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[17:49, 02/08/2019] Ronaldo Lidório WEC/APMT: Olá meu irmão.

Obrigado pela
pergunta sobre o zelo ecológico e a missão. Faço algumas considerações que,
espero, ajudem.

Entendo que:

A missão de Deus é ser Deus e realizar os Seus propósitos. Dentre esses propósitos
alguns são claramente revelados na Palavra, como ser glorificado e reconciliar todas
as coisas em Cristo Jesus (Rm 16:25-27; Cl 1:15-20). A missão da igreja não é a
missão de Deus, mas resultado da missão de Deus. E, como tal, convidada por Ele
para se envolver com alguns dos Seus propósitos (1 Pe 2:9; Mt 5:13-16; At 1:6-8).

A missão geral da igreja, sendo sal que salga e luz que brilha, é servir ao Cordeiro
Jesus com tudo o que é, tudo o que tem e tudo o que faz. Assim, o cuidado com a
criação, expressão da bondade e graça de Deus (Gn 1 e 2) é parte do testemunho
de um cristão redimido, o que deve ser feito com a motivação bíblica centrada no
amor a Deus e ao próximo (Mc 12:29-34). A restauração completa e final da criação
é promovida e realizada por Deus. O zelo ecológico é o testemunho público da
compreensão da Sua bondade e gratidão a Ele pelo que Ele criou em amor. A
restauração final da criação, porém, não será resultado do zelo ecológico da
humanidade – ou da igreja, mas da sobrenatural manifestação de Deus, novos céus
e nova terra (2 Pe 3:13; Apoc 21:1; Is 65;17).

A missão particular da igreja, ou seja, aquilo que apenas a igreja faz por ser igreja
(chamada, redimida e vocacionada por Deus) é comunicar o evangelho da redenção
em todo o mundo, fazendo discípulos (Gen 12; Mt 28:16-20). Isto é feito por palavras
e pelo testemunho, que são palavras validadas pelo amor: evangelização. Enquanto
há ONGs, governos e pessoas, até mesmo não cristãs, que atuam no cuidado com a
criação (o que de forma alguma exclui a grave importância do envolvimento cristão,
que deveria ser exemplar nesta área), a missão particular da igreja, ou seja, a
evangelização do mundo, é exclusiva, singular e intransferível. É sua prioridade.
Está ligada à própria natureza e identidade como redimidos em Cristo. Nos três
impulsos da evangelização no primeiro século Deus usou a Sua igreja debaixo dos
Seus propósitos e poder nessa missão particular de proclamar o evangelho de forma
prioritária: Atos 2 (impulso da espiritualidade); Atos 8 (impulso do sofrimento) e Atos
13 (impulso do envio missionário).

Na missão particular da igreja há, também, uma prioridade das prioridades: a


evangelização dos que pouco ou nada ouviram de Cristo (Rm 15:20). A prioridade
da missão da igreja na proclamação do evangelho não é definida pelo contexto,
ambiente ou distância, mas pelo acesso ao evangelho do Senhor Jesus, como
profetizou Isaías (Is 52). A igreja recebeu, em Cristo Jesus, graça e apostolado –
graça para salvação e apostolado para a missão, a qual é “… chamar dentre todas
as nações um povo para a obediência que vem pela fé (Rm 1:5).

A restauração que Cristo promoverá ao fim da história não exclui a realidade do


julgamento, juízo e condenação. Assim, o inferno é uma realidade que também
motiva a igreja a proclamar o evangelho de Cristo. Estarão perante o Cordeiro todos
a quem Ele chamar, pessoas de todas as tribos, línguas, povos e nações (Apoc 5:9),
porém muitos outros serão condenados (Apoc 20:15).

Penso que, assim, o cristão deve ser profundamente envolvido, como sal e luz, em
toda e qualquer realidade corrompida pelo pecado, o que envolve a busca pela
justiça social, o cuidado com a criação, seus deveres políticos e a própria cidadania.
Devemos usar nossas profissões, qualidades, talentos e oportunidades para
influenciar o mundo onde vivemos com os valores da Palavra e cosmovisão cristã.
Um grupo de cristãos comprometidos com Deus envolveu-se com a limpeza de um
rio na África, o que serviu de testemunho de amor às populações que bebiam
daquelas águas, antes tão poluídas. E o cuidado com o rio, preciosa e linda criação
do Eterno, glorifica a Deus. Mas entendo que a evangelização do mundo, por meio
de uma clara comunicação sobre Jesus, sua cruz e ressurreição, é o cerne da nossa
missão como igreja redimida, a exemplo do que Jesus fazia, indo por toda parte
pregando o evangelho do Reino (Mt 4:23; 9:35); do que Paulo afirmou como sendo
sua prioridade de vida (1 Co 9:16); seu ensino a Timóteo para prioritariamente
pregar a Palavra (2 Tm 4:2); a posição apostólica de Pedro sobre nossa missão
proclamadora (1 Pe 2:9) e a compreensão e obediência da igreja que, mesmo
perante sofrimento e perseguição, ia por toda parte pregando a Palavra (At 8:4).

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