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CARVALHO, Anna Maria Pessoa et al.

Pressupostos epistemológicos para a pesquisa em


ensino de ciências. Cadernos de Pesquisa, v. 82, p. 85-89, 1992.

Alunos: Alex Rodrigues da Silva


Disciplina: Metodologia da Pesquisa em Ensino de Ciências: Aspectos Qualitativos
Prof.º Dr. Roberto Nardi

Resenha: Pressupostos epistemológicos para a pesquisa em ensino de ciências

O texto Pressupostos epistemológicos para a pesquisa em ensino de ciências,


escrito por Carvalho et al e publicado pela revista Cadernos de Pesquisa no ano
1992, busca por meio da teoria piagetiana da equilibração, analisar a construção do
conhecimento científico a partir dar concepções alternativas dos alunos e discutir a
função do professor na construção do conhecimento em uma perspectiva
construtivista com atividades investigativas.
A teoria piagetiana aponta que, todo o individuo possui um sistema cognitivo
que funciona por uma processo de adaptação (assimilação/ acomodação) que é
perturbado por conflitos e lacunas, reequilibrando-se através de três fases de
compensações: alfa, beta e gama. O processo de assimilação é a incorporação de um
elemento exterior, enquanto que a acomodação consiste na necessidade da
assimilação se adequar as peculiaridades do sujeito. A partir da assimilação e da
acomodação, após um processo de perturbação, surge a equilibração que se da em
três fases, sendo: a) alfa: prevalece a tentativa de neutralizar a perturbação; b) beta:
busca a perturbação sem ignora-la, mas criando teorias especificas para explica-la; c)
gama: elimina-se a perturbação como tal, contendo-a não mais como um distúrbio mas
sim como uma possibilidade. Sendo assim, o conhecimento progride por meio do
conflito, sendo o elemento perturbador a mola propulsora para que seja alcançada a
reequilibrarão majorante, que constitui a real fonte de progresso.
Os autores destacam que as perturbações podem ocorrer de dois modos,
sendo conflitivas ou lacunares, onde as conflitivas contrariar as experiências prévias
do aluno e implicam em correções e as lacunas se constituem da falta de objetos ou
condições que seriam necessárias para realizar uma ação, se fazendo necessárias
não correções mas sim reforços. Não é raro ver os dois tipos de perturbação
associadas em uma mesma questão, onde por muitas vezes são complementares, e
esta complementariedade se faz necessária para uma mudança conceitual do aluno.
Na construção do conhecimento cientifico estão relacionados os princípios de
legalidade, onde por meio da constatação da repetição e replicação de um fenômeno,
por meio de uma lógica matemática, o aluno constrói leis, gerando o principio de
legalidade que por sua fez está ligado ao principio de causalidade, no qual diversas
leis se inter-relacionam e se conectam para estruturar novos conhecimentos.
Referente ao papel social na construção do conhecimento, ela aparece como
imprescindível, uma vez que os debates e discussões entre alunos promovem a
otimização da perturbação e os pontos de vista particulares são revistos e tornam-se
passíveis de melhora, diminuindo a rigidez das ideias inicialmente engendradas no
sujeito. Os autores reforçam que somente relações com cooperação podem influenciar
o desenvolvimento cognitivo, tendo o professor papel de agente provocador e monitor
da construção do conhecimento cientifico, sendo que é aquele que dispõe de dados e
possibilitam a ultrapassagem das perturbações.
Vale ainda ressaltar que a busca de um ensino mais coerente com a própria
natureza do homem deve ser orientada para o processo de evolução das ideias ao
longo da história e o desenvolvimento cognitivo individual, devendo ser abordadas de
forma distinta e solidárias de uma mesma questão, gerando de fato um processo
construtivo e retomando a causalidade dos fatos, sem deixa de lado as peculiaridades
do processo atual de desenvolvimento do aluno.

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