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Identificando Estágios de Falhas em Rolamentos

Artigo publicado pelo periódico REVOLUTIONS, da SKF Condition Monitoring, Volume 7,


Número 3..

Traduzido por: Engº André Luiz de Pádua Pereira


Engº Jânio Barbosa.

E-mail dos tradutores: >vibra@atlanticpost.com<


O presente arquivo encontra-se publicado no site:
www.vibra.dynamiczone.com

A identificação antecipada de condições problemáticas tais como lubrificação inadequada


ou desalinhamento permite ao analista, aplicar medidas proativas corretivas para
prolongar vida em serviço do rolamento. O início da deterioração freqüentemente
acontece muito cedo, a medida que as pistas começam a se desgastar, desenvolvendo
microcavidades na zona de carga. As microcavidades, neste ponto incipiente, não
reduzem, necessariamente, vida operacional, mas é freqüentemente uma boa indicação
de que a progressão para o estágio 1 é iminente.

Um rolamento que esteja no PRIMEIRO ESTÁGIO ainda é um “bom” rolamento. Porém,


depois que uma parcela significativa da vida do rolamento tenha passado, as
microcavidades resultam na degeneração do rolamento até o ponto onde cavidades
muito pequenas se desenvolvem nas pistas. Estes pequenos defeitos nem sempre
sofrem impactos com força suficiente para gerar sinais de vibração mensurável no
domínio de velocidade.
Porém, a Tecnologia SEE® patenteada pela SKF, freqüentemente provê um sinal
detectável, o qual está relacionado a um contato periódico de superfície. À medida que o
rolamento se degrada e os elementos girantes causam impacto na falha, harmônicos da
freqüência de dano começarão a aparecer no espectro de FFT.

Um rolamento no ESTÁGIO DOIS já se encontra com algum dano, como pode ser
observado em seus harmônicos. Não há nenhuma razão para se trocar um rolamento
neste ponto. De fato, foram retirados rolamentos nesta fase e o único dano aparente são
diminutas descamações nas pistas. Porém, a medida que os harmônicos aumentam em
amplitude, torna-se prudente aumentar a freqüência de coleta de dados. A degradação
do rolamento é normalmente linear por um período de tempo e pode ser acompanhada
em um gráfico de tendência, mas com o encurtamento da vida em serviço, tal
degradação torna-se não linear.

Na FASE TRÊS o rolamento está chegando ao estado terminal. Os espectros de FFT


mostram a freqüência fundamental de defeito e os harmônicos começarão
freqüentemente a indicar bandas laterais do rolamento na velocidade de rotação do eixo.
Isto é particularmente verdade para a BPFI (Freqüência de Passagem de Esfera na Pista
Interna) onde o defeito passa através da zona de carga do rolamento. A vibração
aumenta como a passagem através do defeito na zona de carga e o sinal é modulado,
produzindo as bandas laterais da rotação. O sinal BPFO (Freqüência de Passagem de
Esfera na Pista Externa) geralmente tem carregamento constante do rolamento até que
a amplitude das folgas do rolamento, desbalanceamento, desalinhamento ou flexão do
eixo modulem o sinal de defeito resultando freqüentemente em bandas laterais na
velocidade de rotação.

Por exemplo, usando nosso BPFO de 107.6 Hz em um eixo que gira a 1,800 RPM ou 30
Hz, as bandas laterais estarão a 77.6Hz e 137.6Hz (107.6 + 30 e 107.6 - 30) e o
segundo harmônico terá bandas laterais a 185.2 Hz e 245.2 Hz. (215.2 + 30 e 215.2 -
30). A futura progressão do dano gerará bandas laterais adicionais a 2x velocidade de

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rotação (47.6 e 167.6). Quando houver superposição das bandas laterais, os espectros
tornar-se-ão mais difíceis de ser analisados. Mas tome cuidado, o rolamento está nos
últimos dias de sua vida e deveria ser substituído o mais cedo possível. Durante a FASE
TRÊS além das informações do espectro, as amplitudes globais fornecem sintomas da
condição da pista do rolamento.

ESTÁGIO QUATRO. Neste momento a vida de serviço é extremamente curta e requer


ação corretiva imediata. Tal estágio é caracterizado freqüentemente no domínio
espectral da velocidade ou aceleração como amplitudes “monte de feno” (ruído de
banda larga) na região de defeito do rolamento. Nos espectros de envelope de
aceleração irão aparecer componente de freqüência de defeito com altas amplitudes,
como também bandas laterais de velocidade 1x, 2x (indicando folgas) sobre a BPFO e no
caso extremo, aparecerão freqüentemente componentes de defeitos de gaiola.

NÍVEIS GLOBAIS DE ALARME

Os níveis globais de vibração em envelope de aceleração são mais relativos que


absolutos porque os critérios de alarme dependem de variáveis como velocidade,
carregamento dinâmico, e sinal de transmissão da estrutura. Em geral, o método
indicado para definir os tais níveis, é usar alarmes estatísticos que são determinados
por tendências históricas de leituras globais. Estes métodos assumem que as variáveis
são constantes e as medidas são específicas para os mesmos locais na máquina.
Usuários experientes ajustam o alarme de alerta para mais ou menos 2x o desvio
padrão e alarme de perigo para mais ou menos 3x o desvio padrão. O problema de
separar ou discriminar um rolamento de leitura global de um bom rolamento do de um
de leitura global ruim é mais complexo e menos definitivo quando não se dispuser de
uma previa tendência história.
Existe uma quantidade razoável de dados históricos, derivado de métodos de envelope
semelhantes que sugerem a tabela seguinte como uma diretriz para níveis pk/pk Ge
(envelope de aceleração).
Reafirmamos que tais critérios de condição de rolamento são apenas diretrizes e caso
apareçam leituras altas indicando falhas no rolamento, então uma análise de espectro
deveria ser executada para confirmação do defeito. Sempre há exceções e a folga é
uma condição que irá fazer com que a amplitude global do envelope seja alta. A folga é
um impacto em 1X que afeta o nível global e freqüentemente agrava defeitos na pista
do rolamento. Nunca faça uma substituição de um rolamento usando apenas a
amplitude global, confira o espectro de freqüência para descobrir o conteúdo de
energia e onde a mesma está sendo gerada.

Filtros de Bandas do Microlog


Estado Banda I Banda II Banda III Banda IV
(5-100 Hz) (50-1000 Hz) (0,5-10 KHz) (5-40 KHz)
Bom 0 – 2 mGe 0 – 20 mGe 0 – 0.4 Ge 0 – 1,5 Ge
Satisfatório 2-10 mGe 20-200 mGe 0,4 –4 Ge 1,5-15 Ge
Insatisfatório 10-50 mGe 200-500 mGe 4-10 Ge 15-75 Ge
Inaceitável 50 + mGe 500 + mGe 0-2 Ge * 75+ Ge
(* este foi o valor publicado. Por parecer errado, consultamos o autor e tão logo
recebamos o valor correto ou confirmação, faremos a correção).

Exemplos

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Os espectros a seguir ilustram rolamentos em vários estágios comparados às
leituras de velocidade padrão. Embora regularmente não estejamos acostumados a
visualizar o envelope no domínio de tempo, os sinais de defeito rolamento serão
evidentes se o defeito for bastante intenso.

Figura 1 - Envelope de Aceleração /Tempo

Na Figura 1 acima os defeitos da pista interna aparecem a cada passagem das


esferas pelo defeito. Os marcadores mostram o intervalo de 0.00748 segundos que
corresponde à freqüência de 133.5 Hz. O rolamento foi danificado durante a montagem.

Figura 2 - Velocidade

A Figura 2 é uma assinatura de vibração do mesmo rolamento, um 6201. Na


velocidade (IPS), nós vemos a BPFO uma vez que o dano era extenso, mas não há
harmônicos e a amplitude é baixa. A freqüência de 60 Hz e seus harmônicos são
componentes de ruído de linha de alta tensão.

Figura 3 – Envelope de Aceleração /tempo

A Figura 3 mostra os mesmos dados usando-se envelope de aceleração.

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Figura 4 - Tecnologia SEE

Finalmente, a Figura 4 é o espectro SEE correspondente. As unidades de


amplitude ou são expressas como SEE ou unidades SEE. Pensando bem a gama de
freqüência deveria ter sido fixada a 600 Hz, isto poderia ter mostrado os harmônicos
adicionais como vistos na Figura 3.
Olhando para estes quatro gráficos poder-se-ia perguntar se todas estas leituras
são necessárias. Porém, quando uma decisão de paralisação ou não de máquina de uma
empresa deve ser tomada, é aconselhável usar todas as ferramentas de diagnóstico
disponíveis. Quanto mais qualidade de informação que tivermos, melhores serão nossas
decisões.

Figura 5 – Velocidade

A Figura 5 é o espectro de um rolamento MRC que havia sido armazenado de


forma inadequada. Permaneceu na estante durante sete anos em um ambiente ácido, o
que resultou na impressão de manchas nas esferas bem como a pista. Quando o
rolamento foi instalado, os defeitos geraram uma Freqüência de Giro de Esferas (BSF) de
95.0 Hz. No espectro de velocidade, como mostra a Figura 5, não havia nenhum
componente de BSF. Tal freqüência somente aparece no espectro de envelope, mostrado
na Figura 6.
Embora as amplitudes do espectro sejam muito baixas, o elemento girante
defeituoso produziu barulhos quando a máquina funcionou.

Figura 6 – Envelope de Aceleração

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A Figura 7 é o espectro de um rolamento com a gaiola estragada. O responsável estava
insatisfeito com as altas amplitudes de vibração e a análise confirmou o defeito de
gaiola. Foi descoberto que o rolamento tinha 20 anos! Um problema adicional era que o
oitavo harmônico da Freqüência Fundamental da Gaiola (FTF) sobrepunha-se ao terceiro
harmônico da velocidade de giro (1XRPM). O rolamento foi trocado, e a vibração foi
reduzida a níveis aceitáveis.

Figura 7 – Velocidade

O próximo conjunto de exemplos é de testes ocorridos com um fabricante de


compressor que queria uma prova de que os problemas dos rolamentos poderiam ser
detectados. Antes de chegarmos, ele havia danificado, de propósito, um dos seis
rolamentos e nos pediu que achássemos o rolamento modificado. As medições
confirmaram a existência do defeito.

A Figura 8 é o espectro de aceleração, (G's). A freqüência fundamental de


passagem na pista externa (BPFO) não se mostra, mas seus harmônicos sim. Isto
alertaria o analista de que algo está ocorrendo, mas a maioria das pessoas não faria
medições rotineiras em aceleração “G's”.

Figura 8 – Aceleração

Uma nota adicional na solução de problemas de rolamentos. A maioria dos


rolamentos terá suas BPFO e BPFI a múltiplos não inteiros da velocidade de giro. Em
outras palavras, com a velocidade rotação a 1XRPM, a BPFO estará a 3,56X ou 4,73X.
Esta é uma valiosa pista ao olhar para uma máquina, caso você não tenha nenhuma
idéia do tipo de rolamento que está instalado.

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Figura 9 – Velocidade

A Figura 9 é a medição de velocidade, que é o método que a maioria das pessoas


usam. Não há absolutamente nada aqui que poderia levar as pessoas a se preocupar.
Dos seis rolamentos na unidade, o responsável não nos informou qual era o estragado,
mas por causa dos tamanhos diferentes, as freqüências de defeito do rolamento são
todas diferentes. Tal fato destacou a BPFO do rolamento ruim, cuja freqüência era de
400 Hz.

Figura 10 – Envelope de Aceleração

A Figura 10 é a mesma leitura, processada pelo uso do envelope de aceleração.


Isto mostra claramente que a BPFO não era visível na leitura de velocidade.

Figura 11 - Tecnologia SEE

Para este grupo de medição os dados foram processados usando a tecnologia


SEE, (Figura11).
Se a gama de medição da freqüência fosse mais alta, os harmônicos seriam
vistos, mas o item importante é que o sinal SEE está presente, sugerindo contato de
superfície. Observe que as amplitudes são muito baixas, o que significa que o contato é
leve.

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Os próximos quatro espectros são de rolamentos com velocidades muito baixas.
Esta aplicação é, provavelmente, a melhor para que se use o envelope ao invés de
velocidade, uma vez que no primeiro caso não existe nenhuma integração e então
nenhuma amplificação de baixa freqüência de ruído, como ocorre em todos os coletores
de dados. A freqüência de corte inferior pode ser ajustada para 0 Hz e o espectro não
terá o habitual "perfil íngreme" comum nos espectros de velocidade.

Estes espectros são de uma caixa de engrenagem de uma correia


transportadora. O rolamento do fundo tinha uma história de falhas sendo exigido do
cliente, três dias de estoque disponível para manter sua entrega imediata (“just in time”)
para as eventualidades de falha dos rolamentos. O conhecimento das condições destes
rolamentos possibilitou assegurar um programa de reparo, com a redução do estoque
“just in time” de caros componentes de máquina.
A velocidade do eixo para esta unidade é 8,3 RPM. A BPFO variou entre 1,4 a 1,8
por causa de mudanças de velocidade enquanto estavam sendo realizadas as quatro
diferentes leituras.

Figura 12 – Envelope de Aceleração

A Figura 12 é o espectro de envelope de aceleração com a BPFO a 1,8 Hz e dois


harmônicos associados. Uma vez que não há bandas laterais na velocidade de giro, os
rolamentos foram diagnosticados como tendo algum dano incipiente.

Figura 13 - Velocidade

A Figura 13 é o espectro de velocidade normal. Note que não há nenhuma


indicação de dano do rolamento na BPFO, em 1.7 Hz.

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Figura 14 – Aceleração

A Figura 14 é um espectro de aceleração do mesmo rolamento, mostrando não


existir nenhuma indicação de dano ou defeito.
Por outro lado, a Figura 12 mostra claramente a BPFO com harmônicos. Nosso
conselho foi manter a máquina funcionando, mas aumentar a freqüência de inspeções
para uma vez por semana em vez de uma vez por mês. Considerando a natureza crítica
desta operação, este rolamento deveria ser trocado na próxima oportunidade.

O próximo exemplo, Figura 15, é o outro rolamento da mesma caixa de


engrenagens. Está fortemente carregado e a ponto de começar a mostrar alguns
harmônicos de defeito de BPFO.

Figura 15 – Envelope de Aceleração

É difícil se obter exemplos das três fases de defeitos. Se o observador está


prestando atenção a tudo então ele que pode perceber que algo não está bem. O
exemplo da Figura 16 é de um rolamento que estava estragado o bastante para causar
bandas laterais. O espaçamento da freqüência entre as bandas laterais e a fundamental,
equivalente a velocidade do eixo, de 40 Hz. Estas mesmas bandas laterais também se
apresentam junto com os componentes harmônicos.

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Figura 16 – Envelope de Aceleração

Figura 17 – Envelope de Aceleração

O exemplo final, Figura 17, é uma caixa de engrenagem que estava em uma das
três fases (veja o artigo “Identificando os Estágios de Defeito do Rolamento”). O
responsável pediu uma demonstração do processo de envelope para mostrar como ele
poderia ser usado em uma configuração de rota. Quando a gama de freqüência foi
ajustada, nós não conhecíamos a freqüência de engrenamento das engrenagens, então
selecionamos uma gama de 1000 Hz. Tal ajuste poderia estar bom para uma “coleta de
dados de rotina”. Se estivéssemos nós olhando para um problema específico na caixa de
engrenagem, nós teríamos selecionado uma gama de freqüência mais alta -
provavelmente aproximadamente 2000 Hz. Nós quase deixamos de abranger o segundo
harmônico a 990 Hz, mas as bandas laterais estão muito claras a 25 Hz, a velocidade
giro do eixo. Quando expressamos nossa preocupação que mostrou ser o principal
problema da caixa de engrenagem, o responsável sorriu e disse “Eu sei, eu queria ver se
seu coletor de dados era bom”. Ele é.

Conclusão
O Envelope de Aceleração e a Tecnologia SEE são metodologias de medição
relativamente novas. No entanto, elas provaram ser indicadores de diagnóstico muito
valiosos de uma gama extensa de problemas de máquinas. Além de velocidade e
aceleração como parâmetros de medição padrão, estes métodos de envelope estão
sendo adotados universalmente em programas de manutenção preditiva ao redor do
mundo.

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