Você está na página 1de 43

Índice Pág.

Índice de Mapas, Gráficos, Figuras……………………………..………..………………………..iv


Lista de Siglas e Abreviatura……………………………………..………………………………..v
Dedicatória……………………………………………………………….………………………..vi
Agradecimentos…………………………………………………………….……………………..vii
Declaração de Honra…………………………………………………….………………………..viii
Resumo………………………………………………………………….…………………………ix

0.Introdução.................................................................................................................................................10

0.1. Tema: ...................................................................................................................................................11

0.2. Objecto de estudo..................................................................................................................................11

03. Justificava..............................................................................................................................................11

0.5. Objectivos.............................................................................................................................................13

0.6. Metodologias.........................................................................................................................................14

0.6.2. Técnicas e instrumentos de recolha de dados.....................................................................................15

CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE OIMPACTO DA VARIAÇÃO


TERMOPLVIOMÉTRICA NA AGRICULTURA FAMILIAR..................................................................16

1.1. Clima.....................................................................................................................................................16

1.2. Temperatura..........................................................................................................................................16

1.3. Precipitação...........................................................................................................................................16

1.4. Agricultura............................................................................................................................................16

1.4.1. Agricultura familiar............................................................................................................................17

1.4.1.1. Características da agricultura familiar.............................................................................................17

1.4.1.2. Técnicas da agricultura familiar......................................................................................................18

1.4.1.3. Características da agricultura familiar no Sul do rio Save...............................................................18

1.5. Variabilidade termopluviométrica.........................................................................................................19

1.5.1. Breve historial da variação climática..................................................................................................19

1.5.2. Causas da variação termopluviométrica.............................................................................................20


9

1.5.2. Consequências das variações termopluviométricas............................................................................22

1.5.3. Consequências de variabilidades Pluviométricas na Agricultura Familiar.........................................23

1.6. Alternativas de adaptação face as variações termopluviométricas.........................................................23

CAPÍTULO II: GENERALIDADES FÍSICO-GEOGRÁFICAS E ECONÓMICOS DO POVOADO........25

2.1. Aspectos Físicos Geográfica.................................................................................................................25

2.1.1. Localização Geográfica do Povoado de Rio das Pedras.....................................................................25

2.1.2. Clima..................................................................................................................................................26

2.1.3. Relevo e a vegetação..........................................................................................................................26

2.1.4. Solos...................................................................................................................................................27

2.1.5. Hidrografia.........................................................................................................................................28

2.2.Descrição dos aspectos demográficos....................................................................................................28

2.3. Actividades económicas........................................................................................................................28

Fonte: Autora 2019......................................................................................................................................33

CAPITULO III: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS........................................................................34

3.1. A variação termopluviométrica no povoado de Rio das Pedras.............................................................34

3.2. Anos chuvosos e secos no período 2008-2016......................................................................................37

3.3. Agricultura familiar no povoado de Rio das Pedras..............................................................................38

3.3.1. Culturas básicas produzidas pela população local..............................................................................38

3.3.2. Épocas de sementeira.........................................................................................................................39

3.3.3. Razões da baixa produtividade agrícola no Povoado de Rio das Pedras.............................................41

3.4. Impacto da Variação termopluviométrica na Agricultura familiar........................................................42

3.5. As alternativas de adaptação face a variação termopluviométrica na produção.....................................43

Conclusão.....................................................................................................................................................46

Sugestões.....................................................................................................................................................48

3.Bibliografia...............................................................................................................................................49
10

0.Introdução
O presente trabalho com tema “ o impacto da variação termopluviométrica na agricultura
familiar; caso do povoado de Rio das pedras, 2008-2016”, surge no contexto da conclusão do
curso de Licenciatura em Ensino de Geografia com habilitação em Turismo, na Universidade
Save–Massinga. Nele procura-se avaliar os impactos que a variação pluviométrica traz na
agricultura familiar naquele povoado uma vez que, a população tem como actividade básica
agricultura familiar, e, que esta, depende essencialmente das condições climáticas.

O clima representa desde os primórdios da humanidade um factor de extrema relevância no


desenvolvimento da sociedade, desde a sedentarização até as actividadeseconómicas. Assim,
compreender os mecanismos do clima, associados aos elementos chuva e temperatura, sempre se
caracterizaram como desafios para os cientistas (Geógrafos, Meteorologistas, Naturalistas) e para
as comunidades que adaptaram aspectos empíricos para o reconhecimento de condições climáticas
adversas, visando se adaptar e promover prognósticos climáticos de pequeno, médio e longo
prazo.

Em países em desenvolvimento existe uma grande preocupação sobre os impactos das variações
termopluviométricas na agricultura, por ser actividade mais directamente afectada pelos elementos
climáticos como temperatura, precipitação.

Para a realização desta pesquisa usou-se a seguinte metodologia: método bibliográfico,


observação, cartográfico, assim como as seguintes técnicas: observação directa e sistemática,
técnica de mostragem, inquérito e a entrevista semi-estruturada.

O trabalho apresenta a seguinte estrutura: introdução, tema, objecto de estudo, justificativa,


problematização, objectivos, metodologias, ocapítulo I(revisão bibliográfica acerca da matéria em
estudo), capítulo II (aspectos físicos geográficos e socioeconómicos da área em estudo), capítulo
III (Análise e descunsão de dados), conclusão, sugestões e por fim as referências bibliográficas.
11

0.1. Tema: Oimpacto da variação termopluviométrica na agricultura familiar: caso do povoadode


povoado de Rio das Pedras, 2008-2016.

0.2. Objecto de estudo

Constitui objecto de estudo desta pesquisa, o impacto da variação da temperatura e precipitação e


na agricultura familiar no período em estudo.

03. Justificava

Justifica-se a escolha do tema: Oimpacto da variação termopluviométrica na agricultura familiar:


caso do Povoado de Rio das Pedras, pelo facto de o tema estar inserido na linha de pesquisa do
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, do Departamento das Ciências da Terra e Ambiente,
Curso de Geografia. E por ter aprendido durante a minha formação um despertar sobre as
alternativas de adaptação face as variações termopluviométricas no sector agrícola propostas como
um desafio para as sociedades actuais na agenda 21 na disciplina de Educação Ambiental.

Quanto ao local de estudo, deve-se ao facto de a autora ter vivido no povoado e ter notado que a
variação termopluviométrica contribui para um baixo rendimento agrícola. Neste povoado, a
produção agrícola tende a baixar nos últimos anos.

Tem se como início de estudo o ano de 2008 por ter-se registado neste ano uma precipitação alta
no povoado sendo um dado de referência para o estudo em causa. E o ano 2016 por ser o ano em
que a produção agrícola naquele povoado foi relativamente baixa em relação aos anos passados,
sendo que nenhuma cultura ultrapassou 8 toneladas.1

O tema em estudo reveste de grande importância uma vez que procura identificar alternativas de
adaptação na produção agrícola face a variação termopluviométricas no povoado de Rio das
Pedras que estas podem contribuir para outras as áreas do país que se pratica este tipo de
agricultura.

1
Dados adquiridos nos (SDAE) Serviços distritais das actividades económicas.
12

0.4.Problematização

O impacto da variação termopluviométrica na agricultura é uma questão económica, ambiental e


social para o sector agrícola, relacionada com a identificação de oportunidades e estratégias de
adaptação. E a identificação destas oportunidades e estratégias é da responsabilidade de toda a
sociedade.

“O sector agrário em Moçambique é constituído essencialmente pelo sector familiar, que pratica
uma agricultura de subsistência, a qual depende principalmente das chuvas” (SITOIE, 2005:1). E
esta vem conhecendo nos últimos anos grandes disparidades em termos de produção devido as
variações termopluviométricas.

Facto concreto se vive no povoado de Rio das Pedras, onde, tem-se verificado um decréscimo da
produção agrícola nos últimos anos devido as variações térmicas e pluviométricas nas diferentes
fases do ciclo vegetativo2 na agricultura, o que leva a população a procurar alternativas de
adaptação perante á estas variações para garantir a produção.

Partindo dos pressupostos acima mencionados, surge a seguinte questão:

 Que impactos advêmdas variações termopluviométricas na agricultura familiarno povoado


de Rio das Pedras?

0.5. Objectivos
Geral

 Analisar os impactos da variação termopluviométrica na agricultura familiar no povoado de


Rio das Pedras, 2008-2016.

Específicos

2
Ciclo Vegetativo – período que vai desde a sementeira até à colheita.
13

 Caracterizar os aspectos físico-geográficas do povoado de Rio das Pedras;


 Relacionar a variação termopluviométrica com a produção agrícola no povoado de Rio das
Pedras;
 Explicar o impacto da variação termopluviométrica na agricultura familiar no povoado de Rio
das Pedras;
 Identificar as alternativas de adaptação face a variação termopluviométrica na produção
agrícola no povoado de Rio das Pedras.
14

0.6. Metodologias

Os métodos consistem, de acordo com LAKATOS & MARCONE (2005), numa série de regras com
a finalidade de resolver um determinado problema ou, ainda, explicar um facto por meio de hipóteses
ou teorias que devem ser experimentalmente testadas podendo ser comprovadas ou refutadas. Assim
sendo, neste ponto do trabalho vai se apresentar os métodos, técnicas e instrumento que permitir am a
realização do trabalho.

Para a efectivação deste trabalho, fez se uma pesquisa do campo que visa analisar o impacto da
variação termopluviométrica na agricultura familiar no povoado de Rio das Pedras, usou-se os
seguintes métodos: bibliográfico, método observação, cartográfico, com auxílio das seguintes
técnicas: observaçãodirecta e indirecta, técnica de amostragem, e instrumento como inquérito e
entrevista.

Método Bibliográfico

Este método consistiu na leitura de registos disponíveis de vários autores que abordam sobre o
tema em estudo, onde fez se leitura de artigos, manuais, dissertações, monografias e outros
documentos que versam sobre o assunto. A escolha deste método deveu-se ao facto de possibilitar
o levantamento e analise do que já foi publicado sobre o problema e auxiliou para alcançar todos
objectivos traçados na pesquisa.

Método cartográfico

Este método foi usado na localização astronómica, no enquadramento geográfico do local em


estudo a nível distrital, onde na recolha de dados usou-se instrumentos como: GPS, computador, e
produzir-se o mapa através do mesmo método. A escolha deste método deve-se ao facto de
permitir uma localização exacta do local em estudo no mapa possibilitando assim outras pesquisas.

Método Comparativo
Este método foi usado para comparar os dados actuais da temperatura e precipitação com outros
dados de um estudo feito no mesmo distrito nos anos passados para se chegar a uma conclusão
sobre a variação termopluviométrica.Também foi usado para comparar os dados da produção
agrícola num período de 2008-2016 para perceber o nível da produção agrícola.
15

Observaçãodirecta
Este método permitiu que a autora se desloque até ao local de estudo onde foi capaz de descrever
os aspectos físico-geográficas, sócio-económicos e recolher dados da agricultura familiar, com os
seguintes instrumentos: esferográfica, bloco de notas, e fez-se a extracção de algumas imagens
com máquina fotográfica relacionadas com o tema em estudo que posteriores servirão de figuras
no trabalho.

A escolha desta técnica deveu-se ao facto ser um suporte ao trabalho de campo que permitiu,
observar os tipos de solos, as culturas cultivadas, os sistemas agrícolas predominantes, identificar
as alternativas de adaptação face as variações da termopluviométricas na agricultura familiar no
povoado de Rio das Pedras.

0.6.2. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Entrevista
A entrevista foi útil na execução de inquérito, observação, pois que a pesquisadora e famílias
tiveram uma conversa directa. E foi semi-estruturada direccionada aos responsáveis de família
feita através questões relacionadas com o tema elaboradas pela pesquisadora e registar as respostas
num bloco de notas com esferográfica.

Inquérito
Para aplicação deste, na recolha de dados, a pesquisadora elaborou questões prévias, e justifica-se
a escolha da mesma, pelo facto de ser facilitadora na interacção com as famílias, por não permitir
que a pesquisadora se desvie do objecto de estudo, e por facilitar recolher dados para caracterizar
agricultura familiar e explicar a variação termopluviométrica no povoado.

Amostra
Segundo CENSO (2007), o povoado de Rio das Pedras possui um total de 770 famílias e que
constitui o universo da população em estudo. O tamanho da amostra foi de 116 famílias (15% do
universo) e o tipo de amostragem será aleatório simples.
16

CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE OIMPACTO DA


VARIAÇÃOTERMOPLVIOMÉTRICA NA AGRICULTURA FAMILIAR
O presente capítulo pretende fazer referência bibliográfica da variação termopluviométrica e o seu
impacto na agricultura familiar.

1.1. Clima

Segundo a Organização Meteorológica Mundial – OMM (1994:45) citada por VERGAR, (2012)
diz que: “clima é um estado médio do tempo, calculado normalmente com período de mais de 30
anos de informações”.

Portanto, clima refere-se a média da sucessão dos estados de tempo registados ao longo de muitos
anos.

1.2. Temperatura
Entende-se por temperatura de ar, num dado instante o valor que é indicado por termómetro bem
ventilado ou seja, em equilíbrio térmico subtraídaa influencia dos objectos nas vizinhanças
(CAMBULA 2005).

1.3. Precipitação
Entende-se como precipitação a deposição de água no globo terrestre proveniente da atmosfera.
Ela pode efectuar no estado líquido ou sólido. As formas mais comuns da precipitação são
chuvisco, chuva, granizo, saraiva que resultam de processos termodinâmicos que se verificam nos
sistemas nebulosos (CORDEIRO 1998 apud CAMBULA 2005).

1.4. Agricultura

Segundo LACOSTE, (1981) agricultura é uma actividade económica complexa, orientada no


sentido da produção de bens primários destinados a alimentação e as industrias, obtidos a partir de
plantas e de animais por intermédio de transformações biológicas e tecnológicas.

Segundo OMBE (2007: 8) agricultura é actividade desenvolvida pelo homem tanto no meio rural e
tanto no meio urbano que consiste na exploração do uso racional do solo para a obtenção directa
de produtos vegetais ou, indirecta através da criação de animais, para alimentação ou finalmente
da matéria-prima.
17

1.4.1. Agricultura familiar


Segundo GUILHERME (2003) agricultura familiar é a forma mais elementar de ocupação dos
solos que ainda é praticada em grandes extensões no mundo internacional sobre tudo nas regiões
tropicais, a preparação do campo começa pelo corte das plantas e das árvores cerca de 1m do solo
e no fim da estacão seca é lançado o fogo para a limpeza do campo. As árvores abatidas revolvem
o solo e as cinzas resultantes das queimadas servem de adubo.

Para CARVALHO (2011:) A agricultura familiar caracteriza-se pela posse da propriedade e dos
meios de produção no seio da família e consiste na gestão da produção e investimentos, validada,
primordialmente, por trabalhadores com grau de parentesco a qual pressupõe a distribuição
igualitária da operacionalização da actividade produtiva.

1.4.1.1. Características da agricultura familiar

Segundo SITOE (2005:5), nas zonas rurais de Moçambique, a agricultura familiar é constituída
essencialmente por pequenas explorações, isto é, aquelas que cultivam menores porções, muita das
vezes varia em torno de agregado familiar.
Em Moçambique sendo o sector agrário caracterizado pela agricultura familiar, como principal
meio de sustento, as actividades agrícolas são em grande parte as de sequeiro (SITOE 2005).

Para ANTONIO & REIS (2003) a agricultura familiar desenvolve, em geral, sistemas complexos
de produção, combinando várias culturas, criações animais e transformações primárias, tanto para
o consumo da família como para o mercado sendo que a mesma caracteriza-se por elevada
percentagem de população agrícola; Tarefas agrícolas quase exclusivamente manuais; Produção
para o auto-consumo (de subsistência); Número elevado de terras incultas (agricultura extensiva);
Organização das explorações do tipo familiar ou tribal; Sistemas policultura; Fracos
conhecimentos técnicos por parte dos agricultores.

Segundo MOSCA (1999) apud NEGRÃO (2001), o Sector Familiar é responsável por cerca de
80% do produto nacional, cultivando algodão, caju milho, mapira, mandioca e restantes 20% ao
sector empresarial, com culturas como chá, açúcar, copra, sisal e tabaco.
18

1.4.1.2. Técnicas da agricultura familiar

De acordo com CEMO(2010:18), a agricultura consiste num tipo de actividade desenvolvida pelo
Homem e que o relaciona com a Terra de uma forma metódica e sistemática, tendo como
objectivo a produção de alimentos. Portanto, a agricultura é, uma forma de artificialização do meio
natural e que vai desde a preparação do solo, sementeira, colheita e armazenamento, passando pela
conservação e irrigação das culturas, combate a pragas e a diversos outros tipos de
condicionalismos naturais e ainda as actividades de melhoria das espécies vegetais e animais.
Estas actividades podem ser efectuadas de uma forma mais tradicional, utilizando
predominantemente as seguintes técnicas:

 O trabalho manual e o auxílio da força animal, ou de uma forma mais moderna, com um
elevado grau de mecanização e recorrendo a tecnologias avançadas;
 Uso de técnicas rudimentares (uso da enxada e das queimadas).

1.4.1.3. Características da agricultura familiar no Sul do rio Save

Em Moçambique sendo o sector agrário caracterizado pela agricultura familiar, como principal
meio de sustento, as actividades agrícolas dependem em grande parte da agricultura de sequeiro
(SITOE 2005).

Para ANTONIO & REIS (2003) a agricultura familiar desenvolve, em geral, sistemas complexos
de produção, combinando várias culturas, criações animais e transformações primárias, tanto para
o consumo da família como para o mercado sendo que a mesma caracteriza-se:

 Elevada percentagem de população agrícola;


 Tarefas agrícolas quase exclusivamente manuais;
 Produção para o auto-consumo (de subsistência);
 Número elevado de terras incultas (agricultura extensiva);
 Organização das explorações do tipo familiar ou tribal;
 Sistemas policultura;
 Fracos conhecimentos técnicos por parte dos agricultores.
19

Segundo MOSCA (1999) apud NEGRÃO (2001), o Sector Familiar é responsável por cerca de
80% do produto nacional, cultivando algodão, caju milho, mapira, mandioca e restantes 20% ao
sector empresarial, com culturas como chá, açúcar, copra, sisal e tabaco.

A zona Sul é caracterizada por solos arenosos pobres e por um regime de precipitação irregular e
de baixas quantidades. Estas condições não são favoráveis para agricultura de sequeiro. A
presença de barragens e sistemas de regadio nesta zona potencia a agricultura regada. As
actividades agrárias mais importantes são as florestas e a pecuária; a produção animal geralmente
é afectada por doenças tais como a febre aftosa, a peste suína africana e a Newcastle,
(NEGRÃO2001).

As zonas mais áridas (interior de Gaza, norte e interior de Inhambane) são igualmente mais
propensas e mais vulneráveis às secas extremas, uma vez que a pluviosidade normal destas zonas
já está nos limites mínimos de possibilidades de produção em condições de sequeiro, (NEGRÃO
2001).

1.5. Variabilidade termopluviométrica


Segundo ALVES (2012), o conceito de variabilidade pluviométrica em torno da média normal
climatológica, pode estar inserido numa análise de anos ou épocas menos chuvoso ou mais
chuvoso dentro de um parâmetro de tempo analisado, procurando-se verificar a sua tendência
expressa em aumento ou redução em uma escala habitualmente conhecida. Sendo que,
BARLETTA e MENDONÇA (2006) citados por ALVES (2012), ressaltam que a variabilidade
pluviométrica pode afectar de forma significativa a vida económica e social da população de um
determinado espaço geográfico, sendo que afecta em geral no controle do ciclo hidrológico e
qualidade do meio ambiente.

Em geral pode se dizer que variabilidade pluviométrica é a oscilação do volume da precipitação


que ocorre num determinado espaço geográfico num certo período de tempo analisado.

1.5.1. Breve historial da variação climática

As alterações do clima vêm se manifestando de diversas formas, destacando-se o aquecimento


global, a maior frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, verifica-se nas alterações
dos regimes de chuvas, perturbações nas correntes marinhas, retracção de geleiras e a elevação do
20

nível dos oceanos. Desde a Revolução Industrial a temperatura média do planeta aumentou cerca
de 0,6 graus Célsius (°C) e recentemente o fenómeno tem-se acelerado: as maiores temperaturas
médias anuais do planeta foram registadas nos últimos anos do século XX e nos primeiros anos do
século XXI.

Segundo o relatório da IPCC3 (2010), apud RODOLFO (2012), a década de 1990 foi a mais
quente desde que as primeiras medições, no fim do século XIX foram efectuadas. Este aumento
nas décadas recentes corresponde ao aumento no uso de combustível fóssil durante este período.
Até finais do século XX, o ano de 1998 foi o mais quente desde o início das observações
meteorológicas em 1861, com +0.54ºC acima da média histórica de 1961-90. Já no século XXI, a
temperatura do ar a nível global em 2005 foi de +0.48ºC acima da média, sendo este o segundo
ano mais quente do período observacional.

1.5.2. Causas da variação termopluviométrica

O sistema climático actua dentro de um complexo funcional interagido, composto por elementos
como a superfície da terra, oceanos, e águas camadas de gelo e neve atmosfera e corpos viventes,
(FORTER 2007, apud MACANA 2008).

Segundo STERN (2006: 15), apud MACANA (2008:38):

Esses elementos interagem através de processos naturais como o


balanceamento entre atmosfera, oceanos, efeito de estufa os
processos de evaporação entre outros. Isto com a finalidade de
manter o equilíbrio entre a energia que é recebida com o sol, e,
posteriormente sua libertação no espaço sendo a condição
necessária para conservar a instabilidade do clima. Por exemplo o
efeito de estufa é uma característica natural necessária para manter
a terra aquecida, se não fosse assim a terra seria demasiadamente
fria, dificultando a existência da vida nela.

Porem a problemática surge quando se estimula extremamente esses processos e pressiona-se a um


aquecimento maior ao gerado normalmente. Por tanto qualquer desequilíbrio causado por factores
externos dentro dos processos e componentes que interferem no sistema climático seu
3
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
21

balanceamento de energia deve produzir alterações climáticas as quais podem-se manifestar


através da mudança da temperatura, regime das precipitações, humidade, aumento de eventos
extremos.

Segundo FORTER (2007), apud MACANA (2008), os factores que podem causar o desequilíbrio
da temperatura e precipitação são dominados “ Forçamentos Radiactivos 4 (FR) que representam o
padrão da medida utilizada para comparar o quando modifica um determinado agente, o equilíbrio
entre a energia que entra e sai do planta terra.

Segundo HEGERL (2007), apud MACANA (2008), os factoresRadiactivos podem ser


categorizados segundo as suas fontes como: naturais e antropogénicos.

 Factores naturais

Os factores naturais são produzidos por eventos naturais como erupções de vulcões os quais
imitem grandes quantidades de aerossóis5,variações solares que atinge o topo da atmosfera, a
inclinação do eixo da Terra e sua órbita, por esse motivo, latitudes diferentes possuem
temperaturas médias diferentes.

Durante o passar do tempo, modificações do eixo terrestre e também alguns eventos


meteorológicos ocorridos na superfície do Sol, como as tempestades solares, provocaram
alterações drásticas na temperatura da Terra. Consequentemente, todo o ecossistema foi alterado,
(HARTMANN, 1994 apud ROSSI, 2012).

 Factores antropogénicos

Os FactoresRadiactivos antropogénicos referem-se as mudanças da temperatura e precipitação na


atmosfera devido as actividades Humanas através de emissões dos GEE, CFCs, e aerossóis,
destruição da camada de ozono e mudanças no uso da terra, (HEGERL 2007, apud MACANA
2008).

4
FactoresRadiactivos
5
Aerossol é uma partícula sólida ou líquida suspensa no ar. As partículas mais comuns são sal, areia, cinzas
vulcânicas e gotículas de água ou gelo. Ou gases que reflectem os raios solares de volta para o espaço, provocando
uma diminuição na temperatura da superfície terrestre, configurando um efeito contrário ao Efeito Estufa.
22

Segundo ROSSI (2012), a acção humana está induzindo modificações no clima, uma vez que as
emissões de gases do Efeito Estufa através da queima de combustíveis fósseis, alterações no uso
da terra, agricultura, pecuária.

O principal gás com efeito de estufa6 produzido pelo homem nas suas actividades é o dióxido de
carbono (CO2), que representa 82% das emissões totais de gases com efeito de estufa.

O dióxido de carbono provém principalmente da queima de combustíveis fósseis como o carvão, o


petróleo e o gás natural. Ora estes combustíveis fósseis continuam ainda a ser a fonte de energia
mais utilizada, quer para produzir electricidade e calor, quer para abastecer os automóveis, navios
e aviões.

1.5.2. Consequênciasdas variações termopluviométricas

Segundo IPCC (2007), apud BRITO (2012), as variações termopluviométricas tem consequências
nos seguintes aspectos:

 Chuvas intensas;
 Aumento das ondas calor e frio;
 Má distribuição das chuvas;
 Deslocamento populacional;
 Efeito nas reservas hídricas.

Segundo ECOLATINO7-2 (2007) apud RODOLFO (2012), a variação termopluviométrica tem


consequências diferenciadas em nosso planeta. Produz secas e graves problemas na maior parte
afectando o sector agrícola na produção de alimentos. Por outro lado a intensidade destes eventos
extremos pode provocar um aumento da vulnerabilidade em diversas áreas, como por exemplo,
perdas e ameaça à biodiversidade, expansão de vectores de doenças endémicas, aumento da
frequência e intensidade de enchentes e secas, mudança do regime hidrológico derretimento dos
glaciares.

6
Efeito de estufa – processo pelo qual a energia que é recebida pelo sol e que deve ser reflectida pela Terra e os
oceanos em radiações infravermelhas para ser libertada, é absorvida pela atmosfera de novo irradiada para a terra
causando um aquecimento necessário para o sustento da vida
7
ECOLATINO-2 Relatório do IPCC/ONU na Conferencia internacional Americana sobre o meio ambiente e
responsabilidade social, em Paris 2007.
23

Além disso, a elevação do nível do mar pode vir a afectar regiões costeiras. Estas perspectivas são
particularmente preocupantes para os países em desenvolvimento, que deverão sofrer mais
fortemente os impactos das variações termopluviométricas e poderão comprometer os seus
esforços de combate à pobreza e os demais objectivos do milénio, ECOLATINO-2 2007 apud
RODOLFO 2012).

De acordo com CLÁUDIO (2007), para analisar a variação termopluviométrica de uma região, é
necessário o conhecimento do comportamento da variação climática, desde as suas principais
grandezas físicas como: temperatura, precipitação, entre outros elementos, que se dá através de
levantamento de dados em um período médio de tempo.

1.5.3. Consequências de variabilidades Pluviométricas na Agricultura Familiar

No que diz respeito aos efeitos da variabilidade pluviométrica na agricultura familiar pode se
reflectir de duas formas (positivas e negativas), nos níveis de produtividade agrícola. Segundo
DOS SANTOS (1998:54), seca é a situação de escassez de água com longa duração que abrange
áreas extensas e com repercussões negativas significativas nas actividades socioeconómicas.

CUNHA 1982 citado por DOS SANTOS (1998:55), sublinha que ocorre seca quando se verifica
um défice de água significativo, abrangendo uma área significativa. No entanto, as situações de
seca podem ser caracterizadas a partir de variáveis como precipitação, temperatura, escoamento
superficial, evaporação, nível freático, que determinam a ocorrência ou não deste evento, pois
neste caso reflecte se maior atenção às variações de precipitação, por ser o fulcro da pesquisa.
Devendo se considerar o caso que leva o autor a abordar o tema, visto que a agricultura familiar é
um processo que não resiste a escassez das chuvas, sofre consequências directas do fenómeno.

1.6. Alternativas de adaptação face as variações termopluviométricas

Segundo MUGED (2010), o termo adaptação refere-se às medidas necessárias para adaptar
actividades humanas (agricultura, abastecimento de água, geração de energia, transporte, habitação
entre outras) aos impactos irreversíveis das mudanças climáticas.
24

Segundo MADER (2009), apud VIAGEN (2013), preconiza as estratégias de adaptação na


variação termopluviométricas nas regiões tropicais com irregularidade pluviométricas
caracterizadas por um regime periódicos:
 Produção intensiva de hortícolas e outras culturas anuais;
 Multiplicação de rama de batata-doce e estacas de mandioqueira, mapira, mexoeira como
culturas tolerantes à seca e para a substituição de variedades sensíveis a doença de podridão;
 A utilização e conservação de recursos hídricos através da construção e reabilitação de
sistemas de regadio, represas e fontes de água, bem como a aquisição e montagem do
equipamento de regadio (exemplo, bombas pedestais) visando garantir intervenções
sustentáveis.

Segundo CAMBULA (2005) diz que as alternativas de adaptação face as variações


termopluviométricas nos climas trópicas onde predominam duas estações quente e húmida e seca e
fresca são as seguintes:
 Introduzir o sistema de policultura que permita a recuperação da capacidade produtiva do solo
com material orgânico;
 Diversificar e introduzir culturas mais resistentes a variação dos parâmetros climáticos como
mandioca, feijão, ananás mapira mexoeira, batata-doce gergelim;
 Reforçar o zoneamento agro-ecológico e planeamento de uso de terra através do uso do
material orgânico como adubo e a charrua como instrumento de revolvimento da terra.

Segundo DA SILVA (2013), os efeitos das alterações termopluviométricas na agricultura familiar


podem ser ultrapassadas nos países em via de desenvolvimento com a introdução de campanhas
que visam:
 Construção de diques, reservatórios de açudes tradicionais para reforço do armazenamento;
 Adopção de sistemas de rega mais eficientes;
 Adequar as culturas e variedades às disponibilidades hídricas as variedades da temperatura;
como por exemplo: a produção da mandioca, feijão, mapira, e tubérculos nas margens dos rios;
 Melhorar a capacidade de retenção da água nos solos agrícolas através da adubação orgânica
que proporciona o aumento do teor de matéria orgânica, o uso de charrua para protecção dos
solos contra a erosão e revolvimento dos solos.
25

CAPÍTULO II: GENERALIDADES FÍSICO-GEOGRÁFICAS E ECONÓMICOS DO


POVOADO

Este capítulo mostra a localização da área em estudo, descreve as generalidades físico-geográficos


e socioeconómicas do povoado de Rio das Pedras.

2.1. Aspectos Físicos Geográfica

2.1.1. Localização Geográfica do Povoado de Rio das Pedras


Mapa 1. Enquadramento Geográfico da área de estudo

No mapa, fez-se a localização geográfica do povoado de Rio das Pedras onde encontra-se a Norte
do distrito de Massinga na localidade de Guma.
26

O povoado de Rio das Pedras faz limite com os seguintes povoado:

 A Norte - Povoado de Mapaguele


 A Oeste - povoado de Malembane;
 A Este – com Povoado de Tevele;
 A Sul - com o povoado de Macanjane.

2.1.2. Clima

Segundo DOS MUCHANGOS (1999:35), diz que “Moçambique devido sua localização
geográfica, os tipos de clima são determinados pela localização de baixas pressões equatoriais,
das células anticiclónicas tropicais e das frentes polares do Antárctico”.
No entanto segundo a citação acima percebe-se que o nosso país devido à sua localização na costa
oriental, da África, todo o litoral está sujeita a influência da corrente quente de Moçambique e dos
correspondentes ventos marítimos do quadrante Este.

Segundo DE ALMEIDA (1959), Massinga, como todo o Sul do Save, é caracterizado por um
regime anticiclónico e por depressões das latitudes médias. As estações das zonas temperadas são
mal definidas e o regime pluvial é ciclónico, caindo as chuvas com a passagem das depressões,
tendo no entanto o aspecto de um regime tropical.

Segundo o ATLAS (1986), o povoado do Rio das Pedras por estar localizado no distrito de
Massinga na zona costeira é dominado por clima tropical Húmido com duas estacões quente e
chuvosa e apresenta precipitações médias anuais que variam de 800mm a 1200mm por ano sendo
que a estação longa é a chuvosa que chega atingir 1285mm nos meses de Dezembro, Janeiro e
Fevereiro a Março.
Como bem se sabe que no clima tropical húmido a precipitação é abundante, e a estacão chuvosa é
mais longa que a estacão seca, é um clima propício para a prática da actividade agrícola.

2.1.3. Relevo e a vegetação

Segundo DE ALMEIDA (1959), no posto de Massinga é toda a área é plana ou de relevo ondulado
na zona litoral, não havendo pontos que excedam os 200 m de altitude, pelo que a podemos incluir
na zona altimétrica baixa. Os pontos mais elevados são Quemue, (190 m) e Inhamitule (191 m).
27

O povoado de Rio das Pedras, é caracterizado por planícies e com ocorrência de pequenas elevações do
tipo dunas que variam de 100 a 200 m. O povoado, apresenta uma topografia plana, sem grandes
declividades.

O relevo do povoado de Rio das Pedras, por ser de planícies é apropriado para prática da
actividade agrícola, apesar de existir pequenas áreas com pequenas elevações, as chamadas dunas
que é difícil a prática desta actividade nas suas encostas.

A vegetação predominante neste distrito é do tipo florestas densas dominadas por espécies florestais
para a exploração de combustível lenhoso, fauna bravia e, caracteriza-se por ocorrência de espécies
florestais preciosas como Mecrusse preto, Chanfuta, Sandalo, Chacate mais para o interior do distrito
(ATLAS, 1986).

Rio das Pedras apresenta florestas abertas de miombo caracterizadas por miombo decídua,
vegetação do litoral (brenha costeira e mangal) e miombo seco na região que se encontra afastada
do litoral no sentido Este a Oeste (ATLAS, 1986).

2.1.4. Solos

GOUVEIA (1948), citado por DE ALMEIDA (1959), diz que os solos do Posto sede da
circunscrição de Massinga pertencem a categoria dos solos pedal feéricos, isto é, aos solos das
zonas em que a precipitação é superior a evaporação, dando origem a fenómenos de lavagem.
Dentro dos solos pedal feéricos, os solos do posto-sede de Massinga enquadram-se nos solos da
faixa arenosa costeira e nos vermelhos dos Urrongas.
No povoado de Rio das Pedras podemos encontrar solos pardos, franco-arenosos com cores
alaranjados e cinzentos, brancos acastanhados.

Em geral, o potencial deste tipo de solo para a prática da agricultura é moderado a baixo, com
facilidades para a produção de culturas de milho, amendoim e feijão nhemba. E o rendimento é de
certa forma satisfatório nos primeiros 1-2 anos, logo após a abertura das machambas.
28

Nas regiões baixas o povoado é constituído por solos designados Machongos 8são solos
hidromórficos, cinzentos muito escuros a negros, muito ricos em matéria orgânica, estremecendo
com o andar, de textura variando entre arenosa e argilosa, e com abundância de água que impede a
rápida decomposição da matéria orgânica, (GOUVEIA 1948, citado por DE ALMEIDA, 1959).

2.1.5. Hidrografia

O povoado de Rio das Pedras possui um rio com o mesmo nome de Rio das Pedras, corre no
sentido Oeste a Este.
Segundo ATLAS, (1986), este rio apresenta um regime periódico sendo que chega aumentar o seu
caudal no período chuvoso. E na estação seca e fresca, verifica-se a estiagem.

O rio é de estrema importância para a população deste povoado pois é na base dele que se pratica a
agricultura neste ponto. Dai que verifica a sua relação com agricultura uma vez que no período de
estiagem a pratica de actividade agrícola é muito reduzida, atingindo o seu pico no período
chuvoso.

2.2.Descrição dos aspectos demográficos

A maioria das famílias do povoado é do tipo sociológico alargado, isto é, com um ou mais
parentes para além de filhos e tem em média 5 a 8 membros. Na sua maioria casados após 20 anos
de idade, tem forte crença religiosa Sião/Zione (INE, 2005).

Tem como língua materna dominante xitswa e poucos têm o conhecimento da língua portuguesa,
sendo xitswa a língua de comunicação abrangente para todas as camadas sociais, isto é, em todos
os homens, o que dificulta a familiarização da língua portuguesa culminando deste modo com o
baixo rendimento escolar, assim como a inserção no mercado do trabalho.

2.3. Actividades económicas

 Agricultura

8
Machongos - são solos hidromórficos, cinzentos muito escuros a negros, muito ricos em matéria orgânica
normalmente encontrados nas margens dos rios na região sul de Moçambique.
29

No distrito de Massinga a agricultura é a actividade básica para maior parte da população, é


praticada ainda de forma rudimentar, usando meios de produção artesanais que resultam numa
baixa produtividade levando a resultados muito abaixo do potencial existente.

Para além da actividade agrícola, o comércio, a pesca, exploração florestal, e criação de animais,
como gado caprino, bovino, suíno e avicultura, constituem também como algumas das actividades
importantes para a subsistência da população.

Dos principais produtos obtidos na agricultura destacam-se culturas como milho, mapira,
mexoeira, feijão, amendoim, mandioca, hortícolas, e castanha de caju, coco e ainda um pouco de
cana-de-açúcar, da qual serve também para a preparação de aguardente.

No povoado de Rio das Pedras pratica-se agricultura como a principal actividade de segurança
alimentar, com os principais produtos milho, mapira, feijão, amendoim e nas zonas baixas do rio
das pedras e na baixa de Hanhane produz se hortícolas como couve, arroz, alface, tubérculos como
bata doce e batata-reno.

 Pecuária

Consiste na domesticação, reprodução, apuramento de raças, assistência veterinária, que o homem


necessita para satisfazer as suas necessidades

No povoado, destaca-se mais a produção do gado bovino. Para além desta, existe também a
exploração de gado suíno, caprino e aves principalmente galinhas no sector familiar.

No mesmo, pratica-se pecuária extensiva. Neste tipo de pecuária, os animais são criados soltos em
grandes extensões de terra sem receber grandes cuidados, o que implica uma baixa produtividade
dado ao alto índice de mortalidade dos animais nos primeiros dias de vida.

 Comércio

As fontes de sobrevivência para a maioria das famílias daquele povoado, é o comércio e


agricultura, criação e venda de gado, fabrico e venda de bebidas tradicionais e a venda de madeira
para a construção de casas. É notório também no povoado algumas bancas, onde vendem-se
produtos diversos.
30

2.4.Infra-estruturas

 Habitação

“O tipo de habitação do distrito de Massinga é a palhota, com pavimento de terra batida, tecto de
capim ou colmo e paredes de caniço ou paus” (MAE;2005:11).

Para o caso específico do povoado, as casas construídas são de “makuti” desde as paredes até a
cobertura, no tecto apresentam cimento de argila assim como o chão, portanto, são
consideravelmente encontradas em pequena escala, sendo maioritariamente notáveis casas
edificadas com caniço nas paredes e cobertas com chapas de zinco cimentadas no chão por
cimento industrial segundo as condições de cada família e em segunda instância encontram-se
casas convencionais que possivelmente ocorre em famílias onde o status económico é
efectivamente positivo ou razoável.

Fig. 1:Tipos de habitação predominantes no povoado de Rio das Pedras

Casa de macutie caniço Casa de caniço echapas Casa de chapas Casa de alvenaria

Fonte: Autora, 2019

Transportes e vias de comunicação

No povoado de Rio das pedras, a rede rodoviária é pouco desenvolvida e a possibilidade de uma
grande circulação de carros é um pouco maior.

A rua que une o povoado de rio das pedras dos diferentes pontos do distrito de Massinga é
terciária (Terra batida) que vai em direcção a vila de Massinga com um diâmetro de 3 m. Os meios
31

de transporte semi-colectivos de passageiros usados são os vulgos “caixa aberta” que circulam em
regiões.

No que diz respeito à comunicação, importa referir que o povoado possui algumas antenas de
telefonia móvel. Deste modo, a comunicação por via do telefone celular, é proporcionada por
antenas instaladas no povoado. As operadoras usadas pelos utentes do povoado são: Vodacom,
Movitel e Mcel, dado que os problemas da rede são mínimos nesta zona.

Fig.2:Vias de acesso no povoado de Rio das Pedras

Fonte:autora
(2019)

 Serviços de
saúde

Uma sociedade
sustentável deve
estar em condições de proporcionar aos seus membros as condições necessárias para uma vida
longa e saudável, a qual é desejável e largamente valorizada. A boa saúde é importante para a
prosperidade económica e material das populações porque as pessoas doentes ou com pouca saúde
dificilmente podem se integrar na esfera produtiva e estão dependentes dos que trabalham.

Segundo o líder do povoado, existe um centro de saúde responsável pelos cuidados sanitários
básicos das populações naquele povoado, não sendo necessário a deslocação da população até ao
Hospital de Massinga.

 Abastecimento de água

O povoado de Rio das Pedras, não possui um sistema de abastecimento de água canalizada,
socorrendo-se por apenas de 4 bombas de água e alguns poços tradicionais. Em algumas partes do
povoado, a população percorre enormes distâncias a procura do precioso líquido.
32

Fig.3: Abastecimento de água no povoado

Fonte:a autora (2019)

 Educação

No povoado, existe um estabelecimento de ensino primário do 1º e 2º grau (1ª à 7ª classe), mas


não existe uma escola secundária. Deste modo, os graduados da 7ª classe são obrigados a
continuarem com seus estudos em outros lugares, como Hunguana e particularmente na Vila de
Massinga e em outros povoados que possuem o ensino secundário. A maioria dos graduados da 7ª
classe não dá continuidade aos seus estudos devido a falta de recursos financeiros.

Por via disso, as pessoas não conseguem no futuro um emprego condigno, o que significa
continuar a viver na pobreza devido a falta de formação profissional e a pobreza das suas famílias.

Figura 4:EPC do Rio das pedras


33

Fonte: Autora 2019


34

CAPITULO III: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

No presente capítulo pretende-se fazer análise e discussão dos dados obtidos com a pesquisa
ocorrida no povoado de Rio das Pedras nos meses de Outubro e Novembro com objectivo de
avalisar da variação termopluviométrica e o seu impacto na agricultura familiar. De salientar que
os entrevistados e inqueridos eram de idades que variavam de 18 a 60 anos, faixas etárias ainda
activas no concernente à prática de actividades agrícolas. Os mesmos praticam a agricultura
familiar a mais de 5 anos, o que pode se aferir que as informações por eles fornecidas são
credíveis.

3.1. A variação termopluviométrica no povoado de Rio das Pedras


Fazendo uma análise dos dados adquiridos no povoado de Rio das Pedras, no que tange aos
aspectos físicos geográficos, (vide no anexo), foi possível agrupar dados estatísticos da
precipitação e temperatura, num período de 9 anos 2008-2016 em gráficos termopluviométricos ou
climogramas que mostram a variação da temperatura e precipitação.

Neste caso, foi possível notar que, o povoado apresenta características isoladas, no que diz
respeito aos aspectos climáticos, em específico, os níveis de temperatura média anual e
precipitação média anual como mostra o gráfico1.

Gráfico 1.Variação Media anual da temperatura e Precipitação

Gra f ico d e v a ria ca o m ed ia a n u a l d a T a e Precip it aca o


900 25.5
800 25
700
Temperatura ( T oc)
Precipitacao (Pmm)

24.5
600
500 24
400 23.5
300
23
200
22.5
100
0 22
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Precipitacao Temperatura2
35

Fonte: O autor 2020, adaptado DPMI, 2020.

O gráfico1, representa os níveis da precipitação e temperatura no povoado de Rio das Pedras onde
é possível notar que durante os últimos 9 anos as temperaturas variavam entre 22º C de mínima e
24.9º C, de máxima anual, e no que diz respeito a precipitação verifica-se também uma variação
da mesma que tem oscilado nos 370mm a 850mm.

Segundo GOUVEIA (1948), citado por DE ALMEIDA (1959), Massinga, segundo a classificação
de Koppen, esta englobada no grupo A (clima tropical chuvoso) por a temperatura média de todos
os meses ser superior a 18°C e por a precipitação anual ser superior a 750 mm. Dentro do grupo
A, por se verificar um período seco no Inverno, pertence ao subgrupo w, e assim o clima de
Massinga é do tipo (Aw), que se caracteriza da seguinte maneira:
Tropical chuvoso, savana, inverno seco, temperatura média mensal superior a 18°C, altura
pluviómétrica anual superior a 1000 mm total de chuva no mês mais seco com 400-600 mm.

Fazendo uma comparação do gráfico 1 com variação da temperatura e precipitação de Massinga


nos anos 1934-1955 segundo GOUVEIA (1948), citado por DE ALMEIDA (1959), diz que em
1944 registou-se a maior queda pluviométrica de 1410 mm no período, entre 1934-1955 e a menor
queda pluviométrica foi de 592,5mm, e as temperaturas médias anuais variam entre 15º C de T a
média mínima e 29.1º C de Ta máxima média anual.

Enquanto os dados da temperatura e precipitação do distrito de Massinga e em particular do


povoado de Rio das Pedras, nos últimos anos tende a ter características do clima tropical seco
onde as precipitações médias anuais não ultrapassam os 1000mm e as temperaturas variam de 22º
C de mínima média anual e 24 º C de máxima média anual.

Sendo que nos últimos 9 anos os dados mostram que actualmente verifica-se uma tendência da
fraca pluviosidade e a temperatura tende a subir o que não acontecia nos anos 1955 o que contribui
em grande medida para a fraca produção agrícola.

Nos últimos 9 anos verifica-se que a precipitação máxima mensal que foi registada em todos os
Janeiros tendo um valor de 131.83 mm com mínimas mensais nos meses de Agostos com um valor
de 12.44 mm, tendo registado se em todo período de 9 anos uma PMM9 de 603.0 mm.

9
PMM - Precipitação Media Mensal
36

No que diz respeito a temperatura durante este período 2008-2016 as médias máximas mensais
foram verificadas nos meses de Dezembros com o valor de 25ºC, seguidos pelos meses
Novembros, Marços e Outubros. As temperaturas mínimas mensais foram verificadas em todos os
meses de Julhos com uma média mensal de 18.5º C, seguidos por meses de Agostos, Junhos,
Maios tendo registado em todo período de 2008- 2016 todos meses uma TMM 10 de 23.98oC como
está representado no gráfico 2.

Gráfico. 2. Representação da variação das TMM e PMM no período 2008-2016

Grafico termopluviometrico das Medias Mensais no periodo de 2008 - 2016

140 30

120 25
precipitacao ( Pmm)

Temperatura (T oC)
100
20
80
15
60
10
40

20 5

0 0
J F M A M J J A S O N D

J - D - Meses

Precipitacao Temperatura

Fonte: autora 2020, adaptado DPMI, 2020.

O gráfico 2, representa a variação das TMM e PMM num período de 9 anos, onde verifica-se que
neste período as precipitação máximas mensais foram registadas em todos os Novembros,
Janeiros, Fevereiros, Marços, e as mínimas mensais foram registadas em todos Agostos Setembros
Outubros, e as temperaturas máximas mensais registaram-se em todos meses de Novembros,
Dezembros, Janeiros, Marços tendo as mínimas em todos os Julhos, Junhos, Maios e Setembros.

Segundo, GOUVEIA (1948), citado por DE ALMEIDA (1959), durante todo o período de 1934 -
55 as temperaturas médias mensais da circunscrição de Massinga registaram um valor de 22º C e
as quedas pluviométricas tiveram um valor de 1001.25 mm.
10
TMM- temperaturas Medias Mensais
37

Comparando o comportamento de precipitação e temperatura media mensal de 2008- 2016 com o


que o autor acima retrata no período de 1934-55 pode concluir se que a temperatura subiu em 1º C
nos últimos 9 anos sendo que actualmente é de 23.98º C de TMM, e em relação a PMM no
período 1934-55 registava um valor de 1001.25mm e actualmente no período de 2008-2016
verifica-se um valor de 603.93mm o que mostra um decréscimo da precipitação em um valor de
397.32 mm de PMM.

De acordo VIAGEM (2013:45) “diz que no clima tropical se existir muitos meses com fracas
precipitações, embora alguns destes com muitas precipitações diz se que é um clima tropical
seco.”

Partindo do pensamento do autor acima citado pode-se concluir que a variação da temperatura e
precipitação no gráfico 2., demonstra a existência de duas estações: a estação seca e húmida e nos
últimos 9 anos o clima do povoado de Rio das Pedras apresenta características do clima tropical
seco, uma vez que registou-se maior quantidade de meses com fracas precipitações, de Abril a
Novembro.

3.2. Anos chuvosos e secos no período 2008-2016


No que diz respeito aos anos chuvosos e secos no período 2008-2016 foi possível representar um
gráfico que demonstra um desvio padrão dos anos secos e chuvosos onde para calcular fez-se o
somatório das temperaturas médias anuais e dividiu-se por nove (9) para achar a média mensal que
foi de 283.19 que constituiu o coeficiente do desvio. E o último passo foi de calcular a diferença
entre o coeficiente e a média de cada ano no período em estudo como mostra o gráfico3.

Gráfico.3: Representação do desvio padrão dos anos secos e chuvosos


38

Anos secos e chuvosos


30

25

20

15
Temperaturas

10

0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
-5

-10

-15

-20

Anos secos e chuvosos

Fonte: autora 2020, adaptado DPMI, 2020.

De acordo com o gráfico 3, em todo período de 9 anos, os anos secos foram: 2008, 2009, 2011,
2012, 2013 e 2016 e os chuvosos foram 2010, 2014, 2015, o que demonstra uma variação da
precipitação e que reflecte-se na produção agrícola.

3.3. Agricultura familiar no povoado de Rio das Pedras


Em relação a prática da agricultura familiar no povoado de Rio das Pedras foi possível observar
que, as famílias na prática desta actividade usam técnicas praticamente rudimentares como: a
técnica de derrube das árvores com machado ou catana, o uso da enxada de cabo curto para lavrar
a Terra e posterior queima de capim, a cinza serve de estrume, e em menor escala o uso de charrua
para preparar a Terra para sementeira.

E o sistema agrícola predominante é a policultura sendo que no total das famílias inqueridas a 92%
afirmaram que usam a policultura e os 8% opcionaram na monocultura.

3.3.1. Culturas básicas produzidas pela população local


No que tange a questão que pretendia saber as culturas básicas produzidas pela população local foi
possível esboçar o seguinte cenário: 37% inqueridos afirmaram que praticavam mais a cultura de
mandioca, os outros 35% afirmaram que produzem o amendoim e os restantes 28% dos inqueridos
disseram que o milho constitui a cultura base de sua sobrevivência e que não deve faltar nos seus
39

campos agrícolas. Importa referir que para além destas culturas, existem outras que merecem
destaque como é o caso de feijão, mapira mas sem uma percentagem plausível, dai a não
especificação das mesmas, embora sejam cultivadas na localidade.

Gráfico 4.Culturas básicas que a população de Rio das Pedras produz

35% 37%

Mandioca
Milho
Amendoim

28%

Fonte: Autora, 2020

Observando o gráfico acima, é possível perceber que a maior parte da população opta pelas
culturas de mandioca, sendo que esta aceita em qualquer época e é resistente a seca, isto
explicando-se pela queda irregular da precipitação, que compromete o lançamento das sementes e
o acompanhamento das culturas durante todo o seu ciclo vital.

Dos principais produtos obtidos na agricultura destacam-se culturas como: milho, feijão Nhemba,
amendoim, Mandioca, e na zona baixa produzem também, milho, banana, feijão manteiga, batata-
doce de polpa alaranjada, batata-reno, arroz, pimenta e diversas hortícolas.

3.3.2. Épocas de sementeira


No que diz respeito a épocas das sementeiras, 8% dos inqueridos afirmou sendo os meses de
Outubro, Novembro e Dezembro, 11% afirmou ser os meses de Novembro a Janeiro, 18% afirmou
ser os meses de Janeiro a Março, 25% responderam que qualquer mês cai a precipitação e por
ultimo 38% afirmou que o periodo de sementeira é de Dezembro à Fevereiro.

Gráfico 5. Representação do periódo da sementeira no Povoado de Rio das Pedras


40

Fonte: autora 2020, adaptado com base nos inquéritos.

Contudo a maior parte das famílias afirmaram que o período de Dezembro a Fevereiro torna - se
actualmente o tempo habitual para a sementeira o que não possibilita uma boa produção só restam
2-3 meses para a colheita de certas culturas como amendoim hortícolas, e para elas obtêm-se o
bom rendimento agrícola quando a precipitação cai a partir do mês de Outubro, Novembro e
Dezembro para ter mais tempo para todo ciclo vegetativo nos meses chuvosos.

Nos últimos 9 anos, verifica - se a fraca produtividade agrícola devido a variação das precipitações
que tem se verificado no local em estudo, onde as famílias, foram unânimes em afirmar que todas
as culturas produzidas sofrem com a variação dos níveis das temperaturas e precipitações. O
gráfico 6 mostram o decréscimo da produtividade no período 2008-2016.

Gráfico 6: Representativo ao decréscimo da produção agrícola em termos percentuais


41

28%

50%

22%

2008 2009-2013 2014-2016

Fonte: Adaptado com base nos inquéritos 2020.

De acordo com o gráfico 6 fica claro que no ano de 2008 verificou-se maior decréscimo da
produtividade agrícola seguido pelo período 2009-2013, e 2014-2016, tendo 50%, 28%, 22%
respectivamente. E estes dados demonstram uma relação com o gráfico3 onde o ano de 2008,
2009, 2011, 2012 e 2013 foram anos de seca o que justifica o decréscimo da produção.

Segundo SDAE11 de Massinga (2020), o rendimento agrícola nos últimos 9 anos em Rio das
Pedras teve uma variação significativa, no que diz respeito a baixa produção.

3.3.3. Razões da baixa produtividade agrícola no Povoado de Rio das Pedras


No que concerne as razoes da baixa produtividade agrícola, as irregularidades de precipitação, a
escassez da precipitação, infertilidade dos solos e a falta de insumos agrícolas, constituem razoes
que contribuem para tal. Sendo que, a irregularidade da chuva e a sua escassez contribuem em
maior escala representando 51% e 38% respectivamente, conforme mostra o gráfico 6.

Gráfico 7: Razões da baixa produtividade agrícola no Povoado de Rio das Pedras

11
SDAE- Serviços de Actividades Económicas
42

Fonte: Adaptado com base nos inquéritos 2020.

Quanto á irregularidades da precipitação e sua escassez mostram claramente a sua forte relação
com a produção agrícola, daí que a variação da precipitação flui directamente na fraca produção.

3.4. Impacto da Variação termopluviométrica na Agricultura familiar


Segundo BENESSENE (2002), apud CAMBULA (2005), a temperatura e precipitação são uns
dos elementos climáticos essenciais para o crescimento e o desenvolvimento de todas as plantas,
influenciando na agricultura, na humidade do solo, germinação, crescimento, desenvolvimento,
floração e frutificação até em certas culturas na colheita.

Segundo o secretário do povoado de Rio das Pedras, Sr. Luciano (cp 12. 2020), o decréscimo do
rendimento agrícola deve-se a escassez da precipitação e atraso da mesma nas fases agrícolas.

Analisando os dois pensamentos nota-se que com a variação da temperatura e precipitação na


produção agrícola tem decrescido, pois a variação dos dois elementos do clima tem um impacto
negativo nas culturas, uma vez que inibe o crescimento normal das mesma o que reflecte-se na
produção como mostra a figura 1 e 2.

Figura 5 e 6: Impacto da variação termopluviométrica na cultura de Milho

12
CP - Conversa Pessoal com o líder do povoado no dia 15/02/2020, pelas 11:10mim
43

Fonte: autora 2020.

3.5. As alternativas de adaptação face a variação termopluviométrica na produção


A população face as variações climáticas, tem procurado alternativas de adaptação em quase todas
as suas actividades. Na agricultura tem apostado em culturas não só tolerantes as secas também
que se adequam as condições físico-geográficos da região.

Segundo ELOIZA (2009: 409) diz que “a escolha da cultura a ser desenvolvida começa pelas
características locais climáticas, uma vez que cada cultura depende de certo tipo de solo, calor,
precipitação, humidade relativa.”

Assim, as famílias praticantes da agricultura familiar no povoado de Rio das Pedras estão cientes
das variações climáticas dado que foram unânimes em afirmar que com as irregularidades da
precipitação são obrigadas a semearem na maior parte dos campos agrícolas as culturas como:
amendoim, mandioca, batata-doce, feijão Nhemba que são tolerantes à seca.

Segundo SITOE, (2005) “em Moçambique nos solos arenosos, argilosos, cinzentos, são
produzidas as culturas tolerantes as secas como é o caso de mandioca, amendoim, feijão, ananás,
batata-doce”.
Olhando as características pedológicos de povoado de Rio das Pedras, também apresentam
características ideais para a produção das culturas adaptativas nas quais as famílias adoptam.
44

Para além da alternativa de cultivo de culturas tolerantes as secas no povoado também aproveita
-se a zona baixa para o cultivo de culturas que precisam de serem regadas durante todo o processo
agrícola como pode-se ver no gráfico7.

Gráfico 8. Representação das alternativas de adaptação perante as variações climáticas

Fonte: Adaptado com base nos inquéritos 2020..

O gráfico 7 representa as alternativas de adaptação face as variações termopluviométricas no


povoado de Rio das Pedras, no entanto no total das famílias inqueridas 90%, responderam que
optam pelo o cultivo de culturas tolerantes as secas e 7% responderam que optam pela prática de
agricultura de regadio na zona baixa e por fim 3% afirmaram que usam o sistema de policultura
como alternativa de adaptação as variações termopluviométricas.

Portanto, de acordo com o que foi observado constatou-se que o uso de sistema de policultura
constitui uma das alternativas de adaptação usada no povoado, embora esta, seja percebida com a
minoria como uma alternativa de adaptação, e segundo a maioria das famílias do povoado, a
policultura é um sistema de produção e uma forma de gestão do tempo no período agrícola que a
população vem usando ao longo dos tempos.
45

As figuras 3 e 4 demonstram o uso do sistema de policultura como alternativa assim como um


simples modelo de produção.

Figura: 7 e 8, Representação do uso de sistema de policultura

Fonte: autora, 2020.

As duas figuras 3 e 4, mostram várias culturas com diferentes capacidades de tolerância a seca por
exemplo o milho mostra características de fraqueza em todas as figuras com folhas amareladas na
fase de floração, com um desenvolvimento muito reduzido e as outras culturas: amendoim, e a
mandioca mostram um crescimento normal.
46

Conclusão
No povoado de Rio das Pedras, a variação termopluviométrica tem uma relação directa na
produção agrícola uma vez esta actividade depende inessencialmente da temperatura e
precipitação, e a variação destes dois elementos resulta em aumento ou diminuição da produção
agrícola.

Os resultados da pesquisa feita no povoado de Rio das Pedras mostram que, nos últimos 10 anos
(2008-2016) houve uma variação da temperatura e precipitação quando comparados com os
resultados de um estudo feito nos anos (1934-1955) onde as precipitações médias anuais variavam
entre 492,5mm a 1077,3mm e as Ta médias anuais variavam entre 15º C a 29.1º C, diferentemente
do que acontece actualmente onde as precipitações médias anuais variam entre 370mm a 885mm
de precipitação anual e com temperaturas que variam entre 22º C a 24º C de T a médias anuais o
que mostra que a queda pluviométrica já não consegue atingir os 1000mm e a temperatura teve
uma subida de 1º C e precipitação teve uma descida de 157.4mm.

E comparando o comportamento das temperaturas precipitações e médias mensais de (2005- 2014)


com as de (1934-1955) conclui-se que no período de 1934-55 a temperatura registava uma media
mensal 22º C e a precipitação registava em todo o período uma precipitação 1001.25.mm
diferentemente do que acontece actualmente onde as TMM registam 23.98º C, e uma precipitação
de 603.3mm de PMM, o que demonstra um decréscimo de 397.32mm de PMM.

Estes dados mostram que a variação termopluviométrica contribuiu muito negativamente no que
diz respeito aos níveis das quedas pluviométricas que decresceram de uma forma significativa o
que justifica muitos anos secos nos últimos 10 anos (2008-2016), que levou com que a produção
agrícola baixasse no povoado de Rio das Pedras.

Conclui-se ainda mais que com os impactos desta variação tem consequências no atraso e escassez
da precipitação o que se reflecte na produção agrícola sendo a cultura do milho a mais afectada.

No que concerne as alternativas de adaptação face as variações termopluviométricas os resultados


da pesquisa mostram que as 90% das famílias do povoado reapoderam que o cultivo das culturas
tolerantes a seca como: amendoim, mandioca, batata-doce, feijão Nhemba, é alternativa de
adaptação, 7% diz que a prática da agricultura do regadio na zona baixa é uma alternativas e por
47

fim a 3 % percebe que o uso da policultura é uma alternativa embora seja percebida com a minoria
como alternativa de adaptação face as variações termopluviométrica dado que a maioria usa a
policultura como um simples modelo de produção que as famílias vêm aplicando ao longo dos
tempos nos campos agrícolas.
48

Sugestões

Como já se viu durante a pesquisa, que a agricultura familiar sofre sem dúvida o efeito de
variações termopluviométricas, sugere-se às famílias e ao governo do povoado de Rio das Pedras,
que para garantir maior produção agrícola nos próximos anos deviam optar pelos seguintes meios:

Nas técnicas agrícolas:

 Evitar queimadas durante o processo de limpeza dos campos agrícolas, visto que o capim é um
material fertilizante natural;
 A população durante a abertura dos seus campos agrícolas deve usar a técnica de juntas de boi
para a renovação do solo.

Nas alternativas de adaptação face as variações termopluviométricas:

 Devem apostar em culturas tolerantes a seca como mandioqueiras de variedade gigante, batata-
doce, feijão boers, ananaseiros;
 Durante as campanhas agrícolas devem adoptar sementes melhoradas de fácil crescimento e
floração, a destacar: feijão de variedades precoces com duas colheitas em uma época, milho de
variedade matuba, mandioqueiras amarga de variedade anã;
 Sugere-se ainda ao governo local para que redobre o esforço na divulgação de tendências de
variações termopluviométricas, através de reuniões no povoado;
 Os líderes comunitários, os secretários e extensionistas devem sensibilizar a comunidade a
acompanhar as tendências de alteração da queda pluviométrica em função das épocas de
sementeira;
 Para além de se lançarem as estacas de mandioqueira a partir de Julho, sugere-se a alteração da
época da sementeira partindo de Maio a Outubro.
49

Bibliografia

ANTÓNIO, Guimarães & REIS, Rodrigo desenvolvimento sustentável da Agricultura no


cerrado brasileiro, São Paulo, 2003.
AVELAR, David, & CRUZ, Maria João, Alterações climáticas, Sector Agricultura, 3ª
Edição, Porto Editora, Lisboa, 2010.

BRITO, Brígida Rocha., Seminário Internacional sobre as Alterações Climáticas e suas


Repercussões Sócio Ambiental. Edições NERIA, 2012.

CAMBULA, Bento Inácio., A relação entre a variabilidade da Temperatura, Precipitação


Altitude e casos de cólera em Moçambique, Edições UEM- Maputo, 2005.

CLÁUDIO, Luís, Mudanças climáticas: Vulnerabilidades na agricultura.7aEcolatina,


Universidade Federal de Viçosa, Brasilia, 2007.
DA SILVA, Araújo Alberto., Influência dos factores climáticos no desenvolvimento do
feijoeiro no agreste Paraibano, 2ª Edição, Brasilia 2003.

DA SILVA, Reinaldo Ribeiro., Estratégia de adaptação da agricultura e das florestas às


alterações climáticas 5ª edição, Porto Editora, Lisboa 2013.

DE ALMEIDA, Armando Antunes., Monografia Agrícola de Massinga (posto-sede),


ISEIC Library, Lisboa, 1959.

DOS SANTOS Maria João Jonota. Caracterização e monitorização de secas. INAG. 1998.
ELOIZA, Cristiane., adaptação do clima e agricultura, 31ª edição, Universidade Estadual
de Londrina – UEL, 2009. Acessado no dia 23/02/2015 pelas 13:16mim no site: (
http://br.geocities.com/uel_climatologia/)

GUILHERME, Paulo & WADT, Salvador., Praticas de Conservação do solo e


Recuperação das áreas Degradadas, Edições EMBRAPA, Rio Branco, 2003.

HELTER, Flávio Gilberto, Sistema de Produção de Pêssego de Mesa na Região da Serra


Gaúcha, 5ª Edição, Universidade Catolica, São Paulo 2003.

LACOSTE, Y., geografia delsubdessorollo, edições Ariel, 2ª edição, Barcelona.


50

MACANA, Esmeralda Correia., Impactos Potenciais das Mudanças climáticas no


desenvolvimento Humano: uma análise baseada na abordagem das capacitações. Porto Alegre
2008.

MUGED, Pelecrino., Asalterações climáticas, gerados pela emissão de gazes de Estufa, 3ª


Edição, Rio de Janeiro, 2010

NEGRÃO José., Para que o PARPA Resulte. Uma reflexão Epistemológica sobre um
processo candente. Maputo, 2001.

OMBE, Zacarias Alexandre atoll. Geografia dos solos: dicionários dos principais
conceitos, Edições UP, Maputo 2002.

RODOLFO, Farias., As mudanças Climáticas e seus efeitos na Biodiversidade, 8ª Edição,


Brasília, 2012.

ROSSI, Ariany., Mudanças climáticas e seus impactos na agricultura do Brasil, 4ª edição


SP, 2012.

SITOE, A. Tomas., Agricultura familiar em Moçambique estratégias de desenvolvimento


sustentável. Maputo 2005.
VEGARA, Alfredo., Mudanças climáticas e saúde pública: Uma reflexão com enfoque
para Moçambique, Edições Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, 2012.

VIAGEN, SacireJone., Simulação do impacto da agricultura irrigada na região de


Sussundenga- Moçambique, Porto alegra 2013.

VELLOZO, Daniel., A variação da Temperatura e Precipitação no Brasil, 2ª Edição são


Paulo, 2012.

Você também pode gostar