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03 - Morfologia de Gramíneas e Leguminosas-2
03 - Morfologia de Gramíneas e Leguminosas-2
Departamento de Zootecnia
Jaboticabal - SP
Agosto, 2006
1. INTRODUÇÃO
As plantas forrageiras de maior interesse na Área de Forragicultura e Pastagens pertencem à
Família Poaceae (Gramíneas) e Ordem Fabales (Leguminosas) ocorrendo em menor
proporção plantas de outras famílias.
Nas regiões tropicais as gramíneas são tradicionalmente as mais exploradas, em
virtude de apresentarem um potencial de produção de forragem duas a três vezes superior
às leguminosas forrageiras, entretanto, nos últimos anos, tem aumentado o interesse dos
pesquisadores em pastagens, visando o uso de leguminosas forrageiras tropicais na
alimentação animaI tanto na forma de feno como na forma de pastagens exclusivas e/ou
consorciadas e mais recentemente na forma de banco de proteína, basicamente devido ao
elevado valor nutritivo destas plantas, e, pela fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico
com bactérias do gênero Rizobium.
2. TAXONOMIA
2.1. FAMÍLIA: Poaceae (Gramíneas)
Taxonomicamente as gramíneas podem ser classificadas da seguinte forma:
Reino: Vegetal.
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas)
Classe: Liopsida (Monocotiledôneas).
Subclasse: Commelinidae.
Ordem: Cyperales
Família: Poaceae
Stebbins e Crampton (1961) citados por Nascimento (1981), consideram dentro da família
Poaceae a ocorrência de 6 subfamílias, 28 tribos, com aproximadamente 600 gêneros e
10.000 espécies. Na subfamília Panicoideae, principalmente na tribo Paniceae é que
ocorrem os principais gêneros de gramíneas forrageiras de clima tropical. Em contraposição
nas de clima temperado os principais gêneros pertencem a subfamília Festucoideae.
Provavelmente, por esta razão o sistema de classif1cação Hitchcok (1971), citado por
MITIDIERI (1983), faz a divisão da família Gramíneae em apenas duas subfamílias:
Festucoideae e Panicoideae. Entretanto MITIDIERI (1983) salienta que tal divisão é algo
artificial tendo em vista que quatro tribos: Zoysiae, Orysae, Zizamieae Palarideae não
pertencem definitivamente a nenhuma das duas famílias.
3.1. As plantas forrageiras podem ainda ser classificadas com relação ao período de maior
produção de forragem em hibernais e estivais isto é, estivo-outonais (Araújo, 1971; citado por
Pupo 1981).
a) Hibernais - São forrageiras de clima temperado dias menos ensolarados geralmente de
pequeno crescimento caules finos e folhagem tenra. São semeados no outono (tanto as
perenes como as anuais), sendo ceifadas durante o inverno e também na primavera.
No estágio de florescimento, os rendimentos são maiores, entretanto menos nutritivos. Ex:
anuais:
Avena strigosa (aveia),
Secale cereale (centeio),
Poaceae (Gramíneas) Lolium (azevém),
Hordeum vulgare (cevada). etc.
Perenes: Festuca arundinacea (festuca)
Phalaris tuberosa (falaris), etc.
b) Estivais: são forrageiras de clima tropical, com elevado potencjal de crescimento, colmos
grossos e folhas largas. Requerem bastante luz e calor, são sensíveis ao frio intenso,
permanecendo com vida apenas os órgãos inferiores (raiz e base da planta), onde acumulam
reservas nutritivas para rebrotar na primavera. São semeadas na primavera, com maior
produção no verão e outono, e quando entra o inverno, as perenes entram em repouso
vegetativo e as anuais morrem. Ex.
Anuais: Zea mays (milho),
Sorgum vulgare (sorgo),
Pennisetum typhoideum (pasto italiano). etc
Poaceae (Gramíneas)
Perenes: Panicum (colonião, tanzânia, etc)
Brachiaria (braquiária, marandu). etc.
Setaria (setária),
Fabales (Leguminosas)
4. MORFOLOGIA
1.2. Caule - O caule das gramíneas é do tipo colmo (Figura 2), dotado de nós e entrenós,
podendo ser:
1.2.1. Ocos ou fistulosos
1.2.2. Cheios
a) Macios e suculentos – via de regra preferido pelos animais.
Ex.: Cana-de-açúcar, Capim-elefante, etc.
b) Duros e secos – depósito de sílica nos tecidos Ex.: Milho (após o florescimento e
maturação dos grãos). Obs. A quantidade de fibra e sílica presente nos tecidos do colmo é
inversamente proporcional à aceitabilidade dos mesmos pelos animai s.
Os nós na base da planta se acham muito próximos, separando-se visivelmente à
medida que se caminha para o ápice do vegetal. Na parte basal
do colmo, aparecem as raízes adventícias que emergem dos nós basilares.
Quanto ao habitat e arquitetura, os caules das gramíneas podem ser:
A) Aéreos - em geral herbáceos.
- Ereto (cespitoso). Ex.: Pennisetum. Panicum
- Decumbente. Ex.: Brachiaria.
- Geniculado (Joelho). Ex.: Melinis, Chloris e Setaria.
- Prostrado. Ex. Paspalum
B) Subterrâneos (rizomas). Ex.: Paspalum
As gramíneas apresentam certas modificações caulinares (Figura 2), visando a facilidade de
disseminação:
colmos
cespitoso rizomatoso
entrenó
rizoma
nó
rizoma
estolonífero
Figura 2. Caule tipo colmo, estolão e rizoma.
Tipo A Tipo B
Estrutura de um caule normal, semelhante à Estrutura diferente do caule normal,
parte aérea. possuindo nós compostos, três nós juntos e
um internódio comprido.
Entrenó cessa de crescer assim que se O entrenó continua a crescer mesmo após
iniciam as brotações no nó correspondente iniciado as brotações.
A emissão do caule aéreo se dá distante do Emite caule aéreo próximo do ápice do
ápice do estolão. estolão.
Exemplo: Digitaria Exemplo: Cynodom e Chloris
1.3. Folha – As folhas das gramíneas são constituídas de lâmina foIiar ou limbo e bainha
(Figura 03). As folhas, são alternas, dísticas (duas fileiras no mesmo plano), originária dos
nós dos caules e com índice filotáxico igual 1/2 (Mitidieri, 1983). O Índice filotáxico é a
fração cujo numerador indica o número de voltas dadas, em espiral, a partir de uma folha
até a folha seguinte, encontrada na mesma vertical e cujo denominador indica o número de
folhas encontradas nesse trajeto (Rosique et al.1978). Portanto, nas gramíneas encontra-se
em um ciclo da espiral apenas duas folhas.
- Lâmina foliar ou limbo - Via de regra lanceolada com nervação paralela (presença da
nervura principal), glabras ou não, margem comumente ciliadas ou serreadas.
- Bainha - invaginante ou amplexicaule (envolve totalmente o caule), tipo fendida, com
nervuras paralelas bem pronunciadas (ausência da nervura principal).
Obs. Falso pecíolo - estreitamento da lâmina foliar, perto da bainha. Ex.; Andropogon
1.3.1. Elementos praticamente constantes
Colar - ponto de junção da lâmina foliar com a bainha, do lado de fora da folha ou
face inferior da lâmina foliar, com função de propiciar o movimento da lâmina foliar.
Lígula - ponto de junção da lâmina foliar com a bainha, do lado de dentro da folha ou
face superior da lâmina foliar, com função de proteção da gema contra o ataque de insetos
e excesso de umidade. A lígula pode ser pilosa ou membranosa. Uma das características
do gênero é presença da lígula membranosa.
Obs. O gênero Echinochloa não tem lígula.
Colmo
1.4. Flor – A flor das gramíneas é aclamídea (sem cálice e corola), com invólucro
constituído por brácteas, denominadas glumas, superior e inferior, podendo estarem
presentes ambas somente uma ou nenhuma (Alcântara, 1983).
Um conjunto de flores forma a inflorescência sendo que a unidade desta em gramíneas é a
espigueta (podendo ser pedicelada ou séssil). A espigueta contém um ou mais flósculos,
encerrados por brácteas (Figura 4).
Lema
Pálea
Ráquila Estigma
Antera
Ovário
Lodícula
Gluma
superior
Gluma
inferior
Pedicelo
Ráquis
Figura 4. Espigueta com cinco flósculos (Gould, 1968, citaos por Mitidieri, 1980)
3 filetes
3 anteras
Estigma
Antera ou Estame
Filamentos
Rudimento da corola
1 ovário súpero, que por turgecência
tricarpelar, uniocular, Lodícula
Pistilo ou abre a flor
Uniovular
Gineceu
¾ 2 estiletes
Lema
¾ 2 estigmas plumosos
Palea
Inflorescência Espigueta
Lígula
Aurícula
Lâmina Nó
Nervura Bainha
Estolão Brotação
Rizoma
Cacho isolado
Racemo isolado Racemo radiado subdigitado
2.3. Folha - A folha das leguminosas é constituída de base foliar, pecíolo e limbo,
podendo apresentar pulvino e estípulas. O limbo apresenta várias formas, dependendo da
espécie, com nervação penada. Pode ser do tipo:
2.3.1. Simples – Quando o limbo é único. Ex: Crotalaria juncea
2.3.2. Composta – Quando o limbo se subdivide em folíolos, podendo ser:
a) Trifoliolada – quando a folha apresenta apenas três folíolos. Ex:
Siratro, Centrosema, Calopogônio.
b) Pinada - Paripinada – quando os folíolos terminam em par, Ex:
Vicia (ervilhaca)
Imparipinada – quando os folíolos terminam em ímpar,
Ex: Indigofera
2.5. Fruto
a) Tipo vagem ou legume (seco, deiscente, com duas suturas: ventral e
dorsal).
b) Tipo lomento – fruto indeiscente que apresenta compartimento dividido
em septos transversais entre as sementes, por onde ocorre a separação das mesmas na
maturação. Ex: Desmodium
c) Tipo Aquênio – fruto seco indeiscente, com pericarpo fortemente
aderido a semente única Ex: Stylosanthes humilis
2.6. Semente – A semente das leguminosas é do tipo exabulminosa. A forma,
tamanho e coloração do tegumento variam com a espécie. A germinação geralmente é
epígea (os cotilédones emergem do solo durante o processo de germinação), com exceção
da ervilha e guandu que são hipógeas (os cotilédones ficam no solo durante o processo de
germinação) (Figura 11).
Hilo – É a cicatriz deixada quando a semente se destaca do fruto
(vagem), após quebra do funículo (estrutura de ligação entre a semente e o fruto).
Simples Trifoliolada
Palmada composta
Composta paripinada
Estandarte
Bandeira
Asa
Quilha
Flósculo
Flósculo Pedúnculo
Pedúnculo
Flósculo
Flósculo
Pedicelo
Pedúnculo Pedúnculo
Cotilédone Radícula
LAHGER, R.H.M. How Grasses Grow 2- ed. London, The Camelot. Press Ltda, 1979.