Você está na página 1de 78

E-BOOK PROJETO AUDIO TALKS

SISTEMA
AUDITIVO:
DIAGNÓSTICO
AUDIOLÓGICO
ADULTO E
INFANTIL

FGA. DRA. MAYRA PIRES


Olá!
Eu, a Fga. Ms. Natália Fernandes e a Fga. Esp.

Juliana Coutinho com o objetivo de proporcionar

conhecimento, nos unimos nesse projeto chamado

Áudio Talks para elaborar E-books com temas da

Audiologia que possam auxiliar o profissional na sua

prática clínica e no processo de aprendizagem para

consolidar conhecimentos que sempre causam

dúvidas.

O objetivo desse E-book é rever alguns conceitos

que englobam o diagnóstico audiológico do adulto e

infantil para te auxiliar a fechar os casos clínicos

com mais precisão e com base nos princípios do

cross-check auditivo cruzando os resultados dos

exames de audiometria tonal, logoaudiometria,

testes de Weber audiométrico, imitânciometria,

reflexos acústicos e emissões otoacústicas.

Desenvolvi também alguns exercícios para te auxiliar

a pensar melhor nos procedimentos de tomada de

decisão em relação ao raciocínio audiológico.

As imagens das curvas timpanométricas e

audiograma foram cedidas gentilmente pela Fga.

Dra. Taise Sena para esse E-book.

Espero que goste do material. Até a próxima!

Fga. Dra. Mayra Pires

CRFa 2-9263 2
Sumário

1.Conceitos importante para a Audiologia......................... 5


2.Quais são os exames comportamentais na audiologia. 11
3.Como é realizado o teste de Weber Audiométrico........ 18
4.Agora vamos entrar na parte de audiometria infantil... 20
5.Sobre testes de logoaudiometria infantil.................... 27
6.E a logoaudiometria na criança?................................. 32
7.E as medidas objetivas da via auditiva........................ 37
8.Imitânciometria........................................................... 38
9.E os reflexos acústicos?............................................... 46
10.Vamos falar agora sobre as emissões otoacústicas.. 53
11.Exercícios para raciocínio do cross-check auditivo.. 60
12.Respostas dos casos clínicos..................................... 64
13.Referências bibliográficas......................................... 73

3
A AUDIÇÃO HUMANA É
MUITO OBJETIVA, POIS
QUANDO ENVIAMOS UM
ESTÍMULO PARA A
AUDIÇÃO HÁ UM
RETORNO, COMO
PODEMOS OBSERVAR POR
MEIO DAS EMISSÕES
OTOACÚSTICAS
E DOS POTENCIAS
EVOCADOS AUDITIVOS,
SEJA POR UM MEIO
ELETROACÚSTICO OU
ELETROFISIOLÓGICO,
SOMOS CAPAZES DE
OBTER UMA RESPOSTA
AUDITIVA DO PACIENTE.

4
Para que o fonoaudiólogo compreenda melhor a

Audiologia clínica é necessária a compreensão de

algumas terminologias de Acordo com alguns

conceitos de Durant (1995) e Menezes (2018), sendo

essas:

Via aérea: caracteriza-se pelo caminho de

condução do som que passa pelas estruturas da

orelha externa até atingir a orelha interna. De

acordo com o tipo de perda auditiva é possível

reestabelecer a audição da via aérea com o uso

de aparelhos auditivos. Quando o som ocorre por

via aérea, a sensação de intensidade sonora é

maior que por via óssea.

Via óssea: caracteriza-se pelo caminho de

condução do som que é transmitido pela vibração

da via óssea do crânio. Em casos de microtia que

pode acontecer por um fator embrionário (não

existência de meato acústico externo - MAE), é

possível restabelecer a audição por via óssea por

determinados tipos de aparelhos de amplificação

sonora. Quando a intensidade do som ocorre por

via óssea, a sensação de intensidade é menor que

por via aérea.

5
  Gap aéreo-ósseo: significa a diferença entre um

limiar de via área e via óssea em uma mesma

frequência, como por exemplo, em 1.000Hz na via

aérea temos o limiar de 35 dB e na via óssea 15

dB, temos o gap aéreo-ósseo no valor de 20 dB.

Frequência sonora em Hertz (Hz): é o número de

ciclos que ocorrem por segundo, como por

exemplo, 500 Hz corresponde a 500 ciclos por

segundo.

Decibel: Corresponde à escala logarítmica

utilizada para medir a intensidade sonora (dB).

Limiar auditivo: menor resposta encontrada para

responder a um determinado estímulo auditivo por

frequência, como na audiometria.

6
Nível de pressão sonora (NPS): de uma forma

simples para o fonoaudiólogo entender quando

utilizamos essa medida para a Audiologia, o NPS

corresponde a intensidade ou pressão sonora da

força das partículas de ar que é correspondido

por uma determinada equação. Quando

aumentamos a intensidade do estímulo do

audiômetro de 5 em 5 dB é multiplicada a

intensidade sonora conforme a devida equação.

Utilizamos o NPS para medir os sons gerais por

meio de equipamentos específicos.

Nível de Audição (NA): também para explicar de

forma simples, o dBNA é uma medida utilizada no

audiômetro equivalente à frequência testada. De

acordo com o padrão Internacional da ISO foi

estabelecido um padrão convertido do NPS para o

dBNA para facilitar a aplicação clínica do exame.

O 0 dB audiométrico condiz com um estudo que

determina a média de limiares de jovens adultos

com audição normal.

7
Nível de sensação (NS): utilizamos essa medida

quando precisamos aumentar a intensidade do

audiômetro acima de uma valor, como na

logoaudiometria ou nos testes de avaliação do

processamento auditivo, como por exemplo,

quando colocamos a intensidade do estímulo de

fala 40dBNS acima da média tritonal (500, 1000 e

2000 Hz).

Sound Pressure Level (SPL): medida utilizada para

saída do estímulo acústico em exames como

emissões otoacústicas e potenciais evocados

auditivos.

8
Vamos relembrar o funcionado o sistema auditivo de

uma forma resumida e didática para compreender os

exames audiológicos e mensuração de respostas. De

uma forma didática, dividimos a via auditiva

periférica em três partes, segundo Momensohn-

Santos et al.  (2005):

Orelha externa: a orelha externa é constituída pelo

pavilhão auricular, MAE e se limita até a membrana

timpânica. O MEA conduz a energia sonora acústica

mecânica até a membrana timpânica. É importante

que o fonoaudiólogo tenha como rotina a inspeção

do MEA com o otoscópio, pois a presença de excesso

de cera e quando não é possível visualizar a

membrana timpânica torna-se inviável a realização

de qualquer exame auditivo.

Orelha média: após a passagem da energia sonora

pela membrana timpânica, temos a orelha média que

corresponde a um espaço preenchido por ar na parte

petrosa do osso temporal. Temos três ossículos, o

martelo, a bigorna e o estribo que em um mecanismo

de alavanca  amplificam a energia mecânica.

9
Na orelha média temos dois músculos, o tensor do

tímpano e o músculo estapédio, que é um ramo do

VII par craniano, sendo esse de extrema importância

para o fonoaudiólogo conhecer o seu mecanismo,

devido aos reflexos acústicos. Nessa orelha também

temos a tuba auditiva que é responsável por

equalizar a pressão de ar da orelha média com a

orelha externa.

Orelha interna: a energia mecânica é transmitida

para a orelha interna por meio dos líquidos cocleares

e então temos a transformação da energia mecânica

para a energia elétrica, por meio das células ciliadas

da cóclea. Essa energia elétrica é conduzida ao

nervo auditivo e segue em direção ao tronco

encefálico e estruturas auditivas corticais que são a

base para a compreensão dos potenciais evocados

auditivos.

10
Na Audiologia temos exames comportamentais, que

dependem da resposta do paciente e os exames

objetivos que são respostas automáticas e não

dependem da resposta do paciente.

Quais são os exames comportamentais na


Audiologia Clínica?
a) Audiometria tonal: O objetivo desse exame é

estabelecer o limiar de audição do paciente nas

frequências de 250 a 8.000Hz.

Em relação aos tipos de perda auditiva, podemos

considerar:

1) Perda auditiva condutiva: esse tipo de perda

auditiva está relacionado a um quadro que pode ser

transitório, como as infecções de orelha média (otite

média serosa ou crônica), ou casos de otosclerose na

sua fase inicial.

Nesse tipo de perda auditiva encontramos os

seguintes resultados na audiometria tonal, de acordo

com os critérios de Silman e Silverman (1997):

Limiares de de via óssea menores ou iguais a 15

dBNA e miliares de via aérea maiores que 25

dBNA, com gap aéreo-ósseo maior ou igual a

15dBNA. O estimando para o gap aéreo-ósseo é no

máximo 60 dB para perdas auditivas condutivas.


11
2) Perda auditiva mista: esse tipo de perda auditiva

pode estar relacionado quando existe de um quadro

de perda auditiva condutiva na orelha média e há

acometimento também da orelha interna, como em

casos de otosclerose avançada.

Nesse tipo de perda auditiva encontramos as

seguintes características na audiometria tonal,

segundo Silman e Silverman (1997):

        

Limiares de via óssea maiores que 15 dBNA com

limiares de via área maior que 25dBNA, com gap

áreo-ósseo maior ou igual a 15dBNA.

3) Perda auditiva neurossensorial : esse tipo de

perda auditiva aparenta estar relacionado quando

há comprometimento na orelha interna, mais

especificamente na cóclea ou nervo auditivo como

em casos de ototóxidade e neurinoma do acústico.

Conforme Silman e Silverman (1997) podemos

encontras os seguintes resultados na audiometria

tonal:

Limiares de via óssea maiores que 15 dBNA e

limiares de via área maiores que 25 dBNA, com

gap aéreo ósseo até 10 dBNA.

12
Na Figura abaixo temos os exemplos de audiogramas

conforme o tipo de perda auditiva.

O grau da perda auditiva também é de extrema

importância para quantificar a perda auditiva em

leve, moderada, severa e profunda. Se guie sempre

pela média tritonal para estabelecer o grau da

perda auditiva e não pelas outras frequências

distribuídas no audiograma, quando as outras

frequências estão diferentes da média tritonal

devemos nos guiar pela configuração audiológica.

      Existem algumas classificações para adultos

que o fonoaudiólogo pode utilizar que são de livre

escolha, porém é importante descrever no laudo qual

a classificação adotada. As mais utilizadas são:

13
Lloyd e Kaplan (1978). Para essa classificação utiliza-

se a média tritonal de 500, 1000 e 2000 Hz da

audiometria em cada orelha.

Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS)

com base na média nas frequências de 500, 1000,


2000 e 4000 Hz sugeriu a seguinte tabela:

14
Como expliquei anteriormente, devemos nos basear

pela média tritonal (ou das quatro frequências

conforme a OMS em 2004) para estabelecer o grau

da perda auditiva e descrever a configuração da

perda auditiva utilizamos a tabela de Silman e

Silverman (1997) que foi baseada em  Carhart (1945)

e Lloyd e Kaplan (1978).

15
No laudo audiológico sempre devemos

descrever o tipo, grau e configuração da perda

auditiva, assim como se é unilateral ou bilateral,

simétrica ou assimétrica.

O Conselho Federal de Fonoaudiologia


desenvolveu uma cartilha gratuita para tentar

padronizar o laudo audiológico que se chama “Guia

de Orientações na Avaliação Audiológica Básica”. É

só procurar no google. Alguns princípios sobre

Audiologia básica desse E-Book foram realizados

com base nessa cartilha.

16
Dicas importantes para realizar audiometria:

1) Verifique sempre a queixa do paciente, pois em

casos de zumbido o ideal é usar o tom pulsátil para

que não seja confundido com o zumbido.

2) O tom “warble” é mais indicado para audiometria

em crianças, por chamar mais atenção para o

estímulo auditivo.

3)Em casos de colabamento do MAE pode ser

utilizada a oliva da imitânciometria para realizar

audiometria tonal.

3) É válido sempre reposicionar o fone do paciente

quando a frequência de 6.000 Hz estiver pior que

que as outras devido à onda estacionária.

4) Realizar a pesquisa de limiar nas frequências

intermediárias (750 Hz e 1500Hz) quando houver

diferença de 20 dBNA entre as frequências

adjacentes, pois auxilia no processo de protetização

auditiva.

5)  Use de rotina o teste de Weber audiométrico


para confirmar um componente condutivo ou

neurossensorial em casos de perda auditiva


unilateral ou assimétrica.

17
Como realizar o teste de Weber audiométrico?

Faremos uma adaptação do teste de diapasão de

Weber (1834) com o vibrador ósseo do audiômetro.

Esse teste compara a captação entre as vias ósseas

do paciente que geralmente lateraliza para a cóclea

mais íntegra, por isso realizamos em casos de


perdas auditivas unilaterais ou assimétricas.
De acordo com Momensohn-Santos et al. (2005),

colocamos o vibrador ósseo no meio da testa do


paciente e pedimos para ele levantar a mão do
lado que o som chegou mais alto. Para realizar o

Weber audiométrico devemos testar as frequências

de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz com o seguinte

cálculo:

O resultado da via óssea da orelha direita +

orelha esquerda em uma determinada frequência,

dividir esse valor por dois (/) e somar + 15 dB a esse

resultado.

Vamos exemplificar: 

Frequência de 500 Hz por via óssea OD: 30 dB + OE:

60 dB = 90dB/2 = 45 +15 dB = 60 dBNA de

intensidade para realizar o Weber audiométrico na

frequência de 500Hz. O mesmo cálculo deve ser

realizado e testado nas frequências de 1000, 2000 e

4000 Hz por via óssea.


18
Podemos encontras os seguintes resultados:

Indiferente ( ↔ ): quando o paciente não sabe de

qual lado veio o som.

Lateralização para a orelha com melhor audição:


geralmente é um resultado compatível com perda

neurossensorial, pois a melhor cóclea percebeu mais

rápido o som.

Lateralização para a orelha com pior audição :


geralmente é um resultado compatível com perda

auditiva condutiva ou mista, pois há um aumento do

efeito de oclusão que melhora o nível de sensação

de intensidade diante de uma perda condutiva, o

que faz com que cóclea perceba mais rápido o som.

Utiliza-se o símbolo ← quando há lateralização para

a direita e → quando há lateralização para a

esquerda. A marcação fica semelhante ao exemplo

abaixo:

Grande parte dos softwares para avaliação

audiológica tem espaço para preenchimento do

Weber audiométrico.

19
Agora vamos entrar na parte de audiometria
infantil, pois esse é um tema que merece um

capítulo à parte na Audiologia e nesse E-book, por

causar dúvidas em muitos fonoaudiólogos. A

Audiologia comportamental infantil é sempre um

desafio, pois geralmente são necessários dois

avaliadores e cooperação da criança que nem

sempre conseguimos de início e as vezes precisamos

finalizar os procedimentos em duas ou três sessões.

Em crianças é sempre importante priorizar as


frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz por via
aérea. Muitas vezes não conseguimos obter
respostas precisas por via óssea devido ao uso
do mascaramento clínico, sugiro tentar realizar a
óssea livre e completar com os exames objetivos
para determinar o tipo de perda auditiva.

Minha sugestão é realizar todos os procedimentos

em uma orelha primeiramente (audiometria e testes

de percepção de fala) e caso seja necessário marcar

uma segunda sessão para terminar a outra orelha.

20
Para quem trabalha com Audiologia infantil é ideal o

uso de determinados instrumentos para avaliação,

como:

Fone de inserção – Esse tipo de fone além de

causar mais conforto para a criança e menos

estranhamento, diminui as chances de uso do

mascaramento clínico por via aérea.

Caixas com reforço visual – Para realizar a

audiometria de reforço visual (VRA) que é

indicado em crianças abaixo de dois anos.

Brinquedos de encaixe – É recomendando ter

esse tipo de brinquedo para a técnica do

condicionamento e são facilmente encontrados em

lojas.

Brinquedos em geral - Como ursos de pelúcia e

algo que chame a atenção da criança para

distraí-la quando temos que tirar a atenção das

caixas do VRA.

Paciência e dedicação para obter respostas


auditivas consistentes - Somente a avaliação

eletrofisiológica pode não ser o suficiente para o

fechamento do caso clínico.

21
Vamos agora realizar a audiometria comportamental

de acordo com a idade cronológica e o

desenvolvimento cognitivo da criança para a busca

dos limiares auditivos nessa população infantil,

conforme os pressupostos teóricos de Northern e

Downs (2002).

Audiometria com reforço visual (VRA):


Esse tipo de exame pode ser realizado a partir

dos seis meses de idade em crianças com

desenvolvimento típico, pois permite que a criança

localize o estímulo visual para facilitar a resposta

para o avaliador.

O procedimento para o exame é condicionar a

criança, ou seja, toda vez que aparecer um estímulo

visual na caixa, o avaliador aperta o estímulo

auditivo do audiômetro. Depois que a criança já

estiver condicionada, o avaliador deve

primeiramente apertar o estímulo auditivo do

audiômetro e depois acender o estímulo visual para

garantir que a criança esteja respondendo para o

estímulo auditivo e não somente para o visual.

    É importante sempre começar com estímulos

auditivos mais altos para condicionar a criança e

assim que percebermos o condicionamento, ir

abaixando de 10 em 10 dB na busca do limiar

auditivo.
22
Na maioria dos casos é indicado realizar o VRA em

crianças de seis meses até por volta do início dos

três anos, pois as crianças mais velhas podem perder

facilmente o interesse pelo estímulo visual.

Audiometria Condicionada:
      Esse tipo de audiometria é indicado quando a

criança tem por volta de três anos de idade e

provavelmente já perdeu o interesse pelo estímulo

visual e então será possível condicioná-la com

brinquedos de encaixe. Nessa idade podemos pensar

também em inserir o fone tradicional TDH, porém

sabemos que aumenta as chances do uso do

mascaramento clínico em perdas auditivas

assimétricas e unilaterais por via aérea.

            Seguimos o mesmo padrão de condicionamento,

porém nesse caso temos um segundo avaliador que

colocará nele e na criança a peça do brinquedo na

orelha para condicioná-la com o som. Em casos de

muitas dificuldades para brinquedos de encaixe,

sugiro pegar um pequeno balde e condicionar a

criança jogar as peças do brinquedo no balde

quando escutar. É importante começar com estímulos

altos e diminuir de 10 em 10 dB para a busca do

limiar em cada frequência.

23
Diferente da classificação da audiometria adulta

para a perda auditiva, sugere-se o uso da

classificação de Northern e Downs (2002) até os

sete anos, para casos de verificação de perda

auditiva infantil, pois crianças são suscetíveis a

comprometimentos de orelha média, como otite

média secretora e assim podemos intervir de forma

mais rápida na presença de quadros condutivos que

podem prejudicar o desenvolvimento de fala e

prejudicar o rendimento escolar.

E a via óssea em crianças pequenas?

Nem sempre é fácil buscar pelos limiares auditivos

da via óssea em crianças pequenas, o que sugiro é

se guiar por outros exames, como a imitânciometria

para se supor se existe um componente condutivo ou

neurossensorial naquela orelha e até muitas vezes

utilizar exames eletrofisiológicos por via óssea.

24
E a partir de qual idade a criança já pode
realizar a audiometria com os parâmetros
convencionais?

Em crianças com desenvolvimento típico, sugere-se a

realização da audiometria tradicional a partir dos

cinco anos com a técnica de levantar a mão para

evitar falsas respostas com a pêra do audiômetro.

Na avaliação audiológica infantil temos que

sentir o que é adequado para a criança no momento

do atendimento, por isso é de extrema importância

ter o conhecimento das técnicas empregadas. No

caso da audiometria com observação


comportamental (BOA) essa técnica é mais utilizada

como uma triagem auditiva e estimativa da audição

para verificar se a criança responde para sons de


fraca, média e forte intensidade e não estima os
limiares auditivos. Prioriza-se por técnicas no

audiômetro, porém a BOA fornece informações

importantes sobre estimativa auditiva em crianças

pequenas acompanhada de outros exames auditivos

Caso o paciente apresente uma perda auditiva

unilateral, provavelmente a melhor orelha responderá

para a BOA.

25
Na minha experiência clínica com crianças
deficientes auditivas, o tambor sempre foi o
melhor instrumento para realizar a pesquisa do
reflexo cócleo-palpebral devido o resíduo
auditivo em frequências graves.

Abaixo segue a tabela de instrumentos com a devida

faixa de frequências, segundo Russo e Santos (1994).

26
Sobre testes de Logoaudometria

Os testes de fala são extremamente importantes na

avaliação audiológica, tanto de crianças, quanto de

adultos pois podem confirmar os limiares auditivos, o

que pode influenciar em toda a conduta do paciente

em relação ao uso de aparelhos auditivos e também

direcionar o médico otorrinolaringologista para o

fechamento de caso clínico ou pedido de exames

adicionais, pois o índice de reconhecimento de fala

(IPRF) traz informações importantes sobre a

integridade coclear e do nervo auditivo.

O ideal é realizar os testes logoaudiométricos


gravados para evitar variabilidade de resposta,
porém se não for possível respeite os limites do
VU meter. O indivíduo avaliado não pode olhar a
boca do avaliador para não realizar leitura
labial.

Para adultos ou crianças maiores usamos os

seguintes testes logoaudiométricos, segundo Russo

et al. (2005):

27
1) Limiar de Reconhecimento de fala ou da sigla
em inglês SRT.
Esse teste logoaudiométrico tem como objetivo

confirmar a média tritonal de frequências de 500,

1000 e 2000 Hz por meio da repetição de uma lista

de trissílabos ou polissílabos.

Para realizar o teste é necessário iniciar pela

intensidade de 30 dB acima da média tritonal e

diminuir a intensidade de 10 em 10 dB até que o

indivíduo acerte 50% de um conjunto de quatro

palavras.

É de extrema importância buscar pelo menor

resultado no SRT para confirmar a média tritonal com

resultados igual aquela média ou 10 dB acima. Em

casos que o SRT não esteja de acordo com a média

tritonal, refaça o SRT e reavalie os limiares das

frequências de 500, 1000 e 2000 Hz em busca de

exatidão. A lista de palavras mais utilizada é a Russo

e Santos (1993).

2) Limiar de detectabilidade de fala ou da sigla


em inglês SDT.
Esse teste logoaudiométrico tem como objetivo

verificar a intensidade mínima de fala que um

indivíduo é capaz de detectar,


28
pois é indicado realizar esse teste em pacientes com

perda severa a profunda que tem pouca habilidade

de percepção de fala.

Podemos iniciar esse teste pela técnica

ascendente (do silêncio para o som) repetindo as

sílabas pa pa pa pa pa e pedir para o paciente

levantar a mão quando escutar o som. Para ser

considerada a resposta do SDT o paciente deve

acertar 50% da apresentação de fala na intensidade

proposta.

Os resultados do SDT geralmente estão de

acordo com a média tritonal ou com o melhor limiar

entre as frequências de 250 a 2000 Hz.

3) Índice de Reconhecimento de fala ou da sigla


em inglês IPRF.
Esse teste logoaudiométrico é muito importante

para direcionar o diagnóstico clínico do paciente,

pois está relacionado à integridade coclear e do

nervo auditivo.

Por que pacientes com quadros condutivos


apresentam bons resultados no IPRF? Porque a
cóclea está íntegra e o paciente só precisa de
intensidade mais alta para escutar melhor.
29
Por outro lado, em quadros de perda

neurossensorial em que temos acometimento coclear

ou do nervo auditivo, podemos encontrar um

reconhecimento de fala ruím e quanto pior é o

reconhecimento de fala no IPRF desconfia-se de um

quadro retrococlear (comprometimento no

nervo auditivo). Russo et al. (2005) por exemplo,

descrevem que costumavam encontrar em sua prática

clínica um IPRF de 88% a 60% de acertos em casos

cocleares e resultados abaixo de 60% de acertos em

casos retrococleares.

O IPRF é realizado em uma intensidade fixa de

30 a 40 dB acima da média tritonal do paciente, que

deverá repetir uma lista de monossílabos ou

dissílabos. Na prática clínica utiliza-se a lista de

monossílabos e não existe consenso na literatura

para quando seria esperado realizar a lista de

dissílabos, a indicação mínima seria a partir de 88%

de acertos em monossílabos, porém alguns serviços

estipulam o mínimo de 72% para a realização de

dissílabos e isso pode variar de acordo com cada

protocolo clínico.

Para realizar a análise de resultados do IPRF


é só estipular que cada erro do paciente equivale
a 4% . Vamos exemplificar, se o paciente erra quatro

palavras da lista equivale a 84% de acertos. 30


A lista de monossílabos mais utilizadas é a de Pen e

Mangabeira Albernaz (1993) e dissílabos de Russo e

Santos (1993).

O objetivo desse E-book não é o mascaramento


clínico, porém destaca-se a importância desse
procedimento na logoaudiometria, assim como na
via aérea e óssea!

31
E a logoaudiometria na criança?

Ao contrário da audiometria comportamental

que propõe técnicas diferentes de acordo com a

idade da criança, na logoaudiometria não temos um

padrão muito bem estabelecido, pois tem crianças

que não querem falar durante o exame e como

dependemos das respostas delas, podemos utilizar

algumas técnicas para confirmar os limiares

auditivos da média tritonal por meio do SRT de

acordo com Northern e Downs (2002):

1. Pedir para a criança mostrar as partes do


corpo: nesses casos o avaliador deve fazer
perguntas como “cadê o seu nariz?”, “cadê a sua

boca?" e abaixar a intensidade de 10 em 10 dB. Os

parâmetros de intensidade e confirmação de

respostas são os mesmos do SRT para adultos.

2. Pedir para a criança apontar figuras: nesses

casos escolhe-se de duas a três figuras e mostra-se

antes da criança entrar na cabina para saber se

ela reconhece quais são. O avaliador mostra duas

ou três figuras pelo vidro da cabina e fala “mostra

para mim o abacaxi” ou “mostra para mim a

melancia” e diminui a intensidade como descrito no

item acima. Até o presente  momento não temos

medidas padronizadas de figuras para

logoaudiometria no mercado, sugiro utilizar as

figuras do teste de linguagem infantil ABFW (2002).


32
Northern e Downs (2002) enfatizam que por
volta de cinco anos, uma criança que tenha o
desenvolvimento cognitivo típico já pode
responder para medidas tradicionais de
logoaudiometria. Para essas crianças podemos
tentar usar a lista de dissílabos no IPRF por ter
mais pistas semânticas para facilitar o
reconhecimento auditivo, porém se não houver
dificuldades pode ser realizada a lista de
monossílabos.

33
Um parâmetro de extremamente importância para

avaliação dos testes de percepção de fala infantil

são os sons de Ling (1976) que são seis sons entre as

frequências baixas, médias e altas que encontram-se

na tabela abaixo conforme a comparação com cada

frequência e a média de intensidade que o som é

perceptível auditivamente:

Os sons de Ling podem ser usados com os


seguintes objetivos:

Confirmar limiares auditivos em crianças

pequenas: os sons de Ling são quase um SDT, pois

podemos verificar se o paciente detecta o som em

uma determinada frequência cruzando a

informação, como por exemplo: se no VRA, a

criança responde para a frequência de 1000 Hz

por volta de 45 dB e detecta o /a/ em 40 dB,

podemos confirmar que de fato esse limiar de

1000Hz é verdadeiro.

34
Nos sons de Ling geralmente encontramos

melhores resultados do que nos limiares auditivos,

pois o som de fala é mais atrativo para a criança

do que o tom puro.

Os sons de Ling também podem ser utilizados em

crianças para confirmar os limiares auditivos na

avaliação do ganho funcional, que tem o objetivo

de determinar os limiares auditivos obtidos com

aparelhos auditivos e implantes cocleares.

Em crianças maiores que tem percepção do som e

são usuárias de aparelhos auditivos ou implante

coclear, podemos utilizar os sons do Ling para

realizar ajustes, como por exemplo, se a criança

não detecta ou discrimina o /a/ dos outros sons,

podemos aumentar um pouco o ganho ou a

corrente elétrica na banda de frequência próxima

ao /a/.

É importante ressaltar que ao realizar os sons de

Ling, o avaliador deve estar com a boca coberta

por um bastidor ou papel para realmente avaliar o

paciente de forma auditiva.

35
a
36
E as medidas objetivas para avaliação da via
auditiva?

Existem medidas que são automáticas e que

podem nos auxiliar no diagnóstico audiológico,

porém devemos analisá-las sempre cruzando com as

informações comportamentais. É o que chamamos de

cross-check auditivo, pois devemos pensar que

equipamentos podem ser falhos e temos que garantir

que as informações se completem para garantir um

diagnóstico audiológico preciso.

Na Audiologia clínica temos como medidas

objetivas para contribuir com o diagnóstico

audiológico: a imitânciometria, as emissões

otoacústicas e o potencial evocado auditivo de

tronco encefálico (PEATE) que não será abordado

nesse E-book devido sua alta complexidade e por ter

o E-book específico da Fga. Ms. Natália Fernandes

somente para o PEATE.

Vamos abordar agora os temas que causam


dúvidas sobre imitânciometria e reflexos
acústicos!

37
A imitânciometria é uma medida eletroacústica

muito importante para verificar as possíveis

condições da orelha média. Por meio dessa medida

podemos verificar a integridade da movimentação do

sistema tímpano-ossicular, assim como a integridade

do arco-reflexo (Carvallo, 2003).

É muito importante que o fonoaudiólogo


compreenda que não podemos realizar a
imitânciometria em orelhas operadas sem o
pedido médico, pois em casos de estapedectomia
(colocação de próteses para otosclerose) quando
inserimos pressão por meio da sonda podemos
deslocar a prótese ou até mesmo causar  maior
abertura de membrana timpânica em casos de
perfurações timpânicas mínimas.

38
Atualmente existem equipamentos automáticos

que realizam a imitânciometria, porém é necessário

entender algumas medidas que podem estar

descritas nesses equipamentos como:

Ear volume: equivale ao volume encontrado na orelha

externa. Quando existe um valor muito discrepante,

podemos suspeitar de perfuração timpânica.

Compliance: equivale ao valor do pico da curva

timpanométrica e está relacionado à mobilidade

máxima do sistema tímpano-ossicular diante da

pressão.

Pressure: equivale à pressão que houve o pico da

curva timpanomêtrica.

Gradient: essa medida ajuda a diferenciar quando

existe pico na curva timpanométrica em casos de

curvas muito baixas. Geralmente considera-se que a

curva teve pico quando existe uma valor igual ou

maior que 0.2.

39
De acordo com Jerger (1970), podemos classificar
as curvas timpanométricas em algumas
categorias:

Curva tipo A: está relacionada à normalidade do

sistema tímpano-ossicular, ou seja, provavelmente

não há algum comprometimento de orelha média,

porém não é descartada a presença de perda

auditiva neurossensorial.

Na curva A encontramos a compliância de 0.3 a 1.6

para a normalidade dessa curva, mostrando

integridade de orelha média.

40
Curva tipo As ou Ar:   a característica desse tipo de

curva timpanométrica é uma curva muito baixa que

nos mostra pouca mobilidade do sistema tímpano-

ossicular. Geralmente encontramos essa curva em

casos mais avançados de otosclerose ou quando o

paciente está entrando ou saindo em um processo

infeccioso na orelha média. É importante olharmos


os valores do gradiente em equipamentos
automáticos para verificar se existe mesmo pico
ou se é uma curva B.

Na curva As ou Ar encontramos a complacência até

0.2. Para verificar se há pico nessa curva precisamos

olhar para o gradiente que deve ser acima de 0.2

indicado que há de fato o pico da curva.

41
Curva tipo Ad: nesse tipo de curva timpanométrica

podemos encontrar uma flacidez de membrana

timpânica que pode estar presente em casos de

disjunção de cadeia ossicular ou em casos de otites

de repetição.

Na curva Ad, os valores de compliância são maiores

que 1.6, mostrando a flacidez da membrana

timpância.

42
Curva tipo B: Essa curva é encontrada em casos de

rigidez total do sistema tímpano-ossicular e não há

presença de pico e é comum estar presente em

casos de otite média secretora. Devemos sempre

retestar se a posição da sonda está correta ou se

está posicionada nas paredes do MAE. Geralmente


o gradiente encontra-se abaixo de 0.2 indicando
que não há pico.

Na curva B não encontramos pico, há somente uma

curva plana na timpanometria. Devemos olhar os

valores do gradiente que são menores que 0.2,

sugerindo que a curva de fato não tem pico.

43
Curva tipo C: Nesse tipo de curva timpanométrica

podemos encontrar pressão negativa na orelha

média por uma disfunção tubária, que significa que o

paciente pode estar entrando em um quadro

infeccioso ou saindo dele. É sempre importante


realizar a via óssea do paciente em casos de
curva C e audiometria com limiares normais, pois
pode haver o início de um componente condutivo,
principalmente em crianças.

Na curva C podemos encontrar uma pressão

negativa na orelha média. Devemos olhar para o

resultado da pressão no equipamento, pois o pico da

curva ocorrerá acima de -100 daPa.

44
É importante
salientar que o tom padrão da
sonda para realizar a
imitânciometria
é 220 ou 226 Hz,
porém em bebês de até nove
meses recomenda-se utilizar a
sonda de 1000Hz, pois devido
ao tamanho e ressonância do
conduto do bebê, a curva A
pode ser um falso-positivo que
pode interferir na falta de
conduta adequada
em quadros condutivos
Joint Committee Infant Hearing
(JCIH-2019)

45
E os Reflexos Acústicos?

De acordo com Carvallo (2003), os reflexos

acústicos se referem à contração do músculo

estapédio diante de uma alta intensidade e são

medidas importantes para comparar com os


limiares da via área sempre com os reflexos
contralaterais que são mensurados em dBNA, a
mesma medida encontrada na pesquisa dos
limiares auditivos no audiômetro.

É importante enfatizar que o reflexo acústico é

eliciado nas duas orelhas de forma simultânea e que

podemos captá-lo de forma ipsi e contralateral,

porém é importante ter conceito de via aferente (via

sensorial) e via eferente (via motora) para entender

quando os reflexos estão ausentes e presentes. Para

falar sobre o reflexo acústico vamos relembrar da

fisiologia do arco-reflexo ipislateral e contralateral.

No reflexo acústico ipsilateral a sonda capta a

resposta da via aferente e eferente na mesma

orelha, ou seja, o sinal e enviado pela sonda e a

resposta daquela mesma orelha é captada pela

sonda. A via aferente leva o sinal de baixo para

cima por meio do nervo VIII par para o tronco

encefálico (via sensorial)


46
e a via eferente manda a resposta pelo nervo VII

par (núcleo motor facial) que é responsável pela

contração do músculo estapédio (via eferente) que

fica na orelha média. No reflexo acústico ipsilateral

a medida é realizada em dBNPS. Abaixo segue o

esquema do arco-reflexo ipsilateral.

Esquema baseado em Momensohn- Santos et al. (2005).

47
Agora vamos falar um pouco sobre o arco
reflexo acústico contralateral. A aferência está
onde o sinal é apresentado, no lado do fone.
Dessa forma dizemos que o reflexo acústico, por

exemplo, na orelha esquerda que está com o fone é

o contralateral da orelha esquerda e significa a

aferência da orelha esquerda , ou seja, que leva o

estímulo de baixo para cima na via auditiva (via

sensorial). A eferência está relacionada à captação

da resposta na orelha contralateral, ou seja, quem

capta a resposta é a sonda da orelha oposta como

resposta do VII par da orelha contralateral (via

motora) na orelha média. Abaixo segue o esquema

do arco reflexo-acústico da orelha contralateral.

Esquema baseado em Momensohn-Santos et al. (2005).


48
Como descrevi anteriormente, sempre precisamos

comparar os resultados do reflexo acústico

contralateral que são medidos em dBNA e realizado

nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz com

os limiares psicoacústicos. Se os reflexos acústicos

contralaterais estiverem presentes entre 70 e 100 dB

acima no limiar da via área, provavelmente estão

presentes em níveis normais (Jerger et al., 1987).

Em neonatos e crianças que ainda não respondem

bem para a audiometria, podemos estimar os limiares

auditivos nessas frequências por meio do reflexo

acústico contralateral. Em bebês é comum encontrar

a presença dos reflexos acústicos contralaterais

entre 60 a 90 dB acima do limiar nas frequências de

500 a 2000 Hz (Kankkuen e Lidén, 1984).

Devido ao tamanho e aumento da pressão sonora no

MAE do neonato é indicado usar a intensidade de

até 105 dB para a pesquisa do reflexo acústico

(American Academy of Audiology, 2019). A pesquisa

dos reflexos acústicos também deve ser realizada

com a sonda de 1000Hz em bebês de até nove meses

(JCIH, 2019).

49
Quando encontramos diferenças menor ou igual a

60 dB entre os reflexos acústico contralaterais e os

limiares psicoacústicos de via aérea podemos

desconfiar de um possível recrutamento, que está


associado ao aumento anormal da sensação de
intensidade do som e devemos levar essa medida
em consideração na adaptação de aparelhos
auditivos. Por outro lado, quando encontramos

reflexos acústicos contralaterais acima de 100 dB do

limar psicoacústico, podemos desconfiar do

decrutamento que está geralmente presente em


casos retrococleares (Jerger e Jerger, 1989).

Algo que sempre causa dúvidas é a ausência e

presença de reflexos em possíveis patologias

auditivas, porém se você souber como funciona a

fisiologia do arco-reflexo acústico baseando na

aferência e eferência irá facilitar o raciocínio.

50
O primeiro passo é ter aferência para

desencadear o reflexo acústico, ou seja, o

paciente deve ter limiar suficiente para

desencadear o reflexo que ocorre de 70 a 100 dB

acima daquele limiar. Em casos de perda auditiva

severa e profunda, é possível que o paciente não

tenha intensidade suficiente para o VIII par

encaminhar o estímulo para o tronco encefálico

(via sensorial). Quando há também algum

comprometimento do VIII par ou nas vias do tronco

encefálico até o complexo olivar superior, será

difícil desencadear o reflexo acústico pela via

aferente.

Comprometimentos de orelha média podem alterar

a eferência do reflexo acústico, tanto ipsi, quanto

contralateral, como em casos de perdas


auditivas condutivas, pois na via eferente é

necessário a integridade do VII par (via motora) e

orelha média.

Para desencadear o reflexo acústico, tanto a

aferência quanto a eferência devem estar

íntegras. Caso haja algum comprometimento

nessas vias, provavelmente irá dificultar o

aparecimento do reflexo acústico ipsi e

contralateral. Tenha sempre isso em mente!


51
Cocléa – VIII par (aferência- via sensorial) → Tronco

Encefálico → VII par e orelha média (eferência-via

motora).

52
Vamos falar agora sobre as emissões
otoacústicas!

Segundo Carvallo (2003), as emissões

otoacústicas, assim como a imitânciometria são

medidas eletroacústicas que estão relacionadas a

função pré neural da orelha interna e se referem à

contração das células ciliadas externas, que podem

ser mensuradas de duas formas em relação à

integridade da função coclear, sendo essas de

acordo com Kemp (1978) e Durrant e Lovrinic (1995):

Emissões otoacústicas transientes: são

captadas por meio de um microfone com

estímulo click ou tone burst por bandas de

frequências geralmente na faixa de 300 a

5kHz com intensidade por volta de 80 dBSPL.

Com as emissões otoacústicas não é possível

captar um limiar auditivo, mas estimar que na

ausência de resposta há possivelmente uma

perda auditiva a partir de 30 dB, por isso

utiliza-se esse tipo de exame na triagem

auditiva neonatal, pois se o bebê falha,

provavelmente há uma perda auditiva que

pode ser de 30 dB até uma perda auditiva

profunda, sendo necessário realizar a busca

por limiares auditivos por meio de outros

exames.
53
Emissões otoacústicas por produto de
distorção: também correspondem a sons
gerados pelas células ciliadas externas, porém

são evocados por estímulos diferentes, por

dois tons puros em uma faixa de frequência

mais ampla que as transientes, que está

geralmente por volta de 0,5 kHZ a 8 kHz e com

a intensidade de F1 por volta de 65 dBSPL e F2

por volta de 55 dBSPL. Também não é possível

prever o limiar auditivo, mas estima-se que

esse tipo de emissão otoacústica capte

perdas auditivas a partir de 45/50 dB, por isso

esse tipo de estímulo não é utilizado na

triagem auditiva neonatal, pois não seria

capaz de detectar uma perda auditiva leve. As

emissões otoacústicas por produto de

distorção por ter uma faixa mais ampla de

frequências do que as transientes, pode ser

utilizada para gerenciamento de perda

auditiva induzida por ruído e ototoxidade.

54
Em qualquer tipo de emissões otoacústicas
são necessários alguns pré-requisitos para que
não interfira na resposta encontrada. É
necessário que a estabilidade da sonda esteja
maior que 70% no equipamento e que o exame
seja realizado em ambiente silencioso, se
possível na cabina acústica para evitar ruídos
externos na realização do exame em consultório.

É importante
ressaltar que as
emissões otoacústicas
sofrem influência da
orelha média
e somente é possível
captar as respostas
sem alterações condutiva.

55
Como podemos verificar se houve respostas nas
emissões otoacústicas?

De acordo com Durante et al. (2005), as

emissões otoacústicas são diferentes do limiar

psicoacústico, pois são medidas eletroacústicas

geradas pela contração das células ciliadas externas

para verificar se houve um “passa falha” de

respostas cocleares. Temos que verificar sempre se a

resposta teve reprodutibilidade de no mínimo 50% e

a relação sinal/ruído, ou seja, as emissões

otoacústicas devem apresentar um determinado valor

acima do ruído para serem consideradas como

respostas.

56
Para emissões otoacústicas transientes

considera-se a relação sinal/ruído maior que 3

ou 6 dBNPS. Os critérios de “passa falha” é de

acordo com cada protocolo, pois geralmente

considera-se essa resposta em uma janela de

milissegundos. Pereira et al. (2007) em um

programa de triagem auditiva neonatal

consideram presença de respostas quando a

relação sinal/ruído estava acima de 3dB em

1000 ou 1500 Hz e acima de 6dB nas

frequências de 2.000 e 4.000 Hz. No estudo

de Onada et al. (2011) foi considerada

resposta quando estava 6 dB acima do ruído

nas bandas de frequências entre 1.500 e 3.800

Hz em neonatos. A American Academy of

Audiology (2019) considera como presença de

resposta para as emissões otoacústicas

transientes a relação sinal/ruído maior que 3 a

6 dB na maioria das bandas de frequências

testadas. A região de 2000 a 4000 Hz pode

ser mais sensível para separar quem tem

perda auditiva de normo-ouvintes.

Para as emissões otoacústicas produtos de

distorção considera-se resposta quando há

relação sinal/ruído maior que 6 dBNPS em ao

menos três frequências (Durrant e

Lovrinic,1995).

57
A American Academy of Audiology (2019)

também considera como presença de resposta

para as emissões otoacústicas por produto de

distorção a relação sinal/ruído maior que 3 a 6

dB na maioria das bandas de frequências

testadas. A região de 1500 a 6000 Hz pode ser

mais sensível para separar quem tem perda

auditiva de normo-ouvintes.

Correlação entre a imitânciometria e as emissões


otoacústicas!

Quando há falha nas emissões otoacústicas,

devemos sempre realizar a imitânciometria

para verificar se é por algum fator condutivo.

Quando há falha nas emissões otoacústicas e

encontramos curva A na imitânciometria,

devemos sempre verificar os reflexos


acústicos contralaterais para ter uma

estimativa dos limiares auditivos nas

frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz.

A presença de emissões otoacústicas e

ausência dos reflexos acústicos com curva

timpanométrica tipo A,  pode ser indicativo do

espectro da neuropatia auditiva que deve ser

complementado com outros exames para a

confirmação do diagnóstico.

58
Emissões Otoacústicas → Imitânciometria  →
Reflexos Acústicos Contralaterais.

Sabendo da importância do Cross-check auditivo


para cruzar os exames, sendo eles
comportamentais e objetivos para fornecer um
diagnóstico audiológico mais preciso, separei
alguns exercícios para fixar o raciocínio clínico.

59
Exercícios para raciocínio do cross-
check auditivo.

Paciente com 7 anos compareceu para


realizar audiometria por encaminhamento
fonoaudiológico devido a dificuldades de
aprendizagem. Família relata que a criança
se queixa muito de sensação de orelha
tampada, principalmente na orelha direita e
encontramos os seguintes resultados na
audiometria tonal:

a) Qual resultado poderíamos encontrar no IPRF

desse paciente?

b) Qual resultado poderíamos esperar no teste de

Weber audiométrico e qual o resultado do cálculo da

intensidade para o teste de acordo com cada

frequência?

c) Qual curva esperada na timpanometria? Teríamos

reflexos acústicos ipsi e contralaterais presentes?

d) O que podemos esperar das emissões otoacústicas

nesse caso clínico?

60
Paciente com 64 anos, usuário de AASI
bilateral com queixas de que está sentindo
dificuldades para escutar desde a última
regulagem que foi há um ano atrás e com
sensação de desconforto para sons altos,
principalmente na orelha esquerda.
Encontramos os seguintes resultados na
audiometria tonal:

a) Qual resultado poderíamos encontrar no IPRF

desse paciente?

b) Qual resultado poderíamos esperar no teste de

Weber audiométrico e qual a intensidade para

aplicação do teste de acordo com cada frequência?

c) Qual curva esperada na timpanometria? Teríamos

reflexos ipsi e contralaterais presentes nesse caso?

d) O que podemos esperar das emissões otoacústicas

nesse paciente?

61
Criança de 2 anos, mãe relata que sente que
a criança escuta mal na orelha esquerda e
tem dificuldades para localizar da onde vem
o som desde há alguns meses. A criança
conseguiu condicionar bem para o VRA por
via aérea e óssea. Sendo assim, encontramos
os seguintes resultados:

a) Quais resultados podemos esperar para os sons de

Ling?

b) E em relação a imitânciometria e aos reflexos

acústicos ipsi e contralaterais? o que podemos

esperar?

c) Podemos aguardar quais respostas nas emissões

otoacústicas?

62
Um bebê de três meses que falhou nas
emissões otoacústicas transientes na
maternidade, voltou para o reteste e falhou
novamente nas duas orelhas. Na
imitânciometria encontramos curva tipo B
bilateral.

a) Quais são os resultados esperados para os

reflexos acústicos?

b)  Você faria alguma avaliação comportamental?

c) Se esse bebê tivesse com curva timpanométrica

tipo A, o que mais você faria para complementar o

exame? Faria algum encaminhamento?

63
Respostas dos casos clínicos

Caso clínico 1 - De acordo com os achados da

audiometria, o paciente apresenta perda

auditiva condutiva bilateral e podemos esperar

os possíveis resultados nas questões abaixo.

a)  Na logoaudiometria poderíamos esperar um IPRF

por volta de 100 a 92% de acertos, pois o paciente

apenas precisa de intensidade para escutar melhor e

não apresenta comprometimento coclear.

b) No teste de Weber audiométrico é muito provável

que o paciente lateralize as respostas para a orelha

direita, pois devido ao pior quadro condutivo, há um

aumento do efeito de oclusão, o que faz com que a

cóclea da orelha direita perceba o som mais rápido.

O teste poderia ser realizado nas seguintes

intensidades:

64
Lembre-se do cálculo da intensidade que
consta neste E-book e que arredondamos
números quebrados (como 27,5) para
maiores (30). Em perdas auditivas
mistas, podemos esperar respostas
semelhantes a quadros condutivos. Tudo
depende da integridade óssea de cada
orelha.

c) Devido à rigidez do sistema tímpano-ossicular

podemos esperar curva B bilateral na timpanometria

e ausência de reflexos acúticos bilateralmente: Ipsi:


lembre-se que temos a aferência e eferência na

mesma orelha e no caso clínico temos

comprometimento de orelha média. Contra: Mesmo

que haja intensidade para desencadear o reflexo

pela aferência, temos comprometimento de orelha

média na eferência bilateralmente.

d) Por se tratar de perda condutiva bilateral vamos

encontrar ausência de emissões otoacústicas

transientes e produto de distorção devido ao

comprometimento de orelha média.

65
Caso clínico 2 - De acordo com os resultados da

audiometria do paciente temos perda auditiva

neurossensorial bilateral e podemos pensar nos

seguintes resultados:

a) Em casos de perdas auditivas neurossensoriais

podemos esperar um resultado ruim para o

reconhecimento de fala do IPRF, pois dependemos da

integridade coclear para um bom desempenho nesse

teste e podemos esperar um desempenho pior na

orelha esquerda devido aos resultados da via óssea.

b)  No teste de Weber audiométrico podemos esperar

lateralização para a orelha direita devido aos

melhores resultados de via óssea dessa orelha, com

as seguintes intensidades para aplicação do teste:

c) Nesse paciente podemos pensar em encontrar

curva A bilateralmente na timpanometria por

ausência de comprometimento de orelha média.

66
Em relação aos reflexos acústicos ipsi e

contralaterais podemos encontrar resultados

presentes ou ausentes em ambas as orelhas, pois

podemos não ter intensidade suficiente para

desencadear respostas pela aferência (cóclea- VIII

par), principalmente na orelha pior (esquerda),

porém é um paciente que tem queixas compatíveis

com recrutamento auditivo e podemos encontrar

presença de respostas iguais ou com diferença

menor que 60 dB de acordo com o limiar

psicoacústico da via aérea.

Por exemplo:  na orelha direita temos o limiar de 50

dBNA na frequência de 500 Hz e para um resultado

normal poderíamos esperar resposta mínima com a

intensidade de 110 dB, porém em um caso de

recrutamento auditivo podemos encontrar resposta

por volta de 90 dBNA no reflexo acústico

contralateral.

d) De acordo com os resultados encontrados na

audiometria, podemos esperar emissões otoacústicas

transientes ausentes bilateralmente, porém por

produto de distorção podemos encontrar respostas

presentes na orelha direita e ausente na orelha

esquerda.

67
Caso clínico 3 - De acordo com os resultados

encontrados no VRA, temos uma perda auditiva

unilateral neurossensorial. A partir desses

resultados podemos esperar:

a) Na idade da criança do caso clínico podemos não

encontrar respostas tão consistentes para os testes

de logoaudiometria e os sons de Ling podem ser

nossos aliados para confirmar os limiares que

encontramos em crianças por técnicas de

condicionamento. Como existe uma perda auditiva

na orelha esquerda, podemos esperar os seguintes

resultados de detecção de fala para os sons de Ling,

que podem nos auxiliar a confirmar os limiares

auditivos:

No exemplo faltou os sons /m/ e /s/, porém é

sempre importante realizar todos os sons de Ling

para ter noção da percepção das frequências

aproximadas.

68
b) Em relação à timpanometria, podemos encontrar

curva A bilateral devido não haver aparentemente

comprometimentos de orelha média. Sobre os

reflexos acústicos:

Na orelha direita em relação ao reflexo ipsi temos

a aferência e eferência na mesma orelha que

aparentemente não tem nenhum comprometimento

no arco-reflexo por apresentar limiares normais. No

reflexo contra , temos o fone na orelha direita que

envia o estímulo (aferência) e quem capta a

resposta é a sonda na orelha esquerda (eferência),

como não há comprometimentos de orelha média ou

nervo facial na orelha esquerda, provavelmente esse

reflexo estará presente.

De acordo com o caso clínico, temos uma perda

auditiva neurossensorial na orelha esquerda nesse

paciente e um problema na aferência tanto no

reflexo acústico ipsi como contralateral , pois

talvez não haja limiar para desencadear o reflexo

que pode estar acima de 70 a 100 dB do limiar

psicoacústico de via aérea.

69
Embora não exista aparentemente problemas na

eferência para ambos os reflexos nesse caso,

podemos esperar tanto presença, quanto ausência

de reflexos acústicos na orelha esquerda por uma

questão de aferência na orelha esquerda por uma

questões de aferência e na orelha esquerda.

c)  Para as emissões otoacústicas, podemos esperar

presença de respostas por transientes e produto de

distorção na orelha direita que apresenta limiares

normais. Na orelha esquerda encontraremos

resultados ausentes nas transientes e poderemos

encontrar presença nas emissões otoacústicas por

produto de distorção.

70
Caso clínico 4 –  Baseado nos resultados
encontrados, provavelmente o bebê tem um
quadro condutivo nas duas orelhas, pois não
é possível captar resposta das emissões
otoacústicas com curva B bilateral, pois esse
curva sugere rigidez do sistema tímpano-
ossicular que pode ser por presença de
líquido na orelha média.

a) Pensando na fisiologia do arco-reflexo acústico,

temos a aferência e a eferência. Caso o bebê seja

normo-ouvinte, não teríamos um problema da

aferência (cóclea e VIII par), entretanto como há um

quadro condutivo, temos um problema na eferência

(VII par e orelha média) que nesse caso é devido ao

líquido presente na orelha média.

b) Por mais que nessa idade (três meses) não seja

possível realizar o VRA para buscar pelos limiares

auditivos, podemos aplicar a BOA para verificar se o

bebê reage aos sons. Em casos de perdas auditivas

condutivas, as respostas podem ser mais demoradas

e lentas para sons de média e alta intensidade.

71
c) Caso tivesse aparecido curva A com ausência de

emissões acústicas transientes, é um indicativo que

o bebê pudesse ter perda auditiva neurossensorial.

Não podemos esquecer de realizar a pesquisa dos

reflexos acústicos contralaterais que pode fornecer

informações importante sobre os limiares auditivos,

por exemplo, se há resposta por volta de 90 dBNA

em 1000 Hz, se há resposta por volta de 110 dBNA em

1000 Hz, pudemos supor que o limiar auditivo nessa

frequência pode estar por volta de 40 a 50 dBNA

por via aérea.

Seria importante encaminhar esse bebê para

realizar o diagnóstico audiológico com o PEATE e o

limiar eletrofisiológico por frequência específica.

72
Referências Bibliográficas

Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes, FDM,

Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil


nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e
pragmática. Pró-Fono, 2004.

American Academy of Audiology. Audiologic


Guidelines for the Assessment of Hearing in
Infants and Young Children. 2019.

American Speech-Language-Hearing Association.

Guidelines for the audiologic assessment of


children from birth to 5 year age. Rockville, MD:

American Speech-Language-Hearing Association;

2004.

Carhart, R. Classifying audiograms: an improved

method for classifying audiograms. Laryngoscope ;


1945 55: 640-62.

Carvallo, R.M.M. Medidas eletroacústicas da

audição. In Carvallo, R.M.M. Fonoaudiologia:


informação para a formação. São Paulo:

Guanabara; 2003.p. 1-22.

73
Durrant, J.D. & Lovrinic, J.H. Bases of hearing
science. 3rd ed. Baltimore: Williamns & Wilkins;

1995.

Durante, A.S.,Carvallo, R.M.M, Costa, T.S. & Soares,

J.C. Características das emissões otoacústicas por

transientes em programa de triagem auditiva

neonatal. Pró-fono. 2005; 17(2): 133-40.

Jerger, J. Clinical experience with impedance

audiometry. Arch Otolaryngol ; 92(4):311-24, 1970.

Jerger, J., Oliver, T.A. & Jenkins, H.

Suprathereshold abnormalities of the stapedius in

acoustic tumor: a series of cases reports. Ear and


Hearing. 1987, 8:131-139.

Jerger, S & Jerger, J. Alterações auditivas: um


manual para avaliação clínica. Atheneu: São

Paulo; 1989.

Kankkunen, A., & Lidén, G. Ipsilateral acoustic reflex

thresholds in neonates and in normal-hearing and

hearing-impaired pre-school children. Scandanavian

Audiology. 1984. 13, 139-144.

74
Kemp, D.T. Stimulated acoustic emissons from within

the human auditory system. J Acoustic Soc Am .


1978;64 (5):1386-91.

Menezes, P.L. Calibração para equipamentos que

avaliam potenciais evocados auditivos e

vestibulares. In: Menezes et al. Tratado de


eletrofisiologia para a Audiologia . Ribeirão Preto;

Booktoy; 2018.p. 39-52.

Ling, D.  Speech and the hearing-impaired child:


Theory and practice. Washington, DC; 1976.

Alexander Graham Bell Association for the Deaf.

Lloyd LL & Kaplan H. Audiometric interpretation: a


manual o basic audiometry. Baltimore: University

Park Press; 1978.

Momensohn-Santos et al. Determinação dos limiares

tonais por via aérea e via óssea. In: Momensohn-

Santos & Russo. Prática da audiologia clínica. São

Paulo: Cortez; 2005.p.67-96.

Momensohn-Santos et al. Anatomia e fisiologia do

órgão da audição e do equilíbrio. In: Momensohn-

Santos & Russo. Prática da audiologia clínica. São

Paulo: Cortez; 2005.p.67-96. 75


Mangabeira-Albernaz PL. Logoaudiometria. In:

Pereira LD, Schochat E. Processamento auditivo


central: manual de avaliação . São Paulo: Lovise;

1997. p. 37-42.

Northern, J. L. & Downs, M. P. Hearing in children.


5 ª edição. Lippincott, Williams e Wilkins,

Philadelphia, 2002.

Onoda, R. M., Azevedo, M. F. & Santos, A. M.

N.  Triagem auditiva neonatal: ocorrência de falhas,

perdas auditivas e indicadores de riscos. Brazilian


Journal of Otorhinolaryngology. 2011; 77(6), 775–

783.

Organização Mundial de Saúde – OMS,

2014.http://www.who.int/pbd/eafness/hearing_imp

airment_grades/em/ acesso em 25.04.2020.

Silman, S & Silverman, C. A. Basic audiologic

testing. In: Silman, S., Silverman, C. A. Auditory


diagnosis: principles and applications. San

Diego: Singular Publishing Group; 1997. P.: 44-52.

Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia. Guia de


Orientações na avaliação audiológica básica.
2017. 76
Pereira, P.K.S et al. Programa de triagem auditiva

neonatal: associação entre perda auditiva e fatores

de risco.  Pró-Fono R. Atual. Cient. 2007; v. 19,  n.

3, p. 267-278.

Robinette,M.S & Glattke, T.J. Otoacoustics


emissions-clinical application. New York: Thieme;

2002.

Russo, I.C.P et al. Logoaudiometria. In: Momensohn-

Santos & Russo. Prática da audiologia clínica . São

Paulo: Cortez; 2005.p.135-54.

Russo I.C.P & Santos M.T.M. A prática da


audiologia clínica. 4ed. São Paulo: Cortez; 1993.

Russo I.C.P & Santos M.T.M. Audiologia Infantil. 4

ed. São Paulo: Cortez; 1994.

Year 2019 Position Statement: Principles and

Guidelines for Early Hearing Detection and

Intervention Programs. The Joint Committee on


Infant Hearing. 2019; 4(2): 1–44

77
Fga.
Dra.
Mayra
Pires

CFRa 2-9263

DRA. MAYRA PIRES

78

Você também pode gostar