – diferentemente das causas de massa, naquelas situações repetitivas, tais como,
determinantes (ex.: contestação, produzir prova, recurso, as dos segurados, dos poupadores, dos contribuintes etc.
alegar etc.).
OBS.: Todo litisconsórcio por afinidade é simples
Tais condutas repercutem no litisconsórcio. (sempre, sem exceção) e se relaciona com as causas de
Vejamos: massa e com as causas repetitivas. Aqui SÓ SIMPLES.
1ª) A conduta determinante de um litisconsorte O NCPC traz essa classificação em seu artigo
não prejudica o outro. Note-se que no litisconsórcio 113:
unitário, a conduta determinante apenas será eficaz se
o inciso I trata do litisconsórcio por comunhão;
praticada por todos (ex.: no caso de desistência, deverá
haver anuência de todos os litisconsortes para que o ato o inciso II do litisconsórcio por conexão; e
produza efeitos). No litisconsórcio simples, não vale essa
o inciso IIII, do litisconsórcio por afinidade.
regra, nada impedindo, por exemplo, a renúncia de apenas
um dos litisconsortes. Aqui a conduta daquele que a prática Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo
o atinge; processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
2ª) No litisconsórcio unitário a conduta alternativa de I - entre elas houver comunhão de direitos ou de
um dos litisconsortes, beneficia o outro, tendo em vista se tratar obrigações relativamente à lide;
de uma única relação jurídica e indivisível; e II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela
3a) No litisconsórcio simples, a conduta alternativa de causa de pedir;
um dos litisconsortes, não beneficiará os demais. III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de
fato ou de direito.
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Outra classificação, consoante a obrigatoriedade I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a
de sua formação: todos que deveriam ter integrado o processo;
a) Necessário (aquele de formação obrigatória); ou II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não
foram citados.
b) Facultativo (opcional).
NCPC - art. 114 diz que o litisconsórcio necessário
quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a INTERVENÇÃO IUSSU JUDICIS
eficácia da sentença depender da citação de todos que É a intervenção de terceiro no processo por
devam ser litisconsortes ou por expressa previsão legal. determinação do juiz, para que ele passe a fazer parte do
O Litisconsórcio necessário por força de lei é processo. No CPC de 1939, havia disposição expressa deste
simples. Exemplos de litisconsórcio necessário por força de instituto. O juiz poderia trazer o terceiro que ele entendesse
lei (que é simples): dever fazer parte do processo, de uma forma ampla. O CPC
de 1973 eliminou a previsão da intervenção iussu judicis.
Ação usucapião de imóveis; e
Há quem afirme que a intervenção iussu judicis teria
Ação de demarcação de terras. sido redimensionada, nos termos do parágrafo único do art.
Contudo, nada impede que litisconsórcio 115 do NCPC Nos casos de litisconsórcio passivo
necessário seja SIMPLES e não unitário, nos casos de necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a
expressa previsão legal. Exemplo: qualifique o litisconsórcio citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do
na oposição (terceiro propõe ação em face de autor e réu). prazo que assinar, sob pena de extinção do processo.
Que tipo? Passivo, necessário e, portanto, simples. Ou seja, a intervenção iussu judicis estaria limitada
Dica: necessário por força de lei simples. ao litisconsorte necessário não citado.
Nem todo necessário é unitário, uma vez que Ocorre que, a prática forense passou a revelar uma
quando o for por disposição legal, poderá ser simples. Nem necessidade de autorizar o juiz a trazer outros sujeitos ao
todo litisconsórcio facultativo, será simples, podendo ser processo, além dos litisconsortes necessários não citados,
unitário quando em razão da natureza do pedido. como nos casos do litisconsórcio unitário.
Em suma: inexiste litisconsórcio necessário ativo Poderá ter duas acepções: 1ª) É sinônimo de
tendo em vista que a recusa de um litisconsorte não pode assistência litisconsorcial; e 2ª) É um litisconsórcio
impedir o direito fundamental de ir a juízo do outro, e ainda facultativo ulterior ativo simples. Ex: causas repetitivas VS
porque, por outro lado, ninguém é obrigado a ir a juízo. tributo VS João - diz que não quer pagar tal tributo e juiz
concorda. José que está numa situação semelhante e entra
Ex: “A” demanda contra “C”; aí o juiz deve intimar neste processo e pede a liminar. O que ele faz? Pede para
“B” a fim de dar ciência do processo e se quiser tomar ser litisconsórcio ativo, ulterior, simples (relações distintas
medida cabível, pois é caso de litisconsórcio necessário embora afins) e facultativo.
ativo, assim, será afetado, pela sentença de A vs C. Logo, B
deve ser intimado, estar ciente do processo. Isso é lícito? Em regra, essa segunda acepção,
sempre ocorre após a concessão da liminar, razão pela qual
Qual a consequência da falta de citação no não é lícita e não se admite, uma vez que desrespeita o
litisconsórcio necessário? Depende. Se unitário e um princípio do juiz natural. Contudo, há quem admita essa
não for citado, a sentença é nula. Se simples e um não intervenção como homenagem à economia processual e à
for citado, a sentença contra aquele que foi citado é igualdade, como é o caso de Cassio Scarpinella Bueno e
válida e contra aquele que não foi citado a sentença é Leonardo Greco. Isso é reflexo das causas repetitivas.
ineficaz.
Por fim, ressalta que a lei do MS, parágrafo 2º, art.
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a 10 reabre a discussão em tela. Vejamos: Art. 10. A inicial
integração do contraditório, será: será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando
não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar
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algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao
legal para a impetração. ... § 2o O ingresso de litisconsorte requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o
ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. incidente, sem suspensão do processo.
OBS.: frisa-se que, em junho de 2003, o STF ao julgar o No litígio entre “A” x “B”, “C” requer o ingresso
HC 82424, referente ao caso Elwanger, cidadão acusado da prática como assistente, uma vez que guarda uma relação jurídica
de crime de racismo contra a nação judaica. Em sua defesa, a com “A”, que poderá ser prejudicada pela sentença do
parte alegou que ser “antissemita” não seria ser racista, eis que a
processo principal, ou seja, “C” tem interesse próprio que
raça humana não se subdivide em raças. O STF, por 8 votos contra
poderá ser afetado pela lide.
3, decidiu que o crime de racismo é um crime contra as diferenças,
contra a intolerância e não contra a raça. É preciso defender a Ex1: condômino pedindo para intervir em uma
diferença. O fundamento desses três votos não foi no sentido da ação proposta por outro condômino. Assim, ele entra
defesa do acusado, de que a raça judaica não seria raça, mas sim
dizendo que é também é titular.
no sentido que ele estaria apresentando suas idéias em suas
obras, logo, em razão do direito de liberdade de expressão, o Ex2: imaginem que “A” seja substituto processual
mesmo deveria ser absolvido. Nesse julgamento, foi admitida a de “C”, portanto, “A” defende interesse de “C” em juízo
intervenção do amicus curiae, embora a figura não seja prevista do (“C”, portanto, é o substituído). É claro que o substituído
CP ou no CPP. Essa observação é importante para explicar a fase poderá intervir com interesse forte. O direito em jogo é de
atual. Vejamos:
“C” e “A” é um legitimado extraordinário. A intervenção do
Assim, atualmente, defende-se o cabimento de substituído sempre é por interesse forte.
amicus curiae em qualquer processo, desde que se trata de
Tais exemplos são:
um processo relevante e que o amigo da corte tenha
representatividade, principalmente em ações coletivas, o O terceiro sempre poderá intervir quando tiver interesse
que gera um caráter mais democrático. forte, sendo que esse grau de interesse origina a assistência
litisconsorcial, caso em que o assistente litisconsorcial se torna
Atualmente, o amicus curiae é admitido na Lei da litisconsorte do assistido. O assistente não está subordinado ao
Súmula vinculante, no julgamento de recursos repetitivos assistido, sendo também um protagonista da lide (ele também é
no âmbito do STJ e do STF. E tais recursos podem advir de parte; não há diferença hierárquica entre eles). A assistência
qualquer processo. litisconsorcial gera litisconsórcio unitário, em regra, no pólo ativo.
Assim, a assistência litisconsorcial é um litisconsórcio facultativo,
se unitário (se vincula a coisa julgada), ou ulterior, geralmente
ativo.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS EM ESPÉCIE
Vamos adotar a seguinte legenda para tal tema:
2) interesse fraco/indireto/mediato
A – será o autor B – será o réu C – será o terceiro
“C” requer seu ingresso na lide para auxiliar “B”,
tendo em vista ter uma relação com este, diferente daquela
1) ASSISTÊNCIA discutida em juízo que, entretanto é com ela conexa. Assim,
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o o interesse de “C” é indireto, eis que sua relação com “B”
terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma poderá sofrer efeitos reflexos com a sentença proferida na
delas poderá intervir no processo para assisti-la. demanda de “A” x “B”. Ex.: Ação de despejo de “A” x “B”,
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer sendo “C” sublocatário deste.
procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o
processo no estado em que se encontre. Este grau de interesse (chamado de interesse
REFLEXO) gera a chamada assistência simples, em que o
É uma forma de intervenção espontânea que pode assistente simples não será litisconsorte do assistido, mas
ocorrer enquanto o processo estiver pendente e pode simples auxiliar deste, estando subordinado à sua vontade.
ocorrer em qualquer dos pólos do processo com a Se o assistido desistir, renunciar ou transacionar, o
finalidade de auxiliar uma das partes naquilo que ela quer. assistente nada poderá fazer por estar subordinado à
O assistente não traz ao processo pedido novo, apenas vontade do assistido. Dessa forma, o assistente simples é
adere ao pedido formulado pelo assistido. Para que o um legitimado extraordinário subordinado (ele não é
sujeito intervenha como assistente ele precisa demonstrar litisconsorte).
que possui interesse jurídico na causa; pressupõe que o
assistente tenha com a causa interesse jurídico, e não Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da
parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos
moral, não sentimental nem econômico.
mesmos ônus processuais que o assistido.
O que é esse interesse jurídico que justifica a Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo,
assistência? Há duas dimensões que de interesse jurídico omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto
que justifica a assistência; o interesse jurídico que justifica a processual.
assistência se divide em dois graus:
Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte
1) interesse forte/direto/imediato principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação,
renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o
direitos controvertidos.
assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o
adversário do assistido.
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Se o assistido for revel, o assistente pode contestar 2) INTERVENÇÕES ESPECIAIS DOS ENTES PÚBLICOS
por ele. Se o assistido desiste, manifesta sua vontade, o (9.469/97)
assistente fica vinculado; agora se ele permanece inerte o
Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que
assistente pode ajudá-lo, contestando por ele. figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas,
O STJ vem decidindo bastante sobre o seguinte sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
tema: assistido não recorreu, mas o assistente recorreu. A Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público
lei permite que o assistente supra as falhas. Mas o STJ poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que
entende que este recurso do assistente não deve ser indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da
examinado, pois o assistido ao não recorrer teria aceitado a demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de
decisão. Assim, só será aceito o recurso do assistente se o fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais
reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer,
assistido também recorrer. Não há súmula, mas existem
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão
vários julgados que mostram a posição do STJ.
consideradas partes.
O assistente litisconsorcial se submete à coisa 2.1. art. 5º, caput: é uma forma de intervenção
julgada, ao contrário do que ocorre com o assistente espontânea, que pode se dar a qualquer tempo, em
simples, que se submete a outra espécie de eficácia qualquer dos pólos, sem agregar pedido novo, exclusiva da
preclusiva, em um sentido mais forte do que a coisa julgada União, e que dispensa demonstração de interesse jurídico,
(vincula o dispositivo da decisão), e em outro sentido, mais cabível quando o processo envolver entidade autárquica,
fraca do que esta. Essa eficácia se denomina eficácia da empresa pública ou sociedade de economia mista federal.
intervenção; eficácia preclusiva da intervenção ou
submissão à justiça da decisão. A eficácia da intervenção 2.2. art. 5º, parágrafo único: é uma forma de
submete o assistente aos fundamentos da decisão contra o intervenção espontânea, que pode se dar a qualquer
assistido (e não vincula ao dispositivo da decisão que tempo, em qualquer dos pólos, sem agregar pedido novo,
transitou em julgado). que poderá ser requerida por qualquer Pessoa Jurídica de
Direito Público, cabível em qualquer processo,
Enquanto a coisa julgada apenas poderá ser revista imprescindível de interesse econômico do ente Público,
por meio de ação rescisória ou anulatória, a superação da com objetivo de prestar informações ao Juiz. Em razão
eficácia da intervenção se dá de forma mais simples, desta última característica, muitos autores defendem se
podendo o assistido propor nova demanda desde que tratar de uma intervenção de amicus curiae.
demonstre que não pode influenciar na decisão do processo
onde atuou como assistente, ou que o assistido ignorou
provas que poderiam interferir na sentença. Esses casos em 3) ALIENAÇÃO DA COISA OU DO DIREITO
que o assistido se esquiva da eficácia da intervenção se LITIGIOSO
denominam “exceptio male gestis processus” ou defesa de
má-gestão do processo. Vamos adotar a seguinte legenda para tal tema:
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em A – será o adversário dos dois abaixo
que interveio o assistente, este não poderá, em processo
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar B – será o alienante ou cedente (dou exemplo aqui
que: do réu como alienante, mas qualquer parte pode ser, isto é,
o autor também poderia sê-lo).
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas
declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir C – será o adquirente ou cessionário
provas suscetíveis de influir na sentença;
É possível a alienação de coisa ou direito litigioso,
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das já que se assim não fosse, as empresas em dificuldade não
quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. poderiam se recuperar, por exemplo. No caso dessa
alienação, aquele que adquire o bem ou direito, será o
adquirente ou cessionário; aquele que aliena o bem será o
Tal artigo só se aplica a assistência SIMPLES. alienante ou cedente; já a outro demandante será o
O STF, este ano, admitiu uma assistência simples adversário comum daqueles dois.
em que o assistente, que se tratava de um Sindicato, não O alienante não perde a legitimidade ad causam,
possuía interesse próprio ou reflexo na lide, já que estaria ou seja, continua sendo parte legítima para figurar no
defendendo os interesses da categoria. Ou seja, o que se processo. O adquirente, por sua vez, poderá interferir no
admitiu foi uma intervenção de um legitimado coletivo em processo, já que a coisa julgada lhe atingirá diretamente,
uma ação individual para a formação do precedente podendo requerer seu ingresso na lide no lugar do
jurisdicional, sob o fundamento de haver interesse na alienante (sucessão). Para tanto, a anuência do adversário
formação desse precedente. comum será imprescindível.
Se o adversário comum concorda com a sucessão,
o alienante poderá deixar o feito, ou nele permanecer a
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título de assistência simples para auxiliar o adquirente a reconhecer a procedência do pedido, contra o outro
obter uma sentença favorável, o que, reflexamente, afasta a prosseguirá o opoente.
evicção.
Caso a oposição seja admitida, ela será apensada
Se o adversário comum não concordar com a troca, aos autos e tramitará simultaneamente à ação originária,
o adquirente pode intervir como assistente litisconsorcial sendo ambas julgadas pela mesma sentença. Porém, se a
do alienante, já que intervirá para defender direito próprio, oposição for proposta após o início da audiência de
nesse caso ocorre um fenômeno interessante: o alienante instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da
permanece no processo defendendo interesse do produção das provas, salvo se concluir que a unidade da
adquirente, logo, permanece no feito atuando como um instrução atende melhor ao princípio da duração razoável
legitimado extraordinário superveniente. do processo.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato Como cabe ao juiz decidir simultaneamente a
entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das ação originária e a oposição, deverá conhecer desta em
partes. primeiro lugar, tendo em vista que a sua solução interfere
§ 1o O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em diretamente no resultado que terá a primeira ação.
juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a
parte contrária.
§ 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no INTERVENÇÕES PROVOCADAS
processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente. 5) CHAMAMENTO AO PROCESSO
§ 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as - É uma forma de intervenção provocada sempre
partes originárias ao adquirente ou cessionário.
feita pelo réu;
Quanto ao terceiro de boa-fé, sendo a coisa
- É sempre facultativa;
litigiosa um imóvel, caberá ao autor da ação averbar na
matrícula a pendência da ação. - Típico de ações de conhecimento (não cabe em
execução. Aliás, pergunta clássica de concurso);
- Nos casos em que o chamado é devedor solidário
4) OPOSIÇÃO
do chamante (o réu demandando chama ao processo
O Novo CPC reformulou a Intervenção de terceiros, outrem que responde solidariamente com ele). O
não prevendo mais como uma de suas modalidades a chamamento ao processo pressupõe solidariedade entre
Oposição e a Nomeação a Autoria, que , porém, chamante e chamado. O chamante e o chamado são
continuam existindo, mas com outra natureza jurídica. Por devedores solidários em face do autor. Assim:
outro lado, o novo Código manteve a Assistência, a Esquema gráfico:
Denunciação a Lide, o Chamamento ao Processo e
acrescentou o Incidente de Desconsideração da AB
Personalidade Jurídica e o Amicus Curiae, que estão
disciplinadas do art. 119 ao art. 138.
C
Neste post trataremos da Oposição, que, no que
pese não ser mais considerada uma modalidade de Logo, B VS C tem também uma relação com A. Traz
Intervenção de Terceiros, assim o era classificada no ao processo também alguém que deve ao autor.
CPC/73, que tratava da matéria do art. 56 ao art. 61. Já no Art. 130, NCPC. É admissível o chamamento ao processo,
Novo CPC, vem prevista no Título III, Capítulo VIII, art. 682 requerido pelo réu:
ao 686, como procedimento especial.
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou
Procedimento: alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir
A Oposição será cabível quando
de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
alguém pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito
sobre que controvertem autor e réu, até ser proferida a
sentença, devendo ser as ação dirigida a ambas as partes, e
1ª O fiador (chamante) pode chamar o devedor
terá como seus requisitos os exigidos para a
(chamado), mas o devedor demandado não pode chamar o
respectiva demanda. Como é distribuída por dependência,
fiador; CUIDADO ÀS VEZES – INVERTEM. Só vale esta
serão os opostos citados, na pessoa de seus respectivos
ordem: F e D OBS.: O devedor demandado não poderá
advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15
chamar à lide o fiador, já que não tem ação de regresso
(quinze) dias, não havendo que se falar em prazo dobrado,
contra este, salvo se o fiador seja com ele solidário por ter
pela existência de advogados distintos. Se um dos opostos
renunciado ao benefício de ordem.
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cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo
integrar o contraditório. domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa
exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a
O STJ generalizou. indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no
“Obrigatoriedade” da denunciação da lide (a processo.
denunciação é imprescindível ao exercício do direito de § 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma
regresso?) quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser
promovida ou não for permitida.
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Juiz Federal: Juiz Federal da seção judiciária de (estado- Art. 293, NCPC. O réu poderá impugnar, em preliminar da
membro) – subseção de (cidade). contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de
preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a
complementação das custas.
4º Qualificação das partes:
Autor: pessoa física. Deve-se informar todos os 8º. Requerimento de produção de provas que
dados do indivíduo, tais como: nome completo, endereço, pretende utilizar. OBS.: no Mandado de Segurança (MS) só
profissão, estado civil, CPF, existência de união estável, cabe prova documental, logo, não cometer o erro de numa
endereço eletrônico, domicílio e residência. Já a pessoa petição de MS pedir todo tipo de “produção de prova”;
jurídica deve ser qualificada pelo tipo de pessoa jurídica:
sociedade empresária; sociedade simples; pessoa de direito
público; autarquia federal; fundação; associação civil etc., 9º. Toda petição deve conter todos os documentos
bem como a sede e o CNPJ. Quanto ao nascituro: deve-se indispensáveis à propositura da ação. Temos dois tipos de
qualificá-lo como “nascituro de (nome da mãe)” e aí se documentos indispensáveis à propositura da ação: 1º tipo:
qualifica tal mãe. documento indispensável por força de lei, como p.ex.: a
Réu: Caso não disponha das informações previstas procuração, o título executivo na execução, a prova escrita
acima, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz na ação monitória; e 2º tipo: documento que se torna
diligências necessárias a sua obtenção. O juiz possui indispensável porque o autor faz referência a ele na inicial
poderes de requisitar tais informações de órgãos públicos (caso o documento não esteja sob a posse do autor, deverá
como, por exemplo, a receita federal. Se, entretanto, faltar requerer, na própria inicial, sua exibição).
tais informações, mas for possível a citação do réu, a Art. 320. A petição inicial será instruída com os
petição inicial não será indeferida. Também a petição inicial documentos indispensáveis à propositura da ação.
não será indeferida pelo se a obtenção de tais informações
tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à
justiça. 10º. A opção do autor pela realização ou não de
audiência de conciliação ou de mediação.
5º. Causa de Pedir: fatos e fundamentos jurídicos
do pedido (adiante). Possíveis manifestações do juiz:
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses O indeferimento da inicial poderá ser total ou
legais em que se permite o pedido genérico; parcial, sendo que neste último caso, o processo mantém
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a seu curso normal em relação à parte válida, razão pela qual,
conclusão; contra a decisão de indeferimento parcial caberá recurso
de Agravo de Instrumento (todo agravo permite retratação;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
na apelação é diferente).
a) Inépcia da Inicial (art. 330, I): é um defeito da
Se a causa for de competência originária de
inicial relacionado ao pedido ou à causa de pedir. Inépcia é
Tribunal, como uma ação rescisória, o indeferimento parcial
sinônimo de inaptidão, sendo casos desse defeito os
poderá se dar por acórdão ou por decisão monocrática
previstos no art. 330, parágrafo primeiro do NCPC:
proferida por relator, sendo que neste último caso caberá
Falta de pedido ou de causa de pedir Agravo Interno ou Regimental. Se a decisão decorrer de
(também quando esses forem obscuros).
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acórdão, caberá RO ou RE conforme o caso (menos III - entendimento firmado em incidente de resolução de
apelação). demandas repetitivas ou de assunção de competência;
São hipótese que levam a extinção do processo § 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do
trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
com julgamento de mérito antes da citação do réu.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5
a) em razão do reconhecimento da prescrição ou
(cinco) dias.
decadência legal do direito do autor (recordando que a
decadência convencional não se opera de ofício, o juiz não § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o
pode reconhecer de ofício): prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não
houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar
Historicamente, a prescrição era matéria alegada contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
pelo réu, não podendo ser conhecida de ofício.
O CCB/02, por sua vez, previu que a prescrição
A apelação nos casos do art. 332, também permite
poderia ser conhecida de ofício se favorecesse a
retratação que se dará, também, no prazo de 05 dias. A
absolutamente incapaz. Em 2006, a Lei 11.280, revogou o
apelação subirá ao Tribunal COM as contrarrazões do réu
art. 194 do CCB que trata do assunto, e passou a prever que
caso o juiz não se retrate.
o juiz poderia conhecer de ofício qualquer prescrição. Em
uma interpretação literal, atualmente, cabe improcedência Não há qualquer inconstitucionalidade no artigo,
prima facie por qualquer prescrição. tendo em vista que a decisão é favorável ao réu.
Essa novidade apresentada pelo CPC tem sido
bastante criticada, não se aplicando, por exemplo, na
Pedido
Justiça do Trabalho, já que a decisão seria desfavorável ou
trabalhador. Alexandre Câmara chega a dizer que a regra é Estabelece o objeto do processo, sendo que a
inconstitucional por violar a autonomia privada, já que em doutrina o divide em pedido imediato (que corresponde ao
sendo o direito disponível, o réu poderia renunciar à pedido de decisão, de julgamento, de providência
prescrição e pagar seu débito. Para Fredie Didier, caberia jurisdicional, de conteúdo puramente processual) e pedido
essa prescrição de ofício apenas em relação a direitos mediato (é o que se busca alcançar com o processo, o bem
indisponíveis. da vida que se pretende).
Analisando o artigo pelo ponto de vista processual,
de acordo com o texto literal da lei, sempre caberá
1. Requisitos:
improcedência prima facie em razão de qualquer
prescrição. a) Certo/expresso: ser expressamente deduzido na
inicial, em razão do Princípio da Congruência. A
OBS.: lembrar que prescrição e decadência são
interpretação do pedido considerará o conjunto da
matérias meritórias e, assim, reconhecidas pelo juiz,
postulação e observará o princípio da boa-fé. (art. 322, § 2º
acarretarão a extinção do processo com julgamento de
do NCPC).
mérito.
Contudo, há casos excepcionais em que se admite
pedido implícito, ou seja, se admite como formulado um
b) Improcedência em causas que dispensem a fase pedido que não foi formulado. Admite-se considerar como
instrutória (art. 332, NCPC): quando se tratar de causas que deduzido um pedido implícito. É raro, mas se admite, tais
se dispense dilação probatória e que o pedido contradiga como:
precedentes dos tribunais. Não há motivo para citar o réu.
Condenação a honorários advocatícios
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o
juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente Aplicação de juros legais e correção monetária
improcedente o pedido que contrariar: Pedido relativo à obrigação de prestações periódicas –
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do as parcelas vincendas se reputam incluídas no pedido
Superior Tribunal de Justiça; (art. 323)
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou Condenação ao pagamento das verbas de sucumbências
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos; Pedido de alimentos provisórios na ação de alimentos
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Art. 322. O pedido deve ser certo. processo contém mais de um pedido, há cumulação de
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a pedidos. Diz-se que o processo tem objeto COMPOSTO.
correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os Poderá ser homogênea (quando a mesma parte
honorários advocatícios.
formula mais de um pedido) ou heterogênea (quando for
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da resultado de pedidos de vários sujeitos do processo/partes
postulação e observará o princípio da boa-fé. distintas. Ex.: reconvenção – caso de cumulação
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de heterogênea).
obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas A cumulação de pedidos poderá ser inicial ou
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa ulterior. Será inicial quando o processo já nasceu em
do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a
cumulação; já a ulterior (ou superveniente) se dá quando o
obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-
las ou de consigná-las. pedido surgir ao longo do processo. Ex: aditamento da
petição inicial, denunciação da lide feita pelo réu, oposição,
reconvenção, a conexão de causas pode gerar uma
b) Claro: se feito de maneira obscura, poderá gerar cumulação superveniente de pedidos.
a inépcia; A cumulação poderá ainda ser própria ou
c) Determinado: é aquele delimitado em relação imprópria.
ao quanto (quanto quer) e ao que se quer (dizer o que - Própria é a cumulação em que os pedidos
quer), enfim, é o pedido líquido. Todavia, há casos em que formulados possam ser examinados e acolhidos
se admite pedido genérico/ilíquido (art. 324, do CPC). simultaneamente. A cumulação própria, por sua vez, se
Art. 324. O pedido deve ser determinado. divide em:
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: Cumulação simples: os pedidos cumulados não
guardam relação de dependência entre si (ex.: dano moral e
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os
dano material);
bens demandados;
Sucessiva: o segundo pedido depende, ou está
As ações universais são aquelas que têm
atrelado à procedência do primeiro (ex.: declaração de
por objeto uma universalidade (um rebanho, uma
paternidade e alimentos).
biblioteca, um patrimônio). Não dá para individuar.
II - quando não for possível determinar, desde logo, as - Imprópria é a cumulação em que há vários
consequências do ato ou do fato; pedidos, mas apenas um poderá ser acolhido, em razão de
incompatibilidade entre eles. É regida pela conjunção “ou”.
Nas ações indenizatórias, o pedido poderá Poderá ser:
ser ilíquido quando não se puder dimensionar, desde logo,
as consequências do ilícito. Só cabe para pedido de Subsidiária ou eventual: a parte formula dois
indenização por dano moral se este for do tipo pedidos alternativos, demonstrando a preferência ou
“prolongado” (ao longo da demanda irá aumentar, tão- prioridade pelo acolhimento de um deles – ex.: anulação do
somente nestes casos). casamento ou divórcio. Nessa espécie de cumulação, o
pedido subsidiário apenas será analisado se o pedido
III - quando a determinação do objeto ou do valor da principal for rejeitado. Se o autor ganha apenas o pedido
condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
subsidiário poderá recorrer da decisão por ter sucumbido
réu.
em relação ao pedido principal ou preferencial. A
Quando o valor do pedido depender de cumulação eventual é figura simétrica e oposta à
um comportamento do réu, admite-se pedido ilíquido, cumulação sucessiva. Está prevista no art. 326, do NCPC.
como ocorre nas ações de prestação de contas.
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem
subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não
acolher o anterior.
d) Coerência /concludente: deve ser resultado da
causa de pedir, caso contrário, haverá inépcia. Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido,
alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
OBS.: a sentença deverá atender aos mesmos
Alternativa: não há hierarquia ou prioridade entre
atributos ou requisitos do pedido.
os pedidos (ex.: consignação em pagamento em razão da
dúvida quanto ao credor). Com o NCPC passou a ter
previsão expressa na lei. Se o autor ganha o 2º pedido; não
Cumulação de pedidos
poderá recorrer; pois aqui é possível ao juiz deferir um ou
Há cumulação de pedidos sempre que houver mais outro.
de um pedido formulado no mesmo processo. Se o
Não se deve confundir cumulação alternativa com
pedido alternativo, uma vez que este é o pedido de
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cumprimento de uma obrigação alternativa, previsto no art. instrumento da defesa. Todas as defesas são exercitadas na
325, do NCPC; é apenas um pedido de cumprimento de contestação, podendo ser cumuladas.
prestação alternativa, que por sua vez, possui mais de
maneira de ser adimplida (ex.: pagar com arroz ou feijão).
Exceção substancial:
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza
da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um Trata-se de um assunto de direito material (direito
modo. civil). Contudo, os civilistas em regra não aprofundam tal
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a matéria. Daí o porquê de estudarmos a matéria aqui em
escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de direito processual civil. Vejamos:
cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor
não tenha formulado pedido alternativo. A exceção substancial é um direito. É um direito
exercitado contra o exercício de um outro direito. É um
Na cumulação alternativa haverá mais de um direito que neutraliza outro direito. É um contradireito. Não
pedido, e apenas um será acolhido. nega o direito da outra parte (quem se utiliza da exceção
OBS.: essas espécies de cumulação poderão gerar: substancial).
A resposta do réu no processo civil é muito mais 2.o réu reconhece os fatos do autor, mas nega
que a contestação. Vejamos: reconhecimento da suas consequências jurídicas (a esta espécie de defesa,
procedência do pedido do autor; impugnação ao valor da denomina-se confissão qualificada).
causa; réplica, chamamento de terceiros; revelia; Tendo em vista que não se alega fato novo, o ônus
reconvenção; pedido de cancelamento de justiça gratuita da prova será exclusivo do autor, e não haverá réplica
do autor. Enfim, são alguns exemplos de defesa. (manifestação do autor acerca da contestação). Toda defesa
A contestação está para a defesa assim como a direta é de mérito, entretanto, nem toda defesa de mérito é
inicial está para a demanda. A contestação é um
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direta, como no caso das exceções substanciais, que são de O prazo é de 15 dias; o prazo para a Fazenda
mérito e indireta. Pública é dobrado, ou seja, 30 dias – mesmo que em
litisconsórcio – afinal, as regras não se somam;
Defesa indireta: o réu agrega fato novo, assumindo
litisconsórcio passivo com advogados diferentes de
o ônus de demonstrá-los. Toda exceção substancial é uma
escritórios de advocacia diversos o prazo é de 30 dias; réu
defesa indireta, assim como toda defesa de admissibilidade
patrocinado por defensor público também terá o prazo em
também o é. No caso de existência de defesa indireta, o
dobro (30 dias).
autor será intimado para replicar, será um direito do autor.
A contestação se submete a duas regras básicas ou
Ocorre o que se denomina de confissão complexa
pilares normativos, quais sejam:
quando o réu aceita os fatos do autor, mas traz fatos novos
modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do autor. 1ª regra CONCENTRAÇÃO DA DEFESA OU DA
EVENTUALIDADE: toda a defesa do réu deve ser deduzida
A confissão complexa é DIVISÍVEL, ou seja, o juiz
na contestação. O réu tem de formular todas as defesas
poderá aceitar apenas parte da confissão, negando outra,
para a eventualidade do que passar pela mente do juiz. Ex:
podendo, por exemplo, aceitar a confissão, mas negar a
não conheço o cara nem a dívida; caso entende que devo a
alegação. Em regra, a confissão é indivisível, sendo a
dívida, esta está prescrita. Este princípio/regra sofre duas
confissão complexa uma exceção. É a única confissão
mitigações.
cindível, consoante art. 395, do NCPC.
A primeira é a seguinte: existem defesas que por
Art. 395. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo
a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a expressa previsão legal devem ser feitas fora da
beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir- contestação, como no caso do impedimento e da suspeição.
se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de
Já a segunda mitigação está relacionada à defesa
constituir fundamento de defesa de direito material ou de
que pode ser deduzida depois da contestação, previstas no
reconvenção. (grifo nosso)
art. 342, do NCPC. Trata-se do artigo que permite o
“aditamento” da contestação.
c) Objeções e Exceções (em sentido estrito): Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir
Objeções: são as defesas que o juiz pode conhecer novas alegações quando:
de ofício (ex.: decadência legal; incompetência absoluta; I - relativas a direito ou a fato superveniente; (ex:
pagamento). pagamento)
Exceções em sentido estrito: são as defesas que o II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; (ex: objeções)
juiz não pode conhecer de ofício (ex.: decadência III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas
convencional; incompetência relativa; compromisso em qualquer tempo e grau de jurisdição. (ex: decadência
arbitral; as exceções substanciais, ressalvada a prescrição). convencional)
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§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos A Lei 9.469/97, nos termos do art. 3º, diz que
casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova quando o ente público federal for réu, só poderá consentir
ação depende da correção do vício que levou à sentença sem com a desistência do autor; caso o autor, além de desistir,
resolução do mérito.
também renunciar o seu direito.
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a
Nos processos de controle concentrado de
prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários
de advogado. constitucionalidade não se admite desistência.
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6ª hipótese de julgamento conforme o estado do Por intermédio do meio de prova. É a técnica que permite
processo – isso. Nesse sentido, são meios de prova: a perícia, a
inspeção, o depoimento, a juntada de documento.
Do Saneamento e da Organização do Processo
Não ocorrendo nenhuma das hipóteses anteriores, FONTE MEIO
deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização A testemunha é uma fonte de prova.
do processo: I - resolver as questões processuais pendentes,
O testemunho é um meio de prova.
se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais
recairá a atividade probatória, especificando os meios de
prova admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova,
observado o art. 373; IV - delimitar as questões de direito No Brasil, consoante o art. 369 do NCPC, vigora o
relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se princípio da liberdade dos meios de provas.
necessário, audiência de instrução e julgamento. NCPC, Art. 369. As partes têm o direito de empregar
todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda
Realizado o saneamento, as partes têm o direito de que não especificados neste Código, para provar a verdade dos
pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente
de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável. na convicção do juiz.
As partes podem apresentar ao juiz, para As provas podem ser produzidas por qualquer
homologação, delimitação consensual das questões de fato meio, mesmo que este não seja típico (não expressamente
e de direito, a qual, se homologada, vincula as partes e o regulado), os meios de prova podem ser atípicos.
juiz.
Limite das provas: as provas hão de ser lícitas. Os
Se a causa apresentar complexidade em matéria de meios de prova devem ser lícitos, pois existe regra
fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que constitucional que veda prova ilícita no processo (direito
o saneamento seja feito em cooperação com as partes, fundamental). Enfim, tal regra limita a liberdade da prova.
oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as O que é prova ilícita? É ilícita quando viola um direito. A
partes a integrar ou esclarecer suas alegações. proibição de prova ilícita compõe o devido processo legal. E
Caso tenha sido determinada a produção de prova este conteúdo do devido processo legal, o qual foi
testemunhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 construído no âmbito do processo penal, se estendeu ao
(quinze) dias para que as partes apresentem rol de processo civil (adapta-se o seguinte: mitiga-se a proibição
testemunhas. As partes devem levar, para a audiência de prova ilícita em favor do réu; no processo civil: tal
prevista, o respectivo rol de testemunhas. mitigação pode ocorrer em favor do réu ou do autor, ocorre
sempre a proibição de prova ilícita).
O número de testemunhas arroladas não pode ser
superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova 3ª. Prova como convencimento do juiz: a prova
de cada fato. Porém, o juiz poderá limitar o número de aqui é em sentido subjetivo; é a convicção do órgão
testemunhas levando em conta a complexidade da causa e julgador de que o fato afirmado existiu. Quando se fala que
dos fatos individualmente considerados. se provou algo, é dizer que convenceu o juiz de que aquilo
que foi falado é verdade. É a prova como resultado do
As pautas deverão ser preparadas com intervalo convencimento do juiz.
mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências.
FONTE MEIO RESULTADO
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local meta no processo, porque a verdade real inexiste. A
designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a verdade real é uma ideia; é inalcançável; é impossível saber
produção da prova. se a verdade é real ou não, porque o fato está no passado e
o direito de manifestar-se sobre a prova produzida; o passado só nos chega por intermédio de alguém, sempre
é preciso que haja alguém que nos fale sobre o passado,
o direito de exigir do juiz que se manifeste sobre a prova assim, a pessoa relata os fatos de acordo com as suas
produzida. circunstâncias, de acordo com o que elas são. A verdade
real não existe, é impossível a reconstrução precisa e exata
do passado.
O JUIZ E A PROVA
“O segredo da Verdade consiste em saber que não
Poder instrutório do juiz existem fatos, mas apenas histórias”.
No processo civil brasileiro, o juiz possui poder Anônima (alguns dizem que é de Voltaire). Tal frase foi
instrutório, podendo inclusive determinar a produção de extraída da epígrafe do livro “Viva o povo brasileiro” de João Paulo
provas ex officio. Esse poder não é complementar ou Ribeiro.
subsidiário, mas sim, poder paralelo ao das partes (art. 370, Assim, o processo não busca a verdade real, mas
do NCPC). sim, A VERDADE POSSÍVEL DE SER PRODUZIDA, a verdade
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da que baste para a produção de uma decisão justa.
parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão
Sistemas de apreciação da prova
fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
Como se controlar o poder de convencimento do
É irrelevante ao poder instrutório do juiz se o
juiz a fim de que não se dê margem a arbitrariedades ou
direito é disponível ou não.
abusos do juiz? Para tanto foram desenvolvidos três
ATENÇÃO: no processo penal a discussão tem outros sistemas de valoração das provas pelo juiz:
fundamentos (lá se discute muito se o juiz pode ou não
1º) Sistema do livre convencimento: avaliação das
produzir prova de ofício), contudo, no processo civil deve-se
provas livremente e intimamente, de acordo com o
ignorar tal discussão.
convencimento de cada juiz, sem qualquer tipo de limitação
ou fundamentação (sobrevive no tribunal do júri – no
processo civil foi abolida a convicção íntima).
Prova e verdade
2º) Sistema da prova legal: não cabe ao juiz, mas
Um dos grandes temas do direito probatório é
sim ao legislador, valorar a prova previamente (ex.:três
saber se a colheita de provas é um instrumento para que o
testemunhos a favor do autor enseja a procedência do
juiz alcance a verdade. Assim, quando o juiz determina a
pedido; no caso de testemunhos contraditórios entre um
produção de prova é para que aflore a verdade?
homem e uma mulher, prevalece o do homem;
Deve-se entender que o processo não é impossibilidade de condenação com base em um único
instrumento de revelação da verdade, mas sim um testemunho – “quem tem apenas uma testemunha, não
instrumento que permite se alcançar uma decisão justa tem testemunha nenhuma”).
fundamentada em uma verdade possível, coerente com o
3º) Sistema do livre convencimento motivado ou
desempenho das partes em demonstrar a verdade dos fatos
sistema da persuasão racional (art. 371, NCPC): o juiz se
por elas alegados, através do gozo das garantias
submete a limites na valoração da prova.
fundamentais como o contraditório, a ampla defesa e o
devido processo legal. NCPC, Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos
autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e
Ao longo da história, dividiram a verdade em real e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
a formal. A formal seria a verdade das partes. Os mais
antigos diziam que bastava a verdade que as partes Vejamos quatro limitações:
construíram (a verdade formal), contudo isso hoje não faz O devido processo legal, pois o juiz deve
mais sentido, pois o sistema que confere poder instrutório motivar a decisão; a decisão deve ser de acordo com aquilo
ao juiz é incompatível com a verdade formal. A verdade que foi construído processualmente nos autos; respeitar o
formal ou processual é tida como aquela produzida pelas contraditório; e proibição de prova ilícita.
partes no processo; já a verdade real, é considerada como a
correspondência precisa entre o ocorrido e aquilo que Regras de prova legal que ainda
consta nos autos. sobrevivem no sistema; o sistema ainda possui regras de
prova legal que funcionam como forma de limite à
A verdade real é a correspondência precisa entre valoração pelo juiz, como o contrato por valor acima de 10
aquilo que se diz e o que aconteceu. O processo civil se salários mínimos não poderá ser provado apenas por prova
pauta em qual verdade? A verdade real também não é uma testemunhal (art. 227, do CC):
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CC, Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova podem indicar que a testemunha está mentindo. As regras
exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos da experiência auxiliam o juiz a presumir, a fazer
cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo presunções. Presunção significa ter por ocorrido um
vigente no País ao tempo em que foram celebrados.
determinado fato. Essa conclusão de que o fato ocorreu é
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio uma decisão que se toma a partir de duas premissas:
jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou
1. Premissa maior que é a regra da experiência; e
complementar da prova por escrito.
2. Premissa menor que são os indícios.
É a racionalidade. O juiz deve se limitar
aos argumentos racionais, não podendo se decidir por
critérios/fundamentos de fé, crença religiosa (ex.: cartas A presunção é o resultado desse raciocínio.
psicografadas); de algo que não se possa ser objeto do
contraditório. Assim, prova de fé é ilícita, porque O que é um indício? Indício é um fato que, uma vez
insuscetível de contraditório. Por essa razão o sistema provado, leva a presunção da ocorrência de outro fato com
também é conhecido como sistema da persuasão racional. ele relacionado. O indício indica, ele aponta o outro fato.
Não existe decisão judicial em que não haja presunção.
Exemplos:
Sempre haverá presunção. O juiz vai examinar as provas e
Juiz que consulta Nossa Senhora; vê um testemunho de alguém que é ligado a pessoa – ele
Provas espíritas (carta psicografada); e presume que ela é parcial.
Juiz que consultava duendes é afastado nas Filipinas A presunção não é um meio de prova. A presunção
é a conclusão de um raciocínio, é o próprio convencimento
Um juiz filipino que dizia tomar decisões com a ajuda de
do juiz. É equivocado dizer: tal fato se prova por presunção.
duendes foi definitivamente afastado da magistratura pela
Meio de prova é o indício que leva a prova do outro fato. A
Suprema Corte do país, informou o jornal Philippine Daily Inquirer.
"Terminou sem final feliz o conto do juiz e os três duendes", presunção não é meio de prova.
brincou o jornal. A prova por indício é indireta ou indiciária. Indireta
Florentino Floro, 53 anos, havia sido afastado em março exatamente por isso. Não se produz a prova do fato que se
depois de revelar ter feito um pacto com três duendes - Armand, quer provar. Ex: quer provar o sono, e faz prova do bocejo.
Luis e Angel - para ver o futuro. Ele acrescentou que escrevia em O indício é um meio de prova, mas é também objeto de
transe e que havia sido visto por várias pessoas em dois lugares prova. Isso porque ele é um fato e como fato que é, precisa
distintos ao mesmo tempo. ser provado. O juiz só pode fazer uma presunção judicial se
Matérias na imprensa filipina afirmaram que toda sexta- houver prova do indício.
feira o juiz trocava a beca azul por negra, para "recarregar os
O indício é um fato conhecido (bocejo) que leva a
poderes psíquicos". Mas os argumentos não comoveram a
Suprema Corte, para quem tais poderes "não têm lugar" no prova de um fato desconhecido que não conseguiu obter
Judiciário. prova dele (sono). A presunção judicial que é a que o juiz faz
ao julgar, decorre do exame que o magistrado faz das
"Fenômenos psíquicos, mesmo assumindo que existam,
provas.
não têm lugar na determinação do Judiciário de aplicar apenas a
lei positivista e, na sua ausência, regras e princípios igualitários
para resolver controvérsias", diz a sentença.
OBJETO DA PROVA
As regras da experiência ou máxima da
experiência: a argumentação racional é limitada pela regra O que é que se busca provar em juízo? A prova
da experiência. O juiz não pode, ao valorar as provas, recai sobre o quê? A prova recai sobre fatos; os fatos
contrariar as regras da experiência. Ele não pode dizer que afirmados pelas partes. São as afirmações que as partes
não aceita as leis da gravidade, por exemplo. fazem sobre os fatos.
Além de limitar o livre convencimento motivado do O objeto da prova não são apenas os fatos
juiz, há mais três funções das regras da experiência: jurídicos. Prova-se: o fato jurídico e fato simples.
1. Auxiliar o juiz na valoração das provas; Ex: de fato simples = o tipo de náilon da rede de
proteção; a cor da camisa.
2. Ajudar o juiz a aplicar conceitos indeterminados. Ex.: preço vil;
e Para um fato ser objeto de prova ele tem que ter
três características:
3. Serve também como premissa maior para as presunções
judiciais. 1. Tem que ser um fato controvertido. Se for incontroverso não
pode ser objeto de prova;
2. Tem que ser um fato relevante para a causa. Não pode parar o
Por que o juiz quando vê a testemunha
processo para discutir um fato que não tem nenhuma
gaguejando, suando e se contradizendo não valora relevância para a causa; e
positivamente o que ela diz? A gagueira, a contradição etc.,
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3. Tem que ser determinado. Ou seja, delimitado no tempo e no Há uma tendência grande em se confundir fato
espaço. notório com regra ou máxima da experiência.
Essas são as características do fato probandum. Regra da experiência é um juízo abstrato que se faz
a partir da observação daquilo que normalmente acontece
de onde se extrai uma regra da experiência.
É possível ser objeto de prova o fato negativo?
Fato negativo é o não fato, é a não ocorrência. Claro. Tanto Imagine que se deixe um pincel cair no chão. Todos
fato negativo é objeto de prova que certidão negativa é poderão imaginar isso antes que se largue o pincel. Isso
meio de prova. Mas tem que se provar um fato porque se sabe que toda massa menor que a Terra é atraído
determinado. Tem como provar que não deu aula no por seu centro.
domingo, mas não tem como provar que nunca deu aula Não tem fato nenhum aqui. A gravidade é regra da
aos domingos. Não tem como provar que nunca foi à experiência e não fato notório.
Holanda, mas tem como provar que não estava lá na
semana passada. Água parada serve para o mosquito procriar. Essa
observação adveio da experiência.
Pode acontecer de a prova do fato ser impossível
ou muito onerosa. Quando a prova do fato é impossível de Não confundir regra da experiência com fato
ser produzida ou muito onerosa fala-se que há PROVA notório!!!
DIABÓLICA. Ex: a CF diz que é possível haver usucapião As regras da experiência, obviamente, não podem
especial em alguns casos. Só que nesses casos o sujeito só ser objeto de prova.
pode usucapir se não tiver outro imóvel.
Qual é a diferença do inciso II e III (confissão e
Como se prova que não tem outro imóvel no admissão)? Admissão é a não contestação. Quando não se
planeta? É nitidamente uma prova impossível, diabólica. impugna. Quem cala, admite. A confissão é expressa; a
Pode provar que não tem imóvel num estado, mas não no admissão é tácita. A confissão exige poder especial do
mundo todo. advogado; a admissão, não. A confissão é ato jurídico em
Tem que se provar a existência do Direito, a sentido estrito; a admissão é ato fato. A confissão pode ser
existência de uma lei? O Direito objeto de prova é o Direito apenas judicial; a admissão pode ser extrajudicial. O ponto
municipal, estadual, estrangeiro e costumeiro (ou em comum é que fato confessado e o fato admitido
consuetudinário). Se o direito é federal não precisa provar. dispensam prova.
Se o direito não for federal o juiz pode mandar que se prove Admissão Confissão
o teor e a vigência desse direito.
Tácita Expressa
NCPC, Art. 376. A parte que alegar direito municipal,
estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a Não exige poder especial do Exige poder especial do
vigência, se assim o juiz determinar. advogado advogado
Os fatos que dispensam prova estão no art. 374 do Ato fato Ato jurídico em sentido estrito
NCPC: Pode ser extrajudicial e judicial Pode ser apenas judicial
Art. 374. Não dependem de prova os fatos: Ambas dispensam prova
I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte Não dependem de prova, ainda:
contrária;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de
III - admitidos no processo como incontroversos; veracidade.
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou
O que é presunção legal? Não confundir
de veracidade.
presunção judicial com presunção legal. Presunção legal é
outra coisa.
Fato notório não pode ser objeto de prova. Não Presunção legal é uma regra jurídica que torna
tem sentido a produção dessa prova. determinado fato como fato existente/ocorrido. É uma lei
O problema é que fato notório é relativo que determina que aquele fato se repute como existente. A
territorialmente e temporalmente. lei toma o fato por ocorrido e se isso acontece, cabe ao juiz
aplicar a lei. Quando o juiz aplica uma presunção legal, ele
É notório no tempo e no espaço. está aplicando a lei. Não é fruto de valoração das provas.
Há uma relatividade do fato notório A presunção legal se divide em:
historicamente.
1. Absoluta ou iure et de iure; e
2. Relativa ou iuris tantum.
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Na presunção legal absoluta, a lei torna irrelevante O ônus da prova não vai dizer quem vai produzir a
a discussão sobre a existência daquele fato presumido. O prova. Qualquer um pode produzir a prova, até o juiz. As
legislador considera irrelevante discutir se o fato presumido regras vão dizer quem vai arcar, se as provas não são
ocorreu ou não. É aquele que não admite prova em sentido produzidas. O autor pode não fazer nada, mas se surge a
contrário. prova do que ele afirma, ele se desonera.
Ex.: cônjuge autoriza o outro para contrair dívidas As regras sobre ônus da prova são regras de
para fazer face às economias domésticas. A lei presume julgamento. O que significa isso? São regras que só serão
isso. Se for para as economias domésticas é presumida a aplicadas no momento em que o juiz sentenciar. Não são
autorização. Responde solidariamente sem discussão – art. regras de processo. São regras de julgamento, que auxiliam
1.643 do CC. Casou porque quis. o magistrado a decidir.
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de As regras sobre ônus da prova são regras de
autorização um do outro: aplicação subsidiária. O que significa isso? Só devem ser
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à aplicadas pelo juiz na falta de prova e se não for possível
economia doméstica; produzir novas provas. O juiz vai julgar e percebe que não
houve prova dos fatos. Se ele percebe que se for possível
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição
dessas coisas possa exigir.
produzir provas, ele manda instruir. Se ele percebe que não
tem prova e não há mais como produzir a prova, então ele
Ex.: aquele sujeito que compra imóvel em cuja terá que julgar pelo ônus da prova. Só não sendo possível
matrícula está averbada uma penhora presume-se produzir provas que o juiz irá julgar com as regras do ônus
conhecedor da penhora. Ele não pode dizer que não sabia da prova.
que o bem estava penhorado. É presunção absoluta de que
ele sabe - art. 844 do NCPC. Como compatibilizar um sistema que dá poder
instrutório ao juiz e permite julgamento pelo ônus da
NCPC, Art. 844. Para presunção absoluta de prova? Isso parece um pouco incompatível. Regra de ônus
conhecimento por terceiros, cabe ao exequente providenciar a da prova dá ao juiz uma tranquilidade de saber que se não
averbação do arresto ou da penhora no registro competente,
existem provas ele pode julgar utilizando tais regras. Mas o
mediante apresentação de cópia do auto ou do termo,
independentemente de mandado judicial.
poder instrutório dá poderes para ele produzir provas. Só
pode julgar pelo ônus da prova se não for possível produzir
Na presunção relativa o legislador toma o fato por provas. Se há como produzir provas, essas devem ser
ocorrido, mas admite prova em sentido contrário. Por isso produzidas com base no poder instrutório. Para que haja
que é uma presunção relativa. Se a outra parte quiser convenção sobre ônus da prova não pode versar sobre
provar que o fato não aconteceu isso é possível. direitos indisponíveis, nem se tornar excessivamente
Ex1.: a recusa ao exame de DNA gera presunção oneroso a uma das partes.
relativa de paternidade. Qual é a regra de ônus da prova do nosso código?
Ex2.: presunção relativa de veracidade da Art. 373. O ônus da prova incumbe:
declaração de pobreza. Quem se declara pobre e, portanto,
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
não pode pagar as custas do processo, há uma declaração
relativa dessa declaração. II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.
Ex3.: presunção que decorre do registro imobiliário
é relativa. O nome do sujeito que está no registro é o § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades
da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade
proprietário do imóvel, até que se prove o contrário.
de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade
Essa divisão em absoluta e relativa é própria das de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
presunções legais. Não das presunções judiciais. ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de
Qual diferença entre presunção e ficção legal? Na se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
ficção legal o legislador cria um fato como ocorrido,
§ 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar
sabendo que ele não ocorreu. Na presunção, o fato pode ou situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja
não ter ocorrido. impossível ou excessivamente difícil.
§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode
ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
ÔNUS DA PROVA
I - recair sobre direito indisponível da parte;
O que é ônus da prova? As regras sobre ônus da
prova estabelecem a responsabilidade pela falta de prova II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do
de determinado fato, ou seja, quem tem o ônus da prova direito.
arcará com as consequências se a prova não for produzida. § 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada
antes ou durante o processo.
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Regra: quem alega o fato tem o ônus da prova parte que agora recebeu um ônus que não tinha, possa se
desse fato. Essa regra é fixa e definida a priori. O legislador desvencilhar dele.
a priori diz que quem tem o ônus da prova é quem alega.
Há quem entenda que o juiz pode inverter o ônus
Ela é uma regra também inflexível e estática.
da prova na sentença.
A doutrina desenvolveu a teoria da distribuição
O art. 38 do CDC diz que há uma inversão legal do
dinâmica do ônus da prova ou carga probatória dinâmica.
ônus da prova, enquanto a do art. 6º seria uma inversão
De acordo com essa teoria, o ônus da prova deve recair
judicial do ônus da prova e a do art. 38 seria uma inversão
sobre quem possa no caso concreto se desincumbir dele.
legal.
Ou seja, o ônus da prova tem que ser distribuído a
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da
posteriori, caso a caso, de acordo com as peculiaridades do informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
caso concreto. É uma distribuição dinâmica, flexível, atenta
ao caso concreto. Se o consumidor alega que a publicidade é
enganosa, cabe ao fornecedor provar que ela não é
Essa teoria, que tem origem argentina, repercutiu enganosa. Não há inversão aí. Há apenas uma presunção
muito no Brasil. É um dos assuntos da moda. Existem legal relativa de veracidade do que o consumidor disser.
diversas decisões no STJ aplicando essa teoria. Presume-se que a afirmação é verdadeira. Outra regra
É a teoria atualmente adotada no NCPC. estática do ônus.
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Em toda sentença o juiz analisa questões mais fraco a depender da origem do precedente. Vara
incidentes na fundamentação e a questão principal, (que é longínqua x STF. Este é o efeito mínimo do precedente;
o pedido) no dispositivo.
Se um precedente for reiteradamente aplicado
Quando o juiz decide uma questão principal (no pelo Tribunal transforma-se em jurisprudência (que é a
pedido), o juiz estabelece a norma jurídica individualizada, reiteração na aplicação de um precedente). Quando a
ou seja, a norma no caso concreto. Ex.: João deve a José. A jurisprudência é dominante, ou seja, prevalece no tribunal,
norma jurídica individualizada se submete a coisa julgada ela pode gerar uma súmula.
que é a indiscutibilidade da norma jurídica individualizada.
Súmula é o texto da norma jurídica geral
Na fundamentação estão as questões incidentes, o construída a partir de um caso concreto e que vem sendo
juiz terá que identificar a norma jurídica geral do caso reiteradamente aplicada.
concreto.
Qual é a relação entre precedente e súmula? A
A norma geral é: aquele que toma dinheiro súmula é o texto normativo do precedente e para o
emprestado de outrem tem que devolver. precedente virar súmula tem que formar uma
jurisprudência dominante. Súmula é norma geral a partir de
Norma individual: João deve a José.
uma interpretação de um caso concreto entre João e José.
Em toda decisão judicial tem que encontrar no
O precedente pode ter efeito impeditivo de
mínimo duas normas:
recurso. Há precedente que se forem seguidos, impedem
1º) a norma individual do caso concreto; e recurso da decisão. Ex.: súmula de Tribunal Superior, se
seguida, ela impede recurso para discutir o tema debatido.
2º) a norma geral do caso concreto.
Há precedente que tem que ser seguido. O efeito
A norma geral do caso concreto, exatamente por
dele é vincular as pessoas que tem que observá-lo. É o caso
ser geral, pode ser aplicada em outras situações
da Súmula Vinculante. Tem que ser necessariamente
semelhantes.
observada. É o efeito maior que o precedente pode ter.
A norma jurídica geral do caso concreto (ratio
O efeito do precedente é extensível para todos!
decidendi) que está na fundamentação e da qual se extrai a
Um processo do qual eu não fiz parte pode repercutir na
solução do caso concreto possui a denominação de
minha vida.
PRECEDENTE. Ele sempre está na fundamentação do
julgado. Quando você cita uma decisão do STJ você terá que Coisa julgada pode-se desfazer por meio da
demonstrar que a fundamentação da decisão do STJ se rescisória. Agora como o precedente pode ser
aplica ao seu caso concreto. superado/revisto? Nenhum sistema é inflexível aos
precedentes. Eles podem ser superados. Os mecanismos de
superação dos precedentes são rigorosos. Se existe um
precedente que vincula, as pessoas confiam nisso e passam
a agir de acordo com o precedente. Para justificar uma
mudança é preciso de uma carga de motivação, de
argumentação grande. Esse mecanismo de superação do
precedente chama-se overruling.
O overruling se divide em duas espécies:
Características do precedente:
1. Overruling prospectivo;
1. Norma criada pela jurisdição;
2. Overruling retrospectivo.
2. Norma criada a partir de um caso concreto;
O prospectivo é a superação do precedente dali
3. É uma norma geral. Assim, pode ser aplicada em para frente. As novas situações serão regidas de acordo
casos futuros. com o novo precedente. Não atinge as situações anteriores,
O precedente não fica indiscutível pela coisa como forma de proteger a confiança. Essa é a regra. Se o
julgada, ou seja, a coisa julgada não recai sobre um precedente é recente, ainda não esta consolidado, é
precedente. possível falar em overruling retrospectivo, ou seja, uma
superação que produzem efeitos retroativos. Ele só se
justifica se o precedente a ser superado for recente.
Sobre o precedente recaem outros efeitos: Mudança de jurisprudência e segurança jurídica:
Efeito persuasivo, ou seja, serve para argumentar, como equacionar a possibilidade de mudança de
é um argumento a favor de quem menciona. Todo jurisprudência com a segurança jurídica? A forma é o
precedente serve como argumento e será mais forte ou overruling prospectivo, ou seja, superação do precedente
dali pra frente, sendo que o novo precedente não atinge
situações anteriores.
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Signaling: às vezes os Tribunais não fazem o Como se contava o prazo do art. 475-J do CPC/73?
overruling, mas apontam signaling, ou seja, dá sinais de que Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de
a jurisprudência será alterada ou seguirá uma determinada quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze
orientação. É uma dica de que os tribunais mudaram seu dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de
entendimento. dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art.
614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.
Ex.: propuseram uma ADI para discutir casamento
Em 2007, o STJ deu uma sentença dizendo que o prazo
homoafetivo. Celso de Melo indeferiu essa ADI, mas disse contava-se do trânsito em julgado. Ademais, disse que a não
que achava que cabia ADPF. No outro dia entraram com a cientificação do prazo à parte seria caso de multa a cargo do
ADPF. advogado (isso é um obter dictum; o mérito era acerca da
contagem do prazo).
Continuação da teoria da decisão:
OBS.: O STJ JÁ MUDOU SEU POSICIONAMENTO ACERCA
DISTINGUISHING: é um método de comparação ou DA CONTAGEM DO PRAZO E O NCPC ADOTOU OUTRA CORRENTE.
confronto entre o caso e o precedente. A aplicação do
precedente é imprescindível para o distinguishing, ainda
que o mesmo seja vinculante. Esse cotejo, essa ELEMENTOS DA SENTENÇA
comparação, que gerou o precedente é fazer o
distinguishing. Verificar se há ou não peculiaridade que Regulamentação legal atual:
impede ou permite a aplicação do precedente. O Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
distinguishing é absolutamente indispensável na aplicação
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
dos precedentes. Não há como aplicar o precedente sem
identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o
fazer o distinguishing. O que demonstra que a interpretação registro das principais ocorrências havidas no andamento do
de um precedente é indispensável. A aplicação do processo;
precedente não é automática é necessário interpretá-la.
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de
fato e de direito;
RATIO DECIDENDI: é a norma geral, o caso III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões
concreto que sustenta a decisão judicial. Essa é a razão de principais que as partes lhe submeterem.
decidir. Na fundamentação o Magistrado fixará a norma
jurídica geral do caso concreto, denominada de “ratio
decidendi” (norma geral encontrada na fundamentação que 1. RELATÓRIO: o relatório é a parte descritiva da
sustenta a decisão, o dispositivo da sentença). A aplicação sentença; nele há a história relevante do processo; a suma
reiterada da ratio decidendi forma jurisprudência, podendo dos pedidos; a suma dos incidentes processuais.
mesmo ser sumulada quando a incidência da questão for É a descrição daquilo que de importante ocorreu
frequente. Dessa forma, a ratio decidente é o precedente no processo, isto é, o resumo do pedido, da defesa, a
judicial. Sempre que se fala em jurisprudência dominante, notícia dos principais incidentes do processo.
súmula, precedente, refere-se à ratio decidendi da decisão,
ou seja, àquilo que sustenta a norma individualizada. Sobre No Juizado Especial, o relatório é dispensável,
o precedente não recai coisa julgada, tendo em vista tratar- sendo que nos demais procedimentos, apesar de sua
se de norma geral, recai sim outro tipo de força imprescindibilidade ser prevista no NCPC, sua ausência não
denominada força normativa do precedente. tem gerado a invalidação da sentença.
OBTER DICTUM (DICTA no plural): tudo o que 2. FUNDAMENTAÇÃO: seu objeto são as questões
estiver na fundamentação e que dela puder ser retirado incidentes, devendo constar na fundamentação todas as
sem inviabilizar o dispositivo. São os comentários ou questões relevantes para a solução do litígio. É uma
apreciações laterais que aparecem na fundamentação cuja imposição constitucional (art. 93, IX, CF).
ausência não acarreta qualquer prejuízo à decisão. É tudo É uma consequência da publicidade, bem como do
aquilo que está na fundamentação e que não é ratio contraditório. Contudo, mesmo que se não houvesse texto
decidendi. O obter dictum não é precedente. Embora, não expresso, a fundamentação seria consequência da
sirva para aquele caso pode apontar para uma decisão publicidade e do contraditório. Sem fundamentação?
futura do tribunal. O obter dictum pode ajudar na Decisão NULA.
elaboração de um recurso. Exemplo de obter dictum é o
voto vencido (o qual não sustenta a decisão, mas No direito italiano, decisão sem fundamentação é
obviamente tem a sua utilidade). O obter dictum não é o decisão inexistente, porém não é a tese que vinga no Brasil.
precedente. Nenhum dos efeitos do precedente se aplica. No Brasil é decisão que existe, mas é viciada. Na
Não pode haver súmula advinda de obter dictum, por fundamentação é que está a racio decidente; é o
exemplo. O obter dictum é algo dito de passagem. precedente que produz uma séria de efeitos (já
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examinados). OBS.: a coisa julgada não recai sobre a Assim, sugere-se que a fundamentação seja
fundamentação. dividida em capítulos. Embora, ninguém faça isso na prática,
deveria haver, por exemplo, uma fundamentação para a
Há duas funções a motivação, a saber:
fixação dos honorários. Quando a fundamentação for
1. Endoprocessual: serve para que as partes idêntica dizer “remeto a fundamentação do pedido x, y, z”.
possam elaborar seus recursos e para que o tribunal possa
manter ou reformar a decisão; e
REQUISITOS OU ATRIBUTOS DA SENTENÇA
2. Extraprocessual: serve para dar publicidade ao
exercício da função jurisdicional e para permitir o controle Os requisitos são atributos que uma sentença deve
político das decisões. ter para ser válida. Todos os requisitos da sentença se
resumem em uma palavra, que é a congruência (perfeição
O CPC/2015 regulamenta o quê se deve entender
da sentença). A congruência da sentença pode ser interna
por uma decisão não fundamentada:
ou externa.
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: CONGRUÊNCIA EXTERNA DA SENTENÇA: sentença
congruente é aquela que se encontra em conformidade
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de com o que foi pedido pelas partes. São vícios de
ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
congruência externa da sentença: a) citra petita (esquecer);
decidida;
b) ultra petita (exagerar); e c) extra petita (inventar).
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; Sentença ultra petita: a sentença ultra petita é
aquela em que o juiz ultrapassa o que se pede (ex: parte
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer pede R$ 110 e ele dá R$ 150). Neste caso, a sentença só é
outra decisão;
nula em relação ao excesso (ex: nula em relação aos RS 40).
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
Sentença extra petita: a sentença extra petita é
julgador; aquele em que o juiz dá o que não se pediu, inventando um
pedido (ex: parte pede a anulação do contrato e o juiz dá
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de uma resolução ao contrato).
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles Sentença citra petita: a sentença pode se omitir
fundamentos; em relação: a) a fundamentação; b) ao dispositivo. Enfim,
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência pode ser de dois tipos, vejamos:
ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento. Em relação à FUNDAMENTAÇÃO RELEVANTE da
decisão, o juiz deixa de examinar uma questão incidente
relevante, que poderia levá-lo a outra decisão. Neste caso a
3. DISPOSITIVO: é a conclusão da decisão; é a sentença é nula por vício de motivação. O juiz não é
norma jurídica individualizada; que pode torna-se obrigado a analisar todos os fundamentos da parte, salvo se
indiscutível pela coisa julgada material. Caso não haja for negar o pedido (violação ao contraditório).
dispositivo? Aí sim podemos falar que inexiste decisão.
Em relação ao DISPOSITIVO da decisão, o juiz deixa
Contudo, pode acontecer de o dispositivo de uma de examinar um pedido (questão principal). Em relação a
sentença conter várias decisões; quando isso acontece este pedido não examinado, a sentença é inexistente (não
temos o seguinte: embora formalmente seja única a havendo decisão). Não existindo decisão, não há que se
sentença é constituída por várias decisões falar em coisa julgada, podendo ser repetido o pedido em
(substancialmente). outro processo. Porém, se foi examinado com motivação
Formalmente vejo uma decisão, mas na verdade há nula, haverá uma sentença ou decisão nula.
mais de uma decisão, há mais de uma sentença. E quando Aqui decisão não há, logo, não há que se falar em
isso ocorre, fala-se que ela é um sentença OBJETIVAMENTE coisa julgada. Como falar em coisa de julgada de coisa que
COMPLEXA. Embora uma só, contém várias decisões. Cada não foi julgada? Então, o que fazer? Renova-se o pedido. O
uma dessas decisões contidas em uma sentença se chama processo acabou? Não. Renova-se o pedido. O ideal é que
CAPÍTULO DE SENTENÇA, configurando, assim, o que se em embargos de declaração o juiz já se manifeste e resolva
denomina unidade decisória da sentença. o problema. Caso contrário, renova-se o pedido. Não há
Em suma, para cada pedido deve-se abrir um preclusão.
parágrafo na sentença. É mais técnico e mais seguro. Diante Não confundir a omissão em relação a uma decisão
disso, conclui-se que deve fazer uma fundamentação para com a omissão em relação a um pedido, tendo em vista que
cada capítulo. Muitas vezes o fundamento de um capítulo é os efeitos são muito distintos.
comum ao de outro; aí não é necessário reproduzir.
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EFEITOS DA SENTENÇA autorizar uma hipoteca judiciária. Nem a parte tem que
pedir tal hipoteca. É um efeito anexo tal hipoteca.
Há quatro efeitos advindos das sentenças.
Independe de pedido (não precisa ter perigo etc.). Cita-se o
artigo abaixo:
1. Efeitos principais: são aqueles que decorrem Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de
diretamente do conteúdo da sentença para atingir a relação prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão
jurídica controvertida. O efeito principal decorre da norma de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação
individualizada criada pelo juiz. Portanto, decorre da pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
vontade do juiz. É aquilo que o juiz determinou. Este é o § 1o A decisão produz a hipoteca judiciária:
efeito principal da sentença. Mas não basta isso, é preciso
I - embora a condenação seja genérica;
que atinja a relação discutida. Isso sim é o efeito principal.
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento
Sentenças Condenatória Constitutiva Declaratória provisório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do
devedor;
Efeito Permitir a A criação da A certeza
principal execução da situação acerca da III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito
prestação jurídica nova existência ou suspensivo.
devida. tendo em não da
vista a relação
efetivação de jurídica. 4. Efeitos probatórios: a sentença é um
um direito documento público, logo, prova fatos, como por exemplo,
potestativo. sua própria existência ou a ocorrência de fatos nela
descritos.
Ex: a sentença faz prova dela própria.
Ou ainda a
mudança de Ex2: a sentença prova tudo aquilo que o juiz diz
uma situação que presenciou (ex: se o juiz falar que colheu o testemunho
jurídica ou a do João no dia 10 de março a sentença é prova de que
extinção de João foi testemunha naquele dia, naquela hora).
uma situação OBS.: a sentença não prova o fato que o juiz
jurídica. reputou provado. Isto é, em outro processo, outro juiz
poderá ter outra impressão daquele fato. Então, a sentença
prova o quê? A sentença prova que o juiz reputou que
2. Efeitos reflexos: são aqueles que decorrem do aquele fato aconteceu.
conteúdo da sentença para atingir relação jurídica conexa
àquela discutida. É a possibilidade de efeito reflexo que
autoriza a assistência simples, isto é, admite-se a assistência COISA JULGADA
simples, quando a sentença puder ter esse efeito reflexo.
Assim, se o efeito principal atinge terceiro, autoriza-se a Conceito: É a indiscutibilidade do conteúdo de
assistência litisconsorcial. determinadas decisões judiciais, é a estabilidade adquirida
pela norma jurídica individualizada contida na sentença.
Ex1: o despejo do locatário atinge reflexamente o Essa indiscutibilidade se opera tanto dentro quanto fora do
sublocatário. A repercussão do despejo no sublocatário é processo em que a norma foi criada.
um efeito reflexo da sentença.
Alguns autores se referem a este instituto como
3. Efeitos anexos: são efeitos do fato-sentença. “coisa julgada material”, que se contrapõe à chamada
Aqui a sentença é vista como um fato, e não como um ato. “coisa julgada formal”. Esta última, para a maioria da
São os efeitos automáticos da sentença, decorrendo da lei, doutrina, é a preclusão da decisão, isto é, a decisão se torna
independentemente do conteúdo da decisão; independem indiscutível dentro do processo em que foi proferida.
de manifestação judicial. O juiz não decide acerca dos
efeitos anexos, que tampouco são requeridos pelas partes OBS.: para Luís Eduardo Mourão a coisa julgada
(independe do pedido da parte). A lei nesse caso trata a material é a coisa julgada das decisões de mérito. Já a coisa
sentença como um FATO e não como um ATO. julgada formal é a coisa julgada das questões processuais;
aquelas com base no art. 485 do NCPC. A preclusão para ele
Ex1: a terceira sentença por abandono gera por seria puramente endoprocessual. Frisa-se que esta não é a
efeito anexo a perempção. visão majoritária. Trata-se de tese interessantíssima, mas
Ex2: a sentença que condena o réu a pagar quantia não é majoritária.
ou entregar coisa é apta a servir como título de uma Pressupostos da coisa julgada: são três. Vejamos:
hipoteca imóvel do réu. É uma hipoteca judiciária e não
contratual, cujo título é uma sentença. O juiz não tem que ◊ que se trate de decisão de mérito;
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◊ que se trate de decisão de cognição exauriente, Com a alteração dos fatos, é gerada uma nova
exaustiva, que não sejam decisões provisórias como, por exemplo, situação, se impondo uma nova decisão que por sua vez
as liminares, Não podem ser decisões fundadas em cognição produzirá nova coisa julgada. Tanto há coisa julgada que,
sumária ou verossimilhança;
não se demonstrado a nova situação, a sentença não será
◊ que haja coisa julgada formal, ou seja, para que a revista.
decisão se torne indiscutível em qualquer lugar é preciso primeiro
que ela se torne indiscutível no processo. A coisa julgada nestas relações recebe a
denominação de “coisa julgada rebus sic stantibus”. Ex.:
ação de alimentos, ação de guarda. Em tal sentido temos a
COISA JULGADA súmula 239 do STF: “Decisão que declara indevida a
cobrança do imposto em determinado exercício não faz
Efeitos da coisa julgada coisa julgada em relação aos posteriores”.
a) Efeito negativo: impede nova decisão sobre
aquilo que já haja sido decidido.
Limites objetivos da coisa julgada
É o que se torna indiscutível pela coisa julgada. É o
b) Efeito positivo: ocorre quando a propositura de dispositivo, o comando jurídico, o conteúdo da norma
uma demanda for baseada, fundamentada na coisa julgada, jurídica individualizada. Assim, aquilo que foi decidido na
que será utilizada como causa de pedir de outra demanda. fundamentação não fica acobertado pela coisa julgada.
O juiz da segunda demanda deverá levar em conta a coisa Logo, não faz coisa julgada: a) a análise das provas; b)
julgada. Ex.: ação de alimentos fundamentada na coisa questão prejudicial que decida incidentalmente; c) a “ratio
julgada produzida em ação investigatória de paternidade. decidendi” que também está na fundamentação.
NCPC, Art. 508. Transitada em julgado a decisão de 1. Inter partes (regra do nosso sistema -
mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações art. 506, do NCPC), ou seja, apenas vincula aqueles que
e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento participaram do processo, não prejudicando terceiros.
quanto à rejeição do pedido.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada,
não prejudicando terceiros.
Frisa-se que se o autor tiver por fundamento outra 2. Ultra partes, quando excepcionalmente
causa de pedir ele poderá voltar a juízo, pois se trata de vincular ou atingir terceiros. Exemplos:
nova demanda. A eficácia preclusiva da coisa julgada não 1. Aquela oriunda de um processo conduzido por
abrange outras causas de pedir. Este é o pensamento
substituto processual, caso em que atingirá o substituído;
majoritário. OBS.: no caso de incompetência absoluta,
pode-se alegar a matéria a qualquer tempo, desde que até 2. Atinge o adquirente de coisa litigiosa;
o trânsito em julgado. 3. Coisa julgada coletiva em ACP que versa sobre
Ademais, a eficácia preclusiva abrange tudo aquilo direitos coletivos – art. 103, II, CDC.
que a parte poderia ter suscitado. Assim, a eficácia
preclusiva NÃO abarca fatos posteriores à coisa julgada.
Qualquer coisa julgada pode ser afetada por fatos que lhe 3. Erga omnes, sendo aquela que vincula a
são posteriores. todos. Exemplos:
1. ADI; 2. ADC; 3. ADPF; 4. ACP para direitos
DIFUSOS.
Coisa julgada e relações jurídicas continuativas
Modo de produção (quando haverá coisa julgada)
São relações jurídicas continuativas aquelas que se
prolongam no tempo, como as relações de família, Pode ocorrer de três formas, a saber:
locatícias, tributárias e previdenciárias. A sentença que Pro et contra, ou seja, poderá acontecer
envolva esse tipo de relação faz coisa julgada normalmente, qualquer que seja o resultado da causa (favorável ou
sendo erro crasso defender o contrário com o fundamento desfavorável ao autor). Trata-se da regra adotada no nosso
de que a decisão poderá ser revista em caso de mudança sistema;
dos fatos.
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Secundum eventum litis, depende do que ela seja revista por outros instrumentos além daqueles
julgamento, ao contrário da anterior. Só ocorre segundo um acima estudados, tendo em vista que a injustiça manifesta
determinado resultado. Vai depender do resultado. No não pode prevalecer, devendo ser passível de revisão a
processo civil praticamente inexiste (a doutrina não fornece qualquer tempo, bem como nos casos de manifesta
exemplos, mas sim no processo penal, como, no caso da inconstitucionalidade, manifesta falta de razoabilidade etc.
coisa julgada penal condenatória, que poderá ser revista a
São adeptos desta concepção: Cândido
qualquer tempo). Obs.: no caso do art. 103, CDC – só se
Dinamarco e Humberto Theodoro Junior.
estende se for procedente, porém não se trata de exemplo
de produção da coisa julgada secundum eventum litis. A Esse posicionamento tem justificado, por exemplo,
coisa julgada aqui existe, mas só poderá ser utiliza se for a renovação da discussão acerca da paternidade; a
procedente. O segundo eventum litis não se refere à coisa diminuição de valores astronômicos fixados em
julgada, mas sim a extensão da coisa coletiva ao plano desapropriações etc. Esta teoria tende a aniquilar a coisa
individual; e julgada, além de não garantir que a segunda decisão
proferida também seja injusta.
Secundum eventum probationis, isto é, se
a decisão for de improcedência por falta de provas não São expoentes de um contra movimento:
haverá coisa julgada, ou seja, apenas haverá coisa julgada Nelson Nery, Olvídio Baptista, Marinone, Barbosa Moreira.
se houver exaurimento da prova. Este último regime é hoje
muito prestigiado, como se verifica nas ações coletivas Assim, na doutrina prevalece o entendimento de
(Ação Popular) e na lei do Mandado de Segurança (se o juiz que a coisa julgada apenas poderia ser revista por meios
concluir que não foi provado o alegado será possível típicos, entretanto, o STJ possui inúmeras decisões
interposição da ação ordinária). Indaga-se: pode haver coisa relativizando atipicamente a coisa julgada (como nos casos
julgada na improcedência do MS? Sim, desde que o pedido da ação de paternidade – quando exame de DNA
seja julgado improcedente em razão da inexistência do demonstrar o contrário do que o juiz dissera).
direito. Outro exemplo é o da coisa julgada na ação coletiva
que verse sobre direitos difusos e coletivos.
RECURSOS – TEORIA GERAL
Teoria que prega a insuficiência dos meios Invalidação (pretende uma Error in procedendo – é erro que
supracitados para rever a coisa, para tal teoria é necessário nova decisão) – Não se gera a nulidade da sentença por
relativizar ainda mais a coisa julgada. Frisa-se que a discute o conteúdo da não possuir um de seus elementos
denominação correta seria Teoria da relativização atípica decisão, mas sim seus (relatório, fundamentação ou
(pois a coisa julgada já é relativizada por meios típicos). aspectos formais, sua dispositivo); por ser ultra, extra
validade. Pretende desfazer ou citra petita; ou pelo processo
O movimento doutrinário de relativização da coisa a sentença em razão de um não ter transcorrido de acordo com
julgada pretende a revisão atípica da coisa julgada, ou seja, defeito; quando a decisão é
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defeituosa. as regras de procedimento. 3ª A Lei 6.830/80 (art. 34) prevê que as sentenças
que extinguem a execução fiscal de até 50 ORTN (em torno
de 100 e 500 reais) não são apeláveis, são impugnadas pelo
Esclarecimento Sentença obscura ou contraditória Recurso de Embargos Infringentes de Alçada
(“embarguinhos”), julgados pelo próprio juiz que proferir a
sentença.
Integração Sentença omissa
4ª Nos juizados especiais as decisões
interlocutórias são irrecorríveis e a sentença é impugnada
OBS.: É possível o pedido cumulativo e mesmo por um recurso distinto da apelação (recurso inominado).
subsidiário no recurso. Lembre-se que há a cumulação própria OBS: Ocorre que nos juizados estaduais as interlocutórias não são
(quer todos os pedidos) e a cumulação imprópria (apenas um dos agraváveis, contudo nos juizados federais as decisões que
pedidos). Estas duas são cabíveis no âmbito recursal. envolvem tutela de urgência são agraváveis.
5ª A Lei de assistência judiciária (1.060/50) no seu
art. 17 se refere à possibilidade de apelação em face de
Sistema dos meios de impugnação das decisões
decisões que a aplicarem. Ocorre que referidas decisões
judiciais
não são sentenças, mas sim, meras decisões interlocutórias.
a) Recursos; A doutrina diz o seguinte: existem decisões proferidas com
b) Ações autônomas de impugnação de decisão base nessa lei que são proferidas em autos apartados
judicial (Ex.: ação rescisória; “querela nullitatis”; mandado (pedido superveniente de justiça gratuita e pedido de
de segurança contra ato judicial; embargos de terceiro; revogação da justiça gratuita), sendo que apenas nesses
reclamação); casos se justificaria a apelação e quando a decisão for
proferida nos próprios autos será cabível o agravo.
c) Sucedâneos recursais, são todas as formas de
impugnação que não forem recurso nem ação autônoma. É 6ª O processualista paraibano Delosmar Mendonça
tudo aquilo que serve para impugnar uma decisão judicial. Junior participa de inúmeros concursos defende a tese de que são
(Ex.: reexame necessário, correição parcial e pedido de três as decisões do juiz singular, acrescentando às
suspensão da segurança). OBS.: alguns autores dividem só interlocutórias e às sentenças, a decisão que não admite
em recursos e sucedâneos. Optam por uma divisão binária, apelação. De acordo com o jurista não seria caso de
colocando as ações autônomas como exemplos de interlocutória porque encerra o processo, nem tampouco
sucedâneos recursais. O professor Fredie Didier opta pela sentença por ser proferida após a decisão judicial (ex.:
divisão trinaria, pois entende que é conveniente destacá-las decisão que não admite recurso). Enfim, para esse tipo de
como outro tipo de meio de impugnação. decisão cabe agravo.
1ª Decisões parciais que são agraváveis Observe que de um jeito ou de outro, ou sendo
mantida a decisão do relator ou sendo revista a decisão do
2ª Existem sentenças agraváveis. Ex: sentença que relator, é a apelação que terá sido julgada.
decreta a falência.
Enfim, a turma estará julgando um recurso que
fora julgado monocraticamente.
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Recursos que cabem contra os acórdãos Entretanto, Na avaliação da maioria dos ministros
do STF e do STJ, isso aumentaria o número de processos nos
Contra os acórdãos cabem quatro recursos: dois tribunais superiores, comprometendo a agilidade das
Embargos de divergência; decisões. Assim, o NCPC foi alterado ainda no período de
sua “vacatio legis” pela Lei 13.105/2015. Entre as mudanças
Recurso especial; está a que restabelece para as cortes locais a análise prévia
Recurso extraordinário; e de recursos encaminhados ao Supremo Tribunal Federal e
ao Superior Tribunal de Justiça, como já acontecia no CPC
Recurso Ordinário Constitucional – ROC. de 1973.
OBS.: regra geral e final contra qualquer decisão
cabem embargos de declaração.
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Para os outros recursos, como a apelação, 2ª corrente (majoritária): entende que a decisão
manteve-se o juízo de admissibilidade único. negativa de admissibilidade do recurso, em regra, não
retroage, salvo em duas hipóteses: casos de
Assim, a regra, atualmente, é o juízo de
intempestividade ou de manifesto não cabimento do
admissibilidade único sendo interposto o recurso no órgão
recurso (ex.: interposição de agravo x acórdão). Este
a quo.
entendimento se encontra amparado na súmula 100 do TST
OBS1.: o Agravo de Instrumento (art. 1016, NCPC) é o e em vários julgados do STJ.
único recurso interposto diretamente no órgão ad quem.
TST, 100. I – O prazo de decadência, na ação rescisória,
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido conta-se do dia imediatamente subsequente ao trânsito em
diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou
seguintes requisitos: não.
I - os nomes das partes; II – Havendo recurso parcial no processo principal, o
trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes,
II - a exposição do fato e do direito;
contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de
decisão e o próprio pedido; preliminar ou prejudicial q possa tornar insubsistente a decisão
recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito
IV - o nome e o endereço completo dos advogados
em julgado da decisão que julgar o recurso parcial.
constantes do processo.
III- A interposição de recurso intempestivo ou incabível
não protrai o termo inicial do prazo decadencial, MAS SE houver
OBS2.: alguns recursos permitem que o juízo a quo se dúvida razoável a interposição de recurso intempestivo ou
retrate; dão ensejo a possibilidade de retração pelo juízo a quo. E incabível protrai o termo inicial do prazo decadencial
quando isso acontece é como se o a quo aceitasse as razões do IV – O juízo rescindente não está adstrito à certidão de
recurso. Esse efeito que alguns recursos têm, chama-se EFEITO trânsito em julgado juntada c/ a ação rescisória, podendo formar
REGRESSIVO ou EFEITO DE RETRATAÇÃO. Exemplos: a apelação sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à
contra decisão que indefere a petição inicial; os agravos de modo antecipação ou postergação do dies a quo do prazo decadencial.
geral permitem retratação também; e .a apelação nas causa do
ECA. V – O acordo homologado judicialmente tem força de
decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o
Natureza Jurídica muito importante termo conciliatório transita em julgado na data da sua
homologação judicial.
O juízo de admissibilidade positivo é uma decisão
declaratória. Já a natureza jurídica do juízo de VI – Na hipótese de colusão das partes, o prazo
admissibilidade negativo não é pacífica, há três correntes decadencial da ação rescisória somente começa a fluir ao MP, que
para explicar a natureza do juízo de admissibilidade não interveio no processo principal, a partir do momento em que
negativo. Vejamos cada uma delas: tem ciência da fraude.
VII – Não ofende o p. duplo grau de jurisdição a decisão
1ª corrente: Barbosa Moreira, para quem o juízo
do TST que, após afastar a decadência em sede de RO, aprecia
de admissibilidade negativo é declaratório com eficácia
desde logo a lide (ação rescisória), se a causa versar questão
retroativa (ex tunc). Enfim, entende que o juízo de exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato
admissibilidade negativo seria declaratório com eficácia julgamento.
retroativa, o que pode gerar séria insegurança jurídica em
VIII – A exceção de incompetência, ainda que oposta no
razão da impossibilidade de interposição de ação rescisória
prazo recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o
caso haja decorrido mais de dois anos do prazo de 15 dias
condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim,
da publicação da decisão recorrida. postergar o termo inicial do prazo decadencial para a ação
Ex: em 2004 recorrem, em 2008 o tribunal não rescisória.
conhece, diz Barbosa Moreira que tal decisão é declaratória IX – Prorroga-se até o 1o dia útil, imediatamente
com efeitos retroativos, isso quer dizer que esse recurso subsequente, o prazo decadencial p/ ajuizamento de ação
não produziu nenhum efeito, é como se o tribunal não rescisória qdo expira em férias forenses, feriados, finais de semana
tivesse conhecido desde 2004. Tal tipo de recurso é ou em dia em que não houver expediente forense.
inadmissível desde sempre. De modo que recurso X – Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após
inadmissível não produz efeitos para o autor citado. o decurso do prazo legal previsto p/ interposição do REX, APENAS
Importância disso: no exemplo dado passaram-se quatro quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias.
anos. Diz que a coisa julgada existe desde 2004 e ele não
3ª corrente: entende que referida decisão é
sabia. E como desde 2004 havia coisa julgada nem rescisória
desconstitutiva e, portanto, sem eficácia retroativa, pois o
cabe mais! Enfim, a pessoa é surpreendida.
juízo de inadmissibilidade é um juízo de invalidade (um juízo
Em suma, inadmissível tal posicionamento. de invalidação); entende Fredie Didier que esta posição
resguarda melhor a segurança jurídica.
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Renúncia ao recurso: não pode ter havido renúncia Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do
ao recurso para que este seja admitido, lembrando que a recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou
renúncia antecede a interposição do recurso e independe ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo,
será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do
da anuência da outra parte.
sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da
Aceitação da decisão: se a parte aceitou a decisão, intimação.
cumprindo-a espontaneamente (e não por uma decisão OBS.:
que determine certa conduta sob pena de multa!) não
poderá posteriormente recorrer até porque haveria O MP sempre terá prazo em dobro, independente
preclusão lógica. de atuar como agente ou fiscal da lei.
Desistência: desistir de um recurso corresponde à O recurso precoce ou prematuro era aquele
sua revogação, tendo em vista já ter sido o mesmo interposto antes mesmo do início do prazo recursal. Para o
interposto (logo, pressupõe-se que o recurso já foi STF esse recurso era intempestivo, entendimento do qual
interposto. Só há desistência de recurso que já foi discordava o STJ, sob o fundamento de que, se o prazo se
interposto). A desistência do recurso independe de conta da intimação, e o recorrente recorre antes da
homologação judicial, bem como da anuência da parte publicação no diário oficial, ele estar-se-ia dando por
contrária, podendo se dar até o início da votação. O recurso intimado. Este entendimento era perfilhado pela maioria da
de outro recurso do qual já se havia desistido acarreta a sua doutrina. O NCPC (Lei 13.105), ao estabelecer, em seu art.
inadmissibilidade. 218, § 4º, que deve ser “considerado tempestivo o ato
praticado antes do termo inicial do prazo”, põe um fim à
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a
controvérsia. Qualquer ato processual (não apenas
anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.
recursos) que for praticado antes de iniciado o respectivo
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a prazo há de ser considerado tempestivo, o que se revela
análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido mais lógico e consentâneo com os princípios que regem o
reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos
processo civil moderno.
extraordinários ou especiais repetitivos.
Por outro lado, a súmula de n. 216 do STJ é
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da
aceitação da outra parte. absurda, a seguir transcrita: “a tempestividade de recurso
interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a protocolo da secretaria e não pela data da entrega na agência do correio”.
decisão não poderá recorrer. Enfim, se a pessoa não mora perto do STJ, assume o risco
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática,
de postar por meio dos Correios. Este é o tribunal da
sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de cidadania! Agora, o NCPC, tentando resolver a questão aduz
recorrer. que: art. 1003, § 4o Para aferição da tempestividade do recurso
remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data
de postagem.
NCPC, Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes É o pagamento das despesas relacionadas ao
procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos processamento do recurso; certo que o montante do
contados em dobro para todas as suas manifestações, em preparo equivale à soma das custas com as despesas
qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. postais (porte de remessa e retorno).
SÚMULA, STF, 641. Não se conta em dobro o prazo para O preparo deve ser feito anteriormente à
recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido. interposição do recurso, tendo em vista que quando for
Relevante ainda a leitura do art. 1004 do NCPC: interpor o recurso deve-se comprovar o preparo. OBS.: há
duas situações excepcionais que permitem a comprovação do
preparo após a interposição do recurso, quais sejam: Juizados
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Especiais (permitem a comprovação até 48h após a comprovação São dispensados do preparo: Defensoria Pública;
do recurso) e Justiça Federal (permite a comprovação do preparo MP; Fazenda Pública; e os beneficiários da Justiça Gratuita.
nos recursos contra sentença em até 05 dias, nos termos do art.
14, II, da Lei 9.289/96). Por fim, ressalta: STJ, súmula: 178 - o INSS não goza de
isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações acidentárias e
Frisa-se, ainda, que o preparo insuficiente, ou seja, de benefícios, propostas na justiça estadual.
menor que o devido, não gera, automaticamente,
inadmissibilidade, devendo o recorrente ser intimado a
completar o preparo pelo órgão judiciário no prazo de 5 7. REGULARIDADE FORMAL
dias. Existe um direito a complementação, conforme art.
O recurso, como todo ato processual, possui suas
1007, NCPC:
formalidades, por exemplo, deverá, em regra, ser escrito
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o (Embargos de declaração nos juizados podem ser
recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, realizados de forma oral; ser assinado por advogado; ser
o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob fundamentado, tendo em vista que vigora em relação aos
pena de deserção. recursos, o princípio da dialeticidade.
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de
remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério
Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Efeitos dos recursos
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de
isenção legal. Impede o trânsito em julgado, prolongando a
litispendência: para Barbosa Moreira o recurso inadmissível
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de
não produz efeito. E para a doutrina majoritária o recurso
remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente,
intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo intempestivo ou incabível não impede o trânsito em
de 5 (cinco) dias. julgado.
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de Efeito regressivo: alguns recursos permitem juízo
retorno no processo em autos eletrônicos. de retratação (ex.: todos os agravos, a apelação contra
sentença que indefere a petição inicial liminarmente; a
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de
interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive apelação nas causas do ECA).
porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu Efeito expansivo subjetivo: A regra é de que o
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de recurso só produz efeitos para aqueles que recorrem, mas,
deserção.
há casos em que o recurso produz efeitos em relação a
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência outros sujeitos além do recorrente, trata-se do efeito
parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no expansivo subjetivo (ex.: recurso de litisconsorte unitário
recolhimento realizado na forma do § 4o. beneficia o outro litisconsorte; recurso de devedor solidário
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator em que alega defesa comum a todos os codevedores – art.
relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe 1005).
prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
Suspensivo: efeito de prolongar, e não suspender,
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não a ineficácia da decisão. Diz-se prolongar, e não suspender a
implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na ineficácia, tendo em vista que o que provoca a suspensão
hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente
da eficácia da decisão não é o recurso, mas sim, a
para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
recorribilidade, o fato de a decisão ser recorrível.
A doutrina costuma utilizar o substantivo
Em regra, o recurso terá efeito suspensivo por
“deserção” para referir-se à inadmissibilidade pela ausência
força de lei, entretanto, os recursos que não tem efeito
do preparo.
suspensivo por força de lei (ope legis), poderão tê-lo por
O recorrente que não comprovar, no ato de determinação judicial (ope iudicis).
interposição do recurso, o recolhimento do preparo,
Efeito substitutivo: o julgamento do recurso
inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na
substituiu a decisão recorrida. Esse efeito apenas se produz
pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em
se o recurso for julgado, ou seja, admitido. Recurso não
dobro, sob pena de deserção.
conhecido não produz efeito substitutivo. A relevância do
OBS.: efeito repercute diretamente na ação rescisória, que deverá
ser interposta em face da decisão que substituiu, e não da
Não exige preparo os seguintes recursos: embargos
substituída.
de Declaração; recursos do ECA; e Agravo do art. 1042 (não
conhecimento de RE ou REsp). Existe um caso em que a decisão do recurso não
substitui a decisão recorrida. Dá-se no caso de recurso
Recorre e desiste? Não tem de volta o valor do
acolhido com o intuito de invalidar a decisão. É a única
preparo.
hipótese de julgamento de mérito de recurso que não
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A jurisprudência e a doutrina têm alargado as Juizados Especiais, Embargos de Declaração opostos contra
hipóteses de cabimento dos Embargos, de forma que se acórdão de turma recursal interrompem o prazo para
tem admitido Embargos de Declaração: recurso.
Contra decisões ultra e extra
petita; e
Embargos de declaração protelatórios
Efeitos
§ 2o Quando manifestamente protelatórios os embargos
Modificativo ou Infringente: o julgamento dos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada,
Embargos pode alterar a decisão impugnada, notadamente condenará o embargante a pagar ao embargado multa não
excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
quando tratar-se fundamentados VS omissão da decisão.
Não havia no CPC/73 previsão de contrarrazões para os § 3o Na reiteração de embargos de declaração
Embargos de Declaração, entretanto, a doutrina e a manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por
jurisprudência já entendiam que se os Embargos puderem cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de
gerar modificação da decisão, as contrarrazões se impõem. qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor
da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
O NCPC encampou a posição da jurisprudência e gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
agora aduz:
§ 4o Não serão admitidos novos embargos de declaração
§ 2o O juiz intimará o embargado para, querendo, se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados
manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos protelatórios.
opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da
Embargos de declaração com intuito te pré-
decisão embargada.
questionamento não tem caráter protelatório (Súmula 98,
A parte que já havia recorrido poderá do STJ - embargos de declaração manifestados com notório
complementar seu recurso se a decisão recorrida for propósito de prequestionamento não tem caráter
alterada pelo julgamento dos Embargos de Declaração? protelatório).
Tendo em vista que a decisão dos Embargos de Declaração
Competência para julgamento: julgados pelo órgão
tem a natureza da decisão embargada, é possível a
que proferiu a decisão embargada.
complementação do recurso. Essa possibilidade se
fundamenta no “PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE”. Relator? Quem julga? É o próprio relator;
Terá 15 dias pra complementar o recurso.
Juiz juiz; e
NCPC, Art. 1024, § 4o Caso o acolhimento dos embargos
de declaração implique modificação da decisão embargada, o Colegiado colegiado.
embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão Por conta disso, o julgamento dos ED eles se
originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões,
incorpora ao julgamento embargado.
nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias,
contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. Há uma fusão: do julgamento embargado +
OBS.: caso não mude nada com ED, não há mais julgamento dos ED = que juntos formam uma sentença só.
necessidade de se ratificar a apelação, sob pena de cair o Natureza jurídica: é a natureza do julgamento
recurso, conforme dizia a súmula 418 do STJ. O NCPC embargado.
regulamentou posição diversa:
NCPC, Art. 1024, § 5o Se os embargos de declaração
forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento Apelação
anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação
Boa parte do assunto de apelação já foi visto em
do julgamento dos embargos de declaração será processado e
julgado independentemente de ratificação (grifo nosso).
teoria dos recursos, pois a apelação sempre foi tida como o
recurso modelo. De modo que o seu regramento serve
como um modelo geral de regramento. Isso sempre
Interruptivo: os Embargos de declaração costuma acontecer quando se tem uma lacuna no
interrompem o prazo para qualquer outro recurso. regramento de recursos, busca-se a resposta na Apelação.
Já vimos:
OBS.: essa interrupção vale para ambas as partes (o
que é mais um caso de efeito expansivo subjetivo). > o cabimento da apelação;
NCPC, Art. 1.026. Os embargos de declaração não > os casos que a apelação tem efeito regressivo;
possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a
interposição de recurso (grifo nosso). > os casos que a apelação tem efeitos devolutivo e
translativo, cujas regras se encontram na apelação; e
Nos Juizados Especiais os Embargos de Declaração
opostos contra sentença suspendem, e não interrompem o Agora analisaremos peculiaridades que não foram
prazo para a interposição de outros recursos. Contudo, nos analisadas da parte de Teoria de Recursos:
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Nestas situações, será possível ao recorrente Sentença em ação civil pública, entre outras.
requerer o recebimento do recurso também no efeito
suspensivo, que assim será possível graças a uma decisão
judicial. A aplicação deste efeito poderá ser requerida em Análise do §3º, art. 1013, NCPC (chamado de
ação cautelar. EFEITO DESOBSTRUTIVO DA APELAÇÃO)
Examinemos os casos em que a apelação não tem Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o
conhecimento da matéria impugnada.
efeito suspensivo automático, consoante o artigo abaixo:
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a
I - reformar sentença fundada no art. 485 (extinção do
produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença
processo sem julgamento de mérito);
que (somente efeito devolutivo – grifo nosso):
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
II - condena a pagar alimentos;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos,
III - extingue sem resolução do mérito ou julga hipótese em que poderá julgá-lo;
improcedentes os embargos do executado;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; fundamentação.
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; Tradicionalmente, o tribunal não poderia avançar
VI - decreta a interdição. nestes casos previstos no dispositivo legal, contudo este
parágrafo terceiro traz um avanço, pois permite que o
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o tribunal ao julgar a apelação possa avançar para decidir o
pedido de cumprimento provisório depois de publicada a mérito que não foi decidido – analisado pelo juiz (decidido
sentença.
em 1ª instância).
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas
hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido Contudo para que o tribunal faça isso, é preciso
ao: que sejam preenchidos alguns pressupostos:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição O provimento da apelação (a apelação provida
da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para desobstrui o julgamento do mérito);
seu exame prevento para julgá-la;
A causa deve estar madura (apta para ser julgada
II - relator, se já distribuída a apelação. imediatamente). Quando a causa estiver em condições
de imediato julgamento (isso traduz: a causa madura –
“Teoria da Causa Madura”);
Observações acerca de alguns incisos:
Para Fredie Didier este dispositivo apenas poderá ser
Inc. III Diz-se que a apelação não tem efeito aplicado mediante pedido expresso do apelante,
suspensivo contra sentença que não acolhe embargos à entretanto a doutrina não é unânime quanto a esta
execução. Tal hipótese é um pouco complicada. questão sendo que Barbosa Moreira, por exemplo,
Atualmente, os embargos à execução apenas tem entende que o dispositivo pode ser aplicado de ofício.
cabimento, em regra, na execução de título extrajudicial, e
toda execução de título extrajudicial é definitiva (não existe Outra análise:
execução provisória de título extrajudicial). NCPC, Art. 1.014. As questões de fato não propostas no
Neste sentido é a súmula 317 do STJ: “É definitiva a juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar
execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
sentença que julgue improcedentes os embargos”.
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Na apelação é possível suscitar novas questões de decisões que precluem (e serão recorríveis por agravo de
fato? Sim, em dois casos, a saber: instrumento), e decisões que não precluem (e serão
irrecorríveis imediatamente). Neste último caso, as
se se trata de fato novo; e
questões discutidas não serão acobertadas pela preclusão e
se se trata de fato velho (que já tinha acontecido) serão recorríveis em preliminar de apelação ou em
só que agora a parte pretende suscitá-lo (somente se contrarrazões de apelação. Vejamos:
houver justo motivo para não ter sido suscitado
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
anteriormente).
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se
a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento,
Procedimento da apelação em 1º grau não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a
A apelação deve ser apresentada no juízo a quo, o decisão final, ou nas contrarrazões.
qual irá processar o recurso. Caso o juízo a quo entenda que § 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas
a apelação é admissível, ele ouvirá o apelado em suas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze)
contrarrazões no mesmo prazo de 15 dias. dias, manifestar-se a respeito delas.
Ressalta-se a importância do art. 1010, NCPC:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao OBS.:
juízo de primeiro grau, conterá:
Quando cabe agravo de instrumento? São regras
I - os nomes e a qualificação das partes; de cabimento do agravo de instrumento:
II - a exposição do fato e do direito; Em caso de urgência (regra geral), o agravo será
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de de instrumento (risco de dano irreparável ou de difícil
nulidade; reparação). Assim, sempre que se falar em tutela
IV - o pedido de nova decisão.
provisória, este será o agravo adequado.
§ 1o O apelado será intimado para apresentar Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as
contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. decisões interlocutórias que versarem sobre:
Retido, pois o cabimento do agravo de instrumento é uma § 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a
opção legislativa). São os casos de decisão que: providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da
interposição do agravo de instrumento.
- decisão que não recebe apelação;
§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2 o,
- decisão que recebe a apelação em efeitos diversos dos desde que arguido e provado pelo agravado, importa
adequados ao caso concreto; inadmissibilidade do agravo de instrumento.
- decisão que julga liquidação de sentença; e O agravo de instrumento não tem efeito
suspensivo automático (logo, a decisão agravada possui
- decisão que recebe ação de improbidade administrativa.
efeitos imediatamente). O relator poderá, no entanto,
atribuir efeito suspensivo ao agravo. Suspende a decisão
agravada. A decisão do relator é impugnável por agravo
Agravo de instrumento
interno. Vejamos:
É o único recurso interposto diretamente no juízo Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e
ad quem. distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art.
A formação do instrumento cabe ao Agravante, 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
sendo que seu advogado poderá declarar a inexistência de I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir,
qualquer dos documentos referidos, sob pena sua em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão
responsabilidade pessoal. recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
Vejamos o que dispõe a lei: Tal assunto envolve o recurso especial para o STJ,
bem como o recuso extraordinário para o STF. O título
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos (Recursos Extraordinários) é uma designação genérica que
autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, abrange ambos os recursos. Frisa-se que o Recurso de
do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
Revista, no âmbito da JT, é também recurso extraordinário.
que instruíram o recurso.
Enfim, são espécies de um mesmo gênero. Veremos
§ 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a primeiramente as semelhanças e posteriormente as
decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de peculiaridades de cada um.
instrumento.
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2. Permitem execução provisória, pois são recursos não STJ- súmula 5 - a simples interpretação de clausula
têm efeito suspensivo automático; contratual não enseja recurso especial.
STJ - súmula 293 - a cobrança antecipada do valor
3. Os recursos extraordinários são interpostos nos
residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de
tribunais a quo. Passam, portanto, pelo primeiro juízo de
arrendamento mercantil.
admissibilidade feito pelo Presidente ou Vice-Presidente
do tribunal a quo (conforme o RI); PREQUESTIONAMENTO
4. Contra a decisão do presidente ou vice do tribunal a quo Por conta da premissa do efeito restrito, surgiu o
que não admite recurso extraordinário e recurso que se chama prequestionamento.
especial, caberá o chamado agravo de inadmissão (art. Tal instituto foi criado pela jurisprudência do STF e
1042, NCPC), (trata-se de outro recurso que não tem é um requisito a ser preenchido no exame do cabimento de
preparo e outras peculiaridades); um recurso extraordinário, assim, caso não haja
prequestionamento o recurso não será admitido.
OBS.: a quem o recorrente se dirige para pedir efeito O que é prequestionamento? A resposta é um
suspensivo ao seu recurso extraordinário? O STF decidiu o tema problema. Há uma discussão muito grande. Existem três
editando duas súmulas, a saber: concepções sobre o que seja o prequestionamento:
STF, 634. Não compete ao Supremo Tribunal Federal 1ª concepção: prequestionamento é um
conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso
comportamento da parte recorrente. Aquele que entrou
extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade
com o recurso extraordinário tem que ter, antes de ter
na origem.
recorrido, suscitado aquela questão objeto do seu recurso.
STF, 635. Cabe ao Presidente do Tribunal de origem A questão que ele discute no recurso extraordinário tem
decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário que ter sido suscitada antes por ele. Na prática, muita gente
ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.
entra com ação e já na inicial diz que está prequestionado o
Enquanto o extraordinário não tiver passado pelo juízo tema tal (frisa-se que já está questionando muito antes de
de admissibilidade de origem, cabe ao presidente conceder o entrar com o recurso);
efeito suspensivo. Todavia, superada a admissibilidade na origem,
caberá ao tribunal superior examinar o pedido de efeito 2ª Concepção: é um fato que se compõe de duas
suspensivo ao recurso extraordinário. OBS.: súmulas que o STJ partes. O prequestionamento exige, além da prévia
também aplica. provocação pela parte, que o tribunal recorrido tenha
enfrentado a questão. Para que haja prequestionamento:
5. Os recursos extraordinários pressupõem o esgotamento das
instâncias ordinárias; só cabe recurso extraordinário se não 1º a parte tenha suscitado a questão; e 2º o tribunal
couber recurso ordinário. Não cabe recurso extraordinário recorrido tenha se manifestado sobre ela. Sem a junção de
“PER SALTUM”; ambos os questionamentos, não teria havido
prequestionamento. É uma concepção bastante rigorosa de
6. São recursos de fundamentação vinculada, ou seja, eles não
cabem em qualquer situação. Só cabem em hipóteses
prequestionamento; e
tipicamente previstas pela CF; 3ª concepção: só há prequestionamento se o
7. Efeito devolutivo restrito, ou seja, só posso entrar com recurso tribunal tiver se manifestado sobre a questão, pouco
extraordinário para discutir questões de direito. Não serve importa se a parte tenha ou não suscitado a questão. É
para revisão de fatos. Contudo tal característica tem alguns irrelevante saber se a parte suscitou antes a questão. O
desdobramentos, a saber:
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relevante é saber se houve decisão do tema pelo tribunal mais correta, pois não submete o cidadão ao talante do
recorrido. tribunal recorrido, que, com a sua recalcitrância no
suprimento da omissão, simplesmente retiraria do
Pouco importa a corrente que seja adotada, a
recorrente o direito a se valer das vias extraordinárias.
segunda concepção é indiscutivelmente um caso de
prequestionamento. Se ela ocorrer, não há discussão que O entendimento fixado na Súmula 211 do STJ foi
seja prequestionamento. rejeitado pelo Novo CPC, que como vimos consagra em
seu artigo 1.025 a tese do prequestionamento ficto. Dessa
O problema é quando o sujeito suscita e o tribunal
forma, com a entrada em vigor do Novo Código de
não se manifesta ou o tribunal se manifestou sem o sujeito
Processo Civil em 16 de março de 2016, a Súmula 211 do
ter suscitado. Caso a terceira situação ocorra, ou seja, o
STJ restará SUPERADA.
tribunal se manifeste sem que se tenha suscitado, se aceita
o prequestionamento no caso. Vale dizer: de acordo com o NCPC, a simples
interposição dos embargos de declaração já é suficiente
A situação mais complicada é a seguinte: o sujeito
para prequestionar a matéria, “ainda que os embargos de
suscita e o tribunal não se manifesta sobre o tema. Há ou
declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
não o prequestionamento? Caso se suscite uma questão e
tribunal superior considere existentes erro, omissão,
o tribunal se cale, deve-se entrar com embargos de
contradição ou obscuridade” (art. 1.025 no NCPC).
declaração por omissão, para forçar a manifestação pelo
tribunal. Esses embargos são chamados EMBARGOS DE Na concepção de Fredier Didier, in Curso de
DECLARAÇÃO PREQUESTIONADORES. Direito Processual Civil, pag. 260, 8ª edição, vol III, pag.
260: “há prequestionamento implícito quando o Tribunal
A jurisprudência do STF é no sentido de que a
de origem, apesar de se pronunciar explicitamente sobre a
simples interposição dos embargos de declaração já seria
questão federal controvertida, não menciona
o bastante, pouco importando se suprida ou não a
explicitamente o texto ou o numero do dispositivo legal
omissão. Haveria neste caso o chamado
tido como afrontado. Exatamente neste sentido o
prequestionamento ficto. Nessa linha é a Súmula 356 do
prequestionamento vem sendo admitido pelo Superior
STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram
Tribunal de Justiça. O que importa é a efetiva
opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de
manifestação judicial – causa decidida. Não há aqui
recurso extraordinário, por faltar o requisito do
qualquer problema: se alguma questão fora julgada,
prequestionamento”.
mesmo que não seja mencionada a regra de lei a que está
Vale dizer: prequestionamento ficto é aquele que sujeita, é óbvio que se trata de matéria ‘questionada’ e
se considera ocorrido com a simples interposição dos isso é o quanto basta”.
embargos de declaração diante da omissão judicial,
O Superior Tribunal de Justiça admite o
independentemente do êxito desses embargos. O Novo
prequestionamento implícito. Nestes termos são
CPC consagrou a tese do prequestionamento ficto em seu
numerosos os precedentes daquela Corte que tem por
art.1.025, verbis: “Consideram-se incluídos no acórdão os
ocorrente o prequestionamento mesmo não constatado
elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
no corpo do Acordão impugnado a referencia ao numero e
questionamento, ainda que os embargos de declaração
à letra da norma legal, desde que a tese jurídica tenha
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior
sido debatida e apreciada (REsp.. 155.621, REsp. 166.147,
considere existentes erro, omissão, contradição ou
REsp. 144.844, REsp. 155.321 e REsp 153.983).
obscuridade.”
Já no âmbito do Supremo Tribunal Federal não
O Superior Tribunal de Justiça não admite o
se admite o prequestionamento implícito da questão
prequestionamento ficto. Esta Corte adota o
constitucional.
entendimento de que, para fins de prequestionamento,
não basta a simples interposição de embargos de
declaração, sendo necessário que o tribunal inferior emita
EXAURIMENTO DOS RECURSOS ORDINÁRIOS
juízo acerca da questão. Nesse sentido é a Súmula 211 do
STJ: “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, ESTUDO DA SÚMULA 456 DO STF: O Supremo Tribunal
a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi Federal, conhecendo do recurso extraordinário, julgará a causa, aplicando
o direito à espécie.
apreciada pelo tribunal “a quo”.
Essa súmula também é aplica ao STJ; é uma súmula
Com efeito, uma vez rejeitados os embargos
antiga de suma importância, que inclusive foi incorporada
declaratórios, interpostos com a finalidade de trazer a
aos regimentos internos do STF e STJ. Enfim, para que um
debate tema sobre o qual se omitiu o tribunal a quo, não
recurso extraordinário seja admitido há uma série de
se tem por suprido o requisito do prequestionamento e,
obstáculos a servem superados e a existência desses
consequentemente, o recurso especial não será admitido.
obstáculos é que torna esse recurso extraordinário.
Na opinião de Fredie Didier e Leonardo Carneiro Superado os obstáculos, o recurso será conhecido.
da Cunha, a qual acompanhamos, a postura do STF é a
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tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a Divergência na jurisprudência é divergência na ratio
decisão recorrida: decidendi.
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; Distinguishing: é preciso fazer o confronto
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de entre o acórdão recorrido e o paradigma. Se não fizer o
lei federal; distinguishing, o recurso não será conhecido. O confronto é
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
entre as ratio decidendi.
atribuído outro tribunal. Serve para uniformizar jurisprudência de tribunais
diversos. Isso é diferente de uniformização interna dos
sujeitos. Para o STJ, se o poder público não apelou, não
CONTRARIAR TRATADO OU LEI FEDERAL, OU poderá depois entrar com Resp. da decisão que julga o
NEGAR-LHES VIGÊNCIA: cabe Resp. para o STJ quando a reexame necessário.
decisão contrariar ou negar vigência a tratado ou lei federal.
A CF usa dois verbos: negar vigência e contrariar.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Contrariar é ofender a lei de qualquer maneira e
“quem nega a vigência” contraria. Previsão legal: art. 102, III, CF:
Por isso, o verbo contrariar engloba a expressão e Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
verbo “o negar vigência”. É verbo muito amplo.
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
Ademais, lei federal também tem sentido amplo e decididas em única ou última instância, quando a decisão
abrange LO, MP, DL, LC etc. Hoje em dia existem tratados recorrida:
que possuem naturezas diversas. Assim, se o tratado
violado for um tratado com norma de status constitucional, a) contrariar dispositivo desta Constituição;
caberá RE para o Supremo e não Resp. b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local
JULGAR VÁLIDO ATO DE GOVERNO LOCAL contestado em face desta Constituição.
CONTESTADO EM FACE DE LEI FEDERAL: cabe Resp. quando
o acórdão julgar válido ato de governo local contestado em d) julgar válida lei local contestada em face de lei
federal.
face de lei federal (essa 2ª hipótese foi reescrita pela EC
45/04). Não existe hierarquia entre lei estadual e federal. O
que há é competência diferente. E a competência legislativa
É possível teoricamente RE de decisão de juiz. Ele
está na CF.
cabe contra qualquer decisão.
Saber se a lei local ou estadual que prevalece é um
O Resp. é só de acórdão. O RE cabe de qualquer
problema constitucional. Isso agora é uma hipótese de RE.
decisão, desde que seja a última.
Tiraram parte da letra b e colocaram no inciso III,
O RE pode vir de qualquer processo. O Resp. é
‘d’ do art. 102 da CF (RE). Não ampliaram a competência do
próprio do processo civil, exceto nos juizados.
STF. Já era competência dele. Só foi esclarecida.
Cabe RE contra decisão de juiz que julga embargos
infringentes de alçada, porque não cabe nenhum outro
DER A LEI FEDERAL INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE recurso.
DA QUE LHE HAJA ATRIBUÍDO OUTRO TRIBUNAL: cabe
O RE sempre cabe contra qualquer decisão, desde
Resp. quando a lei tiver interpretação divergente na
que seja a última, consoante a súmula 640 do STF.
jurisprudência.
É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida
Caso demonstre que o acórdão interpretou de por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma
maneira diferente de outro tribunal, cabe Resp. para recursal de juizado especial cível e criminal.
harmonizar a interpretação da lei federal. É necessário
comprovar essa divergência. Tem que ser divergência com
outro tribunal. Essa comprovação hoje pode ser eletrônica. OBS: "causas de alçada" são consideradas como
Ou seja, cita-se julgado que está na página do tribunal. aquelas dispostas no art. 2º da Lei 5.584/70, em que seu
Só se consegue compreender essa letra “c” valor seja igual ou inferior a 2 (dois) salários mínimos, não
lembrando de: caberá recurso da decisão de 1º grau, salvo se houver
violação à Constituição Federal.
Ratio decidendi: cabe RE quando a ratio
decidendi for diferente da ratio decidendi do paradigma. O que importa é que seja a última decisão.
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As súmulas 733 e 735 do STF são importantes para Há nitidamente uma presunção de que todo RE
provas. Ambas são para dizer que não cabe RE. tem repercussão geral. Presunção essa que pode ser
afastada com o voto de 8 ministros. Se 7 ministros disserem
Súmula 733 do STF: Não cabe recurso extraordinário
contra decisão proferida no processamento de precatórios. que não há repercussão geral, há repercussão geral.
Entende que essa decisão é administrativa, não tendo como É como se o constituinte tivesse começado com 4
caber RE.
votos a favor da repercussão geral. Para que não haja, é
Súmula 735 do STF: Não cabe recurso extraordinário preciso que 8 digam que não tem.
contra acórdão que defere medida liminar.
Como o STF é dividido em 2 turmas de 5 e mais o
presidente, o RE vai para lá. Se a turma composta por 5,
O RE cabe por violação a CF, contudo o STF criou onde 4 dos 5 disserem que há repercussão geral, há
um entendimento de que só cabe RE por violação direta a repercussão geral mesmo que os outros entendam que não
CF, logo, não se admite RE por violação indireta ou oblíqua há.
ou reflexa. O Ministro tem 20 dias para se manifestar a
Caso a ofensa seja indireta não se admite RE. Só respeito da repercussão geral. Se ele não se manifestar,
cabe RE por violação direta. entende-se que há a repercussão geral.
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão
O difícil é saber se a violação é direta ou indireta.
irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a
Na jurisprudência do STF não diz o que é violação direta e questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral,
indireta. nos termos deste artigo.
Para explicar isso o STF disse o seguinte: sempre § 1o Para efeito de repercussão geral, será considerada a
que tiver que examinar lei para saber se a CF for violada isso existência ou não de questões relevantes do ponto de vista
é violação indireta. econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os
interesses subjetivos do processo.
A lei fica entre o acórdão e a CF. Ex.: súmula 636 do
STF. § 2o O recorrente deverá demonstrar a existência de
repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo
Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao Tribunal Federal.
princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação
pressuponha rever a interpretação dada a normas § 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso
infraconstitucionais pela decisão recorrida. impugnar acórdão que (presunção absoluta):
O NCPC atribui aos precedentes judiciais uma I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal;
eficácia vinculativa. E o precedente é a ratio decidendi do
julgado. II – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016)
Os precedentes vindos do STF têm sido
compreendidos como precedentes vinculativos, tanto em III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado
controle concentrado quanto em controle difuso. ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.
§ 4o O relator poderá admitir, na análise da repercussão
O RE é o principal instrumento do controle difuso.
geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador
Pelo RE leva ao STF o exame da constitucionalidade. Tem habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
acontecido que as decisões do STF em controle difuso (RE), Federal.
embora seja um RE, estão sendo compreendidas como
§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no
vinculantes, ou seja, devem ser observadas por todos.
Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do
Essa transformação é que explica o instituto da processamento de todos os processos pendentes, individuais ou
repercussão geral do RE e o julgamento dos recursos coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território
repetitivos. nacional.
§ 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-
Só é possível entender esses dois assuntos se você
presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de
lembrar que a decisão que o STF der vai servir de
sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido
fundamento vinculativo para outras decisões. interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5
Com a EC 45/04 o constituinte instituiu a (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
repercussão geral. É uma exigência para que o RE seja § 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no §
conhecido. Para admitir o RE tem que demonstrar que 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de
aquilo que se discute transborda o mero interesse das repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos
partes. caberá agravo interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016)
O STF tem 11 ministros. A CF diz que o RE só não
tem repercussão geral se 8 ministros disserem que não tem. § 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-
presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos
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extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria questão de direito, haverá afetação para julgamento
idêntica. conjunto a fim de se firmar a tese que será aplicada em
§ 9o O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida todo o País, observado o disposto no Regimento Interno do
deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de
os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os Justiça.
pedidos de habeas corpus.
O presidente ou o vice-presidente de tribunal de
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.256, justiça ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois)
de 2016) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão
§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior
constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a
acórdão. suspensão do trâmite de todos os processos pendentes,
O STF dirá caso a caso quando se trata de individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na
repercussão geral ou não. região, conforme o caso.
§ 2o O recorrente deverá demonstrar a existência de Todavia, A escolha feita pelo presidente ou vice-
repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo presidente do tribunal de justiça ou do tribunal regional
Tribunal Federal. federal não vinculará o relator no tribunal superior, que
poderá selecionar outros recursos representativos da
O recorrente tem que abrir um item sobre
controvérsia. Outrossim, o relator em tribunal superior
repercussão geral. O recorrente deve alegar e demonstrar
também poderá selecionar 2 (dois) ou mais recursos
preliminarmente a repercussão geral. Só quem pode dizer
representativos da controvérsia para julgamento da
se há ou não repercussão geral é o STF. É competência
questão de direito independentemente da iniciativa do
exclusiva. Porém, se não for alegada pelo recorrente, o
presidente ou do vice-presidente do tribunal de origem.
presidente do tribunal originário pode impedir o
conhecimento do recurso extraordinário. Ressalte-se que somente podem ser selecionados
recursos admissíveis que contenham abrangente
Pode acontecer de vários RE’s discutirem a mesma
argumentação e discussão a respeito da questão a ser
coisa. O STF examinará a repercussão geral de alguns RE’s,
decidida.
os mais representativos, escolhidos pelo tribunal de origem.
A decisão que o STF der em um valerá para todos. Um Pode, ainda, o interessado pode requerer, ao
julgamento serve para todos. É o julgamento por presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de
amostragem. sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso
extraordinário que tenha sido interposto
O RE só repercute para o recorrente? Não.
intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco)
Repercute contra todos. O julgamento por amostragem está
dias para manifestar-se sobre esse requerimento. Da
no art. 543-B.
decisão que indeferir tal requerimento caberá apenas
§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no agravo interno.
Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do
processamento de todos os processos pendentes, individuais ou Após a seleção dos recursos, o relator, no tribunal
coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território superior, constatando que é hipótese de repetição,
nacional. proferirá decisão de afetação, na qual:
§ 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice- I - identificará com precisão a questão a ser
presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos submetida a julgamento; II - determinará a suspensão do
extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria processamento de todos os processos pendentes,
idêntica. individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e
§ 4o O relator poderá admitir, na análise da repercussão tramitem no território nacional; III - poderá requisitar aos
geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça
habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal ou dos tribunais regionais federais a remessa de um recurso
Federal. representativo da controvérsia.
Isso é intervenção de amicus curiae. No julgamento Se, após receber os recursos selecionados pelo
por amostragem pode ter a manifestação de amicus curiae. presidente ou pelo vice-presidente de tribunal de justiça ou
Essa regra vale para qualquer processo. O STF quer fazer de tribunal regional federal, não se proceder à afetação, o
valer as suas decisões. Haverá presunção absoluta de relator, no tribunal superior, comunicará o fato ao
repercussão geral. presidente ou ao vice-presidente que os houver enviado,
para que seja revogada a decisão de suspensão relativa aos
processos que ficaram sobrestados.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL REPETITIVOS
Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo
Sempre que houver multiplicidade de recursos de 1 (um) ano e terão preferência sobre os demais feitos,
extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica
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ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos I - agravo de instrumento, se o processo estiver em
de habeas corpus. O NCPC, em sua redação originária, primeiro grau;
previa uma sanção para o descumprimento do prazo acima
II - agravo interno, se a decisão for de relator.
referido. Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 ano a
contar da publicação da decisão de afetação, cessaria, O relator poderá: I - solicitar ou admitir manifestação
automaticamente, em todo o País, tal afetação e os de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na
processos suspensos retomariam seu curso normal. controvérsia, considerando a relevância da matéria e
Importante, lembrar, todavia, que tal disposição, foi consoante dispuser o regimento interno. É a utilização do
revogado pela Lei nº 13.256, de 2016. amicus curiae nos recursos repetitivos; II - fixar data para,
em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com
Em todo caso, as partes deverão ser intimadas da
experiência e conhecimento na matéria, com a finalidade
decisão de suspensão de seu processo, a ser proferida pelo
de instruir o procedimento; III - requisitar informações aos
respectivo juiz ou relator.
tribunais inferiores a respeito da controvérsia e, cumprida a
Havendo mais de uma afetação, será prevento o diligência, intimará o Ministério Público para manifestar-se.
relator que primeiro tiver proferido a decisão que Tais informações serão requisitadas para serem prestadas
identificará com precisão a questão a ser submetida a em um prazo de 15 dias, mesmo prazo dado ao MP e os
julgamento. atos serão praticados, sempre que possível, por meio
eletrônico.
Quando os recursos repetitivos representativos da
controvérsia, requisitados ao tribunal de origem, Transcorrido o prazo para o Ministério Público e
contiverem outras questões além daquela que é objeto da remetida cópia do relatório aos demais ministros, haverá
afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar inclusão em pauta, devendo ocorrer o julgamento com
e depois as demais, em acórdão específico para cada preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que
processo. envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
Para a parte que tiver o seu recurso sobrestado pela O conteúdo do acórdão abrangerá a análise dos
decisão de afetação, somente há uma única saída, qual seja, fundamentos relevantes da tese jurídica discutida.
demonstrar distinção entre a questão a ser decidida no
Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados
processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou
declararão prejudicados os demais recursos versando sobre
extraordinário afetado, a fim de requerer o prosseguimento
idêntica controvérsia se a decisão for de negativa de
do seu processo. Assim, importa destacar um distinguishing,
provimento ou, se for de provimento, os decidirão
um ponto de distinção entre o seu recurso e o recurso
aplicando a tese firmada.
paradigma.
Negada a existência de repercussão geral no recurso
O requerimento de distinção será dirigido: I - ao juiz,
extraordinário afetado, serão considerados
se o processo sobrestado estiver em primeiro grau; II - ao
automaticamente inadmitidos os recursos extraordinários
relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de
cujo processamento tenha sido sobrestado.
origem; III - ao relator do acórdão recorrido, se for
sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário no Publicado o acórdão paradigma, algumas situações
tribunal de origem; IV - ao relator, no tribunal superior, de podem ocorrer:
recurso especial ou de recurso extraordinário cujo
1ª) o presidente ou o vice-presidente do tribunal de
processamento houver sido sobrestado.
origem negará seguimento aos recursos especiais ou
A outra parte deverá ser ouvida sobre o extraordinários sobrestados na origem, se o acórdão
requerimento no prazo de 5 (cinco) dias. recorrido coincidir com a orientação do tribunal superior;
Reconhecida a distinção no caso: 2ª) o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na
origem, reexaminará o processo de competência originária,
a) nos casos em que o próprio juiz ou relator decidiu
a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado,
pelo sobrestamento dos recursos em sua respectiva esfera
se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal
de competência, o próprio juiz ou relator dará
superior;
prosseguimento ao processo;
3ª) os processos suspensos em primeiro e segundo
b) nos demais casos, o relator comunicará a decisão
graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento e
ao presidente ou ao vice-presidente que houver
aplicação da tese firmada pelo tribunal superior;
determinado o sobrestamento, para que o recurso especial
ou o recurso extraordinário seja encaminhado ao respectivo 4ª) se os recursos versarem sobre questão relativa a
tribunal superior. prestação de serviço público objeto de concessão,
permissão ou autorização, o resultado do julgamento será
Da decisão que resolver o requerimento de distinção
comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora
caberá:
competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte
dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.
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Note-se que essa técnica de julgamento de recursos contraditório e ampla defesa. É predisposta a produzir
repetitivos, encontra-se dentro da lógica dos precedentes resultados imutáveis, cristalizados pela coisa julgada. É
judiciais, firmados pelo novo CPC. Assim, na prática, a parte espécie que prestigia, sobretudo, a segurança jurídica.
que pleitear direito contrário a tese firmada pelo tribunal,
A tutela definitiva pode ser satisfativa ou cautelar.
terá seu pedido indeferido e perderá a demanda.
A tutela definitiva satisfativa é aquela que visa
Assim, dentro desta lógica, o NCPC trouxe a previsão
certificar e/ou efetivar o direito material. Pressupõe à
de uma faculdade de desistência do processo pela parte
satisfação de um direito material com a entrega do bem da
autora. Nesta toada, a parte poderá desistir da ação em
vida almejado. É a chamada tutela-padrão.
curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a
sentença, se a questão nela discutida for idêntica à Há dois tipos diferentes de tutela definitiva
resolvida pelo recurso representativo da controvérsia. Se a satisfativa: a tutela de certificação de direitos (declaratória,
desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a parte constitutiva e condenatória) e a tutela de efetivação dos
ficará isenta do pagamento de custas e de honorários de direitos (tutela executiva, em sentido amplo).
sucumbência.
As atividades processuais necessárias a obtenção de
Tal desistência independe de consentimento do réu, uma tutela satisfativa podem ser demoradas, o que coloca
ainda que apresentada contestação. em risco a própria realização do direito afirmado. Surge o
chamado perigo da demora (periculum in mora) da
Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de
prestação jurisdicional.
origem, o recurso especial ou extraordinário será remetido
ao respectivo tribunal superior. Em razão disso, há tutela definitiva de cunho não
satisfativo, de cunho assecuratório, para conservar o direito
Realizado o juízo de retratação, com alteração do
material afirmado e, com isso, neutralizar os efeitos
acórdão divergente, o tribunal de origem, se for o caso,
maléficos do tempo: a tutela cautelar.
decidirá as demais questões ainda não decididas cujo
enfrentamento se tornou necessário em decorrência da A tutela cautelar não visa à satisfação de um direito
alteração. (ressalvado, obviamente, o próprio direito à cautela, o
direito de proteger a eficácia de um futuro provimento
Quando ocorrer de o acórdão recorrido contrariar a
jurisdicional), mas, sim, a assegurar a sua futura satisfação,
orientação do tribunal superior e o recurso versar sobre
protegendo-o.
outras questões, caberá ao presidente ou ao vice-
presidente do tribunal recorrido, depois do reexame pelo De tudo que foi tido, resta claro que a tutela
órgão de origem e independentemente de ratificação do definitiva pode ser satisfativa (cognitiva ou executiva) ou
recurso, sendo positivo o juízo de admissibilidade, não-satisfativa (cautelar), sendo sempre exauriente e
determinar a remessa do recurso ao tribunal superior para predisposta à coisa julgada.
julgamento das demais questões.
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A principal finalidade da tutela provisória é abrandar A tutela provisória conserva sua eficácia na
os males do tempo e garantir a efetividade da jurisdição (os pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser
efeitos da tutela). revogada ou modificada. Salvo decisão judicial em
contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante
Esta é a tutela provisória como chamada pelo
o período de suspensão do processo.
CPC/2015. A tutela provisória confere a pronta satisfação
ou a pronta asseguração. O juiz poderá determinar as medidas que considerar
adequadas para efetivação da tutela provisória. A
A decisão que concede tutela provisória é baseada
efetivação da tutela provisória observará as normas
em cognição sumária e dá eficácia imediata à tutela
referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que
definitiva pretendida (satisfativa ou cautelar).
couber.
Por ser provisória, será substituída por uma tutela
Na decisão que conceder, negar, modificar ou
definitiva, que a confirme, revogue ou modifique.
revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu
convencimento de modo claro e preciso.
3. Espécies de tutela provisória
Assim, a tutela provisória, sempre sumária e 4.1. Forma de requerimento: incidental ou antecedente
precária, caracteriza-se pela antecipação provisória dos A tutela provisória de urgência, cautelar ou
efeitos da tutela definitiva e se subdivide em: antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou
1ª) tutela satisfativa (“antecipada”): de urgência ou incidental.
de evidência; e A tutela provisória incidental é aquela requerida
2ª) tutela cautelar: sempre baseada na urgência. dentro do próprio processo em que se pede ou já se pediu a
tutela definitiva, no intuito de adiantar seus efeitos,
4. Regime jurídico da tutela provisória: regras gerais independentemente do pagamento de custas. O
Portanto, na forma do art. 294 do NCPC, a tutela interessado ingressa com um processo pleiteando, desde o
provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. início, tutelas provisória e definitiva ou ingressa com um
processo pleiteando somente a tutela definitiva e, no seu
A tutela provisória de urgência (cautelar ou curso, pede a tutela provisória.
antecipada) pressupõem a demonstração de elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano O art. 801 § 1o , CPC, consagra a possibilidade do
ou o risco ao resultado útil do processo. pedido principal ser formulado conjuntamente com o
pedido de tutela cautelar.
A urgência pode servir de fundamento å concessão
da tutela provisória cautelar ou satisfativa. A evidência, A tutela provisória antecedente é aquela que
contudo, só autoriza a tutela provisória satisfativa (ou deflagra o processo em que se pretende, no futuro, pedir a
simplesmente “tutela antecipada”). tutela definitiva. É requerimento anterior å formulação do
pedido de tutela definitiva e tem por objetivo adiantar seus
No dizer do novel legislador processual civil: efeitos.
TÍTULO III
A tutela provisória antecedente foi concebida para
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
aqueles casos em que a situação de urgência já é presente
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, no momento da propositura da ação e, em razão disso, a
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de parte não tem tempo hábil de levantar os elementos
risco ao resultado útil do processo, quando: (grifo nosso) necessários para formular o pedido de tutela definitiva de
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o modo completo e acabado, reservando-se a fazê-lo
manifesto propósito protelatório da parte; posteriormente.
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas Resta definir a qual juízo deve ser o requerimento
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos dirigido.
repetitivos ou em súmula vinculante;
De acordo com o art. 299 do NCPC, a tutela
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova
provisória incidental será requerida ao juízo da causa e,
documental adequada do contrato de depósito, caso em que será
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob quando antecedente, ao juízo competente para conhecer
cominação de multa; do pedido principal. Ressalvada disposição especial, na ação
de competência originária de tribunal e nos recursos a
IV - a petição inicial for instruída com prova documental tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu
competente para apreciar o mérito.
não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz
poderá decidir liminarmente.
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relação a qualquer espécie de obrigação (fazer/não- Execução por sub-rogação2 VS execução indireta:
fazer/entregar/pagar quantia) gera um processo sincrético.
- as duas são espécies de execução forçada;
Processo autônomo de execução nos juizados especiais
passou a ser possível somente no caso de execução de - na execução por sub-rogação o Estado-juiz
título extrajudicial; substitui a vontade do devedor pela vontade da lei. A
vontade da lei é de satisfazer o Direito e a vontade da parte
- em 2.002, o artigo 461-A do CPC passa a prever
devedora é de resistir. O Estado-juiz possuir poderes para
como sincrético todo processo que tenha como objeto a
executar atos matérias que visam à satisfação do crédito
obrigação de entregar coisa;
(ex.: penhora; expropriação);
- em 2.005, a lei 12.232 (lei do cumprimento de
- a execução indireta trabalha com a ideia de
sentença – assim conhecida vulgarmente) trazendo a ideia
pressão psicológica, tendo como idéia o convencimento do
do processo sincrético também para os obrigações de pagar
devedor de que é melhor ele cumprir a obrigação, ou seja,
quantia (uma vez que esta é a mais frequente);
convencer o devedor à adequar a sua vontade à vontade da
- nos dias atuais, a regra é o processo sincrético, lei. Na execução indireta, o exequente conta com a
sendo exceção o processo autônomo de execução. É assim colaboração do devedor para que funcione (toda vez que
a sistemática utilizada também pelo NCPC. É óbvio que essa ela funcionar ela vai gerar uma satisfação voluntária do
dicotomia de formas executivas é algo privativo dos títulos direito). Nessa execução é levada em conta a
executivos judiciais, uma vez que nos títulos executivos voluntariedade do exequente, mas não a espontaneidade.
extra-judiciais sempre será necessário um processo Há duas formas de promover a pressão consistente na
autônomo de execução; execução indireta:
- como título executivo judicial gerando processo - ameaçar a piora da situação do devedor (ex.:
autônomo de execução nos diais atuais: astreintes);
- no que se refere a execução contra fazenda - oferecimento de uma melhora (ex.: art. 827, §
pública e contra devedor insolvente, realmente, a doutrina 1º, do NCPC -> o executado citado tem 3 dias para pagar já
concorda que ficou de fora das inovações do processo com o desconto de 50% dos honorários);
sincrético.
- a expressão “sanção premial” é de
- o NCPC resolve uma divergência doutrinária no nomenclatura horrível, mas traduz a ideia acima elencada;
caso de execução de alimentos regulamentando sua
- Exemplos: no caso de execução por quantia
execução por meio de cumprimento de sentença.
certa, a regra é a execução por sub-rogação; o desconto na
- o artigo 515 do NCPC, especifica a técnica do folha de pagamentos o relativo ao pagamento de alimentos
cumprimento de sentença para a execução de títulos também é execução por sub-rogação;
executivos judiciais. Nos casos de execução de sentença
- o artigo 535, § 1º do NCPC traz a regra de que
arbitral, sentença penal condenatória, sentença estrangeira
se o réu não pagar em 15 dias, ele sofrerá uma multa de
homologada pelo STJ e a decisão interlocutória estrangeira,
10%, mas qual seria a natureza jurídica dessa multa? A
após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo
professora Tereza Arruda Alvim Wambier e o professor
Superior Tribunal de Justiça, onde o código prevê a citação
Athos Gusmão Carneiro entendem ela ser uma espécie de
do executado.
astreinte (portanto, trata-se de execução indireta). Já Luiz
Sendo a citação o ato que integra o réu ao Guilherme Marinoni e Sérgio Shimura, seguidos pelo STJ,
processo, estar-se-á portanto, diante da redação do artigo, dizem que tal multa tem natureza de sanção processual,
criando-se um processo novo, assim, estruturalmente, está uma vez que o valor é fixado em lei e não pode ser alterado
criando-se um processo novo, uma vez que haverá petição pelo juiz, além de que a pressão psicológica somente pode
inicial e citação do executado, embora procedimentalmente ser aplicada se a obrigação for materialmente possível de
haverá um cumprimento de sentença, salvo a petição inicial ser cumprida. Vale lembrar que a aplicação da multa se dá
e citação, que não são típicos de cumprimento de sentença independentemente (segundo essa posição) da condição
mas estão no procedimento. Tal fato acontece pela financeira do executado;
necessidade de unificação do procedimento usado na
- O artigo 536, §1º do NCPC trata das
execução para os títulos executivos judiciais, sob pena da
denominadas medidas de apoio que podem ser utilizadas
execução da sentença arbitral (por exemplo) ter uma
pelo juiz para a efetivação das obrigações específicas.
execução mais difícil do que as sentenças comuns, criando
Discute-se se o artigo 536, §1º3 seria ou não aplicado nas
uma espécie de sentença de segundo grau;
obrigações de pagar quantia? Embora haja corrente
doutrinária (liderada por Luiz Guilherme Marinoni)
entendendo que pode ser aplicada as astreintes nesse caso,
2
Também chamada de execução direta.
3
Trata-se das astreintes no sentido comum.
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o STJ entende que não se pode aplicar as astreintes nesse princípio da patrimonialidade -> o que responde
caso, fazendo o tribunal uma interpretação restritiva, no pela satisfação da dívida é sempre o patrimônio e nunca o
sentido de que o artigo 536, § 1º é exclusivo das obrigações corpo do devedor. É importante lembrar que a prisão civil
de fazer, não fazer e entregar coisa, sendo impossível sua por dívida de alimentos não trata de satisfação da dívida
aplicação no âmbito da obrigação de pagar; através do corpo do devedor. O princípio da
patrimonialidade é o resultado da humanização da
execução. No começo dos tempos a satisfação do crédito
obrigação de entregar coisa: quando o processo era pessoal: nas leis das dose tábuas, havia a morte em
tiver como objeto a obrigação de entregar coisa, pode-se decorrência de dívida. Posteriormente, a satisfação do
valer da execução por sub-rogação: no caso de móvel, ação crédito se dava pela escravidão perpétua ou temporária
de busca e apreensão; no caso de imóvel, imissão na posse. (dependendo do quantum da dívida). A última fase (a atual)
Pode-se também se valer dos meios de execução indireta se dá na execução patrimonial: no começo dessa fase, o
(ex.: astreintes). Não há ordem de preferência entre as duas devedor perdia todo o patrimônio (mesmo que a dívida não
execuções, podendo o juiz, ao mesmo tempo, aplicar as fosse desse montante, presente uma ideia de vingança na
duas formas de execução; execução), posteriormente, a regra passou a ser de que
somente poderia haver execução do valor da dívida. No
tempos mais modernos, há a ideia de patrimônio mínimo
obrigação de fazer e de não-fazer: no caso das (uma das espécies de representação do princípio da
obrigações fungíveis, ou seja, obrigações que podem ser dignidade da pessoa humana), trazendo a regra de que haja
cumpridas por outros sujeitos além do devedor, pode a manutenção de um patrimônio mínimo que permita a
ocorrer a execução por sub-rogação, por meio da sobrevivência digna do devedor, surgindo a lógica da
contratação judicial de terceiro, também sendo cabível a impenhorabilidade de bens. O artigo 833 do NCPC traz o rol
execução indireta (por meio das astreintes). No caso de dos bens impenhoráveis.
obrigações infungíveis, ou seja, aquelas que somente
- o artigo 833, inciso “IV” do NCPC traz a regra da
podem ser cumpridas pelo devedor, só há duas alternativas:
impenhorabilidade em relação aos ganhos de trabalho e
ou o devedor cumpre ou o devedor não cumpre, portanto,
valores de aposentadoria. Segundo o artigo 833, § 2º do
como meio de execução, cabe apenas a execução indireta
NCPC cabe exceção em relação à impenhorabilidade dos
(astreintes), não sendo cabível a execução por sub-rogação;
ganhos de trabalho e aposentadoria, no caso de dívidas de
Princípios: alimentos. No que se refere ao bem de família, o artigo 3º
da lei 8.009/90 prevê algumas circunstâncias em que o bem
- nulla executio sine titulo -> a existência do
de família pode ser penhorado: dívida de empregados que
título é indispensável para a execução. Segundo Liebman, a
trabalharam no imóvel, dívidas tributárias relativas ao
execução é o trem, sendo o título o bilhete que dá acesso a
imóvel etc. Tal regra foi ratificada pelo § 1º do art.833 do
esse trem. A execução depende do título pelo fato de que o
NCPC - § 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida
executado na execução é colocado em uma situação de relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição;
desvantagem4. O executado está em desvantagem tanto
processualmente quanto no aspecto material, assim, a
necessidade da atuação do executado se dá somente no Princípio do desfecho ou resultado único -> no
sentido de evitar exageros (no sentido de fazer valer o caso do processo ou fase de conhecimento costuma se dizer
artigo 805 do NCPC – menor onerosidade para o executado que há apenas um fim normal desse processo/fase. O fim
da execução). A desvantagem material se dá pelo fato de normal no processo/fase de conhecimento é o mérito
que é na execução que o executado terá a constrição de (resolução do mérito), e pode entregar a tutela jurisdicional
bens e a restrição de direitos. A justificativa para toda essa ao autor (acolhe o pedido) ou ao réu (rejeita o pedido). O
gama de desvantagens do executado é a grande fim anômalo do processo/fase é a extinção terminativa,
probabilidade do direito exequendo exigido, sendo que essa sem que seja resolvido o mérito. O fim normal do
grande probabilidade é encontrada no título executivo; processo/fase de execução é apenas um, uma vez que o
desfecho normal é a satisfação do crédito por parte do
credor.
nulla executio sine lege -> não pode haver título
embasado somente em doutrina, jurisprudência ou partes. - segundo o STJ, discutir mérito executivo é
É a lei quem deve estipular que determinado documento é discutir a existência e extensão da exceção de pré-
título executivo. Uma decisão interlocutória (antecipação de executividade, sendo esta um incidente processual que se
tutela) vai ser executada (ou efetivada como diz a lei), mas desenvolve na própria execução, cujo acolhimento trata-se
seria essa decisão interlocutória título executivo? Para o de sentença de mérito rejeitando o pedido do autor,
NCPC, a resposta é afirmativa. gerando um fim normal em favor do réu, o que o não é
permitido pelo princípio, tratando-se portanto de exceção;
4
- no que se refere à impugnação ao cumprimento
Há uma antiga expressão de que “e execução é um processo do
de sentença, a doutrina majoritária entende que tal
credor”.
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instrumento corresponde a um incidente processual de mesmo (orientação sem noção). Atualmente, incumbe ao
defesa do executado. A impugnação que tenha como exequente indicar bens suscetíveis de penhora, sempre que
matéria o mérito executivo e seja acolhida, gerará sentença possível (art. 798, II, “c” do NCPC). Deve-se indicar bens
de mérito que se dá a favor do executado; correspondentes ao valor da execução (assim, há
preservação do sigilo patrimonial), não sendo necessário
indicar todos os bens do executado;
princípio da disponibilidade da execução -> o
exequente pode desistir a qualquer momento da execução,
independentemente da concordância do executado. Sujeitos Processuais:
- é possível também que o exequente desista - a relação jurídica processual executiva é
apenas de determinados meios executivos (prevalece o triangular (autor-réu-juiz);
princípio do dispositivo);
- o sujeito ativo da execução é o
- o Ministério Público, na tutela coletiva, atua credor/exequente;
baseado no princípio da indisponibilidade da execução, uma
- o sujeito passivo na execução é o
vez que há por parte do órgão ministerial o dever funcional
devedor/executado;
de executar a sentença coletiva;
- no que se refere à intervenção de terceiro,
analisaremos primeiro as intervenções de terceiros típicas.
boa-fé/lealdade processual -> previsto no artigo Das 3 intervenções, 2, pacificamente, não cabem:
774 do NCPC que traz os atos atentatórios à justiça, sendo denunciação e chamamento ao processo. Essas
espécie de ato que somente pode ser praticado pelo intervenções são típicas do processo de conhecimento, não
executado, tanto na execução quanto nos embargos à sendo cabíveis na execução. No que se refere à assistência,
execução, sendo exemplos: o tema é polêmico: alguns advogam pela admissibilidade,
outros não. A sentença no processo executivo apenas
a) conduta que fraudar a execução: uma
declara satisfeito o exequente e encerra o processo. Uma
corrente doutrinária (Araken de Assis) defende que o termo
parcela da doutrina: Humberto Theodoro Júnior, Ovídio
fraude a execução foi usado em seu sentido técnico, uma
Baptista dizem que não cabe a assistência na execução,
vez que para ele, fraudar a execução é praticar um daqueles
argumentando que para que haja assistência, deve haver
atos do artigo 792 do NCPC. Por sua vez, Cândido Rangel
interesse jurídico, assim, em uma relação jurídica material
Dinamarco entende que o termo fraude a execução foi
controvertida entre um terceiro e uma ou ambas as partes
utilizado em sentido leigo, com o sentido de “gerar
que pode ser afetada pela sentença. Como a sentença na
indevidamente a sua frustração”;
execução é inapta a afetar relação jurídica material, nunca
b) conduta de oposição maliciosa à execução, surgirá interesse para que se use a assistência. Em
empregando ardis e meios artificiosos: a discussão da contrapartida, Cândido Rangel Dinamarco e Araken de Assis
hipótese acima se torna vazia, uma vez que essa hipótese é entendem admissível a assistência na execução, mas deve
ampla e abrange todos os atos que se oponham haver uma alteração: aonde o artigo 119 do NCPC prevê
maliciosamente à execução; sentença, deve-se ler “resultado do processo”; na execução
a sentença pode ter apenas dois resultados, ou seja, a
c) dificulta ou embaraça a realização da
sentença satisfaz o direito ou não satisfaz o direito
penhora: oposições injustificadas das partes que dificultam
(frustração). Dinamarco diz que está tão certo na sua
a penhora como, por exemplo, o empecilho ao trabalho do
orientação que existe um exemplo consagrado em lei, que é
Oficial de Justiça;
o artigo 834 do CC/02, que trata a questão da fiança, no
d) resistência injustificada às ordens judiciais: caso em que o credor executa apenas o devedor e depois
quando se pratica um ato atentatório à dignidade da justiça fica inerte, podendo o fiador ingressar no processo para que
(art. 77, § 2º do NCPC, podendo gerar, por exemplo, multa o credor tenha o direito satisfeito por parte do devedor;
de até 20% do valor da causa, tendo como credor o Estado),
também pratica-se um ato como litigante de má-fé (artigo
81 do NCPC, podendo gerar uma multa de que deverá ser legitimidade ativa:
superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
- o artigo 778 do NCPC regula o tema, sendo o
corrigido da causa, tendo como credor a parte adversa).
primeiro legitimado o credor a quem a lei confere o título
Como os credores são diferentes, não há bis in idem;
executivo: em regra é o sujeito que figura no título
d) intimado, não indica ao juiz quais são e onde executivo como credor, mas pode acontecer da lei legitimar
estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, pessoa que não está figurando no título como credor
nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, (lembrando que essa não é a regra), como no caso do artigo
certidão negativa de ônus: durante muito tempo imaginou- 23 do Estatuto da OAB (Lei. 8.906/94) que prevê que o
se que o sujeito passivo não deveria indicar os bens advogado é o credor dos honorários fixados em sentença. O
necessariamente, sob pena de estar fazendo prova de si credor que atuar na execução nos casos acima estará
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exercendo legitimação ordinária, uma vez que estará em II) espólio, herdeiros e sucessores -> o “benefício
nome próprio defendendo interesse próprio. Além disso, de inventário” garante que as dívidas do de cujus são
trata-se de legitimação originária/primária, pois a satisfeitas nos limites da herança (portanto, não se herda
legitimação surge no momento da formação do título; dívidas). Não se deve confundir legitimidade com
responsabilidade patrimonial: os herdeiros não respondem
- o Ministério Público tem legitimidade nos casos
com seu patrimônio, mas isso não exclui a legitimidade.
previstos em lei, conforme o próprio artigo 778, § 1º. Na
Trata-se de legitimidade ordinária
sentença coletiva, o parquet tem um dever institucional na
secundária/derivada/superveniente;
execução. O julgado do informativo 404 do STJ, que trata-se
de decisão do TCE condenando um vereador a devolver R$ III) novo devedor na hipótese de assunção de
4.000,00, entendendo que a Fazenda Pública tem dívida -> o alguém assume a dívida de outrem, tornando-se
legitimidade para propor a execução, uma vez que tratava- devedor. A cessão de débito/assunção de dívida depende
se de execução de patrimônio público meramente da anuência do credor, uma vez que mudar o devedor
econômico. O STJ entendeu que a competência era da significa mudar o patrimônio que responde pela satisfação
Fazenda Pública, mas decidiu que o MP tinha legitimidade da obrigação. A ausência da anuência do devedor torna a
subsidiária para o feito. O artigo 68 do CPP dá legitimidade cessão de débito ineficaz, dessa forma, o novo devedor não
ao MP de executar a sentença penal condenatória no caso será legitimado. Trata-se de legitimação ordinária
de vítima pobre: Alexandre Freitas Câmara e Cândido superveniente/secundária/derivada;
Rangel Dinamarco sustentam a inconstitucionalidade desse
IV) fiador judicial -> fiador judicial é um terceiro
dispositivo, uma vez que o papel de defender o “pobre” é
que presta uma garantia em favor de uma das partes do
da defensoria pública. O STF porém, decidiu que o MP
processo, sendo legitimado passivo para futura e eventual
mantém a legitimidade nesse caso somente nos lugares em
execução. O fiador judicial nunca consta da sentença do
que a defensoria pública não atue, sendo o artigo dotado de
processo onde foi prestado a garantia (na sentença consta o
uma inconstitucionalidade progressiva. No caso do
autor e réu), mas uma das partes vai figurar no título como
Ministério Público, ele age em nome próprio defendendo
devedor, já o fiador judicial, não vai constar no título.
interesse de outros (legitimação extraordinária);
Assim, necessário foi esse inciso para legitimar o fiador
- o artigo 778 traz quatro incisos com previsão de judicial para ficar no pólo passivo do título. Seria aplicável a
legitimados: essa regra para o fiador convencional? A resposta é NÃO,
uma vez que somente pode-se executar o fiador
I) O primeiro é o MP, já analisado;
convencional se ele figurar no título executivo. Ou o fiador
II) espólio, herdeiros e sucessores -> caso ainda vai estar no artigo 779, IV (constando no título) ou vai
não haja a execução, os legitimados vão ingressar com a constar na sentença condenatória. Na ausência desses
execução fazendo uma prova documental do falecimento e títulos, não se pode executar o fiador, devendo mover a
da sua qualidade de herdeiro, sucessor ou de espólio fase de conhecimento colocando como réu o fiador
(representando pelo inventariante). Caso o credor morra convencional. O fiador pode exercer o benefício de ordem,
durante a execução, a sucessão processual para ingresso ou seja, preferência dos bens do devedor na satisfação da
dos sucessores deve se dar por meio de uma ação de dívida. O benefício de ordem é um direito disponível
habilitação incidente. Há uma corrente doutrinária (ex.: (podendo o fiador abrir mão), e para que se exerça o
Carmona) que diz que dentro do sincretismo processual, benefício de ordem, deve existir título executivo contra o
essa ação de habilitação incidente seria desnecessária, devedor, assim, se chamado somente o fiador na lide, esse
devendo ser feito a sucessão por meio de simples petição. A deve chamar o devedor na lide5 para garantir o futuro
legitimação será ordinária, uma vez que estarão tais benefício de ordem. Trata de legitimação extraordinária (o
pessoas agindo em nome próprio na defesa de interesse fiador age em nome próprio em defesa do interesse do
próprio. A legitimação ainda é devedor);
superveniente/derivada/secundária, uma vez que a
V) o responsável titular do bem vinculado por
legitimação surge após a formação do título executivo;
garantia real ao pagamento do débito;
III e IV) cessionário² e sub-rogado³ -> a sub-
VI) responsável tributário -> quando se fala em
rogação pode ser legal (art. 346 do CC/02) ou convencional
responsabilidade tributário, fala-se em CDA (Certidão da
(art. 347 do CC/02). Trata-se de legitimação ordinária
Dívida Ativa). Essa certidão é título executivo resultante de
superveniente;
um processo administrativo. Para a doutrina majoritária
(Humberto Theodoro Júnior, Leonardo Greco), na CDA
haverá o devedor e os responsáveis tributários, assim,
legitimidade passiva:
mesmo no processo administrativo deve respeitar o
- previsto no artigo 779 do NCPC: contraditório dessas pessoas. O STJ dispensa a participação
I) título reconhece como devedor -> o sujeito
figura no título como devedor. O sujeito estará atuando na 5
Trata-se de instituto parecido com o chamamento ao processo,
demanda por meio de uma legitimação ordinária primária; mas não o é.
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no processo administrativo do responsável tributário e a atual domicílio do executado + juízo do local onde se
presença desses responsáveis tributários na CDA, uma vez encontrem os bens sujeitos à execução + pelo juízo do local
que se fosse o responsável tributário sujeito da CDA, não onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não
haveria necessidade do inciso VI, uma vez que se encaixaria fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será
no inciso I. solicitada ao juízo de origem. Deve-se portanto, fazer
algumas observações: a competência do juízo que
“processou” a causa passou a ser relativa, uma vez que sua
Competência: determinação do caso concreto levará em conta a vontade
do exequente; não existe execução itinerante, ou seja,
- competência na execução do título executivo
haverá um momento para escolha (no momento da
judicial:
propositura do cumprimento de sentença), sob pena de
- Atualmente, o tema é tratado no art. 516 do preclusão temporal, assim, caso queira trocar o foro
NCPC; competente6, Araken de Assis e Nélson Nery diz que deve-
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á
se dar início ao cumprimento de sentença no novo foro,
perante: requisitando o juiz o envio dos autos. Scarpinella e
Alexandre Freitas Câmara dizem que o pedido deve ser feito
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; ao atual juízo, pedindo a remessa para o novo foro.
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de
jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença
Competência para execução dos títulos executivos
penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira extrajudiciais:
ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o processada perante o juízo competente, observando-se o
exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do seguinte:
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do
à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação
obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos dos bens a ela sujeitos;
autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser
I) Tribunais -> os tribunais podem atuar no demandado no foro de qualquer deles;
âmbito recursal (atuação típica), mas pode também atuar
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do
nas ações de competência originária. A competência
executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for
executiva dos tribunais somente existe no caso de encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
competência originária (essa é a regra). A exceção trata-se
do caso de homologação de sentença estrangeira, uma vez IV - havendo mais de um devedor, com diferentes
que o processo de homologação de sentença estrangeira é domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à
escolha do exequente;
de competência originária do STJ, mas a competência para
executar tal competência é da justiça federal de primeiro V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em
grau (ver artigo 102, I, “m”, CF, regra a qual, embora que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao
prevista para o STF, é aplicada em todos os Tribunais). Os título, mesmo que nele não mais resida o executado.
Tribunais não estão organizados para a prática de atos - caso no título exista uma cláusula de eleição de
executivos, assim eles podem delegar a função executiva foro, os problemas estão resolvidos, uma vez que a
para o primeiro grau de jurisdição: essa delegação é parcial, competência está determinada;
uma vez que para o primeiro grau ficam os atos materiais
de execução (penhora, hasta pública, intimação etc.), - caso não haja cláusula de eleição de foro, fixa-se
ficando para o tribunal a competência para a decisão de a competência pelo local do domicílio do executado ou pelo
mérito executivo (existência e extensão do direito da situação dos bens;
exequendo); Obs.¹: a competência é sempre relativa, notando-
se que as regras podem ser modificadas pela vontade das
partes;
II) Juízo de 1º grau que “processou” a causa -> a regra da
perpetuatio jurisdictionis define que o juízo que processa a Obs.²: o protesto do título executivo não afeta a
causa será o juízo que decide a causa. Esse princípio sofre competência da execução, sendo um ato meramente
exceções, sendo possível um juízo que processa diferente administrativo, não afetando o aspecto jurisdicional,
do juízo que decide a causa, sendo nesse caso a principalmente de competência;
competência do juízo que decide. O artigo 516, parágrafo
único, criou o fenômeno dos foros concorrentes, que 6
A troca se dá logo no início da “execução” (cumprimento de
significa que a lei prevê mais de um foro competente à sentença), sendo vedada a execução itinerante. Escolhido um foro
escolha do autor, podendo ele escolher entre: o juízo do para “execução”, deve permanecer nele.
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provocação das partes, assim, ainda que as partes não Execução provisória contra a fazenda pública:
requeiram, o juiz determina a caução. Porém, existe uma
- havendo uma obrigação de fazer, não fazer e
corrente doutrinária muito forte (Dinamarco, Araken de
uma de entrega de coisa, não há qualquer empecilho legal à
Assis, Cássio Scarpinella Bueno) dizendo que a prestação da
execução provisória;
caução depende de pedido do executado, uma vez que a
caução interessa exclusivamente a esse (esses - o problema surge na obrigação de pagar quantia
doutrinadores sustentam que a caução não tem natureza certa, uma vez que nesse caso, a execução pode se dar pelo
de ordem pública, não devendo ser requerida pelo juiz de sistema dos precatórios ou pelo sistema do RPV (Requisição
ofício). Ainda é importante saber o momento de prestação de Pequeno Valor). O artigo 100, caput e §1º e §3º da
da caução, que segundo o código, pode ser em 3 momentos CRFB/88 exige tanto para o precatório quanto para a
distintos: requisição de pequeno valor o trânsito em julgado da
sentença. Assim, não há execução provisória na obrigação
- para se levantar dinheiro (penhorar dinheiro) é
de pagar quantia em razão de existência de norma
necessário a prestação da caução;
constitucional que a veda. Porém, algumas observações
- para a prática de atos que importem devem ser feitas:
transferência de posse ou alienação de propriedade ou de
a) no caso de título executivo extrajudicial contra
outro direito real;
a fazenda pública, aplica-se o artigo 534 do NCPC (os mais
- para se praticar qualquer ato do qual possa protetores da fazenda pública poderão falar em trânsito em
resultar grave dano ao executado é necessária a prestação julgado dos embargos, o que parece inadmissível, uma vez
de caução (esse é aplicável a qualquer espécie de execução, que a CRFB/88 fala em trânsito em julgado do título
já que os dois momentos anteriores são aplicáveis somente exequendo);
à execução de pagar quantia);
b) o STJ permite a expedição de precatório diante
- dispensa da caução: o artigo 521 do NCPC traz a de parcela incontroversa da pretensão. Essa parcela
previsão de dispensa da caução (assim sendo execução incontroversa não é uma execução provisória, mas sim uma
provisória sem caução). São 4 as hipóteses de dispensa da execução definitiva. Nesse diapasão, REsp. 658.542/SC
caução: (julgado esse da corte especial);
- dívida alimentar como objeto da execução (não c) a remessa necessária está prevista no artigo
interessando aqui a origem da natureza alimentar); 496 do NCPC e busca proteger a fazenda pública. Surge a
dúvida se na pendência do reexame necessário seria cabível
- o credor demonstrar situação de necessidade;
a execução provisória (lembrando que reexame necessário
- pender o agravo do art. 1.042 (agravo de é sucedâneo recursal, não recurso). O reexame necessário
inadmissão de Resp. ou RE); impede a formação do trânsito em julgado, mas não
impede a execução provisória (ou seja, não impede a
geração de efeitos da decisão). O artigo 14, §1º e §3º da lei
- pendência do agravo do artigo 1042 do CPC 12.016/09 diz que a sentença do mandado de segurança
(agravo contra decisão denegatória de seguimento de está sujeito ao reexame necessário mas pode ser executado
recurso especial ou extraordinário). Nesse caso, o legislador provisoriamente;
usou a pouca probabilidade de vitória do executado no
processo, dispensando a caução. Porém o CPC diz que se o
executado provar que a dispensa da caução possa lhe gerar TÍTULO EXECUTIVO
um dano grave irreparável ou de difícil reparação, o
Requisitos da obrigação exequenda:
exequente vai ser obrigado a caucionar o juízo;
- o artigo 783 do NCPC traz requisitos clássicos:
c) responsabilidade do exequente -> a execução
certeza + liquidez + exigibilidade;
provisória é baseada na “teoria do risco-proveito”, ou seja,
o proveito de uma execução provisória é todo do - até 2.006, esses eram os requisitos do título
exequente, porém, o risco também vai ser todo dele. Na executivo. Depois de 2.006, tais requisitos não são mais do
verdade, há uma responsabilidade objetiva do exequente, título, mas sim da obrigação contida no título (obrigação
ou seja, é uma responsabilidade que prescinde da culpa, exequenda);
assim, o elemento culpa é irrelevante para caracterização
- certeza da obrigação exequenda -> significa a
da responsabilidade. Conclui-se que reformada ou anulada
definição dos seus elementos subjetivos e objetivos.
a decisão exequenda, o exequente está condenado a
Elementos subjetivos são as pessoas envolvidas (credor e
ressarcir o executado de seus prejuízos. Para se chegar a
devedor). Elemento objetivo é a espécie de execução e
esse valor, será necessária uma liquidação incidental, que
também a determinação de qual bem ou bens se farão
pode se dar por arbitramento ou por artigos (embora o
incidir os atos executivos. Deve ficar claro que a certeza da
código fale apenas em artigos);
obrigação jamais significa a certeza da existência da
obrigação;
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- liquidez da obrigação -> liquidez não é a - conciliação deve ser interpretada como
determinação do valor da obrigação, mas sim, a autocomposição, que significa forma de solução do conflito
determinabilidade deste valor. Sendo possível se chegar ao pela vontade das partes. Na ideia de autocomposição entra
valor por mera operação aritmética a obrigação já é líquida; a transação, a renúncia e o reconhecimento jurídico do
pedido;
- exigibilidade da obrigação -> é a inexistência de
impedimento à eficácia atual dessa obrigação. Essa - essa sentença homologatória pode ter como
inexistência resulta do inadimplemento e da inexistência de objeto matéria não posta em juízo. Isso significa dizer que o
termo, condição ou contraprestação. Havendo termo, deve- objeto da transação pode ser mais amplo do que o objeto
se provar o advento deste; havendo condição, deve-se do processo, portanto, não há adstrição da homologação ao
provar o implemento da condição; havendo pedido;
contraprestação, deve-se provar o cumprimento desta.
III - a decisão homologatória de autocomposição
Deve ficar claro que essa prova deve se dar antes da
extrajudicial de qualquer natureza;
execução, não podendo ser feita no “processo” de
execução; - no CPC, tal previsão foi implantada em 2.005,
mas o artigo 57 da lei 9.099/95 já previa tal título executivo
judicial;
Títulos executivos judiciais:
- tal título executivo somente existe caso haja
- previstos no artigo 515 do NCPC; dois acordos: o primeiro acordo é o extrajudicial
(originário), mas o segundo acordo consiste em transformar
I – as decisões proferidas no processo civil que
o primeiro acordo em título executivo judicial (não dá para
reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia,
se fazer um acordo extrajudicial e somente uma das partes
de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
ir em juízo e homologar tal acordo). Portanto, conclui-se
- atualmente, perdeu importância a polêmica que o pedido de homologação é um pedido de jurisdição
doutrinária que discutia se a sentença declaratória ou as voluntária (as duas partes querem a mesma coisa, mas só o
decisões interlocutórias poderiam ser executadas. De judiciário pode dar);
qualquer decisão proferida em um processo civil que
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente
reconheça a exigibilidade de obrigação pode ser
em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores
determinado o cumprimento. O NCPC adotou a posição de
a título singular ou universal;
Zavascki, Fredie Didier para quem a sentença meramente
declaratória é título executivo judicial. Esses autores - esse título executivo tem limitações;
entendiam que por uma questão de economia processual,
- limitações objetivas: é impossível a existência de
uma vez que não adotando essa corrente, havendo um
obrigação de fazer ou não fazer (somente sendo possível a
processo com sentença meramente declaratória, seria
existência de obrigação de pagar ou entregar coisa);
necessário outro processo somente para proferir sentença
condenatória, estando o juiz obrigado a considerar a - limitação subjetiva: o formal e a certidão de partilha
existência do ditame contido na sentença meramente somente é título executivo para os herdeiros, sucessores e
declaratória (eficácia positiva da coisa julgada material). inventariantes;
Isso revela que esse segundo processo seria um processo
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as
pelo qual o resultado já se conhece, mostrando-se inútil,
custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados
uma vez que o juiz agiria como um “carimbador da eficácia
por decisão judicial;
executiva de sentença meramente declaratória”. Outro
fundamento (ainda dessa corrente sustentada por Zavascki VI - a sentença penal condenatória transitada em
e Didier) é que a função do título executivo é legitimar os julgado;
atos executivos, uma vez que tal título dá uma grande
- a eficácia civil da sentença penal condenatória é
probabilidade de o direito existir. Diante do exposto,
limitada a pessoa do condenado;
Zavascki diz que a sentença meramente declaratória
cumpre essa função com folga (é mais provável que o - quando um fato jurídico é considerado ilícito na
direito exista em uma sentença meramente declaratória esfera civil e na esfera penal, é plenamente possível que
transitada em julgado do que em um cheque, por exemplo, haja dois processos concomitantes (um na esfera penal,
sendo impossível, segundo o Ministro, sustentar que a outro na esfera cível);
sentença meramente declaratória não cumpre essa função).
- a sentença penal condenatória transitada em
O entendimento de Teori Zavascki, em prova objetiva, pode
julgado pode ser objeto de revisão criminal (que não tem
ser considerada a posição do STJ (nesse sentido: STJ, REsp.
prazo). Daí deve ficar claro com a revisão criminal afeta a
609.266/RS);
eficácia cível da sentença penal condenatória. Imaginando
II - a decisão homologatória de autocomposição que ainda não haja execução no juízo cível, essa não poderá
judicial; existir mais (o título desaparece, impedindo a execução). No
caso de haver execução em trâmite no cível, haverá perda
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superveniente do título, extinguindo-se a execução. Caso ineficaz, salvo as sentenças previstas no artigo 15, parágrafo
haja execução já extinta no juízo cível (ou seja, satisfação do único, da lei 4.657/42 (LINDB), ou seja, sentenças
exequente), fica a dúvida se o executado tem direito a meramente declaratórias do estado das pessoas;
“ação de repetição de indébito”, e essa possibilidade
- um título executivo extrajudicial estrangeiro não
dependerá do fundamento da revisão criminal: caso o
precisa ser homologado no Brasil, devendo seguir o artigo
fundamento excluir a responsabilidade civil do condenado,
783 (devem preencher tais requisitos);
cabe ação de repetição de indébito; caso o fundamento da
revisão criminal não venha a excluir a responsabilidade civil
(ex.: prescrição penal) não cabe “ação de repetição de
Títulos executivos extrajudiciais:
indébito”;
- estão previstos no artigo 784 do NCPC, sendo o rol
- sempre se teve a ideia de que a sentença penal
meramente exemplificativo;
condenatória exigiria uma liquidação (geralmente por
artigos), uma vez que ela não seria líquida nunca. O artigo I – títulos de crédito (cheque, nota promissória, letra de
387, IV do CPP, em sua redação atual, diz que o juiz penal, câmbio, debênture e duplicata);
ao condenar o réu, na sentença penal, fixará um valor
- há um princípio importante, que é o “princípio da
mínimo dos danos causados pelo ato ilícito. É nítido caso
circulabilidade”, que diz que o credor do título de crédito é
em que o juiz penal afastará da sua função principal e passa
quem tem o título em seu poder. Daí porém, pode haver
a atuar, ainda que parcialmente, no juízo cível. O artigo 63,
uma execução fundada em um título, e caso o título não
parágrafo único do CPP diz que esse valor mínimo faz com
fique preso ao processo, pode ser que tal título passe para
que a vítima pegue a sentença condenatória, entre com
outro credor o título, podendo este último ajuizar uma nova
uma execução pelo valor mínimo e faz uma liquidação para
execução;
descobrir o valor real dos danos. Na verdade, com tal
disposição, o CPP buscou proteger a vítima, mas algumas - por tal motivo, o credor é obrigado a ajuizar a execução
observações devem ser feitas: apesar da redação da forma com o original do título executivo;
imperativa, vem se entendendo que não é dever do juiz
- não é necessário o protesto destes títulos para que sirvam
fixar este valor mínimo, somente devendo o juiz fixar tal
como títulos executivos extrajudiciais;
valor quando tal for possível através da sua conduta
tradicional de juiz penal, não devendo o juiz penal agir - deve haver cuidado quando se fala em prescrição dos
como um juiz cível buscando exclusivamente chegar a esse títulos de crédito. Não se pode confundir a prescrição do
valor. O juiz penal, ao fixar tal valor mínimo, o faz por meio título com a prescrição da obrigação;
de uma cognição sumária, assim, no momento da
II – escritura pública e documento público;
liquidação do valor real, a decisão cível dessa liquidação se
sobrepõe à sentença penal. Normalmente, o valor real do - escritura pública é uma espécie de documento público
dano vai ser superior ao valor mínimo decidido pelo juiz (gênero). É um ato privativo do tabelião de notas. Para ser
penal. Porém, é possível que o valor a que chegou o juiz título extrajudicial não depende da assinatura do devedor;
penal seja menor que o valor real do dano (conseguido no
- documento público pode ser elaborado por qualquer
juízo cível), assim, vale a decisão da liquidação no juízo outro agente público. Para ser título extrajudicial depende
cível, uma vez que esta se dá mediante cognição da assinatura do devedor. O agente público tem presunção
exauriente;
de boa fé;
VII – sentença arbitral;
III – documento particular;
- esse é o único título executivo judicial formado - para ser considerado título executivo precisa preencher
fora do judiciário, uma vez que tal sentença é formada por dois requisitos: ter a assinatura do devedor + assinatura de
um árbitro;
duas testemunhas para que confirmem que o documento
- a sentença arbitral não depende de particular foi elaborado com lisura, ou seja, sem vício de
homologação do judiciário para ser título executivo judicial; consentimento;
- o STJ (julgado 541.267/RJ) diz que precisa das duas
testemunhas, porém estas não precisam estar presentes no
VIII – sentença estrangeira homologada pelo STJ;
momento da formação do documento particular;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a
IV – transação referendada pelo MP, pela defensoria
concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior
pública ou pela Advocacia Pública;
Tribunal de Justiça;
- tanto o Ministério Público quanto a defensoria pública
- segundo Humberto Theodoro Júnior há um
possui uma atuação vinculada às suas finalidades
processo de nacionalização da sentença estrangeira. A
institucionais. O NCPC incluiu a Advocacia Pública no rol;
sentença estrangeira, para gerar efeitos no Brasil, precisa
ser homologada, sendo que sem essa homologação ela é
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- princípio da economia processual: o desvio de atuação contrato de aluguel, mas sim, um documento qualquer que
deve ser evitado, mas caso ocorra, mantêm-se a natureza comprove o crédito decorrente do aluguel;
de título executivo, tratando-se da idéia de aproveitamento
- além do aluguel, pode-se cobrar outras dívidas
dos atos;
decorrentes da relação locatícia (ex.: telefone, energia
IV – transação referendada pelos advogados dos elétrica, despesas condominiais etc.);
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado
- entre condomínio e condômino não há relação locatícia,
por tribunal;
portanto, inaplicável o artigo 784, VIII que ora se estuda,
- pode haver um mesmo advogado que represente ambas devendo o condomínio ajuizar ação de conhecimento (ação
as partes; de cobrança). Vale lembrar que se o condômino assinar
“confissão de dívida”, esse sim é um título executivo;
V – penhor, anticrese, hipoteca e caução;
IX – Certidão da Dívida Ativa (CDA);
- penhor, anticrese e hipoteca são espécies de caução real,
assim, ficou confusa a redação do código. Na verdade, o - a Fazenda Pública institui um processo administrativo para
código ao dizer caução, queria na verdade se referir à verificar um débito do administrado para com ela. Caso
fiança, que é uma espécie de caução fidejussória; venha ser confirmada a posição de devedor do
administrado, o débito é incluído na dívida ativa. Assim, a
- estar-se aqui diante de um contrato de garantia, mas o
Fazenda Pública expede a Certidão da Dívida Ativa (CDA);
título executivo não é o próprio contrato de garantia, mas
sim o contrato garantido pelo contrato de garantia; - esse é o único título executivo extrajudicial formado
unilateralmente pelo credor;
VI – contrato de seguro de vida em caso de morte;
- há uma presunção iuris tantum (relativa) de que essa
- a exigibilidade da obrigação contida nesse título. O evento
certidão é verídica e de que o débito realmente existe;
requerido para que tal contrato seja exigível é o óbito, por
isso a petição inicial deve ser instruída com a certidão de X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou
óbito; extraordinárias de condomínio edilício, previstas na
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral,
- antes da morte, o contrato de seguro de vida é um título
desde que documentalmente comprovadas;
executivo, porém, lhe falta a exigibilidade;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro
- o contrato de seguro de acidentes pessoais, até 2.006, era
relativa a valores de emolumentos e demais despesas
considerado título executivo, mas atualmente, não é mais.
devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas
Humberto Theodoro Júnior diz que quando há contrato de
estabelecidas em lei;
acidentes pessoais, ou o acidente causa incapacidade ou o
acidente causa morte, assim o processualista mineiro XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição
sugere que quando tal acidente causa incapacidade, é expressa, a lei atribuir força executiva.
complicado tal contrato ser um título executivo, uma vez
que a incapacidade e sua extensão são auferidas
unilateralmente pelo credor. Porém, no caso de morte Responsabilidade patrimonial:
nesse tipo de contrato, não será encontrada tal dificuldade,
- obrigação VS responsabilidade:
assim, o autor entende que o contrato de acidentes
pessoais deve ser considerado título executivo quando - a obrigação está ligada ao direito material.
ocorre o evento morte; Quando há uma crise de inadimplemento, surge a dívida
(resultado da crise de inadimplemento). Com essa dívida,
VII – foro e laudêmio;
surge a pessoa do devedor;
- foro e laudêmio são as rendas imobiliárias decorrentes da
- portanto, o devedor é o sujeito responsável
enfiteuse;
pelo inadimplemento da obrigação;
- como as enfiteuses foram vedadas no CC/02, só existem
- não havendo adimplemento espontâneo, é
atualmente as constituídas antes do novo código civil (art.
necessário uma intervenção jurisdicional, que mais cedo ou
2.038 do CC/02), esses títulos executivos tendem a
mais tarde resultará em execução. Nessa execução, deve-se
desaparecer;
definir qual o sujeito terá os seus bens vinculados à
VIII – crédito decorrente do aluguel de imóvel; satisfação da obrigação (esse sujeito é o responsável
patrimonial);
- a relação locatícia em regra é provada através do contrato
de locação. Assim, é este o título executivo previsto no - a responsabilidade é um instituto puramente
inciso V (ao menos em regra); processual, uma vez que a responsabilidade patrimonial
somente existe na execução;
- porém, a leitura desse inciso leva uma parcela da doutrina
(Cássio Scarpinella Bueno) a dizer que o inciso não exige o - em regra, ter-se-á um mesmo sujeito sendo
devedor e responsável patrimonial;
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- a responsabilidade patrimonial primária, - observação: o artigo 833 do NCPC, inciso IV, prevê a
portanto, é a responsabilidade patrimonial do devedor; impenhorabilidade dos ganhos provenientes do trabalho (salários,
soldos, montepios etc.), mas o artigo 833, §2º diz que estes estão
- há a possibilidade excepcional de o sujeito ser sujeitos à penhora em caso de dívida alimentar. O informativo 417
devedor e não ser responsável patrimonial, como no do STJ, no julgamento do REsp. 1.106.654/RJ disse que a penhora
exemplo abaixo: dos ganhos provenientes do trabalho em relação à dívida
alimentar inclui-se as férias de o 13º salário. Na verdade, o salário
a) dívida de jogo -> o sujeito é devedor, mas não é um bem absolutamente impenhorável que pode ser penhorado
é responsável patrimonial; (mesma situação surge na lei 8.009, ou seja, lei do bem de família);
- há ainda a figura do sujeito que é responsável
patrimonial, mas não é devedor. É aqui que surge a
responsabilidade patrimonial secundária; Responsabilidade patrimonial secundária:
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- litisconsórcio passivo necessário: forma-se um Luiz Fux do STJ diz que o reconhecimento da fraude à
litisconsórcio passivo necessário entre o alienante e o execução somente existe durante a execução, porém, esse
adquirente. Estar-se-á diante de uma relação jurídica reconhecimento tem eficácia ex tunc. Para evitar uma
incindível. A legitimidade ativa da ação pauliana é do credor fraude à execução, deve-se ajuizar uma cautelar de arresto;
prejudicado, e no pólo passivo ficará o devedor (alienante)
- porém, tal regra comporta exceção. Haverá
e o terceiro adquirente;
fraude à execução desde que se tenha uma prova
- natureza jurídica da sentença de procedência: inequívoca (prova séria, forte, relevante) da ciência do
há uma discussão a respeito dessa natureza. Entendendo devedor da existência do processo;
que o ato é anulável, a sentença tem nítido caráter
- o artigo 792, I, traz uma fraude à execução
desconstitutivo (constitutiva negativa). Sustentando que o
antes da citação do “executado”. Ao ajuizar a execução e
ato é parcialmente ineficaz (parcialmente porque a eficácia
essa ser distribuído, pega-se no cartório uma certidão
é apenas contra o credor), a discussão cresce. Para o
comprobatória da execução e averba no registro de bens do
Cândido Rangel Dinamarco, a sentença é constitutiva, uma
executado, configurando fraude à execução;
vez que a situação jurídica é alterada, ou seja, antes da
sentença o bem não podia ser penhorado, e depois da
sentença o bem passa a ser passível de penhora (a alteração
b) fraude contra bem constrito judicialmente:
da situação jurídica é a penhorabilidade do bem). Já a
corrente liderada por Humberto Theodoro Júnior diz que tal - na verdade trata-se de uma espécie de fraude à
sentença é meramente declaratória, uma vez que a execução, que é ainda mais grave. Para essa fraude se
sentença se limita a declarar um vício/ineficácia que já constituir não é necessária a prova do consilium fraudis
existia; nem do eventus damni;
- mesmo nessa situação o STJ protege o terceiro
de boa-fé, aplicando novamente a súmula 375 do STJ;
b) fraude à execução:
- é instituto típico do direito processual;
PROCESSO DE EXCEUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR
- requisitos:
QUANTIA
- não é exigido o consilium fraudis, bastando
Considerações iniciais:
provar o eventus damni – deve-se observar que o STJ
protege o terceiro de boa-fé, sendo a prova maior disso a - é um exemplo clássico do processo de sub-
súmula 375 do STJ que diz que “o reconhecimento da fraude rogação, no qual o Estado substitui a vontade do executado.
à execução depende do registro da penhora ou do bem O executado não quer pagar, porém a vontade do Estado é
alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”. No de ver a lei cumprida e a obrigação satisfeita;
entanto, o registro da penhora causa presunção absoluta da
- pratica-se então atos materiais de execução e
má-fé. Nos caso em que seja necessário provar a má-fé do
estes atos materiais irão proporcionar a satisfação do
terceiro (ou seja, não havendo registro), esse ônus é do
direito. É aqui que entra o binômio penhora/expropriação,
credor;
que dá base à satisfação da execução;
- a fraude à execução é mais grave que a fraude
contra credores, mostrando um desrespeito ainda maior do
devedor, uma vez que nesse caso o devedor não engana Penhora:
apenas o devedor, mas também o juiz;
- efeitos processuais da penhora:
- a fraude à execução é considerada pelo artigo
- garantia do juízo: significa a criação de
77, “VI”, § 2º do NCPC, ato atentatório à dignidade da
condições materiais para que o direito de crédito seja
justiça, o que vai gerar uma multa de até 20% do valor do
satisfeito. A penhora recai sobre bens do executado para
crédito;
materialmente satisfazer o credor;
- toda a doutrina concorda que o ato praticado
- individualização do bem que responderá a
em fraude à execução é um ato válido mas ineficaz perante
execução: a responsabilidade patrimonial é abstrata, uma
o credor. O CPC/2015 assim também se posiciona:
vez que, segundo o artigo 789 do NCPC todo o patrimônio
Art. 792, § 1o do NCPC - A alienação em fraude à presente e futuro responde pela execução, salvo os bens
execução é ineficaz em relação ao exequente. impenhoráveis. A penhora se concretiza em determinado
- momento em que a fraude deixa de ser contra bem – a penhora é a concretização da responsabilidade
credores e passa a ser fraude à execução: patrimonial;
- em regra, passa-se a ter uma fraude à execução - direito de preferência: no caso de mais de uma
a partir da execução (citação em qualquer processo que penhora sobre um mesmo bem, deve ver a preferência da
tenha como objeto, direito ou indireto, a dívida). O Ministro penhora para saber para quem vai o produto da alienação.
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Sendo os credores da mesma qualidade, recebe primeiro o de conta única. Portanto, hoje, a penhora de dinheiro é “on
que realizou a primeira penhora (regra) – o registro da line”, e a liberação da penhora também é “on line”. Esse
penhora é irrelevante para fins de direito de preferência. O dinheiro penhorado pode ser impenhorável (art. 833, X,
NCPC sugere que o ato seja seguido do depósito (nomeando NCPC), por isso a liberação “on line” para facilitar o
alguém como depositário), e o STJ no julgado 990.502/MS processo de liberação da penhora. Deve ficar claro que cabe
diz que o depósito é um ato complementar da penhora (ou ao executado o ônus de provar que aquele valor é
seja, ele não faz parte da penhora, sendo esta realizada impenhorável. Segundo Humberto Theodoro Júnior o
independentemente do depósito, assim, para fins de direito executado deve ingressar com os embargos e pedir a tutela
de preferência, conta-se a data da penhora, não do antecipada da liberação. Daniel Assumpção entende que
depósito). O direito de preferência da primeira penhora não deve haver simples petição, por se tratar de matéria de
é aplicado quando se tem preferências de direito material, ordem pública. O dinheiro é preferencial por ser o único
ou seja, as preferências de direito material se sobrepõe à bem que dispense a expropriação, uma vez que para
regra da primeira penhora (nesse sentido: STJ, 159.930/SP – satisfazer o credor, basta o levantamento do dinheiro. Não
o entendimento citado é pacífico no STJ); confunda penhora de dinheiro com a penhora do
faturamento de pessoa jurídica, assim, o legislador coloca a
penhora do faturamento no art. 8355, X do NCPC, uma vez
- efeitos materiais da penhora: que a penhora do faturamento tem reflexos negativos na
vida da pessoa jurídica. O legislador imaginou, para que o
- retira a posse do bem do executado (devedor): em regra o
capital de giro não seja afetado, a nomeação de um
devedor é o depositário do bem, mas mesmo assim ele não
“depositário”, que oferece um plano de efetivação da
tem a posse direta do bem, uma vez que a posse direta é do
penhora, o juiz aprova, e esse sujeito passa a prestar contas
juízo;
mensalmente;
- ineficácia de atos de alienação ou oneração do bem: a
alienação do bem vai caracterizar fraude a execução
qualificada. STJ, na súmula 375, protege o terceiro de boa- - substituição do bem penhorado (art. 835, § 1º do
fé; NCPC):
- o artigo 656 do CPC traz as causas de
substituição do bem penhorado;
- ordem legal de penhora (art. 835 do CPC):
- pretendendo substitui o bem penhorado por
- o CPC/15 criou uma ordem de preferência entre
dinheiro ou por fiança bancária ou seguro garantia, o STJ
os bens, indicando os tipos de bens penhorados antes dos
(REsp. 984.056/SP) dispensa a intimação/oitiva do
outros;
exequente por uma razão muito simples: o dinheiro, a
- a ordem é a regra, mas tal regra pode ser fiança bancária e o seguro garantia não podem ser
afastada no caso concreto mediante a seguinte ponderação recusadas pelo exequente;
do juiz: quando o juiz fizer uma análise da menor
- se o bem penhorado é dinheiro, não cabe
onerosidade para o executado e a maior efetividade para o
substituição (regra). Oferecendo em substituição a fiança
exequente, contribuindo efetivamente para o resultado
bancária e o seguro garantia. Se essa substituição é
positivo da execução (nesse sentido: STJ, 483.789/MG);
admissível ou não, vamos ver: Humberto Theodor Júnior diz
- 1º bem da ordem legal -> dinheiro, que pode que tal substituição é admissível, desde que a instituição
tanto ser o dinheiro em espécie quanto valores depositados financeira seja idônea;
em instituições financeiras. Com a reforma da execução em
- o artigo 835, §3º, traz a ideia de substituição do
2.006, o STJ consolida a posição (mudando a orientação
bem penhorado por um bem imóvel. Para o devedor
anteriormente adotada – ver REsp. 1.101.288/RS) no
oferecer essa substituição, vai ser necessária a anuência de
sentido de que independente de qualquer outra atividade
seu cônjuge (logicamente, quando o cônjuge também não é
voltada a busca patrimonial, se encontrado dinheiro, esse
executado), assim, não concordando o cônjuge com a
deve ser penhorado. Atualmente a busca pelo dinheiro para
substituição, a sua meação vai estar garantida. Porém, caso
ser penhorado tem sido facilitada pela existência do
o cônjuge anuir com a substituição, ele terá renunciado ao
instituto da “penhora on line”. Atualmente a “penhora on
seu direito de preservar a meação;
line” é um direito do exequente previsto em lei. Na
“penhora on line” o juiz tem o poder de obter informações
e realizar a restrição do crédito na instituição financeira até
- formas de expropriação:
o valor do crédito exeqüendo. Esse valor vai ser penhorado
em várias contas de titularidade do devedor – assim, se a - expropriação é transformar o bem penhorado
dívida for de R$ 5.000,00, e houver cinco contas com esse em meio de satisfação do exequente;
valor, será penhorado R$ 25.000,00. Por isso o STJ, na
a) adjudicação (art. 876 do NCPC):
resolução 61, para os casos de litigantes contumazes (ex.:
instituição financeira, planos de saúde etc), há um cadastro
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vícios do edital – assim, segundo o STJ, somente haverá O leiloeiro tem o direito de receber do arrematante a
anulação se o visto gerar prejuízo; comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo juiz.
- há uma regra de publicação do edital, que deve O juiz da execução estabelecerá o preço mínimo, as
ser publicado em uma única vez em um jornal de ampla condições de pagamento e as garantias que poderão ser
circulação, mas cabe exceção a essa regra: prestadas pelo arrematante.
- sendo o exequente beneficiário da assistência O leilão será precedido de publicação de edital, que
judiciária, a publicação será feita na imprensa oficial (jornal conterá: I - a descrição do bem penhorado, com suas
oficial); características, e, tratando-se de imóvel, sua situação e suas
divisas, com remissão à matrícula e aos registros; II - o valor
- levando em conta o valor dos bens e a condição
pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo qual
do foro, poderá o juiz alterar a forma e a frequência da
poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se for o
publicação;
caso, a comissão do leiloeiro designado; III - o lugar onde
- a publicação pode se dar por via eletrônica estiverem os móveis, os veículos e os semoventes e,
também na página do tribunal; tratando-se de créditos ou direitos, a identificação dos
autos do processo em que foram penhorados; IV - o sítio, na
rede mundial de computadores, e o período em que se
- procedimento: realizará o leilão, salvo se este se der de modo presencial,
hipótese em que serão indicados o local, o dia e a hora de
A alienação far-se-á em leilão judicial se não
sua realização; V - a indicação de local, dia e hora de
efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa
segundo leilão presencial, para a hipótese de não haver
particular.
interessado no primeiro; VI - menção da existência de ônus,
O leilão do bem penhorado será realizado por recurso ou processo pendente sobre os bens a serem
leiloeiro público. leiloados.
Ressalvados os casos de alienação a cargo de No caso de títulos da dívida pública e de títulos
corretores de bolsa de valores, todos os demais bens serão negociados em bolsa, constará do edital o valor da última
alienados em leilão público. cotação.
Não sendo possível a sua realização por meio O leiloeiro público designado adotará providências
eletrônico, o leilão será presencial. para a ampla divulgação da alienação.
A alienação judicial por meio eletrônico será A publicação do edital deverá ocorrer pelo menos 5
realizada, observando-se as garantias processuais das (cinco) dias antes da data marcada para o leilão. Tal edital
partes, de acordo com regulamentação específica do será publicado na rede mundial de computadores, em sítio
Conselho Nacional de Justiça. designado pelo juízo da execução, e conterá descrição
detalhada e, sempre que possível, ilustrada dos bens,
A alienação judicial por meio eletrônico deverá
informando expressamente se o leilão se realizará de forma
atender aos requisitos de ampla publicidade, autenticidade
eletrônica ou presencial.
e segurança, com observância das regras estabelecidas na
legislação sobre certificação digital. Não sendo possível a publicação na rede mundial de
computadores ou considerando o juiz, em atenção às
O leilão presencial será realizado no local designado
condições da sede do juízo, que esse modo de divulgação é
pelo juiz.
insuficiente ou inadequado, o edital será afixado em local
Caberá ao juiz a designação do leiloeiro público, que de costume (no fórum da comarca) e publicado, em
poderá ser indicado pelo exequente. resumo, pelo menos uma vez em jornal de ampla circulação
local.
Incumbe ao leiloeiro público:
Os editais de leilão de imóveis e de veículos
I - publicar o edital, anunciando a alienação;
automotores serão publicados pela imprensa ou por outros
II - realizar o leilão onde se encontrem os bens ou no meios de divulgação, preferencialmente na seção ou no
lugar designado pelo juiz; local reservados à publicidade dos respectivos negócios.
III - expor aos pretendentes os bens ou as amostras O juiz poderá determinar a reunião de publicações
das mercadorias; em listas referentes a mais de uma execução.
IV - receber e depositar, dentro de 1 (um) dia, à Não se realizando o leilão por qualquer motivo, o juiz
ordem do juiz, o produto da alienação; mandará publicar a transferência.
V - prestar contas nos 2 (dois) dias subsequentes ao O escrivão, o chefe de secretaria ou o leiloeiro que
depósito. culposamente der causa à transferência responde pelas
despesas da nova publicação, podendo o juiz aplicar-lhe a
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pena de suspensão por 5 (cinco) dias a 3 (três) meses, em Se o exequente arrematar os bens e for o único
procedimento administrativo regular. credor, não estará obrigado a exibir o preço, mas, se o valor
dos bens exceder ao seu crédito, depositará, dentro de 3
Serão cientificados da alienação judicial, com pelo
(três) dias, a diferença, sob pena de tornar-se sem efeito a
menos 5 (cinco) dias de antecedência: I - o executado, por
arrematação, e, nesse caso, realizar-se-á novo leilão, à custa
meio de seu advogado ou, se não tiver procurador
do exequente.
constituído nos autos, por carta registrada, mandado, edital
ou outro meio idôneo; II - o coproprietário de bem Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á
indivisível do qual tenha sido penhorada fração ideal; III - o entre eles à licitação, e, no caso de igualdade de oferta, terá
titular de usufruto, uso, habitação, enfiteuse, direito de preferência o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o
superfície, concessão de uso especial para fins de moradia ascendente do executado, nessa ordem.
ou concessão de direito real de uso, quando a penhora
No caso de leilão de bem tombado, a União, os
recair sobre bem gravado com tais direitos reais; IV - o
Estados e os Municípios terão, nessa ordem, o direito de
proprietário do terreno submetido ao regime de direito de
preferência na arrematação, em igualdade de oferta.
superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de
moradia ou concessão de direito real de uso, quando a Se o leilão for de diversos bens e houver mais de um
penhora recair sobre tais direitos reais; V - o credor lançador, terá preferência aquele que se propuser a
pignoratício, hipotecário, anticrético, fiduciário ou com arrematá-los todos, em conjunto, oferecendo, para os bens
penhora anteriormente averbada, quando a penhora recair que não tiverem lance, preço igual ao da avaliação e, para
sobre bens com tais gravames, caso não seja o credor, de os demais, preço igual ao do maior lance que, na tentativa
qualquer modo, parte na execução; VI - o promitente de arrematação individualizada, tenha sido oferecido para
comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação eles.
ao qual haja promessa de compra e venda registrada; VII - o
Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a
promitente vendedor, quando a penhora recair sobre
requerimento do executado, ordenará a alienação judicial
direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda
de parte dele, desde que suficiente para o pagamento do
registrada; VIII - a União, o Estado e o Município, no caso de
exequente e para a satisfação das despesas da execução.
alienação de bem tombado.
Não havendo lançador, far-se-á a alienação do imóvel em
Se o executado for revel e não tiver advogado sua integridade.
constituído, não constando dos autos seu endereço atual
A alienação por partes deverá ser requerida a tempo
ou, ainda, não sendo ele encontrado no endereço constante
de permitir a avaliação das glebas destacadas e sua inclusão
do processo, a intimação considerar-se-á feita por meio do
no edital, e, nesse caso, caberá ao executado instruir o
próprio edital de leilão.
requerimento com planta e memorial descritivo subscritos
Pode oferecer lance quem estiver na livre por profissional habilitado.
administração de seus bens, com exceção: I - dos tutores,
Quando o imóvel de incapaz não alcançar em leilão
dos curadores, dos testamenteiros, dos administradores ou
pelo menos oitenta por cento do valor da avaliação, o juiz o
dos liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e à
confiará à guarda e à administração de depositário idôneo,
sua responsabilidade; II - dos mandatários, quanto aos bens
adiando a alienação por prazo não superior a 1 (um) ano.
de cuja administração ou alienação estejam encarregados;
III - do juiz, do membro do Ministério Público e da Se, durante o adiamento, algum pretendente
Defensoria Pública, do escrivão, do chefe de secretaria e assegurar, mediante caução idônea, o preço da avaliação, o
dos demais servidores e auxiliares da justiça, em relação aos juiz ordenará a alienação em leilão.
bens e direitos objeto de alienação na localidade onde
Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz
servirem ou a que se estender a sua autoridade; IV - dos
impor-lhe-á multa de vinte por cento sobre o valor da
servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos
avaliação, em benefício do incapaz, valendo a decisão como
direitos da pessoa jurídica a que servirem ou que estejam
título executivo. O juiz poderá autorizar a locação do imóvel
sob sua administração direta ou indireta; V - dos leiloeiros e
no prazo do adiamento. Findo o prazo do adiamento, o
seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda estejam
imóvel será submetido a novo leilão.
encarregados; VI - dos advogados de qualquer das partes.
Se o arrematante ou seu fiador não pagar o preço no
Não será aceito lance que ofereça preço vil.
prazo estabelecido, o juiz impor-lhe-á, em favor do
Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo
exequente, a perda da caução, voltando os bens a novo
juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço
leilão, do qual não serão admitidos a participar o
mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por
arrematante e o fiador remissos.
cento do valor da avaliação.
O fiador do arrematante que pagar o valor do lance e
Salvo pronunciamento judicial em sentido diverso, o
a multa poderá requerer que a arrematação lhe seja
pagamento deverá ser realizado de imediato pelo
transferida.
arrematante, por depósito judicial ou por meio eletrônico.
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Será suspensa a arrematação logo que o produto da - garantia do juízo: o artigo 914, “caput” do
alienação dos bens for suficiente para o pagamento do NCPC, afasta a garantia do juízo como condição para
credor e para a satisfação das despesas da execução. O admissão dos embargos;
leilão prosseguirá no dia útil imediato, à mesma hora em
- prazo: o prazo para os embargos é de 15 dias,
que teve início, independentemente de novo edital, se for
sendo o termo inicial contado, conforme o caso, na forma
ultrapassado o horário de expediente forense.
do art. 231.
A arrematação constará de auto que será lavrado de
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso,
imediato e poderá abranger bens penhorados em mais de considera-se dia do começo do prazo:
uma execução, nele mencionadas as condições nas quais foi
alienado o bem. I - a data de juntada aos autos do aviso de
recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio;
A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido,
arrematação do bem imóvel, com o respectivo mandado de quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça;
imissão na posse, será expedida depois de efetuado o
depósito ou prestadas as garantias pelo arrematante, bem III - a data de ocorrência da citação ou da intimação,
como realizado o pagamento da comissão do leiloeiro e das quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
demais despesas da execução. IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo
juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;
A carta de arrematação conterá a descrição do
imóvel, com remissão à sua matrícula ou individuação e aos V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou
seus registros, a cópia do auto de arrematação e a prova de da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê,
pagamento do imposto de transmissão, além da indicação quando a citação ou a intimação for eletrônica;
da existência de eventual ônus real ou gravame. VI - a data de juntada do comunicado de que trata
o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos
No caso de leilão de bem hipotecado, o executado autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a
poderá remi-lo até a assinatura do auto de arrematação, intimação se realizar em cumprimento de carta;
oferecendo preço igual ao do maior lance oferecido. No
caso de falência ou insolvência do devedor hipotecário, o VII - a data de publicação, quando a intimação se der
pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
direito de remição defere-se à massa ou aos credores em
concurso, não podendo o exequente recusar o preço da VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por
avaliação do imóvel. meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça a - inaplicação do artigo 229 do NCPC, no caso de
suscitação infundada de vício com o objetivo de ensejar a citação realizada por carta precatória, a regra é que o termo
desistência do arrematante, devendo o suscitante ser inicial é contado da juntada da carta precatória aos autos
condenado, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e principais. Porém, na execução por carta, os embargos
danos, ao pagamento de multa, a ser fixada pelo juiz e serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo
devida ao exequente, em montante não superior a vinte por deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo
cento do valor atualizado do bem. deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou
defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens
- defesas do executado: efetuadas no juízo deprecado;
- embargos à execução: - efeito suspensivo dos embargos: o artigo 919 do
- os embargos à execução tem natureza de “ação NCPC traz a regra de que os embargos não tenham efeito
de conhecimento incidental”; suspensivo. Não há o chamado efeito suspensivo op legis –
a lei não dá o efeito suspensivo aos embargos – porém a lei
- a previsão contida no artigo 914, § 1º, prevê permite que haja o efeito suspensivo op iudicis – efeito
que os embargos serão “distribuídos por dependência”, suspensivo dado pelo juiz. Os requisitos para concessão do
confirmando o que foi dito anteriormente; efeito suspensivo por parte do juiz estão previstos no artigo
919, §1º do NCPC:
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12Embargos sem manifestação “fático-jurídica” séria. Nesse caso 13 Matérias que, na justiça comum estadual, seguem o rito
enunciado 4 do FONAJE prevê que a única ação de despejo federais, a competência dos juizados especiais federais é
que pode seguir nos juizados especiais é essa para uso obrigatória;
próprio;
- valor da causa + matéria: são as ações c) competência dos juizados especiais da fazenda
possessórias sobre imóveis até o valor de 40 salários púbica:
mínimos. O enunciado 8 do FONAJE é expresso em dizer
que não se admite nos juizados especiais procedimentos - valor da causa: 60 salários mínimos;
especiais, assim, queira ou não, a ação possessória é - também devem ser analisados os sujeitos
prevista como procedimento especial pelo CPC; processuais (art. 5º da lei 12.153/01);
- causas de exclusão da competência: - sujeitos:
- objetivas: algumas matérias não podem ser - sujeito ativo: pode ser autor pessoa física,
tratadas nos juizados especiais. O enunciado 32 do FONAJE microempresa, empresa de pequeno porte;
veda a inclusão de ações coletivas nos juizados especiais;
- sujeito passivo: estado, municípios, distrito
- subjetivas: a maioria das causas de exclusão são federal e territórios + autarquias fundações e empresas
de ordem subjetiva, se referindo a sujeitos que não podem públicas municipais e estaduais;
participar da relação jurídica nos juizados especiais;
- causas de exclusão (art. 2º, §1º d da lei
- exclusões subjetivas absolutas: referem-se a 12.153/09):
sujeitos que não podem ser nem autor nem réu. O artigo
8º, caput, da lei 9.099/95 prevê essas exclusões absolutas - deve ser feita uma leitura do dispositivo legal);
(ex.: incapaz, preso, pessoa jurídica de direito público, - o artigo 2º, §4º da lei 12.153/09 determina que tal
massa falida, insolvente civil etc. – ver artigo); juizado especial possui uma competência absoluta, o que faz com
que a competência dos juizados especiais da fazenda pública seja
- exclusões subjetivas parciais: nesse caso a obrigatória – nos mesmos termos da lei 10.259/01;
vedação limita o sujeito apenas de ser autor. A pessoa
jurídica não pode ser autora na ação dos juizados especiais. Observação:
Porém, microempresa e empresa de pequeno porte são - tanto nos juizados especiais federais quanto nos
exceção, podendo ser autoras no juizado especial, porém, juizados especiais da fazenda pública, havendo um pedido
havendo a exigência do enunciado 110 do FONAJE de que determinado acima de 60 salários mínimos, somente é cabível a
na audiência deva comparecer o empresário individual ou o competência do juizado especial com a renúncia do excedente;
sócio gerente (não sendo admita a figura do preposto). - porém, quando se faz um pedido genérico, é
Quando o condomínio participa como autor na ação, plenamente possível a existência de uma sentença condenatória
segundo o enunciado 111 FONAJE, é exigida a presença do no valor superior a 60 salários mínimos;
síndico na audiência. Ainda, o enunciado 72 do FONAJE diz
que o espólio pode ser autor nos juizados especiais, desde
que não haja interesse de incapaz; - sujeitos processuais:
a) juiz togado:
b) competência dos juizados especiais federais: - a ação dos juizados vai precisar de uma
- é determinada pelo valor da causa (60 salários sentença, e essa sentença somente pode ser dada por dois
mínimos) e também pelos sujeitos processuais (art. 6º da lei sujeitos: o juiz togado e o juiz leigo;
10.259/01), sendo permitido tais sujeitos: - quando o juiz leigo sentencia, essa sentença
- como autor: somente tem validade jurídica se for homologada pelo juiz
togado;
- pessoa física + microempresa + empresa de
pequeno porte; - a previsão contida no artigo 6º da lei 9.099/95
no sentido de que o juiz adotará em cada caso a decisão
- como réu: que entender mais justa e equânime, atendendo aos fins
- União + autarquia, fundações e empresas sociais da lei e às exigências do bem comum. Essa previsão
públicas federais; pode levar a crer que vigora no juizado especial um juízo de
equidade, o que não é verdade;
- causas de exclusão (art. 3º, §1º da lei
10.259/01): - vigora nos juizados especiais o juízo da
legalidade;
- deve ser feita uma leitura na lei;
b) juiz leigo:
- o artigo 3º, §3º da lei 10.259/01 cria para os juizados
especiais uma competência absoluta. Isso significa que estando - o juiz leigo tem uma participação efetiva dentro
presentes as razões de competência dos juizados especiais do processo. No juizado especial cível, o juiz leigo deve ser
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imediatamente instaurar uma sessão de conciliação para que - a presença das partes é necessária (ônus
possa ser resolvido. perfeito). Deixando o autor de comparecer a tal audiência,
- postura do juiz diante do pedido: haverá extinção do processo por abandono – o enunciado
90 do FONAJE diz que é extinto o processo por abandono
- indeferimento liminar do pedido -> é possível, independentemente da intimação do réu. Não
embora nunca se dê por inépcia. É possível por exemplo, o comparecendo o réu na audiência, ocorre revelia. Havendo
indeferimento liminar em razão da incompetência absoluta transação, ela será homologada e o processo extinto;
do juizado especial;
- não havendo transação, o juiz irá designar
- emenda do pedido -> é plenamente possível, audiência de instrução e julgamento. Entendendo o juiz que
podendo ser feita até a audiência de instrução e julgamento não há prova a produzir, o juiz não vai designar audiência
(inclusive na própria audiência); de instrução e julgamento;
- enunciado 101 do FONAJE -> permite a - audiência de instrução e julgamento:
aplicação do artigo 285-A do CPC (julgamento liminar de
improcedência em causas repetitivas); - essa audiência de instrução e julgamento deve
transcorrer (art. 27, parágrafo único da lei 9.099/95) em um
- citação: prazo máximo de 15 dias após a sessão de conciliação
- a citação no juizado especial será feita em regra frustrada (prazo impróprio). Não há previsão na lei, mas o
pelo correio; artigo 277 do CPC diz que o prazo mínimo deve ser de 10
dias. A exigência desse prazo mínimo, como bem observado
- apenas excepcionalmente ter-se-á o oficial de pelo enunciado 10 do FONAJE, o momento de apresentação
justiça participando da citação, e a prova maior disso é o da defesa do réu é na audiência de instrução e julgamento;
artigo 18, III da lei 9.099/95;
- a ausência do autor nessa audiência gera a
- é proibida a citação por edital; extinção do processo e a ausência o réu gera a revelia;
- aplica-se o “princípio da aparência” no tocante à - o primeiro ato da audiência de instrução e
citação da pessoa jurídica, que segundo o artigo 18, II da lei julgamento é a tentativa de conciliação;
9.099/95, deve ser efetuada pela pessoa “encarregada da
recepção”; - não alcançando a conciliação, há a apresentação
da defesa do réu, que pode se dar tanto de maneira oral
- a citação da pessoa física, segundo a lei, é feita quanto de maneira escrita. O réu possui,
através de aviso de recebimento em mão própria (art. 18, I fundamentalmente duas peças de defesa:
da lei 9.099/95), aplicando a regra de que a pessoa física
deve ser citada pessoalmente (não valendo citação de outra a) contestação -> na contestação, além da defesa
pessoa). Há um enunciado antigo do FONAJE (Enunciado 5) do réu, pode-se incluir outras reações que na justiça comum
que diz que na citação da pessoa física basta que qualquer seriam feitas por peça autônoma, sendo portanto, uma
sujeito identificado localizado no endereço do réu receba a contestação até mais ampla do que a da justiça comum (ex.:
citação; incompetência relativa14
- o enunciado 53 do FONAJE diz que nas ações b) exceção de impedimento e suspeição do juiz -
consumeristas o juiz deve citar o réu já se referindo à > essa vai subir para o colégio recursal;
possibilidade de inversão do ônus da prova; c) reconvenção -> o artigo 31 da lei 9.099/95
- intimação: proíbe a reconvenção, mas admite o chamado “pedido
contraposto”. O “pedido contraposto” também é um
- a regra é que as intimações ocorram sempre em contra-ataque do réu, porém feito na própria contestação.
audiência. A exceção se refere à atos praticados fora da audiência;
A hipótese de cabimento do pedido contraposto é mais
- sem advogado, a intimação deve ser pessoal. Nesse restritiva do que a reconvenção. Para se admitir o pedido
caso, deve-se utilizar qualquer meio idôneo para fazer tal contraposto é necessário que o pedido do réu contra o
intimação; autor seja fundamentado na mesma situação fática narrada
- o enunciado 73 do FONAJEF diz que a intimação pode pelo autor15. O enunciado 31 do FONAJE permite que a
ser feita até mesmo por telefone;
14
Incompetência relativa se refere a competência territorial por
- o enunciado 7 do FONAJEF traz a regra de que nos
natureza. Nos juizados especiais, o enunciado 89 do FONAJE diz
juizados especiais federais não há intimação pessoal. Nesse caso, a
publicação é feita por meio de diário oficial; que não obstante a natureza relativa da incompetência relativa
referente à competência territorial, o juiz pode decretá-la de
- sessão de conciliação: ofício. Reconhecida a incompetência territorial é caso de extinção
do processo (art. 51, III da lei 9.099/95). Assim, nos juizados
- nos termos o enunciado 6 do FONAJE, na sessão
especiais, a incompetência territorial tem natureza peremptória
de conciliação não é necessária a presença do juiz togado (não dilatória, como a regra).
nem a presença do juiz leigo; 15 Não é nos mesmos fatos, o que tornaria o pedido contraposto
pessoa jurídica faça pedido contraposto. O enunciado 12 do - sentença -> o juiz pode proferir a sentença
FONAJEF não admite pedido contraposto nos juizados oralmente na sentença ou proferir a sentença por escrito no
especiais federais, o que leva a crer que também será prazo de 10 dias que a lei lhe dá (prazo impróprio);
estendida tal vedação para os juizados especiais da fazenda
- o artigo 38 da lei 9.099/95 diz que nos juizados
pública;
especiais não há relatório na sentença;
- instrução -> na instrução será realizada a
- segundo o enunciado 46 do FONAJE a
produção de provas. Qualquer que seja o juizado, todos os
fundamentação pode ser gravada em fita magnética, sendo
meios de prova são em regra admitidos:
que obrigatoriamente escrito deve ser apenas o dispositivo;
a) depoimento pessoal -> no CPC o depoimento
- o artigo 38, parágrafo único traz uma proibição
pessoal depende de pedido da parte contrária. Nos juizados
expressa da prolação de sentenças ilíquidas nos juizados
especiais, o depoimento pessoal pode ser feito através de
(por isso nos juizados especiais não existe liquidação de
pedido ou de ofício. O objetivo do depoimento pessoal é a
sentença);
confissão;
- o artigo 39 da lei 9.099/95 diz que a sentença é
b) prova testemunhal -> na justiça comum, no
ineficaz no que se exceder o valor de 40 salários mínimos,
CPC, o número máximo de testemunhas é de 10, sendo que,
mas para o cálculo desse valor se deve excluir os honorários
no máximo 3 por fato. No juizado especial, o número
advocatícios, multa por litigância de má fé e também as
máximo é de 3 testemunhas. Na justiça comum, pelo CPC,
astreintes;
toda testemunha deve ser arrolada antes da audiência. No
juizado especial, depende, só precisando arrolar quando - observação: nos juizados especiais federais e nos
necessária a intimação da testemunha (5 dias). O artigo 34 juizados especiais da fazenda pública o artigo 39 é inaplicável;
da lei 9.099/95, se interpretado literalmente, faz com que
se chegue a conclusão de que sempre devem ser arroladas
as testemunhas. Porém, a doutrina é bastante tranqüila em Recursos:
admitir a dispensa do arrolamento prévio caso não seja - na lei 9.099/95 há a previsão de dois recursos:
necessária a intimação;
a) embargos de declaração;
c) prova documental -> a diferença em relação à
prova documental se dá no momento adequado para b) recursos inominados contra sentença;
produzi-la. No CPC, esse momento é o da petição inicial ou c) recurso extraordinário16;
da contestação: nos juizados especiais, pode-se apresentar
a contestação até a audiência de instrução e julgamento d) agravo interno17;
(inclusive nela);
d) prova pericial -> no juizado especial cível, o Embargos de declaração:
artigo 35 da lei 9.099/95 admite a chamada perícia
informal. A perícia informal é uma perícia feita na própria - nos juizados especiais, além de atacarem
audiência de instrução e julgamento. Caso essa prova omissão, contradição e obscuridade, ele também ataca a
pericial se mostre complexa, o lugar desse processo não é dúvida;
os juizados especiais estaduais. Nos juizados especiais - na justiça comum, ele sempre é escrito. Nos
federais, o artigo 12 da lei 9.099/95 prevê a perícia juizados especiais, há uma opção de se fazer por escrito ou
normalmente. Por isso, o STJ já teve a oportunidade de oralmente na audiência;
decidir (informativo 391 no julgamento da 1º sessão,
103.084/SC) que mesmo as questão complexas faticamente - na justiça comum, a interposição dos embargos
são de competência do juizado especial federal; de declaração o prazo para outros recursos. Nos juizados
especiais, o artigo 50 da lei 9.099/95 diz que quando os
e) inspeção judicial -> esta se dá quando o juiz, embargos forem interpostos contra sentença, haverá
pessoalmente, faz um exame de uma pessoa, de uma coisa suspensão do prazo. Porém, quando se tratar de embargos
ou de um lugar. O artigo 35, parágrafo único da lei 9.099/95 de declaração contra acórdão, não há previsão na lei
fala que o juiz pode fazer a inspeção, ou indicar pessoa de 9.099/95, devendo usar a regra do CPC, que interrompe
sua confiança para fazer a inspeção (nesse último caso, (não sendo caso de suspensão, mas sim de interrupção) o
tratar-se-á de prova atípica); prazo;
f) debates orais -> segundo o enunciado 35 do
FONAJE não há alegações finais oralmente feitas nos
juizados especiais;
16
O enunciado 63 do FONAJE permite também o recurso
extraordinário (orientação pacífica).
17 Segundo o artigo 544 e 557 do CPC. Não há previsão legal desse
contraposto a mesma situação (episódio da vida) narrada pelo recurso, mas os enunciados 102 e 103 do FONAJE e enunciados 29
autor. e 31 do FONAJEF permitem tal recurso.
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são processos documentais. Têm-se entendido que não é 266 do STF), uma vez que a lei por si só, é um comando
possível a documentalização da prova oral para fins de genérico e abstrato. Porém, existem duas exceções de
impetração do mandado de segurança. Existe uma única cabimento: lei de efeito concreto 19; contra projeto de lei
hipótese de impetração de mandado de segurança sem com vício no processo legislativo, mas legitimado é apenas
prova documental (art. 6º, §1º e §2º da nova lei de o parlamentar. No que concerne ao ato judicial, a regra
mandado de segurança), que é o caso em que o documento geral é que não se cabe mandado de segurança, nos termos
(prova) está com a autoridade coatora ou com terceiro de do artigo 5º, inciso II e III da nova lei de mandado de
forma a impedir que esse documento venha às mãos do segurança, que nada mais fez do que repetir a orientação
jurisdicionado para proposição do mandado de segurança. das súmulas 267 e 268 do STF. Não cabe mandado de
A lei não estabelece sanção se a autoridade coatora não segurança contra ato judicial ainda que a decisão proferida
juntar o documento (ou até mesmo o terceiro); seja inconstitucional. Porém, tal regra comporta exceções:
quando não haja recurso previsto nas leis de processo,
- não amparado em habeas corpus e habeas data ->
funcionando o mandado de segurança como sucedâneo
têm-se entendido que o mandado de segurança tem caráter
recursal (da decisão desse dispositivo cabe mandado de
residual, o que parte exatamente dessa premissa. O habeas
segurança; vários autores entendem que não cabem agravo
data tem previsão na lei 9.507/97, mais precisamente no
de instrumento das decisões dos JEC´s, cabendo mandado
artigo 7º da citada lei. O habeas data tutela direitos à
de segurança, nos termos da súmula 376 do STJ). A hipótese
informação própria, assim, se a obtenção de informação
de cabimento de mandado de segurança quando não há
não for própria, e sim de terceiro, não cabe habeas data,
recurso na lei processual, só é cabível o mandado de
mas sim mandado de segurança. Portanto, o que define o
segurança desde que não tenha havido o trânsito em
cabimento do mandado de segurança é a residualidade.
julgado. A segunda exceção é o que a doutrina tem
Exemplo claro é o mandado de segurança impetrado por
chamado de decisão teratológica 20. Importante é discorrer
prefeitura para obter informação sobre arrecadação do
acerca do ato político e do ato interna corporis.O ato
Estado para fins de repasse do ICMS (exemplo dado pelo
político é o praticado diante da soberania nacional (ex.:
STJ);
extradição; veto; etc.). Já o ato interna corporis é a
- ato ilegal ou abusivo: a conduta da autoridade discussão acerca de regimento interno, sanção à
pode ser comissiva ou omissiva, e o ato pode ser tanto atual parlamentares, etc. A regra geral (até mesmo pela
quanto iminente (surgindo nesse último caso a figura do separação dos poderes) é que o judiciário não intrometa
mandado de segurança preventivo – muito comum em nessas questões (não cabendo, portanto, mandado de
matéria tributária). Existem atos administrativos, atos segurança). O grande constitucionalista Pedro Lessa, invoca
judiciais, atos legislativos e atos políticos ou interna uma exceção: o controle se torna possível em relação aquilo
corporis. O ato administrativo por si só pode ser atacado que transbordar os parâmetros constitucionais.
por mandado de segurança (a regra é que o mandado de
- ilegal ou abusivo -> a doutrina costuma distinguir o
segurança serve para atacar ato administrativo). Há no
ato ilegal do ato abusivo. A legalidade está ligada ao ato
entanto, uma exceção contra o cabimento de mandado de
vinculado, e a abusividade está ligada ao ato discricionário;
segurança contra ato administrativo (art. 5º, I, da nova lei
de mandado de segurança), que é o cabimento contra o ato - praticado por autoridade pública ou quem lhe faça
que tenha de recurso administrativo com efeito suspensivo às vezes -> o ato pode ser praticado por autoridade pública
que independa de caução – nota-se que nesse caso há e quem faça o papel de autoridade pública por
evidente falta de interesse de agir. Caso o recurso esteja circunstâncias diversas (esse ponto será tratado
condicionado ao pagamento de determinada quantia aprofundadamente na legitimidade passiva);
(multa, caução, etc.) o mandado de segurança torna cabível.
É possível a desistência de recurso administrativo com essas
características para permitir o cabimento do mandado de Legitimidade ativa:
segurança? Sim, desde que a parte renuncie a defesa
- a legitimidade no mandado de segurança é muito
administrativa. A súmula 429 do STF trata do mandado de
ampla, uma vez que qualquer pessoa pode impetrar
segurança contra ato omissivo, dizendo que a existência de
mandado de segurança:
recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o
uso do mandado de segurança contra a omissão da - o STJ tem entendido inclusive a legitimidade de
autoridade (portanto, essa é uma exceção da exceção). qualquer estrangeiro (mesmo que não domiciliado no
Antigamente havia uma segunda exceção de cabimento de Brasil) em propor mandado de segurança;
mandado de segurança contra ato administrativo (que já
era suspeito de inconstitucionalidade), no sentido de não se 19
Lei de efeito concreto é aquela que por si só causa prejuízo.
caber mandado de segurança contra ato disciplinar. Essa Nada mais é do que um ato administrativo transvertido de lei.
exceção não existe mais na nova lei, sendo plenamente Todas as leis proibitivas são de efeito concreto. Lei que fixa tarifa
cabível mandado de segurança contra ato disciplinar. No ou que extingue cargos também são de efeito concreto.
que se refere ao ato legislativo, em regra, não é cabível 20 Nessa hipótese, pode ser até após o trânsito em julgado.
mandado de segurança (entendimento sumulado – súmula Decisão teratológica é aquela decisão monstruosa, isto é, não tiver
o mínimo cabimento jurídico.
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- o STJ também tem admitido a impetração de tão apenas até as informações, vez que o direito em debate
mandado de segurança por entes sem personalidade é da pessoa jurídica, e não da autoridade;
jurídica, mas com prerrogativas próprias a defender (ex.:
- a nova lei trouxe uma novidade: a petição inicial
mesas da Câmara, do Senado, poderes do Estado);
indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que
- cabe mandado de segurança impetrado pelo essa integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce
próprio poder público contra o poder público atribuições. A lei previu que a autoridade coatora e a
pessoa jurídica à que ele está vinculada devem ser
- tem-se entendido que o mandado de segurança é
colocadas na inicial (art. 6º da nova lei) – essa hipótese não
uma ação personalíssima, significando que com a morte do
contempla uma espécie de litisconsórcio passivo. Tal
titular, não haverá sucessão processual;
mudança visou a facilitação da análise da competência e a
- não se pode confundir litisconsórcio ativo em facilitação de obtenção de informações;
mandado de segurança individual com mandado de
- o artigo 6º, §3º da nova lei define quem é a
segurança coletivo (mandado de segurança coletivo deve
autoridade coatora: “considera-se autoridade coatora
ter objeto coletivo);
aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
- o artigo 1º, §3º da Lei do Mandado de Segurança emane a ordem para sua prática”. Apesar da previsão legal,
traz o fundamento legal para o litisconsórcio facultativo a doutrina e a jurisprudência deve dar alguns
ativo no mandado de segurança. Com a nova lei, o §2º do complementos, assim, a autoridade coatora é quem tenha
artigo 10 ficou definido que o ingresso do litisconsórcio competência para desfazer o ato impugnado;
ativo não será admitido após o despacho da petição inicial;
- ato coator praticado em áreas distintas: nesse caso,
- o artigo 3º da lei do Mandado de Segurança (com a autoridade coatora é a superior a todos os órgãos locais;
redação idêntica da lei anterior) traz a premissa de que “o
- ato complexo22: a autoridade coatora é sempre
titular do direito líquido e certo decorrente de direito, em
aquela que encerra a decisão;
condições idênticas de terceiro poderá impetrar mandado
de segurança a favor do direito originário, se o seu titular - ato composto23: a autoridade coatora é quem
não o fizer, dentro do prazo de 30 dias, quando notificado homologou o ato;
judicialmente”. Há uma dissociação entre a legitimidade ad
- ato colegiado24: a autoridade coatora é o
causam e a legitimidade ad processum, portanto, estar-se-á
presidente do órgão;
diante de um caso de legitimação extraordinária. Ex.: em
concurso público, chama-se o terceiro colocado sem antes
colocar o primeiro e o segundo no cargo, assim o segundo
- indicação errônea da autoridade coatora: a
lugar é legitimado para propor o mandado de segurança
jurisprudência superior é pacífica no sentido de que o caso
para que o primeiro colocado assuma o cargo, portanto, ele
é de extinção sem julgamento do mérito (embora alguns
está agindo em nome próprio defendendo o direito do
doutrinadores discordem). O artigo 6º, §4º que foi vetado,
primeiro colocado. Nota-se que para exercer tal direito, há
autorizava a correção da ação, desde que respeitado o
algumas condições: notificação judicial + estar dentro do
prazo decadencial (uma pena o Presidente ter vetado);
prazo decadencial de 120 dias21;
- “teoria da encampação”: essa teoria acabou sendo
construída pela jurisprudência e busca sanar a indicação da
Legitimidade passiva: autoridade coatora errada. Para essa teoria o ingresso da
autoridade coatora correta ou da pessoa jurídica a que ela
- há previsão na nova lei, no artigo 1º, §1º e §2º da
pertença no feito supriria o vício, consequentemente,
nova lei do Mandado de Segurança (lei 12.016/09);
permitindo o julgamento do mandado de segurança. A
- a legitimidade passiva no mandado de segurança jurisprudência tem dito que para que se possa aplicar a
sofre de uma crise de identidade, uma vez que há uma teoria da encampação, deve haver três condições:
dúvida se o réu no mandado de segurança é a autoridade
a) vínculo hierárquico entre encampante e
coatora (pessoa física da autoridade) ou se o legitimado
encampado (ou seja, quem está entrando no mandado de
passivo é a pessoa jurídica a que a autoridade coatora
segurança deve ser chefe do encampado);
pertença. Há uma forte (enorme) tendência jurisprudencial
em dizer que o réu no mandado de segurança é a pessoa
jurídica a que a autoridade coatora pertence (Prefeitura, 22
É aquele em que precisa da convergência de duas vontades para
Governo do Estado etc.). A autoridade coatora no mandado produzir o resultado final (ex.: Súmula 627 do STF, que trata da
de segurança só representa a pessoa jurídica no processo e nomeação de magistrado).
23 É aquele em que a autoridade inferior pratica o ato e a
interpretação a de que esse prazo começa-se a contar a partir da manifestações de vontade (ex.: Comissão de Concurso Público,
notificação do ato ilegal. Comissão de Licitação, Câmaras de Tribunal).
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b) ingresso do encampante não altere a competência vencedor da licitação no mandado de segurança que busca
para o julgamento do mandado de segurança; anular o procedimento licitatório). O STF já editou duas
súmulas a respeito do tema. A súmula 631 do STF
c) as informações prestadas pela autoridade
estabelece que o juiz extinguirá o mandado de segurança se
encampada tenham esclarecido a questão;
o impetrante não promove no prazo assinado a citação do
litisconsorte passivo necessário. Ainda, a súmula 202 do STJ
diz que “a impetração de segurança por terceiro contra ato
- autoridades públicas por equiparação: previstas no
judicial não se condiciona a interposição de recurso”. A
artigo 1º, §1º e §2º da lei do mandado de segurança, são
súmula 701 do STF diz que “o mandado de segurança
elas:
impetrado pelo MP contra decisão proferida no processo
a) dirigentes de artigos políticos; penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte
passivo necessário” – o que ocorre no mandado de
b) dirigentes de entidades autárquicas e
segurança para atribuir efeito suspensivo ao RESE
fundacionais25;
interposto pelo parquet;
c) representante de pessoas físicas ou jurídicas que
- intervenção de terceiros: tem-se entendido que no
exerçam atribuições do poder público a lei anterior,
mandado de segurança somente cabe assistência
falava em representante de pessoas físicas ou jurídicas
litisconsorcial pela pessoa jurídica a que vinculada a
delegadas de serviço público, assim, houve portanto a
autoridade coatora. Como entende-se que a pessoa jurídica
substituição da expressão “delegada” pela expressão
é ré, fica sem sentido admitir essa intervenção de terceiros,
“exercente”, que trata de uma expressão muito mais ampla.
uma vez que ou a pessoa jurídica é ré ou a pessoa jurídica é
Assim, a antiga briga doutrinária e jurisprudencial em
assistente, não sendo possível ser os dois ao mesmo tempo.
relação ao cabimento de mandado de segurança contra
Cássio Scarpinella Bueno diz que cabe nomeação à autoria,
autoridade delegada e autoridade autorizada: no que se
onde a autoridade ilegítima deveria nomear a autoria à
refere às atividades delegadas, era passível de ser atacada
autoridade legítima (posição isolada do respeitável
via mandado de segurança (ex.: energia elétrica, telefonia,
processualista);
serviço de água e esgoto, etc.), mas as atividades
autorizadas não eram atacável via mandado de segurança Competência:
(ex.: banco, saúde, etc.) – a jurisprudência não deixava claro
- critério funcional hierárquico:
se atividades como educação eram delegadas ou
autorizadas, assim, haviam decisões nos dois sentidos. - aqui busca-se definir as hipóteses de mandado de
Assim, o grande mérito da nova lei foi retirar a expressão segurança originário, ou melhor, define-se as hipóteses em
DELEGADA, facilitando a interpretação, assim, atividades de que o mandado de segurança não começa em primeiro
qualquer natureza (delegadas ou autorizadas), podem ser grau, mas já começa nos tribunais (previsão constitucional:
objeto de mandado de segurança, desde que sejam art. 105, I, “b”, art. 108, I, “c”, art. 114, IV da CRFB/88). Há 4
públicas. Atualmente, se a autoridade (mesmo privada) súmulas tratando do tema: súmula 41 do STJ, súmulas 330,
exerce função pública, seus atos são atacável por mandado 433 e 624 do STF (há também previsão no art. 74, III, da
de segurança (ver, art. 1º, §1º da nova lei); Constituição do Estado de São Paulo);
d) representantes de empresas públicas e sociedades - a regra é que “top” julga “top”, embora haja
de economia mista, bem como de concessionárias de exceção:
serviço público apenas no que toca aos atos de gestão
- impetração contra juiz de 1º grau: é julgada pelo TJ,
pública (exemplos tradicionais: concurso público, licitação,
TRT, TRF, Turma Recursal (compete a turma recursal
que são feitos por essas empresas) contra atos de gestão
processar e julgar mandado de segurança contra ato de
comercial dessas empresas não cabe mandado de
juizado especial);
segurança26 (ex.: aquisição de insumos; aquisição de
financiamento bancário); - impetração para atacar vício de incompetência do
colégio recursal: não se trata de discutir mérito do colégio
recursal, mas apenas a incompetência. Caso queira atacar
- litisconsórcio passivo necessário e unitário do vício de incompetência do colégio, cabe mandado de
beneficiário do ato impugnado: esse litisconsórcio ocorre segurança para o TJ ou para o TRF, nunca para o próprio
quando há alguém sendo beneficiado com o ato colégio;
impugnado. Assim, o beneficiário do ato impugnado tem de
- critério material:
sempre figurar como litisconsórcio necessário (ex.:
- quando se chega no critério material, chega-se a
conclusão que o processo este em primeira instância;
25 Não havia necessidade de mencionar que estão são funcionários
públicos por equiparação, pois na verdade eles são autoridade - dentro desse critério material, vai definir se a
pública, e não por equiparação. competência é da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho,
26 Ver artigo 1º, §2º da nova lei. No mesmo sentido, súmula 333 do
da Justiça Federal ou da Justiça Estadual;
STJ.
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- Justiça Eleitoral -> quando a causa de pedir esteja estrutura com a qual ela trabalha. Apesar de ser critério
relacionada ao artigo 121 da CRFB/88 (questões político- territorial, aqui também vale a regra da competência
eleitorais e sufrágio). Exemplo: §1º do art. 1º da lei de absoluta, não prorrogando a competência (é o que alguns
Mandado de Segurança, no caso de mandado de segurança autores chamam de regra de competência territorial
contra partido político, em caso de expulsão de filiado; absoluta);
- Justiça do Trabalho -> quando a causa de pedir Observação houve uma mudança na orientação do STF
estiver dentre as previsões de competência do artigo 114 da em 2007: o reconhecimento de incompetência absoluta par ao
CRFB/88 (ex.: mandado de segurança de empregado julgamento do mandado de segurança, (inclusive fruto da aferição
de uma das autoridades apontadas como coatora) não implica
público celetista contra o prefeito);
extinção do processo, mas sim encaminhamento para o órgão
- Justiça Federal -> o que define a competência para competente.
o mandado de segurança na justiça federal é a parte
litigante, e não a natureza do direito, da matéria. O artigo
109 da CRFB/88 traz as pessoas que são partes legítimas no Procedimento do mandado de segurança:
mandado de segurança. Desde que a autoridade seja - de acordo com a doutrina o procedimento é
componente da União, autarquia e empresas públicas especial, sumário, e ainda que impetrado contra ato
federais, quem julga é a justiça federal. No caso de crimina, permanece com sua natureza civil;
mandado de segurança contra ato particular com
atribuições do poder público (autoridade pública por - o artigo 20 da lei 12.016/09 os mandados de
equiparação), deve içar claro que considerar-se-á federal a segurança tem prioridade sobre todos os atos judiciais,
autoridade coatora se as consequências de ordem salvo habeas corpus. Antes essa regra era prevista somente
patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado no regimento interno;
houverem de ser suportados pela União ou alguém por ela
controlado – portanto, o que define é o status da atividade
exercida (se a atividade pública for da União, autarquia e Petição inicial:
empresas públicas por ela controlada, a competência é da - é necessária prova pré-constituída junto com a
justiça federal). Mandado de segurança contra serviço de petição inicial. A exceção se dá no caso em que a prova pré-
energia e telefonia é de competência da justiça federal, mas constituída estiver em poder de autoridade que se recuse a
qualquer outra ação é de competência da justiça estadual. fornecê-la ou de terceiro (é uma hipótese atípica);
No que se refere à educação superior (embora a União, os
Estados e o DF sejam responsáveis), quem organiza todo - o caput do artigo 6º da lei 12.016/09 estabelece
essa aparelhamento é a União: que além de indicar na petição inicial quem é a autoridade
coatora é obrigatório também a indicação da pessoa
MANDADO QUALQUER jurídica a que ela pertença;
DE OUTRA
SEGURANÇA AÇÃO - não há litisconsórcio entre a autoridade coatora e
pessoa jurídica indicada, pois são a mesma pessoa;
Universidade Federal Justiça Justiça
Federal Federal - facilitar a emenda da inicial;
b.3) art. 10, 2ª parte, da lei (deve ser combinado c.3) cientificação da pessoa jurídica:
com o art. 23 da lei) -> decadência (deve-se lembrar que o
- o art. 7º, II, ainda estabelece a regra da
prazo de decadência no mandado de segurança é de 120
cientificação da pessoa jurídica a que pertence a autoridade
dias);
impetrada;
Obs.: nesses casos não há análise de mérito, portanto, não
há coisa julgada material. O artigo 19 da lei do mandado de - a finalidade da norma é de garantir que ocorra a
segurança deve ser observado (artigo esse que é uma cópia da defesa do ato atacado. Deve ser dada ciência do feito ao
súmula 304 do STF), uma vez que a sentença ou acórdão que órgão de representação judicial da pessoa jurídica
denegar a segurança sem decidir o mérito, não impedirá que o interessada;
requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os
respectivos efeitos patrimoniais – vale lembrar que quando o - o art. 9º da lei 12.016 ainda estabelece que as
legislador usou o termo “denegar”, ele se equivocou, uma vez que autoridades administrativas, no prazo de 48 horas, devem
denegar é mérito, e nesse caso, não houve análise do mérito. mandar cópia para o órgão judicial representativo com o
teor da impugnação;
b.3) Em caso de ações repetitivas: nesse caso, deve
ficar claro que há análise do mérito e a formação de coisa - informações:
julgada – nesse caso, na verdade, o juiz indefere de plano; - a autoridade coatora prestará informações no
c) deferimento: prazo de 10 dias, não se aplicando o prazo dilatado do art.
183 do NCPC, uma vez que o procedimento do mandado de
c.1) liminar: segurança é especial;
- a liminar pode ter tanto natureza antecipatória - o prazo de 10 dias começa a se contar da juntada
quanto natureza cautelar; aos autos do mandado de notificação da autoridade
- o art. 7º, III, permite ao juiz o condicionamento da coatora;
liminar à prestação de caução. Até a vigência dessa lei, a - prevalece na doutrina largamente a posição de que
jurisprudência era pacífica no sentido de que no mandado a natureza jurídica das informações é de contestação.
de segurança não se poderia condicionar a liminar à Quem discorda dessa opinião, advoga que tais informações
prestação de caução. Esse dispositivo não é tratam-se de meio de prova;
inconstitucional, uma vez que ele não condiciona, mas
faculta o condicionamento; - revelia:
- o art. 7º, §1º, trata-se do recurso cabível contra a - o STF diz que no mandado de segurança não há
decisão que conceder ou negar a liminar, caberá mandado revelia. Como o réu tem de ser uma pessoa jurídica de
de segurança; direito público ou quem faz as vezes de pessoa jurídica de
direito público, e dentre as atribuições desse ato, por ser
- o legislador estabelece no art. 7º, §2º da lei do público, presume-se legal, de modo que compete ao
mandado de segurança, algumas hipóteses de não impetrante a prova da ilegalidade;
cabimento da liminar (cabe o mandado de segurança, só
não cabe a concessão da liminar): - a partir do momento em que se presta as
informações, cessa a atividade da autoridade coatora;
- compensação de créditos tributários;
- desembaraço de mercadorias estrangeiras;
Parecer do Ministério Público:
- vantagens a servidor público;
- o art. 12 da nova lei disciplina tal matéria;
Obs.: o STF tem tido que tais limitações ao cabimento
dessas liminares são todos constitucionais, mas o STF disse que no - existe uma discussão se o parecer do Ministério
caso concreto, o juiz pode casuisticamente afastar a vedação. Público é obrigatório no mandado de segurança:
c.2) notificação da autoridade coatora: 1ª Corrente: não é obrigatória a atuação do
- o art. 7º, I, da lei do mandado de segurança, Ministério Público. Essa corrente estabelece que o
estabelece que o juiz vai ordenar que se notifique a Ministério Público somente deve atuar se houver uma das
autoridade coatora a fim de que no prazo de dez dias preste hipóteses do artigo 178 NCPC (ex.: interesse de incapaz;
as informações – na contra fé, deve necessariamente haver interesse público etc.) – o Ministério Público de São Paulo
cópia dos documentos; sustenta essa posição;
- natureza do ato de notificação: o STJ entende que 2ª Corrente: estabelece que a vista ao Ministério
apesar da lei falar em notificação, na verdade trata-se de Público é obrigatória, mas não a sua atuação – é a posição
citação (a pessoa jurídica está sendo citada através da sua que a nova lei parece ter adotado e aparenta realmente ser
autoridade); a melhor posição;
3ª Corrente: essa corrente sustenta que a atuação
do Ministério Público é obrigatória. Assim, caso o Ministério
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Público não queira dar parecer, deve-se aplicar o artigo 28 - desembaraço de mercadorias estrangeiras;
do CPP por analogia, sob pena de nulidade do processo;
- vantagens a servidor público;
- 2º Grau -> embargos de declaração + embargos
Sentença no mandado de segurança: infringentes28 + recurso extraordinário + recurso especial;
- para quem adota a classificação ternária das
sentenças, trata-se de sentença condenatória. Para quem
Mandado de Segurança Originário:
adota a natureza quinaria das sentenças, a sentença no
mandado de segurança é mandamental; - o mandado de segurança originário passou a ter
previsão legal expressa com o lei 12.016/09, mais
- a sentença vai ser comunicada para a autoridade
precisamente no artigo 16. Antigamente, a previsão
coatora e para a pessoa jurídica a que ela pertence;
encontrava-se apenas nos regimentos internos dos
- o artigo 7º, §3º da lei 12.016/09 estabelece que os tribunais;
efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada,
- quanto ao cabimento de recurso nesse caso, vai
persistirão só até a sentença: assim, julgada improcedente a
caber o agravo interno (tecnicamente, esse recurso deveria
impetração, automaticamente e independentemente de
ser chamado de agravo para o colegiado). Têm-se
manifestação judicial, a liminar fica cassada (fica
entendido que o prazo para esse agravo é de 5 dias. Esse
prejudicada) – nesse mesmo sentido, súmula 405 do STF;
agravo vai caber em duas situações:
- o artigo 25 da lei 12.016/09 diz que não cabe
a) liminar (o desembargador-relator deferiu ou
condenação no mandado de segurança em honorários, mas
indeferiu a liminar) -> artigo 16, § único da lei. O legislador,
cabe a condenação por litigância de má-fé;
nesse momento, acabou adotando a jurisprudência do STJ.
O STF tinha a súmula 622 vedando o cabimento de agravo
interno “contra decisão do relator que concede ou indefere
Recursos:
liminar no mandado de segurança originário”. Portanto, a
- o art. 14 da lei traz a previsão dos recursos: súmula 622 do STF encontra-se atualmente prejudicada em
razão da nova lei do mandado de segurança;
a) legitimidade:
b) indeferimento da inicial -> também cabe agravo
- partes (impetrante + pessoa jurídica);
interno da decisão do desembargador-relator que rejeita a
- Ministério Público; inicial no mandado de segurança;
- autoridade coatora (art. 14, §2º)27; - ainda há previsão do cabimento do recurso
ordinário constitucional (art. 18 da lei do Mandado de
b) cabimento:
Segurança; art. 105, II e art. 102 II da CRFB/88). Tal recurso
- 1º Grau -> embargos de declaração + agravo de é apelidado de ROC. Ele é cabível nas:
instrumento (art. 7º, §1º da lei – cabe da decisão liminar) +
a) extinção sem mérito colegiada;
apelação (art. 14 da lei – cabe da sentença);
b) denegatórias;
- observações sobre apelação:
- se quem decidiu o mandado de segurança
- o prazo para recurso de apelação no mandado de
originário foi um Tribunal Superior (TST, STJ, TSE), quem vai
segurança é contado a partir da publicação da decisão e não
julgar o ROC é o STF;
a partir da notificação (nesse sentido: súmula 392 do STF);
- se quem decidiu o mandado de segurança foi o
- no caso de recurso, aplica-se o prazo em dobro do
Tribunal (TJ, TRT, TRF), o ROC vai ser julgado pelo STJ;
artigo 188 do CPC para recorrer;
- se a parte propor a apelação em vez de ROC, o STJ
- a regra é que a apelação só tem efeito devolutivo.
tem entendimento pacífico que aplica-se a fungibilidade.
Logicamente, há exceções (art. 14, §3º da lei):
Porém, se o cabimento é de ROC e a parte apresenta
- nos casos em que for vedada a liminar (art. 7º, §2º Recurso Especial ou Recurso Extraordinário, não aplica-se a
da lei); fungibilidade (segundo o próprio STJ);
- compensação de créditos tributários; - não cabe ROC contra decisão de colégio recursal.
Segundo o STJ, se olharmos a CRFB/88 no eu artigo 105, II,
caberá ROC apenas contra decisões proferidas pelo TJ e
27 Não há sentido admitir a legitimidade da autoridade coatora,
uma vez que as consequências patrimoniais da decisão atingirão a
pessoa jurídica, e não a autoridade coatora. A doutrina vem
colocando limitações nessa regra, só podendo a autoridade 28 O artigo 25 da lei do mandado do segurança, copiando a súmula
coatora recorrer se ela teve sua esfera pessoal atingida pelos 597 do STF, entendeu não ser cabível os embargos infringentes,
efeitos da decisão. embora não haja motivo fático par ao não cabimento.
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pelo TRF, assim, o STJ interpreta no sentido do não tal prazo é de 120 dias, contados da ciência do interessado
cabimento do ROC contra decisão de colégio recursal; do ato impugnado. Néry entende que esse prazo é
inconstitucional, mas o STF, na súmula 632 diz que é
- cabe também no âmbito do mandado de segurança
constitucional o prazo fixado para a impetração de
originário Recurso Especial ou Recurso Extraordinário,
mandado de segurança. Há ainda uma argumento jurídico,
desde que:
no sentido de que não cabe à Constituição tratar de prazos,
a) não seja cabível o ROC (decisão concessiva); mas sim à legislação infraconstitucional;
Reexame necessário: - natureza jurídica do prazo decadencial: na verdade,
essa é uma decadência atípica, uma vez que não atinge o
- no mandado de segurança há regra específica sobre
fundo de direito, apenas atinge a via processual. Tal
o recurso necessário, não aplicando o CPC;
decadência não abala o mérito, uma vez que pode-se
- a regra da lei 12.016/09 é a de que concedida a pleitear o direito por outra via. A atipicidade dessa
ordem, a sentença está sujeita ao reexame necessário pelo decadência se comprova pelo fato do seu reconhecimento
Tribunal. O reexame necessário é uma condição necessária gerar extinção do processo sem resolução de mérito.
da sentença, assim, enquanto o Tribunal não confirme a Segundo Leonardo Carneiro tal prazo tem natureza própria,
decisão, não há que se falar em execução definitiva; não se tratando de decadência (é posição minoritária,
embora pareça melhor);
- o reexame necessário na lei do mandado de
segurança não está dispensado se o valor da causa for
pequeno;
Termo inicial:
- no ato comissivo, o prazo conta da intimação
Execução: pessoal ou por publicação, ou da ciência inequívoca do ato,
o que ocorrer primeiro;
- em se tratando e obrigação de fazer, obrigação de
não fazer e obrigação de entregar, é pacífica a solução: - só cabe o mandado de segurança se o ato for
aplica-se o artigo 461 e o artigo 461-A do CPC, que exeqüível (ou seja, apto a prejudicar);
disponibiliza aos juízes técnicas sub-rogatórias e técnicas de
- no caso de ato comissivo de trato sucessivo (aquele
coerção para poder obrigar o réu a cumprir a obrigação;
que se repete ao longo do tempo: dia a dia, mês a mês –
- em se tratando de obrigação de pagar (mandado de como no exemplo claro do impedimento do aluno de entrar
segurança com finalidade pecuniária), deve-se verificar na escola);
quem é o réu, ou seja, qual a pessoa jurídica demandada: se
- ato iminente (ou seja, aquele ato que ainda não
pessoa jurídica de direito público, seguirá o regime do art.
aconteceu), permite o cabimento de mandado de segurança
730 do CPC (precatório); se pessoa jurídica do direito
preventivo, assim, pelo fato do ato ser iminente, não corre
privado, não se aplica o regime do artigo 730 do CPC, mas
o prazo enquanto o ato não for praticado – vale lembrar
sim o artigo 475-J do CPC (pagar no prazo de 15 dias sob
que só cabe mandado de segurança preventivo se o ato for
pena de multa);
perfeito e exeqüível, mas ainda não tiver sido praticado;
- o artigo 14,§º4 da lei do mandado de segurança
- no que se refere ao ato omissivo, onde impugna-se
consolidou as súmulas 269 e 271 do STF com os seguintes
o não agir da autoridade, entende-se que o prazo de 120
entendimentos:
dias começa a contar a partir do fim do prazo legal para a
- o mandado de segurança não tem efeitos manifestação da autoridade. Observa-se duas regras: o
pretéritos, ou seja, as vantagens pecuniárias que vão ser prazo começa a contar do fim do prazo legal para a
obtidas com o mandado de segurança somente são devidas manifestação da autoridade; se não houver prazo
a partir da impetração (a sentença não tem efeito ex tunc); estabelecido em lei para a manifestação da autoridade, não
corre o prazo decadencial;
- artigo 26 da lei de mandado de segurança acabou
com uma celeuma, que se referia à sanção para quem
descumpria a ordem do mandado de segurança:
PROCESSOS COLETIVOS
atualmente, quem descumpre o mandado de segurança
incorre no delito de desobediência, e não prevaricação – Evolução Histórica e Metodológica do Processo Coletivo:
sem prejuízo da aplicação da lei 1.079/50 (que trata de
- gerações de direitos fundamentais:
crimes de responsabilidade);
1ª Geração: geração de direitos civis e políticos -> foram
desenvolvidos no século XVIII e seguintes, e trouxe uma
Decadência: série de liberdades negativas (ou seja, uma proibição de
atuação do Estado) – é nessa fase que surgem os direitos de
- no que se refere ao prazo decadencial do mandado
liberdade, propriedade, livre iniciativa, herança, direito ao
de segurança, o artigo 23 da lei 12.016/09 estabelece que
voto;
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2ª Geração: geração de direitos econômicos e sociais -> ondas renovatórias de acesso à justiça: tutela dos pobres30
tais direitos foram desenvolvidos a partir do século XIX, + coletivização do processo31 + efetividade do processo.
diante da necessidade da retomada da intervenção do
- natureza dos direitos metaindividuais:
Estado para garantir direitos mínimos de ordem econômica
e social. Os próprios constitucionalistas costumam chamar - a summa divisio do direito se dá entre direito público e
essa geração da era das liberdades positivas – surge nesse direito privado. Os interesses metaindividuais pertenceriam
fase o direito à saúde, saneamento básico, direitos ao ramo do direito público ou ao ramo do direito privado?
trabalhistas (ainda que de forma tímida); Não há dúvida de que os direitos metaindividuais tem uma
carga muito grande de interesse social, o que levaria a
3ª Geração: direitos da coletividade -> passaram a serem
conclusão de que ele se aproxima mais do direito público,
observados no século XX e seguinte. Começou-se a observar
mas a questão é que ele não necessariamente envolve o
que a humanidade não se basta em um único indivíduo,
poder público. Depois de muito se debater, a doutrina
sendo necessário fazer com que o indivíduo exerça um
chegou a uma primeira conclusão, a de que não há como
direito respeitando os demais. A principal mola
classificar os interesses metaindividuais em públicos ou
impulsionadora da primeira análise de direito coletivo no
privados, assim, a classificação correta seria na verdade de
direito mundial foram os sindicatos (é o sindicato o gérmen
direito público, direito privado e direitos metaindividuais.
do Direito Coletivo no mundo). É nessa época que começa a
se observar os direitos das categorias profissionais, ao meio - segundo alguns doutrinadores (ex.: Mancuso), a divisão
ambiente, ao patrimônio público. Esses direitos são em direito público e direito privado está superada, devendo
exercitados pelo corpo da coletividade, e não por um os direitos ser divididos entre individual e metaindividual;
sujeito individualmente.
4ª Geração: direitos da globalização/informática -> paz
- classificação do processo coletivo:
mundial, livre comércio, etc.
- quanto aos sujeitos:
Obs.: os direitos da coletividade nascem com espelho na
“fraternidade”, famoso leva da Revolução Francesa; a) processo coletivo ativo -> a titularidade da ação é da
coletividade (praticamente todas as ações coletivas são
ativas);
- análise do direito coletivo dentro das fases
b) processo coletivo passivo -> refere-se ao caso em que a
metodológicas do Direito Processual Civil:
coletividade é ré. Cândido Rangel Dinamarco sustenta que
- sincretismo ou civilismo (predominou no direito romano não existe ação coletiva passiva, uma vez que não há
até 1.686) -> havia uma confusão entre direito e o processo, nenhuma lei prevendo ação coletiva passiva. Ada Pellegrini
onde dizia que o processo era um apêndice do direito
material. Só haveria ação se a tutela jurisdicional fosse 30
Nesse época que nasce defensoria pública, justiça gratuita.
prestada em favor do demandante, ou seja, se o 31Deve se promover a representação em juízo dos direitos
provimento jurisdicional pleiteado fosse julgado metaindividuais. Garth e Capelletti perceberam a necessidade de
procedente; tutelar duas situações: direitos de titularidade indeterminada +
direitos economicamente não tuteláveis do ponto de vista
- autonomismo ou fase autonomista (teve início em 1.868)
individual – o processo coletivo nasce em virtude da inadequação
-> surgida com Oskar Von Bülow29. Bulow consigou
do direito processual civil individual para tutela dessas situações.
visualizar que a relação jurídica material é uma coisa e a No processo coletivo, deixa-se de aplicar muitos institutos típicos
relação jurídica processual é outro, assim, exercer o direito do CPC. Resta ainda observar que o processo coletivo não disputa
de ação é um exercício diferente do que o próprio exercício espaço com o processo individual – o sistema prevê a tutela
do direito processual; coletiva sem previsão de impedimento para se ajuizar processo
individual. O processo individual tem um fim egoístico, já o
- instrumentalismo: (tem início em 1.950) -> esse início se processo coletivo tem um fim altruístico. No Brasil, o processo
deve a obra do americano Garth e do italiano Cappelleti, na coletivo surge com a ação popular, só que, se consolida com a
obra “Acesso à justiça”, que sustentam que deve haver o criação da ação civil pública (lei 7.347/85), sendo a CRFB, CDC e o
resgate dos verdadeiros fins do processo, reaproximando o ECA alguns avanços. A lei 9.494/97 criou o art. 16, caput, na lei de
processo do direito material, pois somente assim o ação civil pública, limitando os limites dos efeitos da sentença à
processo se torna um meio de acesso à justiça. Para extensão territorial do juízo. Houve uma tentativa de se elaborar
sustentar esse movimento novo que eles designaram eles um CDPC (Código Brasileiro de Processos Coletivos), que teve um
dizem que o ordenamento jurídico deveria aplicar três projeto da USP (coordenado pela Ada Pelegrini) e outro da
UNERJ+UNESA (coordenado pelo juiz federal Aloísio Mendes),
buscando afastar o CPC, mas a aprovação de tal código foi inviável.
Por isso, em 2.008, o Ministério da Justiça nomeou uma comissão
de juristas para dar um destino ao processo coletivo brasileiro
(composta, entre outros, pela Ada Pelegrini, Aloísio Mendes, etc.),
sendo apresentada uma proposta pela comissão em fazer da Lei
de Ação Civil Pública um lei geral para o processo coletivo e já foi
29 Lê-se “Bílov”. encaminhado para o legislativo (Projeto de Lei 5.139/09)
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Grinover sustenta que existe processo coletivo passivo ele desistir da execução. Aqui, sempre deve haver a
simplesmente sob um argumento natural, no sentido de execução, não usando-se o termo “mitigada”;
que apesar de não haver previsão expressa na lei, a sua
c) interesse jurisdicional no conhecimento do mérito: esse
existência decorre do próprio sistema. Gajardoni concorda
princípio não tem previsão legal e é meramente
com a Ada Pellegrini, mas admite que a ação coletiva
interpretativo. Esse princípio, basicamente estabelece que a
passiva tem um grande problema em definir quem
aplicação do artigo 267 do CPC deve ser sempre evitada, ou
representa a coletividade passiva;
seja, deve-se literalmente evitar a extinção do processo sem
julgamento do mérito;
- quanto ao objeto: d) princípio da prioridade na tramitação: esse também é
um princípio sem previsão legal expressa. O processo
a) especial -> são as ações de controle abstrato de
coletivo deve ser julgado mais rápido principalmente
constitucionalidade: ADI´s, ADPF´s, ADC´s. Tais ações,
porque ele atinge um número maior de pessoas;
inegavelmente são coletivas, uma vez que seus efeitos
atingem todo mundo – embora o estudo seja feito no e) princípio do máximo benefício da tutela jurisdicional
campo do processo constitucional; coletiva: esse princípio encontra previsão no artigo 103, §3º
e 4º do CDC. Assim, o sistema estabeleceu que a tutela
b) comum -> são todas as ações para tutela dos interesses
jurisdicional coletiva faz que a coisa julgada coletiva só
metaindividuais que não se relacionam ao controle de
beneficia o indivíduo, nunca o prejudica. A doutrina fala em
constitucionalidade. Podemos citar as ações coletivas
transporte in utilibus da coisa julgada coletiva, ou seja, a
comuns: Ação Civil Pública + Ação Coletiva (existem alguns
possibilidade da coisa julgada ser trazida em favor da parte;
autores que chamam de ação coletiva a ação civil pública
fundada no código de defesa do consumidor, já outros f) princípio da máxima efetividade do processo coletivo ou
autores, falam e ação civil pública para tudo – essa briga do ativismo judicial: esse princípio também não tem
não tem repercussão prática) + Ação de Improbidade previsão legal expressa, também é decorrente do sistema,
Administrativa + Ação Popular + Mandado de Segurança mas foi copiado do modelo americano, no que eles definem
Coletivo; como “difining function”, já que no âmbito do processo
coletivo, o juiz tem funções extraordinárias, que superam os
limites daquilo que existe no processo individual: poderes
- Principais princípios de direito processual coletivo instrutórios mais acentuados + flexibilização
comum: procedimental32 + desvinculação do pedido ou causa de
pedir33 + controle das políticas públicas34;
- há autores que chegam a falar em 40 princípios, mas o
nobre professor citará apenas os princípios mais g) princípio da máxima amplitude ou da atipicidade ou
importantes. Obviamente, os princípios constitucionais do não-taxatividade do processo coletivo: previsto no artigo
processo também se aplicam ao processo coletivo; 83 do CDC, traz a regra de que não há somente ação civil
pública e ação popular para tutelar interesses coletivos,
a) princípio da indisponibilidade mitigada da ação coletiva:
podendo haver, por exemplo, uma ação monitória coletiva,
previsto no artigo 9º da lei 4.717 (lei de ação popular) e no
uma ação de reintegração de posse coletiva: assim, chega-
artigo 5º, §3º da lei 7.437/85 (lei da ação civil pública),
se à regra de qualquer ação pode ser coletivizada.
estabelecendo que o autor da ação coletiva não pode
simplesmente desistir da ação, mas se desistir, não haverá h) princípio da ampla divulgação da demanda: há previsão
extinção, mas sim, sucessão processual. Em caso que haja desse princípio no artigo 94 do CDC, foi copiado do sistema
desistência, a princípio, o Ministério Público assume. Em norte americano, sendo chamado por lá de “fair notice”.
caso em que o Ministério Público também não continue, Tendo em vista que uma ação coletiva pode interessar aos
deve o juiz insistir para que ele continue, e caso, mesmo particulares, ela deve ser divulgada da forma mais ampla
assim, o Ministério Público desista, deve o juiz intimar possível (na prática, usa-se o edital);
outros interessados para continuar no feito. O que não é
i) princípio da integratividade do micro-sistema processual
possível é a desistência injustificada, mas é totalmente
coletivo: há mais de 15 diplomas normativos regulando a
possível a desistência com a conseqüente extinção do feito,
ação coletiva no Brasil, formando, na verdade, um micro-
no caso de desistência justificada;
sistema: entre a lei de ação civil pública e o CDC há uma
b) princípio da indisponibilidade da execução coletiva: reciprocidade por meio de normas de envio, uma vez que o
prevista no artigo 15 da lei de ação civil pública e artigo 16
da ação popular, traz a regra de que uma vez obtida a
32
condenação do réu, é obrigatória a execução da sentença, Busca adequar o instrumento ao direito material em debate:
caso não haja o cumprimento da decisão. Caso ninguém ampliando prazos.
33 Em outros termos, significa dizer que, o juiz, nesse poder, pode
execute, o Ministério Público deverá executar. Esse
princípio busca evitar a corrupção, ou seja, evitar que o permitir a alteração dos elementos da demanda após os
saneamento do processo
“sujeito passivo” da ação ofereça direito ao legitimado para 34 O judiciário, perante o processo coletivo, pode intervir nas
políticas públicas.
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artigo 90 do CDC traz a regra de que aplica-se a ele tudo o - direitos ou interesses38 meta/trans ou paraindividuais39:
que está previsto na lei de ação civil pública (lei 7.347/85),
a) naturalmente coletivos -> o seu principal traço
já no artigo 21 dessa lei há a regra de que aplica-se a ela
característico é a indivisibilidade do objeto. A lesão a um
tudo o que está previsto no CDC (lei 8.078/90); como se isso
atinge à todos, logo a decisão deve ser uniforme para todos
não bastasse, há previsão da tutela coletiva em leis que
os prejudicados.
orbitam perante esses diplomas normativos, como por
exemplo, o ECA, o Estatuto do Idoso, Lei de Improbidade a.1) difusos;
Administrativa, Lei de Ação Popular, Estatuto da Cidade, Lei
a.2) coletivos em sentido restrito;
dos Deficientes – assim, o legislador disse que além da
aplicação dos diplomas genéricos-centrais (CDC e Lei da b) acidentalmente coletivos -> o seu traço característico é a
Ação Civil Pública), poderá haver aplicação dos diplomas divisibilidade do objeto, logo alguns podem ser beneficiados
específicos em relação à matéria discutida. Esse é um e outros prejudicados;
sistema aberto, porque além de se comunicar com os
b.1) individuais homogêneos;
sistema centrais, as normas específicas se comunicam entre
si. Exemplo: a Lei de Ação Popular prevê um sistema de - características do direito ou interesses difusos40:
reexame necessário em favor da sociedade (em favor do
a) sujeitos indeterminados e indetermináveis ->
autor da ação), aplicando-se na ação civil pública o modelo
de reexame necessário da ação popular. O CPC não compõe b) unidos entre si por circunstâncias de fato
o micro-sistema processual coletivo, portanto sua extremamente mutáveis ->
aplicação não é integrativa, mas simplesmente subsidiária;
c) alta conflituosidade interna ->
- princípio da adequada representação ou do controle
d) duração efêmera (passageira) ->
judicial da legitimação coletiva 35: diversamente da corrente
do “class action” do direito americano, no Brasil, o e) alta abstração ->
legislador presumiu que o legitimado para a propositura das
ações coletivas (art. 5º da LACP), representam
adequadamente os interesses metaindividuais em debate. A - características do direito ou interesses naturalmente
grande discussão, entretanto, que há na doutrina brasileira coletivos41:
é, se além do controle legislativo do tema, também há a) sujeitos indeterminados, mas determináveis por grupo -
controle judicial sobre a representação adequada, de modo > consegue-se identificar o grupo;
a permitir ao juiz de modo a permitir o reconhecimento da
ilegitimidade com base na falta da representação. Uma b) unidos por circunstâncias jurídicas -> a existência de
primeira corrente (Nelson Néry) diz que no Brasil, salvo para relação jurídica base entre os titulares ou com a parte
as associações36, não é possível controle judicial, uma vez contrária;
que o controle da representação adequada é ope legis. Uma c) baixa conflituosidade interna ->
segunda posição (Ada Pellegrini Grinover), sustenta que,
sem prejuízo do controle legislativo, também é possível o d) menor abstração ->
controle judicial da representação de todos os legitimados, - características do direito ou interesses acidentalmente
assim, o controle da representação além de ser ope legis, coletivos42:
também é ope judicis – para quem segue essa segunda
corrente, deve-se saber o critério para o controle, que São na verdade interesses individuais, sendo os individuais
segundo eles seria a finalidade institucional e pertinência homogêneos. O bem jurídico tutelado é divisível, assim,
temática do autor (resta evidenciar, que na dúvida deve-se alguns podem ser beneficiados e outros podem ser
considerar a representação como válida) 37; prejudicados. O direito fica homogeneizado na sociedade
“publicidade enganosa”.
35 Esse princípio é de alta importância, talvez o mais importante da 41 Exemplos típicos: questões relacionadas a consórcio para evitar
pelo excessivo número de titulares. É o que os americanos - a coisa julgada coletiva, em todos os interesses
chamam de “class action for damages”; metaindividuais, nunca prejudica as pretensões individuais,
somente as beneficia (princípio do máximo benefício da
*fundamentos para a tutela coletiva dos interesses
tutela jurisdicional coletiva, que autoriza o transporte in
individuais*
utilibus da coisa julgada coletiva) – art. 103, §1º, §2º e §3º
-> primeiramente, trata-se de uma razão de política do CDC. Existe uma exceção à essa regra, prevista no artigo
legislativa. Um dos motivos que a lei adotou o tratamento 94 do CDC, que de acordo com o professor Hugo Nigro
coletivo aos direitos individuais é: Mazzilli, aplique tanto nos interesses coletivos quanto nos
individuais homogêneos;
- a moleculalização dos conflitos;
- para que o autor da ação individual já proposta se
- celeridade processual;
beneficie da coisa julgada coletiva (coletivas e individuais)
- redução de custos (esse custo refere-se à prestação da deve requerer a suspensão da sua ação individual em 30
atividade jurisdicional); dias a contar da ciência da existência da ação coletiva. Caso
não haja suspensão da ação individual, portanto, não
- evita decisões contraditórias;
efetuado o requerimento no prazo legal, a coisa julgada
- amplia o acesso à justiça; coletiva não beneficiará o autor da ação individual;
a) sujeitos indeterminados, mas determináveis -> - a suspensão da ação individual seria uma faculdade
ou seria obrigatória? A regra do artigo 104 do CDC é
b) a pretensão dos sujeitos tem origem comum ->
bastante clara no sentido de que a suspensão da ação
d) natureza individual -> os direitos individuais individual trata-se de faculdade da parte, de modo que ela
homogêneos são individuais e podem ser tutelado pode optar por prosseguir na ação individual. Entretanto, o
individualmente; STJ, em 28/10/2.009, no julgamento do REsp. 1.110.549/RS
decidiu que, “ajuizada a ação coletiva atinente a macro-lide
geradora de processos multitundinários, suspendem
- observações importantes: obrigatoriamente as ações individuais, no aguardo do
- segundo Nelson Néry Júnior, não é possível, a não ser no julgamento da ação coletiva”, o que de qualquer forma não
caso concreto e conforme a alegação do autor, se definir impede o ajuizamento da ação individual. O STJ assim
qual o interesse objeto da ação coletiva; decidiu através de aplicação analógica do artigo 543-C do
CPC;
- vários autores têm extrema dificuldade na diferenciação
prática entre os interesses metaindividuais (ex.: Cândido - improcedente a coletiva (que trata dos direitos
Rangel Dinamarco), especialmente entre os coletivos e os individuais e dos coletivos), a ação individual suspensa tem
prosseguimento. Procedente a coletiva, há transporte in
individuais homogêneos;
utilibus da coisa julgada coletiva, havendo perda
superveniente de interesse processual por parte da ação
- Coisa julgada coletiva: individual, mas na prática parece melhor converter a ação
individual em execução do que extingui-la;
- coisa julgada: é uma qualidade dos efeitos da sentença, ou
seja, a imutabilidade (segundo Henrico Tulio Liebman). A - caso a ação individual já tenha sido julgada
coisa julgada tem limite objetivos e limites subjetivos. No improcedente com trânsito em julgado e depois adveio uma
processo individual, a coisa julgada pega o dispositivo (é o ação coletiva procedente: segundo a professora Ada
limite objetivo da coisa julgada). Ainda há o limite subjetivo Pellegrini Grinover, não se aplica a coisa julgada coletiva
da coisa julgada, sendo os limites as partes, portanto, nesse caso, uma vez que o ordenamento jurídico prefere a
somente que está no processo é pego pela decisão. Nos coisa julgada individual; o professor Hugo Nigro Mazzilli
direitos coletivos a visão é totalmente diferente, devendo entende que nesse caso aproveita sim a ação coletiva, uma
haver bastante atenção; vez que não houver possibilidade de suspensão da ação
individual, e além de tudo, com base na igualdade;
- os limites objetivos da coisa julgada no processo coletivo
são idênticos aos limites objetivos da coisa julgada no - no processos difusos e coletivos a improcedência
processo individual, ou seja, o dispositivo; por falta de prova sempre permitem a repropositura da
ação coletiva. O próprio autor da ação primitiva pode
- os limites subjetivos no processo coletivo merecem propor a ação novamente, indicando em preliminar de
atenção maior, uma vez que é totalmente distinto do alegação na petição inicial quais são as provas novas e isto
processo individual (diferente do artigo 472 do CPC, no não precisa constar da primitiva sentença eis que a
processo coletivo os efeitos da coisa julgada passam a ser possibilidade de repropositura decorre da lei;
previstos no artigo 103 e 104 do CDC, art. 16 da lei de ação
civil pública – lei 7.347/85 – e art. 18 da lei de ação popular - na ação coletiva para tutela dos direitos individuais
– lei 4.717/65); homogêneos, a improcedência por qualquer fundamento
impede a repropositura de outra ação coletiva. Há
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precedentes na Justiça do Trabalho indicando que as ações a segunda posição na doutrina, e também parece
ajuizadas por sindicato julgadas improcedentes obstariam prevalecer na jurisprudência);
as pretensões individuais dos associados (sindicalizados);
- identidade parcial -> a identidade parcial leva à
- o artigo 103, §4º do CDC indica a possibilidade da reunião para julgamento conjunto;
utilização da sentença penal condenatória nos mesmos
moldes da sentença coletiva. A execução dessa sentença
penal condenatória somente pode ocorrer contra o - critério para definição da prevenção:
condenado, não podendo atingir terceiros. A sentença
- existem três regras, e devemos ver qual se aplica:
absolutória no crime, como regra, não veda a propositura
da ação coletiva e nem mesmo a o exercício da pretensão a) o artigo 106 do CPC diz que a prevenção se dá
individual; pelo primeiro despacho positivo;
- no âmbito coletivo também se fala sobre a b) o artigo 219 do CPC diz que a prevenção se dá
relativização da coisa julgada, aplicando-se o regime pela citação;
referente à coisa julgada individual à coisa julgada coletiva;
c) o artigo 2º da Lei de Ação Civil Pública e o artigo 5º
- todas essas regras acima mencionadas não são da Lei de Ação Popular, a prevenção se dá na propositura
aplicáveis ao mandado de segurança coletivo, que tem (ou distribuição, conforme o CPC);
regime próprio que será estudado em momento adequado;
- a doutrina é pacífica em admitir a terceira
- Relação entre demandas: orientação. Porém, há decisões no STJ (decisões antigas)
que adotam a primeira e a segunda orientação;
- demanda individual VS demanda individual:
- identidade de elementos:
- Competência nas ações coletivas44:
- identidade total de processo que acabou, há coisa
julgada, e em processo que não acabou, há litispendência -> 1) Critério Funcional Hierárquico:
gera o fim do processo;
- nesse ponto deve ser tratado a sistemática do foro
- identidade parcial pode gerar conexão e por prerrogativa de função. As ações coletivas (logicamente,
continência -> gera a reunião para julgamento conjunto; deixando de fora o mandado de segurança) são todas
julgadas em primeira instância. Portanto, não há foro
privilegiado (rectius, foro por prerrogativa de função) em
- demanda individual VS demanda coletiva: ações coletivas;
- identidade de elementos: - houve uma tentativa para se criar foro por
prerrogativa de função para a ação de improbidade
- identidade total -> é impossível, pelo fato das
administrativa (art. 84 do CPP), mas o STF, no julgamento
partes serem distintas e o pedido necessariamente ser
da ADI 2.797 declarou inconstitucional tal dispositivo com o
diferente (art. 95 do CDC) -> portanto, não haverá
fundamento de que a previsão de foro por prerrogativa de
litispendência nem coisa julgada;
função é matéria que deve ser tratada exclusivamente na
- identidade parcial -> a causa de pedir pode ser Constituição Federal;
idêntica -> a identidade de fundamentos no processo
- de acordo com Hugo Nigro Mazzilli, nas ações
coletivo gera a suspensão do processo individual (que pela
coletivas que envolvem perda de cargo, a competência para
lei é facultativa, e pelo STJ é obrigatória);
julgá-la ainda é de primeiro grau, mas o juiz não poderá
decretá-la se a CRFB/88 prever forma diversa de
desinvstidura;
- demanda coletiva VS demanda coletiva:
- o STF entretanto já julgou de que se caso fosse
- identidade de elementos:
admitida a improbidade administrativa contra ministro do
- identidade total -> é plenamente possível -> STF, somente ele poderá julgar (PET 3.211/DF);
portanto, não haverá litispendência nem coisa julgada.
2) Critério Material:
Quanto à consequência, surge divergências: Tereza Arruda
Alvim Wambier sustenta que é caso de extinção, sendo - Justiça Eleitoral:
facultado ao autor da extinta ingressar como litisconsorte
- em princípio, é cabível tal espécie de ação perante
na ação sobejante; em uma segunda posição, a professora
a justiça eleitoral, embora não parece ter ainda existido
Ada Pellegrini Grinover diz que, sendo possível, as ações
nenhuma na prática;
deverão ser reunidas para julgamento conjunto 43 (prevalece
- Justiça do Trabalho: que para resolver essa crítica, ou seja, esse problema, usa-
se as regras de prevenção. Porém, é uniforme na doutrina
- é muito comum a ação civil pública na área
de que a regra de competência trata-se de regra de
trabalhista, inclusive para decidir em relação ao meio
competência absoluta (competência territorial funcional);
ambiente no trabalho. A súmula 736 do STF diz que caso se
discute questões relacionadas a saúde, segurança e higiene - uma segunda corrente entende que (Hugo Nigro
dos trabalhadores, a ação deve ser proposta perante a Mazilli adota essa posição):
Justiça do Trabalho;
- em caso de interesses difusos e coletivos, aplica-se
- Justiça Federal: a regra da Lei da Ação Civil Pública (local do dano) – a
violação dessa regra gera um vício absoluto;
- o que distingue a competência da justiça comum
federal da justiça comum estadual é o critério do interesse - porém, em se tratando de direitos individuais
(assim, embora a doutrina costume dizer que esse critério é homogêneos, aplica-se o artigo 93 do CDC – a violação
inseguro, Gajardoni considera tal critério muito seguro); dessa regra gera um vício relativo;
- a súmula 150 do STJ diz que quem define se há ou 5) Lei da ação civil pública (art. 16 da LACP):
não interesse do órgão federal é a própria justiça federal;
- aqui será analisado o artigo 16 da LACP e o artigo
- de acordo com o artigo 3º, “I” da lei 10.259/01, não 2º-A da lei 9.494/97;
cabe nenhuma ação coletiva no âmbito dos juizados
- em se tratando de processo coletivo, a decisão só
especiais;
vale no território em que o magistrado tem competência.
- Justiça Estadual: Essa regra tem por finalidade reduzir o alcance do processo
coletivo;
- o que distingue a competência da justiça comum
federal da justiça comum estadual é o critério do interesse - a doutrina de modo uniforme aponta que esse
(assim, embora a doutrina costume dizer que esse critério é dispositivo é inconstitucional e ineficaz: a
inseguro, Gajardoni considera tal critério muito seguro); inconstitucionalidade se dá por violação da
proporcionalidade (que é corolário do devido processo
- a súmula 150 do STJ diz que quem define se há ou
legal); a ineficácia se dá pelo fato de não ter havido
não interesse do órgão federal é a própria justiça federal;
alteração do artigo 93 e 103 do CDC;
3) Critério Valorativo:
- Nelson Néry Jr. disse que nessa regra o legislador
- é utilizado somente no juizado especial, mas de confundiu competência com coisa julgada. A título de
acordo com o artigo 3º, “I” da lei 10.259/01, não cabe exemplo: se em processo individual alguém, em Franca, se
nenhuma ação coletiva no âmbito dos juizados especiais; separar da esposa, quando essa pessoa vai para Ribeirão
Preto ele volta a ser casado (uma vez que aí a decisão não
4) Critério Territorial:
vale) – aplica-se essa mesma regra na ação coletiva e
- é o critério que define o local (onde vai ser ajuizada percebe-se o quanto ela é absurda;
a ação);
- a jurisprudência no âmbito do STJ está consolidada
- há duas posições no âmbito da competência em função de um precedente recente, uma vez que a corte
territorial no processo coletivo especial do STJ no REsp. 399.357/SP de 05 de outubro de
2.009 entendeu que esse dispositivo é constitucional. Os
- uma primeira corrente diz que a todos os
argumentos são de que o legislador não precisa ser
interesses metaindividuais se aplica o artigo 93 do CDC por
totalmente técnico (pode confundir competência com coisa
causa do micro-sistema do processo coletivo (posição
julgada) dentre outros;
dominante):
- porém, o STJ abriu uma brecha (com amparado no
- se o dano for local, a competência será do local do
art. 512 do CPC), no sentido de que se quem julgar o
dano (obs.: cuidado com a revogação da súmula 283 do
processo for o Tribunal de Justiça, a decisão vale para todo
STJ);
o Estado. Assim, se o STJ julgar a matéria, vai valer para o
- se o dano for estadual/regional, a competência será Estado todo. Nota-se que o efeito do TJ Estadual julgar e
da capital do Estado; manter a sentença pode ser prejudicial ao jurisdicionado, o
que gera uma espécie de inibição do direito de recorrer;
- se o dano for nacional, a competência vai ser do
distrito federal ou da capital de qualquer dos Estados
envolvidos;
- Liquidação e execução de sentença coletiva:
- crítica: não há um critério seguro de definição de
- execução e liquidação de sentença dos direitos
dano do que seja um dano local, um dano regional e um
difusos e coletivos:
dano nacional, surgem algumas situações bizarras onde não
se sabe que regra de competência se usa. A doutrina indica a) execução da pretensão coletiva:
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- legitimidade: o artigo 15 da LACP traz o rol, sendo o supostamente devido e executá-lo a bem não mais dos
autor, qualquer outro legitimado ou o Ministério Público; indivíduos, mas sim da coletividade;
- destinatário: a própria LACP, no artigo 13 diz que o - segundo o artigo 100 do CDC “decorrido o prazo de
destinatário da condenação vai ser para um Fundo um ano sem habilitação de interessados em número
específico de reparação de bens lesados. A lei 9.008/95 traz compatível com a gravidade do dano, poderão os
um fundo federal de reparação de bens lesados, e esse legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
fundo serve para a reparação de bens lesados, ou seja, o indenização devida.”
dinheiro vai ser usado para campanhas educativas,
- legitimidade: são legitimados aqueles previstos no
reparação do dano. Tal fundo é gerido pela sociedade civil,
artigo 82 da LACP;
havendo representante desta, do MP e de outros órgãos;
- destinatários: fundo do artigo 13 da LACP;
- competência: juízo da condenação;
- competência: juízo da condenação (art. 98, §2º do
b) execução de pretensão individual:
CDC);
- essa execução é fruto dos artigos 103, §3º do CDC e
- critérios para estimativa do valor devido: o juiz
é representativa daquilo que já foi estudado, ou seja,
deve fixar um valor supondo que esse seria o valor que as
transporte in utilibus da coisa julgada;
vítimas receberiam, devendo observar alguns critérios:
- legitimidade: as vítimas e seus sucessores;
- gravidade do dano;
- nesse caso, não há valor líquido, devendo haver
- número de indivíduos habilitados e indenizados;
uma prévia liquidação da sentença genérica – nesse caso, a
sentença serve tanto para determinar o an debeatur e o - Observações finais:
quantum debeatur. Na verdade portanto, não se trata de
- caso o dano for ao patrimônio público, a
liquidação de sentença (segundo Gajardoni), mas sim de
indenização não será revestida ao fundo, mas sim, ao
habilitação. Cândido Rangel Dinamarco chama essa
patrimônio público;
liquidação da sentença em processo coletivo de liquidação
imprópria; - no concurso entre a indenização de pretensões
coletiva e individuais, prevalecem as pretensões individuais;
- destinatário: vítimas e sucessores;
- competência: quem julga pode ser o juízo do
domicílio do lesado (art. 101, I do CDC) ou o juízo da AÇÕES COLETIVAS
condenação (art. 98, §2º, I do CDC);
Ação civil pública:
- execução e liquidação de sentença dos direitos
- prevista no artigo 1-A, §1º na lei 6.938/81 (que
individuais homogêneos:
inaugurou a matéria);
a) execução da pretensão individual:
- a lei 7.437/85 regulamenta a matéria;
- aplica-se tudo que foi dito da execução da
- o artigo 129, III da CRFB, reforça o instituto;
pretensão individual nos direitos coletivos e difusos;
- atualmente há duas súmulas em vigor sobre a ação
b) execução da pretensão individua coletiva:
civil pública:
- tem previsão no artigo 98 do CDC;
- súmula 643 do STF: o Ministério Público tem
- é a execução das pretensões individuais já legitimidade para promover a ação civil pública no caso de
liquidadas em conjunto: nesse caso quem vai executar é reajuste de mensalidades escolares;
quem é legitimado para propor a ação civil pública (nesse
- súmula 329 do STJ: o Ministério Público tem
caso há uma típica hipótese de representação);
legitimidade para propor ação civil pública em defesa do
- destinatário: vítimas e sucessores; patrimônio público;
- competência: a competência é do juízo da - objeto da ação civil pública:
condenação;
- previsto no art. 1º e 3º e 11 da LACP;
c) execução da pretensão coletiva residual:
- o objeto da ação civil pública é a tutela preventiva
- prevista no artigo 100 do CDC (também chamado (inibitória ou de remoção de ilícito) ou a tutela ressarcitória
de fluid recovery); (material e moral) dos seguintes bens e direitos
metaindividuais:
- é o fenômeno através do qual, não havendo
habilitados em número compatível a extensão dos danos, I - do meio ambiente;
permite aos legitimados coletivos apurar o valor
II - do consumidor;
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III - de valor histórico e cultural; histórico. Agora, em caso de imóvel não tombado, compete
ao autor tal prova;
IV - de qualquer direito metaindividual;
- originariamente, não se previa na lei 7347/85 a
V - da ordem econômica;
tutela de direitos individuais homogêneos, apenas
VI - da ordem urbanística; tutelando os direitos difusos e coletivos. O CDC, em 1.990,
em seu artigo 90, acabou incorporando à lei de ação civil
- tutela preventiva (art. 461 do CPC e art. 84 do CDC)
pública aquilo que no direito chamamos “norma de
-> o que diferencia a tutela inibitória da tutela ressarcitória
encerramento”45. Nos termos do REsp. 706.791 de
é o momento do dano. Querendo evitar o dano, estar-se-á
Pernambuco, julgado pelo STJ em 2.009, diz que o inciso IV
diante de uma tutela inibitória. A tutela preventiva pode se
(“qualquer direito metaindividual”) ainda está em vigor;
dar de duas maneiras:
- vedação de objeto:
- tutela inibitória -> essa tutela se dá antes do ilícito;
- o artigo 1º da LACP teve acrescentado um
- tutela de remoção do ilícito -> essa tutela se dá
parágrafo único que estabelece uma vedação de objeto,
após o ilícito;
quando envolvam:
- essa diferença é feita com maestria por Luiz Guilherme
Marinoni. O nobre professor dá o exemplo da importação de a) tributos;
medicamento proibido em sua obra: usando uma medida para b) contribuições previdenciárias;
impedir a vinda desse remédio para o Brasil, há tutela preventiva
inibitória. Caso a mercadoria já tenha sido importada (o ilícito foi c) FGTS ou outros fundos de natureza institucional
praticado), a medida a ser adotada é a tutela preventiva de cujos beneficiários podem ser individualmente
remoção do ilícito. Depois de ocorrido o dano, surge a tutela determinados;
ressarcitória.
Obs.: jurisprudência pacífica do STJ e do STF
- tutela ressarcitória -> caso o momento da atuação entendem pela constitucionalidade desse dispositivo;
judicial se dá após a ocorrência do dano, não estar-se-ia
diante de uma tutela inibitória, mas sim de uma tutela - legitimidade:
ressarcitória; a) legitimidade ativa:
- Observações - - prevista no artigo 5º da LACP e no artigo 82 do CDC;
- as tutelas são (preventiva e ressarcitória) são - o artigo 5º e o artigo 82 estabelecem uma hipótese
cumuláveis, a depender da situação no caso concreto; de legitimação concorrente e disjuntiva. Legitimação
disjuntiva se dá no caso em que um não necessita de
autorização ou omissão do outro;
- proteção ao meio ambiente através da ação civil
pública: - natureza da legitimação coletiva:
- sobre direito ambiental, ler Luis Paulo Sirvinskas; - Corrente 1: a legitimação é extraordinária. Quando
o alguém entra com uma ação civil pública, sempre o fazem
- segundo o nobre autor, o meio ambiente pode ser em nome próprio na defesa de interesse alheio (nesse
dividido em três grandes grupos: sentido: Hugo Nigro Mazilli). Para ele, não interesse se o
a) ambiente natural -> compõe a fauna e a flora; interesse é difuso, coletivo ou individual homogêneo;
b) ambienta artificial -> espaço urbano (meio - Corrente 2: a legitimação é de natureza própria,
ambiente do trabalho aqui está); portanto, trata-se de “legitimação coletiva”. Essa
legitimação não se encaixaria nos modelos já existentes,
c) ambiente cultural -> patrimônio histórico; sendo uma terceira categoria (nesse sentido: Luiz Manoel
- no termo da súmula 736 do STF, pode ser protegido Gomes Júnior);
o meio ambiente do trabalho por meio de ação civil pública, - Corrente 3: em se tratando de direito difuso e
por compor o ambiente artificial (a competência é da coletivo, há uma legitimação autônoma para condução do
Justiça do Trabalho); processo (nesse ponto, é o mesmo argumento da segunda
- bens de valor histórico e cultural: há uma discussão corrente). Em se tratando de direitos individuais
a ser feita em questão do tombamento. Tombamento é homogêneos, trata-se de legitimação extraordinária (nesse
uma certificação administrativa de que determinado bem sentido: Nelson Nery Júnior seguido da maioria da doutrina
tem valor histórico e cultural. Imóvel não tombado poderia brasileira);
ser protegido pela lei da ação civil pública? A jurisprudência
entende que sim, que é possível. O tombamento apenas
traz uma presunção de valor histórico, assim, em caso de 45
Consiste em dizer, que além de todos os bens já previstos, seria
imóvel tombado, o autor não precisa provar o valor possível a tutela de qualquer outro direito individual, seja difuso,
coletivo ou individual homogêneo.
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- no âmbito da ação civil pública pode ser formado - corrente restritiva: somente os “pobres”,
litisconsórcio entre os co-legitimados (art. 5º, §2º da LACP). realmente necessitados, por não terem condições
Em caso de processo já ajuizado, é possível apenas a financeiras, são amparados pela ação da defensoria pública;
assistência litisconsorcial. É caso típico de litisconsórcio
- corrente ampliativa: essa corrente diz que caso seja
facultativo e unitário;
feita uma análise da LC 80/9446 (Lei Complementar que
- é possível ao juiz a adoção da possibilidade de trata da defensoria Pública), mais precisamente em seu
controle judicial da representação adequada; artigo 4º, verifica-se que a lei prevê que a defensoria
pública possui funções típicas e atípicas. A atividade típica é
- vamos agora analisar os legitimados, seguindo a
de prestar orientação jurídica e defender os necessitados
orientação de que o juiz pode controlar a representação
em qualquer grau de jurisdição (nesse ponto,
adequada:
“necessitados” se referem aos hipossuficientes). Porém, nas
a) Ministério Público: funções atípicas da defensoria pública, ela defende não só o
hipossuficiente econômico, mas também o hipossuficiente
- é possível ao Ministério Público ajuizar a ação civil
jurídico – assim a expressão “necessitados” usada na
pública em dois grandes grupos de temas: interesses sociais
constituição abrange também o hipossuficiente jurídico, ou
+ interesses individuais indisponíveis;
seja, todos aqueles que pela dificuldade fática ou técnica
- exemplo de interesse social: saúde + segurança não possam se defender (ex.: preso rico que não quer
pública + moradia + educação + meio ambiente; constituir advogado);
- exemplo de interesse individual indisponível: - uma segunda discussão sobre a legitimidade da
manutenção da vida + dignidade da pessoa humana; defensoria pública surge com a resposta da seguinte
Obs.: surgem confrontos na jurisprudência nos casos de:
pergunta: “Quais interesses metaindividuais podem ser
loteamentos privados + planos de saúde + tarifas públicas. Porém, tutelados pela defensoria pública?” Há na doutrina três
na dúvida, parece mais prudente admitir a legitimidade, uma vez entendimentos absolutamente discrepantes a respeito do
que a idéia é ampliar a proteção dos direitos metaindividuais; tema:
- a doutrina costuma dizer que para nos interesses - CONAMP47: nenhum interesse metaindividual pode
difusos e coletivos (que se caracterizam pela indivisibilidade ser defendido pela defensoria. Para que a defensoria tenha
do objeto), de acordo com boa parte da doutrina, sempre legitimidade para a ação, a pessoa tem de ser
estaria presente um interesse público, e portanto, de individualizada. Porém, a individualização das pessoas no
acordo com essa parcela da doutrina, toda vez que a ação processo coletivo vai contra a própria essência do processo
versasse sobre direitos difusos e coletivos, o Ministério coletivo. A argumentação do CONAMP é que não se sabe se
Público sempre teria legitimidade. A grande dúvida surgiria o desconhecido é ou não hipossuficiente. Tendo as
nos direitos individuais homogêneos, onde deveria ser feita atribuição, ainda haverá um conflito de atribuições do
uma análise casuística para definir o interesse do Ministério Ministério Público e da defensoria pública (embora esse
Público ou não (de acordo com a finalidade institucional do seja o argumento do MP, não nos parece haver qualquer
MP: interesse social ou individual indisponível); problema em concorrerem os dois órgãos na defesa dos
interesses da sociedade). A defensoria pública vai contra tal
- em qual justiça atua o Ministério Público? Há duas
argumenta, dizendo que o artigo 4º, inciso VII, VIII e XI da LC
posições a respeito do tema:
80/94 subsidiam a ação civil pública proposta por parte da
1ª Corrente: o Ministério Público atua em qualquer defensoria pública;
justiça, ou seja, o Ministério Público de São Paulo pode
- a defensoria pública somente pode propor ação
ajuizar ação civil pública perante a justiça mineira, ou até
civil pública na defesa dos direitos individuais homogêneos.
mesmo na justiça federal ou justiça do trabalho. A atuação
Para os adeptos dessa teoria, a defensoria pública, a título
seria livre, sem restrições de atuação (nesse sentido: Fredie
de exemplo, jamais poderia propor ação civil pública
Didier).
ambiental – talvez essa seja uma posição passível para
2ª Corrente: O STJ tem um único precedente no concurso do Ministério Público;
sentido de que o MPF sempre atuaria na justiça federal, no
- corrente ampliativa: uma terceira corrente, diz que
REsp. 440.002/SE, onde considerou-se que o Ministério
a ação civil pública pode propor qualquer ação civil pública,
Público Federal seria equiparado a um órgão federal, assim
desde que seja para proteger interesse dos necessitados
o processo seria levado a justiça federal quando ele
(seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista
atuasse;
jurídico) – essa parece ser a posição dominante (há um
b) Defensoria Pública: precedente no STJ, REsp. 912.849/RS);
- devido à redação do artigo 134 da CRFB/88, que
fala em “necessitados”, surge duas correntes: 46
Alterada pela LC 132/09.
47
Órgão de representação do Ministério Público. A CONAMP
ajuizou uma ADI contra a lei 11.448/07 questionando a
legitimidade da defensoria pública.
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- havendo parcela de não necessitados na - 2ª posição: posição defendida, entre outros, pelo
coletividade beneficiada pela sentença coletiva, eles professor Mancuso, que manda aplicar o micro-sistema,
também poderão executar a decisão? Há duas posições a usando o artigo 6º da lei de ação popular, dizendo que vai
respeito do tema: ser sujeito passivo todos aqueles que participaram de
qualquer maneira do ato, formando um litisconsórcio
- 1ª posição: condiciona a possibilidade de execução
passivo necessário (também é a posição de Gajardoni);
à prova de necessidade (posição minoritária);
- 2ª posição: pode haver a execução
independentemente da condição econômica (posição Inquérito Civil:
majoritária);
- generalidades:
c+d) Administração direta e administração indireta:
- previsto no artigo 8º, §1º da lei de ação civil
- deve-se se saber qual a finalidade institucional pública, também no artigo 9º e até mesmo no artigo 129, III
desses caras. A legitimidade aqui é tão ampla que, talvez da CRFB/88;
esse grupo de legitimados seja o que possa propor ação civil
- cada MP estadual tem sua lei orgânica
pública em quase todos os temas;
disciplinando o inquérito civil;
- a análise de legitimidade aqui deve ser feita no caso
- a resolução 23 do CNMP, de 17 de setembro de
concreto;
2.007, busca padronizar o procedimento do inquérito civil
- segundo o CDC, órgãos dessas entidades sem no âmbito federal e estadual;
personalidade jurídica também podem propor essa ação na
- o inquérito civil impõe um constante paralelo com
defesa do interesse dos consumidores (ex.: PROCON);
o inquérito policial, uma vez que ambos são procedimentos
e) Associação: investigativos para formação do convencimento do órgão
ministerial – mas deve ficar claro que o inquérito civil serve
- para que tenham legitimidade, são necessárias
para instrução da ação civil e é presidido pelo membro do
duas condições: constituição a mais de um ano48 +
parquet;
pertinência temática49;
- características do inquérito civil:
- artigo 2º-A, parágrafo único da lei 9.494/97 -> nas
ações coletivas propostas a petição inicial deve ser instruída a) procedimento meramente informativo;
com a ata da assembléia associativa que a autorizou,
b) procedimento de natureza administrativa 50;
acompanhada da relação nominal de seus associados – na
verdade tal norma diz que quando se tratar de ação na c) não obrigatório -> estando o promotor convencido
defesa dos interesses individuais homogêneos (e somente e possuindo elementos para subsidiar a denúncia, não há
deles) ajuizado por associação contra o poder público, a necessidade do inquérito;
inicial tem de estar acompanhada de autorização
d) procedimento público -> qualquer pessoa pode
assemblear e lista com nome e endereço dos que serão
ter acesso ao inquérito civil. Há a possibilidade de
beneficiados. Na verdade, tal dispositivo busca inviabilizar o
decretação de sigilo das investigações por analogia ao artigo
ajuizamento da ação civil pública. Esse dispositivo somente
20 do CPP;
deve ser defendido em concurso para AGU e para
procuradoria. Porém, há no Brasil um precedente do STJ e) procedimento inquisitivo -> não possui
(REsp. 805.277/RS) que entendeu pela inaplicabilidade contraditório. Há uma posição isolada, da professora Ada
desse dispositivo; Pelegrini Grinover que diz que o contraditório deve ser
respeitado por se tratar de um procedimento investigativo
acusatório;
b) legitimidade passiva:
f) privativo do Ministério Público;
- 1ª posição: vai ser formada através de um
- fases:
litisconsórcio passivo simples a ser eleito pelo autor do
processo coletivo. Em resumo, o legitimado ativo é quem - instauração do inquérito civil:
decide quem vai ser o legitimado passivo;
- o inquérito civil se instaura por meio de portaria.
Na portaria deve ser indicado o objetivo da investigação
bem como determinar as provas que serão colhidas;
48 A lei (§4º do artigo 5º) autoriza que em casos excepcionais o juiz
- se eventualmente a instauração do inquérito civil
dispense a constituição a mais de um ano: quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do for abusiva, tem se entendido que cabe mandado de
dano, ou pela relevância do bem jurídico protegido. segurança contra o membro do Ministério Público que o
49 Nada mais é do que o que o Estatuto indica como sendo o
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instaurou (o mandado de segurança serve como meio para STF tem um julgamento nesse sentido, dizendo que a LOMP
trancar o inquérito civil). O problema surge em relação a pode excepcionar as demais leis;
quem julga esse mandado de segurança: uma primeira
- 2ª posição: a LC 105/01 somente disciplina o direito
posição diz que quem julga é o tribunal, desde que o
à intimidade, mas a garantia do sigilo fiscal e bancário
promotor goze da mesma prerrogativa de foro que o juiz
decorre do direito à intimidade prevista na CRFB/88, tendo
(devendo olhar na Constituição Estadual). Já uma segunda
status constitucional, assim, o Ministério Público não teria
posição diz que quem julga esse mandado de segurança é o
poder de quebrar o sigilo fiscal e bancário. O STF, no
juiz de primeiro grau por falta de previsão legal expressa na
julgamento de um mandado de segurança (RMS 8.716/GO)
Constituição (Federal ou Estadual);
adotou esse entendimento 51;
- impedimento e suspeição do promotor para
presidência do Inquérito Civil:
- conclusão do inquérito civil:
- a presidência do inquérito civil não pode ser feita
por um promotor impedido ou suspeito; - o promotor tem as seguintes conclusões possíveis:
- nesse caso, aplica-se as regras do artigo 134 e 135 a) ajuizar ação civil pública -> nesse caso, a atribuição
do CPC; deixa de ser administrativa e passa a ser judiciária;
- deve-se reclamar o impedimento ou a suspeição b) arquivamento fundamentado -> o promotor
para o órgão superior do Ministério Público; explicita as razões do seu convencimento no sentido de não
estarem presentes situações que demandem uma
- efeito da instauração na relação de consumo:
intervenção jurisdicional – o arquivamento é fundamentado
- o artigo 26, §2º, III do CDC (que trata de prescrição e em 3 dias é encaminhado para o órgão superior do
e decadência) mostra que o legislador entendeu que Ministério Público (no Ministério Público Estadual chama-se
enquanto o inquérito civil estiver em curso, a decadência Conselho Superior do Ministério Público, no Ministério
fica obstada – portanto, os prazos decadenciais ficam Público Federal chama-se Câmara de Coordenação e
suspensos enquanto pendente o inquérito civil; Revisão). Essa Câmara ou Conselho marcará uma sessão
pública, e até aqui, qualquer interessado pode se
- o artigo 339 do CP trata do crime de denunciação
manifestar: aqui o órgão pode:
caluniosa, e configura denunciação caluniosa dar causa a
instauração de inquérito civil sabendo falsa a imputação - homologar o arquivamento;
criminosa;
- converter o julgamento em diligência (ex.: pelo fato
- instrução do inquérito civil: do promotor ter deixado de ouvir uma testemunha, colhido
alguma prova documental, etc.);
- dentro do inquérito civil, pode-se dizer que o
membro do Ministério Público possui três poderes - rejeitar o arquivamento (nesse caso, deverá haver
instrutórios: nomeação de outro promotor para oferecer a ação civil
pública, respeitando o princípio da independência
a) poder de vistoria e inspeções -> previsto no artigo
funcional);
8º, V da LOMPU (Lei Orgânica do Ministério Público da
União); - Observações -
b) poder de intimação para depoimento sob pena de - o arquivamento do inquérito civil não impede que
condução coercitiva -> mentir aqui configura o crime do qualquer outro legitimado ou até outro órgão do Ministério
Público proponha a ação civil pública;
artigo 342 do CP (embora essa posição não seja pacífica);
- é vedado (tanto quanto o inquérito policial) o
c) poder de requisição de qualquer entidade pública
arquivamento implícito do inquérito civil;
ou privada, física ou jurídica, de documentos, salvo os
protegidos pela Constituição Federal;
- a LOMP (Lei 8.625/93) prevê esses poderes - - Compromisso de Ajustamento de Conduta (CAC ou
TAC):
- observação: é importante notar que são protegidos pela
Constituição os sigilos de dados telefônicos e as correspondências - tecnicamente, há diferença entre o CAC (que é o
– para esses casos é necessária prévia autorização judicial; conteúdo) e o TAC (que é a forma);
- sigilo fiscal e sigilo bancário: - a lei de ação civil pública (lei 7.347/85), no artigo
- 1ª posição: segundo Nélson Nery e Hugo Nigro 5º, §6º;
Mazili a lei que trata do sigilo é a LC 105/01 e a lei que - porém, a previsão legal do CAC/TAC é muito vaga e
permite a quebra do sigilo e requisição dos documentos carente de detalhes. Muitos desses detalhes encontram-se
pelo MP é a LOMP (lei 8.625/93). Assim, esses dois sigilos
decorrem da lei (não da CRFB/88), e não da Constituição, 51
Na prática, os promotores pedem essa autorização judicial para
por isso o Ministério Público poderia quebrar tal sigilo. O não envolverem na discussão.
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na resolução 23 do CNMP, mas legalmente falando, a - em princípio não cabe CAC/TAC em improbidade
matéria carece de regulamentação; administrativa, uma vez que há sanções previstas na lei
8.429/92 que não podem deixar de ser aplicadas. Há porém
- natureza do CAC/TAC:
uma exceção, já que os órgãos do Ministério Público
- muitos autores indicam que o CAC/TAC tem entendem que se o funcionário for do baixo escalão e a
natureza de transação, mas Gajardoni (seguido de boa administração pública já o sancionou, é possível a
parte da doutrina) entende que essa natureza não é a do celebração do CAC/TAC;
CAC/TAC – argumentam os autores que não se pode
- observações:
transacionar um direito que não é seu;
- artigo 2º da lei 8.437/92 -> tal artigo veda a
- para Gajardoni, o CAC/TAC tem natureza de
concessão de liminar inaudita altera pars em ação civil
reconhecimento jurídico do pedido;
pública contra o poder público, sendo necessário audiência
- a maioria dos CAC/TAC´s se referem a obrigações com o representante judicial. Deve-se ouvir portanto a
de fazer ou de não fazer, sendo extremamente raros os procuradoria. O STF, em mais de uma oportunidade, já
CAC/TAC´s sobre obrigação de pagar; pronunciou pela constitucionalidade desse dispositivo, uma
vez que não veda o cabimento da liminar contra o poder
- legitimação do CAC/TAC:
pública, apenas condiciona seu deferimento – porém, o STF
- quem pode propor são os órgãos públicos disse que quando não der tempo de ouvir, pode-se,
legitimados (Ministério Público + Defensoria Pública + excepcionalmente, excepcionar tal regra;
Administração Direta + Administração Indireta) – fica claro
- sucumbência (art. 17 e 18 da lei 7.347/85): se o
que as associações não podem propor o TAC/CAC;
autor for o Ministério Público ou associação somente
- não há controle do Ministério Público no TAC/CAC; pagará sucumbência se for provada que a ação foi ajuizada
de má-fé. Sendo o autor a administração direta, indireta ou
- fiscalização do TAC/CAC:
a defensoria pública, surgem duas posições:
- quem fiscaliza é o órgão que celebrou o TAC/CAC;
- 1ª posição: somente é devida a sucumbência se
- a má celebração ou fiscalização gera improbidade houver má-fé;
administrativa do celebrante sem prejuízo de uma outra
- 2ª posição: é devida a sucumbência
ação civil pública para reparação do dano causado;
independentemente de má-fé;
- eficácia:
- Observação -
- o TAC/CAC tem eficácia de título executivo
- no próprio STJ há as duas posições. Gajardoni
extrajudicial, assim, não cumprido, será instaurado
defende a primeira posição, sob pena de haver um
processo de execução;
desencorajamento de se ajuizar ação civil pública;
- celebração no bojo do inquérito civil:
- sendo o Ministério Público o vencedor, há
- acontece muito o promotor estar investigando e entendimento de que o réu não paga sucumbência (todos
aparece o provável causador do dano, que se compromete os demais legitimados sendo vencedores é devida a
a ajustar a conduta de acordo com o interesse público – sucumbência);
nesse caso, se o órgão superior não homologar o CAC/TAC
- efeito suspensivo da apelação -> previsto no artigo
do promotor, ele não tem validade;
14 da lei de ação civil pública (lei 7.347/85) há uma norma
- assim, conclui-se que os outros órgãos públicos de que na ação civil pública a apelação fica dependendo de
celebram o TAC/CAC com mais liberdade e facilidade do efeito suspensivo a ser ou não concedido pelo magistrado;
que os outros órgãos públicos, uma vez que somente em
- reexame necessário -> previsto no artigo 475 do
relação ao CAC/TAC celebrado pelo Ministério Público há
CPC, e o reexame necessário, como regra geral é a favor do
controle;
poder público (própria regra do artigo 475 do CPC). Na ação
- caso eventualmente houver TAC/CAC após o civil pública, tal regime é diferente, uma vez que a regra
ajuizamento da ação civil pública, o controle somente será geral é que o reexame necessário é a favor do interesse
submetido ao crivo judicial, e não mais ao órgão superior do coletivo – aplicando-se o artigo 19 da lei da ação popular ou
Ministério Público; o artigo 4º, §1º da lei 7.853/89 (nesse sentido: REsp.
1.108.542/SP);
- compromisso preliminar:
- Ação Civil Pública VS Ação Direta de
- é o CAC/TAC celebrado para a solução de apenas
Inconstitucionalidade -> no caso de ação civil pública para
parcela dos fatos ou de pessoas investigadas – haverá
declarar lei inconstitucional, segundo alguns doutrinadores,
ajuizamento ou prosseguimento da ação contra os demais
trata-se de maneira de usurpar, indiretamente, a
fatos oi pessoas;
competência do STF. Enfrentando essa questão, o STF
(seguido do STJ) tem admitido o uso de ação civil pública
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com o fundamento na inconstitucionalidade de ato direito público, ou contra entidade que o Estado subvencione na
normativo. Que fique claro que o pedido na ação civil proporção do dinheiro público aplicado.
pública não pode ser a declaração de inconstitucionalidade, - a moralidade administrativa trata-se de conceito jurídico
mas sim uma providência concreta fundada em uma indeterminado, dada a incapacidade de se dar um conceito preciso
inconstitucionalidade; acerca da moralidade administrativa. Moralidade administrativa
são os padrões éticos e de boa-fé no trato com a coisa pública;
- possibilidade de ajuizamento de ação civil pública
em favor de uma única pessoa -> no próprio STJ há duas - o STJ pacificou o entendimento de que o rol da ação popular é
posições opostas. Uma primeira posição diz que não é taxativo;
possível ação civil pública individual pois a defesa de um
único necessitado é papel da defensoria pública (nesse
sentido: REsp. 620.622/RS). Uma segunda posição do Cabimento da Ação Popular:
próprio STJ diz que é possível se o interesse tutelado for - a ação popular é cabível contra atos ilegais e lesivos
indisponível (nesse sentido: REsp. 819.010/SP) mencionados no artigo 1º da LAP;
- portanto, a ação popular fica condicionada a existência de
AÇÃO POPULAR um binômio: ilegalidade + lesividade;
- a lei 4.717/65 regulamenta a matéria em ordem - não basta a ilegalidade, sendo necessária também que
infraconstitucional; haja a lesividade. Uma vez ausente a lesividade, não há
prejuízo aos bens tutelados pela ação popular;
- súmula 101 do STF -> “O mandado de segurança não
substitui a ação popular”; - o artigo 4º da LAP estabelece algumas hipóteses de
presunção de lesividade. Nesses casos, praticado o ato
- súmula 365 do STF -> “Pessoa jurídica não tem ilegal, ele será considerado lesivo? Sim, a presunção de
legitimidade para propor ação popular”; lesividade é absoluta;
- há autores que sustentam que na defesa do meio
Objeto da ação popular: ambiente e da moralidade administrativa, não há
necessidade de prova da lesividade, que para eles, nesses
- está previsto no artigo 5º, LXIII da CRFB/88 e também no casos, é implícita;
artigo 1º, parágrafos 1º e 2º da lei 4.717/65 (LAP -> Lei de
Ação Popular);
- ação popular serve tanto para a tutela preventiva Legitimidade Ativa:
(inibitória ou de remoção do ilícito) e reparatória dos - a legitimidade ativa da ação popular está no artigo 1º, §3º
seguintes bens e direitos difusos: da lei 4.717/65, devendo esta ação ser manejada por
- patrimônio público; “cidadão”, e o conceito de cidadania para o direito
brasileiro decorre do exercício e gozo dos direitos políticos;
- moralidade administrativa;
- não há mais controvérsia na jurisprudência acerca da
- meio ambiente; possibilidade do maior de 16 anos propor ação popular (é
- patrimônio histórico-cultural; perfeitamente possível que ele proponha a ação popular);
- Observações -
- a ação popular tem o objeto bem menor do que o objeto da ação Legitimidade Passiva:
civil pública, uma vez que a ação popular não serve para proteção
- prevista no artigo 6º da lei, diz que será réu na ação
de todos os direitos metaindividuais, se restringindo a proteger os
direitos difusos; popular todo aquele que tiver participado da prática do ato
ilegal e lesivo ou tiver se beneficiado diretamente dele
- o conceito de patrimônio público para a ação popular é um (somente os beneficiários diretos devem ser atacados);
conceito amplíssimo, o que significa dizer que a proteção do
patrimônio público ocorre contra qualquer pessoa jurídica de - sendo a ação popular para proteção do patrimônio público
ou da moralidade administrativa, necessariamente será réu
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uma pessoa jurídica de direito público. Na proteção do meio improcedência da sentença que está sujeita ao reexame
ambiente e do patrimônio histórico e cultural pode não necessário;
haver pessoa jurídica de direito público como ré;
- efeito suspensivo da apelação:
- previsto no artigo 19, parte final, da lei 4.717/65, volta a
Legitimidade Passiva Ulterior: regra do CPC, no sentido de que o efeito suspensivo é
automático na Ação Popular (diferente da ação civil pública,
- prevista no artigo 7º da lei 4.717/65, permite uma marcha-
onde o juiz escolhe o efeito suspensivo);
ré no processo, integrando-se o legitimado passivo ausente
e posteriormente prosseguindo-se no julgamento; - sucumbência:
Legitimidade VS Pessoa Jurídica Lesada: - prevista no artigo 5º, LXXIII e também no artigo 10, XII e
XIII da lei 4.717/65;
- o artigo 6º, §3º da lei 4.717/65 regula tal situação;
- sendo o autor da ação popular vencido, ele é isento de
- a lei de ação popular permite que a pessoa jurídica de
sucumbência, ressalvada a má-fé;
direito público ou de direito privado demandada, a qual
sofreu o prejuízo, poderá escolher o pólo processual em - sendo os réus vencidos, não há isenção de sucumbência,
que atuará, podendo ainda quedar-se inerte; devendo eles pagarem normalmente tudo o que deve ser
pago (custas + despesas processuais + honorários
Posição do Ministério Público:
advocatícios);
- o artigo 6º, §4º, diz que o Ministério Público atuará como
- prescrição:
“custus legis”, podendo inclusive, no final da ação,
promover a ação de execução da sentença da ação popular - há um dispositivo da lei de ação popular (artigo 31 da lei
(princípio da indisponibilidade da execução coletiva); 4.717/65) que diz que as ações previstas na lei prescreverá
em 5 anos;
- assim, conforme o artigo 16, passado 60 dias sem que
ninguém execute a decisão, o Ministério Público promoverá - tem se entendido com tranquilidade que o termo inicial da
a execução nos 30 dias subsequentes; contagem do prazo é a publicidade do ato ilegal e lesivo;
- o que prescreve é a via popular, não o direito da pretensão
ser exercida por outra via (não se deve esquecer que a
Outras Questões Processuais Relacionadas à Ação Popular:
reparação do patrimônio público e do meio ambiente são
- repostas na ação popular: imprescritíveis);
- o artigo 7º, IV da lei 4.717/65, estabelece como prazo de
resposta na ação popular o prazo de 20 dias, prorrogáveis
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
por mais 20 dias a requerimento do interessado, se
particularmente difícil a produção da prova documental. Generalidades:
Não se aplica nesse caso a prorrogação prevista no artigo
- o mandado de segurança coletivo nada mais é do
188 do CPC para este prazo. Lembrando que esse prazo
que o mandado de segurança individual com variação da
começa a contar da juntada aos autos do último mandado
legitimidade e do objeto;
de citação;
- sentença:
Previsão Legal e Sumular:
- prevista no artigo 7º, VI da LAP (lei 4.717/65);
- previsto no artigo 5º, LXX da CRFB/88 e também na
- tal sentença deve ser prolatada em 15 dias, sob pena de
lei 12.016/09 (antes dessa lei, quem cuidada do mandado
sanção para o juiz (conforme o parágrafo único);
de segurança coletivo era a lei 1.533/51 e micro-sistema);
- necessariamente, toda ação popular deve ter sentença de
- atualmente, os artigos 21 e 22 da lei 12.016/09
natureza desconstitutiva, mas pode ter também natureza
regulamenta a matéria;
condenatória, executiva ou mandamental;
- além do que acima foi dito, pode haver alguma outra
sanção na ação popular? O STJ entende que não há a Legitimidade Ativa:
possibilidade de aplicação de nenhuma sanção política,
a) partido político com representação no Congresso
administrativa ou criminal na ação popular;
Nacional -> desde que o partido tenha representação no
- reexame necessário: Congresso Nacional, podem ajuizar a ação tanto o diretório
municipal, quanto o diretório estadual ou até mesmo o
- segundo o artigo 19, o reexame necessário é ocorrerá
diretório nacional do partido. Quanto ao objeto de defesa
contra o poder público. Assim, é a sentença de
do partido político no âmbito do mandado de segurança
coletivo, surgem duas posições: a primeira posição
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(defendida pela professora Ada Pelegrini Grinover) diz que o homogêneos (Ada Pelegrini Grinover + Lúcia Vale de
partido político pode impetrar mandado de segurança Figueiredo + seguidas da maioria da doutrina);
coletivo sobre todos os assuntos de interesse nacional
- posição restritiva: a nova lei do mandado de
(controle do direito objetivo) e em favor de todos os
segurança, no artigo 21, parágrafo único, adotou tal
brasileiros, já que na verdade não há para os partidos
corrente, deixando de fora os direitos difusos, sendo o
políticos a restrição feita às associações; porém, uma
mandado de segurança coletivo meio hábil para proteger os
segunda posição ficou prevalecendo depois do artigo 21 da
interesses coletivos e individuais homogêneos (a adoção
lei 12.016/09 apareceu, que diz que o mandado de
dessa corrente é muito criticada pela doutrina);
segurança coletivo pode ser interpretado pelo partido
político com representação no Congresso Nacional na
defesa dos seus interesses legítimos relativos a seus
Coisa Julgada no Mandado de Segurança Coletivo:
integrantes ou à finalidade partidária (o legislador restringiu
o alcance de uma garantia constitucional, estabelecendo - no mandado de segurança coletiva a regra própria
que o partido político somente pode impetrar mandado de da coisa julgada, não se aplicando o micros-sistema
segurança coletivo nesses dois assuntos) 52. A jurisprudência processual coletivo;
superior tem entendido ainda que no tocante ao partido
- no mandado de segurança coletivo, segundo o
político, quando se fala em “interesse legítimos de seus
caput do artigo 22 (seja para os coletivos, seja para os
filiados”, deve-se observar o artigo 1º da lei 9.096/95, no
individuais homogêneos), a coisa julgada será ultra partes;
sentido de que os partidos somente podem defender os
direitos humanos; - o mandado de segurança coletivo não induz
litispendência para ação individuais, mas os efeitos da coisa
b) sindicato, entidades de classe e associações
julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se
desde que constituídas ou em funcionamento a pelo
não requerer a desistência de seu mandado de segurança
menos um ano -> o STF entendeu que o sindicato fica fora
individual já ajuizado – o §1º do artigo 22 condiciona a
da constituição ânua (ou seja, necessidade de estar
eficácia da coisa julgada in utilibus à desistência da ação
constituído a mais de um ano), devido a “vírgula” contida
individual. O objetivo do legislador foi fazer com que,
no texto constitucional. A Constituição ânua não pode ser
desacolhido o mandado de segurança coletivo, a parte não
afastada por norma infraconstitucional (não podendo
mais possa impetrar mandado de segurança individual, em
aplicar o artigo 5º, §4º da LACP). A súmula 629 do STF
virtude da ocorrência da decadência do prazo para
afasta expressamente a aplicação do artigo 2º-A da Lei
impetração;
9.494/97. A súmula 630 do STF cabe mandado de segurança
parcial para beneficiar apenas determinado grupo da - o §2º do artigo 22 da nova lei veda a concessão de
categoria. O objeto desse mandado de segurança está medida liminar inaudita altera pars contra o poder público,
pacificado pelo STF (a nova lei do mandado de segurança devendo o representante judicial do órgão que está no pólo
consolidou tal posição), que no julgamento do RE passivo do mandado de segurança ser cientificado do
181.438/SP, consolidou o entendimento de que o objeto do mandado de segurança coletivo no prazo de 72 horas;
mandado de segurança coletivo ajuizado por esses
- no mais, o mandado de segurança individual é
legitimados é o direito dos associados ou sindicalizados,
regido pela aplicação subsidiária das normas do mandado
independentemente de guardar vínculo com os fins
de segurança individual;
próprios da entidade, exigindo-se, entretanto, que o direito
esteja compreendido nos fins institucionais da impetrante. _________________________________________________
Quanto maior os objetivos sociais da impetrante, maior a ___________________________________________________
representatividade;
___________________________________________________
- observação: prevalece na doutrina o entendimento
de que não há outros legitimados além desse grupo ___________________________________________________
(Cândido Rangel Dinamarco; José Rogério Cruz e Tucci), ___________________________________________________
embora exista posicionamento (minoritário) em sentido
___________________________________________________
contrário (Ada Pelegrini Grinover);
___________________________________________________
___________________________________________________
Direitos Metaindividuais Tutelados pelo Mandado
de Segurança Coletivo: ___________________________________________________