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Copyright © 2019 Shintya C. Peres

Capa: scristtinap

Diagramação: scristtinap

Imagem: ©Pixabay

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C. Peres, Shintya.

Amor por Contrato

1° Ed. Lagamar, Minas Gerais, 2017.

1. Literatura Brasileira 2. Romance 3. Feminina

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma


ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processo
xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem permissão de seu editor
(Lei 9.610 de 19/02/1998). Está é uma obra de ficção, nomes, personagens,
lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor,
qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência. Todos
os direitos desta edição reservados pela autora. Texto de acordo com as
normas do Novo Acordo Ortográfico.
O amor não começa na palavra, o amor começa no olhar,
palavras são passageiras, olhares duram a vida inteira.

Padre Fábio de Melo.


PARA TODOS QUE ACREDITAM NO AMOR.
Respiro fundo enquanto observo Elizabeth Ferraz desfilar com toda a sua
graça pelo saguão da presidência, o espaço bem decorado e com boa
iluminação é o palco perfeito para ela. A mulher que chegou aqui decidida a
ter uma carreira de sucesso, logo conquistou um espaço em meus
pensamentos e talvez também em meu coração, mas ela não parece estar a
fim de qualquer outra coisa que não seja conquistar o que veio buscar.
Elizabeth parece ser imune a todo o charme que jogo, ou talvez eu esteja
fazendo alguma coisa errada, já que ela não faz questão de me olhar mais que
o necessário.

Os cabelos ruivos estão presos em um coque bonito na nuca, me


dando uma visão clara de seu pescoço esguio. A pele tão branca é o contraste
perfeito entre a cor dos cabelos e o verde vivo de seus olhos. Os lábios estão
cobertos por um batom suave ou aquela cor rosada é simplesmente a cor dos
seus lábios? Não é fácil de descobrir. Elizabeth caminha com elegância pelo
espaço, várias pastas estão sobre seus braços e ela distribui sorrisos por onde
passa.

Desde que chegou à empresa, conquistou a todos, os olhos sempre


curiosos e com a necessidade de aprender mais, a fala mansa, mas decidida e
uma garra que vi em poucas pessoas com as quais já trabalhei. Os sorrisos
que já vi ela distribuir são sempre para seus companheiros de trabalho e
nunca para mim, pois, sempre que estamos no mesmo ambiente sua postura
muda e os sorrisos somem e a Elizabeth que aparece em minha frente é
alguém com uma necessidade de sempre ser a melhor. Gosto da força de
vontade que ela mostra nas reuniões, sempre a par de tudo e sempre fazendo
anotações e comentários que sempre contribuem para o melhoramento da
empresa. Afasto-me da parede de vidro que separa minha sala do saguão, o
vidro fosco me dá uma visão clara do ambiente lá fora, mas evita que as
pessoas me vejam aqui dentro. Volto minha atenção ao relatório que
Elizabeth me enviou a duas horas atrás, eu já deveria ter concluído a leitura
dele, mas minha cabeça teimava em não se concentrar no que era realmente
importante.

O telefone toca fazendo com que eu desvie a atenção da leitura.

— O Sr. Barcelos, está aqui para vê-lo. – A voz de Lívia ressoa pelo
aparelho.

— Mande-o entrar. – Digo apenas. Ela diz mais alguma coisa que não
presto atenção e em seguida a linha está muda. Devolvo o aparelho em seu
lugar e minimizo a página do Word. Deixando para finalizar a leitura quando
Fernando partir.

— O que te traz aqui? – Pergunto assim que ele entra e fecha a porta
atrás de si.

— Estava por perto. – Ele respondeu enquanto caminhava para o


pequeno bar montado no canto da espaçosa sala da presidência. Ser o CEO
tem lá suas vantagens devo confessar.

— Você está atrapalhando o meu trabalho. – Ralho enquanto o


observo se servir de um copo de whisky com gelo.

— Como se você não fosse levar o trabalho para casa. – Ele se virou
para mim e levando o copo aos lábios e tomando um gole grande do líquido
escuro. Dei de ombros, eu realmente levava muito trabalho para casa, mas
isso era melhor que sair para as muitas festas que Fernando ia, e que às vezes
infelizmente eu não conseguia fugir.

Fernando Barcelos e Otávio Oliveira, são meus melhores amigos


desde a faculdade, nos conhecemos no campus e acabou que seguimos a vida
juntos, um sempre apoiando o outro, mesmo que seja nas maiores idiotices
que a pessoa consegue fazer na vida. Estaremos lá sempre uns para os outros.

Fernando se esparramou em um dos dois sofás negros que tinha na


sala próximo ao bar e me juntei a ele após me servir de um pouco de Gin
tônica.

— E como anda as coisas com a ruiva da sala ao lado?

— Não andam. – Suspiro frustrado. — Ela não me dirige uma


segunda palavra. É como se tivesse um muro ao redor que ela não me deixa
passar.

— Gosto dela. – Respondeu ele.

— Você gosta de todas!

— Verdade, mas a garota é durona. Não caiu no seu charme. – Disse


rindo.

— Não sei o que fazer para conseguir algo. – Bebo um gole da


bebida.

— Case-se com ela! – Reviro os olhos. Quando contei sobre minha


atração por Elizabeth, meus amigos me deram força para partir para o ataque,
desde então venho tentando uma aproximação com a mulher, mas ela é fogo.
Sempre tem uma resposta esperta, outras vezes apenas me oferece um sorriso
forçado do tipo: Não estou afim! Ela simplesmente não dá nenhuma brecha
para que eu tente algo com ela, e isso significa muito. Já que a maioria das
mulheres que conheço estão sempre se jogando em meus braços antes mesmo
que eu diga Oi!

— Essa é a ideia mais idiota que você já teve. – Recrimino. — Tirou


ela de onde?

— De algum filme de mulherzinha que devo ter assistido enquanto


estava sem nada para fazer.

— Você precisa urgente de uma ajuda com filmes, seu gosto é


péssimo! – Ele dá de ombros não se importando.

— A ideia pode dar certo. – Insiste. Fernando fala com tamanha


naturalidade do assunto, como se não fosse uma coisa de outro mundo querer
se casar com uma mulher que não fala nada além do profissional com você.

Uma batida na porta chama nossa atenção e assim que a porta se abre,
Lívia coloca a cabeça para dentro da sala anunciando que Elizabeth deseja
falar comigo. Sinto meu coração dá uma leve acelerada com a notícia e peço
que a deixe entrar.

— Posso voltar outra hora, se estiver ocupado. – Elizabeth diz


notando Fernando esparramado em um dos sofás, seu perfume floral se
espalhando pelo local, ao passo que se aproxima.

— Está tudo bem! O que precisa? – A ruiva umedece os lábios bem


desenhados com a língua antes de responder:

— Preciso que dê uma olhada nesses documentos. É coisa rápida, não


irá tomar muito de seu tempo. – Estende a pasta vermelha para mim.

— Claro! – Pego a pasta e a abro, passando os olhos sobre os papéis.


— Pedirei que Lívia, a devolva assim que eu analisar esses documentos. Ela
assente, a postura profissional nunca sendo abalada, em seguida pede licença
e caminha para a porta.

— Você está muito ferrado! – Fernando diz após Elizabeth deixar a


sala. Me jogo no sofá, deixando meu corpo escorregar pelo estofado macio.

— Tenho plena consciência disso. – Afirmo olhando fixamente para o


teto branco.

— Eu já disse o que tem que fazer, além do mais, não é uma ideia tão
absurda assim. – Fernando diz enquanto toma mais um gole de sua bebida.

— Claro que não, imagina! – Ironizo.

— Você quer a garota, pegue a para si. – Reviro os olhos. Se tudo


fosse tão fácil como Fernando coloca, eu já teria Elizabeth em minha vida há
muito tempo. Sou completamente contra a ideia de Fernando, mas confesso
ter pensado algumas vezes nela e bom, um casamento seria ótimo para os
negócios. Suspiro frustrado decidindo no calor do momento.

— Essa ideia absurda sua venceu. Prepare os papéis!

Fernando faz um leve gesto de vitória com os punhos e bebe o resto


do whisky, deixando o copo de vidro em cima da mesa que separa os dois
sofás. Apoia as mãos nos joelhos e em seguida se levanta, abotoando os três
botões de seu blazer.

— Bom, se você me der licença, tenho um contrato de casamento para


preparar – Ele esboça um sorriso largo, nego com a cabeça e me levanto, ele
estende a mão e eu a aperto com firmeza.

— É melhor que esse plano idiota seu dê certo.

— Vai dar. – Ele se dirige rumo a porta e volto a me jogar no sofá,


pensando no quanto estarei ferrado se esse plano de Fernando der errado.
Há um ano bati o pé dizendo que queria mais e estar em uma empresa que
me impedia de crescer não estava em meus planos. Queria uma carreira de
sucesso e não era ali que eu teria o que tanto almejava. Então com a cara e a
coragem, um currículo meia boca e com uma fé enorme que eu conseguiria,
enviei-o para a WB Technology – uma empresa de tecnologia, que vem
revolucionando o mundo há algumas décadas, não sei se minhas rezas foram
realmente fortes ou se ter feito secretariado executivo em uma das melhores
faculdades do estado ajudou em algo, recebi a ligação que tanto esperei
marcando uma entrevista. Pulei e gritei, juntei minhas malas e vim para São
Paulo, deixando meu querido Goiás para trás. Eu queria ser mais que uma
secretária, queria subir de cargo e foi isso que consegui com esforço,
responsabilidade e uma paciência que eu nem sabia que tinha. Trabalhar para
Miguel Banks não é muito fácil, já que o homem é um pedaço de mal
caminho, e está perto dele requer um autocontrole que é para poucas pessoas.
Miguel Banks é quente como o inferno, sua figura imponente não é nada que
possa passar despercebida 1,85 m de altura, músculos torneados e uma
barriga tanquinho com aquele V que nos faz imaginar várias formas de
sermos fodidas, trinta e dois anos e completamente solteiro, queixo quadrado,
barba por fazer, olhos azuis. Olhar para eles é como olhar para um oceano e
um sorriso que destrói minhas calcinhas e de todas as outras mulheres que
trabalham na WB.

Encaro a vista da cidade da janela de minha pequena sala de


assistente, distraída com meus pensamentos.

— Srta. Ferraz? — A voz de Miguel soa forte atrás de mim. Giro-me


na cadeira e encaro aqueles olhos azuis, analisando-me.

— Precisa de alguma coisa, Sr. Banks?

— Jantar hoje às 20h00min, te pego em casa. — Comunicou-me.

— Não creio que isso seja apropriado. — Lhe respondo, apesar de


meu subconsciente está chutando minha bunda por isso. Miguel é meu chefe
e apesar de eu lhe achar gostoso pra caralho, há limites que não pretendo
ultrapassar, mesmo eu notando aqueles olhos azuis me perseguirem pelo
escritório o dia todo.

— São negócios. — Responde ao notar minha relutância.

— Então é melhor que nos encontremos direto no restaurante. – Digo


adotando a postura profissional e abrindo nossa agenda compartilhada. —
Não tem nada marcado! – Meus olhos ainda estão sobre as páginas.

— Linno's às 20h00min. — Gira seu corpo e caminha a passos firmes


para fora de minha sala. Analiso suas costas e desço meu olhar por seu corpo
suspirando pesadamente quando a porta do escritório se fecha atrás dele.
Balanço a cabeça para um lado e para o outro em sentido de negação
espantando os pensamentos fantasiosos com o meu chefe. Rodo em minha
cadeira voltando minha atenção à pilha de documentos precisam ser
organizados.

O dia apesar de calmo foi bastante produtivo, fechamos negócios com


uma empresa dos Estados Unidos pela manhã, o que nos rendeu alguns
milhões, reunimos também com o pessoal do marketing e o diretor de
produção tecnológica para a amostra do novo software que estão
desenvolvendo e por fim um encontro com os chineses em um bistrô na
Cerqueira César, o que nos deixou fora da empresa o resto do dia. Às
18h25min, estou estacionando na garagem de meu prédio, pego minhas
chaves e bolsa e desço do carro caminhando rumo ao elevador, as portas se
abrem após alguns segundos, aperto o botão do terceiro andar após entrar e
minutos depois elas se abrem novamente, caminho a passos rápidos pelo
comprido corredor até o final.

Lar doce lar.

Retiro meus saltos assim que entro no apartamento, deixando as


chaves e a bolsa em cima do aparador que fica ao lado da porta. Abro a
geladeira e pego uma garrafinha de água, abrindo e levando-a na boca,
tomando um grande gole, deixando que o líquido gelado refresque meu corpo
que ainda pegava fogo após o anúncio de Miguel sobre o jantar que não
estava em sua agenda.

Algo em meu interior avisa que é mais que um jantar de negócios.


Não sabia explicar como, mas essa sensação me perseguiu o dia todo. Deixo
a garrafinha em cima do balcão de mármore que separa a cozinha da sala e
caminho para meu quarto me despindo e apenas de lingerie percorro o
ambiente em direção ao banheiro, onde dispo o resto de minha roupa e tomo
um longo banho quente para aliviar toda a tensão que o longo dia trouxe.

Quase uma hora depois analiso minha imagem no espelho, cabelos


soltos caindo em cachos até o meio de minhas costas, um tubinho vinho dois
dedos acima dos joelhos abraçam perfeitamente todas as minhas curvas, um
sapato Carmen Steffens 15 cm, preto com salto dourado, maquiagem simples
destacando meus olhos verdes e um batom nude. Nada exagerado, mas que
chamaria a atenção por onde eu passasse.

Assim que meus olhos caem sobre o luxuoso restaurante em uma área
calma da cidade, minha ansiedade aumenta como se me dissesse que algo
grande estava por vir.

Aquele jantar não era uma simples reunião de negócios. Jasmínea me


acompanhou até a mesa onde Miguel me aguardava. Conheci a moça depois
de alguns jantares importantes nesse mesmo restaurante, e apesar da cara de
nojo que tem, é uma boa pessoa.
— Desculpe-me pelo atraso. — Digo tirando o casaco com a ajuda de
Miguel que se levantou assim que cheguei. Puxou a cadeira para mim e me
sentei, meu casaco foi entregue a Jasmínea que mantinha um sorriso discreto
nos lábios rosados.

— Não tem problema. — Ele sorriu.

— Será apenas nós dois? — O olhei curiosa.

— Essa noite sim!

— Pensei que tinha dito ser um jantar de negócios.

— E, é. — Pausou, levou a mão até a cabeleira dourada passando os


dedos entre os fios, em seguida continuou: — Entre nós! – Olho-o confusa, e
abro a boca algumas vezes tentando formular algo.

— Não compreendi o que o senhor quis dizer. — Digo após alguns


segundos.

— Deixe-me ir direto ao ponto então. — Meus olhos estão fixos em


seu rosto tentando decifrar o que ele quer exatamente. — Quero que se case
comigo! — Diz de uma vez fazendo me olhá-lo incrédula ao mesmo tempo,
em que meu coração para por alguns segundos antes de começar a dar
cambalhotas em meu peito.

— Eu… Eu… é… — Não conseguia de forma alguma formular algo


para dizer a ele.

— Não seria um casamento de verdade, apenas conveniência.

— Eu seria a esposa perfeita perante a sociedade. — Conclui seu


pensamento antes que o mesmo o dissesse. Sinto-me um pouco triste,
decepcionada seria a palavra mais adequada.

— Exatamente. — O sorriso que esboça antes, agora não está mais


em seus lábios. Os olhos azuis estão com um brilho diferente de tudo que já
vi. Sua expressão é conspícua.
— E o que eu ganharia com isso?

— Tudo que puder passar por essa sua cabecinha inteligente. — Diz,
apenas deixando que a sombra do que pareceu um sorriso surgisse no canto
dos lábios. — Pedi meu advogado para redigir um contrato. — Empurra o
envelope pardo, que estava em cima da mesa ao seu lado para mim. — Veja
se lhe agrada, qualquer dúvida Fernando pode lhe esclarecer, ou se preferir eu
mesmo o faço.

Não tive a curiosidade de abrir o envelope ali em sua frente, estava


atordoada com o que ele havia me dito que no momento não conseguia
raciocinar direito.

Deixando o assunto de lado, por enquanto, o jantar ocorreu muito


bem, Miguel foi atencioso o bastante para querer saber um pouco mais sobre
minha vida, família e até mesmo se eu tinha um namorado. O que foi bastante
estranho, já que acabou de me pedir em casamento. Acho que aquilo foi um
pedido, não sei bem.

Após o jantar me despedi de Miguel e caminhei até meu carro, sendo


abraçada pelo ar frio da noite. O envelope pardo pesava em minhas mãos,
aquele pedaço de papel mudaria a minha vida para sempre, dependendo da
minha decisão.
Otávio caminha de um lado para o outro em minha sala, indignado com o
que eu acabo de lhe contar. Claro que não foi a melhor das ideias, mas ele
não precisava agir como se eu tivesse tido o cérebro abduzido.

— Você não podia apenas dizer que está apaixonado e que a quer
como sua namorada? – Otávio, um de meus melhores amigos questiona-me.

— Eu não a quero como minha namorada. – Retruco.

— Não estou lhe entendendo, Miguel! – Ele suspira frustrado.

— Quero que ela seja minha mulher, a mãe dos meus filhos, minha
companheira. – Digo enchendo meu copo com mais uma dose de whisky. —
Aquele demônio me deixou de quatro por ela. Estou completamente rendido.

— E em vez de bancar o Romeu e conquistar a garota, você fez um


contrato de casamento para ela.

— Tê-la debaixo do mesmo teto, será mais fácil para que eu a


conquiste. – Ele apenas negou com a cabeça, descrente de minha ação.
Talvez nem tenha sido a melhor ideia, mas em meses foi a primeira que
coloquei em prática, graças a Fernando que conseguiu me convencer de tal
coisa, nem sei por que ainda caio na dele. Fernando só tem vento na cabeça
quando se trata de mulher, resta-me apenas esperar que ela aceite minha
proposta.

— Não entendo como pode dizer amá-la sem nem ao menos a ter
beijado antes. – Diz ele se jogando no sofá com um copo do líquido âmbar e
amargo.

— Mas não disse que a amo. – Retruco. Ele suspira alto. Estou
deixando Otávio louco com esse assunto. — Vamos apenas deixar esse
assunto de lado até que Elizabeth me dê uma resposta. Não quero pensar
nisso até ter uma decisão definitiva de sua parte.

— Tudo bem, mas já que resolveu pedir a garota em casamento, seria


melhor conhecê-la antes. Chame-a para passar o fim de semana com você. –
Sugere.

— Não. Isso vai parecer que estou ansioso por uma resposta sua.
Melhor esperar ela entrar em contato. – Digo. É o certo a se fazer, não é?
Pelo menos acho que sim, mulheres não gostam de homens que ficam em
cima ligando toda hora querendo saber cada passo que ela dá. Pelo menos é
isso que minha irmã, Charlie, sempre me diz. Otávio apenas concorda com o
que digo quando sei que, na verdade, ele quer que eu saia por aquela porta e
chame Elizabeth para sair.

Ele sempre foi assim, o romântico do trio. Fernando é seu oposto, ele
é um galanteador e sempre diz que ama todas as mulheres, mas nunca é o
suficiente para se prender em apenas uma. E eu, bom, sou o racional dentre
nós três, pensando sempre cem vezes antes de dar um passo que seja maior
que minha perna.

— Me fala sobre seu novo projeto. – Peço deixando o assunto


Elizabeth de lado, por enquanto.

Otávio começa a falar sobre seu novo projeto, ele estava animado
com sua criação e até eu mesmo fiquei empolgado com ele. Seria um avanço
e tanto na área tecnológica, o mercado ficaria louco com essa inovação. Após
algumas horas, falando apenas de negócios encerramos o assunto e voltamos
a falar de coisas aleatórias, por volta das 16h00min Fernando chegou com um
sorriso gigante no rosto.

— Estou apaixonado! – Anunciou, arrancando risos altos meus e de


Otávio.

— Você sempre está apaixonado quando encontra uma boceta que


fode seu psicológico. – Digo.

— Você provavelmente está certo. – Responde. —Mas, mudando de


assunto, vamos todos para a Blitz hoje. – Anuncia. Com ele não tem isso de
perguntar se queremos ou não ir, ele apenas nos comunica e temos que
marcar ponto no horário marcado. Não temos voz quando se trata de ir ou não
para uma balada. Sempre foi assim, desde a faculdade.

— Não estou muito interessado em sair. – Digo, mas me arrependo


exatamente na hora em que as piadinhas sobre como nem me casei ainda e já
estou ficando um velho chato.

— Não lhe perguntei. – Ralha Fernando. — Você precisa de um


pouco de diversão e Susan está animada para ver você.

— Não me diga que você chamou aquela louca. – Digo, passando as


mãos pelos cabelos e deixando o corpo cair no sofá descrente pela ação de
Fernando.

— Em minha defesa, eu estava chamando o Matt e meio que ela se


auto convidou quando me ouviu falar de você. – Ele ri. — Não ia ser
indelicado com a moça, só porque você não soube manter o pau dentro das
calças. – Otávio ri sendo acompanhado por Fernando.

— Você continua o mesmo idiota de sempre. – Nego com a cabeça.


Ele apenas dá de ombro como se aquilo não fosse grande coisa, e se tratando
dele realmente não é.
Às 23h00min estamos estacionando em frente a Blitz, uma boate
movimentada no centro da cidade. A fila está grande quando caminhamos
para a entrada. Cumprimentamos John, e ele liberou a entrada para nós,
fazendo que um burburinho de reclamações soasse pela fila. Assim que
entramos Fernando me empurra rumo ao bar onde pedimos três cervejas antes
de subirmos para o segundo piso, onde é mais calmo e dá para conversar e
beber enquanto olhamos o movimento da pista de dança abaixo de nós. A
casa está cheia! A música eletrônica explode pelos alto-falantes fazendo as
pessoas balançarem seus corpos no ritmo da batida.

Nunca fui muito de frequentar esse tipo de lugar, mas quando se tem
amigos baladeiros você se acostuma e com o tempo passa a gostar de lugares
cheios, música alta e corpos suados esfregando no seu. Estou em minha
quinta ou sexta cerveja quando Susan aparece no local em que estamos, seu
corpo coberto por um vestido verde-escuro, ela calça saltos altos e seu rosto
está coberto por uma maquiagem carregada. Ela cumprimenta os rapazes
antes de caminhar até onde estou, ela beija o canto de minha boca e sorri,
puxando assunto. A loira fala sobre sua última viagem, os lugares que
conheceu e sobre como adorou cada minuto em Paris. Forço um sorriso e
apenas concordo com o que ela me pergunta. Susan é bonita, mas não é o tipo
de pessoa que tem um papo interessante que te faz querer ficar horas e horas
conversando com ela, apesar de ser uma boa pessoa, Susan é irritante.

Desvio meu olhar dela e meus olhos ficam vidrados no meio da pista
onde uma cabeleira ruiva, olhos verdes e um vestido preto me chama
completamente a atenção. Elizabeth não é de passar despercebida e sei que é
ela mesmo que esteja de costas. Ela se vira dançando, me arrancando um
sorriso ao confirmar minha dedução. Ela está ali, abaixo de mim. É só eu
caminhar até ela e… não sei exatamente o que fazer quando o assunto é ela.
Fico preso observando-a, cada sorriso e gesto. Estou completamente perdido!

— Querido, estou falando com você. – A voz Susan me desperta


fazendo com que eu olhe para a loira ao meu lado.

— Se me der licença, tenho que resolver uma coisa. – Afasto-me dela


e desço para a pista. Não sei bem o que estou fazendo, mas Elizabeth me
puxa para ela como um campo magnético atrai um ímã. Deve ser culpa do
álcool, porque eu sóbrio nunca teria coragem de ir até ela assim, do nada, sem
um plano. Passando entre os vários corpos que se agitam na pista, esbarro em
algumas pessoas pelo caminho, mas enfim consigo chegar até onde minha
mulher está.

Falei mesmo minha mulher? Estou ficando cada vez mais doido.

Passo as mãos por sua cintura e a giro para mim, encarando seus
olhos verdes e a boca bem desenhada coberta por um batom vermelho-
escuro. Elizabeth se assusta com a ação e suas mãos vêm para meu peito
numa tentativa de me afastar, mas não deixo que isso aconteça e antes que ela
diga qualquer outra coisa, meus lábios estão sobre os seus, apenas um leve
encostar, um pedido de permissão para enfim beijá-la de verdade.
Não existe mais música, nem pessoas ao nosso redor, apenas seus lábios
cobrindo os meus, nossos corpos colados, suas mãos em minha cintura
apertando e me puxando ainda mais para si, como se quisesse transformar nós
dois em apenas um. Estou ficando completamente louca, eu não deveria
deixar que ele me beijasse, nem que se aproximasse dessa forma, mas não
consigo me afastar e nem me esforço para isso.

Deixo sua língua invadir minha boca, nossos lábios se encaixam


perfeitamente, é algo sensual e puramente erótico a forma em que nossas
línguas se encontram como em uma dança, cada toque é uma sensação nova e
incrível. Separamo-nos aos poucos, ele abaixa a cabeça e deixa sua testa
encostada na minha, seu coração está acelerado, sua respiração pesada assim
como a minha. Ergo o olhar, seus olhos estão fechados, a boca entreaberta e
mantém sorriso no canto dos lábios.

— Queria te beijar desde a primeira vez que pus os olhos em você. –


Confessa ele. Não consigo encontrar palavras para dizer qualquer coisa.
Passo a língua pelos lábios umedecendo-os. Miguel me deixa de boca seca e
completamente fora de órbita. Seus olhos se abrem e me perco na imensidão
do azul. Engulo em seco, enquanto seus olhos passeiam por minha face e por
fim paralisam em minha boca. Sua mão direita sobe para meu rosto,
acariciando de leve minha bochecha, fechei os olhos e suspirei deixando que
um pequeno sorriso dançasse em meus lábios. Seu polegar vai para o canto
direito de minha boca e com delicadeza contornou meus lábios antes de se
curvar e tomá-los nos seus.

Miguel me puxa para si, beijando-me novamente com todo o fervor.

— Estou viciado nisso. – Diz ao se afastar. Não consigo responder,


ainda estou atônita com o beijo. — Vem! – Segura minha mão entrelaçando
nossos dedos. Apenas o sigo, não consigo raciocinar direito, meu corpo está
queimando e não consigo entender o efeito que ele me causou com apenas
um beijo.

Deixo as consequências dos atos para amanhã, hoje quero apenas


sentir sem pensar muito que estou indo para se sabe lá onde com o cara que
me pediu para ser sua esposa de mentirinha.

Miguel abre a porta de seu carro para que eu entre e assim que estou
acomodada no banco do passageiro e fecha a porta. Cavalheirismo ainda
existe - penso. Ele dá a volta na frente do veículo e ocupa o lugar do
motorista dando a partida. Talvez ir com ele não seja o certo, mas quem se
importa com certo ou errado quando Miguel Banks está por perto? Creio que
nenhuma mulher em sã consciência se importaria se aquilo é certo ou não.

O caminho até sua casa é rápido e silencioso, mas não um silêncio


que incomoda é algo mais como uma tensão sexual no ar, como se nenhum
de nós dois pudéssemos esperar para que chegássemos logo ao nosso destino.
Tudo o que eu queria enquanto estava sentada ao seu lado enquanto ele
dirigia era me curvar sobre ele, abrir o zíper de sua calça e o levar a boca,
sentindo todo o seu tamanho e gosto antes que ele me fodesse, porque
sabemos que no final é isso que irá acontecer.

O portão da garagem se abre após ele apertar o controle no volante e


entramos no estacionamento subterrâneo do condomínio onde ele mora. O
motor do carro é desligado, os cintos destravados, Miguel se vira, olhando-
me segura minha mão esquerda, levando-a aos seus lábios. Entrelaça nossos
dedos e me olha nos olhos.

— Não precisamos fazer isso se não quiser. – Diz ele. Sorrio, e me


curvo para ele, beijando de leve seus lábios.

— Quero isso! — Mordo o lábio. — Quero você. – Confesso. Não sei


bem como me sinto em relação a tudo, o que sei é que o loiro a minha frente
desperta sensações que nunca pensei que sentiria. Colo meus lábios aos seus,
minha língua pedindo passagem que ele cede de bom grado envolvendo-nos
em um mar de sensações libidinosas.

— Vamos sair daqui. – Diz ao se afastar. Concordo com um sorriso


discreto, abro a porta do carro e desço indo de encontro a Miguel.
Caminhamos lado a lado, aquela tensão de antes volta com tudo e quando as
portas do elevador se fecham atrás de nós e o botão da cobertura é apertado, é
nesse momento que sei que estou ferrada. Seus olhos estão presos aos meus
enquanto se aproxima, sou empurrada contra a parede fria de metal e sua
boca está sobre a minha, devorando-me, um gemido escapa por meus lábios
quando sua boca me abandona e escorrega para meu pescoço, seguindo um
caminho para o decote generoso de meu vestido. Minhas mãos estão em sua
nuca, puxando os fios enquanto jogo minha cabeça para trás deixando os
gemidos escaparem sem pudor por meus lábios enquanto sua boca passeia
por cada centímetro de pele descoberta.

As portas duplas se abrem e nos afastando, Miguel pega-me pela mão


e me puxa pelo corredor até a porta de seu apartamento, a porta é aberta e
assim que entramos ele me empurra contra a parede, beijando-me de forma
sensual, sua língua brincando com a minha em outra dança puramente
erótica. Minhas mãos tocam sua pele por dentro da camiseta, agarro-me a ele,
puxando-o cada vez mais para mim, sua língua deslizava por meu pescoço,
seus braços rodearam minha cintura e ele me ergue, enlaço minhas pernas ao
redor de sua cintura sentindo meu vestido se enrolar em minhas coxas
deixando minha intimidade coberta apenas pela minúscula calcinha de renda,
sinto-me pressionada em sua ereção enquanto caminha comigo para o quarto.
Assim que me coloca sobre a cama, ajudo-o a se livrar de sua camisa. Meu
corpo clama pelo dele.

Puxo-o para mim, fazendo seu corpo cair sobre o meu e o beijo,
minhas mãos exploravam seu corpo até chegar à sua calça, elas tremiam
enquanto eu brigava com o botão de sua calça jeans. Quero livrar-nos de tudo
que nos impede de sentir o corpo um do outro. Assim que consigo desabotoa-
lo e abrir o zíper, Miguel se afasta para livrar-se da calça e os sapatos. Sento-
me na cama apreciando-o. O abdômen definido com aquele monte de
gominhos me dá vontade de lamber cada um deles e é exatamente isso que
faço. Puxo Miguel para mim e passo a ponta da língua por seu abdômen,
deixando leves mordidas pelo caminho, desço a boxer por suas coxas
deixando que seu membro rijo salte livre. Passo a língua pelos lábios
umedecendo-os. Ele é tão gostoso!

Ergo os olhos e Miguel têm os seus presos em minha face. As pupilas


dilatadas, lábios semiabertos. Uma visão maravilhosa! Um sorriso se curva
em meus lábios antes de fechar meus lábios na cabeça de seu membro,
saboreando-o, antes de levá-lo por completo em minha boca. Passando a
língua por toda a extensão, sugando-lhe a ponta e o abocanhando novamente,
até a base. Seus dedos se enrolaram em meus cabelos, forçando minha cabeça
ainda mais contra seu membro, sua pressão não me incomoda apenas faz com
que eu me sinta em êxtase por ser eu a lhe dar tal prazer.

— Vai com calma, bebê. – Pede. Sua voz rouca estremece meu corpo,
fazendo meu ventre se vibrar, diminuo a velocidade, minha mão fechada ao
redor de sua espessura rígida e pulsante, manuseando em um vai e vem
enquanto minha boca faz o mesmo movimento, levando-o todo e depois lhe
sugando a glande rosada.

Miguel puxa minha cabeça para trás, afastando minha boca de seu
membro e empurra-me para deitar na cama, subindo sobre mim e beijando-
me a boca, ergo meu corpo e suas mãos vão para minhas costas, os dedos
brigam com o feixe de meu sutiã e assim que o solta, joga-o no chão, se
afasta de mim e seus olhos fixam em meus seios, com os bicos endurecidos
exigindo-lhe atenção, e ele a responde rapidamente quando seus lábios se
fecham sobre o bico pontudo, sugando-o, enquanto a outra mão castiga meu
outro seio, apertando-o e prendendo o bico entre os dedos numa doce e
viciante tortura.

Seus lábios desceram por meu corpo, beijando, lambendo e mordendo


cada pedacinho de pele até minha calcinha, se ajoelha em minha frente e a
deslizar por minhas pernas, livrando-me dela. Beija a parte interna de minha
coxa antes de aproximar o rosto de minha intimidade.

— Seu cheiro é inebriante. – Diz antes de sua língua percorrer toda a


extensão de minha boceta, entre os dentes ele prende meu clitóris inchado de
prazer me fazendo arquear sobre a cama e gemer seu nome. Suga e em
seguida o solta penetrando a língua em meu canal.

Minhas mãos vão para seus cabelos, puxando-os. Ergo meu corpo
quando sua língua brinca com meu clitóris, tento fechar minhas pernas, mas
Miguel impede-me segurando-me pelas coxas e mantendo-as abertas,
totalmente exposta para ele. Sinto meu corpo se convulsionar, minha boceta
se contrai levando-me ao extremo êxtase do prazer, fazendo com que eu
alcançasse minha libertação, antes mesmo que eu pudesse me recuperar,
Miguel está tateando suas roupas em busca de um preservativo, rasgou a
embalagem com os dentes e cobriu seu membro, em seguida abre minhas
pernas, se posiciona entre elas invadindo minha boceta por completo.

Gememos juntos, entregando-nos ao prazer. Arremete em meu canal


sem parar, arrancando gemidos de nós dois; uma, duas, cinco vezes, Miguel
reveza o ritmo entre lento, ritmado e alucinante. Seu membro preenchendo-
me por completo. Nós perdemos no corpo um do outro, querendo e exigindo
cada vez mais. Seu corpo fica tenso enquanto minha boceta o suga. Beijo-lhe
a boca enquanto minhas mãos passeiam por seu corpo, arranhando e o
puxando mais para mim, fazendo que ele me penetrasse ainda mais fundo.
Perco totalmente o controle de meu corpo quando ele convulsiona e entrego-
me novamente ao prazer, enquanto Miguel, leva nós dois ao orgasmo.

Fazendo-nos alcançar o mais alto nível de prazer.

Seu corpo cai sobre o meu, nossas respirações desreguladas, nossos


corações batendo descompassados. Sorrio em satisfação. Miguel rola para o
lado e me puxa para seu peito, beijando-me a testa e em seguida meus lábios.
Entrelaço minhas pernas nas suas e meus dedos passeiam por seu peito
enquanto seus dedos enrolam em meus cabelos. Não me preocupo de que
tenha sido um erro dormir com ele, eu não deveria ter ultrapassado a linha,
sei disso, mas foi o erro mais delicioso que já cometi em todos os meus anos
de vida.
Enrolo a toalha em minha cintura e observo meu reflexo no espelho, um
sorriso brota em meu rosto ao lembrar da linda ruiva deitada em minha cama.
Estou parecendo um adolescente bobo ao saber que a garota mais linda da
escola aceitou meu convite para o baile. A manhã de sábado parece mais
colorida, o dia parece mais bonito e sei que o motivo para eu está vendo as
coisas assim é Elizabeth.

Passo uma de minhas mãos pelos fios molhados de meu cabelo


bagunçando-os e saio do banheiro a tempo de ver Elizabeth pegando suas
coisas pelo chão. Escoro-me no batente da porta e a observo, cruzei os braços
sobre o peito antes de chamar sua atenção para mim. Não fico irritado com
seu ato, acho apenas engraçado ela querer sair sem se despedir.

— Está indo sem se despedir? – Pergunto, ela se assusta, seu corpo


gira para mim incerta, morde o lábio inferior e franze a testa em seguida.

— Estava apenas evitando o desconforto de você ter que me


dispensar. – Responde apenas. Sorrio, descruzo os braços e vou até ela
ficando frente a frente.
— Ruivinha, dispensar você seria a última coisa que eu faria. – Minha
mão pousa sobre sua bochecha e ela inclina a cabeça, aceitando a carícia. A
língua desliza por seus lábios umedecendo-os. Seguro seu rosto com às duas
mãos, abaixo a cabeça e beijo seus lábios. Calmo, sem pressa, apenas
sentindo meus lábios sobre os seus. Afasto-me dela e pego em sua mão
entrelaçando nossos dedos e a puxando em direção à cama. Sento-me e ela
senta ao meu lado, viro meu corpo rumo ao dela e ela faz o mesmo, ficamos
frente a frente.

— Eu preciso de você! Fica comigo, aceite minha proposta. – Peço,


na verdade, quase a imploro.

— Por que precisa de mim? Casar nunca passou pela sua cabeça,
então, por que isso agora?

— Seria algo que beneficiaria os negócios. — Digo omitindo dela o


real motivo para que eu a queria como minha esposa.

— Você leva uma vida promíscua, e sou à saída dos seus problemas?
– Ranjo os dentes antes de olhá-la nos olhos.

— Eu preciso de você, ruivinha. – Seguro sua mão, entrelaçando


nossos dedos. — É por pouco tempo. - Torço para que ela aceite minha
proposta, preciso que ela aceite.

— Eu... – Para de falar e morde o lábio. Ela tem essa mania de morder
o lábio inferior sempre que está nervosa, intrigada ou ansiosa. Já percebi isso
enquanto a observava pelos corredores da empresa. Ela suspira.

— Não vou te pressionar a aceitar minha proposta. Mas, seríamos


bons juntos, tenho plena certeza disso.

— Somos completamente diferentes. – Seus olhos se desviam dos


meus. — Meus ideais são diferentes dos seus. Nossas personalidades são
completamente opostas e não sei se a convivência em baixo do mesmo teto
seria algo bom para nós.

— Podemos superar essas diferenças. – Afirmo. Quero acreditar


nisso, talvez eu esteja muito cego por ela, mas tenho plena certeza que as
diferenças entre nós sempre existiram, eu apenas não acredito que elas não
possam ser superadas.

— Preciso pensar sobre isso. – Elizabeth é cética em suas opiniões,


talvez seja isso que mais gosto nela. A ruiva em minha frente tem sempre
uma resposta esperta na ponta da língua e não tem medo de falar o que pensa
e o que sente. Ela calcula todas as hipóteses do que pode dar certo e errado.
Posso quase ver fumaça saindo de seus ouvidos enquanto ela pensa. — Não
quero me envolver mais do que devo e acabar me fodendo no final. – Por fim
ela diz.

— Elizabeth! – Exclamo em um fiapo de voz. Esfrego minhas mãos


uma, na outra, umedeço os lábios. — Vamos deixar esse assunto de lado.
Aproximo-me mais dela e tomando seus lábios em um beijo, minhas mãos
envolvem sua cintura puxando-a para meu colo. Lize geme ao sentir meu
membro duro de encontro a sua intimidade, apenas duas camadas de tecido
nos impedindo de sentir um ao outro. Seu vestido enrolado em suas coxas
pela posição em que estamos ela me empurra para trás fazendo meu corpo
cair sobre o colchão, joga os cabelos ruivos para o lado e encarou-me com
aqueles olhos verdes que são o final da minha insanidade.

Deita-se sobre mim, tomando meus lábios em um beijo faminto


enquanto suas mãos passeiam por meu peito descoberto até a toalha enrolada
em minha cintura. Flexiona os joelhos na cama e se ergue, sua mão se desfaz
da toalha sem deixar de me beijar. Seus lábios se afastam dos meus e trilha
um caminho por meu queixo, pescoço, peito e abdômen.

Seus lábios quentes sobre minha pele me deixam em êxtase, Elizabeth


consegue fazer com que eu me perca em sensações. Agarro sua cintura e
giramos na cama, deixando-a por baixo de mim, suas pernas enroladas em
minha cintura. Ajudo a se livrar de suas roupas e quando minha boca cai
sobre sua pele deixo que a excitação que sinto por ela nós leve a outro
mundo, alcançando o nirvana quando nossos corpos se conectam.
Apesar de a segunda-feira ter começado agitada, o maldito contrato ainda
queima sobre minha mesa, já o li milhares de vezes e mesmo assim teimo em
relê-lo, cada linha escrita ali está gravada em minha mente.

Desvio meus olhos dele entregando a Lívia o relatório da reunião de


sexta com os chineses e tento me concentrar em algo que não seja Miguel e
sua proposta tentadora e, ao mesmo tempo, tão estúpida. Levanto com uma
cópia do mesmo relatório e caminho até a sala de Miguel bato na porta duas
vezes antes de abri-la e entrar, umedeço os lábios assim que meus olhos
pousam sobre o loiro a minha frente, a gravata frouxa, as mangas da camisa
social azul claro enroladas até os cotovelos e o cabelo desgrenhado enquanto
digita algo em seu computador.

Isso o deixa quente!

Ranjo a garganta chamando sua atenção. Seus olhos se erguem e ele


me fita por alguns segundos.

— Srta. Ferraz! – Diz antes de me estender a mão pedindo a pasta,


entrego-a para ele. Miguel a abre passando os olhos pelas folhas.

— Relatório da reunião com o Sr. Lee. – Comunico.

— Obrigado! – Respondeu fechando a pasta e deixando-a sobre a


mesa de tampa de vidro. Assinto e viro-me caminhando rumo à porta. —
Elizabeth? – Meu corpo trava, aperto a maçaneta assim que a voz de Miguel
corta o espaço entre nós. Meu coração entra em reboliço quando meus olhos
se prendem aos azuis de Miguel. — Pensou na minha proposta? – Sorrio.

— Sem pressão, querido! – Digo antes de me virar e passar pela porta


fechando-a atrás de mim. Ouço sua gargalhada e sorrio comigo mesma
enquanto caminho para o cubículo que chamo de sala.

O resto da manhã passa entre fazer alguns relatórios e jogar batalha


naval no computador. Isso não é nada profissional, mas eu havia adiantado
todo o trabalho e estava entediada sem ter o que realmente fazer. Às
12h00min, Lindsay invade minha sala com o celular na mão e um sorriso
bobo nos lábios, o terninho de três peças vinho que usa abraça suas curvas e
um salto 12 cm a deixa com um ar altivo e elegante, ela joga os cabelos
longos e negros sobre os ombros e ajeita a bolsa no antebraço assim que para
enfrente a minha mesa.

— Chega de trabalho. – Diz. — Você precisa almoçar e eu saber as


fofocas do fim de semana. - Mordo o canto do lábio enquanto nego
levemente com a cabeça.

— Cinco minutos.

— Três e contando. – Responde ela. Fecho o jogo após salvar a


partida e desligar o computador pegando minha bolsa no chão e o celular em
cima da mesa.

Lindsay e eu somos amigas desde o primeiro ano da faculdade,


embora ela tenha feito Direito e eu Secretariado Executivo, acabamos por nos
tornar melhores amigas e por assim inseparáveis, mesmo com os horários
diferentes e pouco tempo para nos encontrar conseguimos manter nossa
amizade e nunca deixar que nada atrapalhasse isso, e quando conseguimos
vaga na mesma empresa foi simplesmente incrível, não apenas pela parte de
não ter que almoçar sozinha, mas também por saber que trabalhando no
mesmo lugar ela entenderia a pressão que é trabalhar para Miguel Banks.

— Você está sendo estúpida ao não aceitar o contrato. – Ralha ela


após eu lhe relatar todas as novidades do final de semana.

— Talvez, mas isso aqui não é um romance onde ele se apaixonaria


por mim e no final viveríamos felizes para sempre. É a realidade e coisas
assim não acontecem.

— Mas podem acontecer. – Diz suspirando. Apesar de ser uma ótima


advogada, era também uma romântica incurável e via uma linda história de
amor em cada situação que lhe era mostrada. — Pode não ser um casamento
de verdade no início, mas nada os impede de transformá-lo em real.

— Você está se escutando?

— Claro que sim, querida! Pensa comigo: Miguel é lindo, rico,


gostoso e bom de cama, você mesma acabou de me contar, ele poderia ter
qualquer mulher que desejasse, mas ele escolheu você. Isso é muito mais do
que apenas ser bom para os negócios. É sobre vocês

— Não existia nós. – Fiz aspas com os dedos. — Antes da sua


proposta.

— Claro que não, você só pensa no trabalho. Além do mais, você


teria me contado se tivesse algo com aquele pedaço de homem. – Suspiro alto
e em seguida engulo o resto de minha comida. Não sentia fome, era um fato,
mas mesmo assim me obriguei a comer uma salada grega com arroz branco
acompanhado por uma taça de vinho.

— Ainda não acho sensato aceitar a proposta.

— Li o contrato, você só tem a ganhar com ele.

— Esse é exatamente o problema, apenas sou beneficiada com o


maldito. — Grunhi.
— Oh, querida! Mas ele também está ganhando. – Diz ela erguendo
sua taça e levando-o aos lábios. — Não digo por ser sua amiga, mas Lize
você é maravilhosa e apenas por você aceitar estar ao lado dele, ele já está
ganhando. – Forcei um sorriso. Não um que realmente chegasse aos olhos, foi
apenas um repuxar de lábios. Algo automático.

— Vou deixá-lo esperando mais algum tempo. – Digo. — Agora


termine seu almoço, temos muito trabalho pela frente. O dia não está sendo
agradável.

Ela gargalha e em seguida leva o guardanapo à boca.

— Tendo você como amiga, o dia nunca será corriqueiro. – Após a


conta ser paga, caminhamos agarradas ao braço uma da outra como duas
adolescentes de volta à sede da empresa. Despedimo-nos no elevador e assim
que coloco os pés na ampla sala do andar da presidência sou atacada por uma
histérica Lívia. Ela debulha as palavras sobre mim e tenho que utilizar toda
minha concentração para entender o que a garota fala.

— Juro que não tinha a intenção. O senhor Banks queria uma cópia da
ata da reunião de hoje cedo e você estava para o almoço, ele disse que não
tinha problemas em eu ligar o computador e imprimir o que ele queria, mas aí
o computador ficou louco. – Ela choraminga. Rio de seu desespero.

— Está tudo bem! – Lhe acalmo. A levo até minha sala e posicionei-
me atrás mesa executando alguns comandos rápidos no computador, em
seguida a área de trabalho aparece a minha frente. Abro o arquivo o qual
estava trabalhando mais cedo e o mando para a impressora.

A mesma trabalha alguns minutos e assim que as cópias ficam prontas


as organizo e coloco em uma pasta azul entregando para a morena a minha
frente. Ela agradece e se desculpa mais uma vez antes de caminhar apressada
rumo à sala de Miguel. Deixo-me cair sobre a cadeira e viro-me na mesma,
tombo meu pescoço para um lado e em seguida para o outro, estalando-o
antes de voltar ao trabalho .
Meus dedos batem sobre o tampo da mesa em um ritmo constante, como se
tocasse uma música que apenas eu compreendia. Os ponteiros do relógio se
arrastavam lentamente enquanto esperava ansiosa para que às 18h00min
fossem finalmente marcadas. Necessitava dar o fora dali, antes que eu
cometesse uma burrada que logo levaria a outra, desencadeando assim um
dominó de desastres em minha vida pessoal e profissional.

Miguel esteve durante todo o dia passeando pela recepção da


presidência como se não tivesse trabalho a ser feito, eu sabia que tinha, eu o
via pelo vidro fosco que separava minha sala da recepção. Não entendia o
motivo de a cada vinte minutos a porta de sua sala se abrir e ele sair por ela
esbanjando sorrisos e atenção a todos a sua volta, ele não era assim, e todo
esse comportamento estranho estava me deixando irritada. Eu queria chutar a
merda fora de sua bunda e mandar ele enfiar esse sorrisinho sacana que
mantinha nos lábios no caralho.

Eu não o deixaria ditar as regras. Confesso que pensei durante horas


em minha conversa com Lindsay e talvez, apenas talvez, eu não tenha
tomado à decisão correta quando peguei a caneta e com uma pressão
excessiva deslizei sobre a folha, assinando o maldito contrato. Ele mudaria
minha vida da água para o vinho em questão de segundos assim que o
entregasse. Talvez essa seja a questão por estar tão irritada. Cedi a ele. Deixei
me levar por sentimentos conturbados que faziam sempre eu tomar a decisão
errada e assim entrando sempre em confusões maiores que eu.

Agarro a alça de minha bolsa e pego o contrato, me levanto e


respirando fundo algumas vezes caminhando em direção à sala de Miguel.
Não bato na porta, apenas giro a maçaneta e a abro entrando.

— Algum problema, Srta. Ferraz? – Pergunta o cretino tirando os


olhos da tela do notebook e me direcionando um arquear de sobrancelhas.

— Não faça com que eu me arrependa disso. – Disparo, colocando a


pasta sobre sua mesa. — É bom você ser um marido perfeito! – Sorrio dando-
lhe as costas. Ouço a cadeira sendo afastada arranhando o piso e passos
rápidos em minha direção.

Não tenho tempo de reagir, tua mão segura meu pulso, girando-me de
encontro a ele. Ofego sentindo seu peito rígido sobre minhas mãos, ergo o
olhar e me perco em seus olhos azuis. Passo a língua pelos lábios
umedecendo os mesmos. Miguel tomba a cabeça para frente e roça seu nariz
no meu antes de encostar nossos lábios. Um simples pedido de permissão.

Abro meus lábios cedendo a ele. Sua língua invade minha boca em
busca da minha. Suas mãos rodearam minha cintura puxando-me para mais
perto. Meu coração bate descompassado no peito enquanto minhas mãos
deslizam por seu peito duro, sentindo a extensão de seus músculos. Envolvi
minhas mãos em seus bíceps afundando minhas unhas em sua carne enquanto
o beijo se torna necessitado, suas costas chocam-se contra a porta de madeira
e ofego sem separar nossos lábios. Buscando uma força que eu não tinha,
minhas mãos deslizam de volta para seu peito empurrando-o para longe de
mim. Sua pupila está dilatada e o desejo brilha em seus olhos. Sinto a mesma
coisa comigo. Jogo a cabeça para trás, puxando algumas lufadas de ar.

— Você não irá se arrepender disso. – Diz ele. Enfia a mão no bolso
da calça social e tira uma caixinha de veludo, abre e me sorri, o anel de
noivado brilha, dourado e delicado, com uma única pedra no centro, engulo
em seco, segura minha mão e desliza o solitário por meu dedo. — O que
achou?

— É lindo! – Meus olhos estão presos à joia. Sinto meu estômago se


apertar como se milhões de borboletas fizessem sua dança nele. Ajeito minha
bolsa sobre o ombro e recupero minha postura. Miguel ainda continua
parado, apenas me olhando. Bebendo-me com o olhar. Levo minha mão à
fechadura, mas sou interrompida por sua mão sobre a minha. Empurro minha
língua de encontro à parte interna de meu lábio e fecho os olhos, sentindo seu
calor, junto ao meu corpo.

— Olha para mim. – Pede, sua voz baixa e rouca. Abro os olhos e
encaro o azul dos seus. Existe pouco espaço entre nós. Ergo-me na ponta dos
pés e colo meus lábios aos seus de leve, antes de me virar e sair de sua sala
sem esperar que ele fale alguma coisa.

— Não sei por que dou ouvidos as coisas que você fala. – Resmungo
enquanto pico a carne em cubos.

— Simplesmente porque sou sua melhor amiga e uma ótima


advogada que sabe que aquele contrato é simplesmente maravilhoso para se
resistir a ele.

— Certeza que está falando do contrato? – Arqueio uma sobrancelha.


Lindsay ri.

— Você é uma vadia sortuda!

— Invejosa. – Respondo sorrindo.

— Com aquele pedaço de mau caminho, que é Miguel Banks, amiga


com certeza sou. - Ela debocha fazendo-me gargalhar alto. Lindsay termina
de temperar a salada e vai rumo ao fogão provando o molho rosé. Ronrona
em aprovação após colocar um pouco na boca.
— Mas deixando as brincadeiras de lado. – Ela se aproxima
posicionando-se em minha frente no balcão, largo a faca sobre a tábua de
carne e a olho. — Fico feliz que resolveu se dar essa chance, claro que é
complicado a situação, mas estou feliz por você, amiga!

— Dê um jeito meio torto e complicado eu também estou. –


Admito. — Depois do Josh, não pensei que alguém fosse realmente chamar
minha atenção, me fazer querer cometer assassinato ao mesmo tempo, em
que quero transar loucamente com ele. – Ela gargalhou jogando a cabeça para
trás.

— Então, ele é quente na cama como você disse ou estava


exagerando? - Minhas bochechas ganham um ar rosado e as sinto queimar.

— Não vou fazer propaganda.

— Ele é mesmo quente então. – Concluiu. Deixo meus lábios se


puxarem em um sorriso enquanto minha mente viaja para as memórias da
nossa noite juntos. Sim, ele é muito quente!

Entre conversas amenas e risadas terminamos o nosso jantar, com


nossos pratos feitos nos sentamos na frente da televisão assistindo mais uma
maratona de episódios de Friends.
Encaro a pasta com o contrato de casamento assinado por Elizabeth, uma
parte de mim vibra de felicidade por ela ter aceitado, enquanto a outra
encontra-se temerosa pela mentira que inventei para conseguir tal coisa.

Enfio o contrato em minha pasta e me preparo para deixar o


escritório. Meu celular toca desesperadamente e passo o dedo pela tela,
desligando a chamada, é a oitava ou nona chamada de Susan, a mulher
grudou no meu pé como chiclete e tenho que resolver essa situação logo antes
que as coisas com Elizabeth comecem a ficar ainda mais complicadas, temos
uma sintonia, ou pelo menos o desejo entre nós é mútuo, ela me quer do
mesmo jeito e intensidade que eu a quero. Caminho para fora de meu
escritório, despeço-me de algumas pessoas e pego o elevador indo direto para
a garagem, entro em meu carro e dirijo pelas ruas movimentadas da cidade.

Quando entro em meu apartamento me desfaço do paletó e da gravata,


logo após deixar minha pasta sobre a poltrona, sinto o alívio em não ter mais
nada apertando meu pescoço, odeio ter que usar gravata todo santo dia,
quando, na verdade, eu queria apenas ficar confortável em um jeans e uma
camisa polo.
Caminho direto para o banheiro onde uma ducha fria alivia a tensão
do meu corpo, segunda-feira foi desgastante e me sinto sufocado em pensar
que ainda falta quatro dias para que eu possa dormir até mais tarde, beber
com os amigos e não ter que me preocupar em estar na empresa na hora.

Quando eu era criança adorava passar o dia lá com meu pai, correr pelos
corredores e deixar os funcionários loucos com minhas travessuras, mas
quando fui tomando idade e quando pôr fim a empresa passou para minhas
mãos, me senti sufocado com tantas responsabilidades. Amo aquele lugar, é
minha vida, mas não é onde desejo estar todos os dias, das oito da manhã às
seis da tarde.

Fecho a ducha e enrolo a toalha em minha cintura, saio do banheiro e


vesti uma cueca boxer vermelha deixando a toalha molhada jogada sobre a
cama. Caminho para a cozinha pegando uma lasanha congelada na geladeira
e colocando-a no micro-ondas, enquanto preparo um suco de maracujá.
Adélia, a mulher que mantém minha casa em ordem aparece duas vezes
durante a semana e é triste admitir, mas é apenas nesses dois dias que como
algo decente em casa e não apenas um monte de comidas congeladas que
uma hora acabará me fazendo ter problemas de colesterol alto.

A televisão ligada no noticiário me distrai enquanto devoro o segundo


pedaço de lasanha, nunca tenho tempo para ficar assim, sentado na frente à
televisão passando os canais aleatoriamente procurando algo interessante para
assistir, estou sempre sentado atrás de uma mesa de escritório cercado de
papéis, que muitas vezes desejo não compreender do que se trata.

Deixo o prato de lado em cima do sofá e pego meu celular deslizando o


dedo pela tela, desbloqueando-o. Procuro o contato de Elizabeth, mas desisto
de ligar para ela antes mesmo de colocar para chamar, evito pensar nela, mas
mantê-la longe de meus pensamentos é uma tarefa ainda mais complicada
após tê-la em meus braços, em minha cama. Desligo a televisão e pego o
prato levando-o para cozinha e o deixo na pia e caminho desligando as luzes,
entro no banheiro e tenho meu tempo escovando os dentes e analisando
minha aparência no final, meus olhos estão cansados, estou desgastado com
tantas horas de trabalho, reuniões e almoços com clientes desagradáveis.

Desligo a luz ao sair do cômodo e caminho no escuro rumo a minha cama


jogando-me nela e deixando que o cansaço faça seu trabalho em me apagar
minutos após me deitar.

Terça, quarta, quinta-feira, a semana se arrasta lentamente me deixando


estressado e cada vez mais ansioso para que o final de semana chegasse.
Elizabeth está me dando menos trabalho do que pensei que me daria, é
compreensiva na maioria do tempo, mas confesso que quando sua boca
atrevida se abre me ofendendo, e dizendo o quão babaca eu consigo ser,
tenho vontade de arrastá-la para a primeira sala vazia e fode-la até que não
sabia mais o porquê de estar me xingando.

Aproximo-me dela, no final do expediente e envolvo meus braços em sua


cintura abraçando-a por trás, ela se assusta, mas logo percebe que sou eu e
gira em meus braços, fitando-me com aqueles olhos verdes que me
hipnotizam.

— Creio que isso não seja correto, chefe! – Diz com um leve sorriso
brincando em seus lábios cobertos por um batom vermelho-escuro. Olho de
um lado para o outro antes de beijar sua boca rapidamente.

— Me processa, querida! – Trago ela mais para mim. Ela joga a cabeça
para trás rindo e tomo seus lábios nos meus, beijando-a. Ela faz jogo duro
quando se trata de mim a beijar em público, mas Fernando ajudou-me nesse
ponto dizendo a ela que as pessoas precisam nos ver juntos antes de
assumirmos para todos que iríamos nos casar em breve.

Já passava das 18h00min, o andar da presidência se encontrava vazio e


minha vontade ao sentir seus braços ao redor de meu pescoço era apenas de
jogar tudo que estava sobre sua mesa no chão, dobrá-la sobre ela, enrolar sua
saia até a cintura e afastar sua calcinha e sentir seu gosto em minha boca
antes de fode-la ali mesmo. Elizabeth estava deixando-me maluco. Ela se
afasta de mim e pega a sua bolsa.

— Estou pronta para irmos. – Anuncia. Estamos passando mais tempo


junto, nos conhecendo e estou cada vez mais encantado com a mulher que ela
tem me mostrado ser. Além de uma ótima profissional, Elizabeth também é
uma pessoa maravilhosa.
Estaciono o carro em frente a seu prédio, Elizabeth coloca a bolsa no
antebraço e se curva para mim, beijando meu rosto de leve. Agradeceu-me
por deixá-la em casa e abriu a porta do veículo. O ar frio da noite invade o
ambiente antes aquecido, ela me olha uma última vez antes de sair e fechar a
porta atrás dela, espero que ela entrar no prédio e só assim arranco com o
carro, cortando as ruas da movimentada São Paulo.

A noite estava fria, o vento soprava a copa das poucas árvores que se
encontravam ali quando entrei na garagem de meu apartamento. O portão da
garagem se abre e conduzo o carro para dentro, rumo a minha vaga. Desligo
o veículo, os faróis se apagaram deixando a garagem escura, pego minha
pasta no banco de trás e desço trancando as portas do veículo. Assim que
entro em meu apartamento, me desfaço da gravata e da pasta, deixando-as em
cima do sofá enquanto traço meu caminho para o quarto.

Despejo mais uma dose do líquido âmbar em meu copo, esse é o terceiro
ou quarto desde que Fernando saiu de meu apartamento depois das
18h00min, meus pensamentos voltam e meia seguiam para Elizabeth e
quando isso acontecia, enchia meu copo novamente e bebia impedindo que a
vontade de correr atrás dela e a arrastar para minha cama novamente falasse
mais alto.

Uma única noite que tivéssemos juntos, mas foi o suficiente. Aquela
pequena bruxa ruiva me enfeitiçou desde a primeira vez que coloquei meus
olhos sobre ela, e agora depois de tê-la em minha cama, ter seu corpo colado
ao meu, sentir seu gosto e cheiro, tornou-se uma droga para mim e estou
completamente viciado nela, e não quero me livrar tão cedo dessa
dependência.

Meus olhos começam a pesar, talvez eu tenha bebido demais, aquela


garota será minha perdição se eu não tomar cuidado para não me afundar
ainda mais na paixão que sinto por ela, mas tenho a sorte dela não saber sobre
isso, se não, toda a farsa falharia. Deixo o copo sobre a mesinha de madeira
ao lado da poltrona em que estou e me levanto pegando as chaves do carro e
meu celular, não penso muito quando saio de meu apartamento e entrou em
meu carro dirigindo pela noite paulista sem rumo. Meus pensamentos me
consomem, Elizabeth nubla minha mente e quando dou por mim, estou
parado em frente a seu prédio criando coragem para sair do veículo e tocar o
interfone de seu apartamento.

Eu deveria dar espaço a ela, não deixar ela sufocada, agir naturalmente e
não como um adolescente apaixonado, mas não consigo me manter longe.

A noite está fria quando tomo coragem e deixo meu carro correndo até a
entrada de seu prédio, ergo a mão e a paro antes de apertar o interfone de seu
apartamento.

— Inferno de mulher! – Volto para meu carro, furioso comigo mesmo,


bato a porta com força e dou partida acelerando mais do que deveria.

Péssima ideia ter vindo aqui! Recrimino-me mentalmente antes de me


dirigir de volta a meu apartamento.

Eu poderia ficar dando voltas e mais voltas pela cidade e tentar tirar
aquela diaba ruiva de minha cabeça. Na manhã seguinte eu estaria com uma
bela ressaca digna do Fernando, mas em vez disso depois apenas dirijo para
casa.

Elizabeth ainda está em meus pensamentos quando entro na garagem e


estaciono em minha vaga. Evito o elevador e subo pelas escadas, sentindo
minha cabeça pesar a cada degrau deixado para trás. Suspiro frustrado assim
que entro em meu andar e a figura loira de Susan toca impaciente a
campainha de meu apartamento.

— Susan! – Digo ao me aproximar.

— Querido, estava tão preocupada com você! – Vem ao meu encontro


beijando meus lábios.

— O que faz aqui?

— Vim lhe ver, bobinho! – Conteve um sorriso, seus lábios estavam


cobertos por um batom vermelho vivo.
— Está tarde, é melhor ir embora. – Disse destrancando a porta. — Vou
chamar um táxi para você.

— Não seja tolo Miguel, não preciso de um táxi. – Se aproxima de mim,


passando as mãos por meu peito e subindo-as para meus ombros. Seguro seus
pulsos e a afasto de mim.

— É melhor ir embora, Susan! — Sua boca se abre em um pequeno "O"


de indignação por estar sendo dispensada, mas logo se refaz, sorri para mim e
diz em seguida:

— Tudo bem, deve estar cansado. Nós vemos amanhã. – Sem mais
nenhuma palavra ou gesto caminha rumo ao elevador deixando me estacado
na porta, incrédulo em como ela não percebe que nunca haverá nada a mais
entre nós.

Quando deito a cabeça no travesseiro horas mais tarde, Elizabeth ainda


habita meus pensamentos me levando sempre de volta para sensação que foi
tê-la em meus braços durante toda a madrugada e manhã. Não sei em que
hora da madrugada consigo adormecer, mas quando acordo no outro dia, o
gosto amargo em minha boca e a dor de cabeça que não passa nem mesmo
com muitos analgésicos, fazem com que eu me arrependa amargamente de ter
enchido a cara para esquecer aquela diaba. Eu deveria ter imaginado que teria
ressaca após aqueles copos de whiskey. O som estridente do celular tocando
em alguma parte do apartamento me faz querer afundar a cabeça no
travesseiro e fazer aquele som irritante parar, pego o aparelho e atendo
irritado.

— Juro que se não for importante, vou arrancar sua cabeça. – A risada
alta do outro lado da linha me faz afastar o celular da orelha.

— Ressaca, meu amigo? – Questiona Otávio.

— Tudo culpa daquela diaba. – Digo passando os dedos pelos fios


bagunçados de meu cabelo.

— Não vi ela te obrigando a encher a cara. – A voz de Fernando soa em


meus ouvidos.
— Argh!

— Romeu, Romeu, onde está tu Romeu! — Fernando me zoa arrancando


risadas altas de Otávio.

— Cala a boca desse bastardo pelo amor de Deus. – Digo frustrado.

— Por que não vem aqui em casa? Estamos dando uma pequena social
para alguns amigos. – Otávio anuncia.

— Vou passar, quero apenas descansar e curar essa maldita ressaca. –


Informo dispensando o convite.

— Uma pena, George está jogando charme para cima de sua noiva. –
Fernando anuncia.

— Ela não está aí. – Digo convicto.

— Bom, se a sua noiva é uma ruiva, baixinha, com curvas de deixar


qualquer um louco, então sim! Ela está. – Diz me provocando. Bufo e outra
gargalhada alta ressoa do outro lado da linha. Desligo a chamada e caminho
para o banheiro tomando uma ducha fria para despertar meu corpo. A
imagem de George jogando charme para minha Elizabeth invade minha
mente, nubla meus pensamentos e me faz criar mil teorias de como acabar
com a vida daquele bastardo.

A missão de vestir uma roupa, pegar as chaves, celular e sair de casa


dirigindo até a casa de Otávio é feita no modo automático, eu estava virando
uma pessoa completamente diferente da que eu era. Eu não sou o tipo de cara
que bebe e dirige de madrugada até o apartamento de uma mulher, ou que
vira um paranoico por ouvir dizer que outro cara está conversando com ela,
mas eu também nunca havia tido uma mulher que me deixasse
completamente sem rumo e sem saber o que fazer. E ela, aquela ruiva do
inferno me tira de órbita, me deixa fora de mim e me faz ter pensamentos
assassinos com qualquer cara que se aproxime dela.

Estaciono em frente ao prédio de Otávio e caminho direto para o


elevador, o zelador não tenta me parar, já sou conhecido ali e os minutos que
passo dentro daquele cubo de metal são os piores minutos da minha vida.
Assim que as portas se abrem pulo para fora, a passos rápidos, caminho até a
porta do último apartamento, giro a maçaneta entrando sem ser avisado. Há
pessoas espalhadas pela sala e cozinha, cumprimento algumas pessoas
rapidamente e caminho para a área da piscina onde em um bar improvisado,
vejo Elizabeth sentada em uma banqueta de madeira com uma taça de drink
de coloração rosa em sua mão, ela ri de algo que o babaca diz a ela, apresso o
passo em sua direção, não me importando em parecer um louco ciumento.
Desde que ela aceitou minha proposta é assim que me sinto: louco!

— Pode me passar os vinte. – Diz Fernando para Otávio estendendo a


mão assim que entrou em minha frente barrando minha passagem.

— Você é um babaca! – Diz Otávio ignorando a mão estendida do amigo.


— Que tal irmos pegar uma cerveja para você. – Sugere ele.

— Não quero uma maldita cerveja. – Esbravejo alguns palavrões com os


olhos ainda pregados em Elizabeth.

— Você está com uma cara bem psicopata, creio eu que irá assustar sua
noiva se aparecer perto dela com essa cara. – Fernando diz rindo.

Tento caminhar rumo a ela novamente, mas sou empurrado para trás
sendo arrastado por Fernando para dentro do apartamento, ele abre a
geladeira e me entrega uma Stella, abro a garrafa e levo a boca, deixando que
o líquido gelado me refresque. Levo a mão até o pescoço e esfrego minha
garganta impaciente.

— Agora que já está servido e mais calmo, que tal dizer um “Olá” para
sua querida noiva? – Fernando debocha. Fecho a mão em punho e soco seu
braço arrancando risada de Otávio e uma cara de dor fingida de Fernando.
Caminho novamente para fora do apartamento rumo ao pequeno bar
improvisado onde Elizabeth ainda continua sentada conversando com
George, fecho os olhos e respiro fundo quando o vejo segurar em sua mão e a
mesma puxá-la para trás, se livrando do toque, caminho apressado e me
posicionei atrás dela, passo meu braço sobre seu ombro, ela ergue os olhos e
sorri ao me ver.
— Está tudo bem por aqui, amor? – Pergunto olhando diretamente para
George.

— Tudo sim! – Diz levando sua bebida aos lábios. — Pensei que não iria
aparecer, Fernando disse que estava de ressaca. – Conta.

— Nada que um banho frio e um comprimido para dor de cabeça não


resolvesse. — Me curvo beijando levemente seus lábios. Ela franze a testa
pela minha ação, mas não diz nada, pelo menos não ali na frente daquele
paspalho que nos fita com curiosidade, mas sei que quando ficarmos a sós ela
fará com que eu pague por estar agindo como um maluco ciumento.
Miguel tinha o efeito de me deixar irritada e, ao mesmo tempo, trazer
calmaria ao meu dia, me estressa ao nível de eu querer esfolar sua cara no
asfalto quente, mas, ao mesmo tempo, faz com que eu quisesse abraçá-lo e
beijá-lo, como se fosse o último beijo que trocaríamos. Eu não entendia bem
essas sensações que ele me causava, e eu não gostava de não saber com o que
estava lidando. Levei a taça do coquetel de morango aos lábios e deixei que o
líquido gelado esfriasse minha garganta enquanto eu presenciava a briga mais
estúpida de ego masculino.

Miguel encarava George como se a qualquer momento fosse passar


em minha frente e socar a cara do moreno, os olhos castanhos de George
estão presos nos azuis de Miguel e um sorriso sarcástico estampado em seus
lábios como se irritar o homem atrás de mim, fosse engraçado.

— Está bem, rapazes! Já chega! – Coloco-me de pé. George pisca


voltando seu olhar para mim. Sinto a mão de Miguel em minha cintura em
um aperto firme. Sugo o ar uma vez antes de prosseguir. — Foi um prazer
conhecê-lo. Agora se nos der licença, Miguel e eu iremos dar uma volta. –
Forço um sorriso. Não deixo que ele fale algo, apenas seguro a mão de
Miguel e o puxo para longe de onde estávamos.

— Qual é a merda do seu problema? – Pergunto colocando as mãos


na cintura e virando-me para ele assim que atravessamos a porta de entrada
do apartamento. Ele piscou confuso franzindo a testa.

— Não entendi. – Ele cruza os braços sobre o peito, deixando seus


músculos flexionados se agarrando a camiseta preta que usa.

— Não se faça de idiota, Miguel! – Digo calma, mas com uma ponta de
raiva na tonalidade. — Você é bem mais esperto que isso, então não aja feito
um babaca, porque posso me irritar facilmente e pisar em suas bolas. – Seus
olhos queimam sobre mim, um olhar curioso e a sombra de um sorriso brota
em seus lábios, como se me ver irritada divertisse-o.

Sinto minhas bochechas esquentarem por causa da irritação que sinto,


como fui estúpida em pensado que meu domingo seria calmo. Quão enganada
eu estava. As pessoas entram e saem do apartamento sem nos olharem uma
segunda vez. Bato meus saltos no piso impaciente, enquanto Miguel apenas
me observa com aqueles olhos azuis que me deixam fora de órbita.

— Eu não fiz nada, querida. – Se defende. — George que deveria manter


suas mãos longe do que me pertence. Será que ele não viu o anel de noivado
em seu dedo? – Resmunga irritado. Seus olhos azuis escurecendo ganhando
um novo brilho.

— Eu não sou propriedade, para ser sua! – Aponto o dedo em sua cara,
em seguida bato o indicador em seu peito visivelmente irritada com o ogro
em minha frente.

— Você se tornou minha no momento em que aceitou se casar comigo. –


Anuncia segurando meu pulso e me puxando para ele, colando meu corpo em
seu peito, ele coloca a mão livre em minha cintura, mantendo-me cativa em
seus braços.

Meus lábios se abrem em sobressalto. Tento me afastar empurrando seu


peito com a mão livre, mas isso só faz com que ele me segurasse mais firme e
sem esperar uma autorização, sua boca desceu sobre a minha, recusei nos
primeiros minutos, mas meu corpo não me obedece quando à ponta de sua
língua passeia sobre meus lábios, contornando-os. Automaticamente eles se
abrem, aceitando ser beijada por ele.

Seus lábios sobre os meus não são delicados, o beijo é bruto, sua língua
busca a minha e quando se encontram me agarro nele, aprofundando o beijo,
tomando tudo que ele me dá e um pouco mais. Miguel soltou meu pulso e
aproveito essa brecha para agarrar os cabelos de sua nuca, puxando-os com
certa força. Ele me empurra para a parede mais próxima, e seus lábios
desceram para meu pescoço. Arrepiando-me, enviando ondas elétricas por
todo meu corpo, fazendo meu interior se contorcer em deleite. Não me
importo em estarmos no corredor e tão pouco em estar contracenando um
baita filme para as pessoas que passam por nós.

— Existem quartos lá dentro. – A voz de Fernando chega em meus


ouvidos, fazendo com que Miguel e eu nos afastássemos. Mantendo seus
olhos azuis em mim, Miguel acaricia minha bochecha com o polegar. Ainda
estou brava com ele, mas, a raiva que sinto no momento está camuflada pelo
desejo, paixão, tesão… não sei exatamente qual nome usar.

— Você não tem mais o que fazer? – Pergunta Miguel, ligeiramente


irritado com o amigo.

— Até que tenho, mas aqui fora está bem divertido. – Respondeu ele
rindo. — Lize, minha querida, essa coloração rubra em seu rosto lhe deixa
simplesmente adorável. – Fernando provoca, mordo o lábio para não rir da
expressão assassina que se forma na face de Miguel.

— Vou matar você, se tornar a olhar para minha mulher. – Ralha entre os
dentes, suas mãos se fechando em punho.

— Ela ainda não se casou com você. – Diz rindo da cara do amigo e entra
no apartamento.

— Se ele não fosse meu melhor amigo, juro que matava ele. – Diz Miguel
em voz baixa. Mordo o lábio e fecho os olhos, abro-os e encaro aquele mar
azul que são seus olhos.
— Ele está apenas te irritando. – Pontuo a verdade, para que ele se
acalme. — Vamos voltar lá para dentro. – Beijo rapidamente seus lábios e
entrelaço nossos dedos, e o puxo para dentro do apartamento. Não somos um
casal de verdade, mas estamos construindo algo aos poucos, quero acreditar
que sim, mas posso estar me enganando, deixando que os conselhos absurdos
de Lindsay nublem a verdade do que realmente existe entre mim e Miguel.
Talvez eu me ferre muito no final, mas enquanto isso não acontece, deixo
simplesmente as coisas irem pelo caminho que o destino está desenhando.

Passava-se das 19h00min quando Miguel estacionou em frente ao prédio


que eu residia. It's my life [1]do Bon Jovi preenchia o ambiente em um
volume baixo que não iria atrapalhar caso quiséssemos conversar, mas o
silêncio era bem-vindo. Encarei a chuva calma que caia sobre o carro e
suspirei em melancolia antes de virar o rosto para Miguel, deixando que
nossos olhos se encontrassem, nos prendendo em uma conexão que apenas
nós dois entendemos. Miguel ergue a mão e acaricia minha bochecha, fechei
os olhos apreciando seu toque em minha pele.

Meus lábios se abrem de leve e me mexo no banco, aproximando-me


dele, levo minha mão até sua face, sentindo sua barba arranhar a pele,
aproximei meu rosto do seu, encostando nossos lábios. Não era um beijo
como os outros, esse era calmo, cheio de sensações novas, mas o desejo ainda
estava ali, sua língua buscando a minha enquanto exploramos, mordisquei
seu lábio inferior antes de me afastar deixando minha testa encostada na sua,
nossas respirações levemente alteradas, seu hálito de menta batendo contra
meus lábios.

— Você me deixa completamente fora de mim! – Confessa colando seus


lábios nos meus novamente, apenas um encostar. Suspiro sentindo meu
coração bater rápido no peito.

— Preciso entrar. – A atração entre nós era palpável a qualquer um que se


aproximasse, Miguel despertava coisas em mim que eu recusava a aceitar.
Ele concorda, mas segura meu pulso antes que eu possa abrir a porta e pular
para a chuva.

— Estava pensando em nos casarmos dentro de uma semana, consegue


encontrar um vestido em sete dias? – Questiona-me.
— Sim, mas tem a decoração, lista de convidados e tudo mais. – Digo
olhando-o.

— Se preocupe apenas em encontrar o vestido perfeito, cuido de todo o


resto. – Balanço a cabeça concordando, pego minha bolsa no banco de trás de
seu carro e abro a porta, coloco a bolsa sobre a cabeça e saio do carro
fechando a porta atrás de mim e equilibrando em meus saltos corro
atravessando a rua enquanto as gotas frias da chuva caem sobre meu corpo.

Procuro minha chave na bolsa, destravo o portão e corro rumo as escadas,


subo os degraus o mais rápido que posso com um salto de doze centímetros.
Assim que alcancei o corredor de meu apartamento apresso meus passos,
destranco a porta do apartamento e entrei deixando minha bolsa no chão,
desfaço-me dos saltos e comecei a livrar-me da roupa molhada enquanto
caminho para o banheiro.

A água quente bate sobre minha pele aquecendo-me, encosto a testa na


parede gelada e fecho os olhos.

Me casarei em uma semana. O pensamento me assusta.

Casar-me era a última coisa em minha lista, pensar que logo dividirei
minha vida com uma pessoa que pouco conheço fora do trabalho, me deixa
praticamente em pânico. Maldita hora em que ouvi Lindsay e aceitei assinar
aquele contrato. Desliguei a ducha e me enrolei na toalha, encaro meu reflexo
no espelho e penteio meu cabelo prendendo-o em um coque frouxo no alto de
minha cabeça. Ligo o aparelho de som e deixo que a voz de Humberto
Gessinger, vocalista dos Engenheiros do Hawaii, preencha o ambiente com a
melodia de Armas químicas e poemas[2], enquanto me visto e caminho rumo
a cozinha, preparar algo rápido para comer e me jogo no sofá com um
sanduíche natural e um copo de suco de laranja. Cantei letra da música
enquanto minha mente vagava pelos motivos que me fizeram estar onde me
encontro hoje, não foi uma boa ideia ter aceitado a proposta de Miguel, mas
não consigo me arrepender de tal coisa.
Casamento era uma coisa que há muito tempo estava fora de meus planos,
claro que há alguns anos pensei na probabilidade de entrar na igreja vestida
de branco e dividir o resto de minha vida com o cara que eu julgava amar.
Mas depois da traição de Josh, casamento era um item riscado em minha
lista, até o momento de hoje.

Miguel me deu sete dias para encontrar o vestido que eu julgasse ser
perfeito para nosso casamento, enquanto isso ele corria com o resto, meu
único trabalho além de encontrar meu vestido de noiva foi listar quem de
meus conhecidos eu gostaria de convidar. O que foi um trabalho bem mais
fácil, já que não tinha muitos amigos, tirando um ou dois convidei todos, em
relação a minha família, apesar de não me dar bem com algumas pessoas fiz
questão de não deixar ninguém fora da lista. Não pensei que depois de tanto
bater o pé e dizer que eu não me casaria, eu estaria aqui hoje praticamente
com o pé no altar, disposta a dizer sim para um homem que embaralha meus
sentimentos e que me vê como a saída para seus problemas.

— A decoração está fantástica. – Bethany, uma antiga amiga do


tempo de colégio, elogio.
— Está mesmo incrível. – Afirmo olhando pela janela do quarto de
hóspedes da mansão dos Banks.

Um sorriso depõe em meus lábios quando me viro, deixando a visão do


jardim para trás enquanto caminho rumo ao meu vestido estendido na enorme
cama box. Me desfaço do robe e da camisola ficando apenas com uma
calcinha de renda branca caleçon, e com a ajuda de Lindsay coloco o vestido
que demorei quase a semana inteira para escolher. O vestido longo com
decote em coração avantajava meus seios, nada exagerado, apenas os
realçando. Ele é colado, por isso demarcava com louvor as curvas de meu
corpo. No meio das coxas ele se abre, suas bordas soltas simulavam a cauda
de uma sereia, e por todo tecido pequenas rosas desenhadas formavam uma
espécie de escama de renda ressaltando o seu modelo e o corpo violão que a
muito custo eu conseguia manter.

— Você está magnífica! – Diz Lindsay olhando-me.

— Está mesmo muito linda! – Bethany elogia. — Depois de tudo o que


houve com Josh, não imaginei que a veria subindo ao altar. – Comentou. Eu
não poderia simplesmente dizer a ela que aquilo tudo era uma farsa, então
coloco meu melhor sorriso não deixando nada transparecer.

— Eu também, por muito tempo pensei que nunca subiria no altar.


Quando vim para cá, estava à procura de um recomeço, experiências novas e
junto a elas surgiu um novo amor. Não pensei que Miguel seria o recomeço
para meu coração. – Suspiro antes de continuar. — Mas, quanto mais eu o
conhecia, mais eu me apaixonava, me encantava e por fim, mais o amava, e
quando ele propôs, eu não tinha outra resposta para ele além do sim! –
Quando termino de falar, ela me abraça forte com os olhos castanhos
molhados de lágrimas.

— Estou muito orgulhosa de você.

Lindsay apenas me olha, sua testa formando um V entre os olhos


buscando em meu olhar alguma verdade no que acabei de falar. Por fim ela
dá de ombros deixando para lá. Meus pais entram no quarto e sorri para eles,
estendendo as mãos em direção a eles. Minha mãe, Janice, a pega sorrindo. O
rosto molhado pelas lágrimas.
— Você está tão linda, meu amor! – Diz com a voz chorosa. A abraço de
lado e abro os braços para que meu pai, Marcel, se junte a nós.

— Estou orgulhoso da mulher que se tornou. – Diz, beijando


carinhosamente minha testa.

— Obrigada mamãe, papai. – Sinto minha garganta começar a se fechar e


as lágrimas molharem meus olhos verdes. Dói não poder contar a eles a
verdade sobre esse casamento. Sinto que estou traindo a confiança deles. —
Não me façam chorar. — Peço.

Observo meus pais quando me soltam. Minha mãe aparenta estar mais
jovem ao usar um vestido longo em tom de vinho. Seus cabelos ruivos se
encontram presos em um coque clássico na nuca, alguns fios brancos dançam
junto aos fios ruivos, o sorriso que tanto amo está ali estampado nos lábios
cobertos por um batom em tom de marrom, nada muito chamativo, apenas
destacando a beleza que em seus cinquenta e seis anos ainda está presente em
seus traços. Papai no que lhe concerne está trajando um terno preto, camisa
social branca e uma gravata azul em um nó perfeito.

Os fios brancos cobrem sua cabeça, o rosto cansado do trabalho duro o


deixa mais velho do que realmente é, mas ainda assim continua bonito. Os
olhos verdes são um reflexo dos meus e brilham em orgulho por sua única
filha estar se casando. Isso faz com que eu me sinta mal, por estar
envolvendo as pessoas que mais amo nesse circo que Miguel e eu estamos
apresentando.

Olho-me no espelho uma última vez, a maquiagem bem-feita destaca


meus olhos verdes, meus cabelos ruivos trançados parcialmente pela lateral
enquanto uma camada cai em ondas, a trança é decorada com pequenas rosas-
brancas enlaçadas em meus fios. Bethany e Lindsay beijam meu rosto e saem
juntas do quarto, às duas em seus longos vestidos de madrinhas, a tonalidade
rosa clara, contrasta perfeitamente com a cor de suas peles. Estão lindas e
sensuais na medida certa. Mamãe beija minha testa e nos acompanha até o
salão da mansão, antes de passar pelas portas de madeira e ir ao encontro do
senhor Banks passa seu braço no dele e caminham pelo corredor que logo
estarei percorrendo.
— Nervosa, querida? – Papai pergunta.

— Ansiosa seria a palavra certa. – Digo e ele sorri. Respiro fundo e abro
a porta, papai apoia-me enquanto caminhamos pelo jardim. O casamento ao
ar livre foi escolha minha, por simbolizar a liberdade que gostaria de prezar
ainda que eu passe a ser uma mulher casada depois de hoje e Miguel havia
concordado por conta da imprensa, mas secretamente desconfiava que ele
também havia gostado da ideia.

O jardim está delicadamente decorado com vasos de rosas-brancas e rosa-


claro, às duas tonalidades se misturando enquanto criam um contraste
perfeito nos vasos. Luminárias redondas brancas feitas de barbante estão
dependuradas em pontos estratégicos em conjunto de cinco, variando no
tamanho e dando ao ambiente um ar romântico. Mais à frente estão as
cadeiras de madeira dispostas em duas colunas largas separadas apenas por
um corredor de velas colocadas dentro de vidros.

No início do corredor, rosas da mesma tonalidade das dos vasos formam


um aro onde um único lustre de cristal de velas está dependurado. O tapete
branco alcançava o altar seguindo uma trilha na grama, e após alguns degraus
era possível encontrar o mediador da cerimônia por trás do palanque,
decorado com rosas-brancas. O altar por sua vez está magnífico, um aro de
cipó e rosas da mesma cor das que estavam dispostas nos vasos se
entrelaçaram acima do palanque, no geral, o ambiente harmoniza muito bem
com a natureza transmitindo uma sensação de paz para seus convidados.
Marcela, a cerimonialista, entrega-me o buquê e o seguro firme como se fosse
minha salvação.

A escolha do buquê foi pelo significado das flores, eu estava dando a


Miguel, minha vida e queria algo que significasse a nossa união, mesmo que
não fosse verdadeira, então a escolhida foi Alstroemerias, por significar a
amizade que conseguimos construir através do tempo em que passamos
juntos, a lealdade que ele havia me prometido e eu prometido a ele, e por fim
mais não menos importante, a felicidade, mesmo que com certas dificuldades,
esforçarmos para sermos felizes juntos.

Quando a marcha nupcial se iniciou, caminhei ao lado de meu pai. É


como se tudo ao nosso redor desaparecesse e a minha frente a única coisa que
consigo ver é Miguel.

Minhas mãos soam e a ansiedade que antes sentia, transforma-se em


nervosismo fazendo com que meu desejo seja apenas que isso acabe logo.
Sorrio para alguns convidados ao longo do percurso e quando papai entrega
minha mão a Miguel, entrelaço nossos dedos e aperto.

— Você está linda. – Diz e se curva beijando minha testa antes de nos
posicionar em frente ao Juiz de Paz, que celebraria nossa união, perante
nossos amigos e familiares.

— Boa noite a todos! Estamos aqui hoje para celebrar as melhores coisas
da vida, a confiança, a esperança, o companheirismo e o amor entre esse
casal. — Iniciou a cerimônia, enquanto a minha mente viajava no calor que
era ter as mãos de Miguel sobre as minhas, os olhos azuis brilhavam como se
todo aquele circo que armamos fosse verdadeiro para ele, o que fazia com
que eu ficasse intrigada com o real motivo para aquilo. Miguel apertou minha
mão fazendo com que eu despertasse de meus pensamentos e quando o juiz
iniciou os votos. Miguel prendeu seu olhar ao meu e sorriu, aquele sorriso
que com o passar dos dias fazia com que sensações desconhecidas
assombrassem meu íntimo.

— Miguel William Banks, é de livre e espontânea vontade que você


aceita Elizabeth Cristina Ferraz como sua companheira em matrimônio? —
perguntou. O sorriso de Miguel se amplia, antes de responder a pergunta ele
piscou para mim.

— Sim!

O Juiz se voltou para mim, repetindo a mesma pergunta que foi feita a
meu noivo. Minhas mãos tremiam de nervoso ao final de sua pergunta, sentia
o nó de ansiedade se formando em minha garganta e com os lábios trêmulos,
lhe respondi:

— Sim!

— Assim sendo de livre e espontânea vontade de ambas as partes, por


favor, deem as mãos para receber os votos de amor. – O Juiz prossegue com a
cerimônia. Fernando com um sorriso grande nos lábios se aproxima e entrega
ao juiz as alianças que trocaríamos, prendo a respiração enquanto o juiz fala
sobre a importância das alianças como o símbolo físico de nossa união.

O padre dita os votos e Miguel as repete sorrindo, enquanto desliza o


círculo dourado por meu dedo anelar. As lágrimas brilham em meus olhos e
mesmo que aquilo tudo não fosse real meu coração teimava em apreciar cada
momento daquela singela celebração fazendo assim que eu criasse esperanças
de que aquilo tudo pudesse não ser apenas uma farsa.

Eu estava emocionada, confesso, e apenas por hoje deixo-me sonhar com


uma vida ao seu lado. Após a troca das alianças o juiz faz o pronunciamento
final falando sobre a importância do amor e da união e finaliza com a tão
esperada fala por todos os convidados: “pode beijar a noiva!”

Miguel puxa-me para ele com delicadeza e olhando em meus olhos, com
um sorriso se curva beijando meus os lábios trêmulos. Afastamos e sorrimos
um para o outro antes de nos virar para os convidados e nossa família.

— Casei! – Anuncia alto para os convidados fazendo-os rir e me puxa


para ele me beijando novamente, agora não apenas um encostar, mas sim em
um beijo de verdade, com direito a nossas línguas dançando uma de encontro
com a outra, fazendo meu coração disparar e minhas pernas amolecerem,
prende-me em seus braços e quando nos separamos uma salva de palmas
explode ao nosso redor, deixando-me completamente constrangida pelo show
que temos para todos ali.
Minha querida mãe, quando ainda vivia, tinha sempre algum conselho
inteligente para me dá, eu quase nunca os entendia, mas agora parecia que
seu conselho sobre amar alguém fazia todo o sentindo. Ela dizia que eu só
saberia o que é felicidade quando eu me sentisse em paz comigo mesmo e
com as decisões que tomei, apesar de minha consciência me crucificar um
pouco pela pequena mentira que contei a Elizabeth, eu me sentia completo ao
me casar com ela, apesar de os meios para que chegássemos ao altar,
confesso não terem sidos os melhores, mas em minha covardia não tive
coragem o suficiente para convidar a ruiva que há muito tempo perturbava
meus pensamentos para sair e assim desenvolver um relacionamento com ela.

Os meios que utilizei para conseguir o que eu queria, não foram nada
convencionais, mas quando se trata dela, mal consigo raciocinar direito, então
quando Fernando surgiu com a ideia mais babaca de todas, eu simplesmente a
aceitei, sem pensar muito nas consequências que meus atos trariam para o
futuro.

— Ela está bem bonita! – Otávio se aproximou ficando ao meu lado


enquanto olhava Lize rodopiar pela pista de dança com os convidados.
— Ela é maravilhosa! – Sorri olhando-a. — Nem acredito que me
casei com ela.

— Um casamento nada convencional a propósito, meu amigo. – Diz


ele. Solto uma lufada de ar.

— Sei, mas se não fosse desse modo, você sabe que eu acabaria
enrolando mais um ano para enfim criar coragem para chamar ela para sair.

— Você nunca teve problemas em chamar uma mulher para sair, por que
ela é diferente? – Questiona-me.

— Por ser ela. Elizabeth mexe com meus sentimentos, me faz perder a
cautela e agir feito um babaca possessivo. – Ele ri baixo. — Quando ela me
olha com aqueles olhos verdes e automaticamente morde os lábios por ficar
incomodada ou sem graça, ou simplesmente por estar entediada, tenho apenas
a vontade de tomar seus lábios nos meus e fazê-la minha. – Confesso. — Não
sei se é amor, ou apenas desejo, mas quero a qualquer custo descobrir o que
ela faz comigo.

— Poderia ter evitado a parte do sexo, agora vou ficar com a vossa
imagem transando na minha cabeça. – Reclama, observando os convidados.
— Então Don Ruan, vá salvar sua mulher das mãos ligeiras de George. –
Otávio diz, apontando com o queixo para onde minha esposa está. Bufo com
sua provocação e caminho ao encontro de Elizabeth que sorri incomodada.

— Vou ter que lhe roubar minha mulher. – Digo parando ao lado de
George. Ele me olha e por fim tira suas mãos de Lize.

— Toda sua. – Diz ele antes de se afastar. Seguro sua mão e a puxo para
mim, rodando-a, antes de guiá-la pela pista de dança. Nossos pés deslizam
pela pista no ritmo calmo da música, uma de minhas mãos repousa em sua
cintura enquanto a outra segura sua mão. Ela sorri.

— Você me salvou. – Ela diz.

— Salvei sim. – Ri. — George consegue ser muito inconveniente.


— Tenho que concordar, ele parece um chiclete grudado no sapato e que
não quer desgrudar. – Sorrio com sua comparação e me curvo beijando seus
lábios de leve.

— Por que fez isso? — Pergunta.

— Estava com vontade. – Digo.

— Você anda fazendo muito isso. – Ela diz, a curiosidade nublando seus
olhos. — Não que eu esteja reclamando, você beija muito bem, mas não pode
confundir as coisas.

— Não estou confundindo, vamos apenas curtir a noite, está bem? – Digo
aborrecido. Ela concorda, seus olhos verdes estão brilhando e ouso dizer que
está feliz. Esforcei-me muito para dar a ela o casamento dos sonhos. Cada
mínimo detalhe escolhido a dedo e com muita cautela para que tudo saísse
perfeito.

— Joga para mim! – Gritou uma voz feminina no meio de tantas outras
mulheres que se aglomeraram em frente ao palco, preparadas para pegar o
buquê que Elizabeth balançava de baixo para cima em uma contagem de três
vezes antes de soltá-lo.

O buquê voou pelas mulheres e caiu aos pés de meu amigo, Fernando,
que conversava e ria entretido com outros homens sobre as mulheres
desesperadas para pegarem o buquê. Ele abaixou o olhar para as flores em
seus pés e se curvou pegando-o, ergueu a taça para nós com um sorriso
brincalhão nos lábios.

— Bom, senhoras, parece que o próximo a se casar sou eu! – Falou rindo.
Enquanto ele ria da gozação dos caras sobre ele ser o próximo a se casar, as
mulheres reclamavam que era injusto que logo ele ficasse com o buquê.

Segurando a mão de Elizabeth descemos do palco que foi ocupado em


seguida pela banda que tocava antes de Lindsay os interromperem, para que
Lize jogasse o buquê. Entrelaçando nossos dedos, eu a puxei para o meio dos
outros convidados, cumprimentando aqueles com quem ainda não havíamos
falado, para que só assim eu pudesse roubá-la para mim.

— Uma última dança? – Pergunto quando os primeiros acordes


de Falling[3] ressoavam pelo ambiente.

Ela sorriu, o sorriso mais lindo que eu já a vi dar. Colocando sua mão na
minha a puxei para a pista, colando nossos corpos Elizabeth, deitou a cabeça
em meu peito e cantarolei a música para ela enquanto nos movimentava
lentamente pela pista de dança.

Meu coração batia rápido no peito, o sorriso não saía de meus lábios.
Talvez meus amigos estivessem mesmo certos e essa mulher em meus
braços, ganhou meu coração assim que coloquei meus olhos sobre ela. Ela
cantou baixinho acompanhando-me. Elizabeth era simplesmente perfeita para
mim, e eu sabia disso desde que pousei meus olhos sobre ela pela primeira
vez, mas tentava negar o fato.

Sua respiração era calma, subi meus dedos sobre a pele nua de seu braço
e a senti arrepiar, erguendo seus olhos para mim, os lábios semiabertos,
umedeci os meus enquanto me perdia nas duas esmeraldas que eram seus
olhos. Ela sorriu e eu me perdi ali, naquele momento, olhando-a me encantei
com seu sorriso, os sentimentos dentro de mim se revirando e minha
consciência me crucificou por não ter feito as coisas direito com ela. A ficha
enfim caiu. Eu a amava. E, com os últimos versos da melodia tocando, eu me
curvei e a beijei, tentando fazer com que naquele beijo, ela percebesse meus
reais sentimentos por ela, e que por fim me aceitasse ao seu lado.
Eu estava feliz, deixei que toda essa baboseira de casamento fizesse minha
cabeça, e agora, era tarde para não estar sorrindo feito boba. Enquanto girava
pela pista de dança com Miguel cantando baixinho para mim, eu me permiti
sonhar, criar expectativas que serão despedaçadas no final, deixei que meu
estúpido coração criasse esperança. Neste momento tenho apenas vontade de
socar Lindsay por ficar colocando asneiras em minha cabeça e Miguel por ter
me feito a proposta mais estúpida, mas, mais-que-tudo eu tinha vontade de
enfiar o salto agulha de minha sandália de tiras no meu cérebro que mesmo
achando aquilo a maior idiotice, aceitou no final.

Sinto minha pele formigar a cada vez que Miguel se aproxima de


mim, sinto meu estômago gelar e minhas mãos suarem frio, enquanto meu
coração perdeu uma batida cada vez que seus olhos azuis caem sobre mim e
aquele maldito sorriso de lado está desenhado em seus lábios. Fernando se
aproxima sorrindo.

— Que tal uma dança com o padrinho mais bonito que esse
casamento teve? – Estende-me a mão que aceito rapidamente para me livrar
do toque de Miguel.
— Devolva minha esposa inteira. – Diz Miguel antes de se afastar.
Reviro os olhos pelo comentário e Fernando sorri pela minha ação.

Colocando uma mão em minha cintura coloco a minha esquerda em


seu ombro enquanto giramos calmamente pela pista. Não existe conversa nos
primeiros minutos, é apenas dois conhecidos dançando.

— Não pensei que você iria aceitar a proposta dele. – O moreno a


minha frente solta.

— Quando ele me propôs eu quis afogar ele na taça de vinho. – Fernando


ri.

— Gostaria de ter presenciado isso. Ele não sabe bem como agir perto de
você. – Conta-me.

— Por quê? – Estou curiosa sobre esse fato.

— Não é um segredo meu para que eu conte, mas pergunte a ele. – Pisca.
— Ele é um idiota na maior parte do tempo com aquele papo de agir sempre
com cautela, pensar três vezes antes de fazer, aquele papo fiado de pessoa
velha. – É minha vez de rir com o que ele fala.

— Ele é mesmo um pé no saco de tão chato.

— Mas isso não impediu que casasse com ele. – Alfineta.

— A proposta era boa. – Digo rindo. Ele me acompanha, sabe que não me
casei por interesse.

— Fiz com que fosse quase impossível dizer não.

— É, você fez mesmo. – Rimos. Fernando era leve, um sorriso sempre se


mantinha nos lábios finos, mas bem desenhados, enquanto os cabelos negros
estavam sempre bagunçados. Otávio se aproxima na pista e Fernando sem
pedir permissão me gira, me jogando nos braços do outro melhor amigo de
meu marido. Otávio, segura minha mão aproximando nossos corpos, nada
íntimo, apenas um contato suave enquanto me guiava com maestria pela pista
de dança. Rio feliz, estou completamente feliz.
— Olá noiva! – Diz ele enquanto deslizamos pela pista de dança
embalados pela música calma.

— Oi padrinho! – Sorrio para ele. Otávio é uma ótima pessoa. — Se


divertindo?

— Muito. – Responde-me com um sorriso contido nos lábios.

— Eu também estou. – Digo.

— Pode contar comigo e com Fernando, caso o idiota do Miguel lhe dê


trabalho. – Ele diz. Analiso suas feições, em busca do que o levou a dizer tal
coisa, mas a única coisa que encontro em seus olhos verdes são a verdade de
suas palavras. — Não concordo com o que ele fez, mas quero ver os dois
felizes, então avise-me se ele for um babaca que eu chuto a bunda dele para
você. – Gargalho com sua declaração.

— Obrigada!

— Disponha, ele é uma boa pessoa, meio idiota e muito cabeça dura
quando quer, mas ele, bom, apenas dê uma chance a ele.

— Claro. – Mordo a lateral de meu lábio inferior, prendendo-o entre os


dentes. A música chega ao fim e Otávio caminha comigo, minha mão segura
seu braço e ele nos guia até onde meu, agora, marido está. Envolto em um
grupo de senhoras, que sorriem para ele, enquanto ele destila seu charme para
elas. Ele nos vê e antes que consiga chegar até ele, ele já está a meu encontro.

— Pensei que nunca mais iria ter minha mulher de volta. – Diz para o
amigo.

— Exagerado você, andou pegando aulas com Fernando? – Otávio lhe


questiona. Miguel rolou os olhos e me tomou nos braços, beijou meus lábios
devagar e ignorou completamente a presença de Otávio junto a nós.

— Okay, sei quando não sou bem-vindo! – Murmurou e nos deu as


costas, deixando-nos a sós.
Passamos mais um tempo curtindo nossa festa de casamento, antes de
Miguel decidir que era hora de partirmos, não nos despedimos dos
convidados, nem de nossas famílias, apenas entramos no carro e o motorista
nos levou para longe dali. Era tudo novo, as sensações que Miguel me
causava eram novas, talvez, apenas talvez depois dessa noite eu estivesse a
um passo de cair no precipício que era me apaixonar por ele.

Somos completamente diferentes, opostos e, ao mesmo tempo, tão iguais.


O que me deixava confusa e com o emocional bagunçado. Eu não podia cair
na graça de me apaixonar, não podia estragar as coisas para ele, me recusava
a tal coisa. Assim que o carro estacionou em frente ao Gálatas Gold Palace
Hotel, a porta foi aberta e Miguel saiu primeiro, estendeu-me a mão e me
ajudou a deixar o veículo.

O longo vestido de noiva, começava a me incomodar enquanto


entrávamos no ambiente requintado do hotel cinco estrelas, os olhos dos
poucos hóspedes que se encontravam espalhados pelo lobby caíam sobre nós.
Se direcionando a recepção, Miguel pegou a chave da suíte que havia
reservado para nós e puxou-me pela mão rumo às portas de aço do elevador.

Sentia a tensão em meu corpo, meu estômago se apertou em nervosismo


com a antecipação de estar no mesmo ambiente fechado que Miguel. Não era
a primeira vez, mas agora estávamos em um local que foi minuciosamente
preparado para a consumação de nossa união, e eu estava nervosa por tal
coisa. Mesmo que já estivéssemos estado juntos antes, agora parecida
diferente e isso estava me deixando ansiosa. Miguel andou pelo espaço da
suíte, seus olhos azuis grudaram nos meus enquanto abria uma garrafa de
champanhe e servia o líquido borbulhante em duas taças, deixando a garrafa
no balde de gelo, estendeu-me uma das taças, segurei o delicado cristal com a
mão trêmula, corri a língua sobre meus lábios secos e ofeguei ao sentir sua
mão tocando meu rosto, pisquei com seu toque e levei a taça aos lábios
sentindo o líquido gelado descer por minha garganta, refrescando-me.

O ambiente romântico, a champanhe e o contato visual que Miguel fazia


questão de nunca quebrar criava uma tensão sexual entre nós, eu poderia
resistir e bater o pé dizendo que não queria tal coisa, mas estaria me
enganando. Deixei a taça sobre a mesinha alta de vidro perto da cama e me
aproximei do homem que agora era meu marido. Estendi a mão tocando seu
rosto e o mesmo fechou os olhos sentindo meu toque sobre sua pele. O
observei por um minuto, antes de beijar seus lábios, minha língua forçando-o
pedindo permissão que ele logo me cedeu, ao abraçar minha cintura e colocar
meu corpo ainda mais ao seu, enquanto me beijava gentilmente, mesmo o
beijo sendo delicado, sentia suas mãos correrem sobre meu vestido, enviando
sensações únicas a cada parte de mim. Sentia-me quente e desejosa por ele.

Afastando nossas bocas, girou-me deixando minhas costas coladas a seu


peito enquanto afastava meu cabelo para o lado e beijava-me o pescoço ao
mesmo tempo, em que deslizou o zíper lateral de meu vestido, fazendo-o
deslizar por meu corpo e se amontoar em uma piscina a meus pés, com sua
ajuda saí de dentro dele, sua boca bateu sobre a minha novamente, beijando-
me com força enquanto suas mãos passeavam por minha pele. Meus dedos
trêmulos corriam a fileira de botões de sua camisa, abrindo-a meus dedos
passearam por seus músculos fortes e definidos de seu peito, erguendo-me no
colo, entrelacei minhas pernas em sua cintura, enquanto Miguel caminhava
comigo pelo quarto.

Ofeguei quando minhas costas bateram sobre o colchão delicadamente,


Miguel segurando-me enquanto beijava meus lábios, minhas mãos arrastando
por sua pele, apertando seus músculos, sentindo-o tão necessitado quando eu,
beijou meu pescoço, distribuiu beijos sobre meu colo e acariciou meus seios,
apertando os mamilos entre os dedos enquanto castigava meu outro seio com
a boca, chupando-o, mordendo e fazendo com que a pressão entre minhas
coxas se formasse com mais força, desci minhas mãos por seu corpo,
arrastando minha unha por sua pele, fazendo-o ofegar. Minhas mãos tremiam
e meu corpo queimava para sentir ele dentro de mim, Miguel tinha esse efeito
sobre meu corpo, me deixava fora de órbita quando a questão era ele.

Me desfiz de seu cinto e desabotoei sua calça, puxando-a para baixo com
a cueca. Seu pau pulou para fora, livre e majestoso em toda sua
masculinidade. Puxei uma lufada de ar quando Miguel se afastou da cama,
apoiei nos cotovelos, erguendo-me um pouco para vê-lo se desfazer de suas
roupas.

— Apreciando a vista, querida? – Questionou-me com um sorriso


travesso nos lábios, seus olhos azuis queimando minha pele.
— É uma ótima vista. – Sento-me na cama e fico de joelhos em seguida,
ele se aproxima e deixa que eu tome o controle quando meus lábios batem
sobre os dele. Puxei Miguel para cama, seu corpo grande cobrindo o meu,
enquanto nos beijávamos, enrolei minhas pernas nas dele e nos girei na cama
ficando por cima, afastei nossas bocas e mordi o lábio inferior olhando o
sorriso travesso que brincava nos lábios de meu marido.

Pousei meus lábios na curva de seu pescoço e lambi a pele antes de


morder, sugando a carne de leve, antes de escorrer meus lábios para seu peito
e minhas unhas pela lateral de seu tronco, deixando a pele bronzeada com
algumas riscas vermelhas.

Sentia-me molhada e quente por ele. Mordi seu abdômen de leve antes de
segurar a base de seu membro e levar a ponta grossa e avermelhada aos
lábios se sugar para dentro de minha boca, rodei minha língua sobre a carne
inchada e o tomei por completo, raspando meus dentes de leve sobre seu
comprimento. Fechei meus olhos sentindo seu gosto. Meus dedos rodaram
sobre a base, o masturbando, aumentando e diminuindo a pressão conforme
eu o sugava, abri meus olhos e olhei sobre os cílios, a cabeça para trás, os
lábios semiabertos enquanto seus dedos agarravam meus cabelos ajudando-
me a tomá-lo por completo, ditando o ritmo que desejava, ora lento, apenas o
castigando e ora rápido, fodendo minha boca, movendo seus quadris como se
me fodesse.

Segurando firme em meus cabelos, Miguel afastou minha boca de seu pau
e puxou-me para cima, rodando nossos corpos e beijando minha boca
enquanto afastava com minhas pernas com seus joelhos e se posicionou entre
elas. Beijou meu pescoço e apertou meu seio, enquanto seus dedos brincavam
com o tecido de renda de minha calcinha, antes de afastá-lo e tocar minha
boceta molhada, arrastado os dedos sobre meus lábios, brincando com meus
clitóris e fazendo círculos com o polegar sobre minha abertura, mas sem
nunca me penetrar. Ofeguei e arqueei meu quadril, necessitando de mais
contato. Desceu os lábios sobre minha barriga e mordeu meu ventre antes de
encaixar os polegares no elástico de minha calcinha e a deslizar por minhas
pernas, deixando-me completamente nua.

Segurando meu tornozelo, Miguel ergueu minha perna, apoiando meus


pés no colchão enquanto se posicionou entre minhas coxas, beijou a parte
interna delas antes de arrastar sua língua quente por minha intimidade, um
gemido escapou por meus lábios enquanto ele fodia minha boceta com sua
língua, prendeu meu clitóris entre os dentes e o sugou, acariciou minha
entrada com o polegar antes de me penetrar com dois dedos. Abrindo meu
canal, me preparando para recebê-lo. Meu coração batia rápido no peito, um
gemido preso em minha garganta enquanto a pressão formava-se em meu
centro, e explodia em sua língua e dedos. Joguei a cabeça para trás sentindo
meu corpo convulsionar enquanto Miguel segurava minhas pernas abertas, se
ergueu e me penetrou, com um golpe só, prolongando meu orgasmo quando
começou a se movimentar sobre mim, fazendo com que uma nova pressão se
formasse sobre a que mal havia terminado.

Minhas mãos foram para suas costas, puxando-o para mim, beijando seus
lábios e apertando seus músculos enquanto nossos corpos se moviam juntos
no mesmo ritmo necessitado, em busca do prazer. Meus músculos se
contraíram enquanto o corpo grande em cima de mim ficava tenso, suas
investidas ficando mais rápidas e mais fortes, nossas respirações se
misturando e o cheiro de sexo misturado com o suor de nossos corpos
ganhando o ambiente enquanto nos desmanchamos juntos ao alcançarmos
nossa libertação. Sentia meu corpo mole, enquanto Miguel respirava com
dificuldade, beijou meus lábios e se impulsionou mais uma vez dentro de
minha intimidade antes de se retirar de meu corpo. Não falamos, palavras não
eram necessárias quando me puxou para seu peito, nos enrolando com o fino
lençol de seda branco, minha cabeça sobre seu peitoral enquanto seu coração
batia no mesmo ritmo acelerado que o meu.

Beijou-me a têmpora enquanto seus dedos corriam por minha coluna,


enviando espasmos elétricos a cada parte de meu corpo, e ouvindo seu
coração e sua respiração calma, deixei que o sono me alcançasse quando os
primeiros raios do dia entravam pelas frestas da janela.
Partimos pela manhã, Miguel não disse para onde, apenas que iríamos curtir
nossa lua de mel em um lugar tranquilo e paradisíaco. Acreditei que iríamos
de avião, mas para a minha surpresa íamos de carro, ideia dele para que
pudéssemos nos conhecer melhor, mas a única coisa que eu queria mesmo era
dormir mais um pouco e me recuperar da noite fantástica que ele me
proporcionou.

— Já posso saber para aonde vamos? – Pergunto com a cabeça


encostada no vidro da janela. Ele ri

— Minas, querida. – Diz prestando atenção na rodovia movimentada.

— Que lugar exatamente de Minas? – Questiono com a cabeça ainda


encostada no vidro.

— Muita curiosidade.

— Só quero saber para aonde vamos, não é como se eu tivesse pedido


para roubar um banco ou matar alguém. – Assim que acabo de falar ele
explode em uma gargalhada, ri com vontade me fazendo querer rir junto a
ele.

— Sem pistas. Vai estragar a surpresa. – Ele me oferece um olhar


divertido e volta sua atenção para o tráfego lento da rodovia.

Aproveitamos o tempo em conversas aleatórias e uma cantoria


desafinada de músicas dos anos 80, era divertido escutar ele cantar apesar que
eu tinha certeza que meus ouvidos sangrarem com tal coisa. Miguel é lindo e
divertido, mas desafinado. Eu sabia que todo aquele monumento teria um
defeito, além de ser um completo babaca. No meio da viagem paramos para
almoçar em um restaurante beira de estrada, confesso que eu estava me
divertindo com isso. Era interessante ver outro lado dele sem ser o de CEO
fodão. Eu o observava, a camiseta polo branca, os óculos aviadores na gola,
os olhos azuis brilhando. Ele estava relaxado e sorridente, era uma visão
agradável.

— O que foi? – Perguntou levantando o olhar de seu prato.

— Não sei do que está falando! – Respondo levando outra porção de


arroz branco a boca. Ele negou com a cabeça e voltou a comer em silêncio.
Após terminarmos o almoço e a conta ser paga pegamos a estrada novamente,
dessa vez ao som de uma balada sertaneja.

— Você sabe que não leva jeito nenhum cantando né? – Ele deu de
ombros não se incomodando.

— Não teria graça se eu soubesse cantar. – Respondeu voltando a


cantar alto.

Rio abrindo um pouco a janela do carro, o sol quente batendo contra


nós e gosto da sensação do calor em minha pele.

— Larga de ser chata e canta comigo. – Ele pede. Sorrio e canto alto
junto a ele, apesar de ser completamente desafinada.

Miguel tem se mostrado uma pessoa diferente, apesar de termos


estado próximos nas últimas semanas, eu nunca tinha visto ele descontraído
como hoje, ele está sorridente e brincalhão, e gosto desta versão dele. A
cantarola continuou pelo resto do caminho, o sol estava se escondendo no
horizonte quando entramos no município de Capitólio.

— Está falando sério?

— Muito, não gostou? – Perguntou ele perdendo um pouco do brilho


no olhar.

— Adorei, já tinha visto fotos e lido sobre o local, mas nunca tive a
oportunidade de conhecer. – Ele sorriu guiando o carro por alguns minutos na
rodovia e em seguida por uma via alternativa até a vila de Capitólio.

O hotel onde ficaríamos pelos próximos dias era um refúgio


paradisíaco. Ajudo Miguel com nossas malas e entramos no balneário, somos
recebidos com sorrisos largos e olhares amigáveis, fomos direcionados ao
nosso quarto e assim que a senhora fechou a porta atrás de si, deixando
Miguel e eu a sós me jogo na cama deixando o cansaço me dominar. Miguel
se joga ao meu lado, viro de lado, e ele faz o mesmo. Olho no olho. Sorrio e
ele retribui.

Miguel tem isso, ele me faz sorrir. Ergue a mão descansando em meu
rosto, estou vidrada em seus olhos, tão azuis, é como se afogar na imensidão
do mar. Nossas respirações se misturam, menta e hortelã. Seus lábios
pousaram sobre os meus em uma carícia leve. Sua mão livre vai para minha
cintura puxando-me para mais perto dele, os lábios entreabertos aceitam seu
beijo, Miguel consegue me envolver, nublar minha mente e me deixar sem ar
e como uma droga que você se vicia desde a primeira vez que experimenta.
Me sinto assim em relação a ele, viciada, completamente dependente. É um
erro se envolver, mas é difícil dizer não quando ele sorri me encarando com
aquelas duas órbitas azuis. Me afasto dele e levanto da cama, preciso me
manter afastada, deixá-lo se aproximar só fará com que eu acabe com o
coração quebrado, e bom, isso não é uma opção.

Busco na mala minha toalha e me tranco no banheiro procurando ali


segurança para confusão que estava meus sentimentos. Dispo-me e entro na
ducha deixando a água quente aliviar o cansaço em meu corpo, meus olhos
estavam pesados e assim que eu batesse na cama estaria no terceiro sono sem
dificuldade alguma.

Amanheceu claro e brilhante. Miguel me levou para conhecer a vila após


o café da manhã e comunicou-me que teríamos um pouco de diversão na
parte da tarde. Apenas concordei com ele, muito encanta com o lugar para
querer dizer algo que não fosse sim a sua proposta de aventura. Optei por um
biquíni de amarras laterais na calcinha com estampa mosaica de cores
quentes. Vesti um short jeans por cima e preparei uma bolsa praiana. Meus
cabelos ruivos foram presos em um rabo de cavalo e peguei os óculos de sol
colocando-os. Miguel saiu do banheiro com o cabelo molhado e apenas de
bermuda, óculos na cabeça e a camiseta jogada sobre o ombro, deixando
aquele abdômen sarado todo à vista.

— Está linda! – Elogia se aproximando e beijando meus lábios. Aceito o


beijo, é difícil resistir, mas o nosso casamento é de fachada, criar um laço e
deixar que as esperanças de que possamos ser algo de verdade cresçam é uma
completa idiotice.

— A gente, essa coisa entre mim e você não podem passar do que
realmente é. – Digo e noto a confusão passando em seus olhos.

— Somos adultos Elizabeth, não estamos mais no colegial então se você


quer alguma coisa tem que correr atrás e não ficar esperando que ela bata em
sua porta. Existe algo entre nós, e não estou nem um pouco a fim de não
descobrir. Te espero lá embaixo. – Ele cospe as palavras em minha cara e me
deixa sozinha para entendê-las.

Pego minha bolsa e saio do quarto trancando a porta, encontro Miguel no


saguão em uma rodinha de turistas que riem e conversam alto. Uma loira se
aproxima mais dele, toca seu braço e sorri jogando charme para ele. Vejo seu
corpo se retesar ao toque dela e ele lhe oferece um sorriso simpático antes de
afastar as mãos dela de seu corpo. Não sei que tipo de reação esperava dele,
mas gostei de ver ele dispensando-a. Me aproximo, toco seu braço e ele me
sorri, ergo-me na ponta dos pés e beijo seus lábios de leve.
— Então aonde vamos? – Ele me oferece o folheto com as opções e fico
feliz em aceitar um passeio de lancha pelos Cânions.

Água cristalina e muita diversão. O local é de uma beleza exorbitante e


fico feliz ao poder mergulhar e sentir a água em minha pele. As cachoeiras
são magníficas e me sinto no paraíso ao ter Miguel colado ao meu corpo
quando entramos debaixo delas. Tenho um riso solto sempre nos lábios e um
olhar brilhante.

— Estou literalmente apaixonada por esse lugar. – Digo.

A água gelada cobre boa parte de nossos corpos, Miguel segura minha
cintura puxando-me para ele e entrelaço minhas pernas em sua cintura, seus
lábios tomaram minha boca em um beijo quente. Ri ao nos afastamos me
sentindo como uma adolescente que se encantou pelo bad boy do colégio.
Uma comparação boba, mas que faz todo o sentindo em minha cabeça.

Voltamos para a lancha, as outras pessoas ainda se divertem na água ao


som de muita música. Miguel me acolhe em seus braços, minhas costas em
seu peito largo, mãos ao redor de minha cintura enquanto estou sentada entre
suas pernas, conversamos coisas bobas sem muito aprofundar em coisas
sobre nós, nossos gostos e preferências.

Voltamos para o hotel quando o sol se pôs e fomos direto para o banho, a
água quente caía sobre nossos corpos enquanto o clima entre nós dois se
esquentava, sorrisos sensuais, beijos quentes e mãos bobas.

Ele prendeu meu corpo contra a parede, beijou a minha boca e meu
pescoço, apertei seu corpo contra o meu e não me afastei quando ele me
pegou no colo, minhas pernas envolveram seu quadril sentindo seu membro
enrijecido, segurei sua espessura guiando-a para dentro de mim, arfei quando
ele me penetrou por completo. Respiração ofegante e coração acelerado, seus
movimentos foram precisos atingindo os pontos certos em meu interior.

Ele sai de meu corpo, me coloca no chão e desliga a ducha em seguida


beijou meus lábios. Ele me envolve, quero terminar o que começamos, o guio
para o quarto e o empurro na cama, ele cai rindo e subo em cima dele. Existe
algo entre a gente, pelo menos sexual e não resisto a vontade de tê-lo
novamente. Beijo sua boca, pescoço e peito arrastando minha língua pelos
gominhos em sua barriga.

Ele é gostoso!

Seu membro ereto me faz salivar em vontade de prová-lo e não resisto ao


desejo, tomo ele em minhas mãos, rodeio a língua pela cabeça rosada
sentindo meu gosto misturado ao dele, estímulo ele em um vai e vem lento
tomando cada vez mais dele em minha boca até tê-lo por completo, sugo e
arrasto minha língua por sua extensão, Miguel segura meu cabelo forçando
minha cabeça contra seu membro enquanto geme baixo em prazer. Sinto ele
pulsar em minhas mãos, sorrio sensualmente e me afasto. Me deito sobre seu
corpo largo e beijo sua boca, guiando seu membro para dentro de mim, gemi
contra seus lábios e começo a me movimentar devagar acostumando-me com
ele.

Miguel nos gira, segura minha perna encaixando-a em sua cintura


apertando minha coxa enquanto se movimenta rápido para dentro e fora de
meu corpo. Nossas bocas sempre em contato, o suor fazendo uma fina
camada salgada sobre nossos corpos, o cheiro do sexo enraizando no quarto.
Meu corpo treme embaixo do dele, ele se impulsiona com mais força em meu
canal, gemi alto contra sua boca, minhas unhas grandes entrando na carne de
suas costas enquanto ele nos leva ao clímax. É arrebatador como das outras
vezes, tenho um sorriso cansado e alegre nos lábios e quando ele sai de mim,
seu gozo escorreu por minhas pernas, ele nos limpa e se deita ao meu lado,
puxando-me para seu peito.

— Um banho? – Oferece. Aceito e deixo que ele se levante e caminhe


para o banheiro preparando a banheira para nós.

Quando meu corpo afunda na água, Miguel está sobre mim, beijando
minha boca e acariciando meu corpo, despertando o desejo novamente e sorri
satisfeita pela decisão que acabei de tomar.
Casamentos nunca são fáceis, podemos fingir que tudo é perfeito nos
primeiros meses ou anos, mas com o tempo você se acomoda as pequenas
coisas, e nunca tenta mudar a rotina. Não que o meu esteja assim, mesmo não
sendo real, Miguel e eu fazemos de tudo para que nunca fique monótono,
jantamos fora pelo menos uma vez na semana e tentamos fazer algo diferente
sempre que os compromissos com a empresa nos deixam com tempo.

É difícil separar a realidade da fantasia quando ele está sempre me


surpreendendo e fazendo com que meu coração bata um pouco mais rápido
por ele. Miguel tem a mania de cobrar sempre muito de si mesmo, tanto no
escritório quanto em casa, admiro isso nele, e admiro mais ainda o esforço
que faz para que nossa vida pessoal não interfira no nosso profissional, e
conseguimos isso na maioria das vezes, mas eu sentia o ciúme se apossar de
cada célula de meu corpo quando Susan aparecia, como se o “caso” que teve
com meu marido quando ele ainda era solteiro não tivesse acabado, ela
forçava sua presença e deixava tanto eu quanto Miguel incomodados com sua
inconveniência. Mas, eu não poderia simplesmente vetar sua entrada ao
prédio, mesmo que essa fosse minha vontade, eles tinham negócios juntos e
eu tinha que compreender isso e não deixar que minha raiva por aquela
megera loira atrapalhasse o andamento das coisas para Miguel.

Assim que nos casamos Miguel decidiu que estava na hora de eu ter
uma posição mais alta na empresa, e isso acabou gerando uma corrente de
fofocas ainda maior do que quando nosso noivado foi anunciado, bati o pé e
disse que queria meu antigo cargo de volta, mas o homem simplesmente
ignorou meus desejos e não retrocedeu em sua decisão, o que fez com que eu
ficasse de cara virada para ele por um par de dias, eu não estava agindo assim
por imaturidade, trabalhei duro desde que cheguei a empresa para conseguir
um cargo mais alto, mas não queria que esse cargo viesse apenas por que
agora eu era esposa do chefe. Odiava quando ele fazia as coisas sem antes
consultar-me sobre tais decisões e isso era um ponto que gerava sempre
muita discussão entre nós.

Puxei uma respiração profunda e empurrei as portas duplas do


barzinho em que aceitei me encontrar com algumas colegas de trabalho, mas
agora olhando ao redor, pondero se foi mesmo uma boa decisão aceitar o
convite. A música explode alta pelo estabelecimento, o espaço amplo, com
dois andares, em decoração rústica em tons de marrom dá ao lugar um ar
clássico e chique, no térreo pequenas mesas de madeira com quatro cadeira
estão distribuídas em todo território, estando elas ocupadas por grupos de
amigos que riem e se divertem após um longo dia de trabalho. Grandes
janelas de vidro permitem uma visão clara do lado de fora, onde o trânsito
nunca para. Inúmeros lustres pendem do teto iluminando o ambiente em
pontos específicos, deixando o lugar com um ar acolhedor e confortável.
Vasculho o local com os olhos, até encontrar as meninas no canto esquerdo
do salão. Elas riem, bebendo suas cervejas, caminho por entre as mesas, até
onde elas estão.

— Você veio mesmo. – Camila disse se levantando e me envolvendo


em um abraço rápido.

— Não perderia a chance de beber um pouco. – Digo deixando minha


bolsa sobre a mesa e me virando para a mesa vizinha pegando uma cadeira
desocupada. Cumprimento as outras pessoas que estão ao nosso redor e o
garçom traz mais um copo e me sirvo da torre de chopp.

— Eu não consigo entender os homens. – Jaqueline reclama. —


Estava saindo com esse cara a duas semanas e do nada ele sumiu. — Bebe
mais um gole de sua cerveja após um suspiro frustrado.

— Homens são complicados. – Digo, elas concordam comigo.

— Mas conte para nós, como é ser casada com Miguel Banks? – Lívia
disse, fazendo com que a atenção das outras duas mulheres sejam
direcionadas a mim, enquanto aguardam minha resposta. Suspiro e bebo mais
um gole de minha cerveja, o líquido amargo refresca minha garganta.

— A melhor experiência que uma pessoa pode ter. Felizmente essa


pessoa fui eu. Miguel é um marido maravilhoso, é atencioso, romântico, está
sempre me surpreendendo. Ele coloca meus desejos à frente dos seus na
maioria das vezes, e não estou falando sexualmente, ele sempre quer saber
como me sinto em relação às coisas que envolve nosso casamento, mas me
tira do sério quando decide algo sem me consultar. – Conto a elas, meu
coração batendo forte no peito com a declaração, estou me apaixonando cada
vez mais por ele, e o tombo no final será grande, do tipo que não se recupera
facilmente.

Elas suspiram, me olhando.

— Você está claramente muito apaixonada. – Lívia declara distraída


enquanto enrola os fios castanhos de seu cabelo curto no dedo indicador. Lhe
dou um sorriso nervoso, eu sabia que estava, mas a declaração de uma pessoa
de fora, faz com que a coisa seja mais real.

— Quero um Miguel para mim. – Declara Camila.

— Somos duas então, amiga! – Diz Jaqueline.

Encho meu copo novamente e mudo o foco da conversa, falar sobre


meu casamento com pessoas do trabalho não era o que eu tinha em mente
quando resolvi aceitar o convite delas, mesmo sabendo que elas estavam
curiosas sobre ele. Após mais algumas rodadas de Chopp e começar a sentir
minhas bochechas dormentes e o riso escapar solto por meus lábios, me
despeço delas, pago minha parte da conta e chamo um táxi, conto ao
motorista meu endereço e o mesmo coloca o carro em movimento, encosto
minha cabeça na janela e observo a cidade passar por mim enquanto sou
levada para casa.

Pago a corrida assim que o táxi estacionou em frente ao prédio,


cumprimento Stefano quando passo pelo saguão e caminho direto para o
elevador, as portas duplas se fecham atrás de mim e pressiono o botão da
cobertura, encosto-me na parede fria de inox, suspiro cansada enquanto
enrolo os fios ruivos de meu cabelo em um coque bagunçado no alto de
minha cabeça. O elevador para, as portas se abrem, dando direto na grande
sala, tiro meus saltos deixando-os jogados, minha bolsa fica em cima do sofá
branco.

— Miguel? – Chamo olhando ao redor.

O apartamento está impecável, móveis bem distribuídos no cômodo


largo não apresentam nem mesmo uma poeirinha se quer. Os sofás brancos e
bem acolchoados estavam dispostos sobre um tapete fofo de mesmo tom
creme das paredes e no centro uma mesa de vidro com frutas diversas.
Olhando minha sala parecia muito com um cenário montado para algum
filme, tudo em seu perfeito lugar, como se não morasse ninguém ali. O
suporte na parede abriga quadros famosos e enfeites de porcelana, mas
nenhuma foto minha e de Miguel. Era um ambiente frio, que me mostrava a
realidade dos fatos que eu ultimamente andava esquecendo. Não éramos um
casal de verdade e isso fazia meu coração doer.

— Miguel? – Chamo novamente indo em direção a seu escritório.


Giro a maçaneta da porta de madeira e a abro. Ele está ali, distraído mexendo
no computador enquanto uma pilha de pastas ocupa um canto da mesa. Os
cabelos bagunçados, a camisa social puxada até os cotovelos, os óculos de
grau que nunca usa no escritório estão em seu rosto, a gravata desatada ao
redor de seu pescoço. Puxo uma lufada de ar para meus pulmões, Miguel
tirava-me o ar. Escoro-me no batente da porta. — Oi – Digo chamando sua
atenção. Ele levanta os olhos da tela do computador e me sorri. Aquele
sorriso de lado, que me faz perder o rumo.

— Oi. Você demorou! – Ele diz em um tom apreensivo.

— Sai um pouco com as meninas do escritório. – Lhe conto me


aproximando dele. Ele afasta a cadeira e me estende a mão. Dou a volta ao
redor de sua mesa e aceito a mão estendida, ele me puxa para seu colo.

— Que bom que está em casa. – Sua mão esquerda percorre minha
coluna, enquanto a outra está em minha cintura, passei meus braços por seu
pescoço e sorri quando beijou meus lábios.

Doce e calmo, diferente de todas as outras vezes em que nos


beijamos. Aproveito o momento antes que ele acabe, estou me perdendo cada
vez mais, me permiti apaixonar por esse homem mesmo quando eu sabia que
não poderia. O sentimento em meu peito era real e eu sofreria com ele
quando o meu conto de fadas chegasse ao fim. Sua língua pediu passagem e
eu lhe cedo, ofegante em seus lábios quando o ritmo muda, o aperto em
minha cintura mais forte, puxo os fios de sua nuca enquanto ele levanta
comigo em seu colo, indo em direção ao sofá negro no canto. Um arrepio
passa por minha coluna quando Miguel me deita sobre o sofá frio. Seus olhos
azuis brilham em desejo, o mesmo desejo que sei que está refletido no verde
dos meus. Beijo seus lábios, rápido e duro, tirei a gravata de seu pescoço e a
jogo no chão, um sorriso brinca no canto de seus lábios, minhas mãos vão
para os fios loiros de seu cabelo enquanto ele se ajeita sobre mim, minha saia
subindo para minhas coxas enquanto suas mãos passeiam por minhas pernas,
apertando-as.

Desabotoei sua camisa com pressa, minhas mãos correndo sobre os


músculos de seu peito, enquanto ele alcança o meio de minhas pernas, ofego
com seu toque sobre o tecido fino de minha calcinha, seu polegar
pressionando o tecido de renda sobre meu clitóris me fazendo arquear por
mais contato, o atrito que Miguel causa fazia eu me contorcer embaixo de seu
corpo, ele afasta minha calcinha e toca minha boceta, sentindo o quanto estou
molhada para ele. Roça o polegar em minha entrada em forma de círculos
antes de pressionar para dentro de mim, mordo seu ombro, ele suspira em
meu pescoço. Escorrego a camisa por seus ombros, ele se afasta de mim,
deixando que eu a descarte no chão junto a gravata enquanto ele trabalha nos
botões de minha camisa de seda preta, e em seguida em minha saia, desce o
zíper dela roçando a ponta dos dedos em minha pele, me atiçando.

Ele tinha todo o poder sobre meu corpo e eu aceitava isso. Eu estava
apaixonada por ele. Puxa minha saia por minhas pernas e a descarta junto a
minha camisa, nossas roupas jogadas pelo chão enquanto nos perdíamos nas
sensações que era estarmos juntos. Beija minha barriga, enquanto suas mãos
trabalhando em meus seios apertando-os sobre o sutiã, morde minha pele,
fazendo com que eu me arrepie, minhas mãos dançam por seu corpo, apertam
seus músculos, minhas unhas arranham sua barriga e param no cós de sua
boxer preta, o acariciei por cima do tecido, Miguel geme sobre minha pele e
quando minhas mãos tocam seu membro duro, seu corpo se enrijece, sua
língua traça o cós de minha calcinha enquanto seus polegares se encaixam na
mesma fazendo com que eu tenha que afastar minhas mãos dele para que ele
a tire. Desabotoou o feixe frontal de meu sutiã e o jogo no chão.

— Não quero preliminares. – Digo o puxando pelo pescoço, minha


boca batendo duro sobre a dele. Ele se desfaz de cueca, abro minhas pernas e
ele se acomoda entre elas, seguro à base de seu membro duro, o masturbando
antes de o guiar para dentro de mim lentamente, suspiro sobre sua boca e
mordo seu lábio inferior quando o tenho por completo.

— Sempre tão apertada. – Ele sussurra em meu ouvido começando a


se mexer sobre mim. — Amo o modo como sua bocetinha suga meu pau. –
Morde meu pescoço e chupa a carne em seguida, agarrei seus cabelos e
impulsionei meu corpo para cima querendo mais dele, Miguel agarra minhas
nádegas, apertando as enquanto impulsiona forte, me fazendo tomá-lo por
completo. Meu corpo se mexe no mesmo ritmo que o seu e o escritório é
preenchido pelos sons de nossos corpos se chocando com força e de nossos
gemidos abafados pelos beijos quentes. Me entrego a ele, como venho
fazendo desde que nos casamos, deixando nossa farsa um pouco real, me
apaixonando um pouco mais por ele a cada dia.

Miguel se afasta, desconecta nossos corpos e segura minha cintura,


me ergue colocando-me de joelhos sobre o sofá, minhas mãos espalmadas
sobre o encosto enquanto ele se posiciona atrás de mim, um tapa estalou em
minha bunda, minha pele queima e deixando-me ainda mais quente e
molhada para ele. Me curvo sobre o encosto, ele afasta meus joelhos, minha
bunda empinada, outro tapa queima e ele se abaixa, sua língua percorre aonde
sua mão bateu, um beijo é deixado ali, sua perna direita é apoiada no assento,
segura as bochechas de minha bunda com força as abrindo e se impulsiona
para dentro de meu canal, quente e molhado que o recebe sem dificuldades,
jogo a cabeça para trás e ele se curva beijando meus lábios, se arremete com
força contra meu corpo, minha buceta o tomando por completo a cada
investida.

A pressão em meu centro se formando com força fazendo com que eu


queira fechar as pernas, aliviar a pressão, mas Miguel é duro comigo, me
fode sem dó, meu corpo se convulsiona com força enquanto me derramo ao
seu redor, sua mão vai para o meio de minhas pernas e um gemido alto
escapou por meus lábios quando seu polegar trabalha com precisão sobre
meu clitóris inchado, a pressão se formando de novo, mais forte.

— Miguel! – Minha voz sai rouca, em súplica para que ele me deixe
gozar novamente.

— Eu sei querida! – Ele sussurra em meu ouvido, se impulsionando


com força para dentro de mim, seu corpo se enrijece, sua mão agarra firme
meus cabelos, puxando minha cabeça para trás, seu polegar trabalha mais
duro sobre mim, sua boca toma a minha e ele me deixa vir, assim que os
primeiros espasmos do gozo tomam conta do corpo grande montado sobre
mim. O beijo se alivia, tornando apenas um toque de lábios. Meus olhos
ainda fechados, nossas respirações rápidas e o bater descompassado de
nossos corações. Não tenho certeza de mais nada, além de que Miguel Banks
será minha total ruína.
Meus braços circulam sua cintura fina, puxando o corpo de Elizabeth para
mim, beijo teus cabelos e ela se mexe se pressionando mais contra meu peito.
Vejo um sorriso escapar por meus lábios quando ela gira e abre os olhos
sonolenta. As pontas de seus dedos passeiam por meu peito nu.

— Bom dia, querida! – Digo aumentando o aperto em sua cintura.

— Bom dia! – Respondeu rouca. Os cabelos ruivos espalhados sobre


os travesseiros enquanto sua cabeça está apoiada em meu peito. Ela é uma
visão do inferno de manhã.

— Gosto de acordar assim. – Digo, meus dedos traçando linhas em


sua pele nua.

— Isso porque não tínhamos que dormir juntos. – Ela diz, riu disso e
a coloco sobre mim. Ela se remexe sobre meu corpo. Passa os dedos sobre
meu rosto e morde o lábio inferior. Sinto meu pau ganhar vida, enquanto ela
se esfrega em mim.
— Não estou te obrigando a isso, querida. – Digo passando a barba
rala em seu pescoço. Um gemido escapa por seus lábios. — Poderíamos ficar
aqui o dia todo. – Digo rouco, cada célula de meu corpo sendo consumido
pelo tesão. Com ela ali em meus braços, seu corpo colado ao meu, sua
respiração ofegante e os olhos brilhando em antecipação. Eu poderia dizer
que a amo, eu poderia correr esse risco, mas novamente me acovardo.
Elizabeth é importante demais para que eu coloque as coisas a perder apenas
por não saber esperar o momento certo para me declarar a ela.

— Vamos nos atrasar. – Diz tentando se levantar, mas a impeço, puxo


a para baixo tomando sua boca em um beijo calmo. Meu corpo já pronto para
ela quando geme sobre meus lábios.

— Me diz que quer isso. – Peço suplicando para que ela também
queira. — Diz que me quer do mesmo jeito que eu a quero. – Sinto meu
coração bater rápido, minhas mãos pousam em sua bunda e a aperto, com
força, ela geme alto se esfregando em mim.

— Oh, eu quero! – Respondeu pressionando os seios sobre meu peito.


Giro-nos na cama, deixando seu corpo obre o colchão, afasto suas pernas me
posicionando entre elas, beijo seus lábios e apertei seu seio direito, prendendo
o mamilo entre os dedos e puxando, ela arfa e aperto sua cintura, suas unhas
cravaram em minhas costas, arranhando-me. Minha língua passa por seu
lábio inferior e desce para seu beijo, a beijo ali e escorrego a língua para seu
pescoço. Chupo a pele, deixando uma pequena marca vermelha. Lize morde
meu ombro, rebolando embaixo de meu corpo.

Ajoelho-me sobre a cama e seguro seu joelho, erguendo sua perna,


colocando-a sobre meu ombro, enquanto a outra rodeou minha cintura, ela se
pressiona contra mim, agarro a base de meu pau e o empurro em sua entrada
molhada e escorregadia, Elizabeth geme alto enquanto escorrego para dentro
de sua bocetinha apertada, mesmo depois de tantas vezes com ela, a sensação
é cômoda primeira vez, difícil de escrever e explosiva de sentir. Me curvo
sobre ela e beijo sua boca, enquanto me movimento devagar para dentro e
para fora dela. Elizabeth aperta os músculos de meus braços, enfiando as
unhas longas em minha carne quando bati duro dentro dela, minha respiração
pesada se mistura com a sua, seus gemidos abafados por minha boca sobre a
dela. Sua perna escorrega de meu ombro e ela a enrola em minha cintura,
puxando-me, fazendo com que eu bata mais fundo nela.

Ela ofega, os lábios se abrindo em um perfeito “O”, os olhos verdes


brilhando de desejo. Chupei seu seio direito enquanto belisquei o mamilo
esquerdo, um gritinho escapa por seus lábios. Enrolei os fios ruivos em
minha mão e puxo sua cabeça para trás, bato mais forte nela sentindo sua
boceta sugar meu pau com força, enquanto ela se derrama ao meu redor, um
sorriso se apossando de seus lábios. Ela fecha os olhos e segurei seu corpo
mole embaixo do meu enquanto sinto meu corpo se enrijecer, os músculos se
contraem, aperto sua cintura com força quando o gozo chega, meu corpo duro
sobre o dela enquanto me derramo dentro de seu canal, deixo meu corpo cair
sobre o dela, beijo sua boca rápido e me deito ao seu lado, meu braço direito
servindo de apoio para minha cabeça. Elizabeth se mexe na cama, se enrola
no lençol e se levanta, segurando o tecido caminha para o banheiro do quarto.
Fecho meus olhos, enquanto ainda sinto meu corpo vibrar, o tesão que sinto
por ela é algo que nunca terá fim. Ela é minha droga e sou feliz por ser
viciado nela. Fico mais alguns minutos na cama e quando ouço o chuveiro ser
ligado, me obriguei alevantar e fazer companhia a minha mulher no
chuveiro.

Caminho pelos laboratórios da empresa com Elizabeth em minha cola,


mostrei a ela como o dinheiro foi investido em novas tecnológica, expliquei a
ela algumas coisas e apresento-lhe à alguns cientistas, técnicos em mecânica
e robótica. Matt se juntou a nossa pequena expedição pelos laboratórios
quando aparecemos em sua sala, ele queria me mostrar o projeto em que
estava trabalhando com Otávio, e me explicar as funcionalidades dele. Matt
apesar de ser filho de um dos maiores acionistas da empresa, não quis ocupar
o cargo do pai deixando assim que eu tivesse que lidar com sua irmã mais
nova, Susan.

Apesar de ser bonita e inteligente, ela se ligava a coisas fúteis: como


viagens, compras e SPA, o que me chamou a atenção inicialmente fazendo
com que eu me envolvesse com ela. Caso de uma ou duas noites, no máximo,
nada, além disso. E agora que eu estava casado, ela continuava a se jogar para
cima de mim, mais do que fazia quando eu era solteiro. Elizabeth se despediu
de nós minutos depois de Matt se juntar a nossa pequena expedição. Ela
estava atolada com alguns trabalhos e teve que voltar para eles. Otávio nos
olha quando entramos em seu laboratório.

— Preparado para a festa dos acionistas? – Matt me questiona.

— Ainda nem conversei com Elizabeth sobre ela. — Passo os dedos pelos
fios loiros de meu cabelo. — Estamos com tanta coisa para resolver que não
tive tempo de contar a ela sobre a festa.

— Aposto que ela já sabe sobre a festa. – Otávio me diz. — É o assunto


pelos corredores. — Diz ele.

— Ela com certeza já sabe sobre a festa. – Diz Matt. — Deve estar apenas
esperando que você confirme com ela se irão ou não.

— Vocês têm razão. Às vezes me esqueço que ela também trabalha aqui.
– Eles riem.

— Todos sabemos que aquele rostinho bonito que sua esposa tem, é
muito mais. Não se esqueça disso.

— Eu sei, meu amigo! — Apertei o ombro de Matt. Otávio e Matt, me


mostraram o projeto novo e explicaram por alto sua finalidade. O projeto tem
potencial e estou levemente animado com ele. Após mais alguns minutos de
conversa, Matt se despede de nós, voltando para sua sala e Otávio me segue,
cumprimentamos algumas pessoas no caminho e finalizo minha vista ali.

— Acha que o Wixblock estará pronto até a GPEC? — Pergunto


empurrando as portas duplas de vidro.

— Acredito que sim, os testes iniciais foram positivos e tirando alguns


erros no software está tudo indo conforme o planejado. – Otávio explica.

— Isso é ótimo. O Wixblock, será a nossa porta de entrada para o


primeiro lugar. Fará com que a WB seja a número um, no mercado
tecnológico mundial.

— Será uma grande aposta. – Ele diz. — Mas, estamos preparados para
isso. O previsto é que este tipo de tecnológica cresça nos próximos três anos.
Estamos lançando algo único — Posso sentir a empolgação e o orgulho na
voz de meu amigo ao falar de seu projeto. Um banco de dados que guardará
todo o tipo de transação permanente e totalmente à prova de violações.

Otávio e Matt vem trabalhando nele durante meses e é maravilhoso ver o


trabalho deles. Eles trabalharam duro para serem os primeiros a me
apresentar novas ideias, se esforçando, mostrando os prós e os contras de
suas invenções e comemoraram cada vitória quando o conselho aceitou
alguma das ideias renovadoras deles.

— Quer tomar algo mais tarde? – Pergunto, quando chegamos ao


elevador.

— Não posso, vou me encontrar com uma amiga. – Diz ele.

— Amiga é? – Arqueio a sobrancelha direita.

— Uma amiga com benefícios. – Esclarece rindo.

— Fico feliz em te ver seguindo em frente. – Empurrei seu ombro com o


meu. Ele ri. É bom vê-lo deixar Olívia no passado e dar continuidade a sua
vida. — E quando vamos conhecê-la?

— Quem sabe no dia que contar a verdade a Elizabeth. – Ele diz, me


fazendo franzir a testa. Uma ruga se formando entre meus olhos.

— Não fale sobre isso, assim!

— Relaxa! – Disse. O elevador chega e as portas se abrem e damos de


cara com Susan dentro dele. Ela nos sorri. Respiro fundo e solto o ar.

— Subindo? – Otávio questiona a loira que mantém seus olhos fixos em


mim.

— Não, querido. Fico por aqui mesmo. – Ela passa por nós sorrindo. Não
joga nenhuma indireta e nem tenta uma aproximação. Estranho sua reação,
mas agradeço por isso. Talvez ela tenha notado que não irá acontecer nada
entre nós novamente e enfim tirou seu time de campo. Ocupamos o espaço no
elevador e pressiono o botão da diretoria, quando as portas se fecham viro-me
para ele cruzando os braços sobre o peito, amassando o terno que uso.

— Não fale sobre meu casamento. – Repreendo ele.

— Só acho que está perdendo tempo demais. Está na cara que ela está
apaixonada. Tem que contar a ela a verdade. – Diz ele. Sei que em parte ele
tem razão, mas ainda não sei se Elizabeth me ama, e contar a ela que o
verdadeiro motivo pelo qual a prendi em um contrato me deixa apreensivo.
Ela pode não entender meus motivos e acabar me odiando, e isso é algo que
eu não suportaria.

— Por mim, ela nunca irá saber. E espero que você e Fernando como
meus melhores amigos, mantenham essas bocas grandes caladas. Assunto
encerrado.

Ele negou com a cabeça e se encosta na parede fria. O clima ficou tenso
entre nós, mas é o meu casamento, é a minha mulher, e não estou pronto e
nem nunca estarei pronto para lhe contar a verdade e deixar que ela me
abandone. Farei com que ela queira ficar depois que o tempo se esgotar e se
eu não conseguir, direi a ela que estou apaixonado e que a amo.
— Confirme nossa presença na festa dos acionistas, Srta. Colins —
Miguel diz ao passar por mim e Lívia no saguão. Nenhum sorriso, seu
semblante, está sério e o enrugar em sua testa é sinal de que está pensativo
em relação a algo. Lívia concorda com a cabeça nervosa, a porta de sua sala
se bate com força fazendo com que eu me assuste. Em todo o tempo que eu
estive aqui nunca o vi bater à porta ou qualquer coisa do gênero. Mesmo
irritado, Miguel age de forma natural, arqueio a sobrancelha e em seguida me
viro para Otávio, que dá de ombros. Algo aconteceu depois que eu o deixei
nos laboratórios com Otávio e Matt.

— Não é nada com você, Lize. – Otávio me diz. Tranquilizo-me com


isso. — Ele está apenas com muita coisa. – Diz tentando amenizar os atos de
Miguel. Lívia volta para seu trabalho enquanto continuo a conversar com
Otávio.

— Ele é tão idiota às vezes. – Franzo os lábios. Uma mecha de meu


cabelo cai sobre meus olhos, desmancho o coque, em que meus cabelos estão
presos e junto a mecha ao resto deles, prendendo-os no alto da cabeça
novamente enfiando uma caneta entre os fios para segurá-los no lugar.
— Acostume-se, ele é um bastardo na maioria das vezes. – Diz ele, e
eu sorrio. O cabelo bagunçado, os olhos verdes e a barba por fazer, fazem
com que a maioria das mulheres que trabalham no departamento dele, fiquem
babando quando ele passa por elas. — Como está o casamento? – Ele
questiona. Reviro os olhos e é a vez dele de sorrir.

— Estou me esforçando para não cometer um assassinato. – Brinco e


ele gargalhou alto. O som de sua risada atrai a atenção de Miguel que abre a
porta com uma expressão nada amigável.

— Vá trabalhar e pare de jogar charme para minha esposa. – Seu


ciúme descabido nos faz rir.

— Essa é minha deixa, querida! – Pisca para mim e sai indo em


direção a sala do Miguel. Encaro os olhos furiosos de meu marido, arqueio
uma sobrancelha e ele se vira batendo a porta em minha cara.

— Tão lindo, mas tão idiota. – Digo negando com a cabeça e caminho
para minha sala, ao lado da sua me jogando em minha cadeira e
concentrando-me em meus afazeres. Preocupar com os chiliques de Miguel
apenas me faria atrasar o dia, apesar que o ver todo irritado é quente pra
caralho.

— Já estava me sentindo abandonada. – Lindsay diz, fazendo seu


pequeno drama.

— Não exagere, nos encontramos semana passada. – Digo.

— Quase um século, depois que casou simplesmente esqueceu de sua


pobre amiga! – Continua ela.

— Quanto drama, isso não combina com você. – Ela sorri. Levo a xícara
de café aos lábios e me delicio com a bebida quente.
— Gostei do apartamento. – Diz ela olhando ao redor. Sorrio, também
gosto do lugar, apesar de eu pensar que é grande demais apenas para mim e
Miguel, me contentava com algo menor, mas eu não poderia esperar algo
menos que isso, considerando o homem com quem me casei. O apartamento
de paredes claras, decorações chiques e nada pessoal é dono de uma vista
maravilhosa. Não escolhi nada da decoração, quando voltamos da lua de mel,
ele já estava montado e pronto para que fizéssemos dele o palco de nosso
teatro. Lindsay cruza as pernas em cima do sofá, enquanto segura o pires com
a xícara de café. — Você está toda madame depois que se casou. – Zombou
ela.

— Vou ignorar completamente seu comentário. – Digo rindo e ela sorri.

— Preparada para o baile dos acionistas? – Perguntou ela.

— Nem um pouco. Estou completamente nervosa.

— Normal isso, agora é uma pessoa importante. – Diz ela tentando


esconder a provocação.

— Se você não fosse minha melhor amiga, eu te jogaria pela janela! –


Digo voltando a beber meu café. Ela bebericou sua xícara, os olhos brilhando
em diversão.

— Está ameaçando uma advogada?

— Estou? – Arqueio a sobrancelha encarando-a. Ela gargalha.

— Senti sua falta! – Confessa. Sorrio. Eu também senti a dela. Deixo


minha xícara sobre a mesa de centro e abraço-a fazendo com que ela quase
derrame o café no sofá branco.

— Agora, me conte sobre esse homem dos sonhos com quem está saindo
e que está mantendo total segredo sobre.

— Bom, a gente já se conhecia a algum tempo, nunca tinha acontecido


nada entre nós, mas as coisas simplesmente aconteceram a algumas semanas
atrás. Ele é um perfeito cavalheiro, me faz rir, me escuta e não fica bravo por
muitas vezes eu trocar uma noite de diversão por trabalho. Ele me entende. –
Diz com um sorriso. — Estou completamente apaixonada por ele. – Abraço
ela novamente, estou tão feliz por minha amiga.

Ela torceu uma mecha de seu cabelo negro nos dedos enquanto mantém
um olhar sonhador. O mesmo olhar que tenho quando estou pensando em
Miguel. A diferença é que o relacionamento dela é real, enquanto o meu é
uma farsa. O sentimento dela provavelmente é correspondido enquanto o meu
é apenas meu, ele não sabe deles e não os corresponde. Não deixo que o
assunto se volte para mim, quando Lindsay nota meu olhar e abre a boca para
falar algo, mas a cortei rapidamente.

— E ele, sente o mesmo?

— Acho que sim, estamos nos vendo com frequência, e ele me convidou
para passar o fim de semana na casa de seus pais, quer que eu os conheça. –
Me conta.

— Oh! Então é bem sério isso.

— Acho que sim. – Ela continua a sorrir e sua felicidade me contagia.


Fico feliz por ver minha melhor amiga feliz e se dando bem no ramo do
amor. Ela olha para o braço, o relógio dourado brilha em seu pulso. Suspira.
— Preciso ir agora. Adorei a nossa tarde juntas.

— Eu também. – Nós levantamos, ela me abraça e a levo até a porta. Nós


despedimos e assim que a porta se fecha atrás de mim e me escorei nela.
Deixando que as lágrimas queimam meus olhos e escorriam por minha face.

A situação com Miguel está me machucando, não dizer a ele como me


sinto, me sufoca. Passo o dorso da mão sobre o rosto limpando as lágrimas.
Seco elas, eu não deveria chorar. Meu estúpido coração precisa entender que
eu fui contratada para isso, ser a esposa perfeita e não bancar a adolescente
apaixonada.
Escuto o chuveiro desligar e minutos depois Miguel sai pela porta, a toalha
escura enrolada nos quadris enquanto seu peitoral fica a mostra, gotículas de
água escorre por seu abdômen, passo a língua por meus lábios secos enquanto
admiro o homem à minha frente.

— Tem certeza que se sente bem indo a esse almoço? – Ele me


questiona após sair do banho. Seu pai, havia ligado na noite anterior
convidando-nos para almoçar hoje. Desde o casamento que não o víamos,
após nossa lua de mel, – que diga se de passagem foi maravilhosa – ficamos
meio superlotados de trabalho e sim muito tempo para coisas como almoço
em família. Apesar de sempre fazermos algo diferente, era sempre apenas nós
dois.

— Claro que sim, está me pagando para isso. A esposa perfeita! –


Digo tentando disfarçar o tom de sarcasmo que escapou por meus lábios. Ele
torce o nariz como se não agradasse o modo como falei, mas ignoro
completamente.

Miguel, caminha até o closet e começa a se vestir. Levanto-me da


cama e caminho atrás dele. Paro em frente ao espelho que ocupa a parede do
fundo do closet. A blusa salmão tem mangas curtas é delicada, com detalhes
de renda na frente e nas costas, dando a ela um ar sofisticado, a calça jeans
cai sobre meus quadris de forma sensual, marcando minhas curvas, os saltos,
uma ankle boot preta em camurça, a maquiagem leve para o dia completa o
look, me sinto bonita e a altura de Miguel, não preciso me cobrir de roupas de
marca para me sentir a altura de meu marido. Miguel me conheceu
exatamente assim e não será um contrato assinado com um milionário que me
fará mudar meu jeito.

— Olhando-a assim, estou tentado a desistir desse almoço e te levar


de volta para nossa cama. – Ele diz, suas mãos em minha cintura, seu corpo
másculo colado em minhas costas, sua mão desce pela lateral de meu corpo,
ele afastou meus cabelos e beija meu pescoço, fecho os olhos apreciando as
sensações que ele me causa.

— Seu pai merece esse almoço, você não o vê desde o casamento. –


Digo com os lábios trêmulos. Eu queria conseguir ser mais forte em relação
às reações que ele me causa, mas simplesmente não consigo, quando Miguel
se aproxima, me toma em seus braços, e meu corpo me trai sei que é batalha
perdida e já nem me esforço para lutar.

— Eu sei, mas quem pode me culpar por querer apenas a companhia


de minha doce esposa. — Ele vira meu rosto sobre o ombro e beija meus
lábios. Calmo e doce.

Meu coração teima em bater mais rápido por ele, suas palavras doces,
os gestos, tudo faz com que eu me apaixone um pouco mais por ele, enquanto
para ele, isso é apenas um jogo. Me desvencilhei de seus braços, viro-me para
ele o observando, camisa social azul puxada até os cotovelos, a calça jeans
escura cai sobre seus quadris perfeitamente, as coxas musculosas estão
marcadas pela calça, sapatos pretos e os olhos azuis brilhando em
divertimento pela minha análise. Sorrio me afastando dele, pego minha bolsa
sobre a poltrona e saio do closet com Miguel em meu encalço.

Assim que Miguel manobra o carro para fora da garagem subterrânea


do prédio onde moramos, os raios de sol atravessam o vidro esquentando
minha pele, o dia estava claro, o sol brilhava no alto do céu dando luz a
cidade. O trânsito caótico não me incomodava, gostava de ver as coisas
passarem por meus olhos em um piscar. Segundos que se distraia perderia
algo incrível ou trágico, depende do ponto de vista com que se olha. Miguel
segura minha mão tirando-me de meus pensamentos.

— Está tudo bem?

— Está sim. Apenas me perdi em meus próprios pensamentos. – Digo


oferecendo a ele um pequeno sorriso.

— Sei que não está confortável com isso. – Diz ele. Eu realmente não
estou, mas ele não precisa saber disso.

— Está tudo bem, adoro seu pai. Ele é um homem bem íntegro. – O
alfineto. Ele ri. Mordo a parte interna de minha bochecha e ligo o som,
vasculho algumas estações até optar por uma internacional. A melodia de I
was made for loving you[4] invade o ambiente fechado, deixo que cada
palavra penetre em meu interior, deixo-me sentir a música e me arrependo
disso, no momento seguinte em que as lágrimas queimam em meus olhos.
Não desligo o som, deixo que Ed e Tori queimem meus sentimentos, e me
façam ver quão estúpida eu fui por aceitar a proposta do charmoso homem ao
meu lado. Miguel parece pressentir o estado emocional que a música me
deixou, pois, segura minha mão e entrelaça nossos dedos, ergue-a e leva aos
lábios, beijando-a.

— Você foi a melhor coisa que me aconteceu. — Declara, meu


coração se aperta mais um pouco.

O trânsito lento começa a me aborrecer e suspiro frustrada, a melodia


ainda toca ao fundo, mas tento a todo custo ignorá-la. As lágrimas ainda
queimam, mas não permito que elas desçam, não vou estragar as coisas
porque estupidamente me apaixonei pelo cara que me contratou.

Empurro os sentimentos para o fundo. É lá que eles deveriam ficar,


nunca deveriam ter surgido.

— Você sabe porque seu pai queria tanto esse almoço? — Pergunto
minha voz embargada pelo choro contido.
— Não faço ideia — diz enquanto manobra para o estacionamento em
frente ao restaurante italiano.

Miguel desliga o carro e pego minha bolsa, saímos do veículo, a


chave é deixada na cabine do atendente e Miguel enfia a comanda do
estacionamento no bolso da calça. Segura minha mão e atravessamos a rua
entrando no Província di Salerno, um restaurante chique e frequentado pela
mais alta sociedade paulista. O gerente do restaurante cumprimentou Miguel
de forma informal como se fossem velhos amigos e me ofereceu um sorriso
amigável, retribui com um esforço fora do normal e ele nos acompanhou até
a mesa onde meu sogro aguardava por nós.

— Você está bem, querida? – Pergunta meu sogro olhando para mim.
Suspiro, tentando manter meu estômago quieto. O cheiro da comida invade
meu nariz, fazendo com que a ânsia de vômito suba para minha garganta.
Respiro fundo.

— Estou sim!

— Está pálida, querida. – Miguel diz, passando a mão por meu braço,
uma leve carícia. Aconchegante e acolhedora. Seguro a taça com água e levo
aos lábios tomando um gole.

— Estou bem. – Afirmo bebendo mais um pouco de água, deixo a taça


sobre a mesa e os olhos castanhos de meu sogro me avaliam, por fim se dá
por satisfeito.

— Como eu estava dizendo, esse era o restaurante favorito da mãe de


Miguel, ela simplesmente o adorava. – Diz com um brilho nos olhos e um
tom de lamúria, ao falar da falecida esposa. — Comemoramos nosso
aniversário de casamento todos os anos aqui, Mourize fechava o restaurante e
nos deixava à vontade para apreciar o lugar, apenas nós dois em uma noite
romântica, comemorando o dia mais feliz de minha vida. Sinto tanta a falta
dela.
— Eu também sinto, pai! – Miguel fala. Ele nunca toca no nome da mãe,
e não forço para que faça isso. — O senhor ainda não nos disse o porquê de
ter chamado nos para almoçar.

— Não posso querer passar um tempo com meu filho e com minha
adorável nora? — O senhor pergunta. Sorrio

— Não só pode como deve. – Digo a ele e mantenho o sorriso.

— Deveria ser mais como sua esposa, filho. Ela sabe como tratar um
senhor já de idade. — Ele brinca nos fazendo rir.

— Oh, o senhor não está tão velho assim! Não se faça de coitado para
ganhar minha esposa.

— Não seja rude, querido. Seu pai é um velhinho encantador. – Brinco.

— Viu ela me acha encantador!

— Você deveria parar de conversar com Fernando, ele está deixando o


senhor convencido demais, assim como aquele paspalho. – Miguel ralha. O
almoço prossegue calmo, brincadeiras vez ou outra, assuntos sobre a empresa
e nosso casamento. Jonathan está ansioso querendo saber quando iremos lhe
dar um netinho. Engasgo quando esse assunto é tocado e Miguel sorri como
se fosse a coisa mais natural do mundo. Em um casamento de verdade seria,
mas não no nosso.

Deixamos o restaurante às quinze horas do sábado, Miguel sugeriu de


irmos ao shopping, mas me recuso, me sinto cansada e uma leve dor de
cabeça se aproxima. Tudo o que preciso no momento é minha cama, e boas
horas de sono, o que não venho tendo desde que descobri amar Miguel, isso
está me consumindo, me deixando esgotada emocionalmente e, me vejo ao
ponto de quebrar esse maldito contrato a qualquer momento.
Apoio os cotovelos sobre a mesa pressionando as têmporas, estou cansado e
sinto uma leve enxaqueca começar a surgir. Com a aproximação da GPEC
estou ficando maluco com tanta coisa para ser resolvida. Elizabeth tem me
ajudado bastante, mas vejo como ela anda cansada e sobrecarregá-la é a
última coisa que pretendo. Ela anda estranha, cansada e dormindo mais que o
normal, já é a segunda vez que decide trabalhar em casa e não no escritório.
Não reclamo disso, ela faz um ótimo trabalho tanto aqui quanto lá. Então se
minha doce esposa quer ficar em casa em vez de passar o dia no escritório
sendo o almoço de vários urubus que não desgrudam os olhos dela, eu aprovo
completamente.

— Sr. Banks? – Ergo meus olhos encarando Lívia que está com a
porta semiaberta e apenas o pescoço para dentro de minha sala.

— Me diga que não temos nenhum problema, não aguento mais


problemas. – Digo enrugando a testa e fechando os olhos.

— Sem problemas, senhor! Queria apenas saber se posso ir almoçar já. –


Ela diz me fazendo abaixar o braço e encarar o relógio de prata em meu
pulso.

— Claro, Lívia. Perdoe-me por tomar seu horário de almoço. Volte até as
15h30min. Precisarei de você para uma reunião com os representantes da
Phoenix

— Ok. – A porta se fecha e me vejo novamente sozinho. Sinto-me


sufocado estando dentro dessa sala o dia inteiro queria poder fazer como
Elizabeth e ficar em casa pelo menos um dia, não ter que vestir esses ternos
que me sufocam e não entrar em três reuniões em onze horas de trabalho.

Giro-me na cadeira encarando as enormes janelas de vidro, a vista da


cidade ali de cima é magnífica, peguei meu celular e disquei o número de
Elizabeth, colocando o aparelho sobre a orelha enquanto me impulsiono
girando a cadeira novamente, seu celular toca uma, duas, três vezes, até sua
voz preencher meus ouvidos.

— Aqui é Elizabeth, no momento não posso atender então deixe seu


recado que lhe retornarei assim que puder.

Desligo a chamada e tento novamente. Caixa de Mensagem.

— Inferno Lize! – Praguejo. Levanto-me da cadeira e me escoro na


janela. O celular grudado em minha orelha enquanto novamente a chamada
cai para a caixa de mensagem. Desisto de ligar para ela e disco o número de
Lívia.

— Sr. Banks?

— Preciso que faça a apresentação da reunião de hoje. – Digo

— Eu não estou preparada, irei estragar tudo! – Ela diz, sua voz alguns
tons acima do normal.

— Otávio estará com você, só relaxar que dará certo. Conto com você
Lívia! – Digo e desligo antes que ela proteste. Pego meu blazer jogando-o no
antebraço e as chaves do carro. Desço pelo elevador privativo da presidência
e assim que as portas se abrem na garagem pulo para fora da caixa de metal,
destravei o alarme e praticamente corri em direção ao meu carro. Elizabeth só
me dá dor de cabeça, qual a dificuldade em atender a merda do celular. Ela
está querendo me deixar de cabelos brancos antes dos quarenta anos. O
trânsito lento me irrita, assim que consigo uma brecha corto entre os carros
em alta velocidade. Espero que tenha acontecido algo muito grave para que
ela não me atenda, caso contrário aquela ruiva estará em sérios problemas,
depois morro de ataque cardíaco e não encontram o motivo.

Estaciono na garagem de nosso prédio vinte minutos mais tarde, travo o


carro e corro em direção ao elevador apertando o botão sem parar, como se
isso fizesse com que ele descesse mais rápido. As portas se abrem e pulo para
dentro da caixa metálica, aperto meu andar e as portas se fecham e em sua
lerdeza e enfim ele começa a subir. Se eu tivesse ido de escada teria chegado
mais rápido. Ele apita e por fim as portas se abrem na sala de meu
apartamento.

— Lize? – Chamo. Nenhuma resposta. Caminho pelo ambiente vazio e


subo as escadas. — Elizabeth? – Chamo novamente.

Nada! Abro a porta de nosso quarto e a vejo pela porta do banheiro,


sentada ao chão abraçada ao vaso enquanto sons estranhos saem de sua boca.

— Lize? – A chamo mais uma vez. — Amor? – Me aproximo.

— Fica longe, Miguel! – Ignoro seu pedido e a ajudo a se levantar,


aperto a descarga do vaso e Lize lava a boca. Passo meus braços por ela e
ergo no colo levando à para nossa cama.

— Desde que hora está passando mal? – Pergunto colocando-a sobre o


colchão escorada na cabeceira de madeira.

— Praticamente desde que saiu. – Ela diz se ajeitando na cama.

— E porque não me chamou? Sou seu marido! – Esbravejo. Estou


furioso por ela não ter me chamado, por pensar que eu não viria por ela.

— Por contrato! – Ela grita. Assusto-me. Seus olhos verdes brilhando em


uma raiva que nunca a vi demonstrar.
— Não importa, eu sou seu marido e me preocupo com você. Eu... eu
estou... – Seus olhos se erguem em curiosidade. As palavras estão na ponta
de minha língua, mas não consigo fazer com que elas fluam para fora. Não
consigo dizer a ela. — Eu estava preocupado! – Digo por fim, chutando
minha bunda mentalmente por ser um covarde.

— Eu estou bem! – Diz. A expressão cansada voltando a seu rosto.

— Vou chamar o médico. – Avisei me levantando.

— Não precisa. – Ela se apressa a dizer segurando-me pelo braço.

— Claro que precisa, você estava literalmente quase colocando suas


tripas para fora. Deve estar doente!

— Foi apenas algo que comi. – Ela diz. A observei com curiosidade. —
Por favor! – Sua voz doce e calma faz meu coração bater rápido no peito,
minha boca seca e concordo, tiro meus sapatos com os pés e caminho para a
cama, me deito a seu lado e a puxo para meus braços. Beijo sua testa.

— O que está fazendo? – Ela pergunta ficando com o corpo tenso ao meu
lado.

— Cuidando da minha esposa. – Lhe respondo.

— De mentirinha. – Ela diz. Reviro os olhos com sua teimosia em não


ver que nossa relação é verdadeira.

— Não importa, é minha esposa e vou cuidar de você! - Ela se aconchega


em meu peito, faço um cafuné em seus cabelos. Ficamos os dois assim
apenas curtindo o momento.

— Não consigo ficar quieta. – Diz se virando de barriga para baixo e


apoiando o queixo sobre a mão. — Qual a sua cor favorita? - Franzi a testa
com sua pergunta.

— Por quê?

— Notei que nunca fizemos esse tipo de pergunta boba um ao outro. —


Sorri. — Então, qual a sua cor favorita?
Meus dedos tamborilam sobre o tampo de madeira de minha mesa enquanto
deixo que minha mente viaje para algumas semanas atrás quando Miguel veio
atrás de mim por não atender o celular e me encontrou em uma situação
deplorável. Realmente não sei qual é o problema comigo. Me sinto ótima na
maioria das vezes e do nada estou quase a jogar meus órgãos para fora. Devo
ter pego alguma virose, só pode, com certeza é culpa desse tempo maluco.
Mas, agradeço esse meu mal-estar, pois, foi bastante empolgante saber mais
sobre o homem com quem venho dividindo a cama, saber sobre gosto para
música e filmes foi interessante, mas saber que ele é péssimo jogando sinuca
foi algo que me surpreendeu bastante, já que Miguel é bom em praticamente
tudo o que faz e ser ruim em algo tão fácil é realmente engraçado.

— Sonhando acordada? - A voz grossa de Fernando me desperta de


meus devaneios fazendo com que eu dê um pequeno sobressalto sobre a
cadeira.

— Me assustou. - Digo colocando a mão sobre o peito, sentindo meu


coração bater rápido.
— Não foi minha intenção. – Morde o canto da boca. — Posso te
perguntar algo? - Arqueio uma sobrancelha.

— Claro! O que foi? – Sento-me direito encarando - o.

— É que assim, tem uma mulher...

— Não vou lhe ajudar a levar ninguém para a cama. – Lhe corto.

— Não é isso. – Ergue o braço, coçando a nuca, sem jeito.

— Oh, quer dizer que o pegador Fernando foi fisgado? – Brinco e


pela expressão que se apossa de seu rosto, sei que o assunto é delicado.

— Esquece. – Ele diz. – Pensei que você melhor que ninguém poderia
me ajudar, mas eu estava enganado. - Ele se vira. Acho que feri os
sentimentos dele.

— Espera! Venha cá e me conte. – Peço sentindo uma pontinha de


culpa.

— Um café?

— Seria ótimo. – Pego minha bolsa e me levanto. — Lívia, se Miguel


perguntar por mim, fui tomar um café com o garanhão aqui. – Digo
agarrando o braço de Fernando. Ele ri se divertindo e pisca para a secretária
que fica vermelha e apenas concorda com a cabeça.

Saímos da empresa e entramos no primeiro café que vimos, nos foi


servido o que pedimos e nos sentamos em uma mesa afastada da entrada.

— Agora me conta, quem é ela? – Questiono ele levando meu copo


com café quente aos lábios.

— Ela mora no meu bairro e trabalha na lanchonete que frequento


desde que me lembro. – Ele começa. — Ela tem uma filha de sete anos, que é
a garotinha mais linda que eu já vi. Um sorriso se formou em meus lábios ao
notar a forma que ele fala sobre elas.
— E quando vou conhecer elas?

— Não estamos saindo. – Diz ele. Surpreendo-me.

— E porque não?

— Meli é especial, contaram-me que foi abandonada pelo marido ou


algo assim, só sei que ele fugiu deixando para ela toda a responsabilidade de
cuidar de Violeta. Não vou entrar na vida delas para bagunçar tudo. Você
sabe como eu sou.

— É eu sei. E sei também que é um homem digno, basta que deixe


essa vida de playboy para trás.

— Talvez eu possa tentar. – Diz ele pensativo. Sinto meu coração se


aquecer por ele, fico sempre feliz em ver as pessoas se apaixonando e
descobrindo coisas sobre elas que não pensavam existir. Fernando é um bom
rapaz e ele merece ser muito feliz ao lado de uma pessoa que o mereça de
verdade. — Você é a melhor! – Segura minha mão e leva aos lábios,
beijando-a. Nego com a cabeça sorrindo, ele joga charme até sem querer.

— Se quiser ficar com a mão é melhor que a tire de minha mulher! –


A voz grave de Miguel soa atrás de nós avisando que o circo todo estava
armado.

— Oi querido! – Digo rindo.

— Não venha com essa de "Oi querido", eu vi muito bem o que


estava acontecendo aqui. – Ele diz furioso.

— Não sei o que você viu, mas saiba que se continuar sendo um
bundão com sua esposa eu a faço mudar de ideia e fugir comigo. – Fernando
diz, mordo o lábio para não rir e Miguel se irrita mais ainda.

— Eu vou matar você! – Esbraveja.

— Está bem, já chega. – Me levanto. — Fernando não o provoque. –


Peço e viro-me para Miguel. — E, quanto a você. - Aponto o dedo e bato
sobre seu peito másculo. — Não me irrite ou te coloco para dormir no sofá.
— Se ferrou!

— Fernando! – Lhe repreendo.

— Calei-me. – Ele se levanta, dá a volta à mesa e beija meu rosto, e


pisca para Miguel o provocando. — A conta está paga. Obrigado pela
conversa.

— Sempre que precisar. – Ele sai deixando-me sozinha com


troglodita mais lindo que eu já vi.

No momento seguinte estamos presos dentro do pequeno banheiro do


café, suas mãos passeavam por todo meu corpo, minha saia encontrava-se
enrolada em meu quadril e minha calcinha perdida por algum canto, Miguel
estava com a camisa social para fora da calça e a mesma caía sobre seus
tornozelos com a boxer, seu membro duro de encontro a minha barriga, sua
mão grande cobriu minha boca quando ele penetrou dois dedos de uma vez
em mim, e os bateu duro, o polegar esfregando meu clitóris, me fazendo
contorcer sobre os saltos e me agarrar ainda mais a ele, afastou a mão de
meus lábios e o beijei.

Duro e necessitado. Eu precisava dele, dos beijos e de seu toque. Eu


precisava de Miguel!

O espaço apertado do banheiro feminino do café incomodava um


pouco, mas não me importei quando Miguel afastou os dedos de minha
boceta e me ergueu, entrelaçando minhas pernas em sua cintura, me apoio na
pia do lavatório e me preencheu, ofeguei ao senti-lo todo dentro de mim.
Meus lábios bateram sobre os seus mordi com força seu lábio inferior entre o
beijo, as estocadas ficaram mais fortes e ofeguei ao sentir minha intimidade
ficando ainda mais molhada.

— Eu estou tão perto. – Ofeguei jogando a cabeça para trás quando


Miguel bateu forte dentro de mim. Agarrei seus braços, minha unha entrando
em sua pele enquanto sua boca corria meu pescoço e ombros. Os movimentos
precisos acertando o ponto certo em meu interior me deixava cada vez mais a
beira de alcançar o meu prazer, não importava o quão brava eu estivesse com
ele, Miguel estava prestes a me fazer gozar e era isso que eu queria, que ele
me fizesse gozar e que, além disso, me notasse. As demonstrações de carinho
eu já não sabia se eram por causa do contrato ou se era porque ele queria. Os
beijos nunca, foram algo fingido e o sexo com ele, não era porque estávamos
presos um ao outro. Eu apenas não sabia ainda o que ele queria de mim.

— Goze para mim, amor! – Pediu rouco em meu ouvido. Ignorei o


leve balançar em meu coração que aquela simples palavra me causou.

Aquela voz rouca sussurrando em meu ouvido, era apenas mais um


incentivo para que eu deixasse o prazer se apossar de cada célula de meu
corpo e me desmanchar ao redor dele, meu corpo treme e as paredes internas
de minha vagina se contraem apertando-o. Ele grunhiu e estocou mais rápido
seu corpo ficando tenso e suas mãos agarrando minha cintura com força, seus
lábios batem sobre os meus em um beijo rápido, morde e suga meu lábio
inferior enquanto se derrama dentro de mim. Miguel se afasta, segura meu
rosto com às duas mãos e beija meus lábios de leve.

— Ainda estou furiosa com você! – Dizem que quando se briga, a


melhor parte é fazer as pazes, bom, não tivemos uma briga de verdade, mas a
reconciliação por sua pequena cena de ciúmes foi uma delícia, confesso!

Miguel beija meus lábios novamente e se afasta subindo a calça e


fechando-a, se abaixa e pega minha calcinha jogando-a para mim.

— Eu sei, mas não me importo se toda vez quiser descontar sua raiva
de mim assim! – Ele ri me fazendo revirar os olhos, desço da pia e visto
minha calcinha, olho-me no espelho e o expulso do banheiro primeiro,
fechando a porta atrás dele. Fecho meus olhos e sorrio.

Estar casada com Miguel não é de todo ruim, apesar de o nosso


relacionamento ser algo indefinido, já que tudo começou por causa de um
contrato, sinto que estamos indo a algum lugar, mas não quero me iludir
achando que é uma coisa e no final ser outra, por isso tento ao máximo não
criar esperanças mesmo que Miguel Banks esteja se apossando de cada parte
de meu coração.
Suspiro cansada quando Lindsay agarra meu braço e me puxa para mais uma
loja de vestidos. Estamos desde a hora do almoço atrás do vestido perfeito
para a festa dos acionistas. Maldita hora em que concordei em deixar ela me
ajudar com isso. Eu sabia que seria assim, lojas e mais lojas e nunca
acharíamos o vestido perfeito ao ver dela. Por mim, teríamos ficado com o
primeiro vestido longo que experimentei.

— Meus pés estão doendo. – Reclamo.

— Vai valer a pena, vamos encontrar o vestido perfeito para você


sambar na cara daquele povinho esnobe. — Diz ela.

— Não preciso de um vestido chique para isso. – Rebato. — Sou


linda e ruiva, isso já é um pisão na cara deles. – Ela riu me puxando para O
Beco, uma loja de vestuário e acessórios femininos para festas.

A decoração clara e sofisticada dava um ar elegante ao ambiente, os


lustres de cristal pendiam do teto, e as vendedoras impecáveis mostrava que a
loja era muito mais elegante do que todas as outras pelas quais passamos.
Uma das vendedoras se aproximou, com um sorriso contido nos lábios.

— Queremos ver os seus vestidos de baile. – Declara Lindsay antes


mesmo da mulher perguntar em que poderia nos ajudar. Ela assente e nos
guia pela loja.

— Alguma preferência de cor ou modelo?

— Nenhuma. – Digo antes que Lindsay comece a dizer como tem que
ser o vestido.

A mulher se afasta e um garçom aparece ao nosso lado com duas


taças de champanhe, minha amiga as pega e estende uma para mim. Pego a
taça levando o cristal aos lábios saboreando o líquido borbulhante. A
vendedora volta trazendo uma arara com os mais bonitos vestidos, me
aproximo e corro a mão sobre eles, sentindo o tecido. Escolho um preto com
detalhes no busto e uma fenda na perna. Caminho para o provador, dispo-me
e coloco o vestido, olho-me no espelho uma vez antes de sair dele e mostrar
para Lindsay.

— Não mesmo. – Ela diz. — Te deixou gorda. Reviro os olhos e pego


outro vestido e volto para o provador trocando-os e mostrando para Lindsay
que nega novamente.

Experimento três, quatro, todos os vestidos da arara, mas nenhum é o


vestido perfeito. Com minha roupa de volta ao corpo, caminho pela loja,
tentando encontrar algo que me agrade. Sinto minha cabeça começar a doer e
meu corpo pedir pela minha cama. Devo estar pegando um resfriado ou algo
do tipo.

— Posso ajudar? – Uma voz masculina soou atrás de mim.

Giro-me sobre meus saltos e observo o homem à minha frente. Alto e


moreno, cabelos curtos e olhos castanhos escuros. Calça jeans escura e uma
camisa social com um crachá preso a camisa. Gerente da loja.

— Estou procurando um vestido. – Lhe conto.


— Nenhuma de nossas vendedoras lhe ajudou com isso?

— Tentaram, mas não me mostraram nada que eu não tenha visto em


outras lojas.

— Compreendo. Vou procurar algo para você. – Diz ele. Sorrio com a
possibilidade de enfim achar o vestido perfeito para a "grande" noite.

Ele me dá as costas e some entre as araras de vestidos. Fico sozinha.


Minutos depois ele voltou, com uma capa de vestido nos braços. Me
entregou. A ergui pelo cabide e abri o zíper longo, com cuidado tirando o
vestido de dentro dele.

— Experimente! – Ele fala sorrindo.

Caminho para o provador e me troco, o vestido ficou bem em meu


corpo. Simplesmente perfeito, o vestido que passei o dia inteiro procurando.
É ele, tem que ser, nenhum outro ficou tão perfeito e modelou meu corpo
com tanta precisão ao ponto de me deixar sensual e chique ao mesmo tempo.
Troco a roupa e caminho para o caixa, não tem o que pensar, simplesmente o
quero. Mostro para Lindsay que sorri e agradece aos deuses por ter
encontrado. Faço o pagamento com o meu cartão, nunca usei um centavo
sequer do que Miguel me pagou. Simplesmente me recuso a tocar no
dinheiro.

Aplico uma última camada de máscara preta em meus cílios dando


volume e os deixando curvados para cima. Miguel avisou que sairíamos às
21h00min, mas estou vinte minutos atrasada. Ele não reclamou, apenas disse
que me esperaria na sala enquanto eu terminava de me arrumar. Concordei
com ele e voltei a me maquiar. Fecho a embalagem do rímel e o deixo sobre a
penteadeira. Pisco algumas vezes em frente ao espelho aprovando minha
imagem. O vestido longo de tecido dourado tinha a frente modelada por um
decote cavado em pedraria que destacava meus seios, de um jeito sensual e
nem um pouco vulgar, ele cai solto na cintura em uma textura lisa até a altura
dos pés. A saia se abre em minha perna, uma fenda até a altura do meio de
minha coxa esquerda. O vestido é elegante e sensual. Em meus pés uma
sandália de fita dourada simples, de saltos finos. Pego minha bolsa de colo e
saio do closet, desço as escadas devagar e um sorriso se abre em meu rosto
quando Miguel se levanta do sofá e vem ao meu encontro me estendendo a
mão para me ajudar a descer os últimos degraus.

— Agora entendo o porquê de não ter me deixado ver o vestido antes da


noite de hoje. – Ele diz. Rio baixo. — Está simplesmente maravilhosa! –
Elogia.

— Obrigada, você também está muito bonito! – Digo. O smoking de três


peças pretas cai perfeitamente em seu corpo, e a gravata borboleta em seu
pescoço o deixa incrivelmente atraente. Mais do que ele já é. — Vamos? –
Ele concorda e me oferece o braço, entrelaço o meu braço direito ao seu e
saímos do apartamento.

Miguel não tira seu olhar de cima de mim. O tempo inteiro me


observando, sua atenção é desviada apenas quando ocupa o banco do
motorista e dirige com calma pela cidade até o hotel Spazzo onde a festa
ocorrerá. Estacionou em frente à entrada e abre a porta, dá a volta e abre a
minha me estendendo a mão. Miguel está mais cavalheiro do que costuma
ser. Sorrio aceitando sua mão e descendo do veículo. Um luxuoso jaguar na
cor branca, sou simplesmente apaixonada por esse carro. Miguel deixa a
chaves com o manobrista do hotel e caminhamos pelo tapete vermelho que se
estende da calçada até as portas principais do hotel. Miguel empurra as portas
duplas de vidro e entramos no ambiente chique do hotel cinco estrelas, somos
guiados por uma recepcionista até o salão onde a festa está acontecendo.
Fomos servidos de champanhe e agarrada ao braço de meu marido
circulamos entre os convidados, conversando e trocando sorrisos com
pessoas que nos fizeram estar nessa farsa toda.

— Quero que conheça uma pessoa. – Diz Miguel puxando-me para perto
de alguns homens. — Senhores! – Se aproxima entrando na rodinha, aperta
algumas mãos, troca sorrisos e em seguida me apresenta a eles. — Essa é
minha esposa, Elizabeth Banks. — Ofereço um sorriso fraco a eles e estendo
a mão em cumprimento.

— Eu queria muito ter ido ao casamento de vocês, mas estava fora do


país — Diz um.

— Foi uma celebração linda. – Outro senhor conta.

— Obrigada, eu estava morrendo de medo de desmaiar antes de dizer


sim. – Lhes conto, arrancando algumas risadas. Miguel coloca a mão em
minha cintura e beija meus cabelos, me encosto nele enquanto conversamos
animadamente com eles.

Fernando e Otávio se aproximam cada um com uma taça de champanhe


na mão. Cumprimenta-nos. Fernando segura minha mão e beija o dorso, com
um sorriso provocativo nos lábios. Ele adora fazer Miguel ficar bravo, eu
acho engraçado isso. E sei também que sua jogada de charme para cima de
mim, é apenas para enfurecer o amigo, não tem interesse algum. Otávio
cumprimenta-me com um beijo no rosto e aperta a mão do amigo.

— E sua acompanhante? – Miguel questiona Otávio.

— No banheiro. – Respondeu.

— Enfim iremos conhecer a sortuda que lhe conquistou. – Digo sorrindo.


Ele passa a mão na nuca e sorri sem jeito.

Lindsay se aproxima, sorri para nós, me abraça rapidamente e me elogia.


Retribui o elogio. Ela está simplesmente perfeita. O vestido longo vermelho
caiu perfeitamente em seu corpo, marcando suas curvas e a deixando elegante
e sensual ao mesmo tempo. Os cabelos negros, estão soltos e caem em ondas
ao redor de seu rosto bem maquiado. Ela se aproxima de Otávio e entrelaçou
seu braço ao dele. Arregalo os olhos não acreditando que o homem por quem
minha melhor amiga está apaixonada seja o melhor amigo de Miguel.

— Mentira!

— Verdade! – Ela diz.

— Ai meu deus! – Começo a surtar de felicidade pelos dois.

— Sem escândalos, por favor! – Otávio pede.


— Por que não me contou que era ele? – Questiono. Ela dá de ombros.

— Agora que já sabemos quem é a mulher misteriosa, preciso me


ausentar por alguns minutos, preciso fazer um pequeno discurso. – Miguel
diz. Concordo e o vejo seguir para onde um pequeno palco foi montado.

— Vou ao banheiro. – Aviso.

— Já vai começar! – Fernando diz.

— Não irei demorar. – Digo saindo. Caminho pelo salão indo rumo aos
banheiros, cumprimento algumas pessoas pelo caminho e entrei no banheiro.
Fecho a porta atrás de mim e me posiciono em frente ao grande espelho sobre
as pias. Retoco minha maquiagem e entro em uma cabine, faço o que preciso
e assim que vou sair ouço uma voz conhecida. Engulo a raiva e me mantenho
quieta ali.

— Ela está mesmo se achando por estar com o Miguel.

— Mas, ela é casada com ele.

— Um casamento que ele arrumou apenas para levar a assistente para a


cama. Escutei Fernando comentando isso com Otávio. Ela é tão patética. —
Riu.

Sinto meu corpo retesar no lugar. Estou em choque com o que ouvi.

— Mentira! Estou passada com isso. – Comenta a outra.

— Tudo verdade. Os melhores amigos dele não inventariam tal coisa.

— Certeza que ouviu exatamente eles falarem isso?

— Claro, olha se preciso mentir sobre algo. Eu sabia que Miguel sempre
consegue o que quer, mas ele exagerou dessa vez.

— Bem que suspeitei do casamento, tudo muito às pressas.

As duas continuam falando e eu me mantenho no mesmo lugar, sem


reação alguma. Eu poderia sair de meu esconderijo e dizer poucas e boas para
Susan, dizer o quanto ela é invejosa e mal-amada, mas não consigo, meu
corpo está travado no lugar, minha respiração presa em meus pulmões e
apenas quando a porta bate que me permito respirar novamente. A primeira
lágrima cai de meus olhos e a seco com o dorso da mão, mas é inútil. A
realidade me bate feito um tapa na cara.

Tudo foi uma mentira, desde o início, Miguel me usou, jogou com nossas
vidas e caí como uma idiota em seu papo. Me deixei levar achando que
estava ajudando-o quando, na verdade estava apenas entrando em seu
estúpido jogo para me levar para a cama e o bastardo conseguiu e de prêmio
ganhei meu coração partido. Saio do banheiro sem ser notada pelos
convidados. Praticamente corro para fora do hotel, as lágrimas tomam meu
rosto e escorrem sem impedimento algum, e estragam a maquiagem que
demorei horas para fazer. Aceno para um táxi e joguei-me no banco de trás
assim que ele para. O motorista me olhou assustado.

— Não pergunte se estou bem! – Digo entre soluços.

— Tudo bem, para onde senhorita? – Lhe digo o endereço e encosto-me


no banco, minha cabeça tomba rumo a janela e choro, deixo que as lágrimas
desçam mais e mais grossas.

Soluço alto e o moço me estende uma caixinha com lenços de papel,


pego-a ainda chorando, enxuguei as lágrimas, mas é em vão, elas continuam
a descer. Não pedem permissão, apenas pulam para fora de meus olhos,
molhando meu rosto. O caminho até meu antigo apartamento é rápido. Pago a
corrida e entrei no prédio pela garagem aproveitando a brecha de um morador
que acaba de entrar. Faço o caminho até meu antigo apartamento com as
vistas embaçadas, as lágrimas escorrem e me pergunto se Miguel a esse
momento já sentiu minha falta.

As palavras de Susan queimam em minha cabeça. Como pude ter sido tão
cega de não ver a verdade em minha frente. Ela estava estampada bem ali,
mas fechei os olhos e me fiz de cega. Ele queria apenas satisfazer sua fantasia
de dormir com a secretária, mas em vez de dizer realmente o que queria,
inventou uma mentira enorme, envolvendo muitas outras pessoas. Abraço
meu travesseiro e chorei sobre ele. Os soluços aos poucos vão diminuindo e
derramo as lágrimas em silêncio, meus olhos ardem e sinto-me cansada. Aos
poucos meu choro diminui e meus olhos se fecham, o cansaço me vence e me
deixo cair no sono, vestida e calçada, jogada de qualquer forma sobre a cama
de um apartamento empoeirado que não venho a quase seis meses.
Uma salva de palmas ecoou pelo salão, assim que terminei meu pequeno
discurso de agradecimento a todos por estarem presente, em uma festa tão
importante como essa, ergui minha taça em um brinde aos acionistas que
lutaram ao meu lado para manter a WB no mercado tecnológico. Aperto
algumas mãos e cumprimento meu pai rapidamente, estou louco para ter
Elizabeth ao meu lado novamente, ficar longe dela está se tornando cada vez
mais insuportável. Eu a amo, e me sinto um idiota por não conseguir dizer as
palavras a ela, talvez seja o medo de ser abandonado, de que ela parta e leve
meu coração com ela, não quero ser como meu pai que após a morte de
minha mãe simplesmente preferiu ficar sozinho a se apaixonar novamente.

Cada sorriso que ela me dá, o brilho em seus olhos quando estamos
juntos, entregues um ao outro, ela tem que sentir alguma coisa, não é possível
que nesse tempo todo eu não tenha conseguido fazer com que ela pelo menos
goste de mim e que aceite ter um relacionamento de verdade. Para mim
sempre foi real, mas para ela, não. O sorriso que trago nos lábios morre ao
me aproximar de meus amigos e não encontrar Elizabeth junto a eles.

— Onde está a Lize? – Pergunto olhando para os lados, quero saber


onde está a minha esposa.

— Ela disse que ia ao banheiro e não voltou até agora. – Comenta


Fernando.

— E não foi atrás dela porquê?

— A Lindsay foi, achou que ela estava demorando demais. –


Respondeu Otávio. Assinto e me junto a eles, quero ir atrás dela, talvez esteja
passando mal de novo. Talvez ela tenha desmaiado como aconteceu semana
passada. Estou inquieto e não consigo me manter no mesmo lugar.

— Vai logo! – Diz Fernando. — Está me deixando nervoso. –


Reclama.

Caminho por entre os convidados em direção aos banheiros, o


movimento de mulheres em torno de uma pequena rodinha me preocupa e me
aproximo mais para ver o que está acontecendo. Uma cabeleira loira se
encontra no chão enquanto Lindsay está em cima dela distribuindo tapas na
mulher. Passo por entre as mulheres e agarro a cintura de Lindsay tirando ela
de cima de Susan, que se encontra com o rosto vermelho e o nariz sangrando.
A morena em meus braços tenta se soltar, mas apenas a coloco no chão
quando nós nos afastamos dos convidados que nos olham curiosos. Fernando
e Otávio se aproximam e me olham surpresos quando Lindsay ergueu a mão
e acertou meu rosto com força.

— Porra! Essa com certeza doeu! – Diz Fernando. A olho assustado,


fecho os punhos com força, contendo a raiva por receber um tapa sem ter
feito nada.

— Isso é tudo culpa sua! – Grita furiosa. — Ela foi embora, e é tudo
culpa sua!

— Do que você está falando? – Estou confuso sem saber o que


aconteceu para que Lindsay perdesse a classe e partisse para cima de Susan.

— Elizabeth foi embora da festa. Ao que parece sua amiguinha a


pegou despreparada e disse absurdos. Eu quero tanto voltar lá e acabar com a
raça daquela loira oxigenada. – Seu rosto está vermelho e o cabelo bagunçado
pela briga, sinto a raiva em sua voz.

— Pode me contar o que aconteceu? – Peço tentando manter a calma,


quando, na verdade, a única coisa que quero, é ir atrás de Elizabeth e mostrar
a ela que seu lugar é comigo, mas, ao mesmo tempo, quero pisar no pescoço
de Susan por sabe-se lá o que ela disse para minha esposa.

— Você é babaca assim ou fez curso com o Fernando? – Lindsay diz


furiosa, seus olhos castanhos me fuzilam como se apenas me olhar pudesse
me matar, e creio que esse seja seu desejo.

— Ei, não me coloque no meio disso! – Fernando tenta se defender.

— Calado! – Grita furiosa.

— Eu não faço ideia do que esteja falando. – Ainda estou confuso,


preciso encontrar Lize e descobrir o porquê de ter me abandonado ali.

— Eu estou falando de não dizer a minha amiga que a ama, enquanto


ela fica se esgueirando pelos cantos contendo as lágrimas por esse casamento
fajuto de vocês. – Sinto minha garganta se fechar, nosso casamento nunca foi
fajuto, sempre foi real para mim. Tentei demonstrar que a amava, claro que
eu nunca consegui dizer às três palavrinhas mágicas por medo de ser
rejeitado por ela, mas agora sabendo que Elizabeth chorava pelos cantos por
não saber se nosso casamento era real ou não me machuca, e me faz sentir
ainda mais estúpido por nunca ter me declarado para ela.

— Nunca foi…

— Ela te ama idiota! – Lindsay me corta, está furiosa comigo e a


qualquer momento parece que irá pular em cima de mim e arrancar minha
cabeça. — Será que é tão tapado assim que não enxerga o que está em sua
frente? Ou acha que ela aceitaria dormir na mesma cama que você, se
entregar a você apenas por que é um deus no sexo? – Ela diz, suas palavras
acertam minha cara como um tapa de realidade. E meu cérebro está preso na
declaração de que Elizabeth me ama.
— Como você sabe disso? – Otávio pergunta erguendo uma
sobrancelha em questionamento.

— Eu não dormi com ela. – Defendo-me antes que ele pense que já
tive algo com sua namorada.

— E nunca irá, prefiro morenos! – Ela diz piscando para meu melhor
amigo. Ele a puxa para ele, colando suas costas em seu peito enquanto apenas
observa calado eu levar a maior comida de rabo da melhor amiga de minha
esposa. Ela se vira para mim, ainda furiosa.

— Cara você ainda está aqui? – Revira os olhos indignada. — Será


que eu vou ter que fazer tudo?

— O quê?

— Você deve ter pegado algumas aulas com o Fernando porque se


fosse com Otávio você já estaria com minha amiga embaixo de você. – Ela
diz fazendo Otávio piscar para mim e abaixar a cabeça sussurrando algo em
seu ouvido. Fernando gargalha alto e recebe um tapa no braço de Lindsay,
não fico para assistir o resto da interação entre eles, estou correndo para fora
do hotel, o manobrista traz meu carro e assim que entrei no veículo acelerei,
os pneus cantam sobre o asfalto e a fumaça sobe.

Como posso ter sido tão cego a ponto de não, enxergar algo que
estava escancarado em minha cara? Como posso ter fechado os olhos tão
covardemente a ponto de não ver que o sentimento que nutro por Elizabeth é
recíproco? Dirijo em alta velocidade, não me importando se irei receber
alguma multa, quero apenas tomá-la em meus braços e dizer que a amo. Não
irei me acovardar mais diante das palavras, não sentirei mais medo de perdê-
la, mesmo que depois de minha declaração Elizabeth não queira mais ficar
comigo, contarei a ela a verdade. Verdade essa que venho escondendo a tanto
tempo que não posso mais ficar em silêncio. Preciso contar a ela que a amo
desde o momento em que pus os meus olhos sobre ela, preciso contar a ela o
quão estúpido eu fui em não aceitar que eu me apaixonei à primeira vista e
que essa coisa de amar alguém a primeira troca de olhares é verdadeira.
Preciso que ela saiba meus medos e que entenda o porquê que agi feito um
covarde.
Estaciono o carro de qualquer modo na vaga e chamo o elevador
impacientemente, pulo para dentro dele assim que as portas se abrem,
arranquei a gravata borboleta e a envio no bolso da calça, odeio-me por ter
feito as coisas erradas e agora estar correndo contra o tempo para que consiga
me acertar com a mulher que amo. As portas se abrem em nosso apartamento,
as luzes estão desligadas e as acendo.

— Elizabeth? – Grito chamando-a. Subo as escadas correndo. —


Lize? – Chamo novamente.

Nenhuma resposta. Abro a porta de nosso quarto. Vazio! A cama está


do mesmo modo em que deixamos de manhã. Não há sinal dela pela casa, ela
não esteve aqui. Meu coração bate rápido. Sinto minha garganta fechar e as
lágrimas brotarem em meus olhos. Puxo o celular do bolso interno do paletó
e disco o número de Otávio.

— Ela não está aqui! – Estou desesperado, sinto que posso começar a
chorar feito um bebê a qualquer momento.

— Lógico que ela não estaria aí! – É Lindsay que fala. — Você é
meio lerdo né? – Escuto ela bufar e ouço a risada de meu amigo ao fundo. —
Se ela está fugindo de você, ir para a casa que dividem seria a última coisa
que ela faria.

— Então?

— Pelo amor de Deus, Miguel! Pensa um pouco homem, use esse


cérebro lindo que tem para algo útil que não seja apenas para os negócios. –
A chamada é encerrada sem esperar uma resposta minha.

— Claro! – Quase grito. Como não pensei nisso antes? Devo estar
ficando meio lesado com tantos acontecimentos na mesma noite.

Caminho apressado para fora do apartamento, o elevador parece


demorar um século para chegar, mas descer de escada não seria mais rápido.
Assim que chego, estou me jogando para dentro dele, as portas se fecham e
me fecho preso e ansioso dentro da caixa metálica.
A garagem está escura, mas as luzes se acendem assim que começo a
caminhar por ela. Meu coração bate rápido e me vejo dirigindo feito louco
pelas ruas de São Paulo até o antigo apartamento de Elizabeth, eu deveria ter
pensado em vir aqui antes, mas estava tão preocupado em apenas encontrá-la,
que fui logo para o lugar mais improvável dela estar. Uso a antiga chave da
garagem para abrir e assim que os portões se abrem dirijo para dentro, deixo
o carro na vaga de seu apartamento e subo as escadas até seu andar. Toco a
campainha de seu apartamento desesperadamente, ouço algo cair dentro do
apartamento e me preocupo achando que possa ser lize, as luzes são ligadas,
vejo o feixe de luz por baixo da porta e em seguida ela se abre. O cabelo
ruivo está bagunçado, a maquiagem muito borrada e o rosto inchado e
vermelho. Sinto um aperto ao vê-la desse jeito.

— Lize? – Me aproximo, mas ela se encolhe evitando meu toque. —


Amor?

— Vai embora, Miguel! – Ela pede, a voz fraca e chorosa.

— Por favor! — Imploro.

— Eu não consigo nem olhar para a sua cara. – Ela soluça. — Vai
embora, por favor! — Pede e fecha a porta em minha cara. Deixo a primeira
lágrima cair.

Toco a campainha mais uma vez, mas não tenho resposta, escoro-me
na porta e deixo meu corpo escorregar até o chão, os joelhos contra o peito,
os braços enrolados em minhas pernas e a cabeça sobre os joelhos, me deixo
chorar por toda a merda que fiz. Fui estúpido em seguir a ideia louca de
Fernando, deveria ter chamado ela logo para sair e não ter agido como um
adolescente inseguro. Agora sinto que estou perdendo-a, se é que eu já não a
perdi.
Fecho a porta em lágrimas, meu coração está apertado e deixo que os
soluços escapem por meus lábios, a campainha toca, sinto vontade de abrir a
porta e trazê-lo para dentro, deixar que fale, mas não consigo. Arrasto-me de
volta para a cama, me sinto cansada, meus olhos ardem e assim que deito
sobre o colchão macio enrolo-me em meu próprio corpo e deixo as lágrimas
caírem.

A claridade do dia invade o quarto, não sei em que momento da noite


peguei no sono, ainda estou com o vestido da noite passada. A ânsia de
vômito toma minha garganta e levanto correndo rumo ao banheiro. Algo está
gravemente errado comigo, já é a quinta vez que isso acontece pela manhã.
Aperto a descarga do vaso e apoio-me na pia, encaro meu reflexo no espelho
e torci os lábios em desgosto pela minha imagem, meu rosto está vermelho,
meus olhos inchados. Ligo a torneira, coloco minhas mãos em concha e as
encho de água, levei o rosto e escovei os dentes.

O apartamento está como deixei, quando me casei arrumei apenas


algumas roupas e coisas que eu tinha mais apego e enviei para a casa nova
então não tenho dificuldade em arrumar uma toalha no armário, dispo-me e
liguei a ducha, a água cai quente sobre meu corpo e me deixei relaxar.
Enrolo-me na toalha, procuro uma escova de dente reserva nas gavetas do
armário e assim que acho escovo os dentes, caminho descalça para fora,
procuro uma roupa no armário de meu quarto e me visto, enrolo a toalha em
meus cabelos molhados e vou rumo a cozinha. Confiro a data de validade de
alguns produtos e começo a preparar meu café. Peguei o celular na bolsa de
colo e mordo o lábio inferior ao notar o número de chamadas perdidas de
Lindsay. Disco o número dela e no segundo toque ela me atende.

— Diga-me que está com Miguel e que se acertaram. – Ela dispara.


Caminho para o fogão onde a água para o café ferve.

— Não faço ideia de onde ele está. – Ergo o ombro pressionando-o no


aparelho e com as mãos livres coou o café. O cheiro me enjoa, mas ignoro a
sensação.

— Ele saiu louco atrás de você.

— Uh! – Coloco um pouco de café em um copo e fecho a garrafa


deixando-a sobre o balcão da pia. Seguro o celular com uma mão e com a
outra, seguro o copo com o líquido preto quente caminhando para a sala.

— Vocês precisam conversar. – Suspiro.

— O que menos quero no momento é conversar. – Lhe respondo.

— Pare de agir feito uma idiota! – Esbraveja.

— Lindsay! – Protesto.

— Eu não quero saber, eu não quebrei a cara daquela cobra loira


atoa, converse com ele e segure seu homem. – Após essas palavras, desliga
em minha cara.

Um barulho na porta me chama a atenção, deixo o copo e o celular


sobre a mesinha de vidro em frente ao sofá e caminhei para ela, giro a chave
destravando a porta e abrindo ela em seguida, o corpo grande de Miguel cai
para trás, para dentro de meu apartamento e grito com o baque de seu corpo
no chão.

— O que faz aqui? – Questiono indignada, não creio que ele passou
toda a noite ali, sentado no corredor e no frio.

— Eu precisava falar com você. – Ele se levanta. Seu terno está


amassado, o cabelo bagunçado e os olhos vermelhos, como se tivesse
chorado. Sua imagem não está melhor que a minha.

— Eu não quero te ouvir, eu não quero nem olhar para você. –


Afasto-me dele abraçando meu corpo, ele entra, se aproxima de mim.

Seu perfume amadeirado invade minhas narinas, sinto saudades dele,


mesmo estando separados a poucas horas eu quero me jogar em seus braços e
esquecer as palavras de Susan, mas elas ainda estão frescas em minha cabeça.
Sinto vontade de chorar, mas não tenho mais lágrimas, deixei que todas elas
escorressem na noite de ontem e hoje não tenho mais nenhuma para derramar
por ele. Eu o amo, e nem sei como aconteceu, pode ter sido em nosso
primeiro beijo ou em algum momento após nos casarmos, mas não sei a
resposta para quando comecei a amá-lo, apenas sei que o amo com todas as
minhas forças e estou muito magoada com ele e com todos.

— Eu não sei o que ouviu de Susan. – Ele começa, se aproxima,


segura meu rosto com uma das mãos, encolho-me com seu toque. — Mas, eu
quero que saiba por mim e por mais ninguém que não é verdade.

— Então, não se casou comigo apenas por que queria levar sua
assistente para a cama? – Ele abre a boca incrédulo, parece que está
absorvendo o que acabei de despejar em cima dele.

— Por Deus, amor! Eu jamais faria tal coisa. Posso não ter sido
verdadeiro em meus motivos, mas esse nunca foi um deles. – Me afasto de
seu toque, caminho pela sala minha cabeça gira com sua confissão. Ao
mesmo tempo, em que quero saber a verdade, não quero ouvir sua boca
mentirosa destilar palavras que podem ser verdadeiras. Suspiro fundo, meu
coração está batendo acelerado no peito.

— Você tem cinco minutos. – Digo sentando-me no sofá, mostrando


uma calma que eu não sentia em meu interior. Ele fecha a porta e caminha
pela sala, senta na mesinha a minha frente, com a cabeça baixa e as mãos
entrelaçadas. Quando ergue os olhos e me fita, o azul está mais claro, mais
brilhante, ele sorri, um sorriso fraco e sem jeito.

— Eu me apaixonei, no momento em que coloquei meus olhos sobre


você, mas me recusei a acreditar naquele tão clichê amor à primeira vista. Me
aconselharam a lhe chamar para um café, um almoço e sei lá mais quantas
coisas, mas eu não conseguia, travava toda vez que me aproximava e só
conseguia agir formalmente. Perdi as contas de quantas vezes você sorriu
para mim e eu senti meu coração perder uma batida apenas porque eu estava
fascinado demais em seu sorriso. — Sinto novas lágrimas brotarem em meus
olhos. Me sinto tão estúpida por estar me sentindo assim. — A oferta de
casamento foi algo pensado por Fernando, e uma ideia vinda dele só poderia
dar merda, mas aceitei, ignorei tudo e inventei a mentira mais deslavada que
veio em minha cabeça. A primeira noite em que estivemos juntos, céus, foi
tão perfeito! – Segura minha mão. — Foi incrível e completamente alucinante
e as outras que vieram depois, sempre como se fosse a primeira. Eu devia ter
feito como qualquer pessoa normal e ter lhe chamado para um café. – Ele ri.
— Mas, fui imaturo e inseguro demais para fazer tal coisa. Eu sempre soube
que você não era uma daquelas mulheres que sonhavam em ter um caso com
o chefe e viver uma fantasia.

— Foi o que aconteceu.

— Eu sei, mas você nunca se jogou para cima de mim, nunca


insinuou coisas e sempre me tratou tão profissionalmente que eu não soube
como agir. Agi de forma imatura e inconsequente, não pensei no quanto
afetaria você, eu só queria ter a chance de lhe conquistar, de te amar e tentar
fazer com que me amasse de volta.

As lágrimas escorrem por meu rosto, não sei se acredito ou não em


suas palavras, quero gritar com ele, dizer que não tinha o direito de fazer tal
coisa, mas minha única vontade é me jogar em seus braços, sinto saudades
dele, do seu toque, beijo e abraço. Escutar ele dizendo que me ama sempre
foi o que eu quis, que ele correspondesse meus sentimentos, que me amasse
de volta e ele estava aqui, em minha frente dizendo exatamente o que eu
sempre quis ouvir, mas de minha boca não saía palavra nenhuma, não
encontro elas, estão travadas em meus lábios. Me solto de sua mão, levanto
com minhas vistas embaçadas pelas lágrimas, sinto minhas pernas bambas,
sinto calor, mesmo meu corpo estando gelado sobre meu toque. Apoio-me no
braço do sofá sentindo meu corpo amolecer e meu nome sendo chamado por
Miguel é a última coisa que ouço antes de tudo ficar escuro.
Ouço a voz de Miguel baixa e preocupada, não acredito que desmaiei no
meio de sua declaração, eu poderia ao menos ter esperado o eu te amo, mas
não, caí feito uma jaca madura sem esperar que ele terminasse. Forço meus
olhos a abrirem, a luz forte faz meus olhos arderem e sinto minha garganta
seca, meu braço esquerdo dói e fecho os olhos novamente ao ver a agulha
enfiada em minha pele, não permitindo que eu contraísse o braço.

— Miguel? – Minha voz está baixa, mas ele se volta para mim, os
olhos preocupados mais um sorriso enorme nos lábios. Ele se abaixou ao meu
lado, acariciou meus cabelos e se curva beijando meus lábios.

— Como você está? Está sentindo algo?

— Estou bem! – Ofereço a ele um sorriso fraco.

A mulher que a pouco conversava com Miguel se aproxima, está mais


ou menos na casa dos quarenta anos e tem um sorriso amigável. Minha
cabeça gira tentando descobrir em que momento vim parar no hospital, mas é
tudo um grande apagão.
— Como eu estava dizendo ao seu marido. – Ela começa. — O
primeiro trimestre é o mais crítico e com isso você terá que mudar alguns
hábitos. – Franzi a testa sem entender o que estava acontecendo.

— Do que você está falando?

— Ela não sabia? – A médica se vira para Miguel que apenas dá de


ombros, mas mantém um sorriso aberto nos lábios. Ele segura minha mão,
entrelaçando nossos dedos, a ergue e beija.

— Você me deu o maior presente que poderia. – Ele começa. — Você


está grávida, amor!

Minha cabeça gira. Grávida? Eu saberia se estivesse grávida, não é? A


notícia gira em minha cabeça, deixando-me tonta, minha respiração acelera
assim como os batimentos de meu coração, meus olhos se enchem de
lágrimas e elas escorrem por meu rosto sem que eu possa contê-las. Uma
vida, uma parte minha e de Miguel crescendo dentro de mim. O resultado do
meu amor por ele. Essa pequenina vida não pediu permissão para se originar
e eu simplesmente já a amo, amo meu filho ou filha sem nem ao menos ainda
ter visto o seu rostinho e ouvido o seu chorinho.

— Grávida? – Minha voz está chorosa e Miguel limpa minhas lágrimas.


Ele assente com a cabeça sorrindo.

— Eu volto mais tarde. – A médica avisou.

— Não! – Passo a mão sobre por baixo dos meus olhos, limpando as
lágrimas. — O que a senhora estava dizendo?

Ela sorri.

— O primeiro trimestre é o mais crítico. Então, alguns cuidados básicos


devem ser tomados.

Enquanto ela nos explica sobre os cuidados e alimentação, meus olhos


estão presos a Miguel que escuta atentamente a cada orientação da médica,
faz perguntas e está animado em ser pai. Nunca conversamos sobre filhos,
isso nunca esteve em nosso contrato e agora tudo está saindo dos planos
iniciais. Seria um ano e eu estaria livre dele, mas agora estávamos ligados
para sempre, por toda a nossa vida.

— Alguma outra pergunta? – Miguel nega, diz que entendeu tudo


perfeitamente. — Mamãe?

— Não, nenhuma. – Ainda estou em choque pela notícia, feliz e em


êxtase ao mesmo tempo. Ela avisa que voltará depois para tirar meu soro e
assinar minha alta, ela se retira do quarto e Miguel se senta na cama,
segurando minha mão, seus olhos azuis fixos nos meus.

— Eu nunca quis engravidar de propósito, nunca quis lhe dar qualquer


tipo de golpe. – Digo antes que ele pense qualquer coisa maldosa.

— Você me fez o homem mais feliz do mundo. – Diz.

— Não acha que eu quis lhe dar um golpe? – Ele ri, gargalha alto e após
se conter se volta para mim.

— Você é a pessoa mais doce que eu já conheci e a mais bondosa


também, não existe mal em você e eu nunca pensaria algo do tipo. Se
aconteceu foi porque eu me descuidei também, não foi sua culpa e também
não foi minha, não planejamos, mas aconteceu e eu me sinto o homem mais
feliz do mundo por ter um bebê com você. Eu te amo, Sra. Banks. – As
lágrimas corriam novamente por meu rosto. Ele as enxuga, segura meu rosto
com cuidado e desce os lábios sobre os meus. Beijando-me. Calmo, doce e
completamente mágico.

— Eu também te amo! – Respondo assim que seus lábios se afastam dos


meus. Ele sorri. Um sorriso aberto e lindo.

— Diz de novo. — Pede.

— Eu te amo, Miguel Banks! – Digo passando os braços por seu pescoço


e puxando-o para mim, tomando seus lábios em outro beijo, envolvendo-nos
em uma bolha completamente nossa.
— Então, quer dizer que me perdoou?

— Eu não disse isso. – Falei.

— Mas, vamos ter um filho. — Ele começa.

— Eu sei, mas não significa que lhe perdoei, você me machucou muito,
ainda estou magoada.

— Nunca foi minha intenção lhe magoar, eu pretendia dizer que te amava
e te convencer a ficar comigo após o término do contrato, nunca foi minha
intenção fazer você sofrer.

— Eu sei. – Comprimo os lábios.

— Não me abandone, não me faça ficar longe de você e de nosso filho,


me deixe fazer parte de cada momento, me deixe cuidar e amar vocês dois a
cada segundo do meu dia, para o resto de nossas vidas. – Ele pede, as
lágrimas brilhando no azul de seus olhos. Concordo acenando com a cabeça e
o beijando novamente.

A mesa do almoço no jardim da mansão Banks está perfeitamente


arrumada, Lindsay e Otávio estão mais afastados conversando, ele se
aproxima segura seu rosto e a beija, gosto de vê-los juntos, gosto da forma
que ele a trata e gosto ainda mais de como minha amiga está feliz. Fernando
está sentado na mesa conversando com meu sogro, os dois juntos são
engraçados, não se sabe qual irrita mais meu marido. Mãos grandes circulam
minha cintura um sorriso se abre em meu rosto ao ver a aliança brilhando em
seu dedo. Miguel apoia a cabeça em ombro, a mão direita acariciando minha
barriga ainda reta.

— O que tanto olha aí?

— A nova família que me deu. – Giro em seus braços, e passo os


meus em seu pescoço, ele sorri e desce os lábios sobre os meus beijando-me.
Assim que recebi alta do hospital Miguel ligou para todos avisando
que tínhamos uma notícia a dar, Jonathan prontamente ofereceu a nós um
almoço em família e aqui estamos nós, prontos para contar a eles que vamos
ser pais. Aceitei dar uma chance a Miguel, mas não quer dizer que o perdoei,
e sim que estou preparada para deixar tudo para trás e seguir ao seu lado
fazendo ele me provar todos os dias que nos ama.

— Está pronta para contar a eles? – Ele me questiona

— Eu? Não mesmo Sr. Banks, você que fará isso! A ideia foi sua
lembra?

— Lize!

— Nem vem, você nem me deixou curtir a novidade e já quis contar


para todo mundo. Você conta. – Saio de seus braços e caminho rumo a mesa,
puxei uma cadeira e me sentei ao lado de Fernando. — Nós ainda vamos
bater um papinho. – Sussurro para ele que dá de ombros e ri.

— Eu só quis ajudar. — Se defende.

— Pessoal? — Miguel chama a atenção de todos para ele. Lindsay e


Otávio se aproximam ocupando seus lugares na mesa. — Bom, eu gostaria de
começar agradecendo a vossa presença, Lindsay obrigado por me fazer ir
atrás dela. – Minha amiga sorri para ele.

— Você é bem lerdo ia precisar de um empurrão. – Ela diz nos


fazendo rir.

— Então, eu e a Lize queremos contar a todos…

— Conta logo! — Diz Fernando o cortando impaciente. — Tenho que


levar uma moça para jantar. — Miguel revira os olhos.

— Se você calasse a boca e deixasse ele falar, já saberíamos o que é. —


Diz Otávio.

— Quem está falando agora é você. — Rebate.


— Pode os dois calar a boca e me deixar saber a novidade? — Meu
sogro entra no meio colocando fim a discussão que se formava entre os dois.
— Então filho, o que é?

Miguel aperta meu ombro nervoso, sorri para ele e me levantei,


entrelacei nossos dedos e ele me puxou para a sua frente beijando meu rosto.
— Eu te amo! — Sussurra em meu ouvido e ergue os olhos encarando às
quatro pessoas que nos olham curiosas e anuncia. — Estamos grávidos!
Sinto minhas mãos suarem frio e meu coração bater acelerado no peito.
Ando de um lado para o outro pela sala à espera de Elizabeth, essa é nosso
primeiro Dia dos Namorados, e tem que ser tudo perfeito. Lize, estava
receosa em sair para comemorar essa data, já que nos últimos dias vinha
passando mal por causa da gravidez, mas a tranquilizei dizendo que seria algo
calmo e que ela não sofreria grandes emoções.

Minha boca seca e meu coração parece que vai sair pela boca, quando ela
surge linda no topo da escada. O vestido vermelho colado em seu corpo, se
abre na saia com um corte em V, fazendo que sua coxa direita fique a mostra,
o salto nude a deixa mais alta, o cabelo ruivo preso na lateral a deixa
simplesmente magnifica e a maquiagem simples, apenas completa o visual
deslumbrante de minha esposa.

Meus lábios se abrem em um sorriso largo, e caminho rumo a ela,


estendo-lhe a mão que ela aceita de bom grado quando por fim chega no
último degrau. Enlaço sua cintura e a beijo, Lize cola seu corpo ao meu
fazendo que meu peito largo amasse seus seios enquanto estamos mais que
envolvidos em nosso beijo.
Quando nos afastamos, entrelaço nossos dedos e a olho completamente
apaixonado.

— Por que está me olhando assim? — Ela questiona me fazendo crer que
nesse momento estou com a maior cara de idiota.

— Apenas admirando a esposa maravilhosa que eu tenho. — Digo


fazendo com que ela sorrisse. Puxo Elizabeth com cuidado para meus braços,
seus olhos verdes encaram os meus e beijo seus lábios de leve, antes de voltar
a me declarar: — Eu te amo, te amei no momento e que coloquei meus olhos
sobre você e vou continuar te amando a cada dia, para o resto de nossas
vidas. Ela sorri com os olhos marejados e enxugo com a ponta do dedo uma
lágrima que escorre por seu rosto.

— Eu te amo, meu amor! Para sempre, até o final dos tempos. — Ela se
afasta, enxugando os olhos com os dedos e me sorri. — Vamos? Não quero
perder um minuto da sua surpresa.

Concordo e enlaço sua cintura, guiando-a para o elevador. Assim que as


portas duplas se abrem na garagem, a guio para o carro, minha mão na base
de sua coluna. Desde que nos acertamos de vez, sinto uma necessidade
gigante de mostrar a ela que eu a amo, que nosso casamento sempre foi
verdadeiro, mesmo que eu tenha demorado tempo demais para me declarar
para ela.

O percurso que fazemos é um pouco longo e Michael Bolton nos embala


ao ritmo de When a Man Loves a Woman,[5] a canção é linda e totalmente
propicia à hoje.

Elizabeth me sorri e seguro sua mão, fazendo um leve carinho no dorso,


seus olhos estão brilhando e tenho a certeza que os meus estão do mesmo
jeito. Lize se senta meio de lado no banco, e me olha sorrindo.

— O que foi? — Pergunto a olhando pelo canto do olho.

— Estou ansiosa. — Responde. — Não conheço esse caminho. — Diz


ela, se referindo ao caminho rural que tomei a alguns quilômetros atrás.
— Prometo que você irá gostar.

— Tenho certeza que sim!

— Essa música é muito linda! — Ela diz mordendo o canto do lábio


inferior.

— E muito romântica, também.

— O que o senhor está aprontando, hein?

— Apenas a noite mais romântica, para a esposa mais perfeita do muito!

Ela se curva no banco e toma meus lábios em um beijo rápido. Assim que
nos aproximamos, de uma grande porteira de ferro, Elizabeth me olha
curiosa, paro carro e digito uma senha no pequeno painel que tinha ao lado do
portal.

Elizabeth me olha curiosa, mas não diz nada, apenas admira a paisagem a
sua volta. O caminho que leva até a casa principal está iluminado com
pequenas luzinhas, que dão um ar romântico ao túnel formado por pinheiros
dos dois lados da pequena estrada de terra. Lize tem um olhar sonhador ao
olhar tudo e fico feliz ao ver a felicidade estampada nos olhos de minha
esposa. Estaciono o carro e desço, dou a volta enfrente o capo e abro a porta
de Lize, ajudando-a descer. Guio ela para dentro da grande casa e vejo a
surpresa estampada em seu rosto, quando se livra de minha mão presa a sua e
as leva a boca, em total surpresa ao observar o interior do lugar.

Velas e rosas, espalhadas por todo o lugar.

— Isso é... Completamente lindo! — Ela diz me olhando, em seguida


passa os braços por meu pescoço e me beija. Retribuo de bom grado o beijo,
puxando-a para mim e colando seu corpo ao meu, apertando sua cintura
enquanto nos envolvemos em um erótico beijo.

— É melhor me soltar Sr. Banks se quiser ver o resto da surpresa. —


Digo, ao me afastar.

Ela dá risinho e concorda. Seguro sua mão e a guio para dentro, passando
por outro cômodo que também está decorado do mesmo jeito.

Puxo a porta de vidro que dá para um pequeno deck e vejo os olhos de


Elizabeth se abrirem, ela se vira para mim, mas não diz nada, as palavras
estão travadas em sua garganta. Dou um sorriso de lado e a guio para o
pequeno deck que está iluminado com as pequenas luzinhas, fazendo o nosso
próprio céu estrelado, o chão está coberto por pétalas de rosas e tem algumas
velas posicionadas estrategicamente pelo lugar, dando um ar romântico e
libidinoso.

A uma mesa no canto, onde nosso jantar está nos esperando e do outro
lado, o chão está coberto por um colchão branco, cheio de almofadas
vermelhas e pétalas de rosas. Lize olha tudo encantada e ela morde o lábio
fazendo uma carinha de safada ao olhar para a cama improvisada.

— Não faça essa cara, ruivinha!

— Não estou fazendo nada! — Ela diz, com um ar ofendido.

— Se eu não conhecesse a esposa que tenho.

— Você me ofende desse jeito, querido! — Ela diz se colocando em


minha frente e passando as mãos em meu peito, sobre o terno.

Seguro seus pulsos com cuidado e a levo rumo à mesa, puxo a cadeira
para ela, que se senta ajeitando o vestido.

Antes de ocupar o lugar em sua frente, caminho até o pequeno aparelho


de som que está perto da porta e ligo o aparelho, deixando uma música suave
e romântica preencher o ambiente.

Os primeiros acordes de Right Here Waiting [6]ressoam pelo lugar e tenho


certeza que a playlist dessa noite será toda regada a músicas completamente
românticas e apaixonadas. Ocupo o lugar à sua frente e destampo nossos
pratos, mostrando a comida favorita de Lize.

— Você está tornando essa noite cada vez mais especial! — Diz ela.
Meu coração se aquece com sua declaração e sorrio pegando sua mão e
entrelaçando nossos dedos.

— Eu daria o mundo para te ver sorrir assim sempre.

— O motivo do meu sorriso é você, basta está ao meu lado que estarei
sempre sorrindo. — Ela se curva sobre a mesa e me beija os lábios de leve.
Volta a se sentar e segura os talheres, dando a primeira garfada na deliciosa
macarronada.

Ela suspira fazendo um som de aprovação com a garganta.

— Essa com certeza é a minha comida preferida em todo o mundo. —


Rio.

— Eu sei que sim, meu amor!

Ela me sorri e volta a comer. A acompanho na refeição e tenho que dizer,


com certeza é a melhor macarronada que já comi.

— Essa noite está fantástica! — Ela diz.

— Estou fazendo o máximo para que seja.

— De quem é esse lugar? — Ela questiona entre uma garfada e outra na


massa.

— Nosso! — Ela me olha surpresa. — O adquiri essa semana, queria um


lugar calmo para trazer nossa filha quando ela nascesse.

— É um belo lugar. — Sorri. — Como sabe que será filha?

— Sinto que será. Nossa princesinha! — Ela sorri emocionada. Os olhos


verdes marejando. Desde que descobriu está gravida, seus hormônios estão a
flor da pele, assim como seus sentimentos. Lize virou uma bola de riso e
choro, o que me deixa doido, o tempo quase todo.

Após terminarmos nossa refeição, guio Lize pelo deck, rumo ao


parapeito. Ela coloca as mãos sobre a madeira fria e sorri olhando para as
árvores ao longe. Me posiciono atrás dela, colando suas costas em meu peito,
acaricio de leve seus braços.

— Estou completamente apaixonada por aqui.

— Achei que, estivesse apaixonada por mim. — Digo fazendo ela rir e
girar em meus braços, me olha nos olhos e seu sorriso se amplia.

— Eu sou mais que apaixonada por você, Miguel. Você é o amor da


minha vida. Meu marido, meu companheiro, meu tudo.

— Eu te amo! — Declaro, ela passa os braços por meu pescoço.

— Eu sei. Eu também te amo! — Diz, e beija meus lábios. Back at


one [7]de Brian McKnight, toca no aparelho, embalando nosso momento, me
afasto dela e a seguro pela mão, fazendo ela girar e se voltar para mim,
surpresa. Suas mãos delicadas, em meu peito.

— Dança comigo? — Peço. Ela assente sorrindo.

— Sobre as estrelas! — Diz olhando para cima, olhando os pontinhos


luminosos que são as luzinhas que cobrem o lugar. Sigo seu olhar e sorrio,
nos guiando em uma dança lenta.

A beijo enquanto nos embalamos no ritmo da música, deixando a melodia


tocar nossos corações, a aperto em meu abraço e ela ofega na minha boca,
beijando-me com mais luxuria e paixão. A guio rumo a cama improvisada e a
deito com cuidado, ainda a beijando.

— Eu te amo! — Declaro separando nossos lábios.

— Eu também!

Não canso de dizer que a amo, e nem ela de demostrar também. Beijo
seus lábios e em seguida seu queixo, ela me olha em expectativa, arrasto
meus lábios para seu pescoço dando uma leve mordida ali, em seguida, beijo
sua clavícula, colo e o vão entre os seios. Ela segura minha cabeça e me puxa
para cima, tomando meus lábios, minhas mãos deslizam por seu corpo, pela
coxa que está amostra, apertando e puxando seu corpo mais para mim. Ela
ofega e se esfrega em meu corpo, deslizo a mão para o meio de suas pernas e
sinto o tecido delicado de sua calcinha molhado. Ela geme em meus lábios.
Afasto o tecido e toco sua intimidade, acariciando-a de leve, antes de
introduzir um dedo em sua vulva quente e molhada. Gemo em seus lábios em
aprovação e ela se remexe embaixo de mim. Suas mãos são abeis em
emburrar o blazer do terno por meus ombros e tenho que retirar a mão de sua
bocetinha, para ajudar -ela a me livrar da peça. Ela desabotoa minha camiseta
com pressa e me livra dela, deixando-me da cintura para cima.

Ela morde o lábio e vejo a luxúria brilhando em seus olhos. Ela me beija
com voracidade em eu retribuo apertando cada parte de seu corpo, unindo
nossos corpos, querendo nos tornar um só.

Me afasto de Elizabeth e puxo com cuidado, deixando-a de joelhos sobre


as pétalas das rosas.

Give me Love[8], toca no aparelho de som, a voz de Ed Sheeran


embalando nosso momento. Fico de joelhos em sua frente a ajudo a se livrar
do vestido, descartando a peça junto as minhas. Lize desabotoa com
habilidade meu cinto e minha calça, deixando a peça bamba em meu corpo. A
Observo com luxuria, seu corpo esquio coberto agora por apenas uma
pequena peça de renda vermelha, que é sua calcinha.

— Você é linda! — Ela me sorri. Ajudo-a se livrar dos saltos e ela me faz
ficar em pé, para que se livre de minha calça. A deito com cuidado sobre as
almofadas e pétalas, beijo seu corpo com carinho. Lize desperta minha parte
mais devassa, mas essa noite, quero fazer amor com ela. Com calma e sem
pressa, amar seu corpo e nos tornar apenas um.

Lize aperta meus braços quando beijo o mamilo intumescido e em


seguida o mordo devagar, fazendo ela arquear o corpo. Suas mãos estão em
todo o meu corpo, tocando onde consegue, me apertando e puxando para ela.
Beijo sua barriga com carinho e em seguida me ergo, tomando seus lábios em
um beijo apaixonado. Elizabeth, puxa minha boxer para baixo livrando meu
pau duro e pulsante. Meu corpo se arrepia quando ela o toca devagar, em um
movimento de vaivém lento e torturante. Gemo em deleite, ela gira nossos
corpos, ficando por cima, se sentando em meu colo, meu membro tocando
sua intimidade ainda coberta pelo tecido, ela beija meu pescoço e arranha
meu peito de vagar devagar. Seguro a lateral calcinha fina e a puxo, rasgando
o tecido e descartando-o no chão.

— Eu adorava essa! — Ela reclama rindo.

— Te dou mil dessas. — Digo me sentando com ela em meu colo. Beijo
seus lábios e pescoço, a ergo e posiciono meu membro em sua entrada
molhada, ela geme quando desce sobre ele, tomando-o todo, até o talo. Lize,
começa a mexer o corpo devagar me torturando, ela sabe que amo quando ela
está por cima me tomando, cavalgando no meu pau. Beijo seus lábios com
fome, mordo de leve e sugo sua língua, ela geme, me fazendo ficar com mais
tesão ainda. Agarro firme em sua bunda e nos viro, evito quebrar a conexão
de nossos corpos, a deito sobre as almofadas e me impulsiono para dentro
dela, ela geme alto. Continuo investindo contra seu corpo, ela trava as pernas
em minha cintura, puxando-me para mais perto, fazendo com que meu pau
entre todo. Somos um emaranhado de mãos e beijos. Luxaria e tesão.

Lize consegue me fazer perder a noção do mundo. Estar com ela é sempre
mágico. Ela me tem, de corpo, alma e coração. Sou completamente dela,
desde que coloquei meus olhos sobre ela.

Beijo seus lábios gemendo, e me deixo derramar dentro dela, logo após
seu pequeno corpo se convulsionar, explodindo em um orgasmo,
encharcando meu pau com o seu gozo. Colo nossas testas e a olho, Elizabeth
tem os olhos brilhando e a pupila dilatada. Respiro com dificuldade, beijo
seus lábios mais uma vez, agora com calma, antes de sair de cima dela e
deitar a seu lado. Puxo seu corpo para meu peito e ela me abraça. Beijo o
topo de sua cabeça passando a mão por sua cintura, puxo uma manta que
estava ao lado da cama improvisada e nos cubro.

Não temos pressa para ir embora. Olho para cima, as luzinhas brilhando,
como se fossem estrelas, iluminando nossa noite de amor.

— Eu te amo! — Digo, mas ela já não me responde, ressona baixinho em


meu peito. Beijo seus cabelos e fecho os olhos, me agarrando mais na mulher
que tem meu coração.
Apenas mais dois meses, estou contando os dias para ter minha princesa em
meus braços, Elizabeth me fez o homem mais feliz desse mundo ao aceitar
ficar comigo e ainda me deu de presente uma filha que nem conheço, mas
que já amo mais-que-tudo. Cada decisão que tomo é pensando nas duas
mulheres da minha vida.

Observo Lize dormindo, a barriga grande está incomodando ela um


pouco, mas hora nenhuma a vejo reclamar, sempre está sorrindo e fazendo de
tudo para o bem-estar de nossa princesa. Caminho com a bandeja de café da
manhã para a cama, coloco-a com cuidado sobre o colchão e me aproximo do
corpo quente de minha mulher, beijo seu rosto enquanto minha mão desceu
para sua barriga em um pequeno carinho, ela mexe, e aos poucos seus olhos
se abrem, verdes e radiantes. Sua mão pousa sobre a minha.

Sete meses! Nossa filha se mexe, ela sempre se mexe quando Lize e
eu estamos assim, ela nunca se movimenta quanto está apenas Lize, é sempre
com os dois, parece que ela sente quando estamos assim e faz graça, se
mexendo. É o momento ímpar de nosso dia, sentir nossa filha. Lize sorri e me
curvo beijando seus lábios macios.
— Bom dia Sra. Banks!

— Bom dia meu amor! – Se vira, a barriga ficando entre nós, mas não
me importo.

— Café na cama. – Digo a vendo sorrir. Ajudo ela a se sentar e trago


a bandeja com suco, torradas e frutas para perto dela.

— Eu daria tudo por uma torta de chocolate. – Diz com o olhar pidão.

— Quem sabe se for uma boa menina eu não arrumo um pedaço para
você. – Seu sorriso se amplia e ela sorri abertamente para mim como se
tivesse acabado de ganhar na loteria.

— Com morangos? – É minha vez de rir e concordar. Lize não teve


desejos estranhos, mas me fez levantar algumas vezes durante a madrugada
para conseguir melancia e geleia de framboesa.

— Tenho que ir trabalhar, mas venho almoçar em casa.

— Está tudo pronto para a GPEC? – Ela questiona, mesmo estando


afastada do trabalho, o trabalho não se afasta dela. Lívia a substituiu bem,
mas ninguém faz as coisas melhor que Elizabeth.

— Está tudo pronto, Otávio viaja na sexta, ele ficará responsável pela
apresentação do projeto na feira. Estamos confiantes!

— Não seria melhor você ir? Sei que Otávio é muito competente, mas
você deveria ir também. – Suspirei me levantando da cama.

— Eu não vou deixar você sozinha, além do mais Otávio é meu braço
direito, ele dá conta do recado.

— E se acontecer alguma coisa…

Não deixo que ela termine, me curvo sobre a cama e beijo seus lábios
mais uma vez.

— Está tudo pronto, não acontecerá nada, agora tire essa cabecinha
inteligente do trabalho e se preocupe apenas em cuidar da nossa princesa e de
você. Ela pisca e por fim consente.

Desde que soube o sexo de nosso bebê, Elizabeth disse que já tinha o
nome perfeito, mas se recusou a me dar qualquer pista de qual seria.
Concordei em não saber, mesmo não gostando nenhum pouco disso, fiz a
vontade de minha esposa, como venho fazendo sempre.

Deixo o apartamento em que moramos por volta das nove da manhã,


desde que descobrimos sobre a gravidez, mudei meus horários para sair mais
tarde de casa e voltar mais cedo, além do mais, Elizabeth nunca fica sozinha.

Assim que coloco os pés no hall da presidência Lívia já está falando


como uma matraca e arqueio uma sobrancelha quando ela diz que Susan está
em meu escritório.

— Ela chegou como um furacão, disse que não saía de lá sem falar
com o senhor. – Passo a mão sobre os olhos.

Desde o acontecimento na festa dos acionistas, Susan não dava as


caras, Matt disse que a irmã estava viajando e que não tinha previsão de
voltar, pelo visto sua volta ocorreu mais cedo do que eu esperava.

Entro em minha sala contando mentalmente para não arrancar sua


cabeça, o que ela fez a Lize está entalado em minha garganta e sinto que
posso jogá-la pela janela a qualquer minuto.

Ela gira na cadeira, sorri abertamente e se levantou vindo ao meu


encontro, ergo a mão pedindo que parasse antes que se aproxime demais, dou
a volta na mesa e ocupo meu lugar atrás dela.

— O que faz aqui?

— Vim lhe ver! – Anuncia sorrindo. Reviro os olhos.

— Não sei exatamente o por que você veio, até onde eu sei os
negócios agora são tratados diretamente com seu pai, expliquei bem a ele a
situação.
— Não sei do que está falando querido. – Diz calmamente, cruzando
as pernas e deixando mais pele do que o necessário descoberto.

— Não se faça de sonsa, Susan. Desde que me casei você vem me


cercando, deixando Elizabeth e eu desconfortáveis com a situação. Entenda
de uma vez, acabou, não temos nada, nunca tivemos, você foi apenas uma
transa, e nem foi das melhores, então desfaça qualquer fantasia que tenha em
sua cabecinha. – Aponto de mim para ela. — Eu e você, não vai rolar!

Ela respira fundo e abre a boca para falar algo, mas a impeço.

— Eu não quero ouvir o que você tem a falar, quero que pare de me
perseguir, pare de incomodar minha esposa. Deixe-nos em paz, porque se
isso não acontecer a situação será levada a um nível mais extremo. – Apoio
as mãos sobre a mesa. — Agora se você me der licença, preciso trabalhar.

Ela está em choque, seus olhos me olham fixamente, não diz nada,
apenas pega sua bolsa e sai de minha sala, o salto fazendo um barulho
irritante sobre o piso. Jogo a cabeça para trás. Assunto encerrado!

— Estamos te sequestrando! – Anuncia Fernando entrando em minha sala


acompanhado de Otávio.

— Sua agenda, já foi desmarcada, então, não tem a desculpa que precisa
estar em alguma reunião importante. – Otávio fala.

— Vocês não podem fazer isso! – Estou bravo e, ao mesmo tempo,


curioso em saber o porquê disso.

— Já fizemos, então, levante essa bunda da cadeira e vamos que não


tenho o dia todo. – Fernando diz impaciente, ele está sem terno o que mostra
claramente que não estava no escritório. Faço o que pedem, peguei o blazer
de meu terno e minha pasta, desligo o computador e acompanho meus
melhores amigos.
— Posso saber onde estão me levando?

— Vamos beber algo, estamos com saudade de nosso amigo careta. –


Enruguei a testa pronto para reclamar, mas me calo ao notar o olhar de
Otávio sobre mim.

Sento no banco de trás do carro de Fernando, o som é ligado e um


sertanejo soa pelos alto-falantes, e é como se toda a minha história com
Elizabeth estivesse sendo contada ali, naquela música. Conversamos
amenidades durante o percurso até a casa de Lindsay, uma ruga está formada
em minha testa e apenas os sigo sem entender o porquê de estarmos aqui,
desço do carro e os sigo para dentro do prédio.

O apartamento fica no terceiro andar, não é um apartamento chique


desses de revista, é sofisticado e acolhedor e torci os lábios ao notar que meu
apartamento e o de Elizabeth não é nada realmente nosso, não tem nosso
toque, nada foi escolhido por nós e pretendo mudar isso logo. A porta se abre
e olho surpreso ao notar nossos familiares, Lize me vê e vem ao meu
encontro sorrindo, seus lábios beijam os meus.

— Eles queriam fazer uma surpresa para a gente!

— Com certeza fizeram. – Afirmo olhando a decoração do lugar.

Rosa e branco, balões espalhados por todos os cantos do apartamento,


uma mesa de docinhos com um bolo rosa sobre ela com um painel rosa e
dourado atrás. Lindsay se aproxima sorrindo, beija o namorado e depois me
envolve em um abraço rápido.

— Esse é o meu presente para a minha afilhada. – Diz. — Lize queria


deixar para o último mês, então tomei a frente e estou dando a ela um chá de
bebê decente. – Diz sorrindo para a amiga, acaricia a barriga de Lize e nos
puxa em seguida para cumprimentar as outras pessoas.

Meus sogros me receberam com abraços calorosos e meu pai um aperto


de mão e um meio abraço. Cumprimento alguns amigos e paraliso no lugar
ao vê-la, o cabelo loiro está cortado nos ombros, usa camisa xadrez larga,
calça jeans e botas de salto. Os olhos verdes brilham em diversão, abro os
braços e ela vem de bom grado. — Charlie!

— Oi irmãozinho! – Fala chorosa. — Desculpa ter perdido seu


casamento.

— Está tudo bem! – Abraço ela mais forte, meu queixo sobre sua cabeça
enquanto ela esconde o rosto em meu peito. Ela se afasta, me sorri e me
abraça novamente. Como senti saudades dela. Lize se aproxima sorrindo para
minha irmã.

— Charlie, me contou coisas engraçadas sobre sua infância. – Comentou.


Arqueio uma sobrancelha para minha irmã que apenas ergue os ombros,
coloca a mão na barriga de minha esposa e faz um pequeno carinho.

— Queria ter voltado antes, mas eu não podia simplesmente vim embora.
– Explica.

— Está tudo bem, o que você faz é importante!

Charlie é médica e estava em uma ação humanitária no centro norte da


África a dois anos, em um campo de refugiados que faz fronteira com a Líbia
e o Sudão.

— Vai ficar quanto tempo? – Lize pergunta.

— Parto em seis meses. – Diz me abraçando de lado.

Entre conversas e risadas, Lindsay começa as brincadeiras e no final,


estou borrado de batom vermelho por todos os presentes que Lize errou o que
era. Estou feliz em compartilhar com eles esse momento e estou mais feliz
ainda por ter pessoas que nos amam tanto a nosso redor.

Os pais de Lize ficaram no antigo apartamento da filha, disseram não


querer atrapalhar mesmo com Lize implorando para que ficassem conosco.
Abraço-a por trás assim que chegamos à casa, beijo seu pescoço e a giro em
meus braços tomando seus lábios em um beijo faminto. Ela sorri
desabotoando minha camisa e rio enquanto giramos pela sala até o sofá, suas
mãos percorrem meus braços e peito me livrando da camisa social branca.
— Vamos para o quarto. – Chamo, mas ela negou sorrindo.

— Eu te quero aqui! – Beija meus lábios novamente, minhas mãos


percorrem seu corpo livrando-a do vestido longo.

Mesmo grávida, Lize continua incrível e meu desejo por ela continua o
mesmo. Não diminuiu, aumentou se é que isso é possível.

Ela desabotoa minha calça, puxando-a para baixo, ajeito-a de forma


confortável no sofá, me afasto dela, abro suas pernas e me posiciono entre
elas, beijo a parte interna de suas coxas e seguro a lateral de sua calcinha, ela
se contorce sobre meu toque, deslizo por suas pernas e a jogo em algum canto
da sala, toco sua boceta com minha língua e a ouço suspirar alto.

Não tenho pressa e ela também não, mergulho minha língua dentro de seu
canal, quente e molhado, enquanto seguro sua coxa com uma mão enquanto a
outra traça movimentos precisos sobre seu clitóris inchado. Prendo seu botão
entre os lábios e o sugo, ela se contorce tentando fechar as pernas, mas as
mantenho abertas. Não é sobre minha vontade, é sobre a dela e sempre vai
ser, seus desejos sempre virão acima dos meus e estou satisfeito com isso.

Ela me afasta, me olha com os olhos brilhantes e deixo que ela comande.
Me livra do resto de minhas roupas e sorri lambendo os lábios quando meu
membro duro pula para fora da cueca. Mesmo com a barriga grande, Lize não
tem dificuldades em mostrar o que quer, sento-me no sofá e deixo que ela
sente em meu colo, devagar, meu membro a preenchendo enquanto desce
com cuidado sobre meu pau ereto. Minhas mãos em sua cintura, suas costas
de encontro a meu peito. A posição perfeita. Ela geme alto quando meu pau a
preenche por completo. Nossos movimentos são lentos, não tem pressa e me
delicio com a precisão com que ela sobe e desce sobre meu pau, ajudo ela,
guiando seus movimentos, não deixando que faça muito esforço, mas, ao
mesmo tempo, deixo que ela se sinta no controle, ela joga a cabeça sobre meu
ombro e abaixo a cabeça tomando seus lábios enquanto bato fundo dentro
dela, ela geme sobre meus lábios e levo as mãos em seus seios, apertando-os
com cuidado e sem muita força. Seu corpo treme sobre o meu ao mesmo
tempo, em que o meu se tenciona, beijo sua boca com mais força enquanto
somos tomados pelo êxtase do gozo.
Lize permanece no mesmo lugar, não me tira de dentro dela, a cabeça
jogada sobre meu ombro, os olhos verdes fechados e a boca semiaberta
respirando ofegante, beijo seu pescoço e a ajudo a se levantar. Seguro seu
corpo a pegando nos braços e a levando para nosso quarto. Mesmo estando
grávida, Lize não engordou quase nada e não tenho problemas em carregar
minha esposa para a cama, me deito ao seu lado trazendo seu corpo nu ao
encontro do meu, ela deita a cabeça sobre meu braço e seus dedos traçam
símbolos circulares em meu peito.

— Eu te amo! – Beijo seus cabelos ruivos.

— Eu sei, eu também te amo! – Diz com a voz sonolenta.


Está tudo pronto, cada detalhe perfeitamente arrumado para a chegada de
nossa princesa. Cada minuto de espera contado no relógio, os meses mais
longos e felizes da minha vida. Não me imaginei casando, e hoje estou aqui
com uma aliança dourada brilhando em meu anelar esquerdo, Miguel me
mostrou uma nova perspectiva de vida e sou grata a ele por isso, me ensinou
como amar e como ser completamente feliz, não tivemos um começo igual a
todos os outros casais, mas somos felizes assim. Miguel me deu meu maior
tesouro e me mostrou o que é amar alguém sem nem ao menos a conhecer e
esse sentimento é incondicional, amo nossa filha mais-que-tudo nesse mundo.

O quartinho de nossa pequena está completamente pronto apenas a


sua espera. As paredes num tom bege com adesivos florais colados acima do
berço macio e bem acolchoado, escolhido a dedo por Miguel. Ao seu lado a
cômoda branca que partilhava de alguns enfeites de porcelana, pequenas
prateleiras foram distribuídas nas paredes do quarto enfeitadas com inúmeros
bichinhos de pelúcia. Uma poltrona no canto para que eu pudesse amamentar
nossa filha e um tapete cor de rosa no chão ornamentava com o branco dos
demais detalhes, tudo minuciosamente escolhido para que tornasse o
ambiente o mais aconchegante possível para a nossa pequena que está a
poucas semanas de chegar. Sinto as mãos de Miguel circularem minha
cintura, pousando em cima de minha barriga e apoiando seu queixo em minha
cabeça.

— Está tudo pronto. – Beija meu rosto. Ele está pronto para mais um
dia no escritório.

— Estou tão ansiosa. – Digo me virando em seus braços. A barriga


me mantém afastada dele, mas isso não o impede de se curvar e beijar meus
lábios. Coloco minhas mãos em seu ombro, elas escorregam para sua nuca e
ele sorri entre o beijo.

— Mais algumas semanas e ela estará conosco! – Ele diz passando a


mão em minha barriga, ela se mexe e sorrio.

— Acho que alguém notou a presença do papai. – Digo para ele, o


sorriso em seus lábios se amplia e ele se curva beijando o alto de minha
barriga.

— Quem é a princesa do papai? – Pergunta me fazendo rir, ele se


levanta, beija meus lábios mais uma vez.

— Vai se atrasar. – Digo envolvendo meus braços em seu pescoço,


ele pousa as mãos em minha cintura.

— Bem que eu poderia ficar em casa, o que acha? Cuidar um pouco


das minhas meninas.

Um sorriso largo se repuxa em meus lábios, seria ótimo tê-lo em casa,


mas a empresa precisa dele.

— Seria perfeito, mas alguém precisa trabalhar. – Ele ri jogando a


cabeça para trás e me puxa para fora do quartinho de nossa filha, sigo ele para
as escadas e ele me ajuda a descer com toda a paciência do mundo.

— Não sei se me sinto bem te deixando sozinha aqui.

— Lindsay deve estar para chegar, vamos ter uma manhã de garotas.
– Aviso.
— Certeza?

— Está tudo bem, juro! – Ainda meio relutante Miguel beija meus
lábios e pega a pasta em cima do sofá, beija minha barriga mais uma vez e
vai trabalhar.

Caminho para o sofá e me sento pegando meu notebook e começando


a revisar algumas pautas das próximas reuniões de Miguel, ele me quer
afastada da empresa, mas persuadi Lívia a me deixar ajudar. Ficar em casa
sem fazer nada me deixaria louca.

As portas do elevador se abrem no hall de nosso apartamento meia


hora mais tarde, enfim Lindsay chegou, sorrio e me levanto com um pouco de
dificuldade, mas meu sorriso morreu ao bater os olhos na imagem loira a
minha frente.

— O que faz aqui, Susan? – Coloco as mãos sobre minha barriga, um


movimento involuntário e protetor.

— Trouxe um presente para a pequena Banks, Elizabeth! – Ela tem


um sorriso contido nos lábios vermelhos vivo, e me estende um pequeno
pacotinho dourado.

— Não precisamos de nada que venha de você. – Sibilo sentindo a


raiva invadir cada célula de meu corpo.

— Não seja mal-educada, é apenas um presente. – Ironiza, os lábios


vermelhos se repuxando em um sorriso aberto.

— Eu não estou sendo mal-educada, estou sendo realista. Não


precisamos de nada que venha de você, agora se não se incomodar. A porta
da rua é serventia da casa.

Susan caminha pelo espaço, analisa o ambiente com um olhar crítico


e deixa o pequeno embrulho em cima da mesa de centro.

— Bonitinho aqui! – Força um sorriso de lábios comprimidos.


— Obrigada! Mas, agora saia da minha casa. – Crispo entre os dentes.
Me sinto furiosa por ela ter ousado pisar em minha casa.

— Isso é bem rude de sua parte, mas entendo que se sinta ameaçada,
mas não se preocupe querida, eu não quero seu marido, pelo menos, não
mais! – Dissimula mais um sorriso e caminha para o elevador, ergue a mão e
acena em um tchauzinho.

Não tenho curiosidade em saber o que tem no embrulho que Susan


trouxe, então o pego caminhando para cozinha e o jogo na lixeira, minhas
mãos tremem, busco por um copo com água e bebo apoiada no balcão de
mármore.

— Acabei de topar com aquela loira azeda na portaria, não me diga


que ela estava aqui! – Lindsay diz entrando na cozinha. Ela estanca no lugar
ao me ver. — Querida, você está bem? – Pergunta se aproximando.

— Estou sim! – Respondo deixando o copo sobre o balcão, abraço ela


rapidamente e a guio para a sala.

— Vocês sabem que não precisam ficar se revezando para ficar


comigo, né?

— Claro que sabemos, mas ninguém quer lhe deixar sozinha enquanto
aquele marido gato seu está ganhando milhões. – Rio pela forma que Lindsay
se refere a Miguel.

— Não deixe que Otávio escute isso! – Ela sorri, os olhos castanhos
brilhando ao ouvir o nome de seu namorado. Um sorriso malicioso se forma
nos lábios de minha amiga.

— Faço com que ele esqueça que eu disse qualquer coisa em minutos.

Lindsay passa a manhã inteira comigo, montamos um plano de


trabalho que funciona bem e nos divertimos com isso, ela com suas coisas de
advogada e eu com serviços relacionados ao cargo que estou
temporariamente afastada. Ela me deixa por volta das onze da manhã e
perambulo pela cozinha espaçosa preparando um almoço leve para esperar
Miguel.

Um desconforto se forma na base de minha barriga, mas ignoro isso, a


dor é fraca, mas não incomoda muito. Respiro fundo e volto a preparar o
arroz de forno com uma salada grega. Outra pontada, fecho os olhos com
força, puxando o ar entre os lábios e solto. A médica disse que seria normal
tal coisa, então respiro fundo e não me deixo entrar em pânico. Pico os
tomates devagar, beliscando-os algumas vezes. Aperto a faca com força
quando uma pontada mais forte se forma em minha barriga, deixo que um
grito de dor atravesse meus lábios.

— Não faz isso com a mamãe princesa! – Peço respirando fundo.


Volto a picar os tomates.

Miguel chega por volta do meio-dia, beija meus lábios e minha


barriga. Almoçamos entre uma conversa leve, estamos empolgados com a
chegada da nossa princesa, recuso-me a contar o nome que escolhi para ela.
Quero que seja surpresa, apesar da forma em que começamos, Miguel se
mostrou ser um marido carinhoso, romântico e apaixonado. Aperto o garfo
em minha mão quando a dor em minha barriga volta, mordo o lábio com
força.

— Amor, você está bem? – Questiona deixando o garfo no prato e se


levantando, dá a volta na mesa e se ajoelha ao meu lado.

Aperto os olhos com força, a dor se intensificando, minha barriga se


contrai com nossa filha mexendo, sinto o líquido escorrer por minhas pernas.

— Minha bolsa. – Aviso. Ele franze a testa, sem entender. — Nossa


filha vai nascer!

Tudo parece acontecer em câmera lenta, todos os sentimentos que


antecederam essa hora, não são nada comparados a estar prestes a trazer
minha menininha ao mundo, todos as lembranças dos últimos meses me
invadem sem pedir permissão, o sentimento da descoberta quando recebi a
notícia de estar grávida de dois meses e nem ter notado o que realmente
estava acontecendo. A primeira ultrassonografia, ouvir o coração de nossa
princesa batendo só tornou aquele momento ainda mais especial. A primeira
vez em que ela se mexeu foi como se o mundo parasse e aquele momento era
a única coisa que importava, era engraçado o fato de ela sentir segurança para
se mexer apenas quando Miguel estava junto. Era como se ela sentisse a
presença de nós dois e quisesse mostrar que estava ali também.

Miguel corre pelo apartamento em busca da minha bolsa e de nossa


filha, enquanto liga para nossa família contando eufórico o que estava
acontecendo. Eu tinha em mente que quando esse momento chegasse eu
estaria em pânico, não saberia o que fazer e que Miguel tomaria as rédeas da
situação, mas está acontecendo tudo ao contrário, sair do apartamento é quase
missão impossível.

Miguel está desesperado e guia o carro pelas ruas de São Paulo rumo
ao hospital em uma velocidade acima da permitida. Lindsay mesmo não
estando presente tomou a rédea da situação e ligou para minha médica,
avisando que eu estava em trabalho de parto. Miguel estaciona de qualquer
jeito na porta do hospital, uma equipe de enfermeiros toma a frente me
colocando em uma maca e me levando para a sala de cirurgia.

Miguel segura minha mão o momento todo enquanto sou levada e se


afasta de mim apenas quando tem que se preparar para estar ao meu lado
quando for trazer nossa filha ao mundo, é um momento mágico e, ao mesmo
tempo, assustador. Escuto meu coração bater rápido no peito, ainda não está
na hora da nossa menina nascer, falta três semanas, mas ela é apressada e não
quis esperar sua hora. Minha roupa é trocada e sou preparada para o que
viria.

— A dilatação está em nove centímetros. – Ouço a Dra. Torres dizer.


Procuro por Miguel entre as pessoas na sala e abri um sorriso de alívio ao
encontrá-lo vindo em minha direção.

— Estou aqui meu amor. – Beija minha testa e segura minha mão.

Grito de dor, quando uma contração me atinge e apertei com força a mão
de Miguel. — Está tudo bem, respira. – Ele pede.

Às lágrimas escorrem por meu rosto, estou com medo ao mesmo


tempo, feliz, uma felicidade completamente diferente de tudo que já senti.
— Estamos quase lá, Lize! – A médica diz posicionada entre minhas
pernas abertas sobre a maca. — Querida, agora quando a contração vir, só
empurra, está bem? Vamos trazer essa princesa ao mundo.

Camila Torres — minha médica — me orientou sobre o que eu


deveria fazer quando chegasse a hora, mas agora que estamos aqui, eu não sei
o que fazer. Apenas sigo o meu instinto e assim que mais uma contração se
forma e a médica conta, apenas empurro com toda a força que tenho, o suor
escorre por minha testa, alguns fios de meu cabelo pregam em meu rosto e
esmago a mão de meu marido contra a minha, apertando com força cada vez
em que empurro nossa menininha para fora de mim.

— Mais uma vez, a cabecinha dela está apontando. – A médica diz.

Empurro mais uma vez quando sou ordenada e escuto o seu chorinho,
Miguel beija meus lábios. Tento me levantar para ver minha filha, mas sou
impedida por Miguel. Demora alguns minutos, mas logo Camila se aproxima
com nossa filha nos braços. Me entrega ela e choro beijando sua cabecinha.

— Sara! – Digo. — O nome da nossa pequena vai ser Sara. – Miguel


sorri e deixa algumas lágrimas escorrerem por seu rosto enquanto nos
observa.

Com ela em meus braços, sinto uma necessidade enorme de protegê-


la, para que nada e ninguém possa lhe fazer mal, ela resmunga baixinho e
abre os olhos pela primeira vez. Azuis, grandes e brilhantes como os do pai,
aconchego ela ainda mais em meus braços, a sensação de pegá-la pela
primeira vez me faz sentir ainda mais viva, e completamente realizada. Uma
enfermeira se posiciona ao meu lado, me sorri amigável, mas não quero
entregar minha filha a ela.

— Eles precisam cuidar dela amor. – Miguel diz, seus olhos azuis
mais brilhantes do que tudo. Concordo e entrego nossa pequena a ela.

— Vamos te levar para o quarto e daqui a pouco sua filha estará com
vocês, não precisa se preocupar.

Recebo os atendimentos finais e sou levada para o quarto. Miguel


acompanha todo o processo e se afasta de mim apenas por breves minutos
para avisar a todos do nascimento da pequena Sara, nome que escolhi em
homenagem à mãe de meu marido.

O quarto em que sou colocada é particular, paredes brancas, apenas


uma cama e com uma mesinha ao lado, uma poltrona grande e um pequeno
berçário para a acomodação de minha filha. Miguel entra, senta ao meu lado
na cama, sorri e beija meus lábios.

— Estou muito orgulhoso de você! – Diz.

— Eu estava com tanto medo. Você não me deixou hora nenhuma!

— Eu não poderia, você e nossa pequena são tudo para mim, eu nunca
me perdoaria se perdesse o momento mais especial de nossas vidas. – Beijo
seus lábios e fecho meus olhos, estou cansada e me permito descansar por
algum tempo.

O som de vozes me desperta, ainda estou cansada, mas não como estava
quando fechei meus olhos. Abro eles devagar, a claridade do ambiente
incomoda um pouco, mas logo me acostumo a ela. Sinto minha garganta
seca. Olho ao redor e encontro Lindsay e Otávio com os meus pais, eles
sorriem olhando para o pequeno pacotinho rosa em seus braços, minha filha.
Fernando conversa com Miguel próximo à cama e é o primeiro a notar que
estou acordada.

— Até que enfim a bela adormecida acordou! – Brinca, fazendo com que
a atenção de todos se volte para mim.

— Trazer um neném ao mundo é bem cansativo. – Lhe digo.

— Ainda bem que nunca vou ter filhos. – Ele diz.

— Acredito muito nisso. – Digo e me viro para meus pais. — Mãe, me dá


ela aqui. – Peço esticando os braços para pegar minha filha, acomodo ela com
cuidado em meus braços, seus olhinhos estão fechados e ela dorme quietinha.

— Daqui a pouco ela acorda, precisa mamar. – Minha mãe diz.


— Como está se sentindo? – Meu pai pergunta.

— Estou bem! – Sorrio. — Ela é tão linda!

A pele branquinha, com poucos fios loiros na cabeça, as mãos pequenas e


gordinhas, os lábios são idênticos aos meus e sorrio por ela ter puxado algo
de mim e não apenas de Miguel, pois, tirando isso, ela é a cópia do pai.

Miguel senta na cama e me afasto um pouco para que ele encoste na


cabeceira, minhas costas vão de encontro a seu peito e ele beija minha cabeça
e faz um pequeno carinho na mãozinha de nossa filha, Lindsay e Otávio se
aproximam sorrindo, ficando meio abraçados ao lado de Fernando que
observa a cena com um olhar engraçado.

Sorrio para ele.

— Ela é tão pequenininha, parece que vai quebrar a qualquer momento. –


Diz.

— Ela é perfeita! – Miguel diz sorrindo. Ela se remexe e abre os olhinhos


o choro sai alto de seus pulmões e a nino em meus braços, acalmando-a
enquanto minha mãe me orienta em como alimentar minha filha pela primeira
vez.

Observo todos ao meu redor, desço meus olhos para minha filha e depois
o passo para Miguel que sorri abobalhado assistindo a cena. Beijo seu rosto.

— Obrigada! – Digo baixo para ele.

— Eu que tenho que lhe agradecer. – Responde sorrindo. — Você me deu


tudo, me ensinou o que era amar alguém e me deu nossa filha. Serei sempre
grato a você por me mostrar que a vida é muito mais do que ficar em sua área
de conforto. Eu te amo Lize, e amo nossa pequena Sara.

Sorrio segurando as lágrimas, minha filha suga meu seio com vontade e
volto minha atenção toda a ela. Ter aceitado um contrato de casamento pode
ter sido a maior loucura da minha vida, mas não me arrependo em momento
algum da minha decisão, foi ela que me fez ser a mulher que sou hoje,
olhando ao redor, agradeço a Miguel por me presentear com essa família
maravilhosa.
UM ANO DEPOIS…

Caminho pelo amplo espaço da sala de nosso apartamento, a decoração está


perfeita, inspirada no clássico da Disney, Cinderela, tudo azul e branco. Com
direito a um castelo e carruagem montados imitando a cena de quando
a Ella chega ao castelo para o baile real.

O primeiro aniversário de nossa filha!

Sara, está simplesmente a coisinha mais fofa que já vi, é a cópia do


pai, meu único consolo é ela ter minha boca, se não fosse isso seria uma
miniatura de Miguel no sexo oposto. Ela é nossa luz.

— Me dá essa coisinha fofa! – Lindsay diz se aproximando e pegando


a afilhada de meus braços.

Abro a boca para protestar, mas ela já está longe com minha filha.
Balanço a cabeça e sorrio ao ver Fernando entrar acompanhado por Meli e
Violeta, depois de tanto negar ele enfim aceitou que estava caído de amores
por ela. E estou feliz por eles! Violeta sorri abertamente ajoelho-me
abraçando a menina, que quer logo saber de Sara, e assim que obtém a
localização dela sai correndo atrás de Lindsay.

— Que bom que vieram! – Digo abraçando Melissa e Fernando ao


mesmo tempo.

— Como se eu fosse perder a oportunidade de esfregar na cara de


Otávio que eu sou o padrinho daquela coisa fofa. – Meli bate em seu braço e
ele a olhou fazendo careta.

— Não chame aquela princesa de coisa. – Ele ri e se curva beijando os


lábios dela.

— Já chega casal! – Digo os separando, encaixo meu braço no dela e a


puxo pelo apartamento.

Descobri nela uma amiga querida e hoje somos eu, ela e Lindsay. O trio
fantástico! Nós juntamos a Lindsay que observa Violeta brincar com Sara no
carpete, sorrio vendo às duas. Uma irmãzinha para Sara não seria ruim. Ter
minha própria família não era algo que eu acreditava que poderia ter, mas
Miguel me mostrou que era possível e hoje sou completamente realizada.
Miguel se aproxima, envolve minha cintura com os braços puxando-me para
ele, encostei minha cabeça em seu ombro e ele se curva beijando meus lábios
rapidamente.

Fernando e Otávio o acompanha e tomam lugar ao lado das


companheiras, nos tornamos uma grande família feliz mesmo com todos os
problemas que Otávio e Lindsay estão passando com a volta de Olivia a
cidade. Ela se faz de forte, mas vejo em seus olhos o medo que sente de
perder Otávio para a víbora da ex-namorada dele. Minha mãe se aproxima,
pega Sara nos braços e sorri para a neta, como se ela fosse a coisa mais
importante em sua vida. Sara balbucia algo para ela e a pequena ganha um
beijo no rosto.

— Estão todos esperando os parabéns. – Minha mãe avisa.


Miguel pega nossa filha e nos juntamos aos convidados. Nós
posicionamos embaixo do arco de balões branco e azul, Sara sorri o tempo
todo gostando da atenção toda para ela. O bolo de dois andares tem uma
pequena velinha em cima, acendi ela e assim que a tão famosa cantiga de
aniversário começa, ela se remexe nos braços do pai sorrindo alegre e
batendo palmas junto aos convidados.

— Feliz aniversário, princesa! – Digo beijando seu rostinho, Miguel se


abaixa com ela e pede para que ela sobre a velinha, ela bate as mãos no bolo e
arranca risos de todos.

Beijo os lábios de Miguel sorrindo. Ele me deu meu maior tesouro, me


ensinou a amar novamente, me fez abrir o coração para o amor e sou
completamente louca por ele e por nossa família. Sara passa pelos
convidados sendo apertada e paparicada por cada um deles, sorrio
observando o quanto minha filha é amada por cada um ali naquela sala.

— Está feliz? – Meu marido questiona se aproximando de mim e me


puxando para seus braços.

— Completamente, obrigada! – Sorrio abertamente.

— Não tem que me agradecer por nada, meu amor! – Ele sorri, um
sorriso sincero que faz os olhos dele brilhar. — Você me deu uma chance,
quando não deveria, me deixou te amar e me amou de volta, me deu nossa
filha. Sou eu que tenho que agradecer a você. Eu te amo, Sra. Banks!

O sorriso em meus lábios se abre. Meu coração bate acelerado no peito,


passei os braços por seu pescoço, meu sorriso sendo refletido em seus olhos
azuis. Tomei sua boca em um beijo, demonstrando a ele o quanto o amo. Me
afasto sorrindo, mordo o lábio inferior, ele me observa curioso.

— O que acha da nossa família crescer? – Ele sorriu me abraçando forte.

— Você está grávida?

— Não, mas podemos providenciar isso. – Digo sorrindo. Ele me beija


novamente me envolvendo em seus braços.
— Eu vou amar ser pai novamente! – Sorrimos juntos envolvidos na
possibilidade de mais um filho.

Jonathan se aproxima com a neta nos braços e me entrega a pequena que


ressona baixinho e se afasta. Miguel acaricia sua cabecinha e beija meu rosto.
Meu peito se enche de mais amor e me sinto flutuando em pura felicidade,
meu interior vibra com a possibilidade de ser mãe outra vez e me vejo
sonhando com esse momento. O momento em que nossa família crescerá
mais um pouco, me sinto vibrar por tudo o que conquistei, me encosto no
peito de Miguel e observo minha família, agradecendo por ter cada um deles
em minha vida.
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Entre, Miguel Willian Banks, solteiro, nacionalidade: Brasileiro,


profissão: CEO, Carteira de Identidade (RG) n. 12-345.678, expedida por
SSP-SP, CPF n. 123.345.678-00, residente em: Rua Turmalina, n.85 apto,
305, Bairro Anhanguera. São Paulo – SP, CEP 55.656.000, doravante
denominado CONTRATANTE, e, Elizabeth Cristina Ferraz, solteira,
nacionalidade: Brasileira, profissão: Secretária, Carteira de Identidade (RG)
n. 15-121.320, expedida por SSP-SP, CPF n. 121.356.789-00, residente em:
Rua Diacuí n.383 apto. 201, Bairro Caiçaras, São Paulo – SP CEP:
55.356.000, doravante denominada CONTRATADA, firma-se o presente
contrato de prestação de serviços, conforme as seguintes cláusulas.

CLÁUSULA 1ª - DO OBJETO

Por meio desse contrato, a CONTRATADA, se compromete a prestar ao


CONTRATANTE os seguintes serviços:

Noiva e posteriormente esposa.

Parágrafo único. Os serviços descritos acima serão prestados com total


autonomia, liberdade e sem pessoalidade e sem qualquer subordinação ao
CONTRATANTE.

CLÁUSULA 2ª - DO PRAZO

O presente contrato tem prazo de: Um ano, com início em 10/08/2017 e


final em 10/08/2018.

Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, o contrato será


automaticamente rescindido, sem necessidade de aviso prévio da outra parte.

CLÁUSULA 3ª – DA RETRIBUIÇÃO

Em contrapartida aos serviços prestados, a CONTRATADA, receberá a


quantia de R$ 500.000 (quinhentos mil reais), que será paga da seguinte
maneira:

Quantia total dividida em quatro parcelas com o valor de R$ 125.000


cada, pagamento realizado integralmente à vista, na data de assinatura
do contrato; R$125.000 pagos à vista divido em dois cheques de R$
62.500 cada.

Parágrafo único. Em caso de demora no pagamento, será aplicada multa


de 70% (setenta por cento) sobre o valor devido, bem como juros de 1% (um
por cento), por mês de atraso.

CLÁUSULA 4ª – DAS OBRIGAÇOES DA CONTRATADA

São obrigações da CONTRATADA:

1. Assumir o papel de noiva e posteriormente de esposa do


contratante especialmente em ocasiões públicas.
2. Quando questionada sobre o casamento deve agir de maneira
que soe o mais verdadeiro possível durante o período que rege esse
contrato.
3. Manter a confidencialidade sobre o contrato
4. Dividir com o CONTRATANTE a mesma residência
5. Participar de eventos que envolvam a vida do
CONTRATANTE como sua esposa
6. Ser fiel ao CONTRATANTE

CLÁUSULA 5ª – DAS OBRIGAÇOES DA CONTRATANTE

São obrigações da CONTRATANTE:

1. Arcar com todas as necessidades da CONTRATADA durante o


período que rege o contrato.
2. Manter a confidencialidade sobre o contrato
3. Dividir com a CONTRATADA a mesma residência
4. Ser fiel a CONTRATADA

CLÁUSULA 6ª – DA RECISÃO
A qualquer momento, poderão as partes rescindir este contrato, sem aviso
prévio mediante as seguintes ocorrências.

1. Infidelidade.
2. Agressão física ou psicológica.
3. Quebra de confidencialidade.

§ 1ª. A rescisão sem justa causa por parte da CONTRATADA não lhe
retira o direito ao recebimento das atribuições já vencidas, porém sujeita-lhe
ao pagamento de perdas e danos ao CONTRATANTE.

§ 2ª. A rescisão sem justa causa do CONTRATANTE obriga-lhe a pagar


a CONTRATADA por inteiro as retribuições já vencidas e por inteiro as que
lhe seriam devidas até o termo legal do contrato.

§ 3ª. Não serão aplicáveis aos prazos fixados nesta clausula as rescisões
por justa causa.

§ 4ª. A rescisão com justa causa, realizada por qualquer uma das partes,
não exime o CONTRATANTE do pagamento das retribuições já vencidas.

§ 5ª. A rescisão com justa causa por parte do CONTRATANTE obriga a


devolução pela CONTRATADA dos valores já pagos referentes a serviços
não desenvolvidos.

CLÁUSULA 7ª – DA EXTINÇÃO DO CONTRATO

O presente contrato de prestação de serviços extingue-se mediante a


ocorrência de uma das seguintes hipóteses.

1. Morte de qualquer das partes


2. Conclusão do serviço
3. Rescisão do contrato mediante aviso prévio, por
inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da
continuação do contrato, motivada por força maior.
Parágrafo único. Ainda que a extinção do contrato tenha sido realizada
pela CONTRATADA sem justo motivo, está terá direito de exigir do
CONTRATANTE a declaração de que o contrato está findo.

CLÁUSULA 8ª – DO DESCUMPRIMENTO

O descumprimento de quaisquer das obrigações e das cláusulas fixadas


neste contrato, seja pelo CONTRATANTE ou pela CONTRATADA,
ensejará a sua imediata rescisão, por justa causa, e sujeitará o infrator ao
pagamento de multa correspondente a 100% (cem por cento) da
retribuição total.

CLÁUSULA 9ª – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Ao assinarem este instrumento, as partes concordam ainda que:

a) O presente contrato gera direitos de exclusividade entre as partes;

E por estarem, assim, de justo acordo, as partes assinam este instrumento


em 02 (duas) vias de idêntico conteúdo e forma, na presença de 02 (duas)
testemunhas, abaixo arroladas.

São Paulo, 22 de julho de 2017


TRILHA SONORA

[1] It's my life – Bon Jovi – 2000.

[2] Armas químicas e poemas – Engenheiros do Havaii – 2004

[3] Falling – Oh!Gravity – 2015.

[4] I was made for loving you – Tori Kelly feat. Ed Sheeran – 2015.

[5] When a Man Loves a Woman – Michael Bolton - 1991

[6] Right Here Waiting – Richard Marx – 1989.

[7] Back at one - Brian McKnight – 1999.

[8] Give me Love - Ed Sheeran – 2011.

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