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Muitas vezes, aquilo que chamamos de adversidade, Deus chama de bênção

Erton Köhler

Momentos de crise costumam levantar questões difíceis. Mas elas se tornam


ainda mais desafiadoras quando Deus dá respostas diferentes a situações que
parecem iguais.
Por exemplo: dois membros da igreja enfrentam a mesma doença terminal.
Muitas pessoas oram por eles, que buscam todos os tratamentos e tomam os cuidados
necessários, mas um é curado e o outro acaba falecendo. Ou poderiam ser dois vizinhos
que trabalham na mesma empresa que enfrenta grave crise financeira. Ambos precisam
do emprego e são fiéis a Deus, mas um é demitido e o outro promovido. Naturalmente
surge a pergunta: por que Deus faz milagres para um e não para o outro?

Essas situações contrastantes também existiam nos tempos bíblicos.

O capítulo 12 de Atos apresenta as duas histórias em sequência, evidenciando


ainda mais o contraste.

Os casos de Tiago e Pedro ilustram bem tal realidade. Ambos eram discípulos de
Cristo, tiveram papéis relevantes na igreja cristã primitiva e foram presos por sua fé,
mas Tiago foi brutalmente assassinado, enquanto Pedro foi milagrosamente libertado.

Na ocasião, o rei Herodes decidiu perseguir a igreja. Além de confiscar bens dos
cristãos, mandou prender o líder Tiago e matá-lo à espada. “A morte de Tiago causou
grande dor e consternação entre os crentes”, comenta Ellen G. White. “Quando Pedro
também foi preso, a igreja toda se empenhou em jejum e oração” (Atos dos Apóstolos, p.
144). Como resultado, Deus enviou um anjo, que o libertou milagrosamente (At 12:6-
11).

Por que, em situações tão parecidas, Deus deixou Herodes assassinar Tiago, mas
libertou Pedro? Por que não os tratou da mesma forma?

Ellen G. White nos ajuda a entender os porquês. Segundo ela, Tiago já havia cumprido
sua missão e, por isso, podia descansar, ao passo que “Ele tirou a vida a Tiago, e quando
viu que isto agradara aos judeus, lançou mão de Pedro também, intentando levá-lo à
morte. Mas Deus tinha uma obra para Pedro fazer , e enviou o Seu anjo para libertá-
lo” (Primeiros Escritos, p. 186). Por mais difícil que seja entender, podemos confiar que
Deus sempre tem um plano maior.
Quando vemos respostas tão diferentes para situações que parecem iguais,
precisamos descansar nos dois maiores atributos do caráter de Deus: justiça e amor.

Quem segue a justiça e a lealdade encontra vida, justiça e honra Prov. 21:21

O Fruto da Justiça será paz; o resultado da justiça será tranquilidade e


confiança para sempre. Isaias 32:17

Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do principio


ao fim é pela fé, como está escrito: “O Justo viverá pela fé”. Romanos 1:17

Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando
ainda éramos pecadores. Romanos 5:8
Romanos: 8:38-39 (ler principal)

Talvez não recebamos as respostas que buscamos, mas podemos obter a paz e a
esperança de que tanto precisamos. Lembremos também que Deus usa o tempo para
revelar Suas intenções. Algumas respostas vêm logo. Outras, porém, somente
compreenderemos no futuro ou na eternidade. Não podemos culpar a Deus por
bênçãos que interpretamos como tragédias. Afinal, Ele não nos abençoa só com coisas
positivas. Quando olhamos para a cruz, vemos que a pior forma de
condenação se tornou nosso melhor presente de salvação.
Mesmo que os planos do Senhor não estejam claros para você, continue
confiando em Seu amor, pois “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam
a Deus” (Rm 8:28). “Deus nunca dirige Seus filhos de maneira diversa daquela pela
qual eles próprios haveriam de preferir ser guiados, se pudessem ver o fim desde o
princípio”, afirma Ellen G. White (O Desejado de Todas as Nações, p. 224-225).

ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

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