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Introdução ............................................................................................................................. 2
Conteúdo................................................................................................................................ 4
A previsão constitucional e as leis ordinárias regulamentadoras da matéria ........ 4
Competência para legislar ............................................................................................... 4
Lei nº 9.099/1995 ............................................................................................................... 5
As três normas de sistemas ............................................................................................. 7
Aspectos históricos absolutamente relevantes ......................................................... 10
Procedimento sumariíssimo .......................................................................................... 12
Efetivação de direitos ...................................................................................................... 12
O sistema dos juizados especiais cíveis – características fundamentais previstas
na constituição ................................................................................................................. 13
Juízes togados, ou togados e leigos ............................................................................ 13
Competentes para “causas de menor complexidade” ............................................. 14
Resumindo: Competentes para “causas de menor complexidade”....................... 16
Procedimentos: oral e sumariíssimo............................................................................ 17
Exemplo de procedimentos sumariíssimo ................................................................. 19
Recursos permitidos (apenas) para turmas de juízes “de primeiro grau” ............. 20
Atividade proposta .......................................................................................................... 22
Referências........................................................................................................................... 25
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 26
Notas ........................................................................................................................................... 34
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 38
Aula 1 ..................................................................................................................................... 38
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 38
Objetivo:
1. Conhecer os aspectos históricos fundamentais a respeito dos juizados
especiais, a fim de se compreender, desde logo, o significado e a previsão
constitucional do sistema que o compõem, bem como do conhecimento da
relação entre as leis que o formam e delas com o Código de Processo Civil;
4 - Você pode estar se perguntando: como se dá, enfim, a relação dessas Leis
entre elas próprias? Elas são reciprocamente aplicáveis, formando um
microssistema completo? As Leis n° 10.259/2001 e nº 12.153/2009 alteraram a
Lei nº 9.099/1995, naquilo em que essa seja com aquelas incompatível? A
primeira delas (Lei nº 9.099/95) pode ser tratada como a lei geral dos juizados,
entendida como aquela que traz seus fundamentos básicos e, portanto,
aplicável subsidiariamente às demais. É nela também que estarão os preceitos
específicos aos juizados “comuns”, entendidos como os “não fazendários” (no
plano federal, estadual ou municipal).
Lei nº 9.099/1995
Conheça um pouco mais sobre a Lei nº 9.099/1995:
Lei nº 9.099/1995
“Parte geral” do procedimento Dispositivos aplicáveis somente aos
sumariíssimo. “juizados não fazendários”.
Por exemplo: Artigo 8º, que trata da
Por exemplo: Artigo 2º, que trata dos
capacidade de ser parte naqueles
princípios norteadores.
juizados, e não exatamente nos
THEODORO JUNIOR, 2016, p. 607, por exemplo, assim afirma: “Embora a Lei
n. 9.099/95 seja omissa a respeito, é intuitivo que, nas lacunas das normas
específicas do Juizado Especial, terão cabimento as regras do novo Código de
Processo Civil, mesmo porque o seu art. 318, parágrafo único, contém a
previsão genérica que suas normas gerais sobre procedimento comum aplicam-
se subsidiariamente aos procedimentos especiais e aos processos de execução.
Além disso, o NCPC, em seu art. 1.046, parágrafo 2º, explicita que
permanecem vigentes “as disposições especiais dos procedimentos regulados
em outras leis, aos quais se aplicará supletivamente este Código”. Completa
Nos juizados, porém, tem-se uma situação atípica, qual seja, não será possível
recorrer da decisão a respeito à desconsideração, diante da inaplicabilidade do
art. 1015 do CPC/2015.
Quanto aos prazos processuais, por sua vez, é defendido na doutrina, que se se
considerar como compatível com o Sistema dos Juizados Especiais o art. 220 do
CPC/2015, que prevê a suspensão do curso dos prazos processuais entre os
dias 20 de dezembro a 20 de janeiro. DONIZETTI (2016, p. 796). No Estado do
Rio de Janeiro, porém, por Resolução (número 02/2016, do COJES), foi vedada
a aplicação. Igualmente, lê-se no ENUNCIADO 164 (XXXVIII FONAJE –
Novembro de 2015) que “o artigo 229, caput, do CPC/2015 não se aplica ao
Sistema de Juizados Especiais”.
Aplicação subsidiária
É verdade que deporia contra essa aplicação subsidiária (do CPC) o fato de que
o Artigo 92 da Lei nº 9.099/1995 faz menção específica ao Código de Processo
Penal, citação não repetida em relação ao estatuto processual civil maior. Essa
opção legislativa, no entanto, não é tida por doutrina e jurisprudência como
suficiente a afastar sua aplicação – não apenas pela necessidade prática,
demonstrada ao longo dos anos, mas também porque o próprio legislador
parece ter se “retratado”, já que, no corpo da Lei nº 12.153/2009 (Artigo 27),
frisou, expressamente, a referida aplicação.
Início da década de 80
No início da década de 80, o advogado e secretário executivo do Programa
Nacional da Desburocratização, João Piquet Carneiro, viajou aos Estados Unidos
(EUA), especificamente à Nova York, a fim de melhor conhecer as experiências
internacionais no tratamento de conflitos de baixo valor econômico.
Efetivação de direitos
Você já teve ou conhece alguém que teve o dissabor (e, muitas vezes, ainda
está tendo) de aguardar anos (talvez, décadas) pela efetivação de direitos, os
quais, apesar de reconhecidos pelo legislador, parecem inalcançáveis?
Assim como naquele país, os juízes togados aqui não são dispensados. Os
togados podem, naturalmente, exercer sua condução processual judicante
isoladamente (ainda que auxiliado pelos serventuários), enquanto os leigos
atuarão, necessariamente, com os togados, ou seja, sob sua “direção” e
“orientação”, segundo o que o legislador ordinário previsse.
Lei nº 9.099/1995
Artigo 24 - Para encerrar esse item, não poderíamos deixar de lembrar que,
nesse contexto, a Constituição da República, em seu Artigo 24, X, menciona o
que o dispositivo chama de juizado de pequenas causas, enquanto o Artigo 98,
I (da mesma carta), por sua vez, fala em juizados especiais cíveis.
Procedimento oral
Um modelo processual em que, além da simples prevalência da palavra falada
sobre a escrita, haja postulados em que o juiz dirigente do processo,
verdadeiramente, valha-se da simplicidade oriunda de sua utilização em
detrimento das formalidades dos registros escritos (ratio constituinte). O
processo oral não é, então, apenas um modelo de processo em que se usa
prevalentemente a palavra falada. Trata-se de um modelo processual que,
como ensinava Chiovenda, baseia-se em cinco postulados fundamentais:
• Prevalência da palavra falada sobre a escrita;
• Concentração dos atos processuais em audiência;
• Imediatidade entre o juiz e a fonte da prova oral;
• Identidade física do juiz;
• Irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias.
Procedimento sumariíssimo
Atenção
Não estamos aqui a dizer, portanto, que, no procedimento
sumariíssimo, prevalece a oralidade ou mesmo que isso significa a
preponderância da palavra falada sobre a escrita. A determinação
constitucional dá-se nos seguintes termos: são dois modelos
processuais que devem coexistir em prol de um benefício maior,
isto é, a elevação da efetivação de direitos por intermédio da
elevação do acesso à justiça àqueles cujas lides enquadrem-se
nas “causas de menor complexidade”.
Você sabe, certamente, que não são sinônimos e que, ao se julgar um recurso
contra sentença, não se exerce um primeiro grau de jurisdição. Bem, vamos
entender por que foram relembrados os conceitos anteriormente. Estabelece-se
no Artigo 98, I, da carta de 1988 que eventual recurso que haja será
encaminhado a juízes “de primeiro grau”.
Atenção
Certamente, “grau de jurisdição” e “instância” não se confundem.
Enquanto o primeiro está relacionado com a função exercida,
especificamente, no caso sob análise, o segundo caracteriza uma
“divisão” (ou “classificação”) naturalmente (portanto,
previamente) estabelecida entre os órgãos jurisdicionais, segundo
a atividade que, em regra, prestam.
Atividade proposta
O sistema dos juizados tem um procedimento diferenciado segundo
características próprias impostas pelo legislador ordinário, as quais, certamente,
se por um lado são capazes de ampliar o acesso à justiça e a celeridade, podem
comprometer a segurança jurídica, diante de decisões construídas em uma
relação jurídica processual cujo contraditório e ampla defesa foram mitigados.
Disserte a respeito desse confronto, apresentando elementos que demonstrem
essa mitigação e conclua a respeito de eventual inconstitucionalidade das Leis
nº 10.259/2001 e nº 12.153/2009 ao determinarem a competência absoluta
dos juizados de que tratam.
Porém, devemos saber (ainda que seja, eventualmente, para discordar) que a
ordem jurídica, considerada como um todo, e os tribunais superiores estão
dando legitimidade cada vez mais a instrumentos que sumarizam os processos
em prol da celeridade e tempestividade, ainda que em detrimento da segurança
jurídica (mesmo porque a própria ordem jurídica e os tribunais não concordam
que essa segurança estaria prejudicada).
Referências
CÂMARA, Alexandre Freitas. Juizados especiais cíveis estaduais federais e
da fazenda pública: uma abordagem crítica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2012.
CAMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo:
Atlas, 2015.
CUNHA, Luciana Gross. Juizado especial: criação, instalação, funcionamento
e democratização do acesso à justiça. São Paulo: Saraiva, 2009.
DIDIER JUNIOR, Fred. Curso de Direito Processual Civil, 17 ed. v.1.
Salvador: Jus Podium, 2015.
DIDIER JUNIOR, Fred, BRAGA, Paula Sarmo, OLIVEIRA, Rafael Alexandria.
Curso de Direito Processual Civil, 11 ed. v.2. Salvador: Jus Podium, 2016.
DIDIER JUNIOR, Fred, CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito
Processual Civil, 13 ed. v.3. Salvador: Jus Podium, 2016.
DONIZETTI, Elpidio. Curso didático de direito processual civil. 19 ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
Exercícios de fixação
Questão 1
Questão 2
Clara, pessoa física capaz, propôs ação de indenização por danos morais, no
valor equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos, em face de Cristano,
pessoa física igualmente capaz, perante o juizado especial cível estadual (não
fazendário). Considerando-se o exposto, e eventuais alterações mencionadas
nas respectivas questões, responda: caso a referida ação fosse proposta
perante a Vara Cível do foro do domicílio do Réu, qual seria a resposta correta?
II. O juiz deveria suspender o processo, dando prazo ao autor para que
optasse, expressamente, em prosseguir pelo procedimento comum ou desistir
da ação para, em seguida, propô-la perante o juizado especial cível
competente.
Questão 3
Clara, pessoa física capaz, propôs ação de indenização por danos morais, no
valor equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos, em face de Cristano,
pessoa física igualmente capaz, perante o juizado especial cível estadual (não
fazendário). Considerando-se o exposto, e eventuais alterações mencionadas
nas respectivas questões, responda: tivesse a referida ação valor de causa de
60 (sessenta) salários mínimos (e não 40 salários mínimos, como dito no
enunciado), qual seria a resposta correta?
Questão 4
Questão 5
Questão 6
Questão 7
Questão 8
3. Contra essa decisão, na verdade, não cabia recurso, razão pela qual sequer
deveria ter sido recebido.
2. Essa ação apenas não será considerada como “de menor complexidade”,
caso tenha alguma característica que a exclua da competência dos juizados,
como, por exemplo, necessidade de perícia complexa.
Questão 10
d) O juiz, assim como o arbitro, pode adotar a decisão que reputar mais
justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do
bem comum.
Turmas recursais: Seguem três bons exemplos ilustrados com o CPC e com
enunciados do FONAJE:
I. Aplicação da tutela de urgência, seja de natureza antecipada ou cautelar,
desde que incidental. Respeito, por exemplo, aos arts. 294 e seguintes (CPC)
(exceto os instrumentos precedentes, que não são aplicáveis, como a tutela
antecipada antecedente), considerando-se as necessidades do direito
material, cujos titulares, muitas vezes, não dispõem de semanas ou meses
(eventualmente, nem mesmo de dias) a espera da audiência designada,
como é caso de antecipação de tutela relativa à saúde (para impor, por
exemplo, uma obrigação de fazer à determinada seguradora de saúde e/ou
hospital de autorização e realização de uma cirurgia absolutamente essencial
à vida do paciente-demandante);
II. Permissão de julgamentos monocráticos, nas turmas recursais, de recurso
interposto contra sentença, em aplicação subsidiária do art. 932 (CPC), ao
menos na parte em que permite (e em que termos permite) essa espécie de
decisão – vê-se total adequação dessa possibilidade com os princípios
norteadores, por simplificar e agilizar o trâmite recursal;
III. Aplicação do prazo de 15 dias para pagamento da obrigação de pagar
estipulada em sentença, assim como todo o caput (pelo menos) do art. 523
(CPC), que também estipula a multa de 10 %, caso seja ele (prazo)
desrespeitado.
Questão 2 - D
Justificativa: Seguindo o que já dispunha a Lei nº 7.244/1984, bem como o
próprio modelo previsto nos EUA, a competência dos juizados especiais cíveis
estaduais não fazendários é relativa. É, portanto, opção do demandante valer-
se dele ou, se preferir, utilizar o procedimento comum. E, se assim preferir
(valer-se do procedimento comum), nada poderá o juiz fazer, senão permitir
que o processo prossiga, regularmente, desde que, evidentemente, preencha
os requisitos processuais conhecidos, como condições da ação e pressupostos.
Questão 3 - C
Questão 4 - A
Justificativa: Não há esse microssistema, como apresentado, pela simples razão
de que não existe a reciprocidade de mão dupla prevista no estado dos
processos coletivos. É o que se vê no Enunciado 133 do FONAJE (o valor de
alçada de 60 salários mínimos previsto no artigo 2º da Lei nº 12.153/2009 não
se aplica aos juizados especiais cíveis, cujo limite permanece em 40 salários
mínimos (XXVII Encontro – Palmas/TO).
Questão 5 - C
Justificativa: Nos EUA, apenas pessoas físicas capazes poderiam propor ação
nos órgãos competentes para “pequenas causas”, enquanto nos juizados atuais
determinadas pessoas jurídicas, como microempresas, podem ser autoras, o
que foi feito, justamente, com o propósito de ampliar o acesso à justiça por
intermédio do procedimento sumariíssimo.
Questão 6 - B
Justificativa: A característica presente na alínea B é uma das garantias
constitucionais fundamentais do processo, presente no art. 93, IX, da
CRFB/1988 e, portanto, presente em ambos os procedimentos.
Todas as outras são características apenas do procedimento sumariíssimo.
Questão 7 - A
Justificativa: A possibilidade de transação não ultrapassa questões processuais
de ordem pública, tal como a capacidade. Somente as pessoas físicas capazes e
as jurídicas exclusivamente mencionadas no art. 8º da Lei nº 9.099/1995
podem ser autoras, fato que, se desrespeitado, impõe ao juiz que profira
sentença na forma do art. 51, inciso II, da mesma lei.
Questão 9 - A
Justificativa: Aprendemos nesta aula que as causas são de “menor
complexidade” segundo seu valor e também outros critérios definidos pelo
legislador, como as ações de despejo para uso próprio e as ações mencionadas
no (revogado) art. 275, II, do CPC (sem correspondente no CPC/2015). Assim,
independente do valor, como a lide mencionada no enunciado encontra-se no
art. 3º da Lei 9.099/1995, é considerada como de “menor complexidade” e,
facultativamente, pode ser apresentada ao juizado competente.
Questão 10 - C
Justificativa: Respeita-se o Enunciado 7 do FONAJE (XXXIV ENCONTRO),
segundo o qual a sentença que homologa o laudo arbitral é irrecorrível.
Também é verdade que se deve respeitar, quanto à escolha dos árbitros, o que
dispõe a Lei nº 9.099/1995 e não a Lei nº 9.307/1996, segundo entendimento
doutrinário e jurisprudencial a respeito da matéria. Segundo a Lei nº
9.099/1995 (art. 24), o árbitro será escolhido entre os juízes leigos.