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REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A INTEGRAÇÃO DAS CRIANÇAS MIGRANTES EM CONTEXTO

ESCOLAR, DESAFIOS E POTENCIALIDADES EM PORTUGAL.

AUTOR: António Suqui Quialevoca


antoniosuqui@hotmail.com; antonio-suqui@edu.ulisboa.pt; +351 926 335 175

A presente reflexão crítica é apresentada de forma sucinta e insere-se num projecto que visa
abordar sobre a integração das crianças migrantes em contexto escolar em Portugal, promovida
pela Fundação Cidade de Lisboa, o projecto constitui uma contribuição para responder ao
problema relativo as soluções socioeducativas em Portugal para a integração de crianças
imigrantes no subsistema de ensino, cujo objectivo é de contribuir para o desenvolvimento
socioeducativo e para a integração das crianças migrantes em situação de vulnerabilidade, das
escolas do concelho de Lisboa.
A integração das crianças migrantes em contexto escolar contitui nos dias de hoje uma
prioridade nas agendas dos estados. Em Portugal, a partir do ano de 2005 regista-se um
aumento de 3,7 por cento da população estrangeira em relação a 2006 (Rodrigues 2009). Este
facto originou a adoção de medidas e políticas pelo estado português, que permitiu a inserção
massiva até os dias de hoje de uma população estudantil estrangeira no sistema educativo.
Estudos realizados por Oliveira e Gomes (2017), realçam que desde 2014 até 2016 registou-se
uma recuperação nas entradas de estrangeiros, quer em termos globais, quer em termos das
entradas para estudo, mantendo-se os vistos de residência para efeitos de estudo a destacar-
se, representando em 2016 cerca de metade (47,3%) das razões de entrada de estrangeiros em
Portugal.
Os dados da OCDE (2006, 2010) evidenciam que, de uma forma geral, os imigrantes tendem a
apresentar maiores dificuldades em obter bons resultados escolares quando comparados com
os nacionais dos países de acolhimento. Em média nos países da OCDE, 19,9% dos estudantes
imigrantes tinham já repetido um ano quando participaram no PISA 2015, enquanto o número
correspondente para os seus colegas não imigrantes era de 10,9%, Portugal é colocado como o
país da OCDE em que de 2006 para 2015 mais reduziram as distâncias de performances escolares
dos estudantes imigrantes face aos estudantes não imigrantes, observa-se no desempenho na
leitura, quando controlados os efeitos do contexto socioeconómico e da língua falada em casa,
no PISA de 2006, os estudantes imigrantes em Portugal apresentavam um resultado inferior em
literacia científica aos colegas autóctones em 57 pontos, em Portugal a percentagem de
estudantes imigrantes desfavorecidos que conseguiu ter bons resultados no último PISA foi
ligeiramente superior à média da OCDE, As escolas públicas do ensino básico e secundário
reuniam, no ano letivo de 2015/2016, alunos de 180 nacionalidades diferentes, sendo que no
seu conjunto os alunos de nacionalidade estrangeira correspondiam a 3,5% do total de alunos
do sistema escolar português.
Relativamente ao desempenho escolar no ensino básico e secundário em Portugal, os dados
mostram que os alunos de nacionalidade estrangeira apresentam, de forma genérica, níveis de
sucesso escolar inferiores aos verificados junto dos alunos de nacionalidade portuguesa,
tendência contínua ao longo da última década (Oliveira e Gomes, 2017)
Apesar destes dados animadores Portugal deve ultrapassar os desafios seguintes:
• A simplificação e desburocratização de vários processos;
• Às questões do racismo e discriminação, igualdade de género e cidadania.
Tendo em conta aos desafios acima referidos, estes podem ser ultrapassados, pelo facto de
Portugal apresentar algumas Potencialidades, tais como:
• A Existência de compromissos concretos que afirmam o Estado como o principal aliado
da integração dos imigrantes;
• A entrada em vigor da nova Lei da Nacionalidade (em 15 de Dezembro de 2006) e da
nova Lei da Imigração (em 3 de Agosto de 2007);
• A existência de Um plano para a integração dos imigrantes.
Assumo o conceito de Integração tal como definido por Papademetriou (2003) que afirma que
a integração é um processo de interacção, ajustamento e adaptação mútua entre imigrantes e
a sociedade de acolhimento, com a finalidade de ao longo do tempo formar um todo integrado
entre as comunidades recém chegadas e a população dos territórios de chegada. Neste contexto
esse processo impõe desafios para a sua efectivação, de igual modo as potencialidades do país
acolhedor podem definir a eficácia na sua efectivação.
A realização do projecto de investigação em educação sobre a integração das crianças migrantes
em contexto escolar em Portugal, deverá assentar-se na elaboração de plano de integração, com
foco nos aspectos seguintes:
• O Currículo e materiais adequados;
• O Ensino da língua do país de acolhimento;
• O Programas na língua/cultura materna;
• O Envolvimento dos estudantes locais;
• O Envolvimentos com actores no terreno.
Atendendo que o estudo a realizar enquadra-se numa investigação-acção, para o alcance dos
objectivos propostos e de maneiras a obter dados significativos acerca da integração dos alunos
imigrantes no sistema educativo português, nos propomos a realizar fortes contactos e
interacção com os autores no terreno em especifico no bairro da Mouraria, faremos contactos
com professores, com os pais, com os animadores culturais e outros autores.
A análise de cada um dos aspectos acima referidos ajudará no alcance dos objectivos propostos
e a elaboração de um documento investigação-ação, a apresentação dos resultados num evento
público e o respectivo projecto final.
REFERÊNCIAS
Oliveira, C. R. & Gomes, N., (2017), “Estudantes estrangeiros nos diferentes níveis de ensino”,
Boletim Estatístico OM Nº3, Coleção Imigração em Números (coordenação de Catarina
Reis Oliveira), Observatório das Migrações. 978-989-685-091-3. Disponível em:
http://www.om.acm.gov.pt/publicacoesom/colecao-imigracao-em-numeros/boletins-
estatisticos
OCDE (2006)
OCDE (2010)
OCDE (2015)
Papademetriou (2003). Imigração: Perspectivas e desafios, Lisboa, In: I Congresso-Imigração em
Portugal (Doiversidade-Cidadania-Integração), p. 21-22.
PISA (2015)
Resolução do Conselho de Ministros n.º 63-A/2007, de 3 de Maio. Plano para a integração dos
imigrantes.
Rodrigues, E. C., (2009) A Integração dos Alunos de Origem Estrangeira na Escola Portuguesa,
Lisboa, s/n, Dissertação de Metrado apresentada à Universidade de Lisboa através da
Faculdade de Letras.

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