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Pioneirismo nos

Céus
a história da divisão de
aeronáutica do instituto
de pesquisas tecnológicas
do estado de são paulo
(1934-1957)
Pioneirismo nos Céus

a história da divisão de
aeronáutica do instituto
de pesquisas tecnológicas
do estado de são paulo
(1934-1957)

são paulo, outubro de 2006


Centenário do primeiro vôo do 14-Bis
de Alberto Santos-Dumont
4  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  5
Pioneirismo nos
Céus a história da divisão de
aeronáutica do instituto
de pesquisas tecnológicas
do estado de são paulo
(1934-1957)

pesquisa histórica e redação


Roney Cytrynowicz

6  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt


Governo do Estado de São Paulo
  governador Apresentação vahan agopyan Diretor-Presidente do ipt
  Cláudio Lembo

Secretaria da Ciência, Tecnologia e


Desenvolvimento Econômico

P
  secretária
ioneirismo nos Céus narra um im- Em 1906, exatamente no mesmo ano
  Maria Helena Guimarães de Castro
portante capítulo da história do em que o 14-Bis de Alberto Santos-Dumont
Instituto de Pesquisas Tecnológicas realizou o seu primeiro vôo, o ipt, na época
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
do Estado de São Paulo, que permaneceu Gabinete de Resistência dos Materiais da
Estado de São Paulo
pouco conhecido até os dias de hoje: a tra- Escola Politécnica, publicava seu Manual de
  presidente
jetória da sua Divisão de Aeronáutica. Resistência dos Materiais, com os primeiros
  Maria Helena Guimarães de Castro
É um tributo aos engenheiros, projetis- ensaios de madeira. A continuidade destas
  vice-presidente
tas, pilotos, alunos, assistentes, estagiários pesquisas, na década 1930, foi o ponto de
  Paulo Villares
e profissionais de apoio que construíram partida para a criação da Seção de Aeronáu-
diretoria do ipt Fundação de Apoio ao Instituto de a trajetória da pesquisa aeronáutica e da tica. A trajetória da aeronáutica no ipt é par-
Pesquisas Tecnológicas (fipt) aviação no ipt. te importante da história do País neste setor,
  diretor-presidente
  Vahan Agopyan Entre os anos de 1934 e 1957, a Seção efetivando o papel dos institutos públicos de
  Diretoria Executiva
  diretoria de desenvolvimento de de Madeiras, depois Madeiras e Aeronáu- realizar pesquisa e estabelecer parcerias com
  presidente
  opções estratégicas
  Milton de Abreu Campanário
tica e, por fim, Divisão de Aeronáutica do o setor privado, beneficiando a sociedade.
  Franscisco Emilio Baccaro Nigro ipt, desenvolveu uma série de pesquisas que É com satisfação e orgulho que – no ano
  diretor administrativo-financeiro
  diretoria de operações e negócios
  Roberto Domenico Lajolo
contribuíram para consolidar a engenharia em que comemoramos o centenário do pri-
  Marcos Tadeu Pereira aeronáutica, a indústria aeronáutica e a meiro vôo do 14-Bis – o ipt lança este livro
  diretora adjunta
  diretoria financeira
  Zehbour Panossian
aviação em nosso país. Entre as muitas re- e recupera uma história fundamental para
  Cláudio Martins Gaiarsa alizações registradas neste livro, o ipt en- o patamar de liderança internacional que o
  diretoria de organização e processos saiou e classificou madeiras para a constru- País alcançou no setor de engenharia e da
  Oswaldo Poffo Ferreira ção de aviões; calculou e fabricou centenas indústria aeronáutica.
de hélices que supriram boa parte das ne- A pesquisa histórica, realizada junto ao
Centro de Informações Tecnológicas (citec) Coordenação da Publicação cessidades do País durante a Segunda Guer- Centro de Memória do ipt, e a edição deste
  diretor   assessora da diretoria do ipt ra Mundial; projetou e construiu protótipos livro contaram com o apoio da Fundação
  Wilson Colombo   Ros Mari Zenha de 17 planadores e aviões; deu o suporte de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecno-
técnico para a fundação e desenvolvimento lógicas – fipt, o que tornou possível inserir
Centro de Memória da Companhia Aeronáutica Paulista, que esta história do ipt e do País no marco das
A pesquisa histórica e a edição deste livro tiveram
  coordenadora o patrocínio da Fundação Instituto de Pesquisas fabricou centenas de unidades do “Paulisti- comemorações, em 2006, em homenagem a
  Cristiane Alves de Sousa Tecnológicas do Estado de São Paulo nha”, e projetou aeroportos. Alberto Santos-Dumont.

8  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  9
Prefácio guilherme ary plonski Diretor Superintendente do ipt (2001-2006)

realização

A
Narrativa Um – Projetos e Pesquisas de História
Divisão de Aeronáutica, cuja tra- Um dos principais estudiosos contem-
pesquisa histórica, redação e edição jetória intensa se narra a seguir, é porâneos do tema tecnologia e sociedade,
Roney Cytrynowicz
mais um capítulo da história de Langdon Winner, observa que “não é inco-
colaboração na pesquisa construção de espaços de conhecimento mum que o advento de uma nova tecnolo-
Cristiane Alves de Souza
aplicado em campos pioneiros que é a mar- gia seja uma ocasião para vôos de fantasia
produção editorial ca do ipt. utópica”.
Monica Musatti Cytrynowicz
Formular, produzir e disseminar tecnolo- Lançada ao ensejo das comemorações
design gráfico gias relevantes constitui o tripé existencial do centenário de uma fantasia utópica, o
Negrito Produção Editorial
básico de um instituto de pesquisa público. vôo do 14 Bis, que se tornou um dos ícones
Ricardo Assis
Sua transformação em plataforma de inova- da identidade brasileira multiforme, esta
fotografia
ção requer, em adição, promover empreen- bela obra serve, ao mesmo tempo, de resga-
Flávio Magalhães
dimentos inovadores e desenvolver líderes te de um passado semi-esquecido e de inspi-
revisão
competentes para a sociedade. A Divisão de ração crítica para orientar novas iniciativas
Mariangela Paganini
Aeronáutica alcançou resultados expressi- tecnológicas nacionais na era da economia
acervos pesquisados
vos, em seu tempo, nessas cinco dimensões. do conhecimento.
Arquivo Histórico da Escola Politécnica da usp
Biblioteca Central da Escola Politécnica da usp A narrativa mostra como se pôde avan- A viagem segura do Brasil rumo ao
Centro de Memória do ipt çar substancialmente na criação de um desenvolvimento sustentável e sustentado
Fundação Santos-Dumont setor industrial nacional de elevado valor passa pelos céus da inovação tecnológica.
agregado, lidando com desafios monumen- A experiência da Divisão de Aeronáutica do
tais. Desafios que ainda estão presentes no ipt mostra que os pilotos estão disponíveis,
sistema brasileiro de inovação, tais como a preparados e ousados e os equipamentos
incipiente cooperação entre os agentes da dão conta do recado. Mas que para vencer
inovação, públicos e privados, e a escassez os fenômenos externos adversos é necessá-
Editora Narrativa Um – Projetos e Pesquisas de História
www.narrativaum.com.br e irregularidade dos recursos para pesquisa, rio um avanço substancial na articulação
editora@narrativaum.com.br desenvolvimento e engenharia. do sistema.

10  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  11
Sumário 4 Convênio com a Companhia Aeronáutica Paulista
e a fabricação do “Paulistinha”  65

5 O pós-guerra e a reorganização da indústria


aeronáutica no Brasil  87

1 Era da Aviação e da Aeronáutica começa no ipt com


a pesquisa de madeiras nacionais em 1934  15
6 Projetos de aeroportos, o avião a jato e o
fim da Divisão em 1957  101

2 O ipt fabrica hélices e projeta e constrói seu


primeiro avião  33
Notas  111

Fontes de Pesquisa,
Bibliografia e Créditos
de Imagens   115

3 1940: É criada a Seção de Madeiras e de Aeronáutica


e o ipt contribui para a difusão da aviação no País  47
Capítulo 1 Era da Aviação e da Aeronáutica começa no ipt
com a pesquisa de madeiras nacionais em 1934

A
participação do Instituto de pilotavam planadores. Com isso, os enge-
Pesquisas Tecnológicas do Es- nheiros e técnicos da Seção de Madeiras
tado de São Paulo – ipt no de- puderam aplicar na prática os resultados
senvolvimento da pesquisa tecnológica e obtidos nas pesquisas com madeiras na-
da fabricação no campo da aviação e da cionais. A partir destas aplicações, foi
indústria aeronáutica teve início em 1934 construído um planador com madeiras
na Seção de Madeiras. Foi nesse mesmo nacionais.
ano que o ipt – sucessor do Laboratório Conforme o relatório da Seção de
de Ensaios de Materiais (anexo à Escola Madeiras de 1934: “Convém frisar o in-
Politécnica da Universidade de São Paulo) teresse despertado por essas aplicações no
– foi estabelecido oficialmente como insti- meio da aeronáutica civil e principalmen- pág i n a a n t e r i o r

tuto de pesquisa. te nos meios militares, abrindo-se assim Com a pesquisa de


madeiras aplicadas à
No início de 1934, a Seção de Madei- uma possibilidade não só de um controle aviação, a Seção de
ras do ipt ficou encarregada de controlar mais técnico do material empregado nos Madeiras do IPT tornou-
o material destinado à construção de reparos de aviões como também do esta- se um importante
centro de pesquisa
planadores na oficina do Club Paulista belecimento de uma indústria aeronáutica tecnológica no campo
de Planadores – cpp, fundado no mesmo brasileira”.1 aeronáutico na década
ano, que funcionava anexo à Escola Po- Assim, o envolvimento do ipt com a de 1930, destinado
a estabelecer uma
litécnica e no qual professores e alunos aeronáutica e a aviação começou simul- indústria aeronáutica
aficionados pelo vôo à vela construíam e taneamente em três frentes, todas ligadas no País

14  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  15
Capa da Revista à aplicação de madeiras nacionais na
Polytechnica mostrando
fabricação de aviões: pesquisa e ensaio de
o vôo de um planador,
em 1934, ano em que a espécies para aproveitamento da madeira
Seção de Madeiras do na construção aeronáutica; controle de
IPT assumiu as oficinas
material e reparos de planadores e, por
do Club Paulista de
Planadores e iniciou fim, projeto e construção de planadores.
as pesquisas em Mas, sobretudo, já em seu primeiro ano
tecnologia aeronáutica
de atividades, conforme o relatório de
1934, a Seção de Madeiras vislumbrava
contribuir para o estabelecimento de uma
indústria aeronáutica brasileira, objetivo
que ficou mais palpável com a realização
do 1° Congresso Nacional de Aeronáuti-
ca, no qual o ipt teve lugar destacado.

o 1° congresso nacional de
aeronáutica em 1934

Em abril de 1934 foi realizado na ca-


pital paulista, por iniciativa do Aeroclube
de São Paulo, o 1° Congresso Nacional Marinha e 81 para o mercado civil, no
de Aeronáutica, em que se discutiram as qual operava, por exemplo, desde 1927 a
possibilidades tecnológicas e industriais Empresa de Viação Aérea Rio Grandense,
para se implantar uma indústria aero- a Varig, depois a Nyrba do Brasil (1929,
náutica no País. O ipt esteve no centro futura Panair) e a Viação Aérea São Pau-
das discussões sobre as perspectivas desta lo, a Vasp, criada em 1933. Entre 1934 e
indústria. 1938 foram construídos no País 300 cam-
Embora o País ainda não tivesse uma pos de pouso, a maioria de terra, mas o
indústria aeronáutica, era significativo uso do hidroavião ainda era freqüente até
o número de aeronaves voando e, igual- os anos 1940.2 Em 1936 a Companhia
mente, o movimento nas pistas de pouso, Auto-Estrada operava uma pista de pouso
que eram construídas em ritmo acelerado. para vôos entre São Paulo e Rio de Janei-
Entre 1927 e 1935, o Brasil importou 554 ro no mesmo local onde seria construído Reparo de um avião no Clube Politécnico de Planadores; o controle dos materiais do CPP foi assumido pela Seção de
aviões, 330 para o Exército, 143 para a o Aeroporto de Congonhas. Madeiras do IPT em 1934, que também construiu planadores de madeira que contribuíram para a difusão da aviação no País

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Frontispício do Depois de descrever as madeiras em- A pesquisa aeronáutica
primeiro artigo de no IPT começou a
pregadas na construção aeronáutica e
Frederico Brotero, partir da pesquisa com
chefe da Seção de aviação desenvolvidas em três países, madeiras nacionais
Madeiras do IPT, de Estados Unidos, França e Itália, Brotero e sua utilização na
dezembro de 1931, fabricação aeronáutica
registrou as propriedades que caracte-
sobre o potencial de nos anos 1930
aproveitamento das rizam a madeira e a singularizam: alta
madeiras brasileiras, resistência em relação ao seu peso especí-
publicado como
fico; baixo custo; pouca sensibilidade às
Boletim IPT n° 6
vibrações; não sujeita à corrosão e facili-
Frontispício de dade de trabalho e possibilidade de repa-
artigo de Frederico
ros sem equipamento especializado. Além
Brotero, de 1934,
sobre o emprego de disso, a madeira era adaptável à produ-
madeiras nacionais ção especializada em pequena escala, o
na construção
que os outros materiais não permitiam.
aeronáutica
Entre os fatores negativos estavam a falta
de homogeneidade e as variações de umi-
dade, mas ambos podiam ser superados
pela escolha criteriosa da madeira e por de Madeiras do ipt realizava, Brotero
técnicas de secagem. propôs ao 1º Congresso Nacional de
Os participantes do Congresso de Ae- Na introdução do trabalho de 1934 Nos anos 1930, embora as fábricas ae- Aeronáutica a aprovação das seguintes
ronáutica de 1934 fizeram uma visita às Brotero escreveu: “A madeira foi o pio- ronáuticas começassem a produzir aviões conclusões: reconhecer “a necessidade de
instalações da Seção de Madeiras do ipt, neiro dos materiais empregados em cons- de metal nos Estados Unidos e na Europa, que toda a construção de aviões e plana-
na qual o engenheiro e diretor da Seção, trução aeronáutica e ainda hoje, apesar ainda era significativo o número de aero- dores em nosso país seja controlada por
Frederico Abranches Brotero (que traba- do avanço extraordinário das técnicas em naves de madeira. Eram necessários cerca meio de ensaios de laboratórios” e consi-
lhava na Seção desde 1928), pesquisava relação às ligas metálicas leves, continua a de 300 corpos de prova de cada espécie derar “de utilidade para a construção de
aplicações de madeira nacional. No Con- ter seus partidários quer para a fabricação de árvore para realizar a série de ensaios aparelhos, com aproveitamento de maté-
gresso de Aeronáutica, Frederico Brotero de aparelhos totalmente em madeira, quer no ipt. Os estudos realizados pelo institu- ria-prima nacional, o estudo sistemático
apresentou a tese “Emprego das madeiras em combinação de metal, sendo utilizada to compreendiam: peso específico, contra- das características físicas e mecânicas das
nacionaes em aviação”.3 Além de dirigir a na fabricação de aparelhos de turismo, ção em função da umidade, compressão essências nacionais, da forma que vem
Seção de Madeiras, Brotero era membro esporte, comerciais e até militares. Para a axial, flexão estática, flexão dinâmica ou sendo feita pelo ipt”.
do Conselho Técnico do Club Paulista construção de planadores, destinados ao choque, módulos de elasticidade, cisalha- Brotero defendia que “o governo deve
de Planadores, fundado em 1934 e que vôo sem motor, esporte tão auspiciosamen- mento, dureza, tração normal às fibras e amparar a iniciativa do ipt de modo a
contribuiu para a formação de pilotos e a te iniciado em nosso Estado, constitui atu- fendilhamento. permitir o prosseguimento em mais larga
difusão da aviação. almente o material básico de fabricação”.4 Após descrever os estudos que a Seção escala do estudo sistemático de nossas

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Prédio do Laboratório essências e ao mesmo tempo ampliar o tero foi o tenente-coronel e engenheiro de que continue e desenvolva as pesquisas qual o autor discutia de forma prática as Entrada principal
de Ensaio de Materiais do LEM, sucessor
campo de ação desses trabalhos, abordan- aviação Antonio Guedes Muniz, que, con- já iniciadas sobre matérias-primas nacio- possibilidades de implantação da indús-
– LEM, depois IPT, do Gabinete de
ao lado da Escola do o problema da secagem racional em cordando com a tese de Brotero, propôs nais suscetíveis de interessar à fabricação tria aeronáutica no País. Antonio Guedes Resistência dos
Politécnica, no bairro estufa, impermeabilização e colagem de ao plenário que aprovasse uma “mensa- aeronáutica”. Muniz, parecerista da tese de Brotero do Materiais, fundado
do Bom Retiro, em em 1899
madeiras assim como de outras questões gem circular aos Aero-Clubs e autorida- ipt, seria, apenas dois anos depois, o pre-
São Paulo
ligadas à construção aeronáutica, e que des interessadas aconselhando que se abs- implantando a indústria cursor da fabricação de aviões seriados
necessitam de pesquisas técnico-expe- tenham de consertar ou construir aviões aeronáutica no país no País e dirigiria, nos anos 1940, a Fá-
rimentais a fim de serem racionalmente ou planadores desde que esses trabalhos brica Nacional de Motores, que fabricava
resolvidas”.5 não possam ser controlados por pesquisas Outra tese apresentada no 1° Con- sob licença norte-americana.
As teses apresentadas ao Congresso de e ensaios de laboratórios” e uma mensa- gresso Nacional de Aeronáutica foi a do Em sua tese apresentada ao congresso
Aeronáutica eram submetidas ao parecer gem ao Ministro da Guerra buscando au- próprio Antonio Guedes Muniz, “A cons- de 1934, Muniz já preconizava de forma
de um relator. O relator da tese de Bro­ xílio financeiro e técnico ao ipt “para trução de motores e aviões no Brasil”, na bastante objetiva a criação de uma indús-

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tria aeronáutica nacional. Ele defendeu integral no País, de trinta aviões de tu- na fabricação de aeronaves, então de- Além da pesquisa de madeiras nacio-
a adaptação da indústria nacional para rismo que seriam doados a aeroclubes. senvolvidas pelo ipt, bem como recursos nais, eram realizados ensaios para parti-
fabricar itens aeronáuticos e dividiu os O parecer desta tese foi elaborado pelo para implantar e manter o laboratório culares, referentes a colas para madeiras,
componentes necessários à fabricação de engenheiro Ary Torres, diretor do ipt, que preconizado”.8 vernizes, ensaios de arrancamento de
aeronaves em quatro grupos. O primeiro incluiu a sugestão de criar um curso de As pesquisas de Brotero, sua partici- pregos e tirefonds em dormentes. Nos
grupo, que a indústria nacional poderia engenharia aeronáutica em São Paulo. pação no Congresso, as teses de outros ensaios de colas e vernizes foram estuda-
suprir e que representava 65% do custo Outra tese apresentada ao 1º Congres- pioneiros neste campo e a visita dos dos métodos para controle industrial de
de fabricar um avião, era composto da so foi a do capitão-de-corveta da Aviação participantes do 1° Congresso Nacional fabricação desses materiais e foi ensaiada
célula (de madeira), dos lemes, do trem Naval Raymundo Vasconcelos Aboim: de Aeronáutica à Seção de Madeiras do uma cola para pesquisar a aderência da
de aterragem, da bequilha, da fuselagem “Sugestões sobre o problema da constru- ipt evidenciam que o ipt, suas pesquisas madeira ao aço para uso em elevadores.
(madeira ou aço soldado), do berço do ção de aviões no Brasil”. Aboim foi um em andamento e seu potencial, em 1934, Entre os ensaios de madeira realizados
motor e dos reservatórios. dos primeiros engenheiros aeronáuticos estavam no centro das possibilidades de sob contratação em 1934, conforme o
O segundo grupo de componentes de do País, formado no Imperial College of desenvolvimento tecnológico e industrial relatório, “podemos destacar os realiza-
fabricação era formado de instrumentos Science and Technology, da Inglaterra, e aeronáutico em São Paulo e no País na dos para o Ministério da Marinha, com
de bordo e navegação, acessórios, freios, foi diretor de Material da Aviação Naval década de 1930. madeiras de aviação”.11
amortecedores e cabos, que exigiam de 1929 a 1935. A pesquisa e a catalogação sistemática
material especializado e demandariam a O engenheiro aeronáutico enfatizou a pesquisa sobre madeiras de madeiras nacionais, principalmente no
fabricação sob licença por uma empresa necessidade de formar recursos humanos Estado de São Paulo, havia sido iniciada
de instrumentos de precisão. O terceiro especializados e de criar um ambiente Até o fim do ano de 1933 a Seção de no Laboratório de Ensaios de Materiais
grupo – hélices, pneus e rodas – poderia favorável de pesquisas no País. “Aboim Madeiras do lem tinha estudado 22 espé- (que deu origem ao ipt) na primeira me-
ser suprido pela indústria local. O quarto propunha que fossem estimulados estudos cies de madeiras nacionais, cujas caracte- tade dos anos 1930, embora houvessem
– tintas, vernizes e colas – também seria sobre o emprego de madeiras nacionais rísticas físicas e mecânicas foram publica- iniciativas anteriores como os ensaios
suprido pela indústria local. Além de de- na construção aeronáutica, a exemplo do das no número de dezembro de 1933 do realizados pelo Gabinete de Resistência
fender o uso da madeira nacional, Guedes que estava sendo realizado pelo Instituto Boletim do Instituto de Engenharia.9 A de Materiais (antecessor do lem) nos
Muniz preconizava a implantação de uma de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo”, Seção estava procurando coletar madeiras primeiros anos do século 20 e publicados
indústria de aço e alumínio. Motores de- escreveu o historiador João Alexandre para os ensaios, conforme o relatório da no Manual de Resistência dos Materiais
veriam ser fabricados sob licença de uma Viegas.7 Seção: “No começo de 1934 foi enviada em 1906, envolvendo, além de madeiras,
empresa estrangeira.6 O parecer da tese de Aboim, escrito a vários fazendeiros, madeireiros e ao cimento, pedras, telhas, tijolos, metais e
Concluindo sua apresentação, Muniz pelo aviador Rubens Fonseca Rodrigues, Horto Florestal uma circular pedindo a outros materiais utilizados principalmente
defendeu a criação de um ministério da propunha, entre outros itens, que “o ipt remessa de toras de madeira para estudo. na construção civil (ver box).
aviação e propôs que o governo federal criasse um laboratório de pesquisas ae- Esse apelo não foi sem resultado, pois de
subsidiasse as pesquisas sobre madeiras ronáuticas e que o governo garantisse re- particulares foram enviadas 43 toras de
nacionais no ipt e que encomendasse cursos para a continuidade das pesquisas madeira e do Horto Florestal 3”.10
a construção, a ser realizada de forma sobre o emprego de madeiras nacionais

22  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  23
1926: começa no gabinete de resistência dos materiais
o estudo sistemático das madeiras nacionais

A
o ser fundado em 1934, o Instituto de Pesqui- Materiais da Escola Politécnica, fundado em 1899,
sas Tecnológicas – ipt mantinha cinco labo- e do Laboratório de Ensaios de Materiais, formaliza-
ratórios: Aglomerantes e Concretos, Ensaios do em 1931, anexo à Escola Politécnica. As primeiras
Mecânicos de Metais, Metalografia Microscópica, En- pesquisas com madeiras, no Gabinete de Resistência
saios Mecânicos de Madeiras e Identificação Micro- dos Materiais, tiveram início em 1905 e 1906, quando
gráfica de Madeiras, com 27 funcionários, dos quais H. Pujol Junior estudou as características mecânicas
nove engenheiros e três assistentes alunos. Depois de algumas madeiras brasileiras. Os resultados foram
seriam criados laboratórios na área de Química e Me- publicados no Manual de Resistência dos Materiais em
Planta do Laboratório
trologia. A conjugação de pesquisa, ensino e presta-
1
1906, em edição do Grêmio Politécnico. Ary Frederico Torres. O próprio Torres, que pesquisava Frederico Brotero foi um trabalho duplo: “Sugestões Planta do IPT em
de Ensaios de
concretos e cimento, realizou ensaios com madeira, para o melhor conhecimento de nossas madeiras” e 1938 mostra o
Materiais de 1928 ção de serviços (e fabricação semi-industrial de itens) O estudo das madeiras nacionais passou a ocupar
também em colaboração com Adriano Marchini. Em “Propriedades physicas e mecânicas de Peroba Rosa”, galpão da Seção de
mostra o “Escriptorio esteve presente na constituição do ipt em 1934. o Gabinete de forma sistemática e como uma das áreas
Madeiras, que tinha
de Madeiras” O ipt é sucessor do Gabinete de Resistência dos centrais de pesquisa a partir de 1926, sob a direção de 1929 estavam instaladas as seções de metais, metalo- de 1931, co-edição do LEM e das Escolas Profissionais
entrada pela Rua
grafia microscópica, concretos e madeiras. Além do do Lyceu Coração de Jesus. Nesta publicação de 1931 dos Bandeirantes, no
diretor, trabalhavam quatro engenheiros, cinco auxi- Brotero identifica duas frentes de trabalho que esta- bairro do Bom Retiro
liares para ensaios, cinco auxiliares para oficinas, um vam sendo realizadas pelo LEM: o estudo das proprie-
datilógrafo, um desenhista e seis serventes. Em 1930, dades físicas e mecânicas da madeira e a identificação
Ary Torres publicou o artigo “Eucalyptus rostrata. Eu- botânica das espécies por meio de cortes micrográ­
calyptus longifolia”.
2
ficos do material lenhoso, e com apoio do serviço
As novas diretrizes para ampliar o trabalho indica- Florestal. Os modelos de trabalho estavam baseados
vam que o LEM, em 1931, faria ensaios solicitados por em pesquisas realizadas nos Estados Unidos, na Suíça
particulares, inclusive empresas que quisessem fazer e França. Um dos objetivos era chegar-se ao estabe-
parcerias e associações para desenvolvimento tecno- lecimento de uma classificação industrial, um Código
lógico. Seriam realizadas pesquisas de utilidade geral, de Madeiras.
também por conta própria, sobre itens como proprie- Conforme Brotero: “A madeira é um material de
dades de materiais, métodos de ensaio, entre outros, construção entre nós empregado fora de todas as re-
incluindo estudos sistemáticos sobre as propriedades gras ou, pelo menos, com desconhecimento de suas
das madeiras nacionais.3 características físicas e mecânicas exatas. É hábito,
A primeira publicação sobre madeiras escrita por com efeito, empregar para certos fins especiais es-

24  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  25
sências determinadas, das quais apenas lenhoso era exclusivamente usado para construções a construção de quatro sem a “ação perturbadora das hélices”,
uma longa experiência ensinou a conhe- civis, navais e confecção de mobiliário. O uso para
planadores e o vôo a vela que se cria o “air mind” do entusiasmo e
cer e apreciar certas vantagens. Esta se- combustíveis era secundário. O esgotamento das flo-
conhecimento pelas coisas de aviação e é
leção empírica e restrita a duas dezenas restas européias nas primeiras décadas do século 20
de variedades não é suficiente e relega à obrigou “os industriais a recorrerem às florestas colo- Em 1935 a Seção de Madeiras passou um instrumento de instrução econômico e
categoria de ‘lenha’ inúmeras outras, pelo niais”. Ao mesmo tempo, novas aplicações surgiam:
6 a controlar as oficinas do Club Paulista racional.12
simples fato de que desconhecemos as construção de fuselagem e hélices de aviões, carroce- de Planadores, com subvenção do go- O vôo a vela, o volovelismo, estava
suas características. Nas essências que rias de vagões e de automóveis e artefatos diversos. verno do Estado de São Paulo. Naquele sendo praticado nos inúmeros aeroclubes
destinamos ao fogo ou a moirões de cer- Com estes usos, a exigência levou a que a pesquisa ano, as pesquisas na Seção de Madeiras existentes no País e que se formavam em
ca, não poderiam ser encontradas varie- experimental das propriedades seguisse as técnicas
do ipt se intensificaram e seu espectro foi número crescente. O projeto, a constru-
dades que, devido a certas características empregadas nos ensaios de metais. E a pesquisa mi-
ampliado. Nas oficinas do Club foram ção e o uso de planadores estavam longe
especiais, servissem a empregos mais no- crográfica permitiu criar uma identificação precisa da
bres como hélices de aviões, lançadeiras espécie botânica, substituindo o julgamento empíri- construídos quatro planadores, dois de de ser apenas uma atividade esportiva ou
de teares e numerosos outros fins da mo- co. Em 1933 o LEM estava trabalhando em um Atlas alta escola e dois primários, além de rea- de lazer. O seu projeto e construção eram
Artigo sobre madeiras derna indústria? Por outro lado, é também sabido que Micrographico. lizados inúmeros consertos de planadores um desafio aos engenheiros e projetistas,
brasileiras escrito pelo o comércio deste material é feito entre nós sem nor- Entre as aplicações de madeira, a partir dos estu- em atividade. que os testavam em competições. E seu
diretor do Gabinete
mas fixas de classificação e qualificação, baseadas nas dos do LEM, estavam: construção naval, vigas, eixos, O tema do “Vôo a vela” foi capa da uso era fundamental para formar pilo-
de Ensaios de
suas propriedades físicas e mecânicas, assim como na bolas para jogos, aparelhos de esporte, caixas, colunas
Materiais, Ary Torres, Revista Politécnica de janeiro-fevereiro tos e difundir a aviação. Nos anos 1930,
em 1930 proporção de defeitos e anomalias. É uma falta sensí- e postes, soalhos, mobiliários, lápis, dormentes, cabos
de 1934. Escrito por Antonio Orlando de constituía um dos principais meios, senão
vel que impede que as transações neste ramo sejam de ferramentas, rodas e muitos outros. A publicação,
feitas sem dúvidas e sem contestações, evitando per- em 1934, de “Emprego das madeiras nacionaes em Almeida Prado, aluno do quinto ano do o principal, de difusão da aviação civil em
das de material e de tempo”.4 aviação”, de Frederico Abranches Brotero, alinhava-se, curso de engenheiros civis e integrante do todo o mundo.
No artigo “Estudo dos caracteres physicos e me- portanto, com vários estudos e publicações similares e Club Paulista de Planadores, o texto foi Assim, a vertente esportiva e de lazer
cânicos das madeiras”, de 1932, Frederico Brotero tra- aplicadas a outros materiais, como Dosagem dos Con- elaborado, segundo o autor, “em virtude e a de engenharia e industrial conviviam,
balhava para obter dados comparativos das principais cretos, de 1927, de Ary Torres, o Boletim n° 1 do então do grande interesse que vem se manifes- já que eram faces de uma mesma linha de
essências florestais do Estado de São Paulo: “A esco- Gabinete de Resistência dos Materiais; Especificações
tando em São Paulo pelo vôo a vela”. desenvolvimento. Os principais engenhei-
lha racional dessas essências para fins industriais só para Cimentos. Balanço da nossa situação. Orientação
Segundo Almeida Prado, existiam na ros da Seção, como Frederico Brotero (e
pode ser realizada com o conhecimento preciso das a seguir para se obter uma especificação racional, em
propriedades físicas e mecânicas que as caracterizam 1931, de Rômulo Romano e Um Método para Ensaio Alemanha 450 clubes de vôo a vela e depois Romeu Corsini), representavam
e esse conhecimento unicamente pode ser adquirido Mecânico de Cimento, de Torres e Romano. 250 na França e o “planador é útil para as duas vertentes. Ambos eram pilotos
por meio de estudos sistemáticos em laboratórios Assim, a pesquisa de madeiras era, na década de a aeronáutica, para a ciência e para o e praticantes do volovelismo e também
convenientemente aparelhados”.5 1930, a continuidade de uma sólida linha de pesquisa desenvolvimento em alto grau do espíri- engenheiros voltados ao desenvolvimento
Conforme José Aranha Pereira, agrônomo do Ser- no ipt, desde a fundação do Gabinete em 1899, e, ao to esportivo, nos rapazes e senhoritas”, da tecnologia e da indústria aeronáutica.
viço Florestal, em seu artigo “Contribuições para a mesmo tempo, um campo que introduziu o instituto
trazendo grandes contribuições inclu- Ambos era ligados ao Club Paulista de
Identificação Micrographica das nossas Madeiras”, em um novo setor de tecnologia e construção ligados
sive para a meteorologia, com dados Planadores, incorporado pelos alunos da
publicado em 1933, no início do século 20 o material à aviação e à aeronáutica.
coletados em aparelho pelo “sportman” Escola Politécnica em 1939 como Aero
durante os vôos. É com o volovelismo, Clube Politécnico, depois Clube Politéc-
defende o autor, que se aprimora o vôo, nico de Planadores. Os vôos partiam de

26  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  27
Fotografias de Cumbica e do Campo de Marte, depois
reportagem da
da Cidade Universitária, onde foi cons-
Revista Polytechnica
de 1934 mostrando truída uma pista.
o vôo de planadores, Na década de 1930, a indústria ae-
em uma época na
ronáutica brasileira demonstrou sua
qual o volovelismo
deu notável impulso capacidade empreendedora. Alguns dos
ao desenvolvimento planadores utilizados pelo Clube Politéc-
da aviação no mundo
nico de Planadores haviam sido fabrica-
dos pela Empresa Aeronáutica Ypiranga
(eay), fundada em São Paulo em 1931,
sociedade de Orthon Hoover, Fritz Roes-
ler e Henrique Santos.

o desenvolvimento das pesquisas


em 1935

As pesquisas para estudar e classificar


as madeiras nacionais continuou no ipt
nos anos seguintes a 1933. Em 1935 fo-
ram estudadas 32 toras, com um número
médio de ensaios por tora de 300, o que
resultava em 9.600 ensaios, com uma
média de 32 ensaios por dia de trabalho
na Seção. O Boletim n° 8, de abril de
1935, já trazia parcela deste trabalho,
com a publicação dos resultados de 50
espécies estudadas. Entre as aplicações
estavam estudos sobre caixas de laranja
para exportação confeccionadas com
pinho do Paraná.13
Foram realizadas também na Seção
de Madeiras várias pesquisas para subs-
tituir produtos estrangeiros por outros Oficina da Seção de Madeiras do IPT, com um protótipo em construção e o aspecto que assumiria no final
de fabricação nacional, entre os quais: dos anos 1930; a oficina tornou-se uma das principais fábricas de hélices de madeira do País a partir de 1936

28  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  29
Capa de publicação
Logotipo do Clube verniz dope e thinner para entelagens;
de Muniz, com a tese
Politécnico de
colas de caseína; colas de nitrocelulose; apresentada sobre a
Planadores São Paulo
contraplacados de madeiras nacionais, construção de aviões
e motores no 1º
tela para planadores e aviões e hélices
Congresso Nacional
de madeira, itens fundamentais para a de Aeronáutica, em
construção aeronáutica. No caso do ver- 1934

niz e thinner e da cola de nitrocelulose


Documento com a
empregou-se fórmulas originais criadas fundação do Aero
na Seção.14 Clube Politécnico,
com o objetivo de
produzir para o mercado militar. A pro-
“difundir a aviação no
a produção industrial de aviões dução seriada de aviões teve início na meio Politécnico”; o
em 1936 década de 30, mas só foi possível graças presidente honorário
era o governador
à formação anterior de recursos huma-
Ademar de Barros e o
A produção industrial seriada de nos pela Marinha e pelo Exército, desde presidente era Romeu
aviões teve início no Brasil na década de 1914”.15 Corsini, 1939

1930, mais precisamente em 1936 com Assim, o desenvolvimento da avia-


a entrega dos dois primeiros Muniz m-7, ção e da aeronáutica esteve associado
de um total de 26 que foram fabricados ao Exército e à Marinha, desde os anos
pela Companhia Nacional de Navegação 1910 até a criação do Ministério da
Aérea, de Henrique Lage, no Campo dos Aeronáutica em 1941. Foi nas escolas,
Afonsos, no Rio de Janeiro, onde fun- oficinas e fábricas daquelas Armas que departamento estadual, cujas atividades e o cta, até que aquele centro de pesqui-
cionava a Escola de Aviação do Exército se formaram os quadros técnicos que estenderam-se ininterruptamente do fim sas tivesse amadurecido o bastante para
desde 1918. Nos anos 1920 houveram impulsionaram o desenvolvimento tec- da década de 1920 ao fim da década de prosseguir trabalhando sozinho. Não é
tentativas de projetar e construir protó- nológico e industrial. Entre 1934 e 1946 1950. Esse órgão foi o Instituto de Pes- injusto afirmar que praticamente todos os
tipos de aeronaves, mas nenhum projeto funcionou no Rio de Janeiro o Serviço quisas Tecnológicas – ipt – da Universida- projetos aeronáuticos brasileiros dos anos
resultou em produção industrial. Técnico de Aeronáutica (sta), depois de de São Paulo. No setor da aviação, os de 30, 40 e 50 tiveram, de algum modo, a
Segundo o historiador João Alexan- substituído pelo ita. Conforme Roberto trabalhos do ipt foram importantíssimos, ajuda do ipt”.16
dre Viegas, “os anos 1930 e a primeira Pereira de Andrade, “apesar de ser um apoiando primeiro o sta e depois o ita
metade da década de 1940 assinalaram órgão criado e subvencionado pelo go-
um período profícuo do desenvolvimen- verno federal, o sta nunca contou com
to da tecnologia aeronáutica no Brasil. A meios, laboratórios ou técnicos em nú-
maioria das iniciativas industriais desse mero suficiente para cumprir na íntegra
período contou com a participação de sua importante missão. Para fazer tudo o
militares ou tiveram como finalidade que fez, precisou recorrer à ajuda de um

30  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  31
Capítulo 2 O ipt fabrica hélices e projeta e constrói
seu primeiro avião

A
partir da segunda metade da to e a construção de aviões, o que levou pág i n a a n t e r i o r

Vista geral da oficina


década de 1930, a Seção de Ma- o ipt a assumir o seu primeiro projeto e
de construção de
deiras do ipt passou a fabricar construção de um avião, o ipt-0 Bichi- aviões na Seção de
hélices e contraplacados para a constru- nho, em 1939/1940. Madeiras do IPT no
final da década de
ção e manutenção de aviões, tornando- Conforme o relatório do exercício
1930 e começo dos
se um importante supridor destes itens do ano de 1939: “Foram dados os pri- anos 1940, quando o
de madeiras para a aviação no País. A meiros passos visando aparelhar o ipt IPT se tornou um dos
principais centros de
Seção também desenvolvia projetos de no campo das pesquisas aerodinâmicas
desenvolvimento da
hélices, atendendo à Aviação Naval, à e tecnológicas relacionadas à constru- aviação no País
Aviação do Exército, às escolas de avia- ção de aviões, assunto esse que logrou
ção e empresas de aviação nacionais. Era despertar o esclarecido interesse e obter
bastante comum a hélice ser danificada pleno apoio das altas autoridades do
nos pousos e, com isso, ter que ser repa- Estado”. Entre as primeiras medidas
rada ou substituída. tomadas estavam o envio do engenheiro
O envolvimento que teve início com Clay Presgrave do Amaral, que foi cur-
a pesquisa, ensaio e classificação de ma- sar especialização em Engenharia Ae-
deiras nacionais para emprego na cons- ronáutica no mit, nos Estados Unidos,
trução aeronáutica em 1934 passou, em e a encomenda de um projeto de túnel
apenas cinco anos, também para o proje- aerodinâmico.1

32  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  33
o ipt-0 bichinho único piloto. Numa palavra: compacto, Quadro com as
especificações
robusto e funcional”.2
técnicas do Bichinho
O primeiro avião construído, como A construção do avião foi iniciada nas
protótipo, foi o ipt-0 Bichinho, que ha- oficinas do Club Paulista de Planadores e
via sido projetado todo em madeira em depois completada no Aeroclube de Rio
O IPT-0 Bichinho, 1938 por Frederico Brotero (cálculo e Claro, onde também foram realizados os
primeiro avião
estudo do material) e Orthon Hoover primeiros vôos. A estrutura era de freijó,
projetado e construído
na Seção de Madeiras (projeto e estudos aerodinâmicos), como os contraplacados de pinho paranaense,
do IPT, em 1940 o “menor avião possível para levar um cedro e jequitibá e a hélice de pau-mar-

fim, todos pesquisados e fabricados na Se- que hoje: o avião da década de 1930 era
ção de Madeiras do ipt. O Liceu de Artes pequeno, relativamente simples e barato,
e Ofícios de São Paulo fabricou o trem de e na sua montagem podiam ser utilizados
aterrissagem. O primeiro nome do avião componentes de madeira, o que facilitava
era Modelo h.b. (iniciais de Hoover e ainda mais sua construção por amado-
Brotero, e o avião também era conhecido res”3; nos anos 1930, cerca de 30 protóti-
como “Bichinho de Rio Claro”). pos foram construídos no País e provavel-
Conforme Roberto Pereira de An- mente 90 projetados na prancheta.
drade: “No Brasil, nos anos da década O ipt-0 tinha 5,6 m de comprimento,
de 1930, aconteceu o mesmo fenômeno 6,8 m de envergadura e 1,66 m de altura.
que na Europa e nos Estados Unidos: a Com o piloto, o peso total podia chegar
´descoberta´ do avião pelos projetistas a 380 kg e a velocidade máxima era de
particulares. Havia maiores facilidades do 234 kph. Segundo Roberto Pereira de

34  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  35
Andrade, o avião, leve e com estrutura de
madeira, incorporava uma série de ino-
vações técnicas, como as asas pontudas
e dotadas de passagens aerodinâmicas
hipersustentadoras no bordo de ataque, o
que se tornaria uma marca registrada nos
projetos do ipt. O avião era muito apre-
ciado pelos desportistas, podia decolar e
pousar em pistas curtas e permitia mano-
bras acrobáticas.4
Em um artigo na Revista Politécnica,
intitulado “Um pequeno avião de cons-
trução nacional”, na edição nov.1939/
fev.1940, a publicação registrava: “Não
se pode negar o grande interesse que a
aviação vem despertando no País, quer no
terreno desportivo da pilotagem, quer na
parte referente à construção aeronáutica”.
Após citar a Fábrica Nacional de Aviões,
no Rio de Janeiro, e a construção do Mu-
niz m-7 e Muniz m-9 e a perspectiva de a
fábrica de Lagoa Santa entrar em funcio-
namento, escreve a reportagem: “Entre-
tanto, o que mais evidencia essa animação
entusiástica pela indústria aeronáutica é a
iniciativa particular. Alguns aero-clubs ou
escolas de pilotagem possuem oficinas de Orthon Hoover tinha planos de fabri- Aspecto da oficina da
Seção de Madeiras e
reparações, onde aviões são, muitas vezes, car o ipt-0 em série. O primeiro projeto
Aeronáutica nos anos
inteiramente renovados. Isso mostra um foi montado em 1939/40 (pp-thh), depois 1940
grande esforço e, ao mesmo tempo, um teve mais três protótipos com modifica-
trabalho útil na formação de técnicos, ções e aprimoramentos (ipt-0-a, ipt-0-b,
Artigo de Romeu Corsini sobre além do início do emprego de produtos ipt-0-c). A história do Bichinho prosse-
o Bichinho, publicado na Revista
Politécnica, n° 133, de nov.
nacionais, em substituição a similares es- guiu por uma década, até 1947, quando
dez.1939/jan.fev.1940 trangeiros”.5 foi oficialmente homologado.

36  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  37
Apesar da intenção de projetar um a fabricação das primeiras Embora nos Estados Unidos fosse estrangeira, segundo ensaios compara-
avião para fabricação industrial, da hélices em 1936 crescente o emprego de hélices de metal, tivos realizados”. O adesivo empregado
construção de quatro protótipos, das como o alumínio, as de madeira ainda para colar as chapas foi a bakelite, “sendo
modificações no projeto e da homolo- Em 1936 a Seção de Madeiras fabri- eram cerca de cinco vezes mais baratas. o material assim constituído (bakelite-
gação, o avião nunca foi fabricado em cou oito hélices, com madeira nacional No Brasil, além da inexistência de uma playwood) reputado como o de mais alta
série. Mas a imagem do ipt-0 Bichinho pesquisada, ensaiada e classificada no indústria de metais, as hélices poderiam qualidade para a aeronáutica”.9
sob os céus de São Paulo ficou registra- próprio ipt. Foram as primeiras hélices ser fabricadas com matéria-prima na-
da como um marco da história da aero- fabricadas na Seção e para realizar a ta- cional e seu fabrico exigia instalações acordo com a diretoria de
náutica e da aviação no ipt, a conquista refa foi montada uma bancada de ferro factíveis para um instituto como o ipt. As aeronáutica da marinha
do sonho de projetar, construir e pilotar fundido projetada no próprio ipt.6 Tam- hélices integravam um conjunto de pro-
um avião nacional criado na Seção de bém foi iniciada a produção de contra­ dutos confeccionados a partir da pesquisa No ano de 1938 foram fabricadas 19
Madeiras do instituto. placados. de madeiras nacionais, entre eles caixas hélices, utilizando-se o pau-marfim, e
para embalagens de laranjas, dardos de duas hélices com pau-marfim e canelão.
O projeto e a madeira para atletismo, estacas do antigo Entre os clientes estavam o Aeroclube de
fabricação de hélices Viaduto do Chá e outros. São Paulo, as escolas de aviação Ipiranga
começaram na Seção
Em 1937 foram fabricadas 16 hélices e Camargo, de São Paulo, e o Aeroclube
de Madeiras em
1936; em 12 anos a de madeira, todas encomendadas pela de Limeira.10 A escola de aviação Ipiranga
Seção de Madeiras e aviação civil de São Paulo, além de con- pediu a blindagem de uma hélice e o con-
Aeronáutica fabricou
traplacados – o que era caracterizado serto de outra, e vários particulares solici-
1.513 hélices para a
aviação militar e civil como “pesquisas tecnológicas com caráter taram consertos, blindagem e colagem de
semi-industrial”.7 Foram realizados en- hélices. A Seção acompanhou a utilização
saios para as Oficinas de Aviação Naval prática e considerou como perfeitamente
com madeira para a construção de aviões, satisfatório o desempenho em 100% dos
para substituir material importado, além casos. O avião vencedor da prova do Cir-
de outros ensaios, como tela para empre- cuito Aéreo Nacional em 1938 utilizava
go em aviões.8 uma hélice fabricada no ipt, a de número
Com relação aos contraplacados, re- 33. Ainda em 1938 foram confeccionadas
gistra o relatório em 1937: “Foram obti- 120 folhas de contraplacado, sob enco-
dos resultados francamente animadores, menda de Presgrave, Mello & Cia.
pois, empregando-se espécies de madeira Em 1938, em seu estudo “Algumas
de grande abundância e preço baixo aplicações de madeira”, Frederico Brotero
como o pinho do Paraná, conseguiu-se a apresentou a Cordia goeldiana, o freijó,
fabricação de chapas contraplacadas que proveniente do Pará. Após os testes, a ma-
rivalizam com as de melhor procedência deira foi recomendada para a fabricação

38  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  39
de hélices e a construção de contrapla- paulista”, escreveu Roberto Pereira de
cados.11 A Diretoria de Aeronáutica da Andrade.12
Marinha estabeleceu um acordo com o
ipt para pesquisar e fabricar madeiras de fábrica de contraplacados
emprego aeronáutico. Um dos primeiros
itens do acordo foi a possibilidade de O maquinário importado da Alema-
empregar madeira nacional na estrutura nha para organizar na Seção de Madeiras
das suas asas. Em 1938, em colaboração uma fábrica de contraplacados, que Bro-
com a Seção de Estruturas, e a pedido da tero chamava de instalação semi-indus-
Aviação Naval, foi feito um teste compa- trial, foi adquirido em 1939 e montado
rando a resistência de longarinas de avião efetivamente em 1940, quando começou
com material nacional e estrangeiro. Nas a funcionar. Segundo o relatório de 1939:
Oficinas Gerais da Aviação Naval, na Ilha “Essa aquisição realizada com a verba
do Governador, no Rio de Janeiro, foram especial da Secretaria da Agricultura para
montados dezenas de 1930 foi realmente bastante oportuna,
aviões Focke-Wulf, de fabricação alemã. pois com o atual estado de guerra seria
Em 1939 foram fabricadas 35 hélices praticamente impossível a importação de
e várias longarinas para a aviação civil, material comparável de qualquer parte
além da blindagem de hélices e consertos do mundo”.13
de outras partes de aviões danificadas. Conforme Brotero: “Apesar do
“Nos últimos anos da década de 1930, enorme progresso e da generalização da
enquanto a indústria aeronáutica brasi- construção metálica em todos os setores
leira ganhava impulso no Rio de Janeiro da indústria aeronáutica, a madeira ainda
e em São Paulo, podia o ipt oferecer o está longe de ser abandonada como
apoio industrial de uma fábrica de chapas material utilizável nos aviões modernos”.
contraplacadas e a ajuda de técnicos e la- E cita três aviões recentes construídos
boratórios de alto nível, especializados em inteiramente em madeira: Bennett
problemas aeronáuticos. E, por isso, tanto Executive btc-1, nos Estados Unidos,
a Aviação Militar (do Exército) como a Miles Master 1, na Inglaterra, e Caudron
Aviação Naval firmaram convênios de c-371, na França.
assistência técnica com o ipt, cujo apoio Segundo Brotero, na Alemanha e na
ganhou importância como intermediário Itália grande parte dos aviões era de
entre os fabricantes de aviões, os stas, e construção mista. Apesar da superiori-
O trabalho dos mestres, modelistas e marceneiros na oficina da Seção de Madeiras e Aeronáutica do IPT as fábricas do crescente parque industrial dade técnica do metal para a construção

40  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  41
de aeronaves, Brotero cita as razões que de suprir as necessidades do Brasil em
tornavam a madeira muito interessante, contraplacado de aviação, o que não é
além da construção monocoque ou semi- para se desprezar na situação atual”.15
monocoque: preço de custo mais baixo, Para testar o maquinário e a tecnologia
facilidade de reparações, possibilidade de fabricação de contraplacados, o ipt
de adaptação rápida de novas oficinas e realizou uma série de testes em 1940,
menos dificuldade de obter mão-de-obra com toras de pinho do Paraná, oriundas
especializada. de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e
Foram, de fato, estes os fatores que amostras de canela branca, mandioqueira
permitiram ao ipt construir uma oficina e grumixama, que foram comparadas às
de contraplacados e trabalhar no reparo de bétula da Alemanha. Mas era preciso
de aeronaves. Para Brotero, “aqui no Bra- continuar as pesquisas, porque apenas a
sil, onde se começa a pensar seriamente madeira de pinho do Paraná era satisfa-
na construção de aviões civis e militares, tória. As madeiras eram em geral leves e
acreditamos serem oportunas essas consi- atacadas por brocas.
derações, principalmente se levarmos em Ao detalhar o funcionamento da fa-
conta que presentemente, e talvez ainda bricação de contraplacados iniciado em
durante bastante tempo, é a madeira o 1939 no ipt, Brotero escreveu (em 1946):
único material nacional com que pode- “A indústria de contraplacados ou da
mos contar. Isso absolutamente não impe- madeira compensada está destinada a re-
de, e até pelo contrário estimula, a que se presentar importante papel na economia
procure criar no País indústrias metalúr- brasileira”16, já que o Brasil possuía a
gicas adequadas, mas até que isto se torne matéria-prima principal em larga escala,
realidade, a construção das células com ainda mais valorizada pela devastação
outros materiais dependerá integralmente das florestas na América do Norte e na
da importação; se pensamos em criar uma Europa durante a guerra. Além da indús-
indústria nacional é lógico que se procure tria aeronáutica, suas aplicações estavam à ação do tempo e de todos os solventes Fábrica de contra-
placados com ma-
em maior escala possível o emprego de na caixoteria para exportação, cofragem comuns; a madeira colada ficava prote-
quinário importado
matéria-prima do País”.14 de concreto armado e construção indus- gida contra a ação de fungos e de cupins. da Alemanha e que
No artigo de 1940, Brotero escreveu: trial de casas pré-fabricadas. Segundo Brotero, houveram grandes pro- entrou em funciona-
mento em 1940
“As instalações em funcionamento no ipt Uma das chaves para a utilização dos gressos técnicos na manufatura do contra-
têm capacidade relativamente grande de contraplacados eram as resinas sintéticas placado em poucos anos, principalmente
produção e, desde que trabalhe somente tipo bakelite (fenólicas), que eram esta- devido a processos mais modernos e aos
para esse fim, será capaz provavelmente bilizadas pela ação do calor e resistiam novos adesivos e colas, de origem sintética,
Na primeira tabela: relação de 21 hélices fabricadas, com o tipo de avião, o cliente e o
local; abaixo: outros serviços aeronáuticos realizados pela Seção de Madeiras em 1938

42  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  43
Reportagem com possuía um torno para fabricar as folhas promover o desenvolvimento de pesquisas
vôo experimental do
de contraplacado. Depois, vinha uma eta- aerodinâmicas e de caráter tecnológico,
protótipo do Bichinho
no início dos anos pa de secagem para a colagem em prensas relacionadas à construção de aviões”.
1940 e havia misturadores de cola e espalhado- O relatório de 1939 registrava em sua
res de cola. conclusão que “sem dúvida alguma essa
Ainda em 1939 foram fabricadas 35 futura seção será um elemento de alto
hélices. Segundo o relatório daquele ano: prestígio para a nossa instituição, con-
“Há uma tendência de aumento na pro- correndo também destacadamente para o
cura desses instrumentos de vôo e pre- progresso da aviação em nosso Estado e
vemos ainda maior número para 1940; no País”.19 Para criar a nova seção, o ipt
já foram tomadas providências visando apresentou um memorial ao interventor
atender essas encomendas, tais como a do Estado e ao Secretário de Educação,
da confecção de mais um banco metálico “onde foram expostas as condições atuais
para desbaste dos blocos e a instalação da nossa Aviação Civil e sugeridas as me-
de uma seção de pintura a revólver para didas que poderiam incrementá-la, dentro
acabamento melhor e mais rápido”.18 da organização atual do ipt”.
Além das hélices, foram fabricadas várias Ao encerrar-se a década de 1930, a
longarinas de madeira para reparo de Seção de Madeiras havia passado da pes-
aviões danificados, consertos de partes de quisa e aplicação de madeiras, projeto e
aviões e blindagem de hélices. Houve uma fabricação de hélices e contraplacados,
consulta técnica sobre madeira da Fábrica para o projeto e a fabricação de aviões e
Brasileira de Aviões da Ilha do Vianna, no uma série de outros itens de aeronáutica.
Rio de Janeiro. Acima de tudo, estava já consolidada e
“ligados ao grupo de materiais moderna- caso de madeira para aviação, com folhas Os preparativos para a mudança na implementada a concepção segundo a
mente abrangidos pela denominação geral muito finas, de 0.2 a 0.6 mm, não era Seção de Madeiras e a oficialização de qual as pesquisas e os trabalhos da Seção
de ´plásticos´”.17 Os novos agentes adesi- necessário este amolecimento prévio. Em um setor autônomo de pesquisa aero- de Madeiras deveriam servir para a cons-
vos aumentaram a resistência à umidade e seguida, a madeira era cortada em um náutica, conforme veremos no próximo tituição de uma indústria aeronáutica e à
aos ataques de fungo ou bolor. torno e as folhas obtidas eram conhecidas capítulo, tiveram início em 1939, com o expansão da aviação no País.
Os processos de fabricação dependiam como descascadas ou desenroladas. Os objetivo de criar uma “seção destinada a
da qualidade da madeira, da manufatura maiores tornos existentes permitiam (em
e da colagem. A primeira fase do processo 1946) aproveitar toras com até 2,10 m
era o cozimento das toras, que amolecia de diâmetro (menos empregada, existia
a madeira (pela imersão em água ferven- também uma faqueadeira para cortar as
do ou exposição ao vapor de água); no folhas, com maior uso em móveis). O ipt

44  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  45
Capítulo 3 1940: É criada a Seção de Madeiras e de Aeronáutica
e o ipt contribui para a difusão da aviação no País

E
m 1940 a Seção de Madeiras foi exemplares e o distribuiu entre entidades,
oficialmente ampliada, tornando- associações e aeroclubes, para estimular a
se Seção de Madeiras (Ensaios e construção de planadores, com o objetivo
Industrialização) e Aeronáutica”, sob a de instruir pilotos em função da guerra.1
direção do engenheiro Frederico Brotero. Na nova seção, o projeto e a fabricação
Com o início da Segunda Guerra Mun- de hélices se intensificou, bem como o
dial, em 1939, o estabelecimento do Mi- de contraplacados e uma série de outros
nistério da Aeronáutica, em 1941, e uma itens aeronáuticos.
campanha nacional em prol da aviação, Em artigo publicado na revista Avia-
a participação do ipt no desenvolvimen- ção, em 1941, em que apresentava a
to da aviação e da indústria aeronáutica Seção de Aeronáutica, Frederico Brotero
ganhou maior impulso e teve suas atribui- enfatizou que no campo da aviação civil
ções e demandas ampliadas. o ipt vem sendo “altamente estimulado e
Nos anos entre 1939 e 1942, o ipt amparado pelo atual Governo do Estado”
projetou e construiu três planadores: e explica que a aviação pode ser dividida
pág i n a a n t e r i o r
ipt-1 Gafanhoto, ipt-2 Aratinga e ipt-3 em quatro campos principais de ação e Equipe com
Saracura, que constituíam um desafio de pesquisa: Teoria e pesquisas aerodi- caminhonete
tecnológico em relação ao projeto e nâmicas; Pesquisas tecnológicas; Projeto, reboque da Secção de
Aeronáutica prepara-
aos materiais empregados. Do projeto cálculo e fabricação de aviões e Utilização se para a decolagem
do ipt-1, o instituto imprimiu dois mil de aparelhos de vôo.2 de um planador

46  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  47
A concepção de Brotero sobre o tra- mos, acarretou o colapso rápido e inespe- Hangar do Clube
Politécnico de
balho do ipt e o estabelecimento de uma rado de países reputados como potências
Planadores em
indústria aeronáutica estava ligada à sua mundiais”.3 Guarulhos, onde
observação sobre a importância da avia- eram realizados vôos
dos protótipos da
ção, conforme escreveu em 1941: “O a contratação de um engenheiro
Seção de Madeiras e
papel que a aviação vem desempenhando aeronáutico Aeronáutica do IPT
ultimamente na vida da humanidade difi-
cilmente poderia ser concebido há alguns Entre as medidas tomadas para conso-
anos, principalmente se nos lembrarmos lidar a nova Seção de Aeronáutica estava
de que, no começo do século, esse ramo o convite ao engenheiro Clay Presgrave
da técnica ensaiava os seus primeiros do Amaral, que concluía o curso de espe-
passos. A guerra atual num dos seus as- cialização aeronáutica no Massachussets
pectos mais impressionantes e sombrios Institute of Technology – mit, nos Estados
veio focalizar agudamente a importância Unidos, para trabalhar no ipt. Também
da arma aérea, fator decisivo das batalhas foi encomendado o projeto de um túnel
modernas: a ignorância ou a falsa com- aerodinâmico ao professor Richard H.
preensão dessas idéias, como todos sabe- Smith, do mit, no qual o próprio Clay

Caminhonete Para Brotero, o ideal seria um entre- precisava ser desenvolvido com urgência:
reboque movida
laçamento entre escolas superiores de “Estamos convencidos que o progresso
a gasogênio do
Clube Politécnico aeronáutica, institutos civis de pesquisa brasileiro na aviação será muito maior
de Planadores, com (ciência pura e aplicada) e organizações quando contarmos com organizações de
logotipo do CPP na
de instrução de vôo nos campos civil e pesquisa, capazes de fornecer os elemen-
porta
militar, fato que garantiu, em sua visão, o tos indispensáveis à formação de técnicos
desenvolvimento da aviação nos Estados altamente especializados em determina-
Unidos, na Inglaterra e Alemanha. Ele ar- dos ramos, assim como os dados experi-
gumentava, no mesmo artigo, que o setor mentais, dos quais depende a vida e o de-
de pesquisas tecnológicas e aerodinâmicas senvolvimento da indústria aeronáutica”.

48  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  49
da Aeronáutica um grande departamento militar e civil etc. Simultaneamente, en-
autônomo dentro do instituto. tretanto, foram realizadas pesquisas e es-
Enquanto isso, a fabricação de héli- tudos fundamentais visando desenvolver
ces e chapas de contraplacados seguia a a construção aeronáutica com recursos
todo vapor. Em 1940, a Seção fabricou nacionais, estabelecendo-se métodos de
60 hélices de madeira, 2.213 chapas de cálculo, estudo de novos materiais e pro-
contraplacados para aviões, executou lon- cessos construtivos; a alguma coisa rea-
garinas e nervuras de madeira de quatro lizada nesse terreno permite-nos afirmar
aviões (coladas com bakelite), realizou que poderemos contar para o futuro com
53 ensaios, a maioria em contraplacados bases técnicas seguras nesses campos de
comerciais, construiu uma empenagem atividades”.4
completa de um avião “rwd 13” e iniciou Mais do que tudo, o relatório de
pesquisas sobre trens de pouso e siste- 1941 responde às demandas colocadas
mas de estrutura monocoques. Também por um setor, o da aviação civil e militar,
foram iniciados os estudos preliminares que ganhara novo sentido de urgência
sobre dois protótipos de aviões. No ano com a Segunda Guerra Mundial. Ainda
seguinte, 1941, o ipt fabricou 105 hélices segundo o relatório de 1941: “Dentro dos
e 5.662 chapas de contraplacados. Pros- seus intuitos de fomento da aeronáutica
seguiram a montagem do túnel aerodinâ- civil, em prol da defesa do País, a Seção
mico e de uma oficina de montagem de deu amplo apoio moral e material ao
protótipos. desenvolvimento dos vôos a vela, deu
assistência a empresas de aviação civil e
“notável esforço” de pesquisa a está se aparelhando para a aferição de
partir de 1941 instrumentos de bordo”.
De fato, o ipt chegou a cogitar a cria-
Oficina onde se Presgrave havia trabalhado e que ele pas- própria Rua Bandeirantes. Com a che- Com a Segunda Guerra Mundial, con- ção de uma subseção especializada na
construíam os
saria a projetar e montar no instituto. gada de Clay Presgrave do Amaral, em forme o relatório do ipt do ano de 1941, aferição de instrumentos, em 1940, já que
protótipos de avião
do IPT; a Seção de A nova seção requeria novas instala- 1940 foi executado o estudo e o projeto diante das contingências do momento, tinha trabalho consolidado no campo da
Aeronáutica projetou ções e mais espaço físico. Em 1940 foi do túnel aerodinâmico e de uma maquete “foi realizado um trabalho intenso de metrologia. O Relatório 255 examinou
17 aviões e planadores
realizado um estudo do projeto das ins- em escala 1:10 do túnel. A Seção de Ma- preparação e propaganda, procurando-se especificamente a “organização de uma
em menos de duas
décadas e construiu talações da Seção de Aeronáutica, com a deiras era dirigida por Armando Vieira e pôr em funcionamento o túnel aerodi- subseção de aferição de aparelhos de
diversos protótipos desapropriação de seis prédios no Bom a direção técnica da área de Aeronáutica nâmico, a nova oficina de montagem de bordo de aviões”. Para isso, foi visitado
Retiro, o que permitiu a construção de passou a Clay a partir de 1940. Havia protótipos, preparação de assistentes, o departamento de aferição da Panair,
um galpão comprido com entrada pela planos de tornar os trabalhos no campo ligação com outros ramos da aviação no aeroporto Santos Dumont, no Rio de

50  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  51
monocoques e ensaio e execução de uma é criado o ministério da 1930, e o esforço de guerra, nos anos
fuselagem deste tipo; 4) Pesquisa sobre aeronáutica em 1941 1940, imprimiram um ritmo singular ao
a resistência do contraplacado fabricado crescimento da aviação militar brasileira.
no ipt ao cisalhamento longitudinal em Em 1941 foi criado o Ministério da Crescendo a Força Aérea, crescia o mer-
longarinas de avião. Estudo da influência Aeronáutica, a partir do Decreto-lei n° cado aeronáutico no País, aumentando
da direção das fibras de madeira; 5) Pes- 2.961, de 20 de janeiro daquele ano, que as potencialidades das empresas que
quisa sobre a resistência do contrapla- assinalava, entre outros itens: “O Ministé- inauguravam a produção seriada de
cado do ipt ao cisalhamento em painéis rio da Aeronáutica fomentará a iniciativa aviões no Brasil”.7
grandes; ensaio de uma asa contrapla- particular para o incremento da aviação Em 1940, o empresário Henrique
cada entre as longarinas; 6) Estudo de nacional, cooperando com assistência Lage, no Rio de Janeiro, mantinha duas
um processo original para a construção técnica e recursos que para esse fim lhe fábricas de aviões: a Fábrica Brasileira
de cavernas de madeira laminada para forem especialmente atribuídos”. de Aviões (que fabricou o Muniz-7 e o
Esquema com forças Janeiro, e, a partir dessa visita, o relatório fuselagem de aviões; 7) Pesquisa sobre Assis Chateaubriand, empresário dos Muniz-9) e a Companhia Nacional de
que atingem o avião
detalha os instrumentos de bordo mais a transmissão de forças concentradas a “Diários Associados”, liderou a campa- Navegação Aérea, que fabricou o hl-1,
durante o vôo
utilizados (15 no total) e sua aferição, as peças de madeira, por meio de pinos e nha “Dê Asas para a Juventude”, que pre- muito próximo ao Paulistinha, que voou
instalações existentes na Panair e a apa- chapas; 8) Pesquisa sobre a resistência à via a doação de aviões de instrução aos pela primeira vez em 1940 e teve 100
relhagem necessária para a instalação no tração e à flexão dos bordos de ataque aeroclubes do País. Ele próprio, entusiasta aviões encomendados pelo Ministério
ipt de uma subseção.5 Em 1943, o Mi- contraplacados; 9) Dimensionamento da aviação, organizou diversos raids aére- da Aeronáutica para distribuir aos
nistério da Aeronáutica e o ipt acertaram e ensaio de uma superfície de cauda de os. Centenas de aviões foram doados, ae- aeroclubes do País.8
um acordo para a instalação e aparelha- avião de madeira; 10) Execução da es- roclubes abertos, novos pilotos formados O Ministério da Aeronáutica criou
gem do serviço de aferição e reparação de trutura completa do túnel aerodinâmico; e, com isso, a aviação se desenvolveu no em 1941 a Companhia Nacional de
aparelhos de bordo, com crédito do Mi- 11) Projeto de um avião de asa alta para País. Apenas entre março e maio de 1941 Aviação. Durante a guerra houve
nistério da Aeronáutica. Mas a subseção quatro pessoas, e cálculo de sua estru- foram doados 100 aviões.6 também a instalação da Fábrica
não chegou a ser instalada. tura; 12) Projeto completo, início da Com a criação do Ministério da Ae- Nacional de Motores, no Rio de Janeiro,
Com a guerra, várias linhas de pesqui- construção de um avião de treinamen- ronáutica, a Aviação Militar e a Aviação dirigida por Antônio Guedes Muniz
sa foram desenvolvidas simultaneamente: to. Ensaio da estrutura; 13) Assistência Naval foram incorporadas, incluindo as (que, no entanto, não chegou a fabricar
1) Pesquisa sobre módulo de elastici- técnica à eay durante a construção de Oficinas do Galeão (Fábrica do Galeão, motores para avião). Além disso, foi
dade do freijó, trabalhando a flambagem aviões de treinamento, incluindo a revi- em 1942), que fabricavam sob licença o implantada a Construções Aeronáuticas,
e a determinação do coeficiente da fór- são completa do cálculo da estrutura do avião Focke-Wulf alemão. Localmente conhecida como Fábrica de Lagoa Santa,
mula de Euler para casos de aplicação; 2) protótipo. Ensaio dos mesmos em vôo; eram fornecidos os pneus, as hélices, par- em Minas Gerais, que não se organizou
Pesquisa sobre o comportamento de cha- 14) Experiência de métodos de ensaio de tes de madeira e de tela, algumas peças de fato durante a guerra e foi assumida
pas de contraplacado reforçadas por ten- performances em vôo com um dos aviões de metal, fios, cabos e realizada a pintura. pelo grupo Pignatari, até tornar-se um
sores de freijó; 3) Aplicação de dados da da eay; 15) Preparo de uma seção para Conforme o historiador João Alexandre Parque de Aeronáutica para reparo e
pesquisa anterior ao cálculo de estruturas aferição de instrumentos de bordo. Viegas: “A iminência da guerra, nos anos manutenção da fab.

52  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  53
Em 1941 o governo dos eua ofereceu 1942: são fabricadas 312 hélices Hélice fabricada nas
oficinas da Seção
recursos para construir, reformar e apare-
de Madeiras e
lhar aeroportos em Macapá, Belém, São Em apenas um ano, 1942, o ipt fabri- Aeronáutica
Luís, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e cou um total de 312 hélices de madeira e
Salvador. Em 1942 o Departamento de 12.346 chapas de contraplacado e mais
Aeronáutica Civil torna-se Diretoria de poderia ter fabricado não fosse a escassez
Aeronáutica Civil e depois Departamento de pinho do Paraná. As hélices eram en-
de Aviação Civil. Após o estabelecimento viadas a todas as regiões do Brasil e tam-
do Ministério da Aeronáutica, o governo bém a países vizinhos. Segundo Brotero,
criou a Força Aérea Brasileira – fab, que “os resultados obtidos com essa pequena
teve um grupo de pilotos que participou indústria mostram a excelência da maté-
de combates na Segunda Guerra Mundial, ria-prima utilizada e o capricho da mão-
com aviões norte-americanos no norte da de-obra nacional”.10
Itália, onde lutou a Força Expedicionária Com relação aos contraplacados,
Brasileira – feb. O ensino de Engenharia escreveu Brotero em 1942, “com a im-
Aeronáutica, como um curso de especiali- possibilidade atual de importação de
zação, teve início no País em 1939 na Es- produtos estrangeiros, todo o consumo
cola Técnica do Exército (atual Instituto brasileiro está sendo atendido pela nossa
Militar de Engenharia; o ita, criado em instalação. O nosso material pode con-
1945, começou a funcionar em 1947 no correr pelo preço e pela qualidade com os
Rio de Janeiro).9 similares estrangeiros, sendo controlado de pequena capacidade. Essas, segundo tituído de folhas finíssimas de madeira
de acordo com rigorosas especificações o nosso ponto de vista, são as categorias e tego film, prensado em alta pressão, o
técnicas, como, por exemplo, as ‘British que durante alguns anos a indústria local qual tem fornecido ótimos resultados em
Standarts’”. Era empregada resina sinté- tem que se limitar”.11 fins especiais da construção aeronáutica
tica fenólica para ligar as folhas finas de Outros estudos em andamento, segun- e também no campo da eletrotécnica”,
madeira. Também eram construídas par- do Brotero, eram a obtenção de dados além do estudo e da construção de um
tes de aviões para reparos e construção de experimentais sobre fuselagens e asas treinador terrestre para instrução de vôo
novos: longarinas, nervuras, empenagens monocoque e semimonocoque, de madei- cego, de acordo com projeto do engenhei-
e outras. ra contraplacada, do sistema conhecido ro Jayme Americano.12
Em 1942 o projeto e a maquete do como de “revestimento trabalhante” e
túnel aerodinâmico estavam prontos. também a obtenção de curvas de amor- os saltos do ipt-1 gafanhoto
Serviria para “conclusões de valor prá- tecimento de trens de pouso. Conforme
tico e real no estudo de aviões comuns o relatório de 1942, foram realizadas Com a criação do Ministério da
de instrução, treinamento e comerciais pesquisas com “plástico especial cons- Aeronáutica e a campanha em prol da

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Universitária. Também voava a partir de como visando eliminar de forma mais Projeto do Gafanhoto,
com as três vistas do
Cumbica. completa possível materiais de importação,
avião
O ipt começou a projetar planadores. a Seção de Aeronáutica do ipt resolveu
O ipt-1 Gafanhoto, projeto de Brotero, abordar o estudo de um aparelho de ins-
era um planador monoplace de madeira, trução primária de características se pos-
pequeno e relativamente fácil de cons- sível melhores que as dos tipos existentes,
truir, para vôos curtos e baixos, rebocado introduzindo algumas idéias originais, na
no lançamento por automóvel. Conforme forma aerodinâmica e no que se refere à
seu projetista: “Aproveitando a prática de parte construtiva propriamente dita”.13
vários anos de estudo e observação nesse As observações foram fruto de estudos
ramo de construção aeronáutica, assim e ensaios como os dedicados “principal-

O protótipo do aviação, o Aero Clube de São Paulo e o depois Clube Politécnico de Planadores
Gafanhoto em fase
Clube Politécnico de Planadores, anexo e, em 1941, Aeroclube Politécnico de
final de construção
a ele, criaram um curso específico no Planadores. Foram o embrião da Escola
Campo de Marte e passaram a difundir o de Aeronáutica de São Paulo, presidido
uso de planadores no interior do Estado. por Jaime Americano e depois por Romeu
Os planadores mais usados eram os Corsini, que se dedicava ao treinamento
alemães Zoegling e o Grunau 9. A partir de pilotos e à prática desportiva.
de 1939, o Club Paulista de Planadores Mantinha seis aeronaves e tinha sua base
se tornou o Aero Clube Politécnico, próxima à Escola Politécnica na Cidade

56  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  57
Carta da Fábrica do Carta do Ministério da
Galeão, do recém- Aeronáutica enfatizando a
criado Ministério da importância do maquinário
Aeronáutica, solicita do IPT para a fabricação
várias chapas de de contraplacado com o
contraplacado ao emprego de tego film, de
IPT, 1942; no papel “alto interesse para a defesa
timbrado ainda está nacional”, 1942
registrado “Diretoria
de Aeronáutica
Naval”, a quem a
Fábrica do Galeão
foi subordinada até
a criação do novo
ministério

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mente às estruturas semimonocoques nio público o projeto do planador, como Engenheiros e
técnicos do IPT após
com revestimento de contraplacado. Esse referido no início do capítulo. O instituto
o primeiro vôo do
sistema de construção tem provado ser imprimiu 2 mil exemplares do projeto e IPT-2 Aratinga
de grande eficiência, principalmente em o distribuiu entre entidades, associações e
aparelhos de vôo de pequena capacidade, aeroclubes. A idéia era treinar pilotos em
apresentando, por outro lado, para nós, a função da guerra. Segundo Romeu Cor-
grande vantagem de utilização em maior sini, “por pequeno que fossem, os breves
proporção, de um produto que o ipt vem saltos do único ‘Gafanhoto’ construído
fabricando em escala industrial com bons marcaram o início de uma longa linha de
resultados”, conforme Frederico Brotero planadores do ipt, e iniciaram uma evolu-
e Clay Presgrave do Amaral.14 ção que culminaria, dez anos mais tarde,
O ipt-1 era um planador de asa alta com modelos de performance elevada”.
para instrução primária, permitindo a Segundo Pereira de Andrade: “Naque-
aprendizagem dos comandos normais em la época [1940], no Brasil, a maioria dos
um avião, senso de equilíbrio em vôo, vôos em planador eram pouco mais que
aproximação ao solo, aterragens e curvas saltos com aeronaves pequenas, lançadas
de grande raio. “Essa prática permitia sa- do solo com a ajuda de elásticos (‘san-
tisfazer a familiarização dos jovens alunos dow’) ou rebocados na decolagem por
de pilotagem com os comandos da aero- polias mecânicas. Isso era simples e ba-
nave, durante os breves minutos em que rato, mas limitava a altitude e a duração
ela permanecia em vôo. E, por outro lado, dos vôos dos planadores. Para remediar
possibilitava que o instrutor, colocado em o problema, a equipe do ipt decidiu dese-
terra, observasse os erros e as deficiências nhar toda uma nova ‘família’ de planado-
do aluno”, escreveu Pereira de Andrade.15 res de maior performance, lançados por
O meio de lançamento era o reboque por automóveis (para subir até 600 metros)
automóvel, a madeira da estrutura era o ou rebocados por aviões (até 2 ou 3 mil
freijó, o contraplacado era de pinho do metros de altura)”.16 Assim nasceram os
Paraná e também eram utilizados pau- modelos ipt-1, ipt-2 e ipt-3.
marfim e ipê; a velocidade máxima era de
120 km/h. ipt-2 aratinga e ipt-3 saracura
Com o objetivo de difundir a aviação,
o ipt decidiu publicar os dados para O ipt-2 Aratinga foi desenvolvido por
permitir que os interessados pudessem Silvio de Oliveira, politécnico formado
construir planadores, tornando de domí- em 1941 e que começou a trabalhar na

60  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  61
Clay Presgrave do
Amaral, Frederico
Brotero e equipe de
aeronáutica do IPT

Seção como assistente-aluno, sob a super- Seção de Madeiras e Aeronáutica, naque-


visão de Corsini e de Brotero. O protóti- le ano foram fabricados entre 20 e 30
po, construído exclusivamente com ma- exemplares do Saracura pela cap.
teriais nacionais, ficou pronto em 1942 e A história da parceria entre a Seção de
foi experimentado por Clay Presgrave do Madeiras e Aeronáutica do ipt e a cap,
Amaral. Teve apenas aquele protótipo e que será contada no próximo capítulo,
não foi industrializado. O planador aca- concretizou uma das principais metas da
bou sendo depois adquirido por José pesquisa aeronáutica no ipt. Em 1942,
Carlos Neiva, que começava sua ativida- apenas oito anos após os primeiros en-
de aeronáutica no Rio de Janeiro. saios com madeiras para uso na aviação,
O ipt-3 Saracura era um planador- a Seção estabeleceu uma parceria que
escola simples e funcional, para ser lan- permitiu o estabelecimento e desenvol-
çado tanto por automóveis rebocadores vimento de uma importante fábrica de
como por outros aviões. Com o protótipo aviões, a cap, que fabricou centenas de
pronto, em 1942, foi o primeiro planador unidades na década de 1940. Em menos
de projeto brasileiro construído em série de uma década, portanto, o projeto de
IPT-3 Saracura levantando vôo ainda preso ao fio do reboque; o planador foi
pela Companhia Aeronáutica Paulista construir uma indústria aeronáutica na-
fabricado em série pela Companhia Aeronáutica Paulista – CAP, em 1943 – cap.17 Segundo o relatório de 1943 da cional tornou-se realidade.

62  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  63
Capítulo 4 Convênio com a Companhia Aeronáutica
Paulista e a fabricação do “Paulistinha”

E
m 1942, a Seção de Madeiras e dos outros aviões projetados na Seção). pág i n a a n t e r i o r

O CAP-4, mais
Aeronáutica do ipt estabeleceu Junto com a Companhia Aeronáutica
conhecido como
um convênio com a Companhia Paulista, a Companhia de Navegação Aé- Paulistinha, teve
Aeronáutica Paulista (cap), de São Paulo, rea e a Fábrica do Galeão, ambas no Rio cerca de 750
unidades fabricadas
subsidiária da Laminação Nacional de de Janeiro, foram as principais fábricas
na década de 1940
Metais (lnm), que permitiu a própria or- de aviões no País no período da Segunda pela Companhia
ganização da cap como empresa, fundada Guerra Mundial. Conforme o relatório Aeronáutica Paulista,
empresa fundada e
naquele mesmo ano. O convênio ipt-cap da Seção de Madeiras e Aeronáutica
mantida com suporte
resultou no mais bem sucedido avião fa- de 1942: “De acordo com o programa tecnológico do IPT
bricado seriadamente no Brasil até 1970, estabelecido, foi prestada a mais franca
quando se deu a fundação da Empresa colaboração no início do funcionamen-
Brasileira de Aeronáutica – Embraer. to da Companhia Aeronáutica Paulista,
Trata-se do Paulistinha (cap-4), pro- subsidiária da lnm”.1
jeto da Empresa Aeronáutica Ypiranga, Entre os anos de 1942 e 1945, a Se-
modificado nas oficinas do ipt e do qual a ção de Madeiras e Aeronáutica atuou em
cap fabricou, nos anos 1940, mais de 750 duas frentes no que se refere ao projeto
aviões, que se tornaram importantes difu- e à construção de aviões. A primeira era
sores da aviação no País (por não ter sido realizar o projeto, construir o protótipo,
projetado originalmente no ipt, não tem oferecer suporte tecnológico à indústria
no nome a sigla do instituto, a exemplo e incentivar o desenvolvimento da fabri-

64  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  65
cação seriada de aviões. Além do ipt-4 Nos anos da guerra, o ipt tornou-se
Planalto e do Paulistinha, efetivamente um fundamental supridor de hélices e de
fabricados, também foi feito o projeto e a madeiras para contraplacados no País.
construção do protótipo do ipt-7 Junior. Segundo o relatório da Seção de Madeiras
A outra frente foi o projeto e a cons- e Aeronáutica de 1943: “Continuou o ipt
trução de protótipos de planadores de a ser o único fornecedor do País de con-
alto desempenho, como o ipt-5 Jaraguá traplacado para avião”, sendo os princi-
e o ipt-6 Stratus. Em ambas as frentes, o pais consumidores a Diretoria de Material
objetivo de difundir a aviação e treinar do Ministério da Aeronáutica, a Com-
pilotos era igualmente central. Os enge- panhia Aeronáutica Paulista e a Compa-
nheiros da Seção de Madeiras e Aero- nhia Nacional de Navegação Aérea.2 A
náutica eram aficionados pelo vôo a vela produção poderia ter sido duplicada não
e pelos desafios que esta modalidade da fosse a falta de transporte ferroviário para
aviação colocava, como engenheiros e transportar a madeira. Em 1943 foram
como pilotos dispostos a conquistar no- fabricadas 366 hélices e 11.198 chapas de
vas marcas. Nos anos da Segunda Guerra contraplacado. Ainda em 1943 a Seção
Mundial, os planadores continuaram colaborou com os Fundos Universitários
sendo importantes na difusão da aviação de Pesquisa para a Defesa Nacional na
e no treinamento de pilotos e, no ipt, ser- construção e no aperfeiçoamento de apa-
viram para estudar e testar uma série de relhos auxiliares na instrução de vôo, sob
materiais, equipamentos e tecnologias. a orientação de Jayme Americano.

Batismo de aviões
em frente ao IPT e à Hélice calculada na
Escola Politécnica, nos Seção de Aeronáutica
anos 1940, no bairro do IPT para o avião
do Bom Retiro, em Muniz M-9, construído
São Paulo na Fábrica Brasileira
de Aviões, na Ilha do
Vianna, pertencente ao
CPQR de Aeronáutica
de São Paulo, 1943

66  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  67
Em 1944 foram fabricadas 261 héli- o ipt-4 planalto
ces e 11.065 chapas de contraplacado.
Em 1945 foram fabricadas 325 hélices e O primeiro avião fabricado pela
16.011 chapas de contraplacado, inclu- Companhia Aeronáutica Paulista – cap
sive exportadas para a Argentina. Além a partir do convênio com o ipt foi o
de apoiar tecnicamente o Clube Politéc- ipt-4 Planalto. Era um monomotor de
nico de Planadores e o Aeroclube de São dois lugares, com duplo comando e
Paulo, a Seção de Aeronáutica do ipt destinava-se à instrução de pilotos. Foi
passou a ser um importante parceiro das projetado por Clay Presgrave do Amaral
companhias aéreas civis. Conforme o re- e fabricado com madeira nacional.
latório de 1944: “Aos poucos a Secção de O protótipo ficou pronto em 1942
Aeronáutica tem se tornado uma espécie (pouco antes do falecimento de Clay
de consultora das Cias. Comerciais em em um acidente ferroviário nos Estados
alguns ramos técnicos ligados à Aviação, Unidos no mesmo ano). Recebeu o nome
tendo sido bastante ponderável o auxílio de cap-1, foi modificado na cap e teve
prestado dessa forma principalmente aos dez aviões efetivamente fabricados, mas
Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul e à Via- não obteve maior sucesso comercial. O
ção Aérea de São Paulo”.3 Planalto ganhou outra versão, o cap-3,
O ipt continuava a cogitar abrir uma do qual foram construídos oito aviões. A
Seção de Aeronáutica autônoma. Segundo cap comprou em 1942 também a licença
o relatório de 1944, durante aquele ano de produção do planador Saracura, o
“as atividades das Seções de Aeronáutica ipt-3, projetado pelo ipt. O protótipo
e Madeiras continuaram centralizadas ficou pronto em 1943 e entre 20 e 30
sob a mesma direção”4, a de Frederico planadores foram fabricados pela cap.
Brotero. Outras seções do ipt também Além da parceria em projetos aero-
trabalharam no campo da aviação. Em náuticos e dos cálculos dos protótipos
1944 a Diretoria de Obras do Ministério dos aviões Paulistinha e Planalto, o con-
da Aeronáutica solicitou o trabalho da vênio do ipt com a cap previa os seguin-
Seção de Solos do ipt para os trabalhos tes itens: controle do material de fabri-
geotécnicos de novos aeroportos em Curi- cação dos aviões por meio de ensaios;
tiba e Santa Maria, a exemplo do que já secagem de freijó e outras madeiras em
havia feito na Base Aérea de Santa Cruz. estufa; fornecimento de uma planta
completa de estufa, montada e colocada
em funcionamento; fornecimento de hé- Engenheiros, técnicos e pilotos em vôo experimental do Planalto, 1942

68  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  69
Ensaios de nervura,
teste de esforço e
teste de tração do
Planalto, o CAP-1,
que teve dez
unidades fabricadas
pela Companhia
Aeronáutica Paulista
na década de 1940

lices e contraplacados; cálculo e execu- do ypiranga ao paulistinha O Planalto, um


monomotor de dois
ção de novos tipos de hélices; estudo de
lugares e destinado à
madeira substituta para o freijó; estudos A Companhia Aeronáutica Paulista instrução de pilotos,
especiais, tais como aplicações de mate- – cap comprou o projeto do Ypiranga prepara-se para voar

rial plástico em aviões; visitas periódi- eay-201 (baseado no modelo norte-ame-


cas de engenheiros à fábrica da cap em ricano “Taylor-Club”), da empresa Ypi-
Utinga; estudo de cabos de comando e ranga, que foi modificado pela Seção do
de pneumático para o Paulistinha. ipt, por Clay Presgrave, Romeu Corsini e
Adonis Maitino, tornando-se em 1943 o

70  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  71
O Paulistinha, truir, robusto e fácil de pilotar”, o Paulis- até encerrar as atividades da empresa em
cujo sucesso se
tinha era o avião ideal para o movimento 1948. Em 1955 a Sociedade Construtora
deve em grande
parte à Campanha de difundir a aviação no País e ensinar a Aeronáutica Neiva, sediada em Botucatu
Nacional de Aviação técnica da pilotagem, escreveu Pereira.7 (interior de São Paulo), comprou os direi-
liderada por Assis Com o slogan “Dêem asas ao Bra- tos de fabricar o Paulistinha, modificou o
Chateaubriand
sil” e o apoio dos jornais dos “Diários projeto e lançou o “Paulistinha 56”, ven-
Associados”, entre 1942 e 1948 foram dendo 240 unidades e mantendo a traje-
fabricados cerca de 800 aviões (a maioria tória de sucesso industrial desta aeronave
Paulistinhas), dos quais a maior parte nas décadas de 1950 e 1960.10
enviados a aeroclubes, dois à fab e al-
guns exportados para Argentina, Chile, jaraguá, junior e stratus
Estados Unidos, Itália, Portugal, Paraguai
e Uruguai. Em 1943 a cap chegou a fa- Entre 1943 e 1945 ficaram prontos
bricar um avião por dia.8 Praticamente vários protótipos na Seção de Madeiras
todos os componentes eram fabricados e Aeronáutica do ipt: o Planador Biplace
nacionalmente; apenas os motores eram ipt-5 Jaraguá, o ipt-6 Stratus e o ipt-7
cap-4, o Paulistinha. Em 1942, a própria dos acionistas e diretores da cap. A maior importados dos Estados Unidos. Junior. Estes aviões, dos quais foram
Ypiranga foi adquirida pela cap. parte do pes­soal técnico da empresa, “Também não pode ser negado que construídos protótipos, não chegaram a
A cap pertencia ao Grupo Pignatari, incluindo cerca de vinte engenheiros, o Paulistinha gozava de muito prestígio ser fabricados em série, mas foram impor-
do industrial Francisco Pignatari, proprie- era oriunda da Escola Politécnica da entre os aviadores brasileiros. Os núme- tantes para uma série de testes e para a
tário da Companhia Brasileira de Zinco, usp e do ipt. O número de engenheiros ros provam isso. Entre 1942, data em que conquista de patamares tecnológicos.
da Indústrias Brasileiras de Máquinas, da trabalhando simultaneamente chegou a começou a funcionar a Campanha Nacio- Segundo Pereira de Andrade, o Jaraguá
Alumínios Brasil e da Laminação Nacio- sete, que viajaram, inclusive, para cursos nal de Aviação, e 1949, época do seu en- foi projetado por Romeu Corsini, com a
nal de Metais, que mantinha desde o iní- de especialização nos Estados Unidos e na cerramento, 1.541 aviões de treinamento orientação de Clay Presgrave do Amaral,
cio dos anos 1940 uma Seção de Aviação, Alemanha. Os operários especializados foram matriculados pelo Registro Aero- e tinha por objetivo superar o que os en-
tendo fabricado em 1941 e 1942 um total eram originários dos parques militares, náutico Brasileiro e desse total a metade genheiros consideravam como atraso no
de 30 planadores Alcatraz, baseado no dos aeroclubes e do ipt.6 eram Paulistinhas, muitos dos quais estão vôo a vela brasileiro. Segundo um artigo
planador alemão Grunau Baby. O sucesso industrial e comercial do voando até hoje, sobrevivendo no uso aos publicado por Romeu Corsini na Revista
Segundo Roberto Pereira de Andrade, Paulistinha deve muito à Campanha Na- demais tipos fabricados na época”, escre- Politécnica em 1944, apresentando os da-
a cap “foi a mais bem sucedida fábrica cional de Aviação, lançada em 1941 pelo veu Pereira de Andrade em 1976.9 dos técnicos do avião, “o ipt-5 foi com-
de aviões da década de 1940”, com governo federal para difundir a aviação A cap projetaria e fabricaria ainda pletamente projetado, calculado e cons-
sua capacitação industrial e 300 no País, estimular a construção de aero- cinco outros aviões, entre eles o cap-5 truído pela Seção de Aeronáutica do ipt.
funcionários.5 Clay Presgrave do Amaral, clubes, dotá-los de aviões e incentivar a Carioquinha, um Paulistinha remodela- Seu anteprojeto está contido em quase
engenheiro aeronáutico do ipt, era um formação de pilotos. “Simples de cons- do, e o cap-6 Tufão, mas sem sucesso, 200 páginas de papel almaço e o projeto

72  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  73
Fuselagem de
madeira do Jaraguá
nas oficinas do IPT

O IPT-5 Jaraguá, um
planador de alto
rendimento

Engenheiros e
técnicos do IPT junto
ao Jaraguá após o
primeiro vôo em Praia
Grande

Projeto do IPT-5
Jaraguá

74  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  75
O IPT-7 Junior, um em cerca de 20 pranchas das usadas pela De acordo com Pereira de Andrade, “era Construção e projeto
avião para turismo e do IPT-7 Junior
Seção. Seu emprego principal será o da maior e muito mais moderno do que
instrução, projetado
de forma econômica instrução em alta escola, podendo ainda qualquer outro planador construído no
para ser fabricado em ser usado para a divulgação do vôo a Brasil até aquela época”.12 Voou em pro-
série
vela e para a manutenção da ‘forma’ dos vas e em testes durante dez anos.
pilotos comerciais”.11 Conforme Corsini, Os engenheiros e técnicos da Seção
comparando o rendimento do Jaraguá completaram também a execução do bi-
a uma série de planadores da Inglater- place ipt-7 Junior, construído de freijó
ra, Alemanha e dos Estados Unidos, (fuselagem). Era um avião para turismo
nenhum possuía tão baixa velocidade e instrução. A idéia era que o Junior, um
de queda aliada a tão grande planeio. pequeno avião de fabricação e manuten-

76  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  77
Reconstrução do
IPT-6 Stratus; abaixo:
cumprimentos
após o primeiro vôo
do Stratus, que se
tornaria um campeão
de volovelismo

O projetista e piloto ção relativamente econômicas, seria ade- para competições a vela. Segundo Pereira
Orthon Hoover e o
quado à fabricação seriada e à Campanha de Andrade: “Entre 1942 e 1949, o Stra-
IPT-7 Junior
Nacional de Aviação, mas dele só foi tus abrilhantou numerosas festas aviató-
construído um protótipo que voou expe- rias brasileiras, atraindo sempre a atenção
rimentalmente, vendido à cap em 1943. do público com suas linhas elegantes. Em
A Seção trabalhou também na execu- 1949 foi levado à cidade de São José dos
ção e prova do planador ipt-6 Stratus, Campos, onde participou e venceu o pri-
construído inteiramente com madeiras meiro Concurso Brasileiro de Vôo a Vela.
nacionais, como o guapuruvu, o freijó e o E foi sua presença que incentivou a cria-
pinho do Paraná. Projetado por João ção do cvvcta – Clube de Vôo a Vela do
Lepper e incorporado pela Seção, o Stra- Centro Técnico Aeroespacial”.13
tus foi um planador de alto rendimento Mais dois projetos de aviões come-

78  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  79
Nos anos finais da guerra foram rea- Carta do Ministério
da Aeronáutica ao
lizados uma série de estudos, alguns em
IPT solicitando que
seqüência aos anos anteriores, entre eles: um sargento da
estudo especial de cabos de comando (foi Base Aérea de São
Paulo, especialista
estudado e construído um dispositivo
em manutenção e
especial visando-se testar a “fadiga” dos reparo de hélices,
cabos empregados); forma de pneumático estagiasse na Seção
de Aeronáutica, 1943
çaram a ser desenvolvidos na Seção nos para o Paulistinha; estudo de um eventual
anos finais da guerra. O ipt-8, de onze substituto para o freijó; estudo e forneci-
lugares, e o ipt-9 seriam bimotores para mento de molas de aço especial; secagem
transporte civil e ligação militar, cujo de- de madeira em estufas e estudos de apli-
senvolvimento foi incentivado pelo Minis- cações especiais de material plástico em
tério da Aeronáutica nos anos de 1944 e ligações de asas e fuselagens. Em 1943
1945. Mas embora os dois aviões estives- Frederico Brotero publicou “Alguns da-
sem em fase de construção do protótipo, dos sobre Plásticos em Aviação”.14
ambos os projetos foram abandonados Na Oficina de Carpintaria foram re-
pelo governo federal. alizados consertos de aviões e de plana-
dores. A Seção colaborou com os Fundos
estudos e fornecimentos de itens Universitários de Pesquisa para a Defesa
no final da guerra Nacional, construindo e aperfeiçoando
aparelhos auxiliares de instrução de vôo
Nos anos de 1943 a 1944 foram (sob orientação de Jayme Americano)
realizados projetos variados de eslotes, para treinamento de pilotos.
flapes, comandos para vários protótipos; Em 1944 a Seção estava trabalhando
ensaios de amortecedores visando com pesquisa, desenvolvimento de proje-
melhorias no projeto de trens de pouso; tos de aviões e uma série de itens ensaia-
desenvolvimento da teoria da asa finita dos e fabricados. Entre os itens fornecidos
e sua aplicação ao cálculo; banco de estavam quatro hélices para o motor
provas para motores bmw de 650 hp; Continental à Companhia Aeronáutica
processo simplificado para o cálculo Nacional, encomendadas pela Diretoria
de hélices modelo ipt-9; cálculo de seis de Aeronáutica Civil, no Rio de Janeiro.
hélices novas e projeto e execução de um Em maio de 1945 o ipt forneceu 10 cha-
carrinho abastecedor de gasolina para pas à Escola Técnica de Aviação, do Mi-
campo de aviação. nistério da Aeronáutica. As chapas foram

80  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  81
Carta do Ministério da fornecidas também à Diretoria de Aero- indústria privada de fabricação de hélices,
Aeronáutica remetida
náutica Naval / Depósito de Aeronáutica em São Paulo e no Rio de Janeiro, fomos
pelo tenente-coronel
aviador engenheiro do Galeão e à Base Aérea de São Paulo obrigados a restringir o nosso campo de
Casimiro Montenegro (4ª Zona Aérea, 1945). Em 1944, o Par- ação, visto não haver interesse nem inten-
Filho, solicitando
que da Aeronáutica dos Afonsos solicitou ção do ipt na concorrência comercial de
mais detalhes
técnicos ao IPT para ao ipt 1.300 chapas de contraplacado. produtos manufaturados”.15
um levantamento Trabalhos em 1945: projeto, cálculo e Foram fornecidos plásticos para uso
da “Mobilização
início da construção do ipt-10, de cinco em estruturas de aviões, realizadas repa-
Industrial” do País
durante a Segunda lugares; cálculo parcial e execução do rações de hélices e reforma de motores. O
Guerra Mundial, 1944 ipt-0 Bichinho, e ensaio do avião; cálculo engenheiro Aldo Andreoni assumiu a Se-
e execução do novo flap para planador do ção de Madeiras, já que Armando Vieira
biplace Jaraguá ipt-5 e modificação em foi trabalhar em uma fábrica de contra-
sua cabine de comandos; molinetes para a placados no Vale do Rio Doce.
Vasp (motor p&w 1.200 hp); estudo e de-
senho de pequeno túnel com finalidade de aulas práticas
instrução para o Fundos Universitários de
Pesquisa; cálculo de cinco novas hélices Todas as Seções do ipt eram respon-
(Heath Parasol, Bichinho, Fiat g-2, Pla- sáveis por aulas práticas da Escola Po-
nalto 100 e Aeronca), projeto parcial de litécnica, e anualmente haviam turmas
pequeno motor de três cilindros; ensaio que estudavam e estagiavam na Seção de
para determinação do módulo de elastici- Madeiras. Dessa forma, havia um per-
dade ao cisalhamento de contraplacado; manente fluxo de alunos e professores da
estudo e ensaio sobre funcionamento da Poli na Seção de Madeiras e Aeronáutica
borracha como amortecedor; trabalhos e muitos alunos participaram de impor-
de cooperação com a Seção de Madeiras tantes desenvolvimentos dos projetos ae-
(estufa e estudo sobre propriedades me- ronáuticos.
cânicas das madeiras em relação ao peso Em 1944, as bolsas de estudo da Seção
específico), revisão geral do cálculo do (“Julio Pignatari” e “Clay Amaral”) fo-
avião Junior ipt-7. ram concedidas a João Paulo Dias, Paulo
Em 1945 foram fabricados dois mo- Saraiva de Toledo, Otávio Gaspar S. Ri-
linetes para ensaio de motores, mas a cardo e Nedo Eston de Eston. Quatro
fabricação de hélices seria reduzida dali alunos bolsistas trabalharam na Seção em
em diante. Conforme o relatório de 1945, 1945 por meio das bolsas: Nedo Eston
“devido ao desenvolvimento tomado pela de Eston, Hélio José Rolim Leme, Walter

82  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  83
Documento de Piloto e instrutor João
homologação do Lepper se prepara
IPT-7 Junior, assinado para vôo no IPT-6
por Casimiro Stratus, 1944
Montenegro Filho,
1945

Engracia de Oliveira e Tharcisio Cintra Seção mantinha os estudos de madeiras


Franco; além deles prestou serviços o alu- nacionais e realizava ensaios para a
no Breno B. Junqueira. indústria ferroviária, moveleira e náutica,
Com a consolidação da Seção, o ipt como o projeto de um pequeno navio de
cuidou da informação e de sua difusão. madeira a motor. Em 1945 o programa
Romeu Corsini preparou e publicou de estudos de madeiras nacionais foi
o Dicionário de termos aeronáuticos, encerrado, com uma tabela abrangendo
editado pela Gazeta em 1945, que 250 toras, publicada no Boletim n° 31 do
teve a colaboração de Nedo Eston ipt. Ao final da Segunda Guerra Mundial,
de Eston. A Seção reorganizou o seu a Seção de Madeiras e Aeronáutica vivia
fichário, classificou todos os artigos das um período de intensas atividades, com
revistas técnicas de Aeronáutica no ipt uma capacidade tecnológica instalada
e traduziu e colecionou regulamentos e para trabalhar em várias direções no
dados técnicos estrangeiros. Além das desenvolvimento da indústria aeronáutica
pesquisas e da fabricação aeronáutica, a nacional.

84  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  85
Capítulo 5 O pós-guerra e a reorganização
da indústria aeronáutica no Brasil

A
o fim da Segunda Guerra Mun- – evidência plena da importância que a pág i n a a n t e r i o r

Prédio do Instituto de
dial, o Brasil possuía um peque- aeronáutica tinha no ipt e nos planos do
Pesquisas Tecnológicas,
no, mas significativo, parque governo do Estado de São Paulo. ao lado da Escola
industrial aeronáutico, capaz de fabricar As empresas do setor no País eram: Politécnica, no bairro
do Bom Retiro, onde
pequenos aviões civis para uso comercial Companhia Aeronáutica Paulista e Fá-
a Seção de Madeiras,
e treinamento militar, necessitando, no brica de Hélices Cruzeiro, em São Paulo; depois Seção de
entanto, da importação de alguns itens Companhia Nacional de Navegação Madeiras e Aeronáutica
e, por fim, Divisão de
como motores e instrumentos de bordo Aérea e Fábrica do Galeão, no Rio de
Aeronáutica, funcionou
– já que as iniciativas locais neste campo Janeiro; Fábrica Nacional de Motores, na entre os anos de 1934
não prosperaram. Baixada Fluminense; Fábrica Nacional de e 1957

O ipt manteve-se plenamente em Aviões, em Lagoa Santa, além das insta-


atividade na segunda metade dos anos lações semi-industriais de hélices e con-
1940, apesar do revés da indústria aero- traplacados do ipt. Todas estas fábricas e
náutica no País. Projetou vários novos laboratórios dependiam, evidentemente,
planadores e aviões e manteve inúmeras do apoio e das compras governamentais.1
linhas de pesquisa e ensaios. Em 1948 a Os aviões civis fabricados em série no
Seção passou a Divisão, encampando a País eram o Paulistinha cap-4, Planalto
Seção de Madeiras, e tornou-se uma das cap-1, Carioca cap-5, Planalto cap-3, to-
quatro grandes Divisões do ipt, além de dos da Companhia Aeronáutica Paulista
Construção Civil, Metalurgia e Química e com participação importante do ipt, e

86  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  87
hl-1 e hl-6, da Companhia Nacional de que o nacional ficaria mais barato, espe- Quadro com as
fotografias e nomes
Navegação Aérea.2 O ipt-0 Bichinho e o cialmente se levado em conta o custo de
dos funcionários que
ipt-7 Junior estavam homologados e a es- transporte. Mas, apesar da capacidade trabalharam na Divisão
pera de serem fabricados industrialmente. instalada e do apelo econômico do pre- de Aeronáutica do IPT,
entre 1940, quando a
Segundo Brotero, grande parte dos aces- ço, no imediato pós-guerra, escreveu
Seção de Aeronáutica
sórios já era fabricada no País, tais como ele, “é pouco provável que consiga a foi oficialmente criada
hélices, tela, contraplacado, pneumáticos, nossa pequena e engatinhante indústria junto à de Madeiras, e
1960, quando já estava
dope, vernizes, tintas, parafusos, colas e aeronáutica sobreviver à concorrência
incorporada à Diretoria
outros itens. As madeiras mais utilizadas, estrangeira a não ser que a ela sejam pro- de Aeroportos. No
para estrutura e asas, eram constituídas porcionados alguns elementos de auxílio topo os engenheiros
Frederico Abranches
de freijó, pau-marfim e pinho (para con- e defesa”.
Brotero e Romeu
traplacado), todas estudadas pelo ipt. Segundo Brotero, os requisitos para a Corsini, os dois
Em relação aos motores, a fnm, criada manutenção de uma indústria aeronáu- diretores da Seção e
Divisão de Aeronáutica
em 1943, tinha capacidade instalada para tica no País seriam: garantia de venda
do IPT ao longo de sua
fabricá-los, mas não chegou a produzi- de um número mínimo de unidades por história
los. Em Curitiba, a Fábrica de Viaturas do ano, entre 200 e 300 aviões, comprados
Exército fabricou dois motores no País na pelo Ministério da Aeronáutica, e dis-
primeira metade dos anos 1940, que vo- tribuídos com subvenção aos aeroclu-
aram em dois Paulistinhas, entre Curitiba bes; padronização dos itens fabricados,
e Rio de Janeiro. Apesar de sua potencial fixação da potência dos motores e dos
capacidade, também não chegou a fabri- protótipos; financiamento da produção
car motores industrialmente.3 A Fábrica e criação de uma comissão organizadora des campos de experiência se abrem no público era essencial para viabilizar uma
de Lagoa Santa também não obteve su- ligada ao Ministério da Aeronáutica. Em momento à técnica e ao desenvolvimento empresa no País, não somente pelo fato
cesso e passou ao Grupo Pignatari, que síntese, uma decisão do governo, por da ciência aeronáutica: o helicóptero, o de que a aviação militar possuía uma fro-
concluiu a montagem de 81 Fairchild meio de compras diretas e crédito, de motor de reação e o baseado na energia ta quase duas vezes maior do que a avia-
pt-19 Cornell até 1951. tornar este setor prioridade do Estado atômica. Tudo leva a crer serem esses os ção civil, como também porque a maioria
Em “Plano de Organização da Indús- e normas para padronizar a indústria e rumos que alterarão profundamente a das aeronaves civis eram compradas pelo
tria Aeronáutica Brasileira”4, apresentado permitir melhor aproveitamento da fa- arte de voar, no futuro”.5 governo para distribuição aos aeroclubes.
ao Instituto Brasileiro de Aeronáutica e bricação seriada. Um dos principais obstáculos ao de- Durante a Segunda Guerra Mundial foi a
publicado em 1946, Frederico Brotero Ao mesmo tempo em que discutia os senvolvimento da indústria aeronáutica mobilização desse poder de compra que
descreve a capacidade da indústria na- entraves concretos à instalação de uma nacional era o fato de que os aviões propiciou o surgimento e crescimento das
cional aeronáutica brasileira e compara, indústria, Brotero era um observador das produzidos no País concorriam com os empresas nacionais. Findo o conflito, a
inclusive, o preço final de um avião fabri- tendências no setor, conforme registrou importados sem proteção alfandegária, política mudou e o governo deixava de
cado no País a um importado, concluindo no mesmo texto de 1945: “Três gran- escreveu Viegas: “O acesso ao mercado fomentar a indústria aeronáutica através

88  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  89
de encomendas. Por outro lado, o Mi- de Lagoa Santa, que a cap assumira. A seria utilizada como suporte técnico a federal em 1946 para montar um institu-
nistério da Aeronáutica concentrava sua Companhia Nacional de Navegação Aé- Seção de Aeronáutica do ipt. to no Brasil.
atenção na criação do cta”.6 rea praticamente encerrou as atividades As propostas de Brotero, de 1946, e
também em 1948. as de Corsini, de 1949, têm vários pon- o ipt pós-1945
“colapso quase total” e um plano A Campanha Nacional de Aviação tos em comum, partindo da premissa de
de reerguimento manteve-se até o fim da década de 1940, que o País tinha capacidade tecnológica A Divisão de Aeronáutica continuou
após o que deixou de comprar aviões e instalada em praticamente todos os cam- suas atividades na segunda metade dos
Quatro anos depois do fim da Segun- garantir o funcionamento das fábricas pos da indústria aeronáutica e de que anos 1940, após o fim da Segunda Guerra
da Guerra Mundial, o panorama havia nacionais. Segundo Pereira de Andrade, era importante ter uma indústria nacio- Mundial, com novos projetos de aviões, a
mudado e os receios de Brotero se concre- “tanto para a Companhia Aeronáutica nal neste setor. Para ambos, o fator cha- fabricação de hélices (em menor escala),
tizaram. A indústria aeronáutica do País Paulista como para a Companhia de Na- ve que definiria o sucesso de uma indús- contraplacados, ensaios e, agora também,
encontrava-se em um estágio de parali- vegação Aérea, a Campanha Nacional tria aeronáutica era a garantia por parte participação no planejamento de aeropor-
sia, especialmente após o fechamento da de Aviação funcionou primeiro como do governo, no caso o Ministério da Ae- tos e questões que envolviam o tráfego
Companhia Aeronáutica Paulista em de- mola propulsora e, depois, como freio ronáutica, de encomenda e compra anu- aéreo, conforme veremos no próximo
zembro de 1948. “Com a paralisação das destruidor”.8 A Fábrica Nacional de Mo- al de um número de aeronaves que desse capítulo.
atividades da cap, sofre a indústria aero- tores, no Rio de Janeiro, não chegou a a base de sustentação da indústria. Para Em 1946, foram fabricadas 18.831
náutica um colapso quase total. Esse fato produzir motores para aviões e foi trans- ambos, se a solução fosse a de mercado chapas de contraplacado, 82 hélices para
significa para nós um retrocesso na ati- formada em indústria automobilística. A o País ficaria sem indústria e a demanda motores Franklin e Continental de 65 hp
vidade aeronáutica de cerca de dez anos Fábrica do Galeão tornou-se um parque seria resolvida por meio da importação, e 26 hélices para diversos tipos de mo-
pelos seus efeitos imediatos e remotos”, aeronáutico de manutenção e reparo na especialmente devido à abundância e tores; molinete para a Vasp para ensaio
escreveu Romeu Corsini em 1949, ao década de 1950. baixo preço da oferta internacional. de motores Pratt & Witney de 1.200 hp,
apresentar um projeto de “Reerguimento Mas Romeu Corsini, a exemplo de Contemporaneamente a esta discus- realizadas três secagens em estufa e 48
da Indústria Aeronáutica Nacional”, no Frederico Brotero, apresentou um plano são, foi estabelecido no Rio de Janeiro revisões e reformas de hélices.
2° Congresso Nacional de Aeronáutica, detalhado para o reerguimento da in- o Instituto Tecnológico da Aeronáutica A Seção apresentou ao ministro da Ae-
depois publicado na Revista Politécnica.7 dústria aeronáutica nacional, centrado – ita, em 1947, transferindo-se para São ronáutica uma proposta de estudo e cons-
A cap chegou a produzir em 1947 um em uma empresa que desse continuidade José dos Campos (SP) três anos depois, trução de um protótipo de treinamento
total de 207 unidades do Paulistinha e à cap. Para ele, deveria ser organizada em 1950.9 Depois foi fundado o Centro avançado, ipt-11, apelidado “Bichão”,
dez unidades do Carioca cap-9, mas não uma sociedade anônima que faria um Tecnológico da Aeronáutica – cta. O aproveitando elementos do protótipo Bi-
conseguiu lançar com êxito um avião bi- contrato com o Ministério da Aeronáu- criador do ita foi o engenheiro e oficial chinho (o ipt-10 foi apenas um plano que
place, que estava sendo demandado pelo tica. Este contrato incluiria os seguintes da Aeronáutica Casimiro Montenegro não chegou à conclusão do projeto); mas
mercado, e não resistiu à concorrência itens, entre outros: compra pelo Minis- Filho. O projeto de criação começou o projeto não foi levado adiante. Também
das empresas estrangeiras, além de ter tério de pelo menos cem aviões por ano com a contratação do ex-chefe do De- foram projetados os planadores ipt-12
havido desentendimentos com o governo (sendo que no primeiro ano seriam Pau- partamento de Engenharia Aeronáutica Caboré (e sua variação, o ipt-12a) e o
federal sobre a administração da Fábrica listinhas) e, para não onerar a produção, do mit, Richard Smith, pelo governo ipt-14 Marreco, que voou pela primeira

90  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  91
Projeto do IPT-11 combate à geada, baseada na movimenta- Bichinho; revisão de cálculo da estrutura
Bichão
ção do ar por meio de hélice própria acio- do Bichinho; estudo de novas estruturas
nada por motor de aviação; ensaio sobre de madeira e mistas aplicáveis à constru-
fadigas em juntas coladas; estudos sobre ção aeronáutica.
ligações de peças de madeira; ensaios Em 1947 foram fabricadas 21.085
com instrumentos de bordo; colaboração chapas de contraplacado e 27 hélices,
técnica na reconversão de avião Douglas sete hélices foram reparadas e um moli-
c-47; medidor de gasolina (estudo e exe- nete fabricado para ensaio de motor de
cução); estudo teórico de pequeno motor explosão. Outros trabalhos daquele ano:
de explosão de dois cilindros, quatro tem- continuação do bimotor ipt-9; conclu-
pos, refrigerado a ar; novo berço para o são do protótipo do planador ipt-12 e

vez em 1950; ambos serviram a testes de húngaro, trabalhou no ipt entre 1949 e
projeto e de madeiras para construção. 1951. Do ipt-12 e do ipt-13 foram cons-
O ipt-12 era um pequeno planador mo- truídos protótipos.
noplace, que poderia ser rebocado por Em 1946 foram realizados os seguintes
pequenos aviões de turismo de 65 hp, o trabalhos: continuação lenta do bimotor
que facilitaria a prática do vôo a vela no ipt-9 (iniciado em 1945); execução de
País. Também foi projetado o monomotor um segundo protótipo do Bichinho para
biplace ipt-13 Banana (considerado um estudar a aplicação de motores de cilin-
“Bichinho” alongado); os dois últimos dros opostos de 65 hp e experiências de
eram projetos de Silvio de Oliveira. vôo no avião, que estava em processo de Projeto do IPT-13
Joseph Kovacks, engenheiro aeronáutico homologação; cálculo de instalação para Banana

92  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  93
Protótipo PP-ZPA do Projeto do IPT-14 Marreco
IPT-0C Bichinho, avião
que foi homologado
em 1947

ensaios de vôo; reforma no Bichinho pp- aviões no Brasil. Difíceis e complicados.


zpa para adaptação de motor continental A Seção de Aeronáutica do Instituto de
de 85 cf; construção de barcos, sendo Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
quatro catraias e uma lancha; reforma de não escapou a essas dificuldades. Mas
dois planadores do cpp para competirem se elas complicaram seu trabalho, não
na Semana da Asa de 1947; entelagem e desanimaram sua equipe”. Estavam em
pintura do Stratus ipt-6; execução de má- andamento diversos estudos de projeto,
quina de espalhar cola; cálculo completo tais como: “o desenho de novos tipos de
do Bichinho ipt-0 para homologação; flaps para aeronaves leves, novos modelos
anteprojeto do campo de aviação do Bu- de slots, modificações nos comandos de
tantã e desenho de projeto de instalação aeronaves já existentes e pesquisas sobre
de contraplacado para o Instituto Nacio- amortecedores para trens de aterrissagem
nal do Pinho. de aeronaves de pequeno porte, preven-
Conforme Pereira de Andrade: “Os do, inclusive, o amplo uso da borracha.
anos de após guerra foram difíceis para Igualmente em estudo, e naquela mesma
todos aqueles que tentaram produzir época, novos processos para a constru-

94  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  95
contraplacada, destinadas à construção Walfredo Pereira Jr.); Aeronavegação fomento e desenvolvimento da aviação
de aviões. Valiosas informações foram (Walter E. de Oliveira); Meteorologia comercial e civil”.11
assim obtidas. E para não ficar atrás dos (Breno A. B. Junqueira); Aeromotores Em discurso de instalação do conselho,
últimos progressos da tecnologia aero- (Tharcisio C. Franco); Legislação Aero- Brotero afirmou: “O advento do avião
náutica, o ipt também iniciou pesquisas náutica (Murilo V. Maringoni); Prática como meio regular de transporte em todo
visando ao emprego do plástico na cons- de Motores e Prática de Aeroplano o mundo e a importância que essa forma
trução de aeronaves, sozinho ou como (Silvio de Oliveira). A primeira turma de atividade assume cada vez mais na
cobertura externa de chapas de madeira. teve 14 alunos. Os alunos bolsistas em vida humana acarretam uma série de pro-
Nada menos que 11 tipos novos de hélice 1947 foram Breno Augusto Botelho blemas técnicos e administrativos, de cuja
foram calculados, construídos e testados Junqueira, Tharcisio Cintra Franco, solução eficiente depende em grande parte
pela equipe do ipt no período 1947/52. Alcio Orlandi, Murilo Vilaça Maringoni, o futuro das nações”.12
E graças a tais estudos foi possível esta- Walter Engracia de Oliveira. Entre as questões colocadas estavam
belecer novo método simplificado, para a necessidade de realizar estudos e pare-
calcular o rendimento ótimo das hélices. o conselho estadual de ceres sobre obras relativas à construção
Estudou-se também a construção de um aeronáutica civil e à reforma de aeroportos do Estado,
banco de provas para motores aeronáu- um programa de expansão e desenvol-
ticos bmw de 650 hp, e construíram-se Em 16 de abril de 1947, o governa- vimento do transporte aéreo, de carga e
molinetes para motores aeronáuticos nor- dor do Estado criou o Conselho Esta- de passageiros (podendo o Estado operar
te-americanos p&w. Dois pequenos moto- dual de Aeronáutica Civil, um órgão de diretamente ou estimular empresas parti-
res de aviação, de 3 e 2 cilindros, foram orientação formado por técnicos espe- culares), estimular e consolidar as ativida-
projetados e estudados”.10 cializados, subordinado à Secretaria da des dos aeroclubes, aviação particular de
Viação e Obras Públicas. Foi nomeado turismo e táxi-aéreo, construção, reparo e
curso no aeroclube e bolsas presidente Frederico Brotero e o repre- manutenção de aviões, pesquisas científi-
no ipt sentante do ipt era Romeu Corsini. O cas e tecnológicas e aplicação do avião na
Conselho foi criado “considerando a im- agricultura. Entre as questões mais im-
Foram atendidas várias consultas portância atual dos problemas referentes portantes a serem tratadas estavam a de
técnicas de aeroclubes de São Paulo e ao transporte aéreo, relativos não só à construção de um aeroporto condizente
Carta da Fábrica do ção de estruturas monocoques de aviões, do interior. O ipt passou a dar curso de necessidade de criação e manutenção de com São Paulo ou a ampliação de Congo-
Galeão solicitando
cavernas de madeira laminada e novos monitores, com aulas teóricas e aplicadas uma rede estadual de aeroportos e infra- nhas, além da construção de um aeropor-
apoio técnico para
sua fábrica de sistemas para avaliar o dimensionamento no Aeroclube de São Paulo. Dirigido por estrutura adequada, como também ao to de turismo para aviões particulares.
contraplacados, 1951 da superfície de cauda dos aviões. Deze- Romeu Corsini, tinha o seguinte progra-
nas de testes foram feitos nos laboratórios ma: Aerodinâmica (ministrado por Nedo
do ipt, visando determinar a resistência Eston de Eston); Teoria do Vôo e Prática
ótima para peças e chapas de madeira de Instrução (Romeu Corsini e instrutor

96  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  97
Maquetes de protótipos da Seção de Aeronáutica do IPT

98  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  99
Capítulo 6 Projetos de aeroportos, o avião a jato
e o fim da Divisão em 1957

A
partir do final dos anos 1940 e portos e pistas de pouso que permitissem pág i n a a n t e r i o r

O Paulistinha
na década de 1950, engenheiros criar uma norma aeroportuária brasileira.
no Museu de
da Divisão de Aeronáutica do “No início da era aeronáutica, foram Aeronáutica, no
ipt começaram a realizar trabalhos sobre utilizados como campos de pouso espaços Parque do Ibirapuera,
em São Paulo
projeto e planejamento de aeroportos. abertos já existentes, como por exemplo
Após a Segunda Guerra Mundial, a avia- hipódromos, campos de futebol, praias e
ção civil conheceu um aumento exponen- velódromos. As características dos apare-
cial, especialmente com a construção de lhos de então e as finalidades puramente
centenas de pistas de pouso e aeroportos esportivas das exibições, que constituíam
ao redor do mundo. praticamente as únicas atividades avia-
“O emprego do avião como meio de tórias, explicam o aproveitamento e a
transporte, cada vez mais se transforma adaptação dessas áreas já preparadas e
no Brasil em hábito regular, mesmo nos dispondo de certas comodidades para o
mais remotos rincões, perdendo o caráter público”2, escreveu Brotero. Na capital
de aventura ou esporte arriscado, para se paulista, os lugares mais populares de exi-
impor como modalidade de comunicação bição aeronáutica eram o antigo Velódro-
tão indispensável e normal como a estra- mo, o Hipódromo da Mooca, as praias de
da de ferro ou a rodovia”, escreveu em Santos, o bairro de Indianópolis, campos
1951 Frederico Brotero1, defendendo nor- de futebol e terrenos limpos com 200 a
mas e padrões para a construção de aero- 400 m de comprimento.

100  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  101
Detalhe da papelaria
Após a Primeira Guerra Mundial, Cumbica, sede da Base Aérea de São Pau- Artigos de Frederico
do IPT, com endereço
Brotero de 1950;
postal e telefone prossegue Brotero, “as características dos lo. Frederico Brotero, em seus estudos que
a Divisão de
aparelhos, profundamente alteradas de- incluíam uma série de variáveis, de regime Aeronáutica produziu
vido às necessidades militares, bem como de ventos a topografia, de tráfego de pas- vários artigos
sobre localização
as primeiras tentativas de uso do avião sageiros a distâncias dos centros urbanos,
e construção de
como transporte comercial de pequenas propôs um amplo sistema de aeroportos aeroportos, regime de
Logotipo da Seção de cargas e passageiros, trouxeram a necessi- para o Estado de São Paulo. ventos e itens como
estudos de tráfego
Aeronáutica dade de campos de pouso com essa finali- Com o fim da Segunda Guerra Mun-
aéreo
dade exclusiva; muito diversos, é verdade, dial ocorreram ao mesmo tempo uma
do que se considera hoje como um aero- expansão na utilização do avião no País
porto, pois as aeronaves e as condições e um relativo refreamento no desenvolvi-
de sua utilização eram ainda bastante mento da tecnologia e da indústria, con-
modestas em suas exigências, comparadas forme vimos no capítulo anterior. Havia
com as da situação atual”. uma imensa sobra de aviões em vários
Nos anos 1947-49, o Aeroporto de países que podiam ser comprados a baixo
Selo comemorativo
Congonhas foi ampliado, menos de uma custo e isso desestimulou a indústria na-
do cinqüentenário
do primeiro vôo do década após a sua inauguração, em 1936, cional, que deixou de ter o apoio dos go-
14-Bis, em 1956 com uma primeira pista de pouso para vernos estadual e federal. O fim da guerra
vôos entre São Paulo e Rio de Janeiro, também significou um refreamento nas
operada pela Companhia Auto-Estrada. urgências militares de armamento impos-
O tráfego aéreo no Aeroporto de Con- tas pelo conflito.
gonhas deu um salto substancial entre os Em 1949 foi inaugurada a pista de
anos de 1939 e 1948, saindo de cerca de 1.200 m e um hangar do Clube Politécni-
3.352 operações e 28.130 passageiros, em co de Planadores na Cidade Universitária,
1939, para 12.783 operações e 140.864 trabalho executado pela Seção de Aero-
passageiros em 1945, saltando para náutica do ipt. Em 1952, a divisão efe-
55.159 operações e 602.476 passageiros tuou os seguintes trabalhos: estudos e en-
em 1948. A estimativa era alcançar mais saios relativos à fixação de pás de hélices
de 140 mil operações em 1955, segundo de madeira laminada aos copos metálicos
um estudo, publicado em 1949, por Viní- da raiz; reforma de rotores de helicóp-
cio Walter Callia, da Divisão de Aeronáu- teros, construção de rotores do conver-
tica do ipt.3 Na segunda metade dos anos tiplano, reforma e adaptação do ipt-0,
1940 o governo já discutia a necessidade colocação de fuselagem e montagem de
de reformar também o aeroporto de dois planadores Olympia e estudo de um

102  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  103
anteprojeto de um planador de alto ren- de Aeroportos. Método Californiano de Semana da Asa e o museu (sob a direção subordinada ao presidente Juscelino Ku-
dimento de escoamento plano.4 Em 1954, Dimensionamento”.7 da Fundação Santos Dumont) seria uma bitschek.
a Divisão de Aeronáutica elaborou um das grandes atrações do Parque do Ibira-
“Relatório parcial sobre a possibilidade o museu da aeronáutica puera, inaugurado em 1954, quando das o projeto de um avião a jato
de produção no Brasil de pequenos moto- comemorações dos 400 anos de fundação
res de aviação”5, questão que continuava Em 1952, por proposta da Diretoria da cidade de São Paulo. Entre os projetos de avião realizados
em aberto. de Aeroportos e despacho do Secretário Em 1953, o engenheiro Romeu Corsini na década de 1950 estava o ipt-15 Besou-
No campo de projeto e construção da Viação e Obras Públicas, o ipt foi in- tornou-se chefe da Divisão de Aeronáuti- ro, um pequeno avião de jato-propulsão
de aeroportos, em 1947 Brotero publi- cumbido de nomear uma “Comissão do ca. Formado engenheiro elétrico na Esco- para treinamento, parceria entre ipt, cta
cou “Localização dos Aeroportos” e, em Museu da Aeronáutica” para projetar, la Politécnica em 1942, Corsini começou (que estava desenvolvendo o motor) e
1950, uma pesquisa sobre “Regime de construir e organizar o Museu da Aero- a trabalhar no ipt como assistente aluno Parque da Aeronáutica de São Paulo. No
Ventos em Congonhas”.6 Em outra área náutica de São Paulo. A comissão era pre- em 1939 e permaneceu até 1942. Nesse ipt, o projeto do avião, iniciado em 1952,
do ipt que também trabalhava neste cam- sidida pelo engenheiro Romeu Corsini. ano, recém-formado e nomeado assisten- estava sob a responsabilidade de Romeu
po, Milton Vargas, chefe da Seção de So- A pedra fundamental foi lançada no te técnico do ipt, completou o curso de Corsini. Em 1953, os estudos e a maque-
Anemogramas los e Fundações do ipt, publicou em 1950 Parque do Ibirapuera em 22 de outubro especialização em Aeronáutica com Clay te já estavam prontos. O ipt aguardava
traçados com
o artigo “Pavimentos Flexíveis para Pistas de 1953, como parte do programa da Presgrave (e teve depois o curso equipa- os recursos para construir uma primeira
observações do
Instituto Astronômico rado a graduação em Engenharia Aero- aeronave. Segundo a revista Aviação Na-
e Geofísico de São náutica). Foi assistente técnico até 1948, cional, “será empregado exclusivamente
Paulo
subchefe da divisão entre 1948 e 1953 e material nacional, exceto duas turbinas
depois chefe da divisão. que serão importadas da França. A ve-
Em paralelo à sua carreira de enge- locidade do aparelho será de quinhentos
nheiro, Corsini era também piloto for- quilômetros horários”.8 O protótipo foi
mado em 1941 pela Escola de Aviação construído e ficou pronto em 1957, mas o
Pedroso e Escola de Aeronáutica de São avião não chegou a voar.
Paulo. Foi um dos fundadores do Aero- Os últimos projetos de avião elabora-
clube Politécnico, presidente do Clube dos pela Divisão de Aeronáutica foram o
Politécnico de Planadores e da Escola de monomotor ipt-16 Surubim, projetado
Aeronáutica de São Paulo (1940-41) e por Kovacs e Silvio de Oliveira, e depois
diretor técnico do Aeroclube de São Pau- assumido pela divisão (e que voou em
lo (1942-48). Nos anos 1950, além da 1959), e o ipt-17 Laminar, último avião
organização do Museu da Aeronáutica, projetado pelo ipt que manteve a sigla
participou da criação da Fundação Santos do instituto no nome. O projeto do La-
Dumont e do Grupo Executivo da Indús- minar ficou pronto em 1954. Segundo o
tria do Material de Aeronáutica, Geima, relatório de 1954: “Tal planador será o

104  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  105
segundo existente no mundo do tipo em Em 1955, entre as pesquisas e os estu- tório parcial sobre a possibilidade de pro- a desativação da divisão de
questão”, com planeio de 1:37, quando dos experimentais, prosseguiu-se no es- dução no Brasil de pequenos motores de aeronáutica
os melhores do mundo tinham então um tudo de aproveitamento da fibra de rami aviação”, assinado por Romeu Corsini,
planeio de 1:25.9 A construção do pla- para obtenção de tela de avião, estudo o ipt avaliava a instalação de uma in- Em 24 de dezembro de 1957, por meio
nador ipt-17 e os primeiros vôos experi- feito em colaboração com técnicos do dústria nacional de motores, acessórios e da Lei n.º 4.490, a Divisão de Aeronáutica
mentais ocorreram em 1955. Instituto Biológico e que estava apresen- instrumentos. Segundo o documento: “Há do ipt foi transferida e passou a ser su-
Ainda segundo o relatório de 1954: tando resultados animadores, prevendo-se reais possibilidades de instalação de uma bordinada à Diretoria de Aeroportos, da
“A coleta de dados resultantes dos en- vantagem no uso daquela fibra em rela- indústria para fabricação de pequenos Secretaria de Viação. A transferência das
saios de vôo com este planador permitirá ção à fibra de algodão. motores de avião em virtude de dificulda- instalações, dos laboratórios, das máqui-
julgar a melhoria da performance, devida Em 1955 o trabalho de construção de de importação decorrente do regime nas e dos equipamentos foi efetivada em
não só ao emprego dos perfis laminares do protótipo ipt-16 estava em fase final, cambial vigente e da demanda existente 1958. Nesse ano, Romeu Corsini assumiu
como também ao acabamento superficial para obter alto rendimento com materiais no País de pequenos aviões, que resolvem a direção da nova Seção de Aeronáutica
conseguido com materiais nacionais. Os brasileiros. Na metade dos anos 1950 foi com rapidez o transporte privado dadas da Diretoria de Aeroportos, depois De-
resultados obtidos servirão de base a no- reduzida a produção de contraplacados as nossas condições geográficas”.11 partamento Aeroviário da Secretaria de
vos projetos, não só de planadores como de aviação por falta de matéria-prima. Frederico Brotero se afastou formal- Transportes e, em 1970, Departamento
também de aviões; o fato mais interessan- Mesmo assim foi experimentada, com mente da Divisão de Madeiras e Aero- Aeroviário do Estado de São Paulo – Da-
te que será investigado é o do compor- bons resultados, a produção de contrapla- náutica em 26 de janeiro de 1955. Em esp, como autarquia. A antiga Seção de
tamento dos perfis laminares, em função cado de alta qualidade a partir de bake- 1956, uma reorganização administrativa Aeronáutica tornou-se Divisão de Pesqui-
do número de Reynolds e do grau de po- lite líquido, tendo sido obtido por dois no ipt criou um total de 42 seções técni- sa e Indústria.
limento superficial que se pode conseguir processos diferentes espessuras de 1 a 3 cas, no lugar das antigas Seções, Divisões Os projetos seguintes de aviões – mes-
na prática”.10 mm, com mesmo padrão das produzidas e Subseções. A Aeronáutica tornou-se a mo ainda tendo como base a infra-estru-
Também foi projetado e dado início com tegofilm. Foi ensaiada a produção de Seção n° 41. Assim, em 1956, ao iniciar-se tura e os técnicos do ipt, sob a direção
à construção de um túnel aerodinâmico contraplacados com resinas cresílicas em a segunda metade da década de 1950, o de Romeu Corsini – foram desenvolvidos
com 0,90 m de diâmetro na câmara de lugar das fenólicas, sem resultados favo- ipt continuava a pesquisar e desenvolver após o encerramento da Divisão de Aero-
ensaio, executado em contraplacado de ráveis naquele ano. tecnologia aeronáutica, cumprindo sua náutica do ipt em 1957 e sua incorpora-
madeira, e a ser acionado com motor de O 3º Congresso Brasileiro de Aeronáu- função de embasar uma indústria pau- ção a outro órgão do Estado – e passaram
10 HP. Seria usado para ensaios de instru- tica, realizado em março de 1955, teve lista e brasileira neste campo. Projetava a ter a sigla sp: o monomotor sp-18 Onça
mentos, calibrações, ensaios qualitativos a participação do ipt com cinco teses: aviões, pesquisava e ensaiava materiais e os planadores sp-19 Galinha, sp-20 e
e também para ensaios de ventiladores. “Produção de motores de avião no Bra- e trabalhava em uma série de outros sp-21 Ganso, mas eram ainda o resultado
Em 1954 foram executados serviços de sil”; “Organização técnica da aeronáutica itens. A criação de uma “nova” Seção de de projetos desenvolvidos pela divisão.
reforma do plástico e blindagem de aço brasileira”, “Aeronáutica nas escolas de Aeronáutica em 1956, entre as 42 novas Na década de 1950 algumas atribui-
inoxidável em pás de hélices de passo engenharia”, “Uso do avião na assistência seções criadas no instituto, evidencia que ções do ipt passaram pouco a pouco
variável, principalmente de aviões Bee- médico-hospitalar no interior” e “Organi- esta área estava perfeitamente em ativida- para o cta e um novo pólo aeronáutico
chcraft Bonanza. zação das escolas de aviação”. No “Rela- de dentro do ipt. foi estabelecido em torno do cta e do

106  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  107
Anos depois de extinta a Divisão,
ita em São José dos Campos. A indústria Enfim, são fatores variados e complexos,
em 1963, os conhecimentos de
aeronáutica conheceria várias iniciativas indagações e interrogações, mais do que aeronáutica do IPT continuavam
nos anos 1950, entre elas a Neiva (de José certezas. sendo requisitados pela CTA

Carlos de Barros Neiva), depois a Avibras Trabalharam na Divisão de Aeronáu-


(1961), a Aerotec (1962) e várias peque- tica, entre 1934 e 1957, os engenheiros
nas indústrias, principalmente em São (a maioria também pilotos) Frederico
José dos Campos e região. Abranches Brotero, Romeu Corsini, Clay
O encerramento da Divisão de Aero- Presgrave do Amaral, Silvio de Oliveira,
náutica do ipt deixa, certamente, inter- Adonis Maitino, Fabio M. Forjaz, Osval-
rogações e indagações a respeito da sua do Fadigas Fontes Torres Jr., Eduardo de
súbita interrupção. A explicação, com a Melo Alvarenga, Otavio Gaspar de Souza
distância que o tempo permite, é possi- Ricardo, Silvio de Aguiar Pupo, o técnico
velmente a combinação de uma série de aeronáutico Paulo Christiano, o encar-
fatores, que passam pela desativação da regado de setor Renato J. A. Molinari,
indústria aeronáutica paulista nos anos o chefe encarregado Geraldo Laurino,
1940; pela abundância de aviões no pós- o instrutor de vôo a vela João Lepper, o
guerra e na década de 1950, o que inibia instrutor de navegação José Parada de
investimentos em pesquisa e construção Oliveira, o piloto de provas Alberto Ber-
nacional; pelo estabelecimento de um telli, o projetista Thomaz Christiano, o
projeto de centro de pesquisa federal, chefe de seção José Cordeiro das Neves,
o cta (e o ita), a partir dos anos 1940 o desenhista técnico Laerte M. Magno
e com pleno sucesso a partir dos anos Ribeiro, o modelista Mario Buonodono,
1950; pela não coordenação de uma polí- o mestres de marcenaria Affonso Lafalce,
tica para o setor entre as esferas estadual os mestre de oficina João Airoldi e Cesare
e federal; talvez pelas trajetórias pes­soais Venturini, os marceneiros Antonio Fonse-
e profissionais de Frederico Brotero e ca, Argemiro Dias de Lima, Julio Masson,
Romeu Corsini dentro e fora do ipt; pela Romeu Barioni e José Antonio Rabelo, o
mudança do ipt para a Cidade Universi- auxiliar técnico Julio Augusto de Abreu,
tária; pelos novos patamares tecnológicos o operador de máquinas João Rosa Filho,
e industriais da aviação e da aeronáutica além do projetista e piloto Orthon Hoo-
nos anos 1950, que exigiriam um repla- ver e de Joseph Kovacs, que trabalharam
nejamento das linhas de trabalho e novos associados ao ipt.
investimentos em laboratórios para ade-
quar-se aos desenvolvimentos da época. ***

108  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  109
epílogo pesquisa tecnológica e fabricação indus- notas
trial neste campo em São Paulo e no País.
A história da indústria aeronáutica Com os planadores e aviões projetados
no Brasil começaria um novo capítulo e construídos, a pesquisa de madeiras, a
com a fundação da Empresa Brasileira de fabricação de hélices e contraplacados,
Aeronáutica – Embraer, em 1970, que se os ensaios e desenvolvimentos de inú-
tornou uma das líderes mundiais em ae- meros itens aeronáuticos, a permanente
ronáutica, a partir da formação de enge- interação com os aeroclubes, os cursos
nheiros no ita, das pesquisas e desenvol- para pilotos e o estágio de alunos de en-
vimento de aviões, como o Bandeirante, genharia da Escola Politécnica da usp e
do cta e de um pólo de desenvolvimento de engenheiros de indústrias aeronáuticas,
aeronáutico em São José dos Campos. A o convênio com a cap e o sucesso do Pau-
Embraer posicionou o Brasil como um listinha, o trabalho de engenheiros, proje-
dos mais importantes fabricantes mun- tistas, técnicos e pilotos e sua participação
Capítulo 1 12. Prado, Antonio Orlando de Almeida. “Vôo a
diais no campo da aviação civil, concor- pública nas discussões e formulações de vela”. Revista Politécnica, jan-fev. 1934, n° 113,
rendo, inclusive, com as gigantes Boeing políticas oficiais neste campo, o ipt esteve 1. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1934. pp. 103 a 105.
Relatórios das atividades das secções: madeiras e 13. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1935.
e Airbus. É uma história única e singular presente de forma central na criação de
aeronáutica 1934-1946. Relatórios das atividades das secções: madeiras e
de exemplar sucesso brasileiro no campo um ambiente e na difusão tecnológica, so- 2. Viegas, João Alexandre. Vencendo o Azul. São aeronáutica 1934-1946.
tecnológico, industrial e comercial. cial, econômica e cultural da aviação e da Paulo, Duas Cidades, 1989, pp. 104 a 108. 14. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1935.
3. Brotero, Frederico. Emprego das madeiras nacio- Relatórios das atividades das secções: madeiras e
Esta história teve início com o primei- aeronáutica. Sobretudo, continuou a dar
naes em aviação. São Paulo, Boletim n° 13 do ipt, aeronáutica 1934-1946.
ro vôo do 14-Bis, de Santos Dumont, em sólidas asas ao sonho de voar e de cons- março 1934. 15. Viegas, João Alexandre. Vencendo o Azul, op. cit.
1906, e menos de três décadas depois, a truir no Brasil uma indústria aeronáutica, 4. Brotero, Frederico. Emprego das madeiras nacio- 16. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero-
naes em aviação, op.cit. náutica no Brasil 1910/1976. São Paulo, Brasilien-
partir de 1934, teve um outro capítulo o que efetivamente o País conquistou,
5. Brotero, Frederico. Emprego das madeiras nacio- se, 1976, p. 58.
fundamental com o início das pesquisas com a efetiva decisão do Estado, ao deli- naes em aviação, op.cit.
na Seção de Madeiras do ipt, que durante near um projeto de desenvolvimento tec- 6. Viegas, João Alexandre. Vencendo o Azul , op. cit. Box capítulo 1
mais de duas décadas esteve no centro da 7. Viegas, João Alexandre. Vencendo o Azul, op. cit.,
nológico e industrial nacional.
p. 117. 1. Meiller, João Luiz e Silva, Francisco I. de Araujo.
8. Viegas, João Alexandre. Vencendo o Azul, op. cit. Meio Século de Tecnologia (1899-1949). Boletim
9. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1934. n° 34. Comemorativo do Cincoentenário do ipt.
Relatórios das atividades das secções: madeiras e São Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
aeronáutica 1934-1946. Estado de São Paulo, 1949.
10. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1934. 2. Torres, Ary F. “Eucalyptus rostrata. Eucalyptus
Relatórios das atividades das secções: madeiras e longifolis”. São Paulo, Gabinete de Ensaio de Ma-
aeronáutica 1934-1946. teriais da Escola Politécnica de São Paulo / Escolas
11. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1934. profissionais do Lyceu Coração de Jesus, 1930.
Relatórios das atividades das secções: madeiras e 3. ipt 100 Anos de Tecnologia. São Paulo, ipt, 1999,
aeronáutica 1934-1946. p. 11.

110  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  111
4. Brotero, Frederico. “Sugestões para o melhor 11. Brotero, Frederico.“Algumas aplicações de madei- uma sub-seção de Aferição de aparelhos de bordo 2. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1943.
conhecimento de nossas madeiras” e “Proprieda- ra” (ii – Madeira para aviação; iii – Alguns dados de aviões”). Relatórios das atividades das secções: madeiras e
des physicas e mecânicas de Peroba Rosa”. lem / sobre a fabricação das hélices de madeira). São 6. Morais, Fernando. Chatô: o rei do Brasil. São Pau- aeronáutica 1934-1946.
Escolas Profissionais do Lyceu Coração de Jesus, Paulo, Boletim n° 19 do ipt, outubro 1938. lo, Companhia das Letras, 1994, p. 392. O autor 3. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1945.
Boletim n° 6, dezembro de 1931. 12. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero- escreve que as estimativas de aviões doados aos Relatórios das atividades das secções: madeiras e
5. Brotero, Frederico. “Estudo dos caracteres physi- náutica no Brasil, op. cit., p. 60. aeroclubes do País variam de 2 a 3 mil aparelhos, aeronáutica 1934-1946.
cos e mecânicos das madeiras”. São Paulo, Bole- 13. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1939. mas este número é baseado apenas em depoimen- 4. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1944.
tim n° 8, lem / Escola Politécnica de São Paulo, Relatórios das atividades das secções: madeiras e tos. Relatórios das atividades das secções: madeiras e
março de 1932. aeronáutica 1934-1946. 7. Viegas, João Alexandre. Vencendo o Azul. São aeronáutica 1934-1946.
6. Pereira, José Aranha. “Contribuições para a Iden- 14. Brotero, Frederico. “Contraplacado para a Avia- Paulo, Duas Cidades, 1989, p. 103. 5. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero-
tificação Micrographica das nossas Madeiras”. ção Nacional”. São Paulo, Separata do Boletim do 8. Vários outros aviões foram projetados pelas náutica no Brasil, op. cit.
Boletim n° 19 / Separata do Anuário de 1933 da Instituto de Engenharia, n° 152, abril/junho 1940. empresas de Lage, sendo o de maior e relativo 6. Corsini, Romeu. “Reerguimento da Indústria Ae-
Escola Politécnica, junho de 1933. 15. Brotero, Frederico. “Contraplacado para a Avia- sucesso uma versão do hl-6 – Cauré e a empresa ronáutica Nacional”. Revista Politécnica, n° 155,
ção Nacional”. São Paulo, Boletim do Instituto de encerrou atividades em 1948. out. 1949.
Capítulo 2 Engenharia, n° 152, abril/junho 1940. 9. Silveira da Mota, Octanny e Bueno, Yolanda 7. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero-
16. Brotero, Frederico. “Dados para a indústria de Rodrigues. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. náutica no Brasil, op. cit,. p. 76. Segundo Andrade,
1. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1939. contraplacados”. São Paulo, Boletim n° 33 do ipt, 50 anos. 1950-2000. São José dos Campos, ita, o verdadeiro autor intelectual da campanha foi
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aeronáutica 1934-1946. 17. Brotero, Frederico. “Dados para a indústria de 10. Brotero, Frederico. Secção de Aeronáutica do Ins- 8. Corsini, Romeu. “Reerguimento da Indústria Ae-
2. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero- contraplacados”. São Paulo, Boletim n° 33 do ipt, tituto de Pesquisas Tecnológicas (Cooperação com ronáutica Nacional”. Revista Politécnica, n° 155,
náutica no Brasil, op. cit. Do mesmo autor, a obra julho 1946, p. 7. a Aviação Civil de São Paulo). R.J., Aviação, 1941. out. 1949.
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São Paulo, Globo, 1997. Relatórios das atividades das secções: madeiras e tituto de Pesquisas Tecnológicas (Cooperação com 10. Silva, Ozires. A Decolagem de um Sonho. A His-
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aeronáutica 1934-1946. São Paulo, Boletim n° 30 do ipt, julho 1942. São Paulo, Boletim n° 30 do ipt, julho 1942. 15. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1945.
7. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1937. 2. Brotero, Frederico. “Secção de Aeronáutica do 15. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero- Relatórios das atividades das secções: madeiras e
Relatórios das atividades das secções: madeiras e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (Cooperação náutica no Brasil, op. cit., p. 54. aeronáutica 1934-1946.
aeronáutica 1934-1946. com a Aviação Civil de São Paulo)”. R.J., Aviação, 16. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero-
8. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1937. 1941. náutica no Brasil, op. cit., p. 63. Capítulo 5
Relatórios das atividades das secções: madeiras e 3. Brotero, Frederico. Secção de Aeronáutica do Ins- 17. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero-
aeronáutica 1934-1946. tituto de Pesquisas Tecnológicas (Cooperação com náutica no Brasil, op. cit., p. 66. 1. Brotero, Frederico. “Plano de Organização da
9. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1937. a Aviação Civil de São Paulo). R.J., Aviação, 1941. Indústria Aeronáutica Brasileira”. São Paulo, ipt /
Relatórios das atividades das secções: madeiras e 4. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1941. Capítulo 4 Separata n° 36 / Revista Velocidade, 1946.
aeronáutica 1934-1946. Relatórios das atividades das secções: madeiras e 2. Brotero, Frederico. “Plano de Organização da
10. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1938. aeronáutica 1934-1946. 1. Seção de Madeiras. Trabalhos realizados em 1942. Indústria Aeronáutica Brasileira”. São Paulo, ipt /
Relatórios das atividades das secções: madeiras e 5. Relatório n° 255 do Instituto de Pesquisas Tecno- Relatórios das atividades das secções: madeiras e Separata n° 36 / Revista Velocidade, 1946.
aeronáutica 1934-1946. lógicas do Estado de São Paulo (“Organização de aeronáutica 1934-1946. 3. Relatório n° 2.248 do Instituto de Pesquisas Tec-

112  Pioneirismo nos Céus a história da divisão de aeronáutica do ipt a história da divisão de aeronáutica do ipt Pioneirismo nos Céus  113
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Separata n° 36 / Revista Velocidade, 1946. roportos da Cidade de São Paulo”. ipt, maio de
5. Brotero, Frederico. “Plano de Organização da 1949.
Indústria Aeronáutica Brasileira”. São Paulo, ipt / 4. Relatório das atividades desenvolvidas em 1952 /
Separata n° 36 / Revista Velocidade, 1946. ipt.
6. Viegas, João Alexandre. Vencendo o Azul, op. cit, 5. Relatório n° 2.248 do Instituto de Pesquisas Tec-
pp. 131 e 132. nológicas do Estado de São Paulo (“Relatório
7. Corsini, Romeu. “Reerguimento da Indústria Ae- parcial sobre a possibilidade de produção no Bra-
ronáutica Nacional”. Revista Politécnica, n° 155, sil de pequenos motores de aviação”).
out. 1949. 6. Brotero, Frederico. “Regime de Ventos em Congo-
8. Andrade, Roberto Pereira de. A Construção Aero- nhas”. São Paulo, Conselho Estadual de Aeronáu-
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créditos de imagens

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Acervo de fotografias: capa e páginas 4, 5, 13, 14, Páginas 17, 29, 31 (esquerda), 46, 48, 49, 50, 56,
20, 21, 24, 25, 29, 32, 34, 35, 37, 38, 40, 42, 44, 57, 61 (de cima), 62, 75, 79, 80, 85, 89, 92, 93,
47, 54, 61 (de baixo), 63, 64, 69, 70, 71, 72, 74, 94, 95, 100, 102.
76, 77, 78.
Acervo de documentos: págs. 58, 59, 81, 82, 84, arq uivo h is tó rico da es co la
96, 109: Caixa de correspondência do ipt com o po litécnica da us p
Ministério da Aeronáutica 1941 a 1943 / 1944 a Páginas 30, 31 (direita), 36 (logotipo), 66, 86.
1945 / 1948 a 1949
Publicações: pág. 19 embaixo: Torres, Ary F. “Estu- biblio teca central da es co la
do de Madeiras. Eucalyptus rostrata. Eucalyptus po litécnica da us p
longifolis”. São Paulo, Gabinete de Ensaio de Páginas 16, 18 e 26 e as seguintes:
Materiais da Escola Politécnica de São Paulo / Pág. 28: Prado, Antonio Orlando de Almeida.
Escolas profissionais do Lyceu Coração de Jesus, “Vôo a vela”. Revista Politécnica, jan-fev. 1934,
1930, p. 4. n° 113, p. 102.
Pág. 19 em cima: Brotero, Frederico A. Sugestões Pág. 36: Brotero, Frederico A. “Um Pequeno
para o melhor conhecimento de nossas madei- Avião de Construção Nacional”. Revista Politéc-
ras” e “Propriedades physicas e mecânicas de nica, nov./dez./ 1939 – jan./fev. 1940, n° 133.
Peroba Rosa”. lem / Escolas Profissionais do Pág. 52: Corsini, e Amaral, Julio. “Elementos de
Lyceu Coração de Jesus, Boletim n° 6, dezembro Técnica do Avião”. Revista Politécnica, n° 138,
de 1931, p. 30. março-abril 1941 / n° 137, jan./fev. 1941, p. 186. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
Pág. 43: Brotero, Frederico A. “Contraplacado (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
para a Aviação Nacional”. São Paulo, Boletim As vinhetas do capítulo 1 foram retiradas de Eston Pioneirismo nos céus: a história da Divisão de
do Instituto de Engenharia, n° 152, abril/junho de Eston, Nedo e Corsini, Romeu. Dicionário de Aeronáutica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo (1934-1957) / pesquisa histórica
1940. termos aeronáuticos. São Paulo, Gazeta, 1945. e redação Roney Cytrynowicz. – São Paulo: Narrativa
Pág. 67: Boletim n° 525 do Instituto de Pesquisas Um, 2006.

Tecnológicas do Estado de São Paulo (“Cálculo Bibliografia


de uma hélice”). isbn 85-88065-11-8

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Estadual de Aeronáutica Civil / Secretaria da
06-8183 cdd-629.1300981
Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo,
julho 1950. Índice para catálogo sistemático:
1. Brasil: Aeronáutica: História  629.1300981
Outros: pág. 55: Hélice. 2. Brasil: Aeronáutica: Tecnologia  629.1300981
Págs. 98 e 99: Maquetes de aviões. 3. Brasil: Construção aeronáutica: Tecnologia  629.1300981

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