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É comum que mortes trágicas de personalidades famosas e, notadamente, reconhecidas pelo seu
trabalho provoquem reações diversas nas pessoas. No entanto, quando essas mortes alcançam
pessoas que publicamente se expuseram de alguma forma a afrontar a fé, as crenças e a própria
divindade alheias, a imaginação e as emoções, principalmente das que se sentiram ofendidas devido
a sua fé, parecem ser aguçadas. E isso é bastante perceptível nas redes sociais, quando relacionam,
ou veementemente não relacionam, a morte de tais celebridades como sendo castigo por terem
zombado de Deus. Vimos reações desse tipo na morte de John Lenon, Marilyn Monroe, Bon Scott,
o caso do transatlântico Titanic, Cazuza, Trancredo Neves e, mais recentemente, de Ricardo
Boechat.
Dentre todos os atributos divinos, os que mais são destacados nesse contexto são a justiça e o
amor de Deus. Baseando-se nestes atributos e sendo conduzidos por suas emoções e seu imaginário,
muitos se expressam afirmando que a morte, às vezes inesperada, de alguém que afrontou Deus foi
ocasionada pela aplicação da justiça divina. Ou ainda, que tal morte nunca teria sido resultado do
castigo de Deus, porque Deus é amor. E isso é apenas um resumo muito simplório do que corre por
aí e que envolve até líderes cristãos.
2. Deus aplicou sua justiça em pessoas: podemos citar vários exemplos bíblicos, dentre eles o
dilúvio (Gn 7); a destruição das cidades Sodoma e Gomorra (Gn 19); os profetas de Baal (1 Rs 18);
o casal Ananias e Safira (At 5).
3. Deus agiu com amor as pessoas: podemos também citar alguns exemplos, dentre eles o
livramento Noé e sua família da morte (Gn 7); o livramento de Ló e sua família (Gn 19); o
livramento do bebê Moisés da morte; o livramento do pequeno Davi de um urso e de um leão (1Sm
17) e ao ressuscitar Lázaro (Jo 11). Podemos acrescentar, baseado em Eclesiastes 9.2 e Mateus 5.45,
que Deus abençoa a justos e a injustos/ímpios.
Portanto, concluo que o que cabe a nós como cristãos, nesses casos, é lamentar por uma vida
que se foi e, provavelmente, sem se render aos pés de Jesus, pois a vontade de Deus é que todos
sejam salvos (1Tm 2.4); é chorar com os que choram (Rm 12.15) – os familiares que ficaram; é não
buscar os porquês – creio que, em muitos casos, estes pertençam a Deus –, mas buscar o que esses
acontecimentos devem despertar em nós cristãos. E devem despertar o “Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações...” (Mt 28.19a).
Pr Glauco Pinheiro