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ELDA ELBACHÁ*
A princípio achávamos que ele nos falaria sobre seu livro “Medios Narrativos para
Fines Terapêuticos”, porém Michael nos foi surpreendendo e proporcionando uma
ampliação e atualização consistente e profunda, ou melhor, “rica e espessa” sobre a
Terapia Narrativa de sua autoria.
Para ele as pessoas contam histórias em estrutura narrativa, sobre os seus problemas e
os eventos da sua vida, em sequência, em relação ao tempo e de acordo com um tema.
No entanto, existe um estoque de experiências vividas que nunca foram contadas.
A terapia narrativa dele co-constrói histórias mais espessas e conclusões mais ricas
sobre as identidades e as histórias. “Existem muitos territórios nas identidades e as
conversas terapêuticas apoiam as pessoas na exploração de outros territórios através do
desenvolvimento de ricas histórias”.
Esse novo passo constrói um outro mapa de práticas narrativas que são as
CONVERSAÇÕES COM TESTEMUNHAS EXTERNAS. White faz
perguntas às testemunhas com o objetivo de fazer surgirem as reverberações
ou ressonâncias dessa relação, porém cuidando de recentrar os re-relatos para
não serem respostas apenas autoreferenciadas ou autobiográficas. Ele quer o
sentido pessoal de como tocou em você a escuta daquela história e que
respostas estão situadas nas experiências vitais das testemunhas, que não
sejam conselhos, intervenções, elogios ou ajudas. As conversas com
testemunhas estão focadas em quatro eixos: expressões (o que chamou a sua
atenção na história contada?); imagens (que tipo de imagens foram evocadas
sobre o que ouviu?); ressonância (o que evoca da sua própria história?) e as
catarses (que novo entendimento surge para você sobre a vida e o viver?).
Para a construção deste processo, propõe o que ele chama de tradição de re-
relato, ou seja, ele procura deixar o cliente descentralizado na posição de
platéia ou audiência, através do convite à re-lembrança e aos testemunhos
externos (clientes, coterapeutas, convidados e pessoas em ressonância com o
tema que possam expressar os re-relatos das ressonâncias sobre aquilo
escutado).
Para ele é muito mais rico abordar a história do problema via as conversações
externalizantes: “O importante nas conversas é não ser normativo, para não
termos suposições que calam as vozes das pessoas e elas ficam sem poder
falar suas particularidades”. Ele busca as intenções e os propósitos de vida das
pessoas e de que forma os problemas ameaçam e distanciam esse objetivo ou
impedem de executá-lo.
Michael White consolidou uma clínica sistêmica própria, onde a sua abordagem
psicoterapêutica é profundamente histórica através de conversações de reautoria, de re-
lembrança, de testemunhas externas e de conversações externalizantes.