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SEGURANÇA NO TRABALHO
ERGONOMIA
ERGONOMIA
REDE DE ENSINO FTC
Faculdade de Tecnologia e Ciências
William Oliveira
Presidente
Reinaldo Borba
Vice-Presidente de Inovação e Expansão
Fernando Castro
Vice-Presidente Executivo
MATERIAL DIDÁTICO
Produção Acadêmica
Marcelo Nery
Diretor Acadêmico
Fábio Sales
Jaqueline Sampaio
Leonardo Suzart
Ludmila Vargas
Milena Macedo
Análise Pedagógica
Fernanda Lordêlo
Coordenação de Curso
Rodrigo Silva Santos
Autoria
Produção Técnica
João Jacomel
Coordenação
Imagens
Corbis/Image100/Imagemsource
ERGONOMIA E USABILIDADE 7
O QUE É A ERGONOMIA 7
DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA 7
O PAPEL DE UM ERGONOMISTA 15
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 19
SEGURANÇA NO TRABALHO 41
DO DIAGNÓSTICO À MODIFICAÇÃO 41
RUÍDOS/ VIBRAÇÕES 48
3
FATORES HUMANOS NO TRABALHO 53
A FALHA HUMANA 54
Futuros Tecnólogos,
Cordialmente,
Rodrigo Silva Santos
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ERGONOMIA E USABILIDADE
O QUE É A ERGONOMIA
DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA
Neste início iremos citar algumas definições de ergonomia descritas pelos mais varia-
dos autores. No entanto, começaremos informando que a palavra ergonomia é de origem
grega, em que ERGO significa trabalho e NOMOS significa regras, normas, leis. Podemos
entender que seriam as regras/normas/leis para a execução do trabalho. Se considerarmos
como ciência, poderemos dizer que é a ciência aplicada em facilitar o trabalho executado
pelo homem, sendo que aqui se interpreta a palavra “trabalho” como algo muito abrangente,
em todos os ramos e áreas de atuação.
Sendo, desta forma, uma ciência que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e
normas a fim de organizar o trabalho, tornando este último compatível com as características
físicas e psíquicas do ser humano.
Alguns autores a consideram como ciência, outros como tecnologia.
Segundo Montmollin, a ergonomia é uma ciência interdisciplinar que compreende a
fisiologia e a psicologia do trabalho.
Murrel a define como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambi-
ente de trabalho.
Self cita que ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia e das
ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptação
ao homem dos métodos, meios e ambientes de trabalho.
Wisner explica ergonomia como sendo o conjunto dos conhecimentos científicos rela-
cionados ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos
que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência.
Na definição de Couto é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adapta-
ção confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente buscando
adaptar as condições de trabalho às características do ser humano.
Já Leplat nos informa que ergonomia é uma tecnologia, e não uma ciência, cujo ob-
jetivo é a organização dos sistemas homem-máquina.
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outros elementos de um sistema e a profissão que aplica teorias,
princípios, dados e métodos para projetar, de modo a otimizar, o
bem-estar humano e a performance geral do sistema.
Ergonomia
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• Ergonomia Organizacional – diz respeito à otimização de sistemas sociotécnicos,
incluindo as suas estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes
incluem comunicação, gestão de recursos de equipes, concepção do trabalho,
organização do tempo de trabalho, trabalho em equipe, concepção participativa,
“community ergonomics”, trabalho cooperativo, novos paradigmas do trabalho, cultura
organizacional, organizações virtuais, teletrabalho e gestão da qualidade.
Quando falamos em ergonomia temos que levar em consideração alguns pontos, como:
• Produtividade da empresa;
• Qualidade do produto;
• Condições de trabalho;
• Qualidade de vida dos trabalhadores.
Outra consideração que devemos ter, quando se trata de ergonomia, é a sua tríade
básica de sustentação, composta por:
• EFICIÊNCIA
• SEGURANÇA
• CONFORTO
Através desta tríade podemos observar que a eficiência de uma intervenção ergonômi-
ca é muito importante, tanto para justificar o trabalho do ergonomista como para melhoria
das condições da empresa (financeira, econômica, social ou profissional). Além da própria
melhoria da eficiência dos trabalhadores.
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A segurança é de extrema importância, tanto para os trabalhadores
como para os empregados. A diminuição dos riscos indica uma maior preo-
cupação com os funcionários.
Ergonomia O conforto nos mostra que o indivíduo, quando em situações satis-
fatórias, produz e trabalha mais e com melhor humor.
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Henri Fayol, engenheiro, nascido em Istambul no dia 29 de
julho de 1841 e morto em 19 de novembro de 1925, concluiu que a
administração de uma empresa deveria ser desvinculada das demais
funções (produção, comercial e financeira). Ele foi o primeiro a definir
administração como um processo de planejar, organizar, dirigir e con-
trolar. Fayol sintetizou a administração em 14 princípios:
• Divisão do trabalho – tarefas específicas para cada indivíduo,
separação de poderes;
• Autoridade e responsabilidade;
• Disciplina;
• Unidade de comando – cada indivíduo tem apenas um superior direto;
• Unidade de direção – um conjunto de operações que visam o mesmo objetivo;
• Subordinação do interesse particular ao interesse geral;
• Remuneração do pessoal;
• Centralização;
• Hierarquia – a série dos chefes desde o primeiro até o último escalão;
• Ordem;
• Equidade – o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a
energia e o rigor quando necessários;
• Estabilidade pessoal;
• Iniciativa;
• União do pessoal – espírito de equipe.
O casamento entre essas teorias predominou em várias indústrias até o final do século
XX e apresentou algumas características, como:
• Padronização e produção em série como condição para a redução de custos e
elevação dos lucros;
• Trabalho de forma intensa, padronizado e fragmentado, na linha de produção
proporcionando ganhos de produtividade.
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O taylorismo consiste, ainda, na dissociação do processo de trabalho
das especialidades dos trabalhadores, ou seja, o processo de trabalho deve
ser independente do ofício, da tradição e do conhecimento dos trabalhadores,
Ergonomia mas inteiramente dependente das políticas gerenciais.
Esse tipo de modelo predominou na grande indústria capitalista ao
longo do século XX e ainda predomina em muitas organizações, a despeito
das inovações. A crise deste modelo começou com a resistência crescente
dos trabalhadores ao sistema de trabalho em cadeia, à monotonia e à aliena-
ção do trabalho super fragmentado.
Atenção!
ESTEIRA ROLANTE
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balho proposto é bastante definido e previamente racionalizado, o que faz permanecer o
tempo de execução do produto.
Importante ressaltar que mesmo nessas outras teorias os princípios do taylorismo
e fordismo não foram abandonados, houve apenas a sua aplicação de uma forma mais
suave. Na verdade, uma tentativa de adequar o taylorismo e o fordismo às mudanças so-
cioeconômicas da época.
Na década de 1950 foi criado um novo conceito, chamado de Administração de Quali-
dade Total, trazendo a ideia de que a conformidade com os padrões de qualidade passa a
ser problema de todos.
Todos que estão ligados à empresa precisam sentir-se confortáveis e felizes com a
organização como um todo, pois somente assim poderão utilizar todas as suas capacidades.
Esse conceito foi amplamente utilizado nas organizações japonesas.
Segundo ROCHA 2000, o trabalho na organização japonesa é atribuído ao grupo e
não ao indivíduo, cabendo ao grupo se organizar e dividir o trabalho entre seus membros. A
autora ainda reforça que a forte motivação dos japoneses é social e não econômica, já que,
para eles, ser excluído do grupo de trabalho equivale a ser excluído da própria vida.
Nos EUA e Europa começam os sinais de que a ideia do fordismo principia a entrar
em crise. Aparece, neste momento, o pós-fordismo, um novo modelo de regulação da eco-
nomia, flexibilizando o processo de produção.
Conforme Heloani (2002), “[...] a adesão do trabalhador aos programas de elevação
de produtividade se transformou em uma questão de importância fundamental e, para obtê-
la, foram criadas as novas formas de gestão da produção”.
Desse período datam as experiências que alguns autores chamaram de administ-
ração participativa.
Os gastos com ergonomia, que antes eram considerados sem retorno, hoje mostram
para nós que era uma visão administrativa errada. Mafra cita, mostrando para nós que o
investimento em ergonomia inicialmente se deu através da exigência legal, que
Atenção!
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Investir em ergonomia significa mais segurança, saúde e conforto
para os colaboradores. E isso, é claro, tem que ocorrer em função de eq-
uipamentos e ambientes adaptados às normas, além de palestras sobre
Ergonomia postura adequada e informando a importância das seções de alongamento
promovidas ao longo do dia no ambiente laboral.
Utilizando-se da ergonomia a empresa atende à legislação vigente e ain-
da reduz as despesas com saúde, multas e até com processos trabalhistas.
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Stanton e Baber (2003) mencionaram que um dos estudos clássicos de efetividade
de custos da ergonomia ocorreu nos anos 70, com o dispositivo de luz de freio colocada no
centro e no alto do vidro traseiro nos automóveis (McKNIGHT e SHINAR, 1992; AKERBOOM
et al., 1993). Esse tipo de colocação da luz de freio oferece vantagens cognitivas sobre as
luzes de freio convencionais. Estudos posteriores mostraram que os custos eram pequenos
(US$ 10 por carro) e os benefícios bem maiores (estimados em torno US$ 900 milhões de
economias anuais) do que tinham sido antecipados.
Os ergonomistas lamentam que nem todas as intervenções sejam de justificativas
tão claras quanto essa.
Nesse sentido, Hendrick (2003) argumenta que o ergonomista profissional precisa
colocar suas propostas ergonômicas em termos econômicos, ou seja, é necessário falar na
mesma linguagem, já que as decisões a respeito de mudanças devem ser racionalizadas
em bases financeiras.
Pode-se utilizar a Análise Ergonômica para fazer uma análise e previsão dos custos
e do possível retorno da intervenção ergonômica.
Na visão econômica de grande parte dos empreendimentos, primeiramente implica
numa visão mais ampla da conjuntura e da posição relativa da empresa dentro desse con-
texto, ou seja, traça-se o histórico e a caracterização da empresa no estado anterior dentro
de um cenário mais amplo.
Num segundo momento, passa-se a avaliar as condições internas de operaciona-
lidade, apontando-se uma Estimativa Inicial, que será a estimativa de Custo Ergonômico,
seguida pela identificação dos problemas com as perspectivas de custo, o que culminará
com o mapeamento dos problemas identificados em determinadas situações. Situação ideal
para se montar o Quadro de Custos Ergonômicos numa empresa.
Com base nesse quadro de custos determinam-se os focos principais do quadro, o
que podem ser indicadores de perdas ergonômicas na empresa. Baseado nesse quadro e
seus focos, podem-se prever os possíveis ganhos (expectativas de retornos dos projetos) e
fazer uma avaliação inicial de custo/benefício. Após as análises sistemáticas nos focos, será
possível aferir, com mais precisão, os problemas e seus custos, revendo as expectativas de
retorno dos projetos de transformação.
O PAPEL DE UM ERGONOMISTA
O ergonomista é hoje um profissional que a cada dia vem sendo mais solicitado nas
empresas, por um motivo legal, pois algumas defesas judiciais e avaliações são melhor
elaboradas e mais aceitas quando feitas por um ergonomista e, por outro lado, pela melhora
da qualidade do trabalho, segundo os próprios trabalhadores.
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Atenção!
Ergonomia
Os ergonomistas são profissionais de diversas áreas que se es-
pecializam em ergonomia e contribuem para o planejamento, projeto e
a avaliação de tarefas, além de avaliarem postos de trabalho, produtos,
ambientes e sistemas com a finalidade de compatibilizar o trabalho com
as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.
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4.3 - Identifica áreas e tarefas de alto risco potenciais ou existentes;
4.4 - Determina se um problema é tratável por uma intervenção ergonômica.
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Ainda dentro destas características temos que o ergonomista contribui
para o planejamento, projeto e avaliação de tarefas, postos de trabalho,
produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as
Ergonomia necessidades, habilidades e limitações das pessoas.
Dentro dessas características, concluímos que o ergonomista é um
profissional essencial às empresas, necessitando de atualização constante.
Além das normas, a ergonomia ja conta com normas internacionais ISO, criadas a
partir de 1981, certificando atividades envolvendo o uso de dispositivos de informação.
Atividades
Complementares
1. Defina ergonomia.
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6. Quais as despesas da ergonomia?
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Atenção!
O estado de tensão a que algumas situações nos submetem mantém o nosso or-
ganismo em estado de alerta. Estado este de responsabilidade de uma parte do sistema
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nervoso de todo indivíduo, chamado Sistema Nervoso Autônomo Simpático.
Algumas características são:
• Midríase – aumento do diâmetro da pupila com o objetivo de
Ergonomia aumentar o campo de visão;
• Taquicardia – aumenta a frequência cardíaca com objetivo de
transportar mais nutrientes;
• Taquipnéia – aumenta a frequência respiratória com o objetivo de
aumentar a reserva de oxigênio;
• Aumento da pressão arterial;
• Deslocamento do sangue para os grandes músculos.
A manutenção dessas características no indivíduo pode acontecer em casa, no tra-
balho ou na rua.
O estresse está presente desde a existência do homem. Desde os tempos bíblicos
alguns sacrifícios eram oferecidos para combatê-Io. Antigamente os indivíduos viviam em
estado de tensão para se livrar, principalmente, dos inimigos ou dos animais.
• Dos inimigos porque tinham que estabelecer o seu território, a responsabilidade de
proteger e trazer o sustento para a sua família;
• Dos animais com o objetivo de vencê-los para transformá-los em alimento.
Saiba mais!
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Eles apresentam um senso crônico de urgência de tempo, um impulso excessiva-
mente competitivo. Eles são impacientes e têm grande dificuldade de lidar com o tempo de
lazer. São mais sujeitos a morrer de infarto, no entanto este comportamento parece ser o
precursor de sucesso profissional. Eles são:
• Ambiciosos;
• Impacientes;
• Agitados;
• Apressados;
• Competidores;
• Seguros de si;
• Agressivos;
• Pontuais;
• Insistentes em suas opiniões;
• Sempre urgentes.
Atenção!
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indivíduo e o seu ambiente de trabalho, em que as exigências deste ultrapas-
sam as habilidades do trabalhador para enfrentá-Ias, o que pode acarretar
um desgaste excessivo do organismo, interferindo na sua produtividade.
Ergonomia Em especial, no caso de estresse ocupacional, podemos dizer que é
quando a pessoa percebe o seu ambiente de trabalho como uma ameaça
de suas necessidades de realização pessoal e profissional ou da sua saúde
mental ou física, o que prejudica a integração com o trabalho e com o seu próprio ambiente
na medida em que esse ambiente possui demandas excessivas ou não possui recursos
adequados para encarar tais situações.
As possíveis causas são muito variadas e possuem efeitos cumulativos. Acabam com
exigências físicas ou mentais exageradas e podem atingir o trabalhador de forma diferen-
ciada, sendo que será mais intenso nos trabalhadores já afetados por outros fatores, como
conflitos com a chefia ou problemas familiares.
Então, podemos dizer que a Síndrome de Burnout é um dos principais tipos de estresse
ocupacional, inclusive é citada no decreto 3048/99, que regulamenta a Previdência Social.
Aparecendo como “Sindrome de Burnout e Síndrome do Esgotamento Profissional”.
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CONCEPÇÃO DE POSTO DE TRABALHO
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Voltando a falar sobre as intervenções da ergonomia, dividem-se em:
• Ergonomia de Correção;
• Ergonomia de Concepção;
Ergonomia • Ergonomia de Conscientização;
• Ergonomia Participativa.
Saiba mais!
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A concepção dos postos de trabalho
Podem ser subdivididos em três parâmetros:
• Especialização do trabalho;
• Formalização do comportamento;
• Formação e socialização.
Especialização do trabalho
Sobre a especialização do trabalho, podemos dizer que se divide em duas dimensões:
• Amplitude ou Especialização Horizontal;
• Profundidade ou Especialização Vertical.
Atenção!
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desempenhar uma tarefa limitada reduz a perspectiva do trabalhador, inclui-se
então a especialização vertical para reduzir esses efeitos. Mas nem todos os
postos de trabalho tendem a ser especializados nas duas dimensões.
Ergonomia
Formalização do comportamento
É a forma de prescrever a separação dos participantes da organização
separando suas formas de trabalho. O resultado disso é a regulamentação do
comportamento. Pode ser feito por posição, fluxo do trabalho ou regras.
Posição indica que a formalização se dá pela descrição do que se faz num posto
de trabalho.
No Fluxo de trabalho há demonstração das próprias tarefas contendo as descrições
de como fazer.
Regras, são emitidas para toda a organização (assiduidade, vestuário).
A formalização tem engessado as atitudes dos trabalhadores, através dos trabalhos
mais limitados e menos especializados. Podemos observar que eles são mais simples, mais
repetitivos e mais fáceis de controlar.
Sua principal intenção é reduzir a variabilidade, podendo, assim, prevê-la e
controlá-la. Também é utilizada para assegurar a consistência da mecanização que
leva à produção eficiente. Permite que o comportamento seja pré-determinado/previ-
sível, ou seja, padronizado.
Formação e Socialização
A formação é constituída pelos processos através dos quais se transmitem os con-
hecimentos e as competências relacionadas com o trabalho.
A socialização constitui o processo pelo qual um novo membro aprende o sistema de va-
lores, normas e os comportamentos da sociedade, grupo ou trabalho que acaba de assumir.
Seja qual for o setor da organização, a formação é tanto mais importante para
os postos de natureza complexa, compreendendo qualificações difíceis e corpos de
conhecimentos sofisticados, ou seja, postos de trabalho essencialmente profissionais
por natureza.
E a socialização é mais importante quando os postos são sensíveis ou remotos, a
cultura e a ideologia da organização exigem uma grande lealdade dos seus membros.
O que deve ficar compreendido é que a concepção do posto de trabalho deve levar
em consideração todas as informações anteriores, e que será muito mais fácil para o er-
gonomista, mais barato para a empresa e muito bom para o trabalhador, se a concepção
ocorrer no projeto de implantação/construção da empresa.
Nos últimos tempos a implantação dos programas de qualidade de vida nas empresas
tem aumentado consideravelmente. Segundo Álvares (2002), existe cada vez mais interesse
sobre a “qualidade de vida” na sociedade atual. Principalmente no setor empresarial, visto
que, para a obtenção do certificado de “Qualidade Total”, é necessário que se proporcione
segurança, bem-estar, conforto e satisfação no trabalho.
De acordo com a ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), em 1995,
nos Estados Unidos, as maiores empresas possuem programas estruturados sobre
qualidade de vida.
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Saiba mais!
“...condição de bem-estar que inclui não apenas o bom funcionamento do corpo, mas tam-
bém o vivenciar uma sensação de bem-estar espiritual (ou psicológico) e social, entendido
neste último – o bem-estar social – como uma boa qualidade nas relações que o indivíduo
mantém com as outras pessoas e com o meio ambiente” (OMS).
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De uma forma geral, os Programas de Qualidade de Vida, quando im-
plantados, devem apresentar algumas características comuns. São elas:
• Participação da alta cúpula da empresa;
Ergonomia • Avaliação das necessidades internas;
• Coordenação de profissionais qualificados;
• Definição clara da filosofia e dos objetivos;
• Sistemas hábeis de operação e de administração;
• Ações de Marketing;
• Procedimentos de avaliação e reavaliação;
• Sistema de comunicação eficiente;
• Estimular a cultura de bons hábitos e atitudes.
Alguns dados da ABQV mostram que nos últimos 18 anos, nos EUA, através de uma
análise da experiência das grandes empresas, os pontos mais observados foram:
• Qualidade de vida, atualmente, faz parte da estratégia das organizações;
• Antes de implantar programas de qualidade de vida é preciso diagnosticar as necessidades,
prioridades, metas e desenvolvimento dos objetivos a serem atingidos;
• O sucesso dos programas depende do comprometimento das lideranças;
• Entusiasmo e autenticidade na comunicação são extremamente necessários para
se obter adesão ao programa e disseminação da consciência da saúde;
• É fundamental que as áreas relacionadas à saúde desenvolvam um trabalho
integrado.
Qualquer alteração no ambiente de trabalho gera um impacto que pode ser negativo ou
positivo sobre a percepção de qualidade de vida do trabalhador, pois sabemos que o trabalho
ocupa o centro da vida das pessoas. Portanto ele deve promover a saúde, o equilíbrio físico
e psicoemocional, visto que a qualidade de vida no trabalho está diretamente relacionada a
boas condições de trabalho.
É importante salientar que grande parte das empresas que procura implantar Pro-
gramas de Saúde e Qualidade de Vida inicia com algumas ferramentas, como a ginástica
laboral. O principal objetivo dessas empresas é a redução do absenteísmo.
Saiba mais!
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Segundo Quick & Lapertosa (1982), o absenteísmo é dividido em:
• Absenteísmo voluntário − ausência no trabalho por razões particulares não
justificadas;
• Absenteísmo por doença − inclui todas as ausências por doença ou por
procedimento médico, excetuam-se os infortúnios profissionais;
• Absenteísmo por patologia profissional − ausências por acidentes de trabalho
ou doença profissional;
• Absenteísmo legal − faltas no serviço amparadas por leis, tais como: gestação,
gala, doação de sangue e serviço militar;
• Absenteísmo compulsório − impedimento ao trabalho devido à suspensão imposta
pelo patrão, por prisão ou outro impedimento que não permita ao trabalhador chegar
ao local de trabalho.
A redução do índice de absenteísmo dentro das empresas pode estar relacionada com
a satisfação geral do trabalhador ou com a ausência da monotonia. Pequenas mudanças,
como motivação e bem-estar, podem influenciar este índice.
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A intervenção ergonômica acaba sendo mais cara porque ela também é
mais ampla, avalia todo o ambiente de trabalho, podendo interferir não só no indi-
víduo como na ginástica laboral, mas também no ambiente, posto de trabalho.
Ergonomia No momento em que o ergonomista encontra algumas falhas estruturais no
ambiente de trabalho e a empresa permite alterações, indiretamente ela assume
que errou ou que não tem certeza de que a sua estrutura é a mais adequada.
Nos casos de experiências desastrosas alguns indivíduos, que não estão adequadamente
preparados ou na possuem o conhecimento específico para a função realizada pelo trabalhador,
acabam solicitando gastos adicionais à empresa sem o retorno esperado (que não é necessari-
amente financeiro), além do mal-estar que pode ser criado entre os funcionários ou diretores.
Veja um exemplo: Numa empresa que necessita de uma máscara facial de vedação
total o ergonomista resolveu chamar um trabalhador que representa as características médias
de todos os outros funcionários e mandou confeccionar todas as máscaras na medida daquele
rosto e, ainda por cima, de material não moldável (mais barato para a empresa). Com a chegada
das máscaras observou-se, é claro, que as mesmas não se adaptaram ao rosto de todos os
trabalhadores. Como a máscara, nessa atividade, é um EPI essencial a empresa teve que
mandar refazer boa parte delas, tendo gastos desnecessários. Após este evento, qualquer
outra alteração/compra que o ergonomista pedir será vetada pela direção da empresa.
Uma falha pode levar todo o trabalho de um ergonomista a ser desvalorizado.
Algumas empresas brasileiras já se destacam pela sua ação na melhora da qualidade
de vida de seus trabalhadores. Primeiro, para provocar, de fato, a melhoria da Saúde e Quali-
dade de Vida, e, segundo, por necessitar da obtenção do certificado de Qualidade Total.
Uma outra coisa que interfere nesse processo de implantação de programas é a
“Imagem Social” que a empresa ganha perante o mercado.
Saiba mais!
Saiba mais!
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alíquota de cálculo do Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) reduzida em até 50%.
Entretanto, as que não o fizerem correrão o risco de ter que pagar o dobro do valor
atual, que incide sob o total da folha de pagamento da empresa.
Isso acontecerá devido a mudanças nas regras da segurança do trabalho feitas
pelo Ministério da Previdência. Até então, as empresas pagavam, como SAT, 1%, 2%
ou 3% do valor de suas folhas de pagamento. O enquadramento era feito de acordo
com a área em que a empresa atua. Agora, o que definirá essa alíquota será o Fator
Acidentário de Prevenção, um índice que leva em conta a frequência dos acidentes e
seu custo para o INSS. “Os índices continuam os mesmos, o que muda é a possibilidade
de uma empresa que paga 3% ao mês possa ter essa alíquota reduzida para 1,5% ou
elevada a até 6%, dependendo da quantidade de afastamentos por acidentes ou doen-
ças de trabalho registradas pelo INSS”, explica Myrian Quirino, consultora Especialista
na área Previdenciária e Trabalhista do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco).
Para Myrian, a decisão visa a fomentar os investimentos por parte das empresas
no que diz respeito à segurança no trabalho e, consequentemente, reduzir os gastos
da Previdência.
Segundo Mario Bonciani, auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), com a mudança houve uma revisão também na tabela de doenças motivadas
pela atividade do trabalhador. Doenças como diabetes, tuberculose e hipertensão pas-
saram a integrar a tabela. “Cerca de 10% das doenças consideradas comuns foram
incluídas. A depressão, por exemplo, foi incluída como doença de trabalho comum ao
setor financeiro”, explica.
Para Bonciani, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de
Medicina do Trabalho (ABMT) e colaborador da Associação Brasileira da Prevenção
de Acidentes (ABPA), os efeitos da nova metodologia começarão a ser sentidos em
setembro do ano que vem (2008), quando o Fator Acidentário irá alterar o SAT pela
primeira vez.
De acordo com ele, após o anúncio do reenquadramento das empresas, feito
no fim de novembro, foi estipulado um prazo de 30 dias, que termina no fim deste mês,
para os empresários questionarem a nova alíquota que foi atribuída pelo Ministério da
Previdência. Ele conta que até agora o volume de ações de impugnação está muito
abaixo do esperado, o que denota a falta de informação e de interesse das empresas
pelo assunto.
Myrian, do Cenofisco, espera que as novas regras criem uma cultura de inves-
timento por parte das empresas na criação de melhores condições para trabalhadores
cujas funções envolvam o risco. Ela acredita que a possível vantagem financeira – já
que uma empresa poderá pagar metade do que paga hoje, caso implemente ações –
servirá como impulso para isso.
Bonciani acrescenta que a própria concorrência dentro do setor servirá, também,
de incentivo. “Uma empresa que não investir na melhoria de suas condições de trabalho
e tiver sua alíquota dobrada verá seu concorrente sendo premiado por suas ações
com a redução drástica na sua contribuição para o SAT. Isso se reflete na imagem da
empresa perante o mercado e elas não ficarão aquém disso”.
Leandro Fernandes, dezembro de 2007
Uma das principais ferramentas da ergonomia, talvez a mais utilizada, seja a ginástica
laboral, sobre a qual vocês irão saber no material AVA.
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A POSTURA SOB O OLHAR DO ERGONOMISTA
Saiba mais!
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Dentro dessas características temos que os sistemas de alavancas, movimentos
articulares, tipos de contração muscular e o torque, são importantíssimas para decom-
por os movimentos realizados pelo trabalhador em sua atividade laboral. Através da
biomecânica o ergonomista consegue identificar movimentos prejudiciais, maquinário e
posturas inadequadas.
Quando falamos em postura, entendemos que ela é de fundamental importância para
o trabalhador, pois, através dela, pode-se identificar possíveis pontos/locais de lesão, o que
chamamos de riscos.
A postura de uma pessoa é determinada (ao menos em parte) pela relação entre as
dimensões do seu corpo e as dimensões do ambiente envolvido.
Saiba mais!
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Antes de falar dos três tipos de postura vamos falar sobre a coluna ver-
tebral, que é a estrutura óssea intercalada com discos que sustenta o nosso
tronco, permitindo os movimentos de flexoextensão, rotação e inclinação.
Ergonomia É de extrema importância lembrar que as raízes nervosas saem na nossa
coluna vertebral e vão em direção aos nossos membros e uma variedade
de manifestações dos membros tem sua origem na coluna vertebral.
Saiba mais!
Essas curvaturas ocorrem num único plano (sagital) e permitem maior resistência à
sobrecarga. Quando um indivíduo apresenta alguma curvatura fora deste plano, chamamos
de escoliose.
Escoliose é um desvio tridimensional (nas três dimensões) da coluna vertebral, o
que significa que, além de desviar para um dos lados, também faz rotação e inclinação. O
que mais chama atenção é o desvio ou os desvios laterais da coluna. Na maioria os casos
é frequente existir mais que um desvio da coluna, devido à compensação.
A coluna sofre forte influência da idade, perceptível através do tempo de permanência
sentado. Inicialmente o indivíduo suporta altas horas e, com o passar da idade, esse tempo
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diminui acentuadamente. A coluna vertebral reage às vibrações e às pressões excessivas
ocorridas no ambiente de trabalho.
Viel (2000) cita que as dores resultantes de atividades profissionais realizadas em pé
terão como consequência o surgimento de dores na posição sentada.
A postura sentada
Moraes (1992) diz que “a pressão dos discos intervertebrais é maior quando se está
sentado, mesmo com o tronco ereto. Chega a ser 40% maior do que quando o indivíduo
está em pé. Quando se flexiona o tronco, a situação é ainda pior, as bordas frontais das
vértebras são pressionadas umas contra as outras com uma força considerável. Nessa
postura, a pressão intradiscal é ainda maior, cerca de 90% a mais que a postura em pé.
Esse fato pode levar a lesões, tanto nos discos intervertebrais como nas vértebras e até em
áreas periféricas à coluna”.
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A postura de pé
A postura deitada
Alguns métodos utilizados pela ergonomia para analisar a postura podem variar entre
os esforços fisiológicos generalizados, os desgastes psicofísicos ou a forma de trabalho
muscular necessário.
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De acordo com IIDA (1990), durante uma jornada de trabalho um trabalhador pode
assumir centenas de posturas diferentes. Em cada tipo de postura, um diferente conjunto
de musculatura é acionado.
Uma simples observação visual (assistemática) não é suficiente para se analisar estas
posturas detalhadamente. Foram desenvolvidas, então, diversas técnicas para o registro e
a análise da postura.
Temos a técnica da descrição verbal, técnicas fotográficas, eletromiográficas, pos-
turografia, entre outras técnicas. Dentre as técnicas, temos algumas mais utilizadas.
Métodos de Avaliação
O método OWAS
Foi desenvolvido na Finlândia, entre 1974 e 1978, por pesquisadores em conjunto
com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, com o intuito de gerar informações para
melhorar os métodos de trabalho pela identificação de posturas corporais prejudiciais durante
a realização das atividades.
Baseia-se em analisar determinadas atividades em intervalos variáveis ou con-
stantes, observando-se a frequência e o tempo despendido em cada postura. Permite que
os dados posturais sejam analisados para catalogar posturas combinadas entre as costas,
braços, pernas e forças exercidas e determinar o efeito resultante sobre o sistema músculo-
esquelético; e para examinar o tempo relativo gasto em uma postura específica para cada
região corporal, determinando o efeito resultante sobre o sistema ósteo-muscular. É possível
obter os dados mediante observação direta (em campo) ou indireta (por vídeo), devendo ser
observado todo o ciclo, em atividades cíclicas, e nas atividades não cíclicas ser observado
um período de no mínimo trinta segundos. Durante a observação são consideradas as pos-
turas relacionadas às costas, braços, pernas, ao uso de força e a fase da atividade que está
sendo observada, sendo atribuídos valores e um código de seis dígitos. O primeiro dígito
do código indica a posição das costas, o segundo indica a posição dos braços, o terceiro a
posição das pernas, o quarto indica o levantamento de carga ou uso de força e o quinto e
sexto indicam a fase do trabalhador.
Após a categorização das posturas laborais, o método calcula e classifica a carga de
trabalho em quatro categorias, determinando ainda as medidas a serem adotadas.
O método REBA
O método REBA foi criado com o intuito de desenvolver um sistema de análise pos-
tural que fosse sensível aos riscos músculo-esqueléticos presentes em uma variedade de
atividades, dividisse o corpo em segmentos para serem codificados individualmente, com
referência aos planos de movimento, proporcionasse um sistema de pontuação para a ativi-
dade muscular decorrente de posturas estáticas, dinâmicas e mudanças rápidas ou posturas
instáveis, com o objetivo de refletir a importância da interação entre a pessoa e a carga
quando do manejo de cargas, mas que nem sempre esse manejo é feito com as mãos, que
incluísse a variável “apoio” para avaliar o manejo de cargas, e que propusesse um nível de
ação com uma indicação da urgência de intervenção ergonômica.
A avaliação dos fatores de risco se inicia mediante a observação do trabalhador durante
alguns ciclos de trabalho para selecionar as atividades e posturas que serão avaliadas.
Pode selecionar-se a postura de maior duração dentro do ciclo de trabalho ou aquela
que necessite maior esforço do trabalhador.
O REBA é uma técnica de análise rápida, tornando possível analisar todas as posturas
adotadas pelo trabalhador durante o ciclo de trabalho.
37
Os diagramas de posturas se apresentam no plano sagital, razão pela
qual só um lado poderá ser avaliado. Se o avaliador se interessa em ambos
os lados, será necessário realizar duas avaliações.
Ergonomia
O método RULA
É um método de estudo desenvolvido para ser usado em investigações
ergonômicas de postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvol-
vimento de lesões por esforços repetitivos em membros superiores.
Este método foi desenvolvido para ser aplicado em operadores de máquinas industriais, téc-
nicos que realizam inspeção, pessoas que trabalham com corte de peças ou embrulhadores.
Também foi desenvolvido para avaliação de posturas, forças necessárias e atividade
muscular de operadores de terminais de vídeo.
O método utiliza diagramas de posturas do corpo e três tabelas que avaliam o risco
de exposição a fatores de risco, como fatores de carga externos, que incluem:
1. número de movimentos;
2. postura estática;
3. força;
4. postura de trabalho determinada por equipamentos e mobiliários;
5. tempo de trabalho e pausa.
Além destes existem outros fatores importantes que influenciam, mas que variam de pes-
soa para pessoa, como posturas adotadas, atividade muscular estática desnecessária, veloci-
dade e precisão de movimentos, a frequência e duração das pausas feitas pelo operador.
Existem, ainda, fatores que alteram a resposta de cada indivíduo para carregamentos
específicos, fatores individuais (como experiência ou idade), fatores ambientais do posto de
trabalho e variáveis psicológicas.
Muitos outros fatores também são associados como fatores de risco para lesões dos
membros superiores.
Atividades
Complementares
1. O que é estresse?
38
2. Cite os efeitos do estresse.
6. O que é absenteísmo?
39
Ergonomia
40
TRABALHO, SAÚDE E
ERGONOMIA
SEGURANÇA NO TRABALHO
A Segurança no Trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são
adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como
proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.
Estuda diversas disciplinas, como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do
Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psi-
cologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada
à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho,
Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal,
Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios
e Explosões e Gerência de Riscos.
Toda empresa deve possuir um quadro de Segurança do Trabalho, formado por
uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Tecnólogo
em Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho,
Enfermeiro do Trabalho, Fisioterapeuta do Trabalho e Ergonomista. Estes profissionais for-
mam o que chamamos de SESMT − Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e Medicina do Trabalho.
A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Se-
gurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras
Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos, e também as convenções
Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil.
DO DIAGNÓSTICO À MODIFICAÇÃO
41
A partir deste, ponto vamos ao colaborador e informamos a ele que
iremos observar o seu trabalho.
Nesse momento já temos duas informações. Uma é como ele de
Ergonomia fato realiza a atividade, a outra é como ele acha correto fazer o trabalho.
Com essas duas informações conseguimos inferir se o indivíduo já possui
clareza e informação prévia sobre a forma correta de realizar o seu serviço.
Após registradas essas informações, vamos determinar qual a forma mais
coerente do trabalhador cumprir a sua função.
Para fazer esta determinação entra em cena a biomecânica ocupacional, que,
nesse momento, tem a função de decompor todas as atividades realizadas pelo indivíduo,
verificar quais estruturas estão sobrecarregadas, susceptíveis a lesões, e comparar com
as informações colhidas.
Agora, comparam-se as informações colhidas através do serviço de saúde da em-
presa ou pelas entrevistas com as informações encontradas após a primeira análise do
trabalho do indivíduo.
42
O principal objetivo é proporcionar o melhor conforto possível para o trabalhador
(dentro da possibilidade da empresa), para que o indivíduo possa produzir mais e melhor.
Agora, partindo para uma análise maior, focalizando toda a produção e não somente
o posto de trabalho individual, poderemos verificar o trabalho na empresa como um todo.
Teremos que saber quais os grandes objetivos da empresa.
A observação agora é mais ampla e, possivelmente, mais demorada. A avaliação tem
que ser feita num todo. As modificações são mais difíceis.
Após todo o processo de diagnóstico visto anteriormente, as modificações possíveis
são, por exemplo:
• Mudança de grande estrutura física da empresa;
• Mudança na forma de organização do trabalho;
• Descentralizar as decisões;
• Eliminar alguns níveis hierárquicos;
• Reagrupamento de tarefas.
No entanto, fazer essas mudanças não é nada fácil. Primeiro, pelas resistências nor-
mais encontradas no processo de mudança e, segundo, a responsabilidade que é conseguir
identificar a alteração mais apropriada. É um grande risco.
Saiba mais!
Jong e Vink (2002) afirmam que o maior desafio da empresa atual é ser inova-
dora no mercado, com a máxima eficiência possível.
43
O ergonomista irá verificar essas características através do contato
direto com o trabalhador.
Esses pontos observados num local de trabalho geralmente vão estar pre-
Ergonomia sentes no laudo ergonômico. Geralmente os pontos mais abordados são:
• Tipo de manipulação e armazenagem dos materiais;
• Tipos de ferramenta;
• Design do posto de trabalho;
• Instalações;
• Iluminação;
• Riscos ambientais;
• EPI
Atenção!
44
RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS PARA IHC
(INTERFACE HOMEM-COMPUTADOR)
Pode-se dizer que a ergonomia está na origem da usabilidade, pois quanto mais
adaptado for o sistema interativo maiores serão os níveis de eficácia, eficiência e satisfação
alcançados pelo usuário durante o uso do sistema.
De fato, a norma ISO 9241, em sua parte 11, define usabilidade a partir destas
três medidas de base:
Eficácia: a capacidade que os sistemas conferem a diferentes tipos de usuários para
alcançar seus objetivos em número e com a qualidade necessária;
Eficiência: a quantidade de recursos (por exemplo, tempo, esforço físico e cognitivo)
que os sistemas solicitam aos usuários para a obtenção de seus objetivos com o sistema;
Satisfação: a emoção que os sistemas proporcionam aos usuários em face dos re-
sultados obtidos e dos recursos necessários para alcançar tais objetivos.
45
Atenção!
46
- Carga de trabalho: esse critério se aplica, principalmente, a um contexto de
trabalho intenso e repetitivo, no qual os profissionais que operam o sistema precisarão
de interfaces econômicas sob o ponto de vista cognitivo e motor, ou seja, que lhes
economizem leitura e memorização desnecessárias, assim como deslocamentos inúteis
e repetição de entradas. Os subcritérios desse são:
Postura adequada
É necessária para verificar qual posição é mais indicada para a realização da tarefa,
qual a postura que melhor conforta o empregado, além da postura que permite melhor
aproveitamento da função. O ergonomista deverá encontrar o meio termo desses fatores.
47
Posição do monitor
Tem grande importância, pois pode provocar alterações em toda a
estrutura de alinhamento da coluna vertebral, além de estar relacionado com
Ergonomia a visão. É necessário verificar, além da altura, a distância.
Outros dispositivos
É necessária para verificar qual posição é mais indicada para a re-
alização da tarefa, qual a postura que melhor conforta o empregado, além
da postura que permite melhor aproveitamento da função. O ergonomista
deverá encontrar o meio termo entre esses fatores.
RUÍDOS/ VIBRAÇÕES
Ruído
Atenção!
Russo define o ruído como sendo um sinal acústico aperiódico, de grande com-
plexidade, originado da superposição de vários movimentos de vibração com diferentes
freqüências que não apresentam relação entre si. Seu espectro sempre será uma con-
fusa composição desarmônica sem qualquer classificação ou ordem de composição.
PMAC explica que fisicamente, o ruído é um som ou complexo de sons, que causa
sensação de desconforto auditivo. Afeta física e psicologicamente o ser humano e, depen-
dendo dos níveis, causa necrose e/ou lesões auditivas irreversíveis no trabalhador.
De acordo com Carmo, o ruído afeta o organismo humano de várias maneiras, cau-
sando prejuízos tanto no funcionamento do sistema auditivo quanto no comprometimento
da atividade física, fisiológica e mental do indivíduo a ele exposto.
Duas são as características do ruído: intensidade e frequência:
A intensidade pode ser definida como a quantidade de energia vibratória que se
propaga nas áreas próximas, a partir da fonte emissora, podendo ser expressa em termos
de energia (watt/m²) ou em termos de pressão (N/m² ou Pascal).
A frequência é representada pelo número de vibrações completas em um segundo,
sendo sua unidade de medida expressa em hertz (Hz).
O ruído pode ser classificado como:
• contínuo estacionário: ruído com pequenas variações dos níveis (até ± 3 dB) durante
o período de observação, que não deve ser inferior a 15 minutos;
• contínuo flutuante ou intermitente: ruído cujo nível varia continuamente de um valor
apreciável durante um período de observação (superior a ± 3 dB);
• impacto ou impulsivo: ruído que se apresenta em picos de energia acústica de
duração inferior a um segundo.
48
O limite de tolerância para exposição diária ao ruído contínuo ou intermitente per-
mitido pela Norma regulamentadora nº 15 (NR-15) é de 85 dB para 8 horas. A cada 5 dB de
aumento da intensidade, o tempo permissível de exposição diminui pela metade, conforme
a tabela abaixo. Não é permitida a exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para
indivíduos que não estejam adequadamente protegidos.
Dados segundo a NR 15, redação dada pela Portaria nº 3.214, de 08/06/78. Alguns
exemplos podem ser citados:
49
Embora seja de grande interesse para a Higiene Ocupacional, a deter-
minação dos níveis de pressão sonora por faixas de frequência, permitindo
fazer a “análise de frequência”, isto é, permitindo ter o espectro sonoro do
Ergonomia ruído proveniente da fonte analisada, este tipo de avaliação não é obrigatória,
segundo a NR 15, para a elaboração de um laudo técnico visando à carac-
terização da exposição insalubridade.
Os efeitos do ruído sobre a audição podem variar desde uma alteração passageira
até a perda irreversível da mesma. Estas podem ser divididas em três categorias:
1. Trauma Acústico (exposição aguda);
2. Mudança Temporária do Limiar (exposição aguda);
3. Mudança Permanente do Limiar (exposição crônica).
O Trauma Acústico consiste numa perda auditiva de instalação súbita, provocada por
ruído repentino e de grande intensidade, como uma explosão ou uma detonação. Normal-
mente é unilateral e acompanhada de zumbido (SANTOS, 1999 apud PINTO). Eventual-
mente, o trauma acústico pode ser acompanhado de ruptura da membrana timpânica e/ou
desarticulação da cadeia ossicular, o que pode exigir tratamento cirúrgico (MELLO, 1999).
Já Mudança Temporária do Limiar, conhecida também como Alteração Transitória da
Audição, ocorre após a exposição a ruído intenso, por um curto período de tempo, causando
uma redução na sensação auditiva, mas que retorna ao normal após um período de repouso
auditivo (VIEIRA, 1999). Segundo MELLO (1999), um ruído capaz de provocar uma perda
temporária será capaz de provocar uma perda permanente após longa exposição.
A Mudança Permanente do Limiar ou Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) é
resultante de exposições a ruído, geralmente diárias, que se acumulam devido à repetição
constante durante um período de muitos anos (RUSSO, 1993 apud RIGO, 2001). Como sua
instalação é lenta e progressiva, a pessoa só se dá conta da deficiência quando as lesões
já estão avançadas (MELLO, 1999).
De acordo com Carmo (1999), durante a exposição ao ruído, ou mesmo após, muitos
indivíduos apresentam alterações vestibulares, como vertigens, que podem ou não ser
acompanhadas de náuseas, vômitos e suores frios, dificultando o equilíbrio e a marcha.
Segundo Rigo (2001), o ruído gera também alterações de humor, falta de atenção e
de concentração, cansaço, inapetência, cefaleia, ansiedade, depressão e estresse.
Quando o indivíduo é submetido à tensão em ambientes com níveis elevados de ruído,
ocorre aumento dos índices de adrenalina e cortizol plasmático, que possibilitam o aumento da
prolactina, que gera diminuição da potência sexual (COSTA, 1994 apud CARMO, 1999).
Gomez (1983 apud MEDEIROS, 1999) afirma que a ação do ruído ocupacional pode
ocasionar diminuição do peristaltismo e da secreção gástrica, com aumento da acidez, en-
joos, vômitos, perda do apetite, dores epigástricas, gastrites e úlceras e alterações que
resultam em diarreia ou mesmo prisões de ventre.
Outro efeito do ruído é sua interferência na profundidade e qualidade do sono, surtindo
efeitos no dia a dia do trabalhador, principalmente em tarefas que exijam concentração.
50
4º Rotatividade dos trabalhadores nos locais mais ruidosos, para diminuir a dose de
ruído equivalente por cada trabalhador;
5º Utilização de protetores auriculares (auscultadores ou tampões);
6º Avaliação periódica da dose de exposição e audiometrias.
Vibração
Atenção!
51
ser definidos por legislação nacional ou recomendados por normalização
nacional e/ou internacional.
Para reduzir a vibração no lugar de trabalho muitos países produz-
Ergonomia iram legislação nacional que, normalmente, requer a implementação de
controle de vibração, através de medição, e necessitam contar com os
seguintes aspectos:
• Medidas disponíveis/conhecidas;
• Determinar a periodicidade;
• Possibilidades para redução de vibração na fonte;
• Planejamento apropriado;
• Obtenção e instalação de máquinas e equipamentos.
Atividades
Complementares
1. O que se deve levar em consideração no diagnóstico ergonômico?
52
5. O que é IHC?
Saiba mais!
53
O Fator Humano é invocado na análise de catástrofes industriais,
acidentes com trens, navios petroleiros, aviões, acidentes de trabalho. Em
geral, à noção de Fator Humano está associada a ideia de erro, falha, falta
Ergonomia cometida pelos operadores.
A FALHA HUMANA
É importante salientar que nem sempre a falha é, de fato, humana. Irá aparecer como
resultado indesejável entre as interações homem-máquina ou homem-ambiente.
Dejours afirma que, sendo a atividade correta previamente conhecida, para se con-
siderar a falha humana há dois grupos de hipóteses possíveis:
Atenção!
a) Erros de Percepção
Relacionados à falha de um dos órgãos sensitivos do corpo humano ou bloqueio
na percepção.
Esse bloqueio pode ocorrer de quatro formas:
• Estereotipando – definido pelo dicionário como a compreensão muito generalizada,
preconcebida e empobrecida de algo; ideia repetitiva, sem originalidade.
• Dificuldade em isolar o problema – temos que ter a capacidade de isolar o problema
dentro da complexidade de todas as informações reais e imaginárias disponíveis.
Os problemas podem ser obscurecidos por pistas inadequadas ou informações
misturadas. Uma pergunta que deve ser feita é: “Será este produto defeituoso
devido à negligência dos operários ou a uma falha no processo de produção, ou a
um defeito na máquina, ou mesmo a uma falha no treinamento?”
54
• Tendência a restringir demais a área do problema – às vezes é difícil isolar
adequadamente o problema, e é difícil, também, não restringi-lo demais. Temos
a tendência de criar restrições à solução do problema, criar ou supor certas
regras e condições.
• Inabilidade em ver o problema de vários pontos de vista – a habilidade em explorar
pontos de vista distintos pode conduzir a soluções mais criativas e melhores e que
agradem a um número maior de pessoas.
b) Erros de Decisão
São os erros devidos a uma avaliação incorreta. O indivíduo falhou no momento da
avaliação da atividade.
Se o indivíduo não consegue efetuar a avaliação correta a sua decisão pode ser falha.
A decisão tanto mais fácil será quanto mais experiência o indivíduo tiver.
c) Erros de Ação
Ocorrem devido aos atos musculares inadequados. O indivíduo não tem a força ou
resistência suficiente para realizar determinada atividade ou o músculo não sustenta o corpo.
Presente em situações de trabalhos exaustivos e em que não há tempo de recuperação da
fadiga muscular.
Violação
São ações deliberadas e intencionais por parte do operador, contrariando as regras
ou procedimentos de segurança vigentes.
O mais importante, neste caso, é identificar por que o indivíduo está contrariando as
regras. Ou as regras são exageradas? Qual o grau de insatisfação com o trabalho?
Acidente de trabalho
Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho
permanente ou temporário.
55
A ação do homem pode provocar ou contribuir para o acidente
de 4 formas:
• Iniciando o evento, com a falha direta ou indireta com consequência
Ergonomia imediata ou retardada;
• Através de decisões absurdas, mesmo ciente dos riscos;
• Agravamento das consequências através de uma atuação
inadequada, por exemplo, no resgate de vitimas;
• Decisões gerenciais inadequadas aos riscos existentes, contribuindo
para a diminuição das condições de segurança.
No trabalho de pé
A posição de pé é uma postura de difícil manutenção, visto que provoca fadiga mus-
cular ao nível do tronco e membros, implicando posturas assimétricas, quer no plano frontal,
quer de perfil, que dão lugar a descompensações mais ou menos graves.
A maior parte do trabalho em pé implica movimento. Quando isso não acontece,
os estudos indicam que as pessoas preferem trabalhar sentadas, desde que os as-
sentos sejam bons.
Para se estar em pé confortavelmente deve-se ter os pés ligeiramente afastados e a
mesa precisa de espaço para os pés se projetarem debaixo dela com estabilidade.
O tronco deve ficar ereto, ligeiramente fletido para frente, visto que temos de olhar
para o trabalho que estamos realizando, mas sem desfazer a lordose lombar fisiológica;
fazendo parte da forma do nosso corpo, sendo necessária.
A altura ideal para uma bancada será ligeiramente abaixo do cotovelo, para permitir
que o antebraço e mão trabalhem abaixo do mesmo, impedindo a tensão exagerada que
iria provocar ao nível dos membros superiores e pescoço, se a bancada fosse mais alta.
56
Também o tronco não deverá estar inclinado para frente sobre uma superfície baixa.
Para nos facilitar ainda mais o trabalho, o tampo da mesa deve ter uma ligeira inclinação,
facilitando o acesso a zonas afastadas com menos movimento ou esforço.
Atenção!
• Para engomar, devemos regular a altura da tábua de maneira que, quando pegamos
no ferro, o cotovelo esteja semifletido e colocarmo-nos a meio do comprimento da
tábua para facilitar o movimento. No entanto, quando nos temos que deslocar para
engomar, devemos fazê-lo à custa das pernas, movendo o tronco em conjunto.
Nunca devemos fazer torções do tronco com as pernas fixas. Quando permanecemos
durante muito tempo a engomar, para além de fazermos intervalos, podemos fazer
períodos em que nos encostamos a uma parede e aproximamos bem a tábua do
nosso corpo, ajudando, assim, a descarga dos membros.
• A arrumação de prateleiras no local de trabalho deve ser pensada meticulosamente.
As coisas pesadas e aquelas a que recorremos com maior frequência devem estar
nas prateleiras do meio. Isto evita que nos curvemos muitas vezes para pegar
grandes objetos e que tenhamos a tentação de nos equilibrarmos precariamente
num outro objeto próximo e ter que nos esticarmos para chegar onde queremos.
Assim, se queremos ir buscar um objeto que está na prateleira de cima, vamos
buscar um banco para que, quando tirarmos o objeto, a prateleira esteja à altura
dos ombros.
• Se o objeto estiver rente ao chão, devemos nos abaixar à custa da flexão das pernas,
e não nos inclinarmos por flexão do tronco. Devemos fazer o mesmo sempre que
manipulamos um objeto junto ao chão, como, por exemplo, fazer a cama ou vestir
uma criança que está em pé no chão. Podemos pôr a criança em cima de uma mesa
ou então sentamo-nos ou ajoelhamo-nos, ficando, assim, tudo no mesmo plano.
57
• Para transportarmos um peso de um lado para o outro devemos,
primeiramente, saber como erguê-lo do solo. Esta manobra causa
uma sobrecarga brusca, e por vezes brutal, na coluna vertebral.
Ergonomia Segundo a postura adotada, que determina a capacidade da coluna
para a tolerar e a posição do objeto mais ou menos afastado da
linha e centro de gravidade do corpo, podemos dizer que um peso,
mesmo pequeno, pode multiplicar a sua nocividade. As malas a
tiracolo devem ser colocadas cruzando o corpo, aproximando-a e
elevando o peso em relação ao corpo. Quando se pode dividir os
objetos a transportar, devemos dividir por dois volumes simétricos,
mesmo à custa de não dispor de uma mão livre.
• Quando transportamos um objeto que tem rodas devemos empurrá-lo, quer seja
um carrinho de bebê ou um carrinho de compras.
Empurrar provoca menos sobrecarga à coluna do que arrastar.
Pois o arrasto, é feito de forma assimétrica, só com um braço e em rotação do
tronco, o que pode ser menos perigoso.
• Para movimentar um objeto, como uma caixa pesada, o melhor é encostar o tronco
completamente, ficando, assim, com toda a coluna apoiada, empurrar para trás, à
custa do peso do corpo e da força das pernas.
Para pegar num objeto a coluna deve estar o mais protegida possível. Devemos
mantê-la estabilizada e não exigir rotações ou inclinações associadas com esforços.
Convém estar o mais próximo possível do objeto, com os pés ligeiramente afastados.
Dobramos as pernas, pegando, assim, no objeto com as duas mãos e o elevamos
com a força da extensão das pernas.
• Quando um objeto só pode ser erguido com uma mão, a forma mais correta é
aproximar pelo lado e se agachar para pegar, como citado acima.
Para transportar pesos podemos considerar várias formas corretas.
Um peso indivisível deve ser transportado o mais próximo possível do tronco e
suportado à frente com as duas mãos ou com alças, e atrás também, de maneira
a distribuir o peso entre os ombros e a pelve.
Um exemplo são as mochilas, quando utilizadas corretamente.
Posição sentada
A cadeira deve estar o mais próximo possível da mesa para que não seja necessária
a inclinação do tronco para frente no manuseio de material de trabalho.
A posição de sentado produz um pouco mais de carga na coluna do que a de pé. Uma
atitude deficiente de inclinação para frente pode triplicar esta carga.
A altura da mesa deve ser igual à do antebraço. A cadeira deve possuir apoios para
os antebraços para que os ombros fiquem em relaxamento.
No trabalho sentado precisamos estar mais atentos, pois a sobrecarga na coluna e
nos ombros é elevada.
58
A RELAÇÃO CORPO E TRABALHO
Saiba mais!
Castellani Filho (1991) diz que havia a necessidade de se implantar uma mão
de obra fisicamente adestrada e capacitada.
Na expressão acima verifica-se que a ideia de adestrar o corpo refletia o interesse em-
preendedor da época. O objetivo era educar os corpos dos trabalhadores e continuar a perpetuação
do seu poder. Manter os trabalhadores obedientes, que produzissem e não questionassem.
Os interesses giravam em torno da produção, cabendo ao homem apenas manipular
corretamente as máquinas, fazendo com que o processo fosse o mais ágil possível.
Minayo-Gomez e Thedim-Costa (1997) lembram que a relação entre trabalho e a saúde/
doença constatada desde a Antiguidade e exacerbada a partir da Revolução Industrial, só veio a ser
foco de atenção muitos anos mais tarde, com os prejuízos significativos aos setores devido ao cresci-
mento assustador do índice de afastamentos dos trabalhadores pelas doenças ocupacionais.
O modelo administrativo-produtivo que se iniciou na Revolução Industrial manteve-se
durante muitas décadas, e hoje ainda encontramos algumas características nas empresas.
Segundo Dejours (1992), as reivindicações operárias já apareciam durante as duas
grandes guerras mundiais. “A luta pela sobrevivência deu lugar à luta pela saúde do corpo.
A palavra de ordem da redução da jornada de trabalho deu lugar à luta pela melhoria das
condições de trabalho, segurança higiene e prevenção das doenças.
A condição de trabalho era tão desfavorável que os trabalhadores obtiveram a ideia
de tempo-livre, considerado o período de liberdade, comando exclusivo do indivíduo. Nesse
momento começa a aparecer o lazer, justamente para ocupar este tempo-livre.
A relação entre trabalho e saúde é afetada pela organização do trabalho e por fatores psi-
cológicos relacionados ao trabalho, podendo contribuir para o aparecimento de disfunções.
Vários fatores associados ao trabalho concorrem para a ocorrência de doenças
ocupacionais:
• A repetitividade de movimentos;
• A manutenção de posturas inadequadas;
• O esforço físico;
• A invariabilidade de tarefas;
• A pressão mecânica sobre determinados segmentos do corpo;
• O trabalho muscular estático;
• Impactos e vibrações.
59
Atenção!
Ergonomia
A intensificação do ritmo, da jornada e da pressão por produção
e a perda acentuada do controle sobre o processo de trabalho por parte
dos trabalhadores (fatores relacionados à organização do trabalho), têm
sido apontados como os principais determinantes para a disseminação
da doença, segundo Assunção & Rocha (1995).
Saúde Mental e Trabalho – uma das áreas que tem se desenvolvido ultimamente em
termos de pesquisa é a psicologia da saúde relacionada ao trabalho. O trabalho pode ser
60
o causador de várias disfunções psicológicas dependendo de suas características psicos-
sociais e físicas, afetando, assim, a saúde mental dos trabalhadores.
Os acidentes de trabalho causam prejuízos a toda a sociedade, que paga seus im-
postos e perde investimentos em saúde preventiva, educação, segurança e lazer.
Isto também quer dizer que o contribuinte acaba arcando com o prejuízo. A empresa,
que muitas vezes perde mão de obra altamente especializada e vê sua imagem como cor-
poração comprometida, constata a queda brusca na produtividade durante o período de
acomodação e assimilação da ocorrência, além de assumir por força de lei os gastos diretos
com hospital, medicamento, apoio psicossocial e, muitas vezes, com reparação judicial.
O governo também perde com pagamento de pensões e, como consequência, vê a
efetivação de suas políticas frustradas pela alocação de verbas para pagamento de pensões
e aposentadorias precoces.
Contudo, nada se compara aos danos sofridos pelos trabalhadores e por suas famílias
na forma de redução de renda, interrupção do emprego de familiares, gastos com acomoda-
ção no domicílio em outras localidades para tratamento, além da dor física e psicológica e
do estigma do acidentado ou doente.
Ou seja, além do ônus financeiro, o afastamento do trabalhador por doença ocupa-
cional costuma acarretar em acometimentos de ordem psicológica e social para o indivíduo
acometido. Isto porque o adoecimento crônico, com consequente afastamento ocupacional,
pode levar à perda da identidade individual, que é construída através do trabalho. Já não há
mais o trabalhador, não importando a sua função.
Ele agora é o ex-empregado e essa denominação costuma ser bastante “pejorativa”
e mal aceita. O indivíduo já não é capaz de realizar com presteza funções antes facilmente
realizadas. Desse modo, ele passa a ser um doente e ex-trabalhador. E essa posição cos-
tuma ser de difícil aceitação pelo indivíduo acometido, bem como por todos aqueles que o
rodeiam, o que torna seus relacionamentos pessoais bastante difíceis.
As exigências e os fatores de estresse no trabalho precisam estar equilibrados com
a capacidade dos trabalhadores para que eles não envelheçam funcionalmente. Há ne-
cessidade de uma avaliação contínua dos agentes que desencadeiam sintomas, lesões e
61
doenças e das melhorias das condições de trabalho, procurando soluções
para incrementar o equilíbrio da relação entre capacidade e demandas do
trabalho. Essas soluções são baseadas em estudos sobre o ambiente de
Ergonomia trabalho, as alterações fisiológicas, as mudanças na capacidade para o tra-
balho e, em especial, na influência da organização e dos aspectos físicos e
ergonômicos no trabalho.
É enfatizada a necessidade de flexibilização das tarefas e a identificação de requi-
sitos específicos para promover a saúde na população de trabalhadores que perderam a
capacidade funcional para o trabalho. Também é recomendado que se leve em conta o estilo
de vida e as condições de trabalho, com o objetivo de otimizar a capacidade funcional e a
saúde de trabalhadores. Ao mesmo tempo promover eficiência econômica e produtiva para
garantir que a habilidade e experiência sejam totalmente utilizadas.
Podemos observar que as empresas de seguridade social não querem se responsabilizar
pelo grande número de afastamentos, informando que a culpa, na maioria das vezes, é da em-
presa, pois esta não prepara o ambiente de trabalho, sujeitando os trabalhadores a doenças.
Atividades
Complementares
1. O que é fator humano?
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6. Quais os riscos do trabalho na posição em pé?
9. O que é afastamento?
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Glossário
Ergonomia
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▄ LONGEVIDADE – Qualidade prestada a quem tem muita idade.
▄ LORDOSE – Curvatura normal, de convexidade anterior, da coluna vertebral. Quando
acentuada, é chamada de hiperlordose.
▄ MONOTONIA – Maneira de viver sem alteração nos hábitos, falta de variedade das
atividades.
▄ NECROSE – Morte de um tecido ou parte de um organismo.
▄ NEGLIGÊNCIA – Termo que traduz falta de cuidado ao realizar alguma atividade.
Comumente é utilizado como sinônimo de descuido, desleixo ou preguiça.
▄ NÍVEIS HIERÁRQUICOS – Níveis de ordenação, relacionado à ordem.
▄ PENOSIDADE – Pode ser considerada uma modalidade de indenização destinada a
algumas atividades por tornar sua atividade profissional mais sofrida.
▄ POSTUROGRAFIA – É o registro de variáveis associadas à postura humana. Pode
ser estática ou dinâmica
▄ PREMÊNCIA – Exercer pressão, necessidade, urgência.
▄ SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO – É a parte do Sistema nervoso que está relacionada
ao controle da vida vegetativa. Pode ser dividido em Simpático e Parassimpático.
▄ TÉDIO – É um sentimento humano que representa um estado de falta de estímulo ou
da presença de uma ação ou estado repetitivo.
▄ VETADO – Desaprovado, proibido.
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Referências
Bibliográficas
Ergonomia
ALBRECHT, Karl. O gerente e o estresse: faça o estresse trabalhar para você. 2.ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
DUL, Juan. Ergonomia prática. 2 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.
LIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.
PMAC. Exposição ao ruído; norma para proteção de trabalhadores que trabalham em atividades
com barulho. Revista Proteção, Rio de Janeiro, V. 6, n. 29, p. 136-138, 1994
66
POSSIBOM, Walter Luiz Pacheco. NRs 7, 9 e 17: métodos para a elaboração dos programas.
São Paulo, 2001.
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FTC - EAD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ead.ftc.br