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Quarta-feira, 11 de Março de 2009 I SERIE - Número 10

,
BOLETIM DA REPUBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE transformações ocorridas nos órgãos judiciais. em especial no


que tange à carreira. gestão e disciplina dos juízes, ao abrigo do
disposto na alínea q) do n." 2 do artigo 1-79da Constituição, a
AVIS.O Assembleia da República determina:
Artigo I. É aprovado o Estatuto dos Magistrados Judiciais,
A matéria a publicar no «Boletim da República»
anexo à presente Lei e que dela faz parte integrante.
deve ser remetida em cópia devidamente autenticada,
. uma por cada assunto, donde conste, além das indi- Art, 2. É revogada a Lei n.· 10/91. de 30deJulho .
cações necessárias para esse efeito, o averbamento Art. 3. A presente Lei entra em vigor na data da sua publicação.
seguinte, assinado e autenticado: Para publicação no
-Botettm da República». Aprovada pela Assembleia da República, aos 30 de Outubro
de 2008 .
• • •••••• • • • •• • •• •• • • • ·e •••••••••
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim,
Mulémbwê.
SUMÁRIO Promulgada aos 23 de Janeiro de 2009.

Assembleia da República: Publique-se.


O !'residente da República, ARMANDO
EMíLIOGUEBUZA.
lei n." 712009:

Aprova o Estatuto dos Magistrados Judiciais, e. revoga a Lei


n." 10/91. de 30 de Jutho.

Lei n." 8/2009: ~statuto dos Magistrados Judiciais


Cria a categoria de Sub-Procurador-Geral Adjunto, na carreira. CAPÍTULO I
da Magistratura do Ministério Público.
Princípios Gerais
Lei n," 912009: ARTIGO]
Define o órgão de gestão c disciplina dos juízes da jurisdição (Âmbito de aplicaçlo)
administrativa. fiscal e aduaneira. I. As disposições do presente Estatuto aplicam-se a todos os
ma~istrados judiciais, qualquer que seja a situação em que se
Lei n." 1012009:
encontrem.
Regulao funcionamentodostribunaiscomunsquandojulgam crimes 2. O Estatuto aplica-se igualmente, com as necessárias
de natureza estritamente militar.
adaptações, aos Magistrados Judiciais que estejam em exercício
de funções por contrato ou por provimento em regime especial.
Lei n." 1112009:

Regula actos, negócios. transacções e operações de toda a rodcle. A!mG02


(Composição da Magistratura Judiciai)
•••••••••••••••••••••••••••••••
Constituem a Magistrarura Judicial os juízes profissionais
ASSEMBLEIA DA REPúBLICA do Tribunal Supremo e dos demais Iribunais judiciais definidos
porlei.
Lei n." 712009
de 11 de Março ARTIGO 3
(Função da Magistratura Judiciai)
Tornando-se necessário adequar o Estatuto dos Magistrados
Judiciais, aprovado pela Lei n.· 10/91. de 30 de Julho, à nova I. É função da Magistratura Judicial aplicar a lei, administrar a
reaiidade imposta pela Constituição e as exigências ditadas pelas justiça e fazer executar as suas decisões.
44 I SÉRIE--'NÚMERO la

3. Compete aos Tribunais Provinciais julgar os processos Lei n." 11/2009


relativos a crimes de natureza estritamente militar em que sejam de 11 de Março
arguidos oficiais subalternos e sargentos e aos tribunais distritais
Havendo necessidade de rever a Lei n." 3/96, de 4 de Janeiro,
julgar os praças, em razão do território ou da peno' aplicável.
Lei Cambial, de modo a adequá-la aos padrões de funcionamento
4. Compete ao departamento especializado da PoIrcia de de um mercado de livre circulação de pessoas, bens e serviços e,
Investigação Criminal, proceder à investigação dos crimes de por isso, desprovido de qualquer tipo de restrições nos
natureza estritamente militar, sob direcção do Ministério Público. pagamentos e transferências nas transacções correntes
internacionais e demais aspectos correlacionados, a Assembleia
ARTIGO 4 da República, ao. abrigo do disposto no nf' I do artigo 179 da
(Enquadramento) Constituição, determina:

l. São enquadrados nas magistraturas judiciais e do Ministério ARTIGO I


Público OS juízes, procuradores e oficiais de justiça militar dos (Objecto)
tribunais e procuradorias militares, desde que reúnam os
A presente Lei tem por objecto regular os actos, negócios,
requisitos fixados por lei. transacções e operações de toda a índole que:
2. Os magistrados militares e oficiais de justiça militar que não a) se realize entre residentes e não residentes e que resultem
reúnam os requisitos estabelecidos na lei são reenquadrados ou possam resultar em pagamentos ou recebimentos
nos quadros de origem, sem prejuízo dos direitos adquiridos sobre o exterior;
previstos nos Estatutos dos Magistrados Judiciais e do b) não reunindo os requisitos referidos na alínea anterior,
Ministério Público, respectivamente. seja qualificada por lei como operações cambiais.

3. O enquadramento referido no n." I do presente artigo é feito ARTIGO 2


nos termos da lei. (Âmbito de aplicação)

ARTIGOS 1. A presente Lei rege:


(Destino dos prócessos, livros e património) a) a realização de operações cambiais por pessoas singulares
ou colectivas não residentes, quando tais operações
Os processos existentes nos tribunais e procuradorias respeitem a bens ou valores situados em território
militares, bem como documentos, livros e patrim6nio a estes nacional'e direitos sobre esses bens ou valores, ou se
pertencentes transitam paraos tribunaisjudiciais e procuradorias. refiram a actividades exercidas no mesmo território;
respectivamente, com excepção do património pertencente às b) a realização, por residentes, de operações cambiais
Forças Armadas. referentes aos bens, valores ou direitos adquiridos
gerados ou situados no estrangeiro, sobre os quais
ARTIGO 6 impenda a obrigação legal de repatriamento;
(Meios materlsls) c) a realização, por residentes, de operações cambiais
Compete ao Governo dar destino aos meios materiais afectos referentes aos bens ou valores situados no território
aos tribunais e procuradorias militares. nacional ou direitos sobre esses bens ou valores.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se
ARTIGO?
actividades exercidas no territórionacional os serviços prestados,
(Dotação orçamental) a transmissão de direitos e os bens onerados .ou alienados,
A dotação orçamental atribuída aos tribunais e procuradorias quando situados, produzidos, utilizados ou explorados no país.
militares é incorporada nos orçamentos dos respectivos tribunais
ARTIGO 3
judiciais e procuradorias.
(ReSidência cambiai)

ARTIGO 8 1. Para efeitos da presente Lei, são considerados residentes


(Revogaçã o) em território nacional:
a) os cidadãos nacionais que residam em Moçambique ou
É revogada a Lei n." 11I8?, de 23 de Setembro, e demais
legislação que contrarie o previsto na presente Lei.
cuja permanência no estrangeiro não exceda um ano;
b) os cidadãos nacionais cuja permanência no estrangeiro,
ARTIGO 9
por um período igual ou superior a um ano, tiver origem
em motivos de saúde ou de estudo;
(Entrada em vigor)
c) todos os cidadãos estrangeiros que vivam em
A presente Lei entra em vigor na .data da sua publicação. . Moçambiquebá mais de um ano, excepto os díplomatas,
representantes consulares ou equiparados, pessoal
Aprovada pela Assembleia da República, aos 30 de Outubro
militar estrangeiro em exercício de funções
de 2008. governamentais no País, bem como os membros das
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim respectivas famílias;
Mulémbwe. ti) as pessoas colectivas de direito privado, com sede em
Promulgada aos 23 de Janeiro de 2009. território nacional;
e) as pessoas colectivas de direito público moçambicanas,
Publique-se.
assim como os fundos públicos moçambicanos
O Presidente da Reoública. ARMANDO EMfLlo GUEBUZA. rlnt ••rlnc ri"" '!ultnru· .•rn'o:I -:lr1rniniC't .•.••tiu-:I "" fin<lnl""".j .•.!I.·
" DE MARÇO DE 2009 45

j) os cidadãos nacionais diplomatas. representantes estrangeira, expressos ou pagáveis em moeda nacional,


consulares ou equiparados. pessoal militar em exercício quando nesses títulos intervenham não residentes
de funções governamentais no estrangeiro, bem como corno sacadores, aceitantes, endossantes, avalistas.
os membros das respectivas famílias; quer como subscritores. quer como emitentes;
g) as filiais, agências, delegações. sucursais ou quaisquer j) a aquisição ou alienação de cupões de títulos de crédito
outras formas de representação de pessoas colectivas estrangeiros:
não residentes, representadas legalmente em território g) as operaçõ-es expressas em moeda estrangeira, em
nacional. unidades de conta que envolvam ou possam envolver
2. Nos termos deste artigo, em caso de dúvida presume-se liquidação. lOtaI ou parcial, de transacções de capitais,
que a pessoa visada é residente, cabendo à mesma, no caso realizadas entre residentes e não residentes;
disso, ilidir essa qualidade. iI) as operações expressas em moeda nacional em unidades
de conta queenvolvam ou possam envolver liquidação.
ARTlo04 total ou parcial. de transacções de capitais realizadas
(Dever geral de verificação e informação) por não residentes:
1. As entidades autorizadas a exercer o comércio de câmbios i) as transferências e o recebimento do exterior de quaisquer
devem verificar, antes da realização das operações em que valores ou meios de pagamento. que não se enquadrem
intervenham, a sua realidade, natureza e o cumprimento das na situação prevista no número precedente:
disposições legais e regulamentares aplicáveis. j) a arbitragem de taxas de câmbios;
2. Para efeitos do número anterior, devem os interessados k)·a importação, exportação ou reexportação, quando
fornecer os elementos de prova indispensáveis à caracterização realizadas por instituições autorizadas a exercer o
jurídica e económica da operação requerida, designadamente os comércio de câmbios, de:
relativos à determinação dos sujeitos, objecto, valor e datas de i. notas ou moedas metálicas estrangeiras em
exigibilidade. circulação e outros meios de pagamento
3. As entidades a que se refere o n." I deste artigo devem externos;
enviar as informações sobre as operações cambiais realizadas ao ii. letras. livranças e extractos de factura, acções
Banco de Moçambique, nos termos por este estabelecidos. óu obrigações. quer nacionais quer
estrangeiras. ou cupões. bem corno títulos da
ARTIGO5 dívida pública.
(Moeda. estrangeira) 4. Para efeitos do disposto nos n."s 2 e 3 do presente artigo,
Para efeitos do disposto na presente Lei, nos respectivos entende-se por transacções correntes quaisquer pagamentos ou
diplomas regulamentares e na legislação complementar, entende- recebimentos em moeda estrangeira que não sejam para efeitos
-se por moeda estrangeira as notas e moedas metálicas com curso de transferência de capitais, nomeadamente pagamentos devidos
legal nos países de emissão e quaisquer outros meios de em conexão com o comércio externo. remessas de valores para
pagamento sobre o estrangeiro, expressos em moeda ou unidade despesas familiares e outras obrigações correntes, nos termos a
de conta, utilizados em compensações ou pagamentos regulamentar.
internacionais. 5. Consideram-se operações de capitais, sujeitas à autorização
da autoridade cambial, nos termos e condições a regulamentar,
ARTlo06
as seguintes:
(Operações cambiais)
a) investimento directo estrangeiro;
L Todas as operações cambiais estão sujeitas a registo, nos b) investimento imobiliário;
termos previstos na respectiva regulamentação. c) operações sobre certificados de participação em
2. Sem prejuízo da obrigatoriedade de registo estabelecida no organismos de investimentos colectivos;
número anterior, é livre de autorização a realização de operações ti) abertura e movimentação de contas junto de instituições
cambiais classificadas como transacções correntes. financeiras no exterior;
3. Sem prejuízo do estabelecido no numero anterior, carece de e) créditos ligados à transacção de mercadorias ou à
autorização da autoridade cambial, nos termos e condições a prestação de serviços;
definir em regulamentação específica, a realização das seguintes /) empréstimos e créditos financeiros;
operações cambiais: g) garantias;
~) a aquisição ou alienação de ouro ou prata amoedados; h) transferências em execução de contratos de seguros;
b) a exportação de ouro, prata, platina e de outros metais i) operações sobre títulos e outros instrumentos
preciosos em barra. lingote ou em outra forma não transaccionados 00 mercado monetário e de capitais;
trabalhada; j) importaçâo e exportação física de valores;
cra abertura e movimentação de contas de não residentes k) empréstimos de carácter pessoal;
em moeda nacional, quando relacionadas com I) outras operações qualificadas como de capitais que vierem
operações de capitais; a ser definidas por lei.
d) a abertura e movimentação de contas de residentes em
moeda estrangeira ou em unidades de conta utilizadas ARTt007
em compensações ou pagamentos internacionais; (Entidades autorizadas a exercer o comércio de cãmbios)
e) a concessão de crédito a residentes em moeda estrangeira, I. Para efeitos da presente Lei, é considerado exercício de
incluindo por desconto de letras. livranças, extractos comércio de câmbios a realização habitual. com intuito lucrativo,
de factura. expressos ou pagáveis em moeda Dorconta orõnría ou alheia. de ooeracões cambiais.
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46 ISÉRIE-NÚMERO lU

2. Estão autorizados a exercer o comércio de câmbios- e) a abertura e movimentação de contas de não residentes
a) os bancos;
em moeda nacional, quando relacionadas com
operações de capitais, bem como a abertura e
b) as casas de câmbio; movimentação de contas de residentes. em moeda
c) agências de viagem ou de turismo; estrangeira ou em unidades de conta uti Iizadas em
á) hotéis e similares; compensações ou pagamentos internacionais, sem a
e) outras entidades ou instituições que vierem a ser definidas observância do disposto na presente Lei ou em
parlei. regulamentação;
3. Compete ao Conselho de Ministros definir os termos e as j) a concessão de crédito a residentes em moeda estrangeira
incluindo por desconto de letras, livranças e extractos
condições para o exercício da actividade referida no 0.° 1 do
de factura, expressos ou pagáveis em moeda
presente artigo.
estrangeira, expressosou pagáveis em moeda nacional,
quando nessestítulos intervenham não residentes, sem
ARTIGO 8
autorização da autoridade competente,. quando
(Entrada e saída de moeda estrangeira) legalmente exigido; .
1. É livre a entrada no território nacional de moeda estrangeira g) a omissão do dever de declarar valores e direitos
e outros meios de pagamento sobre o exterior. devendo os adquiridos gerados ou detidos no estrangeiro por parte
respectivos valores serem declarados, sempre que ultrapassem das entidades residentes, quando legalmente exigido;
os limites fixados na respectiva regulamentação. Ir) a omissão do especial dever de remeter para o país as
2. É livre para não residentes a saída de moeda estrangeira, receitas de exportação de bens. serviçose investimento
bem como de outros meios de pagamento sobre o exterior, até ao estrangeiro por parte das entidades residentes, quando
limite declarado à entrada no país, nos termos do número anterior. legalmente exigido;
i) a realização de transferências e o recebimento no exterior
3. A saída de moeda estrangeira, bem como de outros meios
de quaisquer valores ou meios de pagamento, sem a
de pagamento sobre o exterior é livre para residentes, mediante
observância do disposto na presente Lei ou em
o comprovativo da retenção e posse legítima, passado por
regulamentação;
entidades autorizadas a exercer o comércio de câmbios, nos
J) a violação de preceitos imperativos desta Lei e dos seus
limites fixados na respectiva regulamentação.
regulamentos, não prevista nas alíneas anteriores.
ARTIGO 9
ARTIGO 11
(Obrigatoriedade de declaração e remessa de activos
carnblala) (Contravenções especialmente graves)

1. As entidades residentes ficam abri ~.das a declarar valores 1. Constitui contravenção especialmente grave, punível com
e direitos adquiridos, gerados ou detidos no estrangeiro. multa de vinte mil a duzentos mil meticais, seo infractor for pessoa
singular, ou de cem mil a um milhão de meticais, se o infractor for
2. Sem prejuízo do estabelecido no número anterior, as pessoa colectiva, a prática simultânea de mais do que uma
entidades residentes devem remeter para o país as receitas de contravenção cambial.
exportação de bens, serviços e investimento estrangeiro.
2. Incorre na agravação prevista no número anterior aquele
3. Os termos e condições da remessa das receitas de exportação que cometer uma contravenção cambial, desde que a mesma
constam da respectiva regulamentação. resulte no pagamento, recebimento ou qualquer outra forma de
acréscimo patrimonial de valor igualou superior ao equivalente a
ARTIGO 10 seiscentos mil meticais.
(Contravenções)
ARTIGO 12
Constituem contravenções cambiais, puníveis com multa de
(Penas acessórias)
dez a cem mil meticais, se o infractor for pessoa singular, ou de
quarenta a quatrocentos mil meticais. se o· infractor for pessoa 1. São sempredeclarados perdidos a favor do Estado os bens
colectiva, as infracções abaixo referidas: ou valores utilizados ou obtidos no exercício ilegal de operações
cambiais.
a) a realização de qualquer operação cambial, sem o registo 2. Em função da gravidade da infracção cambial, são ainda
nos termos estabelecidos na presente Lei ou em aplicáveis as seguintes penas acessórias:
regulamentação;
a) suspensão, total ou parcial, das autorizações para o
b) a realização de operações de importação. exportação ou exercício do comércio de câmbios, com ou sem
reexportação de capitais, bem assim a sua liquidação encerramento do estabelecimento;
total ou parcial, realizadas sem autorização da b) proibição da realização de operações cambiais. com ou
autoridade competente, quando legalmente exigida; sem suspensão da actividade económica. por período
c) a realização de operações de exportação de ouro ou prata que não exceda o da proibição.
amoedados ou em barra, ou em lingote ou em qualquer 3. A suspensão, inibição, encerramento ou proibições
outra forma não trabalhada. bem como platina e outros temporárias são feitos entre um mínimo de seis mesese o máximo
metais preciosos. sem autorização da autoridade de um ano.
competente, quando lega Imente exigida;
d) a realização de operações de importação, exportação ou ARTIGO 13
reexportação de notas ou moedas metálicas (Falsas declarações)
estrangeiras em circulação e outros meios de As falsas declarações prestadas com vista à obtenção das
pagamento externos, sem autorização da autoridade autorizações necessárias à realização de operações cambiais são
competente, quando legalmente exigida; punidas com a mesma pena que caberia à infracção consumada.
II DE MARÇO DE 2009 47

ARTIGO14 3. A notifiooção a que se refere o número anterior é feito por


(Responsabilidade das pessoas colectivas, sociedades carta registada e COmaviso de recepção.
e agentes Individuá Is) 4. As autoridades policiais e serviços públicos devem prestar
1. Pela prática das infracções a que se refere a presente Lei todo o auxílio necessário a uma correcta averiguação e instrução
podem ser responsabilizadas, conjuntamente ou não, pessoas dos processos da competência do Banco de Moçambique.
singulares ou colectivas, ainda que irregularmente constituídas, 5. Sem prejuízo do estabelecido no n." I do presente artigo, se
e associações sem personalidade jurídica. o Banco de Moçambique, no decurso da instrução constatar a
existência de indícios criminais, disso dá conhecimento ao
2. A responsabilidade do ente colectivo não exime de
Ministério Público para efeitos de instauração do competente
responsabilidade individual, incluindo a criminal, dos membros
procedimento criminal.
dos respectivos órgãos que exerçam cargos de gestão ou os que
actuam em sua representação legal ou voluntária.
ARTIGO
20
3. Não obsta à responsabilidade dos agentes individuais que (Instrução e decisão dos demais processos)
representem o facto do tipo legal de ilícito requerer determinados
elementos pessoais e estes só se verificarem na pessoa do I.Compete às autoridades policiais a instrução dos processos
representado, ou requerer que o agente pratique o acto no seu não compreendidos no 0.° 1 do artigo anterior.
interesse, tendo o representante actuado no interesse do 2. Constatada a infracção, a autoridade policial deve levantar
representado. o competente-auto ãe notícia, o qual é lavrado e tramitado nos
termos gerais do processo penal.
4. As pessoas colecti vas e sociedades referidas no número
anterior são solidariamente responsáveis pelo pagamento das ARTIGO21
multas em que forem condenados os seus "representantes ou
(Regime especial de penalização)
empregados. a menos que se prove que actuaram contra a ordem
1. Sem prejuízo do disposto nos artigos 19 e 20, sempre que a
ou instrução da representada ou entidade empregadora.
multa ª aplicar não exceda um quinto dos valores máxi":l0s
indicados nas molduras penais constantes do corpo do artigo
ARTIGO 15
10, a entidade instrutora pode prescindir da dedução prévia de
(Presunção legal de responsabilidade)
acusação contra o arguido.
Presume-se que aqueles que actuam em nome 'e por conta de 2. Quando use da faculdade conferida pelo número anterior, a
outrem procedem em conformidade com instruções recebidas, enticlarle instrutora deve notificar o infractor para o pagamento
independentemente da responsabilidade individual que possa da .multa, no prazo de dez dias ou, querendo, no mesmo prazo,
haver lugar. reclamar para entidade instrutora, por escrito. mediante
apresentação do comprovati vo de depósito do valor da caução
ARTIGO16 .bancária ou do valor da multa, dentro do referido prazo.
(Responsabilidade dos dirigentes e funcionários) 3. Em caso de reclamação esta equivale, para todos os efeitos
legais. à defesa, podendo recorrer-se da decisão que recair sobre
Aos dirigentes, funcionários ou empregados das instituições a mesma, nos termos do n.· 2 do artigo 23 e artigo 24 da presente
de que depende a concessão das autorizações para a realização Lei e nos termos gerais do processo penal.
de operações cambiais são aplicáveis. c~omas necessárias
adaptações, o disposto nos artigos 3l3.·, 314.·, 317.·, 318.· e 322:·, ARTIGO22
do Código Penal. (Apreensão de valores)

ARlIGol7 I. Podem ser apreendidas, mediante documento de prova, notas


(ColTupçto activa e passiva) e moedas, cheques e outros títulos, ou valores que constituam
objecto da infracção, quando tal apreensão se mostre necessária
Aquele que, no âmbito da presente Lei, praticar actos de à instrução ou nos casosem que existam indícios que da infracção
corrupção activa ou passiva, nos termos da legislação penal. é resulte, como pena acessória, a perda. de bens a favor do Estado.
punido com a pena mais grave que ao crime couber, nos termos 2. Os valores apreendidos devem ser depositados numa
da referida legislação. instituição bancária à ordem da entidade instrutora, para garantia
do pagamento da multa e custas processuais.
ARTIGO18
(Prescrição das contravenções) ARTIGO23
(Decisão da competência dos tribunais judiciais)
1. O procedimento por contravenção cambial prescreve três
anos depois da prática da infracção. 1. Compete aos tribunais judiciais a decisão das infracções
previstas na presente Lei. salvo as que, nos termos do n." 1 do
2. As multas e sanções acessóriasprescrevem no mesmo prazo. artigo 19, estejam acometidas ao Banco de Moçambique.
contado da data da decisão condenat6ria definitiva.
2. Das decisões tomadas nos termos do número anterior cabe
recurso. nos termos gerais do processo penal.
ARTIGO19
(Instruçio e decisão de processos da competência do Banco ARllGo24
de Moçambique)
(Recurso das decisões da competência do Banco
1. Compete ao Banco de Moçambique a instrução e decisão de Moçambique)
de processos de contravenções cambiais praticadas por· I. Das decisões condenat6rias tomadas pelo Banco
instituições sob s~a supervisão ou através delas, Moçambique, cabe recurso nos termos gerais, a ser il\t,
2. Instaurado o processo, é o arguido notificado para, no prazo de quinze dias, após à notificação IV
querendo. apresentar a defesa por escrito, no prazo de dez dias. condenatória, para o Tribunal Judicial de Pro-:
verificou a infracção. "
48 I SÉRIE - NÚMERO la

2. o recurso tem efeito suspensi vo quando o arguido deposite ti) a bolsa de valores;
previamente, numa instituição bancária, à ordem do' Banco de
e) as zonas francas;
Moçambique, a importância da multa aplicada, salvo se os valores
apreendidos se mostrarem suficientes. para o efeito. j) outras situações definidas em legislação especial.
ARTIGO25 ARTIGO29
(Cobrança coerciva, destino e actuanzação de multas)
(Regulamentação)
I. As mullas previstas na presente Lei quando não pagas
Compete ao Conselho de Ministros regulamentar as matérias
voluntariamente dentro dos prazos legais. são objecto' de
contidas na presente Lei, no prazo de cento e oitenta dias após à
procedimento de cobrança coerciva de dívida ao Estado.
sua publicação,
2. Compele ao Conselho de Ministt os, por Decreto, actualizar
os montantes das multas previstas na presente Lei.
ARTIGO30
3. As mullas cobradas ao abrigo da presente Lei constituem (Disposições transttõrtas)
receita do Estado.
Salvo quando contrarie as disposições da presente Lei, até a
ARTIGO26
aprovação da regulamentação referida no artigo 29, mantém-se a
(Regime penal subsldlérlo)
regulamentação actualmente em vigor.
Às infracções previstas na presente Lei aplicam-se as
disposições nela contidas e, subsidiariam ente, a.lei penal geral. ARTIGO3]
ARTIGO27 (Revogação)
(Investimento estrangeiro) É revogada a Lei n." 3/96, de 4 de Janeiro, e demais legislação
Em complemento ao que estiver expressamente estabelecido que contrarie a presente Lei.
em legislação própria, a presente Lei aplica-se às operações
cambiais relacionadas com investimento estrangeiro. ARTIGO32
(Entrada em vigor)
ARTIGO28
A presente Lei entra em vigor na data da sua publicação.
(Caso. especlals}
Aprovada pela Assembleia da República, aos 31 de Outubro
Gozam de tratamento especial:
de 2008.
a) as remessas de emigrantes moçambicanos;
b) o intercâmbio em zonas fronteiriças:
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim
Mulémbwê.
c) as transferências para o exterior, e ganhos resultantes da
prática de jogos de fortuna ou azar ou de diversão Promulgada aos 23 de Janeiro de 2009.
social por jogadores não residentes, em recintos
autorizados pela entidade competente, nos termos da Publique-se.
lei; O Presidente da República, ARMANDO
EMíLIOGUEBUZA.

Preço - 12,00 MT

IMPRENSA NACIONAl. DE .MOÇAMBIQUE

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