Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O verbo cuidar apresenta elevada carga semântica, devido a sua utilização em diversos
contextos para significar diferentes operações: como cuidar de alguém enfermo, cuidar
de si e/ou de seus objetos pessoais. Deteremo-nos no conceito do cuidar de alguém que
se encontra adoecido e/ou dependente.
Hernández (2002), define a origem do termo cura a partir de duas dimensões: o curar e
o cuidar. Enquanto a ação de curar seria uma ação sanitária, aplicável às ciências
médicas: A ação de cuidar transcende o marco do sanitário e é preciso considerá-lo de
um modo mais global e relacioná-lo, como recorda sua etimologia, com o exercício de
curar. Para curar alguém, é necessário cuidar e evitar que sofra uma enfermidade, isto é,
para prevenir, também é necessário cuidar. E por outro lado, a ação de cuidar, incluindo
as praticadas aos enfermos denominados incuráveis, tem efeitos curativos, ainda que
forem apenas detectáveis no plano interior do enfermo. Para curar bem é necessário
cuidar. O cuidar é anterior ao curar. (HERNÁNDEZ, 2002).
O cuidar e o cuidado seriam “[...] uma relação que se caracteriza pelo fato da pessoa que
cuida estar no mundo da outra pessoa que é merecedora de cuidado, numa interação
durante o ciclo de vida” (FURLAN et al., 2003).
Sena et al. (1999), relatam cinco categorias sobre o cuidar, desde o cuidar como uma
característica humana, cuidar como um imperativo moral ou ideal, cuidar como forma
de afeto e de carinho, cuidar como um aspecto das inter-relações pessoais e cuidar como
intervenção profissional, referindo-se ao cuidar no caso dos profissionais de
enfermagem.
Para Brotchie e Hills (1991), o cuidar, além de uma atitude de amor e interesse por outra
pessoa, é: geralmente considerado um atributo positivo – um sinal de comportamento
maduro e civilizado. A capacidade de uma sociedade cuidar de seus membros menos
afortunados é a marca do seu desenvolvimento.
Como o cuidado pode ser interno ou externo, quando o relacionamos com o início da
ação, ou seja, cuidar-se ou ser cuidado por alguém, indicaria que este não é uma ação
unilateral, porque ora cuidamos ou somos cuidados, e o resultado final seria único para
a garantia do viver ou do sobreviver. Experenciamos assim, no transcorrer de nossa
existência, diversas situações de cuidar e ser cuidado, que implica em conceitos como
reciprocidade e solidariedade, e a troca não geraria sentimentos de dependência
(DUARTE; BARROS, 2000).
Santos et al. (2002), relatam que a história do cuidado se encontra no espaço privado da
família, relacionado com o cuidar materno, cuidar da família e a transmissão de
experiências para as gerações posteriores. Mas que a ação de cuidar se apoia em bases
científicas, com dimensões histórico-existenciais (o aprendido), dimensões estrutural-
profissionais e dimensões psicoafetivas.
Os autores complementam que: O cuidar nos exige uma atenção para o estado de bem-
estar como esperança de nascer, viver e morrer – esperança de viver para criar espaços
nas instituições e condições nas quais a natureza exerça sua força para manter o bem-
estar ou promover a recuperação após o mal-estar. [...] As estratégias para a prática de
cuidar e de ensinar a cuidar: conhecer o sujeito que se encontra no mundo da vida, no
seio da família, no espaço social com outros ou sozinho consigo mesmo; intervir e
interagir com ele na perspectiva de melhorar seu bem-estar; construir com ele um
espaço de comunicação, transformação e produção de saberes e tecnologias,
considerando os aspectos econômicos, culturais, políticos e sociais; encontrar espaço
para ensinar crianças, adolescentes e adultos a tornarem-se cidadãos em equilíbrio com
sua ecologia, entendendo-o como imaginários ou reais; procurar espaços de
encantamentos para reflexão e discussão de modos de viver, de ser e de estar no mundo,
numa perspectiva transcultural e transdisciplinar. (SANTOS et al., 2002).